Casta:
Tempranillo (80%) e Cabernet Sauvignon (20%)
Safra:
2013
Região:
La Mancha, Castilla La Mancha
País:
Espanha
Produtor:
Bodegas Lozano
Teor
Alcoólico: 13%
Adquirido:
Wine
Valor:
R$ 74,90
Estágio:
24 meses em barricas de carvalho, 80% americano e 20% francês.
Análise:
Visual:
revela um vermelho intenso, porém com certa translucidez, com discretos halos
granada, entregando pouca evolução, com lágrimas finas, lentas e em profusão.
Nariz:
aromas complexos com notas evidentes de um herbáceo, algo como pimenta, que
entrega um picante interessante. Notas de frutas vermelhas maduras, frutas
secas também se apresentam, o indefectível defumado, tabaco, couro,
charcutaria, baunilha e madeira.
Boca:
não se apresentou tão intenso, encorpado, mas entrega personalidade e
complexidade e uma incrível convergência entre fruta e madeira, com toques de
terra molhada, além de taninos ainda vivos, diria acentuados, mas amáveis e
maduros, além de uma acidez ainda em sua plenitude, mostrando vivacidade. Tem
um final longo, persistente, com retrogosto herbal.
Casta:
Aragonez, Cabernet Sauvignon, Merlot, Touriga Nacional e Cabernet Franc.
Safra:
2013
Região:
Serra do Sudeste
País:
Brasil
Produtor:
Vinícola Hermann
Teor
Alcoólico: 13%
Adquirido:
Niterói Vinhos
Valor:
R$ 56,90
Estágio:
15 meses em barricas de carvalho.
Análise:
Visual:
revela um rubi intenso, com o atijolado, o granada em evidência, com uma boa
profusão de lágrimas, finas e lentas.
Nariz:
traz aromas expressivos e complexos de frutas vermelhas e negras maduras,
sentindo ainda as evidentes, mas integradas notas amadeiradas, graças aos
longos quinze meses em barricas de carvalho, com toques de baunilha, caramelo,
couro, tabaco, defumado e um latente defumado extremamente agradável.
Boca:
é elegante, redondo e macio, afinal o tempo lhe permitiu essa condição, mas que
goza de boa complexidade. Replicam-se as notas frutadas, como no aspecto
olfativo, bem como protagoniza o amadeirado, mas muito bem integrado ao
conjunto do vinho, conferindo-lhe a tal complexidade, bem como a tosta, o café
torrado e a terra molhada. Os taninos, devido ao tempo, estão com uma textura
sedosa, com baixa acidez e um final longo e persistente.
Visual:
apresenta um vermelho rubi intenso, mas com reflexos violáceos bem brilhantes,
o que surpreende em se tratar de um vinho de 10 anos de garrafa, ou seja, sem
nenhum traço de evolução.
Nariz:
traz um incrível e agradável frescor capitaneado pelas notas frutadas, de
frutas vermelhas e pretas maduras, com destaque para framboesas, amoras,
cerejas com a presença do carvalho, em uma bela sinergia, muito bem integrado
ao vinho, além de toques herbáceos, de especiarias, como pimenta preta e
pimentão, típico da casta, couro e algo de mineral e floral.
Boca:
é saboroso, envolvente, com boa presença e volume, bem untuoso, algo bem
convidativo e instigante, diria, mas macio, elegante, conquistados por uma
década de garrafa. Essa complexidade e personalidade marcante são garantidas
também pela madeira, que, de forma discreta, se revela, com arrojados toques de
baunilha e leve toque de torrefação e tosta. Tem taninos redondos, amáveis, com
excelente acidez com final frutado.
Estágio:
24 meses em barricas de carvalho francês e americano e mais 24 meses em garrafa
Análise:
Visual:
rubi intenso, mas transparece, em virtude do tempo de garrafa, as nuances bem
definidas de granada, com lágrimas finas, lentas e abundantes.
Nariz:
traz aromas opulentos de fruta madura, em compota, com notas evidentes de
carvalho, mas bem integrados, com notas de coco queimado, defumado, baunilha,
balas toffee.
Boca:
traz intensas notas de frutas maduras, média estrutura, algo de chocolate meio
amargo, torrefação e madeira. Tem taninos marcados, mas dóceis, com acidez
ainda vibrante, com final alongado, persistente e um retrogosto frutado.
Reza a máxima de que quando gostamos de algo, desejamos
sempre repetir e não se enganem, no universo dos vinhos não é diferente! Sempre
temos aqueles rótulos que nos permitiu uma grande experiência sensorial que
queremos repetir, degustando safra por safra etc.
E o rótulo de hoje é especial cujo produtor eu não conhecia e
descobri em um evento realizado por uma loja de vinhos da minha cidade,
Niterói. Na realidade eu não conhecia o produtor, mas conheço o enólogo que
participou do projeto de concepção dos rótulos: Anselmo Mendes, português
conhecido como “O Rei do Alvarinho”.
Tendo essa alcunha já tem dimensão da importância desse
projeto que envolve a Vinícola Hermann que vem explorando uma região emergente
no Rio Grande do Sul chamada Serra do Sudeste.
