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quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Rioplatense Tannat Rosé 2022

 



Vinho: Rioplatense

Casta: Tannat Rosé

Safra: 2022

Região: Montevidéu

País: Uruguai

Produtor: Família Traversa

Teor Alcoólico: 13%

Adquirido: Wine

Valor: R$ 35,00

 

Análise:

Visual: um rosado cor salmão intenso e brilhante, com algumas lágrimas.

Nariz: traz notas agradáveis de frutas vermelhas frescas, com destaque para framboesa, amora e morango.

Boca: é jovem, leve, fresco e frutado, com acidez média e um final de média persistência.

 

Produtor:

https://grupotraversa.com.uy/


segunda-feira, 1 de maio de 2023

Traversa Rosé Cabernet Franc (50%) e Pinot Noir (50%) 2021

 

Sou réu confesso, admito de forma incondicional que em um passado distante o Uruguai vitivinícola se resumia aos robustos e complexos rótulos da casta Tannat. Evidente que a casta da região francesa do Madiran ganhou fama e respeitabilidade no Uruguai se tornando a casta símbolo, que exporta o país para o mundo.

Mas aos poucos, com o passar dos anos e também com abertura do mercado para os vinhos uruguaios no Brasil percebemos que o Uruguai não é apenas o Tannat. Não mesmo! Tive a oportunidade de degustar alguns bons, ótimos Cabernets Sauvignon, Merlot e por aí o vai.

Evidente que o nosso mercado consome muito o Tannat uruguaio, logo a oferta é para esses vinhos, mas alguns eventos realizados por instituições ligados aos vinhos do Uruguai e também alguns influenciadores digitais do universo do vinho, fizeram com que aquele pequeno país se revelasse.

E revelasse consequentemente a gana de seus produtores por conceberem vinhos de extrema tipicidade, com a cara, o “DNA” desse país. Por mais que eu não deguste, lamentavelmente, tantos rótulos do Uruguai, percebemos, mesmo que por um simples instinto sensorial, um vinho daquelas bandas.

E a primeira, óbvia, região que conheci foi Canelones, a mais emblemática e importante região produtora de vinhos do Uruguai e é aquela que mais produz em volume de vinhos e nem por isso uma região descartável, desprestigiada. Belos vinhos degustei da região!

Mas as minhas descobertas, de novos rótulos e castas “improváveis” se deu por outra região, a capital do país: Montevidéu. Se deu também pela Família Traversa. E que maravilha foi descobri-los! Rótulos de incríveis custo X benefício, extremamente acessíveis aos bolsos e relativamente fáceis de encontrar.

Já degustei alguns de seus rótulos, do Chardonnay ao Tannat, do Merlot ao Sauvignon Blanc e todos são bem interessantes e dessa vez será um rosé! Sim, um rosé! Jamais esperaria degustar um rosé uruguaio.

Então sem mais delongas vamos às apresentações do vinho! O vinho que degustei e gostei veio da região uruguaia de Montevidéu e se chama Traversa, um rosé composto pelas castas Pinot Noir (50%) e Cabernet Franc (50%) da safra 2021. E para não perder o costume vamos de história, vamos de Montevidéu.

Montevidéu

Montevidéu começou seu processo de fundação em 1723. O Governador do Río de la Plata, Bruno Mauricio de Zabala, foi enviado pela coroa espanhola para fundar esta cidade portuária e expulsar aos portugueses, que tinham construído o Fuerte de Montevideu sobre a baia. 

Assim, as primeiras famílias que povoaram “San Felipe y Santiago de Montevideo” foram de origem espanhol, provenientes do grande centro colonial do Río de la Plata: Buenos Aires. Pela sua condição de principal porto do Rio da Prata e Montevidéu teve não teve bom relacionamento com a cidade vizinha.

Montevidéu

Pedro Millán traçou o primeiro plano da cidade em 1726, ano em que começaram a chegar os colonos das Ilhas Canarias. A antiga Ciudadela de Montevidéu (edificada ao longo de uns quarenta anos) apresentava as características típicas das cidades colônias da época: Uma Praça de Armas no centro (Atual Praça Constitución, mais conhecida como Matriz) rodeada pela Igreja (atual Catedral) e o edifício do governo (Cabildo).

A pequena cidade estava rodeada de muralhas das que hoje só ficam o portal de entrada, a simbólica Puerta de la Ciudadela. Em 1807 se produziram as Invasões Inglesas, enfrentadas e vencidas pelos orientais. Este fato deu a Montevidéu o status de “Muy Fiel y Reconquistadora” e a converteu no bastião espanhol do Río de la Plata. Montevidéu se manteve fiel a Espanha durante as Revoluções de Maio de 1810 em Buenos Aires. Durante esse período, a coroa espanhola se instalou em Montevidéu, o que significou o um grande crescimento para a cidade.

O departamento de Montevidéu se estabeleceu em 1816, como a primeira divisão administrativa da Banda Oriental. Ao se declarar o novo Estado Independente em 1828, Montevidéu foi estabelecido como capital, e a partir da “Jura de la Constitución de 1830” começou a se projetar a “Nova Cidade” por fora dos limites da Ciudadela. 

Contudo, a atual Ciudad Vieja foi durante muitas décadas o centro econômico e cultural de Montevidéu. As grandes bandas migratórias da Europa (principalmente espanhóis, mas também italianos, alemães, franceses, húngaros, judeus e ingleses) deram ao Montevidéu de 1900 um ar cosmopolita.

A herança dos escravos africanos trazidos durante a época colonial aportou o caráter multicultural da cidade, que se percebe até hoje. Ao longo do século XX Montevidéu se expandiu sobre a baia para o leste, e também para o norte, com numerosos centros de população afastadas do centro. A emblemática Rambla de Montevidéu, principal cartão postal da cidade, foi construída em 1910. Outros monumentos significativos datam dos anos 20 e 30, como o Palácio Legislativo e o Estádio Centenário.

O Uruguai era originalmente povoado pelos índios Charruas, mas em 1680 os portugueses começaram a se assentar na região; os espanhóis chegaram logo em seguida. As primeiras uvas viníferas foram cultivadas em território uruguaio há mais de 250 anos. A produção de vinhos, entretanto, só começou a ser realizada comercialmente na segunda metade do século XIX. Em 1870, Dom Pascal Harriague introduziu ao Uruguai várias castas de uva em busca de uma que se adaptasse bem ao solo e clima da região.

A Tannat foi a que se saiu melhor na experiência e desde então, por causa do seu sucesso imediato e duradouro no país, ela dá vida ao autêntico vinho uruguaio. Na década de 1970, houve uma renovação na vitivinicultura do Uruguai; novas técnicas de plantio e cultivo, bem como a introdução de novas variedades de uvas, possibilitaram um desenvolvimento substancial à sua indústria de vinhos.

Aliado a tudo isso, a evolução dos vinhos uruguaios aconteceu por causa da paixão dos produtores e apreciadores de lá pela bebida. A maneira artesanal e a relação respeitosa que eles têm com as uvas que cultivam tornaram seus vinhos premiados e bastante reconhecidos no mercado internacional.

