domingo, 20 de junho de 2021

Domaine de Cibadiès Pegasus Sauvignon Blanc 2019

Como sempre costumo dizer e o farei até o fim dos meus dias: Vinho é celebração, é estar com os melhores amigos para uma boa conversa informal e descontraída, é conhecimento, é a degustação na sua mais fiel e genuína concepção. Um grande amigo, de longa data, de uns tempos para cá, aderiu ao universo da vinho de uma forma intensa e incondicional e quando tomei conhecimento de sua decisão, fui tomado por uma incontida alegria. Além de nossas edificantes conversas sobre vários assuntos do cotidiano, iremos incluir o universo do vinho em nossas realidades.

E não contente apenas com a sua inserção no mundo do vinho e seus rótulos, decidimos consolidar com encontros regados a bebida de Baco e Dionísio e muitas conversas. A solidificação da nossa amizade e as viagens mais do que prazerosas nas histórias que permeiam os vinhos que degustamos e certamente gostamos. Nasce a “Confraria Marginal”. Somos apenas nós dois, um pequeno e discreto número, mas significativo na sua relevância e mais contundente, forte e que será eterno enquanto durar, já dizia o trecho daquela música tupiniquim. E agora vem aquela pergunta que o nobre leitor deve se perguntar neste momento: Mas por que “Confraria Marginal”?

Não somos convencionais, não usamos vinho para escorar status econômico, não usamos o vinho como fator de subjugação, amamos o vinho pelo que ele é, pelo fator cultural, pela busca do conhecimento e sobretudo pelo fator sensorial e as suas gratas experiências, então somos marginais, estamos à margem desses conceitos tortos e posturas lamentáveis, mas sonhamos com uma quebra de paradigmas nessa triste cultura.

E depois da especial degustação inaugural da primeira e estabelecida Confraria Marginal, o Domainde Cambos Cuvée Jean D’Augergne da safra 2017, vem agora, para fechar com honraria e dignidade um vinho de uma das minhas mais novas regiões favoritas: Languedoc-Roussillon, não poderia faltar um rótulo desse especial pedaço de terra da França. Uma região que não tem a badalação de Bordeaux ou Vale do Rhône, por exemplo, inclusive tem vinhos cujo valor é baixo em comparação a essas regiões, o que pode minimizar a sua relevância para a vitivinicultura francesa, mas são vinhos altamente competitivos em relação aos grandes e tradicionais terroirs franceses com vinhos de atraentes custo X benefício.

O vinho que degustei e gostei, como disse, com alegria e orgulho veio do Languedoc-Roussillon, na França e se chama Domaine de Cibadiès Pegasus da casta Sauvignon Blanc da safra 2019. Não quero, pelo menos ainda, falar sobre o vinho, mas quando o desarrolhei fui tomado por uma atônita revelação: Um Sauvignon Blanc totalmente diferente, totalmente atípico dos que costumamos degustar do Chile ou da Nova Zelândia, por exemplo, cujos vinhos são mais ácidos ou com alguma estrutura. Mas falemos um pouco da velha e necessária Languedoc-Roussillon, afinal, nunca é redundante falar do que gostamos.

“Pays D’Oc” ou simplesmente os vinhos do Languedoc-Roussillon

Com vinhedos cultivados desde o ano 125 a.C., Languedoc-Roussillon é uma das regiões vinícolas mais importantes da França, responsável por ¼ de todo o vinho produzido no país. Na opinião de vários autores, como a inglesa Jancis Robinson, a região origina algumas das melhores relações qualidade e preço de toda a França. Boa parte da produção é dedicada aos famosos e saborosos “Vin de Pays d’Oc”, contando ainda com importantes AOC (Apelação de Origem Controlada) como Minervois, Fitou, Corbières e Coteaux du Langedoc. Quando elaborados pelos melhores produtores, são vinhos cheios de fruta e sabor, com boa complexidade, corpo e um delicioso acento regional, perfeitos para acompanhar as refeições. Languedoc-Roussillon é uma vasta área vitivinícola, que traz um acentuado toque mediterrâneo e um rico histórico de cultivo de vinhas e produção de vinhos, um ciclo que teve início há mais de 2.000 anos com as colônias gregas e romanas.

Languedoc-Roussillon

Um cauteloso processo de subdivisão de Languedoc-Roussillon em terroirs reconhecidamente distintos está em andamento há alguns anos, originando as apelações Clairette du Languedoc, La Clape, Picpoul de Pinet, entre outras. Algumas encontram-se bem estabelecidas, com anos de certificação, outras estão conquistando aos poucos seu espaço perante o mundo do vinho. Com um solo bastante fértil, as uvas tintas encontradas com maior facilidade na região francesa são a Syrah, Grenache, Cinsault, Carignan, Merlot e Cabernet Sauvignon. Entre as variedades brancas, encontram-se Rolle, Clairette, Terret, Boubolenc, Muscat, Maccabéo, Sauvignon Blanc, Chardonnay, Picpoul, Marsanne e Viognier. A diversidade de vinhos encontrada na região francesa é imensa. Os exemplares tintos vãos desde os frutados até os encorpados, e estão sendo cada vez mais produzidos com sucesso. Os vinhos brancos podem ser mais complexos ou nítidos, variando entre os doces e oxidados até leves e secos. Languedoc-Roussillon produz também magníficos vinhos de sobremesa e espumantes de muito prestígio; seus rosés são intensos, pálidos e muito perfumados. A tradição de Languedoc-Roussillon estende-se por anos, e a região é dona de constante evolução e muita variedade. A região tornou-se uma respeitada produtora, dando origem a vinhos de qualidade e prestígio perante todo o mundo. Atualmente o Languedoc vem se tornando tão excitantes para vinhos tintos robustos e frutados a preços convidativos. De trinta anos para cá vinicultores pioneiros ajudaram a elevar a qualidade para novos níveis. As uvas Syrah, Grenache e Mourvèdre ocuparam o lugar da Carignan e a procura pela qualidade reduziu a primazia dos vinhos populares. No período de 1982 a 1993, sub-regiões como Faugères, Minervois e Limoux enquadram-se como Denominação de Origem Controlada. Corbières, o vinhedo mais amplo da França Meridional, corre atrás com tintos apimentados da Grenache.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um amarelo brilhante e reluzente tendendo para um dourado com discretas formações de finas lágrimas que logo se dispersam.

No nariz sente-se uma explosão aromática de frutas brancas, cítricas e tropicais e um curioso e interessante dulçor, talvez pêssego em calda, com notas de pera, maçã verde e abacaxi.

Na boca é jovem, fresco e saboroso, as notas frutadas se reproduzem no paladar como no aspecto olfativo, um bom volume de boca, uma acidez agradável, que traz a sensação de leveza e elegância, com um bom final de boca e retrogosto frutado.

A nossa primeira confraria estabelecida e temática foi fantástica! Fizemos uma pequena viagem por algumas das mais emblemáticas terras francesas por intermédio de generosas taças de vinhos, contemplando agradáveis rótulos. Languedoc-Roussillon continua me surpreendendo positivamente com seus belíssimos rótulos com seu excepcional custo X benefício comprovando definitivamente que vinho francês para ser bom não precisa necessariamente ser caro! O Languedoc-Roussillon nos brinda com essa máxima. E além do fator monetário esse rótulo me surpreendeu de uma forma inacreditável. Esta fora da realidade dos Sauvignon Blanc que degustamos no Chile, tido como os melhores do mundo. Tem um aroma e paladar adocicado sem soar enjoativo, uma acidez instigante que quando preenche pela boca se faz presente, se intensifica, mas quando engolimos o vinho se fecha, dando lugar a um final persistente e frutado. Um belo vinho diferente! Tem 12,5% de teor alcoólico.

