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quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Cinco Tierras Sorbus Malbec 2019

 

Mais um Malbec da série: “Vinhos que descobri em eventos de degustação”. E mais um Malbec que desmistifica o conceito de que essa casta, para ser excelente, tem de ser amadeirado, passar por longos meses em barricas. Sim, já me antecipei e, desde já, reverencio esse belo rótulo da emblemática Mendoza onde repousa os grandes Malbecs em todas as suas propostas.

Mas o faço, pois o conheço, ou melhor, conheci há pouco mais de um ano atrás quando estive em um evento de degustação bem longe de minha casa, na Barra da Tijuca. Pois é, precisei ir longe para descobrir esse vinho que logo apresentarei.

O evento acontecia e já estava finalizando para mim, olhei, meio sem direção definida, e vi alguns vinhos argentinos e uma pequena aglomeração quando avistei um uns vinhos dos Hermanos com um rótulo muito simples, mas elegante e delicado. Havia cerca, pelo que eu me lembre, de dois rótulos desse produtor: Um era um Malbec e o outro um Torrontés.

Claro comecei pelo Malbec e me surpreendi pela  tipicidade aliada a personalidade: como ele expressava o caráter do Malbec, todas as características estavam ali, desfilando, para meu deleite, em meus sentidos. Então decidi degustar o Torrontés, o Cinco Tierras “Sorbus” Torrontés da safra 2016. O evento acontecera em 2020 e o rótulo, com seus 4 anos de safra, para um branco, poderia não entregar as características marcantes da Torrontés, tais como o frescor, a acidez etc. Mas ainda assim decidi degustar e...Que vinho! Ainda fresco, pleno.

Mas olhando um pouco melhor o rótulo li que o vinho fora produzido em uma região chamada Salta, em Cafayate. Até então não conhecia essa região na Argentina, a não ser Mendoza, Patagônia etc. Então, por conta disso, decidi levar esse Torrontés. Mas o Malbec merecia ser levado, pensei que não fosse mais encontra-lo.

Quando um supermercado foi inaugurado aqui em minha cidade, Niterói, um ano depois desse evento de degustação na Barra da Tijuca, decidi conhece-lo e ver se eles possuíam uma adega legal. E qual vinho achei? Sim, o vinho que degustei e gostei em 2020, o Cinco Tierras “Sorbus” Malbec, da safra 2019 da região de Mendoza. Me animei e não foi só em encontrar o vinho, mas pelo preço incrivelmente baixo: R$ 26,90! Não hesitei muito e comprei, mas com a intenção de degusta-lo logo e não me arrependi em nenhum momento.

Mas antes de falar do vinho, cabe falar um pouco de como os rótulos do casal Rubén Banfi e Marie Geneviéve chegaram ao Brasil. Em 2009 Marcos Simonsen criou a importadora MS Import, com a seguinte missão: trazer vinhos mais prontos e de bom apelo comercial, ou seja, vinhos de preços acessíveis, para serem degustados no dia a dia de países como Portugal, Argentina e Portugal, por exemplo.

A Bodega Cinco Tierras foi uma das primeiras a serem trazidas por Simonsen, juntamente com a Sur de Los Andes, do economista Guillermo Banfi, filho de Rubem. Pois é filho de peixe...

Mas por conta dessa proposta de vinhos mais básicos, de valores acessíveis, acabou ganhando outros lugares para serem vendidos, como nesse mercado que eu tive o prazer de encontrar o Malbec. A prova de que podemos degustar bons vinhos argentinos da casta Malbec a preços acessíveis, baixos e qualidade superior, alta.

Outro detalhe que me chamou a atenção foi a seguinte informação: “IP Mendoza”. Eu nunca tive visto, até então, a Indicação de Procedência antes do Mendoza. Então falemos um pouco sobre a história da IP na Argentina.

Se em diversos países da Europa, como França, Itália, Alemanha e Espanha, o conceito de indicações geográficas ou denominações de origem para regiões produtoras de vinhos é antigo, na Argentina este é um conceito relativamente novo. Apesar de alguns esforços regionais anteriores, foi somente a partir de 1999 que os primeiros passos para a adoção de sistema nacional de classificação foram trilhados.

Mas como funciona este sistema? Qual é o órgão responsável pela sua regulamentação? Como são definidas as denominações de origens ou indicações geográficas atuais na Argentina? Para responder estas e outras questões vale a pena entender um pouco mais sobre estes conceitos e como foram introduzidos na Argentina.