Fortemente influenciado pelo Rio da Prata e Oceânico Atlântico, o Uruguai tem as suas principais regiões produtoras de vinhos na costa sul – Maldonado, Canelones e Colônia. Situado entre os paralelos 30 e 35, a exemplo de Chile, Argentina, Austrália e África do Sul, o país tem a possibilidade de elaborar vinhos que possuem a energia do Novo Mundo e o refinamento do Velho Mundo.

É a terra do Tannat, sim, mas há muito mais por descobrir. O Uruguai é comparado com a região de Bordeaux, na França. Seu Rio da Prata é comumente equiparado ao estuário do Gironde. A maior região vitivinícola – Canelones – é dona de 60% da produção total. Fica bem no centro do país, ao sul, muito próxima da capital Montevidéu, que abriga 40% da população local com 3,4 milhões de moradores.

Mapa vinícola do Uruguai com Montevidéu ao sul

As demais regiões produtoras do sul do país ficam a menos de duas horas da capital – à oeste, Colônia (pela Rota 1) e, à leste, Maldonado (pela Rota 9). O Uruguai possui uma rota de vinho especial e aconchegante, coordenada pela Associação de Turismo Enológico do Uruguai, que reúne muitas bodegas familiares, com estrutura e história que fascinam seus visitantes. A rota, batizada de “Os caminhos do vinho” passa por regiões de Montevidéu, Canelones, Maldonado, Colônia e Rivera, cujas paisagens belas e exuberantes são atrativos que complementam sua ótima gastronomia e seus vinhos finos.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um rosado cor salmão, limpo, um tanto quanto atijolado, mas muito brilhante e bonito, com algumas poucas lágrimas finas e rápidas.

No nariz aromas, um tanto quanto tímidos, mas perceptíveis de frutas frescas, com destaque para morango, mamão, maçã-verde, diria também um pêssego, entregando ainda um toque floral que corrobora o seu frescor e também uma mineralidade.

Na boca é saboroso, fresco, jovem, sedoso, elegante e equilibrado, mas goza de alguma personalidade, é cheio em boca. As notas frutadas, evidentes no olfato, se revelam, protagonizam no paladar com destaque para morangos, cerejas frescas, mamão e maçã-verde. Traz belíssima acidez que saliva e um final de média persistência com um discreto dulçor.

A Família Traversa e todos os seus rótulos que vão desde os básicos até o que se chamam de alta gama definitivamente são os melhores que apresentam a relação qualidade X preço do mercado de vinhos! E esta nova versão da linha Traversa que degusto hoje traz tudo o que esperamos de um típico rosé: frescor, muita fruta, leveza e um toque floral agradabilíssimo. A Família Traversa entrega o lado “alternativo” da triste realidade dos valores impraticáveis dos vinhos no Brasil e nos possibilita trafegar, com dignidade, neste vasto e impecável universo. Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Família Traversa:

Esta empresa com as suas vastas vinhas e fábricas de processamento de vinho, conta com a presença constante da Família Traversa. Sessenta anos de muito trabalho e três gerações que sustentam a qualidade dos seus vinhos.

Cada novo plantio e manutenção, processamento, embalagem e distribuição de vinho, marketing e atendimento ao cliente são sempre supervisionados por um membro da família. Assim eles são e ambicionam o conceito de qualidade e este é o resultado do trabalho da vinícola. A história desta família é o legado de bondade e esperança que está nas vinhas e há três gerações.

Em 1904, Carlos Domingo Traversa veio para o Uruguai com seus pais. Filho de imigrantes italianos, foi em sua juventude peão rural em fazendas de vinhedos, e em 1937 com sua esposa, Maria Josefa Salort, conseguiu comprar 5 hectares de terras em Montevidéu.

Suas primeiras plantações de uvas de morango e moscatel foram em pequena escala. Em 1956 fundou a adega com os seus filhos, Dante, Luis e Armando, que hoje com os seus netos têm muito orgulho de continuar o seu sonho.

A atitude constante de crescimento contínuo, com dedicação e desenvolvimento levou e ainda leva a vinícola a ser um exemplo em todo o Uruguai. Em mais de 240 hectares próprios, além de vinhedos de produtores cujas safras são controladas diretamente pela empresa, obtendo assim uma grande harmonia com os vinhos e as próprias uvas. As variedades plantadas são: Tannat, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay e Sauvignon Blanc.

As uvas são processadas com maquinários e instalações da mais alta tecnologia. Inicia-se com um rígido controle de produção, colheita no momento ideal, plantio de leveduras selecionadas, controle de fermentação, aplicação a frio no processo de elaboração, clarificações e degustação dos vinhos para definir diferentes categorias de qualidade. Daí passa-se a armazenar em grandes recipientes de grande tecnologia, como inox, tanques térmicos, ou em barricas de carvalho americano e francês.

Mais informações acesse:

http://grupotraversa.com.uy/en/

Referências:

“Uruguai.org”: http://www.uruguai.org/a-historia-de-montevideu/

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/uruguai-natural_9771.html

 

 






sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

Traversa Sauvignon Blanc 2020

 

Atualmente o cenário para os enófilos brasileiros é desanimador. Desanimador no que tange aos preços que sobem de uma forma abusiva e, em alguns momentos, de maneira injustificável. Ou melhor tem uma triste e desoladora justificativa: o custo Brasil é deveras alto e a carga tributária que incide sobre o mercado da bebida de Baco é devastador.

Políticas para alavancar o setor são mencionadas por políticos em épocas de campanha eleitoral, porém, quando se elegem não são efetivadas e nós, pobres mortais trabalhadores apreciadores no néctar, ainda sofre e muito com os valores. Como democratizar a cultura do vinho neste país com um cenário desses?

Mas não quero, a priori, entrar no mérito da discussão, embora urgente e necessária, foi apenas para ilustrar que o enófilo da “classe operariada” neste Brasil sofre e muito para querer degustar um vinho, para adentrar ao universo da poesia líquida, porém ainda há uma luz, um farol no fim do sombrio e temeroso túnel.

Com um pouco mais de dedicação e garimpo, ainda conseguimos encontrar alguns rótulos, de alguns produtores sinceros, de excelente custo X benefício e que, curiosamente, não tem a devida divulgação por parte de alguns formadores de opinião e especialistas em vinho! Vai entender!

E um desses exemplos clássicos e interessantes vem do Uruguai, mais precisamente da região de Montevidéu, da capital uruguaia. Falo da Família Traversa. Essa região não é necessariamente a mais famosa do Uruguai para a produção de vinhos, como Canelones, por exemplo, e a Família Traversa, desde a década de 1950 no mercado, também não goza de popularidade, mas seus vinhos são surpreendentes!

Lembro-me como se fora hoje do meu primeiro vinho da Família Traversa, um Traversa Reserva Tannat com Merlot, corte típico da região, da safra 2016. Que vinho espetacular, que vinho surpreendente e que, à época, custou menos de R$40! Quando vemos um valor desses logo desconfia, se tratando de alguns “aristocráticos” que encaram o vinho como status e etiqueta social.