Sobre a Vignobles  Bonfils:

Localizada no Sul da França, a Vinhedos Bonfils é resultado de uma história de lutas e conquistas de homens e mulheres que há 5 gerações, trabalham pela paixão de promover a excelência do bom vinho. Uma família unida pela determinação e paixão por desafios desde o século XVII. Tudo começou em 1870 com o jovem professor Joseph Bonfils quando ao participar do “Commune Paris” – movimento contrário ao regime político francês da época – foi exilado na Argélia. Lá ele conheceu Honorine Duvaux, que veio a tornar-se sua esposa e a ser a primeira mulher a receber uma medalha de honra ao mérito agrícola. É Honorine que monta uma fazenda agrícola com muitas vinhas e planta incansavelmente, iniciando uma plantação de mais de 6 hectares de vinhas. A fazenda gerou resultado até a declaração da independência da Argélia, quando a propriedade do casal foi nacionalizada e foram forçados a voltar para a França.

Joseph e Honorine recomeçaram a plantação de vinhedos aos pés do Mont Ventoux e Dentelles de Montmirail, sem saber que estavam começando uma história que seria perpetuada por gerações. O filho do casal, Abel, desde criança continuou a tradição da família e logo passou a introduzir o filho Jean Michel Bonfins, nas vinhas e adegas da família. Jean seguiu os passos dos avôs e de seu pai, que se instalaram perto de Béziers, onde se deu a construção da Vignobles Bonfils, que trazia a marca da força da fabricação artesanal de vinhos. Depois disso, Jean Bonfins, aproveitando todas as oportunidades que surgiam, fez crescer o patrimônio da família e comprou de volta as vinhas de Languedoc, que no passado pertenciam aos seus avôs, somando assim 10 hectares de plantação de uvas bem selecionas e especiais. Em 1978 comprou os terrenos do Domaine de Cibadiés e Capestang No Hérault, atual sede da Vignobles Bonfils. Logo depois, em 1990, o filho de Jean Bonfins, Laurent Bonfins, com apenas 25 anos de idade e recém-formado, assumiu o comando do Cibadiés Domain. Com a ajuda de seus irmãos Olivier e Jerome, um na supervisão e auxiliando na administração das vinícolas e outro na direção e gerência de marketing da Vignobles Bonfils, uniram experiência e competência para tomarem as principais decisões e impulsionarem ainda mais os negócios.

As vinhas da família Bonfils estão localizadas em terrenos que oferecem ótimas condições de solo e clima que favorece a qualidade das uvas atendendo as exigências do mercado, mas principalmente a marcante preocupação da família. As videiras são cultivadas seguindo rigorosos padrões que vão desde analise das condições do solo até a seleção de tamanho e estado de maturação da fruta. Sendo feita a colheita manual em algumas áreas, há também a preocupação que os frutos não recebam excessivo calor do sol e onde são observados todos os cuidados com os impactos ambientais. As adegas são equipadas com equipamentos modernos de ultima geração que contrastam com arquitetura original. Todos estes cuidados dão origem a vinhos autênticos, de excelente qualidade, de sabor exótico e incomparável. Os vinhos da Bonfils são orgânicos, ou seja, não recebem adição de produtos químicos ou influencia de maquinário pesado sendo distribuídos em 35 países e tendo reputação premiadíssima. O que provém da ideia impressa nas palavras do próprio Jean Michel Bonfils: “Não há nenhum grande vinho sem um bom vinhedo e sem respeito pela terra que a alimenta”.

Atualmente, os vinhedos Bonfils são constituídos por mais 1800 hectares distribuídos em 23 vinícolas (incluindo 3 castelos) e oferecem 16 castas diferentes de uvas especiais e selecionadas garantindo a alta qualidade dos vinhos. À frente da vinícola hoje estão: Olivier, Jerome, Laurent e Christian Bonfils, membros da 5ª geração da família, formados em Borgonha/França, onde adquiriram vasta experiência em viticultura e enologia. Conseguem mesclar castas e aproveitas as expressões minerais dos solos onde cultiva de forma memorável, o que leva seus vinhos a exprimirem sabores únicos. Eles se valem da paixão e respeito incondicional pela terra, passada de geração em geração, levando em mente a ideia de cultivar vinhas com uvas da mais alta qualidade, respeitando o terroir em sua máxima expressão.

Mais informações acesse:

https://bonfilswines.com/fr/

Referências:

“Clube dos Vinhos”: https://www.clubedosvinhos.com.br/vignobles-bonfils-tradicao-e-amor-pela-terra/

“Vem da Uva”: https://www.vemdauva.com.br/o-que-e-vin-de-pays/

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/o-vinho-de-languedoc_8053.html

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/regiao/languedoc-roussillon






 

Domaine Cambos Cuvée Jean D'Augergne 2017

 

Como sempre costumo dizer e o farei até o fim dos meus dias: Vinho é celebração, é estar com os melhores amigos para uma boa conversa informal e descontraída, é conhecimento, é a degustação na sua mais fiel e genuína concepção. Um grande amigo, de longa data, de uns tempos para cá, aderiu ao universo da vinho de uma forma intensa e incondicional e quando tomei conhecimento de sua decisão, fui tomado por uma incontida alegria. Além de nossas edificantes conversas sobre vários assuntos do cotidiano, iremos incluir o universo do vinho em nossas realidades.

E não contente apenas com a sua inserção no mundo do vinho e seus rótulos, decidimos consolidar com encontros regados a bebida de Baco e Dionísio e muitas conversas. A solidificação da nossa amizade e as viagens mais do que prazerosas nas histórias que permeiam os vinhos que degustamos e certamente gostamos. Nasce a “Confraria Marginal”. Somos apenas nós dois, um pequeno e discreto número, mas significativo na sua relevância e mais contundente, forte e que será eterno enquanto durar, já dizia o trecho daquela música tupiniquim. E agora vem aquela pergunta que o nobre leitor deve se perguntar neste momento: Mas por que “Confraria Marginal”?

Não somos convencionais, não usamos vinho para escorar status econômico, não usamos o vinho como fator de subjugação, amamos o vinho pelo que ele é, pelo fator cultural, pela busca do conhecimento e, sobretudo pelo fator sensorial e as suas gratas experiências, então somos marginais, estamos à margem desses conceitos tortos e posturas lamentáveis, mas sonhamos com uma quebra de paradigmas nessa triste cultura.

Então o primeiro vinho veio de uma região nova para mim. Que especial! Além de nossa humilde, mas querida confraria que se estabelece, vem as gratas e incríveis novidades que o universo do vinho, inexplorado e surpreendente, insiste em nos revelar e, a tira colo, vem a novidade das castas também. A celebração enfim estava completa de tudo que precisávamos! O vinho que degustei e gostei veio da região da Gasconha, de Côtes de Gascogne, e se chama Domaine Cambos Cuvée Jean D’Auvergne, um blend composto pelas castas Colombard (70%) e Gros Manseng (30%) da safra 2017.

Côtes de Gasconha: A bela Gasconha

Côtes de Gascogne é o distrito vinícola da Gasconha que produz principalmente vinho branco. Ele está localizado principalmente no departamento de Gers, na antiga região de Midi-Pyrénées (agora parte da região Occitanie), e pertence à região vinícola do sudoeste da França. A designação Côtes de Gascogne é usada para um Vin de Pays ("vinho do campo") produzido na área de Armagnac. O decreto de 13 de setembro de 1968 criou a diferença entre um Vin de Pays e um vinho de mesa mais simples, o chamado Vin de Table, hoje conhecidos como “Vin de France”. A designação Côtes de Gascogne obriga os produtores a respeitarem as regras e padrões de produção mais rígidos, que foram adotados com o decreto de 25 de janeiro de 1982.