Do ponto de vista internacional, três marcos foram importantes para a aceitação e regulamentação destes conceitos. Os dois primeiros são mais que centenários, a Convenção de Paris de 1883 e sua revisão em 1911, em Washington. Foi a partir destes acordos que se estabeleceu a proteção da propriedade industrial e a aceitação dos conceitos de Indicação de procedência (IP) ou Denominação de origem (DO). Já o conceito de Indicação geográfica (IG) é mais recente, dentro dos Direitos de Propriedade Intelectual relacionados ao Comércio (ADPIC), subscrito em Marrakesh, em 1994.

No caso da Argentina, porém, o conceito é mais recente. Um marco fundamental foi a Lei nº 25.163, de 1999, que instituiu o regime de indicações de origem geográfica para vinhos e outras bebidas alcóolicas elaboradas com uvas, como uma categoria sui generis. Foi inspirado no modelo europeu, mas com notas peculiares e algumas omissões em seu regulamento. Sua regulamentação, porém, só ocorreu em 2004, com o Decreto nº 57/2004.

Antes disso, existiram algumas iniciativas para regulamentar estas categorias, boa parte delas sob o aspecto regional. As primeiras Denominações de Origem Controladas (DOCs) na Argentina foram aprovadas a nível provincial.  A DOC Luján de Cuyo foi reconhecida em 1990 e DOC San Rafael em 1993, quando ainda não existia um marco jurídico nacional.

O funcionamento no sistema argentino, dentro do quadro legal atual, os vinhos podem ter ou não uma indicação de origem geográfica. Para aqueles que optarem por ter uma indicação de origem geográfica, existe três níveis distintos: Indicação de procedência (IP), Indicação geográfica (IG) ou Denominação de origem (DO).

A IP é o mais genérico deles, que identifica a origem geográfica, e podem coincidir as fronteiras políticas das províncias e municípios. Assim que o marco legal foi regulamentado, o Instituto Nacional de Vitivinicultura (INV – órgão que controla e aprova este processo) reconheceu como IP o nome geográfico de todas as províncias vinícolas do país na época: Mendoza, San Juan, La Rioja, Catamarca, Salta, Jujuy, Tucumán, Córdoba e Neuquén. Os produtores de cada região podem usar sua IP correspondente sem necessidade de solicitar autorização administrativa.

Assim, um produtor baseado na província de Mendoza (que concentra cerca de 75% da área de vinhedos da Argentina), pode incluir em seu rótulo, se quiser, a expressão IP Mendoza. Deste modo, esta indicação é a menos específica entre elas. Ela serve exclusivamente para indicar que o vinho foi elaborado com uvas plantadas em uma unidade administrativa (no caso província) específica. Leia mais em: Vinhos na Argentina: com funcionam as denominações de origem e as indicações geográficas.

E agora finalmente o vinho!

Na taça entrega um intenso vermelho, quase escuro, com discretos, mas bonitos reflexos violáceos, com lágrimas finas e em média intensidade, um pouco viscosas.

No nariz uma exuberância de frutas vermelhas maduras, frutas pretas também, uma compota de frutas, com o destaque para ameixa, cereja, framboesa e groselha. Notas terrosas, de especiarias e de flores, flores vermelhas.

Na boca é suculento, marcante, saboroso, no início o álcool sobressaiu, mas com algum tempo respirando logo se mostrou equilibrado, mas ainda bem alcoólico, as frutas, como no aspecto olfativo, em destaque, com taninos marcantes e gulosos, com uma incrível acidez, revelando um vinho extremamente gastronômico. Tem um final médio, com um discreto tostado. Segundo referências na internet o mesmo passou por 6 meses em barricas de carvalho e no contra rótulo do vinho há um sutil passagem.

Um Malbecão no conceito mais genuíno da casta, de tipicidade, de caráter, um vinho básico da família Banfi, sim, mas que entrega tanto de Mendoza, de seu terroir e que comprova a frase do grande Didu Russo, especialista de vinhos brasileiro que diz: “Que a melhor maneira de mensurar a qualidade, a idoneidade de um produtor, é pelos seus vinhos de entrada”. São aqueles sem o mínimo de intervenção humana. Frutado, floral, fácil de degustar, mas com alguma estrutura, intensidade e personalidade. Um vinho especial que reencontrei e degustei e gostei. Tem 13,5% de teor alcoólico.

Ah e para curiosidade o nome da vinícola “Cinco Tierras” faz menção as cinco principais regiões, as cinco melhores regiões vitivinícolas da Argentina em que a Bodega produz seus vinhos e que passa por toda a Cordilheira dos Andes.

Sobre a Bodega e Viñedos Cinco Tierras:

A Bodega Cinco Tierras nasceu como um projeto pessoal de Rúben Banfi, sua esposa e seus filhos Marie Geneviève, Carlos, Guillermo e Diego, em Vistalba, na província de Luján de Cuyo.