Uma soma de fatores mais do que interessante e atraente que,
além do vinho propriamente dito, foram preponderantes para uma nova aquisição
deste vinho que já degustei e gostei. Falo do Matiz Plural com um inusitado
blend de Aragonez, Cabernet Sauvignon, Merlot, Touriga Nacional e Cabernet
Franc da safra 2013.
Como disse eu já degustei o mesmo vinho, da mesma safra, há
cerca de um ano atrás, cuja resenha pode ser lida aqui e estava maravilhoso,
com nove anos de vida, mas pleno, vivo e que certamente poderia descansar por
mais alguns anos em garrafa na escuridão da adega.
E a intenção, após a compra desta segunda garrafa, era
guarda-lo por mais alguns anos, talvez cinco anos, mas simplesmente a ansiedade
falou, praticamente gritou mais alto e o abri com uma década de garrafa, o que
também está interessante.
O vinho se mostra também vivo e intenso no nariz e no
paladar. Mas não falarei, pelo menos por enquanto, do vinho, mas sim da região
da Serra do Sudeste que definitivamente vem ganhando credibilidade entre os
especialistas do vinho e enófilos espalhados pelo Brasil.
Serra do Sudeste
Nossa mais famosa região vinícola é, sem dúvida alguma, a
Serra Gaúcha, da qual faz parte a primeira área de Indicação de Procedência
brasileira, o Vale dos Vinhedos. De dentro para fora, sabemos que o Vale está
chegando ao seu limite de plantio.
Como área de procedência certificada, as regras que controlam
sua existência são rígidas e hoje sobram poucas terras de qualidade às
vinícolas para que plantem suas uvas. Ele não deixa de ser, no entanto, o polo
para onde convergem as atrações turísticas e as grandes instalações produtoras
das vinícolas, incluindo suas adegas.
Os outros municípios que compõem a região da Serra Gaúcha vêm
se desenvolvendo com constância como Garibaldi, Flores da Cunha e Farroupilha.
Mas algumas novidades interessantes estão aparecendo em cidades a noroeste de
Bento Gonçalves, como Guaporé, na linha Pinheiro Machado e Casca, na direção de
Passo Fundo.
Mas tem uma região que, apesar de ter sido descoberta na
década de 1970, pode-se considerar que se trata de uma região nova, pois
somente a partir dos anos 2000, com investimentos feitos pelas vinícolas da
Serra Gaúcha, que o potencial dela foi, de fato, explorado. Essa região é a
Serra do Sudeste.
Ela forma uma espécie de ferradura virada para o mar, ligando
os municípios de Encruzilhada do Sul e Pinheiro Machado, separados ao meio pelo
rio Camaquã, que deságua na Lagoa dos Patos.
Essa região faz divisa com outra importante área vinícola
brasileira, a Campanha Gaúcha, dividida entre Campanha Meridional (que começa
na cidade de Candiota) e Campanha Oriental, que segue a linha da fronteira com
o Uruguai.
Serra do Sudeste
A Serra do Sudeste tem colinas suaves, que facilitam o
plantio e a mecanização, tornando-a um terroir mais simples de trabalhar.
Aliadas a isso, estão as condições climáticas, mais favoráveis do que no Vale
dos Vinhedos.
Essa região tem o menor índice de chuvas do Estado do Rio
Grande do Sul, além de noites frias mesmo no verão, justamente a época da
maturação das uvas. Essas condições naturais, além de um solo mais pobre e de
origem granítica, ajudam a ter maior concentração de cor, estrutura e potencial
de envelhecimento dos vinhos.
O Instituto de Pesquisa Agrícola do Rio Grande do Sul mapeou
pela primeira vez esta área nos anos 1970, mas é no começo da década de 2000
que as primeiras vinícolas de certa importância começam a plantar vinhedos por
aqui, entre os municípios de Encruzilhada do Sul, o principal, Pinheiro Machado
e Candiota (mesmo próxima de Bagé Candiota é considerada pelo IBGE como
pertencente à Serra do Sudeste e não à Campanha, embora haja controvérsias).
Em grande parte, se trata de uma região vitícola, geralmente
as uvas aqui colhidas são conduzidas nas instalações das vinícolas na Serra
Gaúcha e lá transformadas em vinho, esta região ainda não possui, e nem
pleiteia em curto prazo, o reconhecimento a Denominação de Origem Controlada,
quando, e se, isso ocorrer o vinho deverá ser produzido por aqui, já que este é
um fator crucial na lei das denominações de origem.
As castas internacionais dominam a viticultura na Serra do
Sudeste, tintas e brancas que na Serra Gaúcha podem representar um desafio pelo
clima úmido, aqui prosperam com mais facilidade, o índice pluviométrico é
alinhado com o estado do Rio Grande do Sul, chove um pouco menos que no Vale
dos Vinhedos, mas o que mais importa é que as chuvas são mais bem distribuídas
ao longo do ano, raramente coincidindo com o período da colheita das variedades
tardias.
A característica dos vinhos daqui é o bom nível de aromas, a
sapidez pronunciada por conta da presença do calcário e o perfil gastronômico,
boa acidez, taninos enxutos nos tintos e presença mineral nos brancos. Uvas
mais cultivadas na região são: Malbec, Cabernet Franc, Merlot, Gewurztraminer,
Sauvignon Blanc e Malvasia.
Se é verdade que a Serra do Sudeste não possui o panorama
encantador da Serra Gaúcha, é também verdade que seus vinhos representam um
patrimônio da vitivinicultura brasileira que merece ser descoberto, e sem
demora.