Gasconha (Côtes de Gascogne)

A Associação de Produtores das Vins de Pays Côtes de Gascogne foi fundada em 15 de março de 1979. Defende os interesses dos associados, determina os padrões de produção e zela pelo respeito dessas regras. A associação conta neste momento com cerca de 1.400 produtores de vinho. Destes, 1.300 são sócios de adegas de cooperativas, as chamadas cooperativas de cavernas.

Com uma produção permitida de 830.000 hectolitros por ano, a Gers é a maior produtora francesa de Vin de Pays branco , com um potencial de produção de mais de 100 milhões de garrafas por ano, das quais 75% são para exportação. Em Gers, os volumes de produção são mais ou menos os seguintes: 91% vinho branco, 8% tinto e 1% vinho rosé. Isso é muito atípico para o sudoeste da França, porque nos departamentos vizinhos é produzido principalmente vinho tinto. Os tipos de uvas para vinho tinto e rosé são Abouriou , Merlot , Cabernet sauvignon , Cabernet franc , Duras , Fer , Négrette , Portugias bleu , Malbec e Tannat. Os tipos de uvas para vinho branco são Colombard, Petit Manseng, Gros Manseng, Len de l'El, Sauvignon blanc, Sémillon, Muscadelle e Ugni blanc.

A casta Colombard

A uva Colombard é famosa por estar na composição de excelentes vinhos de corte, entre eles os tradicionais Cognac e Armagnac, ao lado das uvas Ugni Blanc e Folle Blanche. A Colombard é conhecida por sua excelente neutralidade, tornando-a uma das principais variedades utilizadas na composição de blends. Com o decorrer nos anos, contudo, a uva Colombard está sendo utilizada também para adicionar luz e frescor aos vinhos brancos, tanto em regiões do sudoeste da França, quanto em áreas vinícolas do Novo Mundo, como na Califórnia e na África do Sul.

Apesar de não ser uma variedade dona de uma grande popularidade, a uva Colombard é uma das cepas brancas mais cultivadas em diversas regiões vinícolas da França. No entanto, tal notoriedade diminuiu consideravelmente ao longo dos anos, para que outras variedades mais tradicionais fossem cultivadas e a Colombard passasse a ser mais utilizada, principalmente, na produção de aguardentes viníferas.

O sucesso dos vinhos brancos Colombard franceses aumentou consideravelmente com o decorrer dos últimos anos, sendo elaborados, principalmente, ao lado, da tradicional uva Sauvignon Blanc, rotulados sob a denominação IGP Cotes de Gascogne. Além disso, em regiões vinícolas australianas a Colombard também é amplamente utilizada, assim como na Tailândia e em Israel.

A casta Gros Manseng

A Gros Manseng é uma das principais uvas brancas cultivada em Juraçon, região localizada no sudoeste da França. Essa variedade de uva é tradicionalmente associada a elaboração de vinhos doces, no entanto, atualmente a Gros Manseng é utilizada também na produção de vinhos secos, extremamente aromáticos e com nítidos sabores.

Possuindo pele grossa, elevado nível de açúcar e de acidez, essa variedade é excelente para a produção de vinhos doces – conforme o tempo de permanência da uva na videira aumenta, ocorre o desenvolvimento elevado da doçura, responsável por manter a acidez da fruta, além da casca grossa contribuir para a proteção da uva. Apesar de ainda existir alguns vinhos elaborados com a uva Gros Manseng colhida tardiamente, tais exemplares estão sendo substituídos por versões secas, produzidos a partir de uvas colhidas antes que o período de maturação completa seja alcançado. Estes vinhos são caracterizados pela marcante acidez e aromas florais que possuem.

Dando origem, principalmente, a vinhos varietais, a uva Gros Manseng participa também de blends com a casta internacional Sauvignon Blanc e a uva local Petit Manseng, outra variedade de elevada importância para o cenário vinícola de Juraçon.

A uva Petit Manseng e a Gros Manseng compartilham da mesma nomenclatura que a distinguem apenas pelo tamanho dos bagos. Isto é, “gros” e “petit” significam “grandes” e “pequenos”, respectivamente. A variedade Gros Manseng é cultivada em maior volume do que a uva Petit Manseng e normalmente, a Gros é utilizada na produção de vinhos secos, enquanto e Petit dá origem a bons vinhos doces.

A uva Gros Manseng não é cultivada em muitas regiões vinícolas além do sudoeste da França, no entanto, fora de Jurançon a variedade é permitida a participar dos vinhos brancos de Pacherenc du Vic-Bilh e Bearn, além de ser utilizada com alta frequência nos vinhos IGP Cotes de Gasgogne.

E agora o vinho!

Na taça apresenta um lindo e envolvente amarelo ouro com reflexos esverdeados com uma discreta concentração de lágrimas finas e dispersas.

No nariz é extremamente aromático, explode em notas de frutas cítricas e brancas como melão, abacaxi, maçã verde, pera e um agradável toque floral, de flores brancas, que traz a nítida sensação de leveza, delicadeza e frescor.

Na boca é seco, saboroso, intenso, vívido e expressivo que preenche bem a boca, mas por outro lado é fácil de degustar, harmonioso e delicado, logo versátil e gastronômico. Acidez excelente que o torna ainda pleno e vivo, apesar dos 4 anos de safra. Final persistente e frutado.

Um vinho diferente e especial para literalmente brindar nossa querida confraria. Uma região nova para mim se descortinou diante dos meus olhos, novas e diferentes castas, regionais, que ajudou a construir a cultura da Gasconha, de seu povo. E que essa seja a tônica: confrarias e amizades, rótulos e novas experiências sensoriais. Um vinho intenso e expressivo como a intensidade de nossa enofilia, mas delicado e especial como a amizade. Tem 11,5% de teor alcoólico.

Sobre a Les Vignobles Fonacalieu:

Les Vignobles Foncalieu são uma união de cooperativas ancoradas no coração do Languedoc: se estende do maciço dos Corbières às margens do Mediterrâneo, das encostas varridas pelo Mistral às planícies acariciadas pelo sol, entre Carcassonne e Béziers. É no coração destas paisagens, entre o mar e a montanha, que todos os viticultores trabalham diariamente os nossos 4000 hectares de vinha, para oferecer a Foncalieu uvas de elevada qualidade que produzem vinhos excepcionais.

Cooperativa com fortes valores desde 1967, nossos 650 viticultores cultivam o espírito de equipe, autenticidade, inovação e uma paixão comum: todos os elementos que permitiram à Foncalieu ser considerada uma das 50 marcas de vinho mais reconhecidas do mundo pela revista profissional Drinks International em 2017.

Os vinhedos de Foncalieu se estendem por 4000 hectares entre a cidade de Carcassonne e o Canal du Midi, dois destinos listados como Patrimônio Mundial pela Unesco. Este vasto território caracterizado por um mosaico de terroirs e denominações, tem permitido o desenvolvimento de uma ampla gama de vinhos na maioria dos DOP do Languedoc, bem como IGP.

A maior e mais antiga região vinícola do mundo é também uma terra de cultura, arte e gastronomia, caracterizada por invernos amenos e verões quentes. A sua multiplicidade de terroirs varridos pelo Tramontana e pelo vento marinho, estende-se dos Pirenéus ao Mediterrâneo, oferecendo uma grande variedade de castas, da Carignan à Malbec, de Roussanne a Sauvignon.