Mas o vinho foi estupendo! E mais uma vez me ponho a degustar mais um rótulo da Traversa e dessa vez, para mim pelo menos, virá carregado de novidade! Sim! O meu primeiro Sauvignon Blanc uruguaio! Não preciso dizer da ansiedade, da animação para tê-lo em minha humilde taça!

E hoje foi dada a largada para esse momento! O momento pede, afinal, dias de sol, de calor, de verão, nada mais consensual do que um belo, fresco e marcante Sauvignon Blanc para “harmonizar” com esse clima.

Embora a Sauvignon Blanc seja uma casta recorrente em minha trajetória enófila, dentre as cepas brancas, bem como a Chardonnay, por exemplo, essa vem carregada de novidades, mas espero encontrar as já famosas características da casta que fizeram dela e fazem até hoje a sua fama.

Então sem mais delongas vamos às apresentações! O vinho que degustei e gostei veio de Montevidéu e se chama Traversa da casta Sauvignon Blanc da safra 2020! E para não perder o costume falemos um pouco dessa região vinícola que embora não tenha tanta fama, é uma das mais importantes do Uruguai: Montevidéu!

Montevidéu

Montevidéu começou seu processo de fundação em 1723. O Governador do Río de la Plata, Bruno Mauricio de Zabala, foi enviado pela coroa espanhola para fundar esta cidade portuária e expulsar aos portugueses, que tinham construído o Fuerte de Montevideu sobre a baia. Assim, as primeiras famílias que povoaram “San Felipe y Santiago de Montevideo” foram de origem espanhol, provenientes do grande centro colonial do Río de la Plata: Buenos Aires. Pela sua condição de principal porto do Rio da Prata e Montevidéu teve não teve bom relacionamento com a cidade vizinha.

Pedro Millán traçou o primeiro plano da cidade em 1726, ano em que começaram a chegar os colonos das Ilhas Canarias. A antiga Ciudadela de Montevidéu (edificada ao longo de uns quarenta anos) apresentava as características típicas das cidades colônias da época: Uma Praça de Armas no centro (Atual Praça Constitución, mais conhecida como Matriz) rodeada pela Igreja (atual Catedral) e o edifício do governo (Cabildo).

A pequena cidade estava rodeada de muralhas das que hoje só ficam o portal de entrada, a simbólica Puerta de la Ciudadela. Em 1807 se produziram as Invasões Inglesas, enfrentadas e vencidas pelos orientais. Este fato deu a Montevidéu o status de “Muy Fiel y Reconquistadora” e a converteu no bastião espanhol do Río de la Plata. Montevidéu se manteve fiel a Espanha durante as Revoluções de Maio de 1810 em Buenos Aires. Durante esse período, a coroa espanhola se instalou em Montevidéu, o que significou o um grande crescimento para a cidade.

O departamento de Montevidéu se estabeleceu em 1816, como a primeira divisão administrativa da Banda Oriental. Ao se declarar o novo Estado Independente em 1828, Montevidéu foi estabelecido como capital, e a partir da “Jura de la Constitución de 1830” começou a se projetar a “Nova Cidade” por fora dos limites da Ciudadela. Contudo, a atual Ciudad Vieja foi durante muitas décadas o centro econômico e cultural de Montevidéu. As grandes bandas migratórias da Europa (principalmente espanhóis, mas também italianos, alemães, franceses, húngaros, judeus e ingleses) deram ao Montevidéu de 1900 um ar cosmopolita.

A herança dos escravos africanos trazidos durante a época colonial aportou o caráter multicultural da cidade, que se percebe até hoje. Ao longo do século XX Montevidéu se expandiu sobre a baia para o leste, e também para o norte, com numerosos centros de população afastadas do centro. A emblemática Rambla de Montevidéu, principal cartão postal da cidade, foi construída em 1910. Outros monumentos significativos datam dos anos 20 e 30, como o Palácio Legislativo e o Estádio Centenário.

O Uruguai era originalmente povoado pelos índios Charruas, mas em 1680 os portugueses começaram a se assentar na região; os espanhóis chegaram logo em seguida. As primeiras uvas viníferas foram cultivadas em território uruguaio há mais de 250 anos. A produção de vinhos, entretanto, só começou a ser realizada comercialmente na segunda metade do século XIX. Em 1870, Dom Pascal Harriague introduziu ao Uruguai várias castas de uva em busca de uma que se adaptasse bem ao solo e clima da região.

A Tannat foi a que se saiu melhor na experiência e desde então, por causa do seu sucesso imediato e duradouro no país, ela dá vida ao autêntico vinho uruguaio. Na década de 1970, houve uma renovação na vitivinicultura do Uruguai; novas técnicas de plantio e cultivo, bem como a introdução de novas variedades de uvas, possibilitaram um desenvolvimento substancial à sua indústria de vinhos.

Aliado a tudo isso, a evolução dos vinhos uruguaios aconteceu por causa da paixão dos produtores e apreciadores de lá pela bebida. A maneira artesanal e a relação respeitosa que eles têm com as uvas que cultivam tornaram seus vinhos premiados e bastante reconhecidos no mercado internacional.

Fortemente influenciado pelo Rio da Prata e Oceânico Atlântico, o Uruguai tem as suas principais regiões produtoras de vinhos na costa sul – Maldonado, Canelones e Colônia. Situado entre os paralelos 30 e 35, a exemplo de Chile, Argentina, Austrália e África do Sul, o país tem a possibilidade de elaborar vinhos que possuem a energia do Novo Mundo e o refinamento do Velho Mundo.

É a terra do Tannat, sim, mas há muito mais por descobrir. O Uruguai é comparado com a região de Bordeaux, na França. Seu Rio da Prata é comumente equiparado ao estuário do Gironde. A maior região vitivinícola – Canelones – é dona de 60% da produção total. Fica bem no centro do país, ao sul, muito próxima da capital Montevidéu, que abriga 40% da população local com 3,4 milhões de moradores.

As demais regiões produtoras do sul do país ficam a menos de duas horas da capital – à oeste, Colônia (pela Rota 1) e, à leste, Maldonado (pela Rota 9). O Uruguai possui uma rota de vinho especial e aconchegante, coordenada pela Associação de Turismo Enológico do Uruguai, que reúne muitas bodegas familiares, com estrutura e história que fascinam seus visitantes. A rota, batizada de “Os caminhos do vinho” passa por regiões de Montevidéu, Canelones, Maldonado, Colônia e Rivera, cujas paisagens belas e exuberantes são atrativos que complementam sua ótima gastronomia e seus vinhos finos.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um amarelo claro, palha, translúcido com halos discretamente esverdeados, com muito brilho, além de algumas lágrimas finas e rápidas.

No nariz impera os aromas de frutas brancas, tropicais e cítricas com destaque para a maçã-verde, vindo em seguida o abacaxi, a lima, o maracujá. Uma agradável sensação de frescor entrega mineralidade e notas herbáceas, com um fundo floral.