E agora finalmente o vinho!
Na taça revela um rubi intenso, com o atijolado, o granada em
evidência, denunciando uma década de vida, com uma boa profusão de lágrimas,
finas e lentas.
No nariz traz aromas expressivos e complexos de frutas
vermelhas e negras maduras, sentindo ainda as evidentes, mas integradas notas
amadeiradas, graças aos longos quinze meses em barricas de carvalho, com toques
de baunilha, caramelo, couro, tabaco, defumado e um latente defumado
extremamente agradável.
Na boca é elegante, redondo e macio, afinal o tempo lhe
permitiu essa condição, mas que goza de boa complexidade. Replicam-se as notas
frutadas, como no aspecto olfativo, bem como protagoniza o amadeirado, mas
muito bem integrado ao conjunto do vinho, conferindo-lhe a tal complexidade,
bem como a tosta, o café torrado e a terra molhada. Os taninos, devido ao
tempo, estão com uma textura sedosa, com baixa acidez e um final longo e
persistente.
Um vinho que mesmo com os seus 10 anos de vida ainda estava
pleno, vivo e intenso e que poderia evoluir mais e mais. Uma região nova que
sem dúvida poderá nos brindar com muita tipicidade, expressividade e qualidade
com os seus rótulos. Sim os vinhos brasileiros têm potencial de guarda, têm
complexidade, têm relevância e têm a cara do vinho brasileiro, sem cópias e
comparações com o Velho Mundo. O Matiz representa a elegância, a complexidade,
o arrojo que todo vinho com a sua proposta pode entregar. Foi ótimo repeti-lo
sem cair na temível zona de conforto. Tem 13% de teor alcoólico.
Sobre a Vinícola Hermann:
A família Hermann trouxe todo o seu know-how de profundos
conhecedores de diversas regiões vinícolas do mundo para a esfera da produção
de vinhos, apostando no potencial dos melhores terroirs da região sul do
Brasil.
Proprietários de uma das maiores importadoras de vinhos de
alta qualidade do país, a Decanter, compraram em 2009 um vinhedo de grande
vocação em Pinheiro Machado, na Serra do Sudeste no Rio Grande do Sul, plantado
com mudas de alta qualidade por um dos viveiros líderes de Portugal.
A assessoria enológica de um dos mais brilhantes enólogos de
Portugal, o renomado “rei do Alvarinho” Anselmo Mendes - “Enólogo do Ano” pela
Revista de Vinhos de Portugal em 1997 - ao lado do talentoso enólogo Átila
Zavarizze, garante a excelência na transformação das uvas promissoras em
grandes vinhos brasileiros, com caráter e tipicidade.
Tenho me aventurado, o que atualmente não é uma grande
novidade, pelos vinhos espanhóis, mas não apenas em uma ou duas regiões,
daquelas mais famosas e faladas pelos especialistas e influenciadores dos
vinhos, mas aquelas pouco desbravadas que geralmente são observadas com certo
preconceito, rejeição.
Principalmente quando se fala nos “vinhos de volume”! Talvez
esteja sendo inocente ou aquele que não quer olhar para uma suposta realidade
geralmente engendrada e construída por um segmento que tem forte influência no
vinho, mas o fato que já degustei alguns rótulos com essa concepção, muito
interessantes.
E uma dessas regiões na Espanha é Castilla La Mancha. É a
região que mais produz vinhos naquele país, e parece ser uma heresia falar de
vinhos dessa região por aqui no Brasil, só valendo se for Rioja, Priorat ou
Ribera del Duero. Mas será que somente esses são bons?
Evidente que são regiões emblemáticas, tradicionais,
importantes e que merecem seu lugar de destaque e importância, mas penso ser
uma temeridade negligenciar as outras tantas regiões da Espanha e olhe que são
muitas!
Castilla La Mancha traz vários terroirs divididos em algumas
microrregiões e uma vem ganhando alguma repercussão aqui em nossas terras, falo
de Valdepenãs. Acredito que a região teve o descortinar no Brasil por
intermédio da linha “Pata Negra”, lembro-me bem disso. Mas apesar do sucesso
desses rótulos a região ainda não tem aquela representatividade e credibilidade
no Brasil.
Porém atualmente temos tido algumas opções de rótulos da região
e o exemplo são os vinhos da Bodega Fernando Castro. Trata-se de uma das mais
antigas vinícolas administradas pela mesma família desde 1850 em toda Castilla
La Mancha. História tem e bons vinhos também. Degustei o El Artista Gran Reserva e Raíces Gran Reserva, ambos da safra 2012, e surpreenderam pela
elegância e complexidade.
E dessa vez mais um rótulo Gran Reserva e de idade: Um 2013!
Já com seus dez anos de garrafa! Mais um espanhol e com anos de garrafa, uma
combinação que confesso me excitar quando vou degustar e antes, na decisão de
compra. Não preciso dizer da animação em tê-lo em taça.
Dessa vez será um 100% Tempranillo! Adoro os vinhos que levam
essa variedade e que passam, estagiam por longo tempo em barricas de carvalho,
simplesmente, definitivamente a Tempranillo se dá muito bem com a madeira e
adquiri uma complexidade, estrutura e personalidade como poucas.