De geração em geração, a paixão pela vinha não se enfraquece, a transmissão às novas gerações está no centro das preocupações para perpetuar os magníficos territórios. A força da Vignobles Foncalieu reside na combinação das competências de todos os viticultores e dos vários polos de especialistas franceses e internacionais.

Mais informações acesse:

http://www.foncalieu.com/

Referências:

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/colombard

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/gros-manseng

“Wikipedia” https://en.wikipedia.org/wiki/C%C3%B4tes_de_Gascogne




quinta-feira, 17 de junho de 2021

Chaminé tinto 2013

 

Talvez seja uma pergunta manjada e, para alguns, irrelevante ou boba, mas me parece muito complexa dependendo do tema a ser abordado: É possível aliar tradição e contemporaneidade? Para muitos são como água e vinho, não há sinergia, não há convergência, outros é possível aliar os dois pontos em uma espécie de atemporalidade ou uma linha do tempo e que ainda há os mais carismáticos que dizem que um não vive sem o outro.

Digo que, no universo do vinho, isso seja sinônimo de novas experiências sensoriais! Ah e isso definitivamente entrou nas minhas perspectivas de degustação! E ouso dizer que isso impulsione não apenas as nossas experiências, mas o nosso campo de conhecimento, de cultura e, sobretudo um excelente exercício sensorial, a gente pode adquirir a capacidade de analisar os vinhos, os novos vinhos e ter grandes momentos. A tradição e o contemporâneo podem nos proporcionar sim grandes momentos, grandes experiências, grandes e surpreendentes rótulos que poderá evitar, entre outros males, a tal e temível zona de conforto, que nos ameaça com aqueles vinhos de sempre, embora especiais.

Eu sou notoriamente um fã incondicional dos vinhos do Alentejo, em Portugal, não há como não se render a personalidade marcante e poderosa de seus vinhos que ganhou o mundo com os seus vinhos de tipicidade e de apelo regionalista. E isso se conquista com tradição, com respeito a cultura de seu povo, da vinificação e sobretudo do respeito ao seu inigualável terroir.

Quando eu descobri os vinhos de um produtor chamado “Cortes de Cima” eu me rendi por completo, uma espécie de arrebatamento. E tudo começou com um rótulo em especial que fez abrir o olho para o novo Alentejo, sem deixar de olhar para a estrada que foi pavimentada no passado daquelas terras. E o vinho que degustei e gostei veio, claro, da minha querida Alentejo, e se chama Chaminé, com um blend composto pelas castas Aragonez, a Tempranillo no Alentejo (35%), Syrah (35%), Touriga Nacional (15%) e Trincadeira (15%) da safra 2013.

Eu não quero ainda descrever essa verdadeira poesia líquida, claro que o farei em breve, mas não há como negligenciar esse corte interessante com a Syrah, casta francesa, como “intrusa” nesse blend, o que me parece ser uma casta bem apreciada pela Cortes de Cima que tem no seu mais complexo rótulo, o “Incógnito”, essa casta como protagonista. Só nesse quesito podemos identificar um arrojo contemporâneo! Mas não podemos esquecer as tradições e dizer, como curiosidade, o motivo pelo qual o vinho, o rótulo se chama “Chaminé”. “Chaminé” ao nome de uma das parcelas da vinha, onde eram originalmente produzidas as uvas usadas neste vinho: “Chaminé de Gião”. E agora, em respeito ao Alentejo, falemos de sua grande história.

Alentejo

A história do Alentejo anda de mãos dadas com a história de Portugal e da Península Ibérica, ex-hispânicos, assim como, pertencentes a época de civilizações romana, árabe e cristãs. Em muitos lugares no Alentejo encontrar provas da civilização fenícia existente à 3.000 anos atrás. Fenícios, celtas, romanos, todos eles deixaram um importante legado da era antes de Cristo, na região que é hoje o Alentejo. Uma terra onde a cultura e tradição caminham lado a lado. Os romanos deixaram nesta região o legado mais importante, escritos, mosaicos, cidades em ruínas, monumentos, tudo deixado pelos romanos, mas não devemos esquecer as civilizações mais antigas que passaram pela zona deixando legados como os monumentos megalíticos, como Antas.

Alentejo

Após os romanos e os visigodos, os árabes, chegaram a esta terra com o cheiro a jasmim, antes da reconquista, que chegaram com a construção de inúmeros castelos, alguns deles construídos sobre mesquitas muçulmanas e a construção de muralhas para proteger a cidade e as cidades que foram crescendo. Desde essa altura até hoje, o Alentejo tem continuado o seu crescimento, um crescimento baseada na agricultura, pecuária, pesca, indústria, como a cortiça e desde o último século até aos nossos dias, com o turismo com uma ampla oferta de turismo rural. Situado na zona sul de Portugal, o Alentejo é uma região essencialmente plana, com alguns acidentes de relevo, não muito elevados, mas que o influenciam de forma marcante. Embora seja caracterizada por condições climáticas mediterrânicas, apresenta nessas elevações, microclimas que proporcionam condições ideais ao plantio da vinha e que conferem qualidade às massas vínicas.

As temperaturas médias do ano variam de 15º a 17,5º, observando-se igualmente a existência de grandes amplitudes térmicas e a ocorrência de verões extremamente quentes e secos. Mas, graças aos raios do sol, a maturação das uvas, principalmente nos meses que antecedem a vindima, sofre um acúmulo perfeito dos açúcares e materiais corantes na película dos bagos, resultando em vinhos equilibrados e com boa estrutura. Os solos caracterizam-se pela sua diversidade, variando entre os graníticos de "Portalegre", os derivados de calcários cristalinos de "Borba", os mediterrânicos pardos e vermelhos de "Évora", "Granja/Amarelega", "Moura", "Redondo", "Reguengos" e "Vidigueira". Todas estas constituem as 8 sub-regiões da DOC "Alentejo".

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta aquele típico vermelho rubi intenso, poderoso, com brilhantes reflexos violáceos dos tintos alentejanos com uma boa concentração de lágrimas finas que desenham as paredes do copo.

No nariz explode em aromas frutados, de frutas vermelhas tais como framboesa, cereja, ameixa. Aromas frescos de frutas e muito perfumado, talvez um agradável toque floral que entrega um vinho fresco.

Na boca é redondo, macio, mas marcante e expressivo, entregando versatilidade, a fruta se reproduz de forma vibrante no paladar também. Os taninos presentes, mas delicados e em pleno equilíbrio com uma correta acidez. Ótimo final e persistência.

Ah o Alentejo, suas terras tão conhecidas, seu terroir expostos nos mais diversos rótulos que, em um apelo regionalista, se tornou globalizado, nas mesas de todos os enófilos espalhados por todo o canto deste mundo. E mesmo que tenham austeridade, tradição exacerbada temos o Chaminé que nos traz a perspectiva de um Alentejo moderno, arrojado, que ainda tem uma estrada de grandes perspectivas pela frente. Um vinho saboroso, mas intenso, fresco, mas de personalidade, tradicional, mas moderno. Um viva ao Alentejo! Tem 13,5% de teor alcoólico.

Sobre a Cortes de Cima:

Em 1988, um casal americano-dinamarquês partiu num veleiro para encontrar um lugar onde constituir uma família e plantar uma vinha. Chegaram ao Alentejo, e numa terra de castas brancas plantaram variedades tintas. E assim começa a história dos vinhos Cortes de Cima.

“Gazelle la Goelette” era o nome do veleiro que trouxera Hans e Carrie Jorgensen numa longa viagem desde o outro lado do mundo, pela Baía da Biscaia e em redor da Finisterra.