Na boca é leve, fresco, mas untuoso, algo de cremoso, graças à parte do vinho que passou brevemente por barricas de carvalho. As notas frutadas protagonizam também no paladar como no aspecto olfativo e repete-se também o mineral trazendo sabor e personalidade ao vinho. Tem acidez evidente vibrante que instiga a mais uma taça, com um final persistente e frutado.

A Família Traversa e todos os seus rótulos que vão desde os básicos até o que se chamam de alta gama definitivamente são os melhores que apresentam a relação qualidade X preço do mercado de vinhos! E esta nova versão da linha Traversa que degusto hoje traz tudo o que esperamos da Sauvignon Blanc: frescor, personalidade, alguma untuosidade, leveza, um toque mineral agradabilíssimo. A Família Traversa entrega o lado “alternativo” da triste realidade dos valores impraticáveis dos vinhos no Brasil e nos possibilita trafegar, com dignidade, neste vasto e impecável universo dos vinhos. Tem 13,5% de teor alcoólico.

Sobre a Família Traversa:

Esta empresa com as suas vastas vinhas e fábricas de processamento de vinho, conta com a presença constante da Família Traversa. Sessenta anos de muito trabalho e três gerações que sustentam a qualidade dos seus vinhos. Cada novo plantio e manutenção, processamento, embalagem e distribuição de vinho, marketing e atendimento ao cliente são sempre supervisionados por um membro da família. Assim eles são e ambicionam o conceito de qualidade e este é o resultado do trabalho da vinícola. A história desta família é o legado de bondade e esperança que está nas vinhas e há três gerações.

Em 1904, Carlos Domingo Traversa veio para o Uruguai com seus pais. Filho de imigrantes italianos, foi em sua juventude peão rural em fazendas de vinhedos, e em 1937 com sua esposa, Maria Josefa Salort, conseguiu comprar 5 hectares de terras em Montevidéu. Suas primeiras plantações de uvas de morango e moscatel foram em pequena escala. Em 1956 fundou a adega com os seus filhos, Dante, Luis e Armando, que hoje com os seus netos têm muito orgulho de continuar o seu sonho.

A atitude constante de crescimento contínuo, com dedicação e desenvolvimento levou e ainda leva a vinícola a ser um exemplo em todo o Uruguai. Em mais de 240 hectares próprios, além de vinhedos de produtores cujas safras são controladas diretamente pela empresa, obtendo assim uma grande harmonia com os vinhos e as próprias uvas. As variedades plantadas são: Tannat, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay e Sauvignon Blanc.

As uvas são processadas com maquinários e instalações da mais alta tecnologia. Inicia-se com um rígido controle de produção, colheita no momento ideal, plantio de leveduras selecionadas, controle de fermentação, aplicação a frio no processo de elaboração, clarificações e degustação dos vinhos para definir diferentes categorias de qualidade. Daí passa-se a armazenar em grandes recipientes de grande tecnologia, como inox, tanques térmicos, ou em barricas de carvalho americano e francês.

Mais informações acesse:

http://grupotraversa.com.uy/en/

Referências:

“Uruguai.org”: http://www.uruguai.org/a-historia-de-montevideu/

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/uruguai-natural_9771.html

 

 

 

 


 




segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Traversa Tannat Roble 2018

 

O que te lembra quando se menciona o Uruguai? Claro! A Tannat! Não há como negligenciar essa perfeita combinação. O que te lembra do legítimo Tannat uruguaio quando falamos em harmonizar com comida. O famoso e único churrasco! Aquela carne suculenta, para alguns sagrando, com um belíssimo Tannat encorpado, transbordando em taninos (A propósito a palavra “Tannat” vem de taninos) de preferência com uma passagem por barricas de carvalho é a harmonização certeira e maravilhosa.

Acreditem caros leitores, que não é apenas com aquela cerveja gelada que o churrasco harmoniza, embora seja popular em nossas terras naquele dia ensolarado em um domingo reunido com a família e amigos, mas o vinho também harmoniza, sobretudo os rótulos com a casta Tannat.

E não se enganem de uma coisa: pode parecer conversa de um enófilo, uma afirmação um tanto quanto movida pela influência do amor pela nossa poesia líquida, mas o vinho é ainda melhor com o churrasco de domingo do que aquela cerveja trincando de gelada. Nada contra a cerveja, mas com ela ficamos excessivamente “cheios” e não conseguimos aproveitar plenamente, já o vinho, não.

Se permita a experiência de degustar, não apenas um Tannat, mas as castas encorpadas e taninosas, como a Cabernet Sauvignon, Malbec, Cabernet Franc, de preferência com passagem por barricas de carvalho que traz a estrutura, a complexidade necessária para “aguentar” as carnes do seu churrasco.

E hoje, confesso que não estava no roteiro, mas o domingo nasceu particularmente agradável, o sol reinando brilhante, mas sem aquele calor incômodo e, com a família reunida, foi decidido que seria dia de churrasco! Então olhei para a minha adega e vi que havia guardado um Tannat uruguaio para esse momento. Eu gostaria de experimentá-lo e ver se ele tinha “pegada” para aguentar as carnes e iguarias de um típico churrasco brasileiro.

Bem o produtor é muito bom, já havia degustado outros rótulos fantásticos e surpreendentes da Família Traversa, de Montevidéu, e verdadeiramente me rendido aos encantos de seus rótulos e da bebida represada nas suas garrafas. E de imediato recomendo o Traversa Chardonnay 2018, o Traversa Merlot 2019 e o grande Traversa Tannat e Merlot Roble 2016.

As carnes tiveram seu contato com o fogo, já estavam quase no ponto. Esperei! Gostaria de abrir o vinho quando ela estivesse pronta para o “abate”. Pronto! O vinho, na temperatura correta, aguardava inundar a taça o que imediatamente aconteceu. O degustei, estava ótimo! Mais uma vez a Família Traversa não me decepcionou! E o que dizer com a harmonização? Deu certo! Estava maravilhoso! Que momento sublime, as experiências sensoriais estavam no auge, era o ápice!

Não vou mais ficar no mistério, como dizia dona Milú, e direi o vinho que degustei e gostei que veio do Uruguai, da região de Montevidéu, e se chama Traversa Roble Tannat (100%) da safra 2018. Como que um país tão pequeno e tão vilipendiado no Cone Sul, infelizmente, é tão representativo na produção desta nobre cepa, a boa e velha Tannat?

Tannat e Churrasco? Tannat e churrasco!

Quando se fala em vinho sul-americano a imagem que vem à cabeça é um chileno ou um argentino, respectivamente o primeiro e segundo maiores exportadores da bebida para o Brasil, com 34,38% e 26,54% do mercado, em volume. Cabe ao Uruguai, a posição de primo pobre, com a sétima posição, com apenas 1,70% das prateleiras.

Mas apesar da pequena presença no imaginário do consumidor, o Brasil é um parceiro importante da indústria vinícola uruguaia. Mesmo assim, talvez você nunca tenha provado um tinto uruguaio, ou, no mínimo, não é esta sua primeira opção. Pois saiba que pode estar perdendo um ótimo parceiro para o churrasco, o tinto feito com Tannat.

