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sábado, 10 de setembro de 2022

Peruzzo Merlot 2018

 

Definitivamente a Merlot está no mapa dos principais terroirs do Brasil! A variedade encontrou terras propícias, climas ideais para a produção em todas as suas nuances e propostas. De rótulos simples e frutados, a vinhos com robustez, estrutura e personalidade, uns, inclusive com longo período de guarda, com grande potencial.

Não se enganem, não é uma afirmação ufanista, com base em discursos febris, devaneios. O Brasil está no mapa dos melhores Merlots produzidos no mundo sim! Claro que não ousarei em dizer que rivaliza com os bordaleses, por exemplo, mas o Brasil, repito, está na rota dos principais Merlots feitos no mundo.

Um bom termômetro disso são os prêmios, os reconhecimentos vêm sendo laureados com honra. Evidente que não degustamos prêmios e medalhas, mas, como disse, torna-se um termômetro para entendermos o tamanho da qualidade de nossos vinhos.

E são esses vinhos, esses rótulos, essa casta que está resgatando o meu interesse pelos vinhos nacionais que, há anos estava hibernando, diria esquecido. É isso! Eu estou me reencontrando com o vinho brasileiro! Uma espécie de reconexão ou talvez uma conexão com contornos de novidades mescladas a revelações. Talvez eu não esteja sendo muito claro e girando em devaneios, mas com uma explicação mais calcado em dados concretos, certamente me farei compreender.

O vinho brasileiro foi de suma importância para o meu começo, a minha imersão no universo do vinho! Os meus primeiros rótulos de uvas vitis, as uvas finas, foram brasileiros!

Não posso deixar de negligenciar os vinhos da Miolo, Almadén, antes de se associar ao Grupo Miolo, aos vinhos do Rio Sol entre tantos outros que ajudaram a edificar a minha percepção e amor pela poesia líquida. Mas conforme os anos passando e também com novas descobertas, sobretudo de outros países, eu fui perdendo a conexão com os vinhos brasileiros e passaram a figurar menos na minha adega.

Não era litígio, não era ojeriza, não era medo, preconceito com os vinhos brasileiros, não tinha um motivo forte dessa separação. Não sei dizer o motivo pelo qual essa separação se deu: Um mero distanciamento por conta de novas descobertas e a incapacidade de minha parte em saber diversificar a adega no que tange a castas, propostas e países. Essa é uma forte possibilidade!

Tão forte que, curiosamente, hoje uma das minhas intenções e esforços está se concentrando exatamente na diversidade e, por incrível que pareça, os vinhos brasileiros estão trafegando e se estabelecendo de forma definitiva em minha adega. E junto com essa diversidade vem também o crescimento vertiginoso da qualidade, da tipicidade dos vinhos brasileiros, apesar dos entraves governamentais e burocráticos que assola o mercado do vinho.

E algumas descobertas, de novos produtores, abnegados e que produzem vinhos de autor, de caráter, de expressividade, vem me tomando de assalto, me arrebatando de uma forma incrível, jamais imaginada. Falo da Vinícola Peruzzo que vem produzindo ótimos vinhos na também grandiosa região da Campanha Gaúcha, no Rio Grande do Sul. A Campanha vem crescendo vertiginosamente e fatores como esses está trazendo de volta às minhas taças o vinho brasileiro.

E de cara tive o meu primeiro contato com o Peruzzo Cabernet Sauvignon da safra 2012, com dez anos de garrafa e ainda vivo, pleno e saboroso. Logo depois, não me contentando, busquei o Peruzzo Cabernet Franc da safra 2013! Mais um de safra antiga, com nove anos de vida! Quem disse que os rótulos tupiniquins não tem potencial de guarda? Vinhos fantásticos!

E para dar sequência na exploração dos vinhos dos valorosos produtores da Peruzzo, médio produtor de Bagé, na emblemática Campanha Gaúcha, tive que adquirir um rótulo de Merlot com numeração limitada de garrafas, revelando um vinho de autor, de caráter e com passagem por barricas de carvalho, cerca de 12 meses, o que lhe confere, sem dúvida nenhuma, complexidade, elegância e estrutura.