Integrante da família Banfi, proprietária do Castello Banfi, na Toscana, famosa e respeitada pela elaboração de vinhos de excepcional qualidade e que teve um papel fundamental na projeção internacional do Brunello di Montalcino. Por coincidir com Banfi Vintners, Rúben não pode utilizar seu nome no mercado norte-americano, justificando a escolha por outro nome para sua vinícola em terras mendocinas.

Em 2000, Cinco Tierras elaborou os primeiros Reserva Malbec, Cabernet, Reserva Familia e Malbec Cinco Tierras. Cinco anos depois, concretizou a compra de 25 hectares de vinhedos em Agrelo. No mesmo ano, os rótulos Cinco Tierras e Sorbus são selecionados em um concurso para a carta de vinhos das Aerolíneas Argentinas.

Durante essa etapa contou com a consultoria técnica do prestigiado enólogo Héctor Durigutti, que também auxilia a prestigiada vinícola Altos Las Hormigas. Sinônimo de tradição elabora artesanalmente vinhos orgânicos, com colheita manual e sem nenhum tipo de agrotóxico ou agente químico.

A vinícola conta com os últimos avanços tecnológicos e uma capacidade de produção de 250.000 litros divididos em piscinas de cimento revestidas com epóxi (7.000 a 25.000 litros) e tanques de aço inoxidável (5.000, 7.500, 15.000 e 25.000 litros). Ele também tem 300 barris de carvalho francês no subsolo. Possui 3 linhas de vinhos: Cinco Tierras Reserva; Cinco Terras Clássicas e Sorbus. Em todos eles destacam-se a fruta e o equilíbrio, bem como uma excelente expressão varietal com um toque de carvalho.

Os itens são limitados, a Reserva varia entre 4.000 e 10.000 garrafas e a linha Classic cerca de 40.000. A produção anual é de 160.000 garrafas. Desde a primeira vindima, os vinhos Cinco Tierras tiveram uma aceitação muito boa tanto local como internacionalmente e foram premiados em importantes concursos. Atualmente exportam 70% da produção para França, Brasil, EUA e China.

Mais informações acesse:

www.bodegacincotierras.com.ar

Referências:

“Wine Fun”: https://winefun.com.br/vinhos-na-argentina-com-funcionam-as-denominacoes-de-origem-e-as-indicacoes-geograficas/

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=AR

“Blog do Jeriel”: https://blogdojeriel.com.br/2011/07/06/cinco-tierras-na-figueira-rubayat/

 

 

 

 




segunda-feira, 12 de abril de 2021

Cinco Tierras Sorbus Torrontés 2016

 

Quando falamos na Argentina, além do futebol, é claro, e da secular rivalidade nesse esporte com o Brasil, há também outra “marca” que eleva o nome do país a condições globais e que foi o pilar da economia dos nossos hermanos: a casta Malbec. Não há como dissociar, quando falamos da Argentina produtora de vinhos, da velha Malbec. Apesar de ser oriunda da região francesa de Cahors foi na Argentina, mais precisamente na região emblemática de Mendoza, que a Malbec encontrou seu lar e lá construiu seu nome, com rótulos proeminentes e valorosos nas suas mais diversas propostas e terroirs.

Mas quando falamos de castas brancas não podemos negligenciar a importância da Torrontés. Temos a Chardonnay, a Pinot Gris (Pinot Grigio), Chenin Blanc que também é prolífica em terras argentinas, mas a Torrontés ganhou destaque e hoje é umas das castas brancas mais importantes produzidas naquele país, arrisco dizer que a mais importante, sem sombra de dúvida. Não me lembro como se deu o primeiro contato com a Torrontés. Acredito que tenha sido lendo, as minhas buscas intensas pela informação, a construção do conhecimento do universo do vinho abriu muitas janelas, me proporcionou muitos rótulos especiais, muitas experiências sensoriais.

Mas lembro-me, com nitidez, quando degustei o meu primeiro rótulo argentino da casta Torrontés. Eu adorava Chardonnay, foi a primeira casta branca que degustei e ela me entregou muita expressividade, personalidade marcante, mesclado ao frescor e jovialidade e isso me agradava muito. E foi essa a percepção que tive quando degustei a Torrontés: Uma casta com personalidade marcante, explosão aromática, com destaque para as frutas brancas e cítricas, toques florais e o frescor e a jovialidade. Foi amor à primeira vista, ou melhor, a primeira degustação. E desde então não deixo de tê-la figurando a minha adega. 