Se a Malbec dança tango na Argentina e a Carmenère sobe as cordilheiras do Chile, a Tannat é a representante legítima deste pequeno país de apenas 176 quilômetros quadrados. 32,2% da produção das uvas viníferas são desta variedade francesa, que assim como suas primas latino-americanas encontrou em solo uruguaio sua melhor expressão.

A origem é da região de Madiran, no sudeste da França. Curioso isso, algumas variedades esquálidas no velho mundo acabam mostrando sua musculatura na América do Sul. O responsável pela introdução da variedade no Uruguai foi Don Pascual Harriague, em 1870, e com seu sobrenome a uva foi chamada até a década de 80, quando foi reconhecida como a Tannat francesa. Não se esquecendo também da fazendo do catalão Francisco Vidiella em Colón (Montevidéu), mas foi com Harriague que a casta ganhou projeção em terras uruguaias.

Don Pascual Harriague

Esse empresário, nascido em 1819, chegou ao Uruguai em 1840 e, após várias atividades pecuárias no país, se estabeleceu na cidade de Salto. Por volta de 1870, depois de alguns anos fazendo testes com diversas variedades de uva, ele encontrou as condições para produzir um ótimo vinho tinto com uvas Tannat. Ele apresentou esses vinhos em 1887, que receberam elogios e prêmios internacionais nas exposições mundiais de Barcelona e Paris em 1888 e 1889 Hoje já são quatro gerações de viticultores uruguaios que continuam o legado de Pascual.

Um tinto da uva Tannat tem como características a concentração: de cores, sabores, corpo e do tanino (daí nome), aquele elemento importantíssimo da uva que dá cor e uma sensação de adstringência na boca (pois tem a capacidade de coagular a saliva) que pode ser muito intensa ou bem trabalhada.

Esta é a virtude, e o pecado, da Tannat. Muita gente torce, literalmente, o nariz para a uva, pois tem na memória um vinho muito adstringente. Mas quando domado, amaciado e bem elaborado, esta característica marcante da uva ressalta suas qualidades e torna este estilo de vinho uma boa alternativa para as carnes, como as parrillas, o corte uruguaio por excelência.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta uma coloração vermelho rubi intenso e brilhante, com entornos violáceos, com uma razoável concentração de lágrimas finas e lentas.

No nariz as notas de frutas negras, como ameixa, amora e cereja negra, com agradáveis e bem integradas notas amadeiradas, graças aos 4 meses de passagem por barricas de carvalho, além da baunilha e especiarias.

Na boca é muito seco, com média estrutura, mas macio, redondo e fácil de degustar, com as frutas negras protagonizando, como no aspecto olfativo, além do discreto amadeirado, com toques de baunilha e chocolate. Tem taninos domados, acidez equilibrada e um final prolongado, persistente.

Depois dessa experiência maravilhosa não há como negar que a enogastronomia é o que há para os nossos sentidos. Há vinhos que são inseparáveis de uma boa comida. Um pede o outro, um clama pelo outro. Foi um elixir para os meus sentidos degustar esse Tannat que, apesar de não ser dos mais encorpados e com uma breve passagem por barricas de carvalho, se revelou um vinho que merece ostentar a Tannat e todas as suas mais essenciais características. Os aromas da madeira muito bem integrados ao vinho, proporcionando as notas frutadas, com toques de baunilha e chocolate promoveu um lindo casamento com as carnes de churrasco que desfilaram em meu prato, fazendo valer o clássico Tannat-Churrasco! Tem 12,5% de teor alcoólico.

Sobre a Família Traversa:

Esta empresa com as suas vastas vinhas e fábricas de processamento de vinho, conta com a presença constante da Família Traversa. Sessenta anos de muito trabalho e três gerações que sustentam a qualidade dos seus vinhos. Cada novo plantio e manutenção, processamento, embalagem e distribuição de vinho, marketing e atendimento ao cliente são sempre supervisionados por um membro da família. Assim somos e ambicionamos qualidade, e este é o resultado do nosso trabalho. A história desta família é o legado de bondade e esperança que, como no nosso caso, estamos unidos nas vinhas e há três gerações.

Em 1904, Carlos Domingo Traversa veio para o Uruguai com seus pais. Filho de imigrantes italianos, foi em sua juventude peão rural em fazendas de vinhedos, e em 1937 com sua esposa, Maria Josefa Salort, conseguiu comprar 5 hectares de terras em Montevidéu. Suas primeiras plantações de uvas de morango e moscatel foram em pequena escala. Em 1956 fundou a adega com os seus filhos, Dante, Luis e Armando, que hoje com os seus netos têm muito orgulho de continuar o seu sonho.

A atitude constante de crescimento contínuo, com dedicação e desenvolvimento levou e ainda leva a vinícola a ser um exemplo em todo o Uruguai. Em mais de 240 hectares próprios, além de vinhedos de produtores cujas safras são controladas diretamente pela empresa, obtendo assim uma grande harmonia com os vinhos e as próprias uvas. As variedades plantadas são: Tannat, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay e Sauvignon Blanc.

As uvas são processadas com maquinários e instalações da mais alta tecnologia. Inicia-se com um rígido controle de produção, colheita no momento ideal, plantio de leveduras selecionadas, controle de fermentação, aplicação a frio no processo de elaboração, clarificações e degustação dos vinhos para definir diferentes categorias de qualidade. Daí passa-se a armazenar em grandes recipientes de grande tecnologia, como inox, tanques térmicos, ou em barricas de carvalho americano e francês.

Mais informações acesse:

http://grupotraversa.com.uy/en/

Referências:

“Portal IG – Blog do Vinho Beto Gerosa”: https://vinho.ig.com.br/2009/03/24/tannat-o-tinto-uruguaio-que-combina-com-churrasco.html

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/historia-da-tannat-no-uruguai_12654.html

 

 

 




 


terça-feira, 4 de maio de 2021

Traversa Merlot 2019

 

Atualmente o cenário para os enófilos brasileiros é desanimador. Desanimador no que tange aos preços que sobem de uma forma abusiva e, em alguns momentos, de maneira injustificável. Mas o custo Brasil é deveras alto e a carga tributária que incide sobre o mercado da bebida de Baco é devastador. Políticas para alavancar o setor são mencionadas pelo Poder Público não são efetivadas e nós, pobres mortais trabalhadores apreciadores no néctar, ainda sofre e muito com os valores. Como democratizar a cultura do vinho neste país com um panorama desolador desses?

Mas não quero, a priori, entrar no mérito da discussão que é urgente e necessária e a mencionei apenas como fator ilustrativo para falar sobre alguns vinhos, de alguns países que, há 20 anos, por exemplo, eram praticamente inviáveis nas gôndolas dos principais supermercados das grandes cidades brasileiras. Mas há 20 anos o Bruno, enófilo, ainda estava muito cru no universo dos vinhos, os contatos com o vinho ainda estavam sendo edificados e, precisava de uma “litragem” maior.

