Que os vinhos da região de Setúbal já fazem parte da minha
simples vida de enófilo e, claro, do meu paladar, eu não tenho mais dúvidas. Eu
não degustei muitos vinhos dessa estimada região lusitana, mas os poucos que
degustei até o momento, fez com que eu me apaixonasse plenamente por essa
região a ponto de ter pelo menos um rótulo da Península de Setúbal em minha
humilde adega. E por não ter degustado tantos vinhos dessa região ainda, tenho
tido algumas novas experiências muito agradáveis e dessa vez não foi diferente.
Hoje será a minha primeira degustação de um vinho branco de Setúbal. Mas não se
enganem pois apesar do vinho ser da Península de Setúbal este se mostra com a
cara do Brasil, oriundo de regiões tropicais que traz as similaridades dos
recursos naturais do Brasil e, claro que essas características refletem
decisivamente na proposta do vinho: leve, fresco, despretensioso e muito
saboroso e melhor: um custo baixo, um valor muito atrativo.
O vinho que degustei e gostei veio como disse, da Península de
Setúbal e se chama Baía dos Golfinhos, da tradicional Casa Ermelinda Freitas, com
o tradicional corte das castas Fernão Pires (85%) e Arinto (15%), da jovem
safra de 2019. Antes eu havia dito das similaridades da região a qual o vinho
foi produzido com a natureza tropical do Brasil. Falarei da Baía dos Golfinhos.
Baía de Golfinhos, Setúbal
A área envolvente à Baía de Setúbal é conhecida pela
variedade e qualidade das suas áreas vínicas. A Península de Setúbal é rodeada
pelo oceano Atlântico e pelos rios Tejo e Sado. A região, situada a sul de
Lisboa, é essencialmente marcada pelo turismo e pelas grandes explorações
vitícolas. Desde as grandes explorações dominadas pela casta Castelão até ao
Moscatel, um dos vinhos generosos nacionais, esta região sempre teve um lugar
cimeiro na história dos vinhos portugueses. A Baía de Setúbal é o centro
geográfico de um ecossistema rico e variado. Este é o local onde reside
permanentemente uma comunidade de cerca de 30 golfinhos (uma das 3 comunidades
permanentes de golfinhos na Europa), mas a baía abraça também, a cidade de
Setúbal, a península de Tróia, o Parque Natural da Arrábida e ainda a Reserva
Natural do Estuário do Sado. O Parque Natural da Arrábida ocupa uma superfície
de 17 mil hectares, dos quais 5 mil hectares pertencem ao Parque Marinho Prof.
Luiz Saldanha, oferecendo assim uma miríade de cenários ideais para os seus
momentos de lazer. A Reserva Natural do Estuário do Sado é uma fonte riquíssima
de património natural, cultural e o local ideal para atividades de lazer. Entre
a observação de aves e golfinhos, não pode perder uma visita aos marcos
arqueológicos do neolítico, dos fenícios e dos romanos. As águas calmas da Baía
dos Golfinhos e áreas envolventes proporcionam o cenário ideal para todo o tipo
de atividades náuticas, que vão desde o mergulho, canoagem, vela, até ao kite
surfing. É como essa exuberância natural que o vinho Baía dos Golfinhos foi
concebido.
Baía dos Golfinhos, Setúbal
E agora finalmente falemos do vinho!
Na taça tem um lindo amarelo palha com reflexos esverdeados
já tendendo para ao dourado, muito brilhante e se observa também que o vinho é
gaseificado, com pequenos gases, “bolinhas” que já denuncia o caráter fresco do
vinho.
No nariz explode uma explosão de frutas brancas, cítricas,
como pêssegos, maracujá, pera, maça verde e que, ao girar a taça, irrompe sem
perdão nas narinas. Sem falar das notas florais, flores brancas.
Na boca é fresco, jovem, elegante, com um bom volume de boca,
preenche a boca, mostrando personalidade, com uma acidez vivaz e equilibrada e
um toque mentolado e adocicado, diria, mas sem ser enjoativo. Sem falar da
explosão frutada que é o destaque deste vinho. Com um final de média
persistência.
Mais uma vez o terroir fala mais alto em Portugal. Um branco
estupendo! Essa é a palavra que define bem o Baía dos Golfinhos. Frutas, notas
florais, frescor, jovialidade, características essas que permeiam a estrutura
natural de onde veio. Como costumamos dizer, diria de forma eloquente: cultura
e tipicidade dentro de uma garrafa. Assim é o Baía de Golfinhos branco. Um
vinho que harmoniza muito bem com carnes brancas, comidas de entrada, frios,
queijos leves ou, diante de sua nobre simplicidade pode ser degustado sozinho.
Um senhor vinho que me surpreendeu positivamente, me arrebatou pelo seu custo X
beneficio insuperável. Tem 12,5% de teor alcoólico.
Sobre a Casa Ermelinda Freitas:
A empresa, iniciada em 1920 por Deonilde Freitas, continuada
por Germana Freitas e mais tarde por Ermelinda Freitas, sempre dedicou especial
atenção ao vinho. Pelo desaparecimento precoce do seu marido, Manuel João de
Freitas, Ermelinda deu continuidade à empresa com colaboração da sua filha
única, Leonor, que embora com formação fora da área vitivinícola, tomou a
liderança da empresa reforçando assim a presença feminina na sua gestão. Desde
a primeira geração que esta casa aposta na qualidade das vinhas e dos vinhos,
que inicialmente eram produzidos e vendidos a granel sem marca própria. Foi com
a atual gestão que se deu a grande mudança de se criar marcas próprias. Assim, em 1997,
iniciou-se um novo ciclo com o “Terras do Pó” tinto, primeiro vinho produzido e
engarrafado da Casa Ermelinda Freitas. elo trabalho desenvolvido, Leonor
Freitas foi agraciada a 10 de Junho de 2009 com a comenda de Ordem do Mérito
Agrícola, Comercial e Industrial Classe do Mérito Agrícola Comendador por Sua
Excelência o Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.
As vinhas
Herdando 60 ha de vinhas de apenas duas castas: Castelão e
Fernão Pires, situadas em Fernando Pó na região de Palmela, Leonor Freitas com
o seu espírito inovador e diferenciador introduziu uma diversidade de castas
como a Trincadeira, Touriga Nacional, Aragonês, Syrah, Alicante Bouschet, entre
outras. Sendo a Casa Ermelinda Freitas proprietária neste momento de 440
hectares de vinha, onde 60% são de Castelão, 30% de variedades tintas como
Touriga Nacional, Trincadeira, Syrah, Aragonês, Alicante Bouschet, Touriga
Franca, Merlot and Petit Verdot, e 10% de uvas brancas como Fernão Pires,
Chardonnay, Arinto, Verdelho, Sauvignon Blanc e Moscatel de Setúbal. Dada a
localização privilegiada da exploração, nela são produzidos alguns dos melhores
vinhos da região.
Mais informações acesse:
Fonte de pesquisa sobre a Baía dos Golfinhos