Então sem mais delongas, vamos às apresentações: O vinho que degustei e gostei veio de Bagé, da Campanha Gaúcha, no Brasil, e se chama Peruzzo da casta Merlot e a safra é 2018. Para não perder o costume vamos de história, vamos de Campanha Gaúcha que, a cada dia vem ganhando em credibilidade e representatividade no cenário vitivinícola brasileiro.

Campanha Gaúcha

Entre o encontro de rios como Rio Ibicuí e o Rio Quaraí, forma-se o do Rio Uruguai, divisa entre o Brasil, Argentina e Uruguai. Parte da Campanha Gaúcha também recebe corpo hídrico subterrâneo, o Aquífero Guarani representa a segunda maior fonte de água doce subterrânea do planeta, dele estando 157.600 km2 no Rio grande do Sul.

A Campanha Gaúcha se espalha também pelo Uruguai e pela Argentina garante uma cumplicidade com os “hermanos” do outro lado do Rio Uruguai. Os costumes se assemelham e os elementos locais emprestam rusticidade original: o cabo de osso das facas, o couro nos tapetes, a tesoura de tosquia que ganha novas utilidades.

Campanha Gaúcha

No verão, entre os meses de dezembro a fevereiro, os dias ficam com iluminação solar extensa, contendo praticamente 15 horas diárias de insolação, o que colabora para a rápida maturação das uvas e também ajuda a garantir uma elevada concentração de açúcar, fundamental para a produção de vinhos finos de alta qualidade, complexos e intensos.

As condições climáticas são melhores que as da Serra Gaúcha e tem-se avançado na produção de uvas europeias e vinhos de qualidade. Com o bom clima local, o investimento em tecnologia e a vontade das empresas, a região hoje já produz vinhos de grande qualidade que vêm surpreendendo a vinicultura brasileira.

A mais de 150 anos, antes mesmo da abolição da escravatura, a fronteira Oeste do Rio Grande do Sul já produzia vinhos de mesa que eram exportados para os países do Prata (Uruguai, Argentina e Paraguai) e vendidos no Brasil.

A primeira vinícola registrada do Brasil ficava na Campanha Gaúcha. Com paredes de barro e telhado de palha, fundada por José Marimon, a vinícola J. Marimon & Filhos iniciou o plantio de seus vinhedos em 1882, na Quinta do Seival, onde hoje fica o município de Candiota.

E o mais interessante é que, desde o início da elaboração de vinhos na região, os vinhos da Campanha Gaúcha comprovam sua qualidade recebendo medalha de ouro, conforme um artigo de fevereiro de 1923, do extinto jornal Correio do Sul de Bagé.

Matéria do Correio do Sul

IP (Indicação de Procedência) da Campanha Gaúcha

Em 2020 a Campanha Gaúcha ganhou reconhecimento de Indicação de Procedência (IP) para seus vinhos. Aprovada pelo Inpi na modalidade de I.P., a designação vem sendo utilizado pelas vinícolas da região a partir do ano de 2020 para os vinhos finos, tranquilos e espumantes, em garrafa.

A Indicação Geográfica (IG) foi o resultado de mais de 5 anos de pesquisa, discussões e estudos de um grupo interdisciplinar coordenados pela Embrapa Uva e Vinhos do Rio Grande do Sul.

Além disso, os vinhos devem ser elaborados a partir das 36 variedades de vitis viníferas permitidas pelo regulamento, plantadas em sistema de condução em espaldeira e respeitando os limites máximos de produtividade por hectare e os padrões de qualidade das frutas que seguirão para a vinificação. Finalmente, os vinhos precisam ser avaliados e aprovados sensorialmente às cegas por uma comissão de especialistas.

Esta é uma delimitação localizada no bioma Pampa do estado do Rio Grande do Sul, região vitivinícola que começou a se fortalecer na década de 1980, ganhando novo impulso nos anos 2000, com o crescimento do número de produtores de uva e de vinho, expandindo a atividade para diversos municípios da região.

A área geográfica delimitada totaliza 44.365 km2. A IP abrange, em todo ou em parte, 14 municípios da região: Aceguá, Alegrete, Bagé, Barra do Quaraí, Candiota, Dom Pedrito, Hulha Negra, Itaqui, Lavras do Sul, Maçambará, Quaraí, Rosário do Sul, Santana do Livramento e Uruguaiana.

A Campanha Gaúcha está situada entre os paralelos 29º e 31º Sul e trata-se de uma zona ensolarada, com as temperaturas mais elevadas e o menor volume de chuvas entre as regiões produtoras do Sul do Brasil.

Ao mesmo tempo, as parreiras – predominantemente plantadas em sistema de espaldeira – foram estabelecidas em grandes extensões de planície (altitude entre 100 e 360 m.) com encostas de baixa declividade, o que favorece a mecanização das colheitas, reduz os custos e potencializa a escala produtiva. Uma característica importante é o solo basáltico e arenoso, com boa drenagem, que somada aos outros fatores propicia a ótima qualidade das uvas.

Esta foi uma conquista para a região, que pode refletir em uma garantia da qualidade de seus produtos. Fica a torcida para que, após muito tempo de consistência de qualidade e de uma real identificação da tipicidade, a Campanha Gaúcha possa ter o reconhecimento de uma Denominação de Origem (DO).

Leia aqui na íntegra o regulamento de uso da IP da Campanha Gaúcha.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um vermelho rubi intenso, profundo, escuro, mas brilhante, sendo caudaloso e manchando, com suas lágrimas abundantes e lentas, as bordas do copo.

No nariz trazem a abundância e complexidade aromática com destaque para o frutado, frutas vermelhas frescas, como framboesa, cereja e framboesa, além das notas amadeiradas, que entrega especiarias, algo como pimenta e um herbáceo interessante e também um abaunilhado.

Na boca é estruturado, volumoso, graças ao álcool proeminente, mas bem integrado, conferindo-lhe complexidade e marcante personalidade, com uma incrível sinergia entre a fruta e a madeira, frutas frescas com 12 meses em barricas de carvalho, mostrando um vinho aveludado, equilibrado, com notas de torrefação, tostado, chocolate amargo e baunilha. Tem taninos firmes, presentes e acidez média, com um final persistente.

O êxito de uma região, de um país, de uma casta que ganhou identidade própria, uma espécie de “brasilidade”. Um Merlot com a cara, o DNA dos nossos principais terroirs. Assim é o Peruzzo Merlot! Um vinho redondo, elegante, mas de marcante personalidade e, diante dessa dualidade, percebemos uma sinergia, mesclada com uma complexidade que, aos quatro anos de vida, ainda jovem, mostra toda a sua força e impetuosidade, apesar da elegância e equilíbrio que o torna apto para a degustação imediata ou guarda na adega por mais alguns anos. O Peruzzo Merlot é a comprovação cabal de que definitivamente o Merlot está no mapa dos grandes produtores da cepa no mundo. Tem 14% de teor alcoólico.

Garrafa número 984 de um total de 3.550.

Sobre a Vinícola Peruzzo:

Motivados por um desejo antigo de produzir vinhos, associado com as oportunidades e perspectivas que a Região da Campanha oferece no mundo dos vinhos, a família Peruzzo, com muito entusiasmo decidiu investir no cultivo de uvas viníferas em sua propriedade localizada no município de Bagé/RS.

As primeiras videiras foram plantadas em 2003, provenientes de mudas importadas de renomados viveiristas da França, Itália e Portugal. A vinícola foi inaugurada em 2008, com um processo de elaboração que incorpora modernas tecnologias.

Sua cave, localizada no subsolo da cantina, garante que os espumantes e vinhos amadureçam sob temperaturas constantes próximas dos 18 a 20º C. Além da produção de Vinhos, a propriedade da família Peruzzo também se dedica a criação de Ovinos e Bovinos.

Com muito entusiasmo, alegria e dedicação, a Vinícola Peruzzo trabalha na arte de criar seus vinhos e espumantes para fazer parte de momentos alegres, descontraídos, únicos e marcantes na vida de seus clientes.

Mais informações acesse:

https://www.vinicolaperuzzo.com.br/

Referências:

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=CAMPANHA

“Vinhos da Campanha”: https://www.vinhosdacampanha.com.br/campanha-gaucha/

“Vinhos da Campanha”: https://www.vinhosdacampanha.com.br/ciclo-de-crescimento-da-uva/

“Embrapa”: https://www.embrapa.br/uva-e-vinho/indicacoes-geograficas-de-vinhos-do-brasil/ig-registrada/campanha-gaucha

“Tudo do Vinho”: https://tudodovinho.wordpress.com/2020/07/14/i-p-campanha-gaucha/

 

 

 

 

 


 






sábado, 7 de maio de 2022

Peruzzo Cabernet Franc 2013

 

Eu estou me reencontrando com o vinho brasileiro! Uma espécie de reconexão ou talvez uma conexão com contornos de novidades mescladas a revelações. Talvez eu não esteja sendo muito claro e girando em devaneios, mas com uma explicação mais calcado em dados concretos, certamente me farei compreender.

O vinho brasileiro foi de suma importância para o meu começo, a minha imersão no universo do vinho! Os meus primeiros rótulos de uvas vitis, as uvas finas, foram brasileiros!

Não posso deixar de negligenciar os vinhos da Miolo, Almadén, antes de se associar ao Grupo Miolo, aos vinhos do Rio Sol entre tantos outros que ajudaram a edificar a minha percepção e amor pela poesia líquida. Mas conforme os anos passando e também com novas descobertas, sobretudo de outros países, eu fui perdendo a conexão com os vinhos brasileiros e passaram a figurar menos na minha adega.

Não era litígio, não era ojeriza, não era medo, preconceito com os vinhos brasileiros, não tinha um motivo forte dessa separação. Não sei dizer o motivo pelo qual essa separação se deu: Um mero distanciamento por conta de novas descobertas e a incapacidade de minha parte em saber diversificar a adega no que tange a castas, propostas e países. Essa é uma forte possibilidade!

Tão forte que, curiosamente, hoje uma das minhas intenções e esforços está se concentrando exatamente na diversidade e, por incrível que pareça, os vinhos brasileiros estão trafegando e se estabelecendo de forma definitiva em minha adega. E junto com essa diversidade vem também o crescimento vertiginoso da qualidade, da tipicidade dos vinhos brasileiros, apesar dos entraves governamentais e burocráticos que assola o mercado do vinho.

E algumas descobertas, de novos produtores, abnegados e que produzem vinhos de autor, de caráter, de expressividade, vem me tomando de assalto, me arrebatando de uma forma incrível, jamais imaginada. Falo da Vinícola Peruzzo que vem produzindo ótimos vinhos na também grandiosa região da Campanha Gaúcha, no Rio Grande do Sul. A Campanha vem crescendo vertiginosamente e fatores como esses está trazendo de volta às minhas taças o vinho brasileiro.

E não foi apenas isso que a Peruzzo, entre outras vinícolas brasileiras, estão me cativando. É a capacidade de produzir vinhos longevos, de vocação de guarda! Sim! Quem esperaria que os vinhos brasileiros tivessem a capacidade para tal? E o meu primeiro contato com a Peruzzo foi um Cabernet Sauvignon da safra 2012 maravilhoso que degustei com 10 anos de safra e que estava vivo, pleno e saboroso. Fiz uma resenha dele que pode ser lida aqui.

E diante disso, animado com os rótulos da Peruzzo, vi que muitas pessoas compartilharam nas redes sociais outro rótulo importante da vinícola também de safra com algum tempo de safra que decidi comprar e hoje será o dia de desarrolhá-lo. O vinho que degustei e gostei veio da grande Campanha Gaúcha, do Brasil, e se chama Peruzzo Cabernet Franc da safra 2013. E com esse aquecimento do vinho brasileiro, não podemos deixar de falar da Campanha Gaúcha e da sua história que reforça o seu atual status de um dos grandes terroirs nacionais.

Campanha Gaúcha

Entre o encontro de rios como Rio Ibicuí e o Rio Quaraí, forma-se o do Rio Uruguai, divisa entre o Brasil, Argentina e Uruguai. Parte da Campanha Gaúcha também recebe corpo hídrico subterrâneo, o Aquífero Guarani representa a segunda maior fonte de água doce subterrânea do planeta, dele estando 157.600 km2 no Rio grande do Sul.

A Campanha Gaúcha se espalha também pelo Uruguai e pela Argentina garante uma cumplicidade com os hermanos do outro lado do Rio Uruguai. Os costumes se assemelham e os elementos locais emprestam rusticidade original: o cabo de osso das facas, o couro nos tapetes, a tesoura de tosquia que ganha novas utilidades.

No verão, entre os meses de dezembro a fevereiro, os dias ficam com iluminação solar extensa, contendo praticamente 15 horas diárias de insolação, o que colabora para a rápida maturação das uvas e também ajuda a garantir uma elevada concentração de açúcar, fundamental para a produção de vinhos finos de alta qualidade, complexos e intensos.

As condições climáticas são melhores que as da Serra Gaúcha e tem-se avançado na produção de uvas europeias e vinhos de qualidade. Com o bom clima local, o investimento em tecnologia e a vontade das empresas, a região hoje já produz vinhos de grande qualidade que vêm surpreendendo a vinicultura brasileira.

Há mais de 150 anos, antes mesmo da abolição da escravatura, a fronteira Oeste do Rio Grande do Sul já produzia vinhos de mesa que eram exportados para os países do Prata (Uruguai, Argentina e Paraguai) e vendidos no Brasil.

A primeira vinícola registrada do Brasil ficava na Campanha Gaúcha. Com paredes de barro e telhado de palha, fundada por José Marimon, a vinícola J. Marimon & Filhos iniciou o plantio de seus vinhedos em 1882, na Quinta do Seival, onde hoje fica o município de Candiota.

E o mais interessante é que, desde o início da elaboração de vinhos na região, os vinhos da Campanha Gaúcha comprovam sua qualidade recebendo medalha de ouro, conforme um artigo de fevereiro de 1923, do extinto jornal Correio do Sul de Bagé.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um vermelho rubi intenso, quase escuro, porém com entornos já atijolados, meio granada, graças aos nove anos de garrafa, com lágrimas finas e médias.

No nariz traz a característica marcante de frutas vermelhas bem maduras, com destaque para a ameixa, amora, cereja, morango, diria ainda que traz um aroma compotado, como se fora um cesta com muitas frutas reunidas. Tem um toque de especiarias, de ervas, algo de couro, terra, talvez.

Na boca é seco, equilibrado, elegante, macio, mas tem estrutura média, com bom volume de boca, pelo álcool proeminente, mas bem integrado ao conjunto do vinho, com taninos presentes, porém redondos, com uma boa acidez, o que surpreende pelo tempo de safra. Tem um final médio e picante.

Definitivamente o vinho brasileiro retornou à minha vida de enófilo e retornou em grande estilo, ganhou vida novamente em minhas taças e não veio apenas compor adega ou espaço, mas com protagonismo, não por questões ufanistas sem um olhar mais sensível, mas com qualidade, com a certeza de que as regiões brasileiras aptas para a produção de vinhos, não é mera produtora, mas que entrega a tipicidade do vinho brasileiro. Hoje posso dizer com certeza e felicidade de que o vinho brasileiro tem a cara do vinho brasileiro e não cópias de Chile e França. O Peruzzo Cabernet Franc trouxe essa máxima e também de que o vinho brasileiro, mais do que nunca, produzem vinhos longevos, de complexidade, de personalidade, mas que, ao mesmo tempo, é versátil, pois a longevidade traz a experiência, a elegância. Assim é o Peruzzo Cabernet Franc. Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Peruzzo:

Motivados por um desejo antigo de produzir vinhos, associado com as oportunidades e perspectivas que a Região da Campanha oferece no mundo dos vinhos, a família Peruzzo, com muito entusiasmo decidiu investir no cultivo de uvas viníferas em sua propriedade localizada no município de Bagé/RS.

As primeiras videiras foram plantadas em 2003, provenientes de mudas importadas de renomados viveiristas da França, Itália e Portugal. A vinícola foi inaugurada em 2008, com um processo de elaboração que incorpora modernas tecnologias.

Sua cave, localizada no subsolo da cantina, garante que os espumantes e vinhos amadureçam sob temperaturas constantes próximas dos 18 a 20º C. Além da produção de Vinhos, a propriedade da família Peruzzo também se dedica a criação de Ovinos e Bovinos.

Com muito entusiasmo, alegria e dedicação, a Vinícola Peruzzo trabalha na arte de criar seus vinhos e espumantes para fazer parte de momentos alegres, descontraídos, únicos e marcantes na vida de seus clientes.

Mais informações acesse:

https://www.vinicolaperuzzo.com.br/ 

Referências:

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=CAMPANHA

“Vinhos da Campanha”: https://www.vinhosdacampanha.com.br/campanha-gaucha/

 

 

 

 

 

 

 







sábado, 5 de fevereiro de 2022

Peruzzo Cabernet Sauvignon 2012

 

O que faz de um vinho especial? Nossa! Uma pergunta como essa, embora construída de uma forma simples e direta, requer uma reflexão muito apurada e detalhada em várias questões que passa por situações mercadológicas a sentimentais.

É tudo muito relativo! Um vinho pode ser especial da forma que lhe convém. O preço pode ser um peso, o momento pode ser um peso, um produtor que aprecia, uma casta que nunca degustou, uma região que não conhecia, a companhia, uma pessoa amada, especial. São tantas as expectativas que você imprime em um vinho que o torna especial.

A impressão que tenho é de que nada parece ser palpável, pois, apesar de valores, de rótulos emblemáticos que, em tese, pode fazer de um vinho especial, tudo é carregado de sentimentos e sentimento não se mensura, se sente, se vive.

E o que é especial, sobretudo no vasto universo dos vinhos, vai se adquirindo ao longo de sua trajetória nele. O que tem me proporcionado grandes e inesquecíveis momentos no vinho atualmente são os rótulos de guarda, os vinhos com vocação de guarda, os famosos vinhos velhos.

Já é um privilégio degusta-los pelo fato de ser certa “idade”. É tão raro degustar vinhos com essa proposta levando em conta de um cenário majoritariamente marcado por vinhos jovens, produzidos para serem degustados logo, os famosos “frutados”. E quando você degusta um vinho de idade brasileiro, o privilégio para aumentar, ganhar em representatividade.

E o vinho desta tradicional noite de sábado é, diria, especial, único. Um vinho que achei de forma totalmente inesperada e pouco planejada, talvez dessa forma seja melhor, sabe? Navegando pela internet, entre uma procura e outra, fui redirecionado para um link que mostrava um Cabernet Sauvignon da grande Campanha Gaúcha, que cresce e cresce a olhos e rótulos vistos, que neste ano completou 10 anos de idade, isso mesmo, uma década de garrafa!

Um Cabernet Sauvignon brasileiro que para alguns não tem caráter, não tem personalidade, que não expressa as características da cepa, as mais fiéis, entregou, não somente a fidelidade das características da casta, mas que passou incólume, vivo e pleno por 10 anos! Pois é, acho que precisamos rever os nossos conceitos de Cabernet Sauvignon do Brasil, sobretudo da Campanha Gaúcha.

E falando em conceito, já que mencionamos no sentimento, no estado de espírito que define o que é especial, não posso deixar de dizer, com todas as forças, de que o vinho que degustei e gostei veio, claro, da Campanha Gaúcha, no Brasil, e que se chama Peruzzo Cabernet Sauvignon da safra 2012.

E ainda no quesito “especial”, ainda tem a importância de se degustar um vinho de um pequeno/médio produtor que sim, precisamos valorizar e incentivar seu crescimento degustando seus vinhos. Há sim rótulos especiais e bem elaborados de pequenos e médios produtores. E a “corrente” que me levou a esse vinho foi a compra da mesma linha, só que o Cabernet Franc que também goza de certa idade, 2013, mas essa será alvo de uma nova história em breve. E por falar em história, antes de falar do Peruzzo Cabernet Sauvignon, vamos um pouco de história da Campanha Gaúcha.

Campanha Gaúcha

Entre o encontro de rios como Rio Ibicuí e o Rio Quaraí, forma-se o do Rio Uruguai, divisa entre o Brasil, Argentina e Uruguai. Parte da Campanha Gaúcha também recebe corpo hídrico subterrâneo, o Aquífero Guarani representa a segunda maior fonte de água doce subterrânea do planeta, dele estando 157.600 km2 no Rio grande do Sul.

A Campanha Gaúcha se espalha também pelo Uruguai e pela Argentina garante uma cumplicidade com os hermanos do outro lado do Rio Uruguai. Os costumes se assemelham e os elementos locais emprestam rusticidade original: o cabo de osso das facas, o couro nos tapetes, a tesoura de tosquia que ganha novas utilidades.

Campanha Gaúcha

No verão, entre os meses de dezembro a fevereiro, os dias ficam com iluminação solar extensa, contendo praticamente 15 horas diárias de insolação, o que colabora para a rápida maturação das uvas e também ajuda a garantir uma elevada concentração de açúcar, fundamental para a produção de vinhos finos de alta qualidade, complexos e intensos.