O fato é que, independente da falta ou excesso de experiência no universo dos vinhos, é que, por exemplo, o panorama do e-commerce no Brasil, há 20 anos, era incipiente, tomando como parâmetro as inúmeras opções que temos no mercado em dias atuais e, consequentemente, mais rótulos são ofertados. Lembro-me que era, no passado, praticamente impossível encontrar alguns vinhos de algumas nacionalidades inclusive a uruguaia. Ah como era difícil encontrar vinhos uruguaios. Talvez, pela minha pouca “litragem” eu não sabia onde e como procurar, talvez estivesse procurando nos lugares errados, mas o fato é que era uma dificuldade atroz encontrar um rótulo do nosso pequeno vizinho.

Atualmente e isso eu posso dizer, sem medo, de que o panorama, a oferta de rótulos de vinhos uruguaios é muito melhor do que alguns anos atrás. Hoje eu posso dizer que aprecio os rótulos de um determinado produtor do Uruguai ou aprecio vinhos de uma região em especial desse país. E isso se deve muito a popularização do país e de seus produtos nacionais e o vinho está entre eles. O vinho uruguaio é, diferentemente do Brasil, priorizado como um produto de exportação do nome do país, uma marca que não se dissocia da cultura dos uruguaios.

E a minha nova e agradável preferência daquelas terras vem de sua capital, Montevidéu, os vinhos da Família Traversa. E, desde já, compartilho aqui duas experiências maravilhosas que tive degustando o Traversa Chardonnay da safra 2018 e o Traversa Roble Tannat e Merlot da safra 2016. E a minha nova experiência sensorial vem da Família Traversa e o vinho que degustei e gostei se chama Traversa Merlot da safra 2019. O meu primeiro Merlot (100%) do Uruguai! Então falemos um pouco desse pequeno grande país e de seus feitos viníferos.

Montevidéu

Montevidéu começou seu processo de fundação em 1723. O Governador do Río de la Plata, Bruno Mauricio de Zabala, foi enviado pela coroa espanhola para fundar esta cidade portuária e expulsar aos portugueses, que tinham construído o Fuerte de Montevideu sobre a baia. Assim, as primeiras famílias que povoaram “San Felipe y Santiago de Montevideo” foram de origem espanhol, provenientes do grande centro colonial do Río de la Plata: Buenos Aires. Pela sua condição de principal porto do Rio da Prata e Montevidéu teve não teve bom relacionamento com a cidade vizinha.

Montevideo

Pedro Millán traçou o primeiro plano da cidade em 1726, ano em que começaram a chegar os colonos das Ilhas Canarias. A antiga Ciudadela de Montevidéu (edificada ao longo de uns quarenta anos) apresentava as características típicas das cidades colônias da época: Uma Praça de Armas no centro (Atual Praça Constitución o mais conhecida como Matriz) rodeada pela Igreja (atual Catedral) e o edifício do governo (Cabildo). A pequena cidade estava rodeada de muralhas das que hoje só ficam o portal de entrada, a simbólica Puerta de la Ciudadela. Em 1807 se produziram as Invasões Inglesas, enfrentadas e vencidas pelos orientais. Este fato deu a Montevidéu o status de “Muy Fiel y Reconquistadora” e a converteu no bastião espanhol do Río de la Plata. Montevidéu se manteve fiel a Espanha durante as Revoluções de Maio de 1810 em Buenos Aires. Durante esse período, a coroa espanhola se instalou em Montevidéu, o que significou o um grande crescimento para a cidade.

O departamento de Montevidéu se estabeleceu em 1816, como a primeira divisão administrativa da Banda Oriental. Ao se declarar o novo Estado Independente em 1828, Montevidéu foi estabelecido como capital, e a partir da “Jura de la Constitución de 1830” começou a se projetar a “Nova Cidade” por fora dos limites da Ciudadela. Contudo, a atual Ciudad Vieja foi durante muitas décadas o centro econômico e cultural de Montevidéu. As grandes bandas migratórias da Europa (principalmente espanhóis, mas também italianos, alemães, franceses, húngaros, judeus e ingleses) deram ao Montevidéu de 1900 um ar cosmopolita. A herança dos escravos africanos trazidos durante a época colonial aportou o caráter multicultural da cidade, que se percebe até hoje. Ao longo do século XX Montevidéu se expandiu sobre a baia para o leste, e também para o norte, com numerosos centros de população afastadas do centro. A emblemática Rambla de Montevidéu, principal cartão postal da cidade, foi construída em 1910. Outros monumentos significativos datam dos anos 20 e 30, como o Palacio Legislativo e o Estádio Centenário.

O Uruguai era originalmente povoado pelos índios Charruas, mas em 1680 os portugueses começaram a se assentar na região; os espanhóis chegaram logo em seguida. As primeiras uvas viníferas foram cultivadas em território uruguaio há mais de 250 anos. A produção de vinhos, entretanto, só começou a ser realizada comercialmente na segunda metade do século XIX. Em 1870, Dom Pascal Harriague introduziu ao Uruguai várias castas de uva em busca de uma que se adaptasse bem ao solo e clima da região. A Tannat foi a que se saiu melhor na experiência e desde então, por causa do seu sucesso imediato e duradouro no país, ela dá vida ao autêntico vinho uruguaio. Na década de 1970, houve uma renovação na vitivinicultura do Uruguai; novas técnicas de plantio e cultivo, bem como a introdução de novas variedades de uvas, possibilitaram um desenvolvimento substancial à sua indústria de vinhos. Aliado a tudo isso, a evolução dos vinhos uruguaios aconteceu por causa da paixão dos produtores e apreciadores de lá pela bebida. A maneira artesanal e a relação respeitosa que eles têm com as uvas que cultivam tornaram seus vinhos premiados e bastante reconhecidos no mercado internacional.

Fortemente influenciado pelo Rio da Prata e Oceânico Atlântico, o Uruguai tem as suas principais regiões produtoras de vinhos na costa sul – Maldonado, Canelones e Colônia. Situado entre os paralelos 30 e 35, a exemplo de Chile, Argentina, Austrália e África do Sul, o país tem a possibilidade de elaborar vinhos que possuem a energia do Novo Mundo e o refinamento do Velho Mundo. É a terra do Tannat, sim, mas há muito mais por descobrir. O Uruguai é comparado com a região de Bordeaux, na França. Seu Rio da Prata é comumente equiparado ao estuário do Gironde. A maior região vitivinícola – Canelones – é dona de 60% da produção total. Fica bem no centro do país, ao sul, muito próxima da capital Montevidéu, que abriga 40% da população local com 3,4 milhões de moradores.