Então vamos às apresentações do vinho! O vinho que degustei e
gostei veio de Valdepenãs, localizada na região espanhola de Castilla La Mancha,
e se chama Venta Real, um Gran Reserva da safra 2013, com a casta Tempranillo.
E para não perder o costume, vamos de história, vamos de Valdepenãs.
Valdepeñas
A D.O. Valdepeñas fica ao sul de Castilla La Mancha no centro
da Espanha. Trata-se de uma região muito propícia para o cultivo da vinha, com
um clima continental de baixo índice pluviométrico, e que registra temperaturas
extremas, com máximas que superam os 40°C, e mínimas que podem ser inferiores a
-10°C.
Os solos, pobres em matéria orgânica e de baixa fertilidade,
obrigam as raízes das videiras a se desenvolverem, a se aprofundarem e a se
fortalecerem. Nesse cenário, cultivam-se uvas que alcançam boa maturação, e que
são capazes de produzir vinhos muito estruturados, complexos, aromáticos e de
coloração muito profunda.
Valdepenas
Os solos, pobres em matéria orgânica e de baixa fertilidade,
obrigam as raízes das videiras a se desenvolverem, a se aprofundarem e a se
fortalecerem. Nesse cenário, cultivam-se uvas que alcançam boa maturação, e que
são capazes de produzir vinhos muito estruturados, complexos, aromáticos e de
coloração muito profunda.
Anualmente, são produzidos cerca de 57 milhões de litros de
vinho rotulados com a denominação Valdepeñas, sendo que quase 40% da produção
são destinadas à exportação da Espanha para outros países.
A grande maioria dos vinhos de Valdepeñas, cerca de 77%
deles, são tintos. Os brancos representam cerca de 18%, e os rosés de
Valdepeñas, tradicionalmente famosos, representam apenas 5%.
A notoriedade de Valdepeñas encontra sua origem em vinhos
rosés do passado, que foram lentamente dando lugar a tintos elegantes, sempre
aveludados e frutados, que podem ser jovens ou envelhecidos em barris de
carvalho.
A variedade mais importante de Valdepeñas é sem dúvida, a
Tempranillo, que também é conhecida nessa região como Cencibel. Outras uvas
autorizadas para cultivo em Valdepeñas são as tintas Garnacha, Cabernet
Sauvignon, Merlot, Syrah e Petit Verdot, além das brancas Airén, Macabeo,
Chardonnay, Sauvignon Blanc, Moscatel de Grano Menudo e Verdejo.
Denominação de Origem e história
A Denominação de Origem Valdepeñas nasceu em 1932 conforme
consta do Estatuto do Vinho, a produção de vinho na região remonta ao século V
aC, como comprovam os estudos científicos do sítio ibérico "Cerro de las
Cabezas" localizado geograficamente dentro da área que hoje é a sua área
de produção.
DO Valdepenas
Foi em 1968 que a Denominação de Origem Valdepeñas foi dotada
do seu primeiro regulamento, que durou até 2009, altura em que se constituiu
como Associação Interprofissional, criando o quadro de trabalho entre
produtores e adegas, pela qualidade diferenciada no processo de viticultura e a
produção e engarrafamento dos seus vinhos.
Apesar de ser mundialmente reconhecida como "Denominação
de Origem Valdepeñas", sua área de produção inclui dez municípios:
Valdepeñas, Alcubillas, Moral de Calatrava, San Carlos del Valle, Santa Cruz de
Mudela, Torrenueva, parte do distrito Torre de Juan Abad, Granátula de Calatrava,
Alhambra e Montiel.
E agora finalmente o vinho!
Na taça apresenta um rubi intenso, quase escuro, com halos
granada, com lágrimas finas, lentas e em profusão que desenham o bojo do copo.
No nariz mostrou-se tímido nos aromas no início da
degustação, mas foi abrindo e ao volatizar mostrou notas discretas de frutas
maduras, já em compota, com a presença marcante da madeira, graças aos 18 meses
em barricas de carvalho, que entrega um tostado, especiarias, tabaco, couro e
algo de terra molhada.
Na boca revela maciez, elegância, mas dosada a uma boa
complexidade, garantindo alguma personalidade, uma boa evolução aos dez anos de
idade. A madeira protagoniza em convergência com as frutas maduras, com toques
de chocolate, de carvalho. Tem taninos com alguma presença, mas maduros,
domados, com acidez discreta e um final de média persistência.
O Venta Real Gran Reserva é um vinho complexo, a madeira
protagoniza, porém juntamente com as notas frutadas, o que é incrível aos 10
anos de vida. Um vinho macio, redondo, equilibrado, entregando a elegância
típica de vinhos como esse. Não esperem peso, estrutura ou algo que o valha,
afinal 18 meses de barricas de carvalho trará afinamento, trará complexidade e
estrutura, não peso. E o mais gratificante é degustar um vinho em uma faixa de
preço extremamente acessível. É possível sim degustar um Gran Reserva espanhol
com um valor competitivo e que atinja sim a todos os níveis sociaisl.
Democratizemos a cultura do vinho! Tem 13% de teor alcoólico.
Sobre a Bodegas Fernando Castro:
A Bodegas Fernando Castro foi fundada em 1850, é a mais
antiga adega CLM sob a direção da mesma família. A família Castro começou a
produzir vinhos brancos e tintos a partir de uvas cultivadas na sua propriedade
em Santa Cruz de Mudela, seguindo os métodos tradicionais da região.
A adega Fernando Castro está localizada no centro nevrálgico
da Denominação de Origem Valdepeñas. Localizada no extremo sul do planalto
ibérico e bem delimitada pela planície de La Mancha a norte, os campos de
Montiel a leste, Calatrava a oeste e Serra Morena a sul, Santa Cruz de Mudela
preserva o património cultural e gastronómico de A Mancha.
A região contém uma abundância de solos calcários, arenosos e
argilosos (avermelhados), atravessados pelo rio Jabalón e bronzeados pelo sol.
Terrenos com um clima continental marcado de temperaturas extremas e baixa
pluviosidade, onde as temperaturas podem ultrapassar os 40ºC e descer abaixo
dos -10ºC.
Viticultores por tradição familiar, Bodegas Fernando Castro
tem 380 hectares de vinhas aninhadas em torno da Finca Los Altos,
supervisionadas pessoalmente pela família Castro. Os seus vinhos expressam a
personalidade de uma região única, situada a 705 metros de altitude e com um
clima de temperaturas extremas, os seus solos são pobres em matéria orgânica e
de baixa fertilidade, condição ideal para o cultivo da vinha.
Mais de 2.500 horas de sol por ano se traduzem em uvas bem
maduras e vinhos com maior intensidade de cor, estrutura ideal e poder
aromático.
Atualmente, duas gerações da família Castro trabalham juntas,
com o apoio inestimável de grandes profissionais que contribuem para a
produção, processamento, envelhecimento e comercialização dos seus vinhos,
utilizando instalações modernas, confortáveis e funcionais.
Na última década, alargaram a sua gama de produtos a setores
novos e emergentes como os vinhos espumantes, vinhos não alcoólicos, vinhos
Kosher, vinhos biológicos e até sangrias, garantindo os mesmos níveis de
qualidade e serviço nestes novos produtos.
Todos os anos os vinhos são premiados nos mais prestigiados
concursos internacionais do mundo, como Berliner Wein Thophy, Mundus Vini,
Sakura Japan Awards ou o Best Wine-in-Box da França.
Sempre ouvi e li comentários de que os vinhos brasileiros não
são dotados de longevidade, incapazes de proporcionar boa evolução em garrafas
por anos e anos. Não sei se nutrimos, em outros aspectos da sociedade, o famoso
“complexo de vira-latas”, que não permite que valorizemos os nossos produtos,
ufanismos à parte.
Claro que não tenho absolutamente nada contra os vira-latas,
os acho adoráveis e carinhosos, não tem motivo para associá-los a baixa
autoestima, com o devido respeito a frase cunhada pelo grande Nelson Rodrigues.
O que me preocupa verdadeiramente é de fato a baixa autoestima dos brasileiros
e a capacidade apenas de valorizar o que não é nosso.
Evidente que a vitivinicultura brasileira, em comparação com
as demais do Velho Mundo, por exemplo, ainda está engatinhando, é muito jovem e
ainda tem um longo caminho a percorrer para chegar ao status de excelência, mas
sim, temos vinhos para todos os gostos e exigências, inclusive os vinhos de
guarda.
E nada melhor que constatar isso conhecendo novos produtores
que vem despontando no cenário do vinho brasileiro e em regiões em igual
condição, ou seja, novas regiões que estão sendo desbravadas por abnegados
produtores e homens do vinho.
É o caso da Serra do Sudeste, no Rio
Grande do Sul e a Vinícola Hermann! A “joia bruta”, como alguns especialistas
chama a região, vem produzindo vinhos de tipicidade e de grande personalidade e
também os longevos rótulos!
Os vinhos da Hermann, vinícola
sediada em Santa Catarina, mas que cultivam seus vinhos na Serra do Sudeste, no Rio Grande do Sul, eu tive o prazer de conhecer em um evento que uma casa de vendas de vinhos em
minha cidade, Niterói, estava promovendo, no ano de 2022 e que pode ser lido aqui os detalhes do evento.
Fui ao evento, confesso, sem muita
expectativa, pois não conhecia a vinícola e também porque desde 2020 eu não participava
de eventos de degustação em virtude do caos pandêmico a qual fomos acometidos
nesses últimos dois anos. Então lá fui!
Degustei cerca de seis rótulos e
gostei muito e comprei cerca de três rótulos distintos, inclusive um tinha nove
anos quando o degustei, o Matiz Plural 2013, degustado em 2022, além do
excelente Lírica Crua, um espumante natural com as leveduras que foi
simplesmente arrebatador.
E degustei outro que decidi esperar o
seu décimo ano de garrafa (um período “redondo”, sem mais) para degusta-lo e
esse, também da linha “matiz”, deixou uma excelente impressão no referido
evento e, dessa vez, eu teria uma garrafa todinha para mim.
Então sem mais delongas vamos às
apresentações do vinho! O vinho que degustei e gostei veio da Serra do Sudeste,
no Rio Grande do Sul, e de chama Matiz Cabernet Sauvignon da safra 2013. E para
não perder o costume, vamos de histórias, vamos de Serra do Sudeste!
Serra do Sudeste
Nossa mais famosa região vinícola é,
sem dúvida alguma, a Serra Gaúcha, da qual faz parte a primeira área de
Indicação de Procedência brasileira, o Vale dos Vinhedos. De dentro para fora,
sabemos que o Vale está chegando ao seu limite de plantio.
Como área de procedência certificada,
as regras que controlam sua existência são rígidas e hoje sobram poucas terras
de qualidade às vinícolas para que plantem suas uvas. Ele não deixa de ser, no
entanto, o polo para onde convergem as atrações turísticas e as grandes
instalações produtoras das vinícolas, incluindo suas adegas.
Os outros municípios que compõem a
região da Serra Gaúcha vêm se desenvolvendo com constância como Garibaldi,
Flores da Cunha e Farroupilha. Mas algumas novidades interessantes estão
aparecendo em cidades a noroeste de Bento Gonçalves, como Guaporé, na linha
Pinheiro Machado e Casca, na direção de Passo Fundo.
Mas tem uma região que, apesar de ter
sido descoberta na década de 1970, pode-se considerar que se trata de uma
região nova, pois somente a partir dos anos 2000, com investimentos feitos
pelas vinícolas da Serra Gaúcha, que o potencial dela foi, de fato, explorado.
Essa região é a Serra do Sudeste.
Ela forma uma espécie de ferradura virada para o mar, ligando
os municípios de Encruzilhada do Sul e Pinheiro Machado, separados ao meio pelo
rio Camaquã, que deságua na Lagoa dos Patos. Essa região faz divisa com outra
importante área vinícola brasileira, a Campanha Gaúcha, dividida entre Campanha
Meridional (que começa na cidade de Candiota) e Campanha Oriental, que segue a
linha da fronteira com o Uruguai.
Serra do Sudeste
A Serra do Sudeste tem colinas suaves, que facilitam o
plantio e a mecanização, tornando-a um terroir mais simples de trabalhar.
Aliadas a isso, estão as condições climáticas mais favoráveis do que no Vale
dos Vinhedos.
Essa região tem o menor índice de chuvas do Estado do Rio
Grande do Sul, além de noites frias mesmo no verão, justamente a época da
maturação das uvas. Essas condições naturais, além de um solo mais pobre e de
origem granítica, ajudam a ter maior concentração de cor, estrutura e potencial
de envelhecimento dos vinhos.
O Instituto de Pesquisa Agrícola do Rio Grande do Sul mapeou
pela primeira vez esta área nos anos 1970, mas é no começo da década de 2000
que as primeiras vinícolas de certa importância começam a plantar vinhedos por
aqui, entre os municípios de Encruzilhada do Sul, o principal, Pinheiro Machado
e Candiota (mesmo próxima de Bagé Candiota é considerada pelo IBGE como
pertencente à Serra do Sudeste e não à Campanha, embora haja controvérsias).
Em grande parte, se trata de uma região vitícola, geralmente
as uvas aqui colhidas são conduzidas nas instalações das vinícolas na Serra
Gaúcha e lá transformadas em vinho, esta região ainda não possui, e nem
pleiteia em curto prazo, o reconhecimento a Denominação de Origem Controlada,
quando, e se, isso ocorrer o vinho deverá ser produzido por aqui, já que este é
um fator crucial na lei das denominações de origem.
As castas internacionais dominam a viticultura na Serra do
Sudeste, tintas e brancas que na Serra Gaúcha podem representar um desafio pelo
clima úmido, aqui prosperam com mais facilidade, o índice pluviométrico é
alinhado com o estado do Rio Grande do Sul, chove um pouco menos que no Vale
dos Vinhedos, mas o que mais importa é que as chuvas são mais bem distribuídas
ao longo do ano, raramente coincidindo com o período da colheita das variedades
tardias.
A característica dos vinhos daqui é o bom nível de aromas, a acidez
pronunciada por conta da presença do calcário e o perfil gastronômico, boa
acidez, taninos enxutos nos tintos e presença mineral nos brancos. Uvas mais
cultivadas na região são: Malbec, Cabernet Franc, Merlot, Gewurztraminer,
Sauvignon Blanc e Malvasia.
Se é verdade que a Serra do Sudeste não possui o panorama
encantador da Serra Gaúcha, é também verdade que seus vinhos representam um
patrimônio da vitivinicultura brasileira que merece ser descoberto, e sem
demora.
E agora finalmente o vinho!
Na taça apresenta um vermelho rubi intenso, mas com reflexos
violáceos bem brilhantes, o que surpreende em se tratar de um vinho de 10 anos
de garrafa, ou seja, sem nenhum traço de evolução sob o aspecto visual.
No nariz traz um incrível e agradável frescor capitaneado
pelas notas frutadas, de frutas vermelhas e pretas maduras, com destaque para
framboesas, amoras, cerejas com a presença do carvalho, pelos longos 24 meses
em barricas, em uma bela sinergia, muito bem integrado ao vinho, além de toques
herbáceos, de especiarias, como pimenta preta e pimentão, típico da casta, couro
e algo de mineral e floral.
Na boca é saboroso, envolvente, com boa presença e volume,
bem untuoso, algo bem convidativo e instigante, diria, mas macio, elegante,
conquistados por uma década de garrafa. Essa complexidade e personalidade
marcante são garantidas também pela madeira, que, de forma discreta, se revela,
com arrojados toques de baunilha e leve toque de torrefação e tosta. Tem
taninos redondos, amáveis, com excelente acidez com final frutado.
O projeto da Hermann trouxe um dos caras mais importantes
atualmente da enologia lusitana, o Anselmo Mendes, considerado como o “pai da
Alvarinho”, que trouxe um pouco da identidade do seu país para agregar ao
terroir da Serra do Sudeste. É evidente que essa parceria traz peso e qualidade
aos rótulos e que pude comprovar em degustar esse maravilhoso rótulo que aos
dez anos mostrou-se vivo, pleno e com aptidão para evoluir por mais alguns anos
em garrafa. Sim os vinhos brasileiros têm potencial de guarda, têm
complexidade, têm relevância e têm a cara do vinho brasileiro, sem cópias e
comparações com o Velho Mundo. O Matiz Cabernet Sauvignon representa a
elegância, a complexidade, o arrojo que todo vinho com a sua proposta pode
entregar. Tanto que comprei outro rótulo que decidi deixar por pelo menos mais
cinco anos na adega. Como o encontrarei? Isso já é outra história. Tem 13,4%¨de
teor alcoólico.
Sobre a Vinícola Hermann:
A família Hermann trouxe todo o seu know-how de profundos
conhecedores de diversas regiões vinícolas do mundo para a esfera da produção
de vinhos, apostando no potencial dos melhores terroirs da região sul do
Brasil.
Proprietários de uma das maiores importadoras de vinhos de
alta qualidade do país, a Decanter, compraram em 2009 um vinhedo de grande
vocação em Pinheiro Machado, na Serra do Sudeste no Rio Grande do Sul, plantado
com mudas de alta qualidade por um dos viveiros líderes de Portugal.
A assessoria enológica de um dos mais brilhantes enólogos de
Portugal, o renomado “rei do Alvarinho” Anselmo Mendes - “Enólogo do Ano” pela
Revista de Vinhos de Portugal em 1997 - ao lado do talentoso enólogo Átila
Zavarizze, garante a excelência na transformação das uvas promissoras em
grandes vinhos brasileiros, com caráter e tipicidade.
Eu estou me reencontrando com o vinho brasileiro! Uma espécie
de reconexão ou talvez uma conexão com contornos de novidades mescladas a
revelações. Talvez eu não esteja sendo muito claro e girando em devaneios, mas
com uma explicação mais calcado em dados concretos, certamente me farei
compreender.
O vinho brasileiro foi de suma importância para o meu começo,
a minha imersão no universo do vinho! Os meus primeiros rótulos de uvas vitis,
as uvas finas, foram brasileiros!
Não posso deixar de negligenciar os vinhos da Miolo, Almadén,
antes de se associar ao Grupo Miolo, aos vinhos do Rio Sol entre tantos outros
que ajudaram a edificar a minha percepção e amor pela poesia líquida. Mas
conforme os anos passando e também com novas descobertas, sobretudo de outros
países, eu fui perdendo a conexão com os vinhos brasileiros e passaram a
figurar menos na minha adega.
Não era litígio, não era ojeriza, não era medo, preconceito
com os vinhos brasileiros, não tinha um motivo forte dessa separação. Não sei
dizer o motivo pelo qual essa separação se deu: Um mero distanciamento por
conta de novas descobertas e a incapacidade de minha parte em saber
diversificar a adega no que tange a castas, propostas e países. Essa é uma
forte possibilidade!
Tão forte que, curiosamente, hoje uma das minhas intenções e
esforços está se concentrando exatamente na diversidade e, por incrível que
pareça, os vinhos brasileiros estão trafegando e se estabelecendo de forma
definitiva em minha adega. E junto com essa diversidade vem também o crescimento
vertiginoso da qualidade, da tipicidade dos vinhos brasileiros, apesar dos
entraves governamentais e burocráticos que assola o mercado do vinho.
E algumas descobertas, de novos produtores, abnegados e que
produzem vinhos de autor, de caráter, de expressividade, vem me tomando de
assalto, me arrebatando de uma forma incrível, jamais imaginada. Falo da
Vinícola Peruzzo que vem produzindo ótimos vinhos na também grandiosa região da
Campanha Gaúcha, no Rio Grande do Sul. A Campanha vem crescendo vertiginosamente
e fatores como esses está trazendo de volta às minhas taças o vinho brasileiro.
E não foi apenas isso que a Peruzzo, entre outras vinícolas
brasileiras, estão me cativando. É a capacidade de produzir vinhos longevos, de
vocação de guarda! Sim! Quem esperaria que os vinhos brasileiros tivessem a
capacidade para tal? E o meu primeiro contato com a Peruzzo foi um Cabernet
Sauvignon da safra 2012 maravilhoso que degustei com 10 anos de safra e que
estava vivo, pleno e saboroso. Fiz uma resenha dele que pode ser lida aqui.
E diante disso, animado com os rótulos da Peruzzo, vi que
muitas pessoas compartilharam nas redes sociais outro rótulo importante da
vinícola também de safra com algum tempo de safra que decidi comprar e hoje
será o dia de desarrolhá-lo. O vinho que degustei e gostei veio da grande
Campanha Gaúcha, do Brasil, e se chama Peruzzo Cabernet Franc da safra 2013. E
com esse aquecimento do vinho brasileiro, não podemos deixar de falar da
Campanha Gaúcha e da sua história que reforça o seu atual status de um dos
grandes terroirs nacionais.
Campanha Gaúcha
Entre o encontro de rios como Rio Ibicuí e o Rio Quaraí,
forma-se o do Rio Uruguai, divisa entre o Brasil, Argentina e Uruguai. Parte da
Campanha Gaúcha também recebe corpo hídrico subterrâneo, o Aquífero Guarani
representa a segunda maior fonte de água doce subterrânea do planeta, dele
estando 157.600 km2 no Rio grande do Sul.
A Campanha Gaúcha se espalha também pelo Uruguai e pela
Argentina garante uma cumplicidade com os hermanos do outro lado do Rio
Uruguai. Os costumes se assemelham e os elementos locais emprestam rusticidade
original: o cabo de osso das facas, o couro nos tapetes, a tesoura de tosquia
que ganha novas utilidades.
No verão, entre os meses de dezembro a fevereiro, os dias
ficam com iluminação solar extensa, contendo praticamente 15 horas diárias de
insolação, o que colabora para a rápida maturação das uvas e também ajuda a
garantir uma elevada concentração de açúcar, fundamental para a produção de vinhos
finos de alta qualidade, complexos e intensos.
As condições climáticas são melhores que as da Serra Gaúcha e
tem-se avançado na produção de uvas europeias e vinhos de qualidade. Com o bom
clima local, o investimento em tecnologia e a vontade das empresas, a região
hoje já produz vinhos de grande qualidade que vêm surpreendendo a vinicultura
brasileira.
Há mais de 150 anos, antes mesmo da abolição da escravatura,
a fronteira Oeste do Rio Grande do Sul já produzia vinhos de mesa que eram
exportados para os países do Prata (Uruguai, Argentina e Paraguai) e vendidos
no Brasil.
A primeira vinícola registrada do Brasil ficava na Campanha
Gaúcha. Com paredes de barro e telhado de palha, fundada por José Marimon, a
vinícola J. Marimon & Filhos iniciou o plantio de seus vinhedos em 1882, na
Quinta do Seival, onde hoje fica o município de Candiota.
E o mais interessante é que, desde o início da elaboração de
vinhos na região, os vinhos da Campanha Gaúcha comprovam sua qualidade
recebendo medalha de ouro, conforme um artigo de fevereiro de 1923, do extinto
jornal Correio do Sul de Bagé.
E agora finalmente o vinho!
Na taça revela um vermelho rubi intenso, quase escuro, porém
com entornos já atijolados, meio granada, graças aos nove anos de garrafa, com
lágrimas finas e médias.
No nariz traz a característica marcante de frutas vermelhas
bem maduras, com destaque para a ameixa, amora, cereja, morango, diria ainda
que traz um aroma compotado, como se fora um cesta com muitas frutas reunidas.
Tem um toque de especiarias, de ervas, algo de couro, terra, talvez.
Na boca é seco, equilibrado, elegante, macio, mas tem
estrutura média, com bom volume de boca, pelo álcool proeminente, mas bem
integrado ao conjunto do vinho, com taninos presentes, porém redondos, com uma
boa acidez, o que surpreende pelo tempo de safra. Tem um final médio e picante.
Definitivamente o vinho brasileiro retornou à minha vida de
enófilo e retornou em grande estilo, ganhou vida novamente em minhas taças e
não veio apenas compor adega ou espaço, mas com protagonismo, não por questões
ufanistas sem um olhar mais sensível, mas com qualidade, com a certeza de que
as regiões brasileiras aptas para a produção de vinhos, não é mera produtora,
mas que entrega a tipicidade do vinho brasileiro. Hoje posso dizer com certeza
e felicidade de que o vinho brasileiro tem a cara do vinho brasileiro e não
cópias de Chile e França. O Peruzzo Cabernet Franc trouxe essa máxima e também
de que o vinho brasileiro, mais do que nunca, produzem vinhos longevos, de
complexidade, de personalidade, mas que, ao mesmo tempo, é versátil, pois a
longevidade traz a experiência, a elegância. Assim é o Peruzzo Cabernet Franc.
Tem 13% de teor alcoólico.
Sobre a Vinícola Peruzzo:
Motivados por um desejo antigo de produzir vinhos, associado
com as oportunidades e perspectivas que a Região da Campanha oferece no mundo
dos vinhos, a família Peruzzo, com muito entusiasmo decidiu investir no cultivo
de uvas viníferas em sua propriedade localizada no município de Bagé/RS.
As primeiras videiras foram plantadas em 2003, provenientes
de mudas importadas de renomados viveiristas da França, Itália e Portugal. A
vinícola foi inaugurada em 2008, com um processo de elaboração que incorpora
modernas tecnologias.
Sua cave, localizada no subsolo da cantina, garante que os
espumantes e vinhos amadureçam sob temperaturas constantes próximas dos 18 a
20º C. Além da produção de Vinhos, a propriedade da família Peruzzo também se
dedica a criação de Ovinos e Bovinos.
Com muito entusiasmo, alegria e dedicação, a Vinícola Peruzzo
trabalha na arte de criar seus vinhos e espumantes para fazer parte de momentos
alegres, descontraídos, únicos e marcantes na vida de seus clientes.