Mostrando postagens com marcador Viña Ventisquero. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Viña Ventisquero. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 22 de abril de 2021

Ventisquero Reserva Pinot Noir 2015

 

Era um domingo extremamente agradável. Um toque primaveril ensolarado, mas calor. Tudo conspirava para uma degustação. Não estava no meu roteiro de degustação naquele dia, mas algo dizia para abrir um rótulo naquela tarde de domingo que nascia. Decidi degustar um vinho e, a partir dessa decisão, faltava escolher o rótulo, de preferência que harmonizasse com o dia que estava muito agradável. Olhei todos os cantos da adega, inspecionei cada rótulo e avistei um que, a meu ver, teria tudo a ver com o momento.

Tudo conspira com uma degustação! Não é apenas aquele prato, o alimento, mas o momento, o estado de espírito, tudo que está ao nosso redor conta e muito para o enredo e o ritual da degustação de um vinho. E, para o momento que narrei em questão, escolhi um Pinot Noir chileno. Um vinho essencialmente fresco, agradável, mas com alguma personalidade, típica dessa casta produzida no Chile. Adoro os Pinots chilenos porque eles priorizam a tipicidade da cepa, mas com uma “pegada” incomum, uma boa personalidade.

Então o vinho que degustei e gostei veio da sub região de Valle de Casablanca que fica no Aconcágua, um chileno da tradicional Viña Ventisquero que é o Ventisquero Pinot Noir Reserva da safra 2015. Um vinho estupendo, um Pinot Noir que eu não havia degustado há tempos, mas não quero revela-lo, por inteiro, ainda, apesar da minha excitação para tal. Mas falemos um pouco da importante região de Valle de Casablanca, que fica no Valle de Aconcágua, que vem crescendo vertiginosamente, a olhos vistos.

Valle de Casablanca, Aconcágua

Os primeiros espanhóis no Vale de Casablanca foram os expedicionários liderados, em 1536, pelo avançado Dom Diego de Almagro. O Conquistador, em suas incursões ao longo da costa, entrou na rota Inca, que de Quillota cruzou Limache e Villa Alemana, penetrando o vale de Margamarga em direção aos campos de Orozco. De lá avistou o vale (que os nativos chamavam de Acuyo) cruzando-o para continuar até Melipilla pelo Cordón Ibacache, visitou as colônias de 'Mitimaes' de Talagante, avançou mais para o Leste e depois voltou para Quillota. Em 1540, D. Pedro de Valdivia passou com os seus anfitriões, imitando a estrada para Almagro.

O vale, localizado entre Santiago e o maior porto do Chile, Valparaíso (recentemente declarado Patrimônio da Humanidade) combina todas as condições para tornar-se essencial para todos que visitam o país. Casablanca se caracteriza por ser um vale pre-litoral, localizado na planície costeira da região, a apenas 18 km do mar e rodeado pela serra costeira.

Valle de Casablanca

A origem do nome Casablanca (Casa Branca) está no século XVI, quando foi construída uma casa de adobe caiada a oeste da cidade. Em 1755, os trabalhos preparatórios para a nova cidade prosseguiram e o seu traçado original foi delineado - de acordo com a tradicional grelha espanhola - por Dom Joseph Bañado y Gracia, juiz agrimensor do Bispado. Quando as primeiras casas foram construídas, algumas medidas foram ditadas a fim de garantir o progresso da população. Foi nomeado um Tenente General do Partido Casablanca, dependente do prefeito de Quillota, que também recebeu ordens do Governador de Valparaíso em caso de defesa do referido porto. Embora, no início, a população tenha crescido, a rivalidade entre José Montt e Dom Francisco de Ovalle pôs em risco o seu desenvolvimento, quando este último reivindicou os direitos sobre o terreno onde fora construída a vila, visto que os habitantes iam abandonando o terreno por entender que eles iriam perdê-los se Ovalle ganhasse o processo. O contencioso durou toda a segunda metade do século XVIII e a situação normalizou-se quando os herdeiros dos litigantes encerraram a ação, reconhecendo o fundamento e os direitos dos seus habitantes.

Casablanca tem uma clara influência marítima, clima bem mais frio, com neblinas matinais e uma amplitude térmica de até 19 graus entre o dia e a noite, o que favorece a lenta maturação das uvas. A temperatura media do verão é de 14,4 graus, as chuvas se concentram entre os meses de maio e outubro, com um amédia anual de 450 mm. A influência marítima que o vale recebe faz com que a temperatura média seja moderada, alcançando não mais do que 20º C durante o período vegetativo. Isso cria excelentes condições para as variedades brancas, como Sauvignon Blanc e Chardonnay, refletindo-se na frescura e no intenso aroma cítrico de seus vinhos. Os meses com riscos de geadas são setembro e outubro, ficando bem mais seco entre novembro e abril, época do crescimento e maturação das uvas. A colheita, diferente de outros vales, acontece mais tarde, a partir de 15 de março até final de abril. Essas características climáticas trazem vinhos de qualidade superior, com muita concentração de fruta, acidez muito boa e um final brilhante.

A região é dominada pelas castas brancas, que correspondem a 75% da área plantada. Lá reina a Chardonnay, que ocupa mais de 1.800 hectares. Outras variedades importantes são a Sauvignon Blanc (mil hectares), a Merlot (430 ha) e a Pinot Noir (426 ha). Esta última, apesar de ser apenas a quarta mais plantada, forma, junto com a Chardonnay, a dupla de uvas emblemáticas da região.