As demais regiões produtoras do sul do país ficam a menos de duas horas da capital – à oeste, Colônia (pela Rota 1) e, à leste, Maldonado (pela Rota 9). O Uruguai possui uma rota de vinho especial e aconchegante, coordenada pela Associação de Turismo Enológico do Uruguai, que reúne muitas bodegas familiares, com estrutura e história que fascinam seus visitantes. A rota, batizada de “Os caminhos do vinho” passa por regiões de Montevidéu, Canelones, Maldonado, Colônia e Rivera, cujas paisagens belas e exuberantes são atrativos que complementam sua ótima gastronomia e seus vinhos finos.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta um lindo vermelho rubi intenso, mas com brilhantes reflexos violáceos, com uma grande formação de finas lágrimas que lindamente desenham as paredes do copo.

No nariz mostra a exuberância perfumada de frutas vermelhas que se destacam como morango, cereja e framboesa com delicadas e discretas notas de especiarias, herbáceas. Destacam-se também as notas florais, de flores vermelhas que dão ao vinho caráter aromático de expressividade.

Na boca também revelam seus predicados. Um vinho jovem, portanto mostra todo o seu frescor, sendo aveludado e elegante, mas com alguma marcante personalidade, sobretudo pela sua versatilidade nas harmonizações com diversos tipos de comida. Seus taninos são polidos e delicados e a acidez é muito equilibrada, na medida certa com um final persistente, prolongado e com um curioso picante ou amargor com um retrogosto frutado.

O Uruguai, bem como Portugal, está na moda! O país vem promovendo e construindo, de forma exemplar, o seu enoturismo e mesmo tão pequeno se torna tão grandioso valorizando a sua cultura a projetando em seus rótulos, em seus vinhos, tornando eloquente, catapultando os seus terroirs, entregando vinhos de grande tipicidade em todas as suas escalas de proposta, com vinhos surpreendentes e especiais. Um Merlot surpreendente e, mesmo sendo um vinho simples, jovem e fácil de degustar, revelou uma marcante personalidade, sendo expressivo e versátil, harmonioso e elegante. A Família Traversa definitivamente, apesar de uma jovem vinícola, está em franca expansão, investindo em uma forte política de marketing a começar pelos vários rótulos diferentes que variam de acordo com o mercado que quer atingir, com vinhos com preços justos (O meu Traversa Merlot custou, pasmem R$ 22,90), mesmo com um panorama tão difícil para nós, brasileiros, e que entregam muito, muito além do que valem! Tem 12,7% de teor alcoólico.

Sobre a Família Traversa:

Esta empresa com as suas vastas vinhas e fábricas de processamento de vinho, conta com a presença constante da Família Traversa. Sessenta anos de muito trabalho e três gerações que sustentam a qualidade dos seus vinhos. Cada novo plantio e manutenção, processamento, embalagem e distribuição de vinho, marketing e atendimento ao cliente são sempre supervisionados por um membro da família. Assim somos e ambicionamos qualidade, e este é o resultado do nosso trabalho. A história desta família é o legado de bondade e esperança que, como no nosso caso, estamos unidos nas vinhas e há três gerações.

Em 1904, Carlos Domingo Traversa veio para o Uruguai com seus pais. Filho de imigrantes italianos, foi em sua juventude peão rural em fazendas de vinhedos, e em 1937 com sua esposa, Maria Josefa Salort, conseguiu comprar 5 hectares de terras em Montevidéu. Suas primeiras plantações de uvas de morango e moscatel foram em pequena escala. Em 1956 fundou a adega com os seus filhos, Dante, Luis e Armando, que hoje com os seus netos têm muito orgulho de continuar o seu sonho.

A atitude constante de crescimento contínuo, com dedicação e desenvolvimento levou e ainda leva a vinícola a ser um exemplo em todo o Uruguai. Em mais de 240 hectares próprios, além de vinhedos de produtores cujas safras são controladas diretamente pela empresa, obtendo assim uma grande harmonia com os vinhos e as próprias uvas. As variedades plantadas são: Tannat, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay e Sauvignon Blanc. As uvas são processadas com maquinários e instalações da mais alta tecnologia. Inicia-se com um rígido controle de produção, colheita no momento ideal, plantio de leveduras selecionadas, controle de fermentação, aplicação a frio no processo de elaboração, clarificações e degustação dos vinhos para definir diferentes categorias de qualidade. Daí passa-se a armazenar em grandes recipientes de grande tecnologia, como inox, tanques térmicos, ou em barricas de carvalho americano e francês.

Mais informações acesse:

http://grupotraversa.com.uy/en/

Referências:

“Uruguai.org”: http://www.uruguai.org/a-historia-de-montevideu/

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/uruguai-natural_9771.html

 

 

 

 

 

 


 




sábado, 9 de janeiro de 2021

Traversa Tannat e Merlot Roble 2016

 

Estava eu em um evento de degustação de vinhos em minha cidade, Niterói, no Rio de Janeiro e flertando entre vários estandes com demonstrações dos rótulos e produtores e me deparei com um vinho brasileiro da gigante vinícola Salton, o famoso “Salton Intenso” com um corte, até então novo para mim, das castas Tannat e Merlot, diria bem inusitado. O que me levou até o rótulo foi esse blend. Logo pedi ao demonstrador que enchesse a minha taça. Quando o degustei achei no mínimo avassalador! Uma combinação explosiva e potente garantido pela casta Tannat e o equilíbrio e a maciez entregue pelo Merlot. Tomado pela surpresa exclamei: Que vinho saboroso! Nunca tinha degustado esse rótulo da Salton! O demonstrador disse: “Realmente é um dos melhores deste produtor e esse é corte típico do Uruguai.” Pensei imediatamente que deveria degustar mais os grandes vinhos uruguaios, afinal não sabia que esse corte era típico deste pequeno, mas significativo país produtor de vinhos grandiosos. Talvez seja de fato uma ignorância da minha parte. E, a partir daquele momento, decidi me dedicar a buscar vinhos uruguaios com esse blend. Quem diria que um vinho brasileiro tenha suscitado um interesse em buscar rótulos uruguaios. Degustei alguns grandes vinhos do Uruguai ao longo da minha vida como enófilo, mas não o suficiente, não o quanto eu queria. Gostaria de diversificar, degustar mais castas que não fosse a emblemática Tannat. E espero fazê-lo.

Mas voltando a minha aventura dos cortes das castas Tannat e Merlot, depois de algum tempo tentando, consegui encontrar alguns vinhos, de propostas mais básicas, muito boas, mas precisava degustar um com passagem por barricas de carvalho, um que fizesse jus a potência da casta Tannat. E, em um dia navegando por sites especializados de vendas de vinho, localizei um Tannat e Merlot de um tradicional produtor de Montevideo chamada Família Traversa, um, como eles chamam, de “Roble”, palavra, em espanhol, muito usada para designar que o vinho passa por madeira, e por um valor impressionante: em torno dos R$ 29,00! Não hesitei e comprei o vinho! O guardei em minha adega por quase dois anos! Decidi esperar para degusta-lo em seu auge e eis e tão esperado momento.

O vinho que degustei e gostei veio da região de Montevideo, capital do Uruguai, da Familia Traversa, o Traversa Roble, um corte típico deste país, composto pelas castas Tannat (80%) e Merlot (20%) da safra 2016. E como o Uruguai é pouco comentado pelos especialistas e enófilos em terras brasileiras, apesar de termos um número razoável de rótulos sendo ofertados em nossas terras, não vou, por aqui, negligenciar a história significativa desse país na vitivinicultura mundial.