As condições climáticas são melhores que as da Serra Gaúcha e tem-se avançado na produção de uvas europeias e vinhos de qualidade. Com o bom clima local, o investimento em tecnologia e a vontade das empresas, a região hoje já produz vinhos de grande qualidade que vêm surpreendendo a vinicultura brasileira.

Há mais de 150 anos, antes mesmo da abolição da escravatura, a fronteira Oeste do Rio Grande do Sul já produzia vinhos de mesa que eram exportados para os países do Prata (Uruguai, Argentina e Paraguai) e vendidos no Brasil.

A primeira vinícola registrada do Brasil ficava na Campanha Gaúcha. Com paredes de barro e telhado de palha, fundada por José Marimon, a vinícola J. Marimon & Filhos iniciou o plantio de seus vinhedos em 1882, na Quinta do Seival, onde hoje fica o município de Candiota.

E o mais interessante é que, desde o início da elaboração de vinhos na região, os vinhos da Campanha Gaúcha comprovam sua qualidade recebendo medalha de ouro, conforme um artigo de fevereiro de 1923, do extinto jornal Correio do Sul de Bagé.

E agora finalmente o vinho!

Na taça entrega um vermelho rubi intenso, quase escuro, com bordas atijoladas denunciando seu tempo de vida, com lágrimas grossas, lentas e em grande intensidade.

No nariz explode os aromas terciários! Frutas pretas e secas são sentidas, tais como ameixa, amora, cereja negra e noz, com notas terrosas e de baunilha, talvez pela complexidade ou ainda pelos 3 meses de passagem por madeira (50% do lote).

Na boca é um vinho macio e elegante, o tempo foi generoso para com o vinho, porém entrega personalidade, sobretudo pela sua complexidade, enfim, revela-se equilibrado. A fruta preta madura se faz presente, notas ligeiramente amadeiradas, toques de chocolate, taninos maduros, mas polidos, acidez discreta e um final médio.

O conceito de vinho especial pode gerar discussões e reflexões complexas e repletas de detalhe, mas se torna simples quando o líquido inunda a taça e arrebata as novas experiências sensoriais. Essa é a parte palpável, o sentimento de deleite e prazer que se materializa, o que a gente mais espera, porque torna-se fácil definir tais conceitos e ele é somente nosso, o que é especial. O Peruzzo Cabernet Sauvignon 2012, no auge dos seus 10 anos de vida, revelou as características da casta, mas também de um vinho nesse estágio da vida: taninos macios, elegantes, embora apresente uma acidez discreta, mas que não impede a sua plenitude, é complexo, com alguma estrutura. Um vinho de caráter, de expressividade, vivo e audacioso. Que possamos nos permitir viver e degustar rótulos como esse, que “provoque” todos os nossos sentidos e nos proporcione prazer e nos coloque em um estágio de privilégio. Isso é ser especial. Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Peruzzo:

Motivados por um desejo antigo de produzir vinhos, associado com as oportunidades e perspectivas que a Região da Campanha oferece no mundo dos vinhos, a família Peruzzo, com muito entusiasmo decidiu investir no cultivo de uvas viníferas em sua propriedade localizada no município de Bagé/RS.

As primeiras videiras foram plantadas em 2003, provenientes de mudas importadas de renomados viveiristas da França, Itália e Portugal. A vinícola foi inaugurada em 2008, com um processo de elaboração que incorpora modernas tecnologias.

Sua cave, localizada no subsolo da cantina, garante que os espumantes e vinhos amadureçam sob temperaturas constantes próximas dos 18 a 20º C. Além da produção de Vinhos, a propriedade da família Peruzzo também se dedica a criação de Ovinos e Bovinos.

Com muito entusiasmo, alegria e dedicação, a Vinícola Peruzzo trabalha na arte de criar seus vinhos e espumantes para fazer parte de momentos alegres, descontraídos, únicos e marcantes na vida de seus clientes.

Mais informações acesse:

https://www.vinicolaperuzzo.com.br/

Referências:

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=CAMPANHA

“Vinhos da Campanha”: https://www.vinhosdacampanha.com.br/campanha-gaucha/