Em 1988 Hans e Carrie atracaram em Portugal e, no coração do Alentejo, descobriram “Cortes de Cima”. Era apenas terra improdutiva e algumas construções abandonadas, mas lembravam Carrie da sua terra natal: a Califórnia. Hans, que nascera na Dinamarca, ficou simplesmente encantado pelo sol mediterrânico.

Era o lugar perfeito para assentar, formar uma família e plantar uma vinha. Vidigueira era a terra das castas brancas, mas eles acharam que era o clima ideal para a Syrah, uma variedade do Ródano. Mas a Syrah não era aprovada pelas regras da Denominação de Origem. Hans e Carrie não quiseram saber - eles tinham um sonho.

Começaram a trabalhar o campo, e Hans, um engenheiro, construiu uma barragem. Enquanto a vinha crescia, plantaram girassóis, tomates e melões para pagar as contas. As crianças nasceram – Thomas em 1991 e Anna em 1993.

A história continua com Anna que assume o projeto, a sua visão de futuro compreende valores como a sustentabilidade, inovação, qualidade e respeito pela natureza envolvente, em que a vinha deverá ser a protagonista dos vinhos. Toda a propriedade está em conversão para o modo de produção biológico.

Mais informações acesse:

https://cortesdecima.com/


Degustado em: 2017





sábado, 12 de junho de 2021

Miolo Family Vineyards Touriga Nacional 2019

 

Já pensou em um degustar um vinho cuja casta é ícone em Portugal e no mundo inteiro, produzido em terras brasileiras? Confesso que jamais esperaria passar por esse sublime momento, ainda mais levando a assinatura de uma das minhas vinícolas brasileiras preferidas e logo uma das melhores do Brasil e do mundo: A vinícola Miolo! Ela é preferida ou uma das minhas preferidas não apenas pela qualidade de seus rótulos, mas também pelo fato de ter um forte apelo sentimental com esse produtor. Lembro-me, com afeto e carinho, que quando comecei a flertar com os vinhos de uvas vitis viníferas, aquela famosa transição com os vinhos de mesa, lá estavam os vinhos da Miolo para me ajudar e consolidar esse momento muito importante na vida de um jovem enófilo.

E além desse momento especial da vinícola Miolo em minha vida tive também à relevância de se degustar um Touriga Nacional legitimamente brasileiro! A Touriga Nacional sempre esteve presente em minhas degustações, representados pelos rótulos portugueses e majoritariamente em blends, em cortes. Mas dessa vez veio em varietal! Que momento especial para mim que jamais esperaria encontrar um Touriga Nacional 100% e brasileiro! Mas que fique claro que antes desse vinho especial eu havia degustado um, mas de Portugal, da emblemática região do Dão, um Touriga Nacional bem interessante chamado Cova do Frade da safra 2015 e agora um tupiniquim!

Então o especial vinho que degustei e gostei veio da Campanha Gaúcha, do Brasil, é da Vinícola Miolo e é uma edição especial e limitada de uma parceria da vinícola com o e-commerce Wine, uma das mais representativas do Brasil, e se chama Miolo Family Vineyard 30 anos da casta Touriga Nacional da safra 2019. E, diante da improvável degustação de um vinho brasileiro da casta Touriga Nacional, há um trabalho de quase 10 anos da Miolo que foi a primeira vinícola a implantar o cultivo dessa cepa em nossas terras.

A Touriga Nacional foi plantada em 2002, em espaldeira, no vinhedo Seival, na Campanha Gaúcha, região que se destaca pelo grande potencial no setor vitivinícola, em especial aos vinhos tintos, tendo recebido a Indicação geográfica ainda em 2020. A Vinícola Seival está localizada em Candiota/RS, na região da Campanha Meridional reconhecida como uma das regiões mais promissoras para o cultivo de uvas por estar no paralelo 31° - faixa do planeta onde se encontram algumas das melhores regiões vitivinícolas do mundo. A peculiaridade do terroir encontrado no Seival se tornou marcante para os vinhos produzidos na região com o plantio de variedades portuguesas emblemáticas e, claro, inclui-se a Touriga Nacional, que agregam diferentes características para os vinhos brasileiros e para o portfólio de rótulos do Grupo Miolo. E já que estou falando da Touriga Nacional e das promissoras regiões que compõe a Campanha Gaúcha, nada mais prudente do que falar sobre elas.

Campanha Gaúcha

Entre o encontro de rios como Rio Ibicuí e o Rio Quaraí, forma-se o do Rio Uruguai, divisa entre o Brasil, Argentina e Uruguai. Parte da Campanha Gaúcha também recebe corpo hídrico subterrâneo, o Aquífero Guarani representa a segunda maior fonte de água doce subterrânea do planeta, dele estando 157.600 km2 no Rio grande do Sul. A Campanha Gaúcha se espalha também pelo Uruguai e pela Argentina garante uma cumplicidade com os hermanos do outro lado do Rio Uruguai. Os costumes se assemelham e os elementos locais emprestam rusticidade original: o cabo de osso das facas, o couro nos tapetes, a tesoura de tosquia que ganha novas utilidades.

Campanha Gaúcha

No verão, entre os meses de dezembro a fevereiro, os dias ficam com iluminação solar extensa, contendo praticamente 15 horas diárias de insolação, o que colabora para a rápida maturação das uvas e também ajuda a garantir uma elevada concentração de açúcar, fundamental para a produção de vinhos finos de alta qualidade, complexos e intensos.

As condições climáticas são melhores que as da Serra Gaúcha e tem-se avançado na produção de uvas europeias e vinhos de qualidade. Com o bom clima local, o investimento em tecnologia e a vontade das empresas, a região hoje já produz vinhos de grande qualidade que vêm surpreendendo a vinicultura brasileira.

Há mais de 150 anos, antes mesmo da abolição da escravatura, a fronteira Oeste do Rio Grande do Sul já produzia vinhos de mesa que eram exportados para os países do Prata (Uruguai, Argentina e Paraguai) e vendidos no Brasil.

A primeira vinícola registrada do Brasil ficava na Campanha Gaúcha. Com paredes de barro e telhado de palha, fundada por José Marimon, a vinícola J. Marimon & Filhos iniciou o plantio de seus vinhedos em 1882, na Quinta do Seival, onde hoje fica o município de Candiota.

E o mais interessante é que, desde o início da elaboração de vinhos na região, os vinhos da Campanha Gaúcha comprovam sua qualidade recebendo medalha de ouro, conforme um artigo de fevereiro de 1923, do extinto jornal Correio do Sul de Bagé.

Touriga Nacional: A rainha portuguesa

Sua baixa produtividade natural quase lhe custou a sobrevivência no território quando uma praga chamada filoxera arrasou com as plantações europeias em meados do século XIX. Nesse momento, muitos produtores portugueses decidiram replantar seus vinhedos com variedades que produzissem mais. Felizmente para a vitivinicultura mundial, a Touriga Nacional sobreviveu em regiões como o Douro e o Dão e, em tempos de moderna vitivinicultura, já na segunda metade do século XX, ganhou novo vigor, com os enólogos e agrônomos tendo maior entendimento de suas características e trabalhando para, pouco a pouco, melhorar sua produtividade sem descaracterizá-la.

Uma das referências mais antigas à Touriga Nacional está no livro “O Portugal Vinícola”, lançado no século XIX pelo renomado agrônomo português Cincinnato da Costa, onde ele diz que nos anos de 1800, quase todos os vinhedos do Dão eram plantado com esta variedade, a porcentagem chegava a 90% do total das terras plantadas.

Suas qualidades, no entanto, só foram ser reconhecidas nacional e internacionalmente há pouco tempo. Por ser uma uva nobre, e, portanto, de produção reduzida, até 1980 ela era preterida por outras castas portuguesas de maior produção. Só quando os consumidores e produtores de vinho em Portugal começaram a exigir uma produção de qualidade superior em vez da primazia da quantidade em larga escala é que a Touriga ganhou novo status. A Touriga Nacional também é conhecida como Tourigo, Mortágua, Preto Mortágua ou Elvatoiriga. Preto de Mortágua é o nome de uma pequena e antiga vila na zona do Dão. Isso combinado com o fato de outro vilarejo da região ser chamado de Tourigo reforça a ideia de que essa casta existe por lá há muitos séculos.

O que os cientistas são capazes de comprovar com maior facilidade é que dela são derivadas as variedades conhecidas como Touriga Fina e Touriga Macho. No entanto, seu parentesco com a Touriga Franca (conhecida como Touriga Francesa até a virada deste século) é impreciso. Não se sabe se a Franca é uma subvariedade (ou mutação) da Nacional ou uma combinação da Nacional com outra uva.

Os cachos da Touriga Nacional são delicados e compactos. Seus bagos são pequenos, com formato arredondado, bem definido e coloração negro azulada. Sua pele tem boa espessura, o que ajuda na obtenção de cores intensas. Sua polpa é rígida e suculenta. Seu aroma é profundo, variando entre o floral e o frutado, mas característico, e inconfundivelmente nobre. Assim, em poucas palavras, pode-se definir os aspectos físicos da nobre uva portuguesa.

Roda de aromas da Touriga Nacional

Apesar de fértil, ou seja, se adapta bem a diversos terrenos, a Touriga tem baixa produtividade devido ao seu caráter de elevado vigor fisiológico. Seu cultivo exige cuidados especiais, já que sua maturação é intermediaria; virtudes como rusticidade e forte resistência a pragas, entretanto, fazem dela uma casta especial.

A Touriga Nacional é versátil e produz vinhos diversos, mas sempre elegantes. Bom teor alcoólico, ótima concentração de cor, elevada complexidade, taninos finos, sabores intensos, volume, equilíbrio e aromas florais distintos são características comuns a vinhos elaborados com esta cepa. Espumantes, tintos secos finos, vinhos licorosos – são variados os gêneros da bebida dos deuses que essa uva é capaz de resultar. O potencial de guarda das bebidas produzidas com a uva símbolo de Portugal é excelente, elas evoluem em garrafa com bastante desenvoltura. O estágio em madeira de carvalho, por outro lado, lhe dá mais qualidades aromáticas e melhora sua estrutura, além de arredondar seus taninos com maior velocidade, o que torna a bebida pronta para consumo em pouco tempo.

E agora o vinho!

Na taça apresenta um intenso rubi escuro, mas brilhante, com tons arroxeados, com uma grande formação de lágrimas que mancham e desenham lindamente as paredes do copo.

No nariz traz aromas de frutas negras tais como ameixa, amora e cereja preta, com toques amadeirados, graças a passagem por 6 meses em barricas de carvalho, com discretas notas de pimentão e de flores, típico da Touriga.

Na boca é seco, de corpo médio a estruturado, mas muito equilibrado e redondo apesar de ser um vinho jovem, com taninos presentes e domados, acidez vivaz trazendo um caráter de frescor ao vinho, além das notas amadeiradas e um toque de baunilha. Final de média persistência.

O passado e presente não precisam se dissipar, vivem de mãos dadas e em plena convergência, não precisamos viver de nostalgias e virar o rosto para o presente e temer o futuro. Não precisamos negligenciar o passado, esquecê-lo somente pelo fato de ter, como discurso, o futuro. A Miolo sempre foi uma referência para mim enquanto enófilo e foi e tem sido e sempre será muito importante para a minha formação, para o que entendo como um apreciador de vinhos. O Miolo Family Vineyard é resultado de novos tempos em que o vinho nacional cresce vertiginosamente, apesar de todos os entraves que vigoram nesse país, proporcionando um momento ímpar para a minha vida, para os meus sentidos, para a minha experiência sensorial: degustar um Touriga Nacional pela primeira vez! Um vinho untuoso, imponente, mas fácil de degustar mostrando versatilidade nas harmonizações e muito equilíbrio entre taninos, acidez e graduação alcoólica. Um vinho jovem, de dois anos de safra, a personalidade se faz presente, mas que, muito bem feito, se revela harmonioso. Mais um ponto para o vinho brasileiro. Tem 14% de teor alcoólico. Ah não me sentindo satisfeito resolvi explorar um pouco mais a Touriga Nacional brasileira e decidi adquirir, em um estágio diferenciado, mais um Miolo Touriga, agora o Single Vineyard.

Miolo Single Vineyard Touriga Nacional 2019

Mas essa é outra história que certamente irei contar em outro capítulo das minhas degustações...

Sobre a Vinícola Miolo:

A história da família Miolo no Brasil começa em 1897. Entre os milhares de imigrantes italianos que vieram ao país em busca de oportunidades, estava Giuseppe Miolo, um jovem que já tinha nas veias a paixão pela uva e pelo vinho, vindo da localidade de Piombino Dese, no Vêneto. Ao chegar ao Brasil, Giuseppe foi para Bento Gonçalves, município recém-formado por imigrantes italianos. Entregou suas economias em troca de um pedaço de terra no vale dos vinhedos, chamado Lote 43. Já em 1897, o imigrante começou a plantar uvas, dando início a tradição vitícola da família no Brasil.

Na década de 70, a família foi pioneira no plantio de uvas finas, fazendo com que os netos de Giuseppe Miolo, Darcy, Antônio e Paulo, ficassem muito conhecidos na região pela qualidade de suas uvas. No final da década de 80, uma crise atingiu as cantinas dificultando a comercialização de uvas finas e forçando a família Miolo, a partir de 1989, a produzir o seu próprio vinho para a venda a granel para outras vinícolas. Surge a Vinícola Miolo, com apenas 30 hectares de vinhedos. Em 1992 a primeira garrafa assinada pela família foi um Merlot safra 1990, que na partida inicial teve 8 mil garrafas produzidas. Em 1994 é lançado o Miolo Seleção, que logo se torna o vinho mais distribuído da Miolo.

A paixão pela vitivinicultura e o desejo de levar mundo afora o vinho fino brasileiro foi o que inspirou a família Miolo a tomar a decisão de expandir o negócio. Inicia-se em 1998 o Projeto Qualidade. Desde então o crescimento da empresa foi significativo: com investimentos constantes na terra, tecnologia, recursos humanos e no próprio consumidor, iniciou-se também o Projeto de Expressão do terroir brasileiro.

Instalado na Estância Fortaleza do Seival, localizada no Sul do Brasil, no município de Candiota, próximo à divisa com o Uruguai, o “Projeto Seival”, nos anos 2000. Em 2001 a Família Miolo juntamente com a família Benedetti (Lovara) iniciam o projeto Terranova no Vale do São Francisco, adquirindo a antiga propriedade do Sr. Mamoro Yamamoto chamada Fazenda Ouro Verde. Em 2009 a Família Miolo, juntamente com a família Benedetti e a família Randon, adquirem a Vinícola Almadén pertencente a Pernod Ricard. Sendo também uma das mais importantes do segmento de vinhos no mercado nacional, introduzindo a colheita mecânica, pioneira no Brasil.