Uruguai: o pequeno grande da vitivinicultura

O Uruguai era originalmente povoado pelos índios Charruas, mas em 1680 os portugueses começaram a se assentar na região; os espanhóis chegaram logo em seguida. O país, como o conhecemos hoje, passou a existir com a declaração de independência em 1828, quando se estabeleceu como República, após vários anos de guerras sangrentas que envolveram Espanha, Portugal, Argentina e o Brasil. Já nessa época, por influência dos europeus, havia o cultivo de uvas na região, demonstrando que a história da vitivinicultura no Uruguai se confunde com a própria história do país. As primeiras uvas viníferas foram cultivadas em território uruguaio há mais de 250 anos. A produção de vinhos, entretanto, só começou a ser realizada comercialmente na segunda metade do século XIX. Em 1870, Dom Pascal Harriague introduziu ao Uruguai várias castas de uva em busca de uma que se adaptasse bem ao solo e clima da região. A tannat foi a que se saiu melhor na experiência e desde então, por causa do seu sucesso imediato e duradouro no país, ela dá vida ao autêntico vinho uruguaio.

Na década de 1970, houve uma renovação na vitivinicultura do Uruguai; novas técnicas de plantio e cultivo, bem como a introdução de novas variedade de uvas, possibilitaram um desenvolvimento substancial à sua indústria de vinhos. Aliado a tudo isso, a evolução dos vinhos uruguaios aconteceu por causa da paixão dos produtores e apreciadores de lá pela bebida. A maneira artesanal e a relação respeitosa que eles têm com as uvas que cultivam tornaram seus vinhos premiados e bastante reconhecidos no mercado internacional. Hoje em dia, além da qualidade de seus terroirs com clima mediterrâneo e solo fértil, há uma gama de variedades plantadas que elevaram o padrão do vinho produzido no país. O pequeno território do Uruguai abriga vinhedos em toda a sua extensão – 16 dos 19 estados uruguaios possuem plantações de uvas viníferas, a maior parte de uvas tintas, que representam mais de 80% das castas cultivadas. A Tannat representa 44% das plantações no Uruguai, mas outras castas como a Cabernet Sauvignon, Pinot Noir e Sauvignon Blanc, entre outras, podem ser destacadas na produção do país. A região sul do país é a que mais concentra vinícolas. As regiões de Montevidéu e Canelones tem a maior parte da produção de vinhos do país, San José e Colônia del Sacramento são outros centros vinicultores importantes.

O Uruguai e suas regiões vinícolas

O Uruguai possui uma rota de vinho especial e aconchegante, coordenada pela Associação de Turismo Enológico do Uruguai, que reúne muitas bodegas familiares, com estrutura e história que fascinam seus visitantes. A rota, batizada de “Os caminhos do vinho” passa por regiões de Montevidéu, Canelones, Maldonado, Colônia e Rivera, cujas paisagens belas e exuberantes são atrativos que complementam sua ótima gastronomia e seus vinhos finos.

E agora finalmente o vinho!

Na taça traz um vermelho rubi intenso, brilhante e com reflexos violáceos, com abundantes lágrimas finas e consistentes que insistem em desenhar as bordas do copo.

No nariz entrega um bouquet de frutas vermelhas como groselha e morango e frutas negras como amora e ameixa, com notas amadeiradas e um toque agradável de baunilha, graças a passagem, de 10 a 12 meses, por barricas de carvalho.

Na boca é intenso, mas elegante, é estruturado, mas macio e aveludado. Um vinho harmonioso e equilibrado, com taninos gordos e presentes, com uma acidez correta, além das notas amadeiradas, com o toque de chocolate e de baunilha. Tem um final persistente e frutado.

Um vinho excepcional! A expressão máxima do terroir uruguaio com a sua casta vitrine, a Tannat, com a sua personalidade, estrutura e complexidade, aliada a maciez, o toque frutado da casta Merlot. Um casamento que, para muitos poderia parecer improvável ou para ser mais singelo, inusitado, trouxe toda a versatilidade de que o vinho merece ter para enamorar a todos os enófilos que gostam de vinhos frutados e básicos a vinhos mais estruturados e complexos. E eu tive o prazer de degustar o ápice desse vinho, com essa proposta. Eu acreditei tanto neste vinho que, mesmo que evoluindo na adega, eu decidi comprar outro vinho desse produtor, uma estréia também, um branco da icônica casta Chardonnay, que eu também não havia degustado, um Chardonnay uruguaio e também foi maravilhoso: o Traversa Chardonnay da safra 2018. O Traversa Tannat e Merlot 2016 Roble, como disse, é muito versátil e harmoniza com pratos mais simples até massas e carnes condimentadas, bem como queijos mais fortes, de aromas mais intensos. Teor alcoólico de 12,5%.

O Traversa Tannat-Merlot com queijo provolone

Sobre a Família Traversa:

Esta empresa com as suas vastas vinhas e fábricas de processamento de vinho, conta com a presença constante da Família Traversa. Sessenta anos de muito trabalho e três gerações que sustentam a qualidade dos seus vinhos. Cada novo plantio e manutenção, processamento, embalagem e distribuição de vinho, marketing e atendimento ao cliente são sempre supervisionados por um membro da família. Assim somos e ambicionamos qualidade, e este é o resultado do nosso trabalho. A história desta família é o legado de bondade e esperança que, como no nosso caso, estamos unidos nas vinhas e há três gerações.

Em 1904, Carlos Domingo Traversa veio para o Uruguai com seus pais. Filho de imigrantes italianos, foi em sua juventude peão rural em fazendas de vinhedos, e em 1937 com sua esposa, Maria Josefa Salort, conseguiu comprar 5 hectares de terras em Montevidéu. Suas primeiras plantações de uvas de morango e moscatel foram em pequena escala. Em 1956 fundou a adega com os seus filhos, Dante, Luis e Armando, que hoje com os seus netos têm muito orgulho de continuar o seu sonho.

A atitude constante de crescimento contínuo, com dedicação e desenvolvimento levou e ainda leva a vinícola a ser um exemplo em todo o Uruguai. Em mais de 240 hectares próprios, além de vinhedos de produtores cujas safras são controladas diretamente pela empresa, obtendo assim uma grande harmonia com os vinhos e as próprias uvas. As variedades plantadas são: Tannat, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay e Sauvignon Blanc. As uvas são processadas com maquinários e instalações da mais alta tecnologia. Inicia-se com um rígido controle de produção, colheita no momento ideal, plantio de leveduras selecionadas, controle de fermentação, aplicação a frio no processo de elaboração, clarificações e degustação dos vinhos para definir diferentes categorias de qualidade. Daí passa-se a armazenar em grandes recipientes de grande tecnologia, como inox, tanques térmicos, ou em barricas de carvalho americano e francês.

Mais informações acesse:

http://grupotraversa.com.uy/en/



Fontes para pesquisa: