Vermentino
A Vermentino é uma uva branca amplamente cultivada em
diversas regiões vinícolas ao redor do Mediterrâneo, como no noroeste da
Itália, sul da França e nas ilhas vizinhas de Sardenha e Córsega. A Vermentino
é conhecida por diversos nomes, tais como Pigato, Favorita, Malvoisie de Corse
e Rolle.
Não há consenso sobre a origem da Vermentino. De um lado, há
quem acredite que ela seja originária do noroeste da Itália, possivelmente da
Liguria, muito usada na elaboração dos vinhos brancos conhecidos como “Colli di
Luni”, ou mesmo do Piemonte, onde é conhecida como Favorita. Por outro lado, há quem aposte que ela seja originária da
Espanha, tendo chegado à Córsega na época em que a região era controlada pela
Coroa espanhola.
Já em Bolgheri, região próxima a Toscana, a Vermentino produz
alguns dos melhores e mais ricos vinhos italianos. Graças ao clima da Toscana, quente
e com alta incidência solar, e às modernas técnicas de vinificação, essa
variedade de uva dá origem a vinhos cuja complexidade aromática pode ser
comparada aos elaborados com a casta Viognier.
Em outra região da Itália, na Sardenha, a uva Vermentino
tornou-se ícone na produção de bons vinhos brancos. Na área, a variedade possui
sua própria denominação regional, o Vermentino di Sardegna, e é utilizada na
elaboração de um dos melhores vinhos italianos, o Vermentino di Gallura.
No sul da França, conhecida tradicionalmente como Rolle, a
uva Vermentino foi autorizada na produção de vinhos AOC apenas nos últimos 20
anos. Anteriormente, a variedade era restrita na elaboração do Vin de Pays –
IGP, em especial, os vinhos brancos Bellet, produzidos com, no mínimo, 60% da
Vermentino.
Pequenos produtores nos Estados Unidos começaram a produzir
vinhos Vermentino, em especial, na Califórnia. Entretanto, a variedade ainda
não atingiu a popularidade desfrutada pela uva Chardonnay, Sauvignon Blanc e
Pinot Grigio. O enorme prestígio das três variedades de uvas tem desempenhado
um papel fundamental na crescente popularidade da casta Vermentino na
Austrália, onde inúmeras adegas têm oferecido seus vinhos como uma alternativa
refrescante para o dia a dia.
De forma geral, os vinhos produzidos com a Vermentino são
bastante variados. Há os delicados e frescos, mas também os estruturados e
potentes. Os aromas mais comuns são de pera, maçã, flores brancas, amêndoas,
hortelã, erva-doce e tomilho. Aromas e sabores minerais aparecem
frequentemente. Em boca, um leve amargor no final é característica marcante da
casta.
Segundo dados da OIV, a área plantada de Vermentino ao redor
do mundo, em 2015, era de 11.155 hectares. A grande maioria destes vinhedos
(cerca de 98% da área plantada) situava-se na Itália e França. Na Itália eram
5.625 hectares (50,4%), enquanto a França contava então com 5.378 hectares
(48,2%). Porém, por conta do acelerado crescimento dos vinhedos na França nos
últimos cinco anos, sobretudo no Languedoc-Roussillon, a Itália deve perder a
liderança quando da divulgação de estatísticas mais recentes. Na França existam
cerca de 2.800 hectares de vinhedos de Vermentino em 1998, área que passou para
mais de 6.300 hectares em 2018.
E agora finalmente o vinho!
Na taça apresenta um lindo e reluzente amarelo ouro, um pouco
mais para o claro, com discretas e rápidas lágrimas finas.
No nariz traz a sutileza e delicadeza do frescor e leveza,
com aromas de frutas de polpa branca e cítricas com destaque para a maçã verde,
abacaxi, pera, maracujá, com um toque floral agradável, como se estivéssemos a
caminhar em um campo com flores brancas, além do herbáceo evidente, bem como a
salinidade, a mineralidade.
Na boca é leve, fresco, refrescante, mas que goza de alguma
personalidade, graças a uma intrigante untuosidade que o torna saboroso e
volumoso no palato. Protagoniza, como no aspecto olfativo, as notas frutadas,
cítricas e de polpa branca e também a salinidade, a mineralidade, com uma
acidez instigante, média, que saliva, com um azedo gostoso, típico da casta e
um final persistente.
É um prazer que não se cessa quando se degusta, pela primeira
vez, vinhos cujas castas ou regiões não conhecia. E degustar uma casta
pouquíssima conhecida em nossas terras, embora goze de popularidade em terras
italianas, considero esse momento especial. Um vinho simples, com uma proposta
direta, mas singular no seu momento em que envolve tantas gratas novidades. Tem
13% de teor alcoólico.
Sobre a Vinícola Mandrarossa:
Criada em 1999 graças a um estudo que durou mais de 20 anos,
que levou à seleção das melhores combinações variedade/terroir: os habitats
ideais que permitem a cada casta expressar plenamente o seu potencial.
Depois de fundar a Marca, fruto de anos de estudos de
mapeamento de solos, a pesquisa continuou a ser o fio condutor dos vinhos
sicilianos inovadores. No território de Menfi, onde é criada a Mandrarossa, o
comportamento de outras variedades foi monitorado em 5 campos experimentais.
Intensas atividades de microvinificação foram realizadas levando à introdução
de novos vinhos na linha de produtos ao longo do tempo, alguns dos quais únicos
para o panorama siciliano.
A ambição de Mandrarossa é grande e, a partir de 2014, uma
equipa internacional de enólogos, agrônomos e especialistas em terroir, lançou
um importante estudo científico sobre os solos calcários, levando à produção de
dois vinhos Contrada.
Sobre a Vinícola Settesoli:
Cantine Settesoli é uma grande cooperativa vinícola siciliana
que exporta um grande volume de vinhos de valor sob as classificações Sicilia
DOC bem como Terre Siciliane IGT.
A empresa foi fundada em Menfi em 1958 por um grupo de
agricultores no momento em que eclodia uma crise econômica na região. Settesoli
agora tem mais de 2.000 viticultores membros, com vinhedos totalizando então
cerca de 6.500 hectares.
A empresa inicialmente vendia apenas a granel, mas começou a
engarrafar seus próprios vinhos em 1974. Settisoli começou a se concentrar em
variedades locais como Grecanico, Inzolia e Nero d’Avola, e em seguida, em
meados da década de 1980, começaram a plantar variedades importadas como
Cabernet Sauvignon, Syrah, Sauvignon Blanc e Chardonnay.
Settesoli é a linha principal de vinhos varietais, enquanto o
rótulo Mandrarossa é a camada superior. Inycon é, de fato, a marca exclusiva
para exportação da empresa, lançada em 1999.
Mais informações acesse:
https://www.mandrarossa.it/en
https://www.cantinesettesoli.it/
Referências:
“Revista Sociedade de Mesa”: https://revista.sociedadedamesa.com.br/2016/04/sicilia/
“Enologuia”: https://enologuia.com.br/regioes/290-sicilia-o-continente-do-vinho
“Vinhos e Castelos”: https://vinhosecastelos.com/vinhos-da-sicilia-italia/
“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/vermentino
“Revista Sociedade de Mesa”: https://revista.sociedadedamesa.com.br/2022/02/uva-vermentino/
“Wine”: https://www.wine.com.br/winepedia/sommelier-wine/serie-uvas-vermentino/
“Wine Fun”: https://winefun.com.br/vermentino-conheca-uma-das-uvas-que-mais-vem-ganhando-espaco-na-europa/