Mais informações acesse:

https://www.miolo.com.br/

Referências:

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=CAMPANHA

“Vinhos da Campanha”: https://www.vinhosdacampanha.com.br/campanha-gaucha/

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/touriga-nacional-o-tesouro-nacional-portugues_11850.html

“Clube dos Vinhos”: https://www.clubedosvinhos.com.br/touriga-nacional-a-nobre-uva-portuguesa/











quinta-feira, 10 de junho de 2021

Cova do Frade Touriga Nacional 2015

 

Para quem é grande apreciador de vinhos portugueses e acredito que isso seja uma unanimidade, certamente já teve o prazer de ter degustado a rainha das uvas tintas lusitanas, a grande e inigualável Touriga Nacional. Mas como bons apreciadores da poesia líquida, da bebida de Baco e Dionísio, aqui no Brasil não é uma tarefa fácil encontrar rótulos com o protagonismo dessa bela cepa, um 100% Touriga Nacional, ao contrário dos blends que temos aos montes.

Até conseguimos, com alguma galhardia e procura encontrar alguns exemplares da Touriga Nacional em sua versão única, varietal, contudo, para variar, os valores sã demasiadamente altos, provocando um afastamento de muitos brasileiros simples e de salário curto em tempos bicudos. Infelizmente é aquela triste discussão dos altos impostos que incidem sobre a nossa preferida bebida, o altíssimo custo Brasil que afugenta o consumidor e completa um total desserviço contra a disseminação da cultura do vinho.

Mas nem tudo está perdido. Há sempre uma combinação de fatores que fazem com que as oportunidades se apresentem diante de nossos olhos. Estava eu em uma de minhas intermináveis e prazerosas incursões nos supermercados e, parecia ser um anunciar de que a sorte estava ao meu lado, pois vi, em letras garrafais, uma informação estampada no setor que correspondia ao vinho que dizia: “Vinhos portugueses, italianos e espanhóis com ótimos descontos!”. Isso me animou! Talvez eu conseguisse adquirir alguns rótulos naquele dia e segui até o setor com a euforia de encontrar algo que fosse me animar.

Comecei a procurar, a garimpar, a olhar, com requintes de detalhes, cada espaço, cada canto das gôndolas e avistei, ainda ao longe, um rótulo, no rodapé da gôndola, bonito e um tanto quanto austero e me aproximei, o tomei em minhas mãos e comecei a analisa-lo. No contra rótulo ele revelou um detalhe que eu buscava: a casta! Sim, a casta! E que estava escrito? Touriga Nacional, um 100% Touriga Nacional! Nesse momento estava radiante! Um momento único ter encontrado um vinho como esse a um espetacular preço: R$ 24,95!

Não acreditei que o valor era esse! Estava incrédulo, como também receoso quando de fato confirmei que era esse o preço do vinho e assim surgem aquelas perguntas óbvias: Será que é um bom vinho? Será que vale a pena? As perguntas se transformaram em determinação! Decidi literalmente pagar para ver!

O dia tão importante chegou! O dia da degustação. Estava animado em degusta-lo, em tê-lo em minha taça. A rolha cantou quando saiu, aquele típico barulhinho  quando é desarrolhado. O vinho que degustei e gostei veio das terras do Dão, do grande e emblemático Dão, um português chamado Cova do Frade Touriga Nacional da safra 2015. O Dão, o berço da Touriga Nacional, das terras de Nelas. Veja a importância do momento! Então para ilustrá-lo falemos do Dão e da rainha Touriga Nacional.

Dão

A região vinícola do Dão, em Portugal, sempre foi um área nobre dos vinhos portugueses. Durante certo tempo, perdeu seu lugar para o Douro e Alentejo, amargando um segundo plano no mundo dos vinhos, mas está retornando com todo o orgulho que seus vinhos merecem pelas suas peculiaridades. A região é formada por planície, com encostas suavemente onduladas, cercada de montanhas que a protegem da influência climática do Oceano Atlântico. Além das montanhas, há também muitos pinheiros na região do Dão, pinheiros que escondem os vinhedos e os protegem de intempéries.

Os campos verdes do Dão

Dão é nome da região e também do rio que se espalha por vertentes de suave ondulação, de cor verde e dourado por vontade do sol e onde o vinho, como nos amores antigos, nasce há muito tempo. Por exemplo, o Infante Dom Henrique levou-o nas caravelas para Ceuta, em 1415 onde com ele celebravam a vitória.

Atualmente, a Rota dos Vinhos do Dão está levando visitantes e turistas aos espaços oferecidos para apreciação da produção vinícola da região com cinco roteiros diferentes: Terras de Viseu, Silgueiros e Senhorim; Terras de Azurara e Castendo; Terras de Besteiros; Terras de Alva e Terras de Serra da Estrela.

A Região Demarcada do Dão foi a uma das primeiras regiões oficiais produtoras de vinhos de Portugal. O retorno da fama da região do Dão vem lembrar que esta foi uma das primeiras regiões demarcadas de vinhos de mesa em Portugal, sendo ela a fornecedora de vinhos para o país todo, exportando para inúmeros outros.

Sua decadência ocorreu na década de 1960, quando houve um grande aumento na produção, com o surgimento de uma rede de adegas cooperativas. A quantidade de vinho produzida com intenção apenas de venda, fez a qualidade cair. Ao mesmo tempo, e aproveitando a baixa qualidade na época, as áreas do Alentejo e do Douro passaram a melhorar sua própria produção, mantendo a qualidade e atraindo a atenção dos enólogos e dos consumidores de bons vinhos portugueses.

Situada no centro de Portugal, na província de Beira Alta, a Região Demarcada do Dão foi instituída em 1908, tornando-se a uma das primeiras regiões demarcadas de vinhos não licorosos da Península Ibérica.

Pela qualidade dos seus vinhos, a região do Dão é conhecida como a Borgonha Portuguesa. Os vinhos produzidos no Dão são gastronômicos, com excepcional acidez, trazendo aromas complexos e delicados. Esse caráter de complexidade, elegância, maturidade e equilíbrio, com excelente potencial de amadurecimento, de forma nobre e harmoniosa, criaram a combinação perfeita com a gastronomia local, atraindo a atenção dos apreciadores de vinho do mundo todo. A Região Demarcada do Dão possui 376 mil hectares, dos quais 20 mil hectares são destinados exclusivamente às vinhas, abrigando vários distritos, como Coimbra, onde se localizam Arganil, Oliveira do Hospital e Tábua; Guarda, onde estão Aguiar da Beira, Fornos de Algodres, Gouveia e Seia; e Viseu, onde se concentram Carregal do Sal, Mangualde, Mortágua, Nelas, Penavaldo, Castela, Santa Comba Dão e Sátão.

Dão

A Região Demarcada do Dão é caracterizada por um relevo acidentado, com solo predominantemente granítico e possuindo terroir e clima propícios para a produção de boas uvas, principalmente devido à sua larga amplitude térmica.

O Dão é o berço da Touriga Nacional, famosa uva de Portugal e uma das principais componentes do vinho do Porto. De tão marcante que é, os vinhos da região demarcada devem ter, segundo a regulamentação vigente, no mínimo, 20% de Touriga Nacional em sua composição. Mas além da Touriga Nacional, que é a mais nobre, outras variedades são cultivadas, tanto tintas quanto brancas.

As tintas

Alfrocheiro: segundo especialistas, essa variedade contribui para o equilíbrio entre a acidez e a doçura do vinho dão.

Aragones: também conhecida como Tinta Roriz, essa cepa confere potencial de guarda ao vinho (uma das principais características do vinho do Dão), além de dar equilíbrio entre corpo e a acidez.

Jaen: essa variedade é geralmente usada para trazer aromas para o vinho, pois tem um perfume intenso e, ao mesmo tempo, delicado.

As brancas

Encruzado: é a casta branca mais valorizada da região, que produz vinhos frescos e que, apesar disso, tem potencial para envelhecimento.

Malvasia fina: outra casta branca cultiva na região, de aromas simples.

Touriga Nacional: a rainha tinta portuguesa

Sua baixa produtividade natural quase lhe custou a sobrevivência no território quando uma praga chamada filoxera arrasou com as plantações europeias em meados do século XIX. Nesse momento, muitos produtores portugueses decidiram replantar seus vinhedos com variedades que produzissem mais. Felizmente para a vitivinicultura mundial, a Touriga Nacional sobreviveu em regiões como o Douro e o Dão e, em tempos de moderna vitivinicultura, já na segunda metade do século XX, ganhou novo vigor, com os enólogos e agrônomos tendo maior entendimento de suas características e trabalhando para, pouco a pouco, melhorar sua produtividade sem descaracterizá-la.

Uma das referências mais antigas à Touriga Nacional está no livro “O Portugal Vinícola”, lançado no século XIX pelo renomado agrônomo português Cincinnato da Costa, onde ele diz que nos anos de 1800, quase todos os vinhedos do Dão eram plantado com esta variedade, a porcentagem chegava a 90% do total das terras plantadas.

Suas qualidades, no entanto, só foram ser reconhecidas nacional e internacionalmente há pouco tempo. Por ser uma uva nobre, e, portanto, de produção reduzida, até 1980 ela era preterida por outras castas portuguesas de maior produção. Só quando os consumidores e produtores de vinho em Portugal começaram a exigir uma produção de qualidade superior em vez da primazia da quantidade em larga escala é que a Touriga ganhou novo status. A Touriga Nacional também é conhecida como Tourigo, Mortágua, Preto Mortágua ou Elvatoiriga. Preto de Mortágua é o nome de uma pequena e antiga vila na zona do Dão. Isso combinado com o fato de outro vilarejo da região ser chamado de Tourigo reforça a ideia de que essa casta existe por lá há muitos séculos.

O que os cientistas são capazes de comprovar com maior facilidade é que dela são derivadas as variedades conhecidas como Touriga Fina e Touriga Macho. No entanto, seu parentesco com a Touriga Franca (conhecida como Touriga Francesa até a virada deste século) é impreciso. Não se sabe se a Franca é uma subvariedade (ou mutação) da Nacional ou uma combinação da Nacional com outra uva.

Os cachos da Touriga Nacional são delicados e compactos. Seus bagos são pequenos, com formato arredondado, bem definido e coloração negro azulada. Sua pele tem boa espessura, o que ajuda na obtenção de cores intensas. Sua polpa é rígida e suculenta. Seu aroma é profundo, variando entre o floral e o frutado, mas característico, e inconfundivelmente nobre. Assim, em poucas palavras, pode-se definir os aspectos físicos da nobre uva portuguesa.

Roda de aromas da Touriga Nacional

Apesar de fértil, ou seja, se adapta bem a diversos terrenos, a Touriga tem baixa produtividade devido ao seu caráter de elevado vigor fisiológico. Seu cultivo exige cuidados especiais, já que sua maturação é intermediaria; virtudes como rusticidade e forte resistência a pragas, entretanto, fazem dela uma casta especial.

A Touriga Nacional é versátil e produz vinhos diversos, mas sempre elegantes. Bom teor alcoólico, ótima concentração de cor, elevada complexidade, taninos finos, sabores intensos, volume, equilíbrio e aromas florais distintos são características comuns a vinhos elaborados com esta cepa. Espumantes, tintos secos finos, vinhos licorosos – são variados os gêneros da bebida dos deuses que essa uva é capaz de resultar. O potencial de guarda das bebidas produzidas com a uva símbolo de Portugal é excelente, elas evoluem em garrafa com bastante desenvoltura. O estágio em madeira de carvalho, por outro lado, lhe dá mais qualidades aromáticas e melhora sua estrutura, além de arredondar seus taninos com maior velocidade, o que torna a bebida pronta para consumo em pouco tempo.

E agora o vinho!

Na taça apresenta um rubi intenso, brilhante e com bordas violáceas, mostrando uma boa formação e concentração de lágrimas finas que desenham as paredes do copo.

No nariz tem a predominância de frutas vermelhas frescas groselha, cereja e framboesa, com toques de especiarias, pimenta talvez, e notas florais típicas da casta, de flores vermelhas que entrega um aspecto de frescor ao vinho.

Na boca se reproduz as notas frutadas, como no aspecto olfativo, sendo macio, redondo e muito equilibrado com taninos presentes e elegantes, com uma acidez equilibrada e notas tostadas, a madeira muito bem integrada ao conjunto do vinho. Passou 6 meses por barricas de carvalho.

O Cova do Frade Touriga Nacional não tem o peso de um Touriga amadeirado, com a robustez costumeira, mas isso não descaracteriza, em momento algum, o vinho e as essências da casta não ficam em segundo plano, muito pelo contrário. As notas frutadas, o toque floral, a marcante personalidade está lá para deleite de nossas mais fiéis expressões sensoriais. Um belo vinho que entregou muito além do que valeu e ainda teve a Touriga Nacional oriunda das terras do Dão, das valorosas terras do Dão que, a cada dia, nos brinda com grandes e satisfatórias revoluções em seu terroir! Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Ferreira Malaquias:

A Ferreira Malaquias, foi fundada em 1896, é uma empresa familiar, e está presente no negócio do vinho a quatro gerações, e sempre soube ao longo da sua história renovar o seu compromisso e dedicação, através de uma visão de longo prazo.

Fundada por José Ferreira Malaquias em 1896, já no final do século XIX  se afirmava como  um comerciante e exportador de vinhos de sucesso, com a sua atividade de comercialização de vinhos de lote da região do Dão.

Num passado recente a Ferreira Malaquias, cumpriu um vasto plano de investimento, com a visão de apresentar ao mercado, nacional e exportação, vinhos de qualidade e  caráter, com diferentes estilos e absoluto respeito pelo “terroir” de origem.

Hoje têm no seu portfólio, as mais reconhecidas regiões vitivinícolas de Portugal - Vinhos Verdes (Minho), Douro, Alentejo e Tejo, e continuando a sua histórica ligação, que vem desde a sua fundação, aos vinhos da região do Dão.

O ano de 2013, fica marcado pelo reforço de investimento na enologia, com a entrada de um prestigiado grupo de enólogos, que veio revolucionar com conhecimento, detalhe e tecnologia, todos os  vinhos da Ferreira Malaquias, expressão maior de toda a arte de construir os melhores blends e revelar a personalidade de cada região.

Acrescentar diferencial na qualidade em todas as suas marcas, tem sido confirmado, de forma sistemática, pelo reconhecimento do mercado interno e exportação, e atribuição de múltiplos prémios a nível internacional.

Mais informações acesse:

https://ferreiramalaquias.pt/

Referências:

“Clube dos Vinhos”: https://www.clubedosvinhos.com.br/regiao-do-dao-portugal/

“Clube Vinhos Portugueses”: https://www.clubevinhosportugueses.pt/turismo/caraterizacao-da-regiao-do-dao-2/

“Winer”: http://www.winer.com.br/vinho-dao/

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=CAMPANHA

“Vinhos da Campanha”: https://www.vinhosdacampanha.com.br/campanha-gaucha/

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/touriga-nacional-o-tesouro-nacional-portugues_11850.html

“Clube dos Vinhos”: https://www.clubedosvinhos.com.br/touriga-nacional-a-nobre-uva-portuguesa/

Degustado em: 2020