São produzidos rosés e tintos, em sua maioria varietais,
desta cepa; os primeiros costumam ser muito aromáticos, remetendo geralmente a
frutas negras e muito frescos no paladar. Os tintos, por sua vez, geralmente
são muito bem estruturados e potentes, com aromas de frutas maduras,
especiarias e notas de couro.
Possuem bom potencial de envelhecimento. Uma curiosidade:
quando da expansão da filoxera pelo continente europeu, as vinhas de Bobal
demonstraram grande resistência à praga, ao contrário da maior parte do vinhedo
do continente, o que permitiu à região manter por algum tempo as plantações sem
a enxertia com a videira americana, e também propiciou um grande aumento das
vendas e exportações de seus vinhos, avidamente procurados por consumidores
“puristas”, em busca de vinhos oriundos de videiras sem a enxertia.
Também se faz presente a cepa Tempranillo, plantada em cerca
de 12% das vinhas da região. Outras cepas tintas permitidas pela legislação:
Garnacha (Grenache) Tinta, Garnacha Tintorera, Cabernet Sauvignon, Mertlot,
Syrah, Pinot Noir, Petit verdot e Cabernet Franc.
Diante da predominância tinta, naturalmente a participação
das vinhas brancas na composição da denominação é baixa: cerca de 6%. A cepa
mais cultivada é a também autóctone Tardana, de amadurecimento tardio. Produz
vinhos de cor amarela, pálidos com reflexos dourados. Os aromas geralmente
remetem a frutas como abacaxi e maçã. Frescos e equilibrados no paladar,
costumam ser bem estruturados e de boa persistência na boca. Outras variedades
brancas plantadas são: Macabeo, Merseguera, Chardonnay, Sauvignon Blanc,
Parellada, Verdejo e Moscatel de grano menudo.
Bobal
As primeiras notícias da Bobal datam do século XIV. Da costa
de Valência, esta uva estabeleceu-se com sucesso em outras regiões do interior
da Espanha. Lugares como Utiel-Requena, Ribera e Manchuela, todas Denominação
de Origem Controlada, tem a Bobal como uma das suas principais variedades,
chegando seu cultivo ser quase que majoritário.
A Bobal é pouco cultivada fora da Espanha, há plantações dela
nas regiões de Languedoc-Roussillon, no sul da França, e da Sardenha, na
Itália. Dentro dessas regiões é também conhecida por requena, espagnol,
benicarlo, provechón, valenciana, carignan d’espagne, balau, requenera,
requeno, valenciana tinta ou bobos. Seu nome é derivado da palavra latina Bovale, que significa touro, e refere-se
à semelhança que os seus cachos têm com a cabeça de um touro.
Bobal
É uma uva de porte médio para grande, com bagos redondos e
cheios de sumo; além disso, apresentam quantidade razoável de taninos e sabores
de chocolate e frutos secos. Seus cachos, por sua vez, são muito grandes, bem
compactados e pesados.
Dá-se muito bem com climas mediterrâneos. Elabora diferentes
tipos de vinhos, com especial destaque para os vinhos rosés, sempre jovens, com
muita cor e com boa acidez; a Bobal ainda é responsável pelos aromas frutados
destas bebidas. Os tintos desta uva são pouco alcoólicos, mas muito saborosos,
vinhos de coloração cereja escura profunda e boa estrutura de taninos.
Por sua versatilidade e acidez adequada, a Bobal pode ainda
ser ainda utilizada para produzir espumantes. As peles grossas de Bobal têm uma
elevada quantidade de uma substância que dá cor intensa aos vinhos, bem como
presenteia a bebida com uma presença importante de taninos finos, esse é um dos
motivos que tem dado a esta uva um destaque especial na produção espanhola,
principalmente na região de Manchuela, cujo status de Denominação de Origem deu
respaldo ao cultivo da Bobal e aos os vinhos elaborados com ela frente ao
mercado interno e externo.
E agora finalmente o vinho!
Na taça apresenta um rubi intenso, quase escuro, com halos
granada, talvez pelo tempo de garrafa, sete anos, ou pela passagem por barricas
de carvalho, com lágrimas finas, lentas e em profusão com alguma viscosidade.
No nariz é muito aromático e entrega aromas de frutas negras
e vermelhas maduras com destaque para cereja, framboesa, morango, bem
compotado, com notas amadeiradas evidentes, graças aos doze meses em barricas
de carvalho, mas muito bem integrado, com toques de coco queimado, baunilha,
chocolate e algo de herbáceo, de grama cortada.
Na boca é seco, mas saboroso, intenso, complexo, estruturado,
cheio, bom volume de boca, alcoólico, com as frutas maduras protagonizando,
como no aspecto olfativo, bem como as notas amadeiradas, em destaque, mas em
plena convergência com a fruta mostrando equilíbrio. Os taninos são presentes,
marcados, imponentes, mas domados, maduros, com acidez incrivelmente vívida,
salivantes o que surpreende no auge dos sete anos de garrafa. O chocolate,
tostado, a baunilha também aparecem, com um final de média persistência.
Definitivamente o nome do vinho expressa fielmente o que o
vinho entrega na taça: “Expresión”. A Murviedro foi muito feliz e tocada pela
inspiração ao conceder tal nome a este rótulo complexo, de um vinho de explosão
aromática, com as notas frutadas gritando, com notas amadeiradas bem integradas
ao vinho, com o paladar guloso, cheio, poderoso, cheio de personalidade, mas
elegante, austero e macio. A Bobal pode proporcionar versatilidade com notas
complexas e de personalidade, mas ser fácil de degustar, agradável. O céu é o
limite para a Bobal, para Utiel-Requena que, a cada experiência, se torna
agradável e especial. Tem 13,5% de teor alcoólico.
Sobre a Bodega Murviedro:
Bodegas Murviedro foi fundada em Valência em 1927, a
princípio como filial espanhola do Grupo Swiss Schenk, que cresceu e se tornou
uma das vinícolas mais importantes da região.
A Schenk España decide então, em 1931, concentrar as suas
atividades na adega de Valência, o que, localizado junto ao porto, significou o
início de um dos principais pilares da marca: a exportação.
Posteriormente, já em 2002, a empresa aproveita ao máximo as
comemorações do 75º aniversário ao mudar seu nome para ‘Bodegas Murviedro’ em
homenagem ao seu vinho Cavas Murviedro, uma das marcas de vinho mais
emblemáticas da Comunidade Valenciana, o que fez de Murviedro uma das vinícolas
mais renomadas.
A vinícola, desde que começou as suas atividade, sempre teve
acesso a uma ampla variedade de castas indígenas e internacionais e produzem um
amplo portfólio de estilos de vinho.
A filosofia da empresa baseia-se na combinação de modernas
técnicas de vinificação com uvas de vinhas tradicionais para atender aos mais
altos padrões internacionais de qualidade, mantendo seu caráter espanhol assim
como a originalidade.
Mais informações acesse:
https://murviedro.es/
Referências:
“Clube dos Vinhos”: https://www.clubedosvinhos.com.br/os-prazeres-da-uva-bobal/
Blog “O Mundo e o Vinho”: http://omundoeovinho.blogspot.com/2015/11/utiel-requena.html