E hoje, para variar, já que estou falando da Torrontés, mais um capítulo da minha história com essa especial cepa se constrói e, com gratas novidades, porque vem com aquela famosa já mencionada construção do conhecimento atrelado às minhas degustações e relação com o universo do vinho. O rótulo de hoje vem de uma região argentina que eu não conhecia e que, após, pesquisas e leituras e tida como uma localidade que é referência na produção da Torrontés! E não se enganem, não é Mendoza! Falo do Valle de Cafayate, na região de Salta. Conhece? Pois é, eu não conhecia.

Porém antes apresentemos o vinho que degustei e gostei que veio do Valle de Cafayate, na Argentina, e se chama Cinco Tierras Sorbus da casta, claro, Torrontés, da safra 2016. E, antes de falar do vinho, narremos a história de Valle de Cafayate e também da especial Torrontés.

Torrontés: a casta emblemática da Argentina

A uva branca Torrontés tornou-se ícone na Argentina, dando origem a vinhos brancos extremamente potentes e capazes de surpreender inúmeros paladares. A produção de vinhos a partir da uva Torrontés ocorre, em especial, na Argentina e, eventualmente, é possível encontrar alguns notáveis exemplares em regiões da Nova Zelândia e do Chile. Na Argentina, a uva Torrontés é encontrada em diversas áreas vinícolas, com destaque para o Vale de Cafayate, situado ao norte do país, e Salta. Com vinhedos cultivados em altitudes altíssimas, o vinho Torrontés de Cafayete é extremamente frutado e saboroso, bem como complexo e delicado, com corpo leve, tonalidade amarelo claro com reflexos verdes e raramente passa por barris de carvalho durante sua vinificação.

A casta Torrontés possui ainda três variantes – Mendocina, Sanjuanina e Riojana –, onde a mais importante é a variedade Torrontés Riojana por se tratar da única uva criolla originada na América, que possui um alto valor enológico e importante relevância comercial na produção de alguns dos melhores vinhos brancos argentinos. Os vinhos produzidos a partir da uva Torrontés são alguns dos vinhos brancos mais aromáticos da Argentina, onde é possível encontrar notas de ervas e especiarias. Na boca, os exemplares são intensos, com refrescante acidez e devem ser consumidos ainda jovens.

A maior parte dos vinhos Torrontés não passa por barris de madeira, proporcionando maior frescor aos exemplares. Além disso, devido a não utilização de madeira, os vinhos passam a apresentar uma coloração mais clara que os demais exemplares. Trata-se de uma variedade com bagos grandes, peles grossas e amadurecimento precoce. O clima mais frio é ideal para a uva Torrontés, ajudando a reter seus níveis de acidez natural. Essa casta cresceu rapidamente para se tornar um ícone dos vinhos brancos argentinos, além de tornar-se uma das variedades mais cultivadas do país. A partir de 2012, a Torrontés tornou-se a segunda uva branca mais cultivada da Argentina, atrás apenas da nativa Pedro Ximenez utilizada na elaboração de vinhos de mesa simples, destinados ao consumo do mercado local.

Valle de Cafayate, Salta

Cafayate é uma região produtora de vinho no noroeste da Argentina, localizada no amplo Vale do Calchaqui - um dos lugares mais altos do mundo adequado para a viticultura. A cidade de Cafayate fica perto da fronteira sul da região vinícola mais ao norte da Argentina, Salta, embora administrativamente seja uma parte da Província de Salta.

Salta e o Valle de Cafayate

Razoavelmente conhecido por seus Torrontes e Malbec, o Vale Calchaqui (um nome genérico para uma série de vales na borda da Cordilheira dos Andes) circunda Cafayate e tem algumas das paisagens mais espetaculares da Argentina, mudando rápida e dramaticamente do deserto às montanhas à floresta subtropical. Cafayate fica a 1700 m (5600 pés) acima do nível do mar, a uma latitude de 26 ° S (que compartilha com o deserto do Kalahari na África). Esta altitude é o que define o terroir da região, tornando-o adequado para a viticultura, apesar de sua proximidade com o Equador e o Trópico de Capricórnio. A altitude faz com que a luz solar que Cafayate receba é mais intensa do que nas regiões mais baixas, fazendo com que as uvas desenvolvam cascas mais espessas como proteção contra a radiação solar. Altitude também significa noites frias, alimentadas pelos ventos noturnos do oeste dos Andes cobertos de neve. As temperaturas podem ser cerca de 60F / 15C mais frias do que durante o dia, e é esta variação diurna da temperatura que prolonga a estação de crescimento e conduz ao equilíbrio nos vinhos acabados.

Os tipos de solo em Cafayate são variados, consistindo principalmente de argila arenosa de drenagem livre, com alguns bolsões de mais seixos. Estes solos secos causam stress nas vinhas, levando-as a produzir menos vegetação e menos uvas, reduzindo o rendimento global e contribuindo para os elevados níveis de concentração nos vinhos daí resultantes. Cafayate tem um clima desértico com baixa pluviosidade e umidade. As videiras são auxiliadas pela irrigação dos rios de degelo da região para mantê-las hidratadas durante o verão.

O terroir de Cafayate é particularmente adequado para a variedade Torrontes Riojana, que produz vinhos brancos florais e crocantes com uma profundidade de sabor surpreendente. Vinhos encorpados e ricamente estruturados feitos de Malbec e Cabernet Sauvignon também são produzidos em Cafayate.

E agora o vinho!

Na taça apresenta um amarelo palha brilhante e com reflexos esverdeados, com uma formação, de média intensidade, de lágrimas finas, que logo se dissipam.

No nariz o destaque fica para as notas florais, flores brancas, com, logo em seguida, as frutas aparecerem, frutas brancas, como melão, pera, maçã e um fundo cítrico, lembrando laranja e diria limão.

Na boca vem algumas peculiaridades, a começar pelo baixo amargor, aquele seco intenso no paladar, típico da cepa, não se percebe, bem como a baixa acidez, tornando o vinho delicado. As notas frutadas são evidentes também, como no aspecto olfativo. Um vinho fresco e direto, bem descompromissado, com um final curto.

Novas percepções, novas experiências, novas facetas, novas histórias sendo escritas de uma velha conhecida, de uma casta que acompanha a minha estrada enófila desde algum tempo, a boa e necessária Torrontés. O Cinco Tierras Sorbus me revelou que a grandeza da Torrontés nos torna pequenos, mas especiais, por ter a oportunidade de degustar essa cepa que, tão versátil, te entrega personalidade, complexidade e a simplicidade do seu frescor, da sua vivaz acidez. Terroir, tipicidade, palavras que, embora sejam tão próximas ao nosso vocabulário enófilo e tão complexas, pode permitir que façamos, graças aos rótulos que degustamos, viagens, nos tornar tão familiarizados com as terras de onde foram concebidos, a perfeita logística que nos conduz até as regiões, tendo a taça cheia como o veículo, a ponte. O Cinco Tierras Sorbus, com a sua jovialidade e frescor, apesar dos incríveis 6 anos de safra, de vida, mostrou vivacidade e marcante expressividade personificando as mais fiéis características da Torrontés. Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Bodega e Viñedos Cinco Tierras:

Cinco Tierras é uma vinícola familiar que nasceu em 2000 por Rubén Banfi e sua esposa, Marie Geneviève, para produzir vinhos de alto padrão com uvas das melhores terras do país. Em 2002 lançaram os primeiros vinhos elaborados com uvas adquiridas a produtores independentes e os resultados foram tão favoráveis ​​que continuaram a desenvolver um crescimento sustentado. Em 2005, adquiriram uma fazenda de 25 hectares em Agrelo, Luján de Cuyo, estabelecida com antigos vinhedos Malbec, Merlot, Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc, e começaram a fazer um Torrontés com uvas do Vale do Cafayate em Salta.

A vinícola está localizada em Vistalba, Luján de Cuyo, e conta com os últimos avanços tecnológicos e uma capacidade de produção de 250.000 litros divididos em piscinas de cimento revestidas com epóxi (7.000 a 25.000 litros) e tanques de aço inoxidável (5.000, 7.500, 15.000 e 25.000 litros). Ele também tem 300 barris de carvalho francês no subsolo. Possui 3 linhas de vinhos: Cinco Tierras Reserva; Cinco Terras Clássicas e Sorbus. Em todos eles destacam-se a fruta e o equilíbrio, bem como uma excelente expressão varietal com um toque de carvalho.

Os itens são limitados, a Reserva varia entre 4.000 e 10.000 garrafas e a linha Classic cerca de 40.000. A produção anual é de 160.000 garrafas. Desde a primeira vindima, os vinhos Cinco Tierras tiveram uma aceitação muito boa tanto local como internacionalmente e foram premiados em importantes concursos. Atualmente exportam 70% da produção para França, Brasil, EUA e China.

Mais informações acesse:

www.bodegacincotierras.com.ar

Referências:

“Vinci”: https://www.vinci.com.br/c/tipo-de-uva/torrontes

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/torrontes

“Wine Searcher”: https://www.wine-searcher.com/regions-cafayate+-+calchaqui+valley