Manduria é uma pequena comuna italiana, localizada na região
da Puglia, ao sul do país, também descrito constantemente como o “calcanhar da
bota” da Itália.
As belas praias de Puglia, fruto dos mares Jônico e
Adriático, atraem diversos turistas de todo o mundo. A grande produção de
vinhos e a alta qualidade das garrafas rendeu à Manduria o título de principal
região vinícola do sul do país, dentro do território considerado o berço dos
vinhos italianos.
Primitivo
A Primitivo é uma uva muito comum no sul da Itália, mais
precisamente na região de Puglia, também conhecida como o salto da bota. Ali,
principalmente no IGP de Salento, e especialidade das regiões de Manduria e
Gioia del Colle, ela passou de uma casta considerada secundária a uma das mais
importantes variedades da região, dando origem a vinhos perfumados e encorpados
que estão ganhando o mundo.
A vinícola Pugliese San Marzano foi uma das pioneiras no
renascimento da Primitivo, em grande parte devido ao vinho San Marzano
Sessant’Anni Primitivo di Manduria, que foi responsável por tornar a uva mais
famosa e conhecida.
Um dos motivos dessa revolução é que a uva é perfeita para quem
gosta de vinhos de estilo mais carnudo, concentrados e com bastante fruta, mas
com acidez mais baixa e taninos leves. Enquanto em climas mais quentes os
sabores predominantes são de frutas vermelhas, em regiões de climas mais frios
se sobrepõem as frutas pretas e uva passa. Em Manduria, onde os vinhos de
Primitivo são mais concentrados, também é comum encontrar a uva em corte com
outra cepa regional, a Negroamaro.
Seu nome é uma referência à sua época de colheita. A
Primitivo é uma uva precoce, o que significa que é a primeira casta tinta a ser
colhida, em meados de agosto, enquanto as outras são colhidas em outubro. E,
por isso, costumam ter bastante açúcar residual, o que significa um potencial
de produzir vinhos com alto teor alcoólico.
Embora tenham sido encontradas rastros da cepa na Itália pelo
menos desde o século XVIII, existem evidências que o vinho Primitivo tenha sido
comercializado em Veneza nos anos 1400. No entanto, um estudo genético mostrou
que suas raízes são, na verdade, croatas, onde ela é chamada de Tribidrag. E,
para a surpresa de muitos enólogos, ela é geneticamente idêntica à outra uva, a
Zinfandel, considerada por muito tempo como uma cepa originalmente
californiana.
A história que se tem notícia é, em meados do século XIX,
imigrantes europeus trouxeram mudas da uva para os Estados Unidos. E, chegando
na Califórnia, ela se desenvolveu surpreendentemente, mostrando uma incrível
adaptação natural ao terroir da região.
Quando os viticultores perceberam que mais ninguém no mundo
plantava essa variedade, pensou-se que a Zinfandel fosse uma uva tipicamente
indígena norte-americana. De fato, os vinhedos são os mais antigos do país,
principalmente na região de Lodi, alguns deles chegando a mais de 100 anos de
idade! Não à toa, seu cultivo rapidamente se espalhou por ter sido a primeira
casta replantada após a praga Filoxera chegar à Califórnia.
Até então, o vinho tradicional produzido a partir dela era um
rústico tinto seco de cor rubi intensa, com frutas marcantes, principalmente de
compota de amora, framboesa e ameixa.
Foi no ano de 1972, no entanto, que a uva foi utilizada pela
primeira vez para fazer um vinho rosé claro, resultado de um processo de
vinificação que removia as cascas das uvas antes que elas ficassem em contato
com o mosto. Este vinho, produzido até hoje com o nome de White Zinfandel é
mais leve e doce do que se espera da casta.
Hoje, ela é considerada uma uva extremamente versátil da
região americana, sendo utilizada para a produção de variedades muito
diferentes de vinhos, do branco ou rosé claro aos tintos no estilo do vinho do
Porto. Para se ter uma ideia, apenas 15% dos vinhos de Zinfandel californianos
são tintos. Suas principais regiões produtoras nos EUA são as montanhas de
Napa, Sonoma, Paso Robles e Sierra Foothills.
O vinho tinto da Primitivo é, geralmente, bem denso e
frutado. Os aromas que mais se acentuam nele são os de frutas vermelhas e
negras. Exemplares mais evoluídos já trazem algumas notas de especiarias doces.
Na boca, mostra-se fácil de beber, com essa pitadinha de açúcar bem fácil de
reconhecer e que também ajuda a "amaciar" o líquido.
E agora finalmente o vinho!
Na taça evidencia o vermelho rubi
intenso, escuro, porém com halos granada, um tanto quanto atijolado, talvez
pelo tempo de garrafa ou pela passagem por madeira, com lágrimas grossas, em
profusão, que lentamente desenham as bordas do copo.
No nariz traz aromas intensos de frutas vermelhas bem
maduras, quase em geleia, com destaque para framboesa, cereja e amora, talvez
mirtilos, com notas discretas amadeiradas, graças aos 12 meses de passagem em
barricas de carvalho, que entregam baunilha, tabaco, couro, um agradável
mentolado e especiarias doces, sobressaindo um herbáceo.
Na boca revela bom corpo, estrutura média, persistente,
cheio, volumoso, com muita complexidade, como no aspecto olfativo, trazendo a
fruta vermelha madura, as notas amadeiradas mais evidentes, mas bem integrado
ao conjunto do vinho, com toques de chocolate e um residual de açúcar bem
agradável, um dulçor que não incomoda, logo alcoólico, com taninos presentes, marcados, mas
domados, com acidez vivaz, mas equilibrada. Final longo de retrogosto frutado.
Símbolo, tradição, reverência e tudo começa com incertezas,
com questionamentos e a abnegação de seus produtores, de seu povo, fez e ainda
faz da Primitivo uma casta de suma importância para a região de Puglia e
Manduria. Vários nomes, nomenclaturas, mas uma só realidade: qualidade e
tradição. Nero Reale Primitivo entregou plenamente as características, a
essência de Puglia, de Manduria, a essência daquela palavra que se tornou
sinônimo de vinho: terroir! Tem 14,5% de teor alcoólico.
Sobre a Vinícola Rocca:
A família Rocca trabalha no ramo de vinhos desde 1880, quando
Francesco, o ancestral fundou a “Vinícola Rocca”, iniciando seus negócios
históricos com vinho a granel. Em 1936, seu filho Ângelo aprimorou a produção
de vinho e construiu uma adega em Nardò, Apúlia.
Na década de 1960, Ernesto Rocca, filho de Ângelo, comprou a
primeira linha de engarrafamento e iniciou a distribuição de produtos sob a
marca Rocca. Em 2009, a Rocca Family se torna o principal acionista da vinícola
histórica Dezzani, no Piemonte, realizando novas sinergias comerciais e
produtivas.
Em 1999, apaixonado por Apúlia, ele comprou uma fazenda em
Leverano, no coração de Salento. A tradição, a paixão por vinhos merecedores,
juntamente com a dedicação à viticultura e à produção de vinho, foi fortemente
afirmada pela Família durante essas cinco gerações.
A Companhia cresceu ao longo do tempo e desenvolveu uma
abordagem internacional, prestando muita atenção às necessidades do mercado,
mas sempre cuidando e respeitando o terroir e a tipicidade dos produtos.
Rocca é uma realidade dinâmica e flexível, ao mesmo tempo,
extremamente ligada às suas raízes e hoje inclui uma fazenda de prestígio na
Apúlia, uma vinícola moderna em Agrate Brianza, perto de Milão, e tem o
controle da vinícola histórica Dezzani no Piemonte. Os vinhos Rocca são
apreciados nos mercados mais exigentes em mais de 40 países do mundo.
Mais informações acesse:
https://roccavini.com/en/
Referências:
“Vinhos e Castelos”: https://vinhosecastelos.com/vinhos-de-puglia-italia/
“Brasil na Puglia”: https://www.brasilnapuglia.com/os-vinhos-da-puglia/
“Enologuia”: https://enologuia.com.br/regioes/277-puglia-terra-de-muitos-vinhos
“Blog Grand
Cru”: https://blog.grandcru.com.br/conheca-a-primitivo-a-uva-que-e-considerada-a-ponte-entre-o-novo-e-o-velho-mundo-do-vinho/
“Blog Vinho Site”: http://blog.vinhosite.com.br/uva-primitivo/