E agora o vinho!

Na taça goza de um vermelho rubi brilhante, um tanto quanto escuro, para o Pinot Noir, mas apresentando um brilho típico da casta, com lágrimas finas e em média intensidade desenhando as paredes do copo.

No nariz traz aromas de frutas vermelhas maduras como cereja, por exemplo, com toques delicados de flores, toque floral que entrega suavidade e elegância ao vinho, com notas de baunilha e torrefação, graças a passagem por 10 meses em barricas de carvalho, de 70% do vinho.

Na boca é complexo e com médio corpo, mas que não perdeu, em momento algum, a tipicidade da casta, trazendo delicadeza, frescor, graças a sua acidez equilibrada e de média intensidade e de taninos finos e domados. Traz um pouco da madeira, bem discreto e bem integrado ao vinho, com toques de café.

Um autêntico Pinot Noir chileno, seu terroir, sua tipicidade assinada por uma região importante e com vocação para a produção da casta. O DNA está na cultura, no saber fazer de seus produtores, de sua gente, a terra faz a sua parte. Um Pinot Noir chileno que entrou para a minha história de degustação, emblemático, poderoso, expressivo, mas delicado, elegante como característica essencial e importante desta linda cepa. Um vinho versátil e saboroso, que enche a boca e que tem uma vocação gastronômica que impressiona. Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Viña Ventisquero:

Liderada por uma equipe jovem, criativa e empreendedora, em 1998 começou  produção da Viña Ventisquero, sob o slogan “um passo além”. A ideia foi elaborar vinhos de alta qualidade, vanguardistas e modernos, combinados com uma nova maneira de se comunicar com o público-alvo e os processos de marketing. Ela é apenas um dos ramos de poderosa holding chamada Agrosuper, que comercializa carne, frango, porco, peru, frutas, embutidos, além de vinho. Criada em 1998 por Gonzalo Vial, a vinícola tem hoje 1.500 hectares de vinhedos em diferentes regiões como os vales de Casablanca, do Maipo, de Rapel, de Colchagua e de Apalta. O nome Ventisquero deriva de um glaciar, massa de gelo que se concentra nas montanhas. Da mão do enólogo-chefe, Felipe Tosso, a vinícola surgiu em 2003 no Maipo Costa, área onde nasceram os primeiros vinhos. Depois de três anos, foram dados novos passos no Vale de Casablanca e no Vale de Colchágua, mais precisamente no Vale de Apalta, berço dos vinhos de alta gama da Ventisquero. Uma das características da vinícola é a preocupação com o meio ambiente, desde o plantio, que obedece à agricultura orgânica, até a redução de emissões de CO2 nos transportes de seus vinhos. Outra é a alta tecnologia que permite à equipe de enólogos acompanharem todo o processo do vinho. Outro fator que concorre para a qualidade dos vinhos é a disponibilidade de recursos. Só um açude construído no meio dos vinhedos para captar a água dos Andes custou dois milhões e meio de dólares. Buscando consolidar qualidade, se aventuraram a criar vinhos ícones com John Duval, um dos mais prestigiados enólogos da Austrália e do mundo. Com vinhedos nas melhores áreas vitivinícolas do Chile (Lolol é um exemplo), e um forte trabalho de pesquisa em terroir, o desafio foi oferecer a melhor qualidade e consistência nos vinhos Ventisquero. Com escritórios nos EUA, Espanha, Inglaterra e Japão e presença em mais de 55 países, é uma das cinco vinícolas mais importantes do Chile.

Mais informações acesse:

http://www.vinaventisquero.com/en

Referências:

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=CASABLANCA

“Portal Casablanca”: http://valle.casablanca.cl/zona/zona1.shtm

 

 

 





sábado, 15 de agosto de 2020

Ventisquero Reserva Carménère e Syrah 2015


Acredito fortemente que tradição e modernidade podem sim, se complementar, ter uma simbiose, um potencializando o outro. Claro que a tradição vem primeiro! Todo vinho se torna emblemático quando tem a personificação do seu terroir, a assinatura de sua tipicidade, da cultura da terra desenhando as características mais marcantes de um vinho, é como degustar uma região, um país, é como se tudo isso, embora seja de uma complexidade inimaginável de entender, estivesse em uma taça para nosso deleite em uma agradável degustação celebrando rituais. O contemporâneo traz o frescor, doses delicadas de novidade, de novos prazeres e experiências que torna o vinho arrojado e dinâmico, o tempero da novidade nos surpreende positivamente, sem soar datado e previsível. Foi o que aconteceu com a minha degustação de hoje. Uma casta, emblemática e importante de um país, considerado como o Novo Mundo entre os grandes produtores espalhados pelo mundo, mas que ostenta uma tradição ilibada, mas que, neste rótulo expressou todo frescor da novidade, todo o arrojo de que falei nas linhas desse texto. Afinal a Carménère no Chile é o DNA vitivinícola deste país.  É o que o projeta para o alto, para longe, fazendo do mesmo, um dos recantos da cultura do vinho.

Então parte do “mistério” do vinho que degustei e gostei já foi desvendado, e o desfecho vem com o seu nome, que traz o nome de uma das mais importantes vinícolas do Chile nos últimos 20 anos e que traz na sua filosofia a preocupação com o novo, sem desviar suas intenções da essência e do terroir. Falo da Viña Ventisquero com o seu Ventisquero Reserva com o corte de Carménère (85%) e Syrah (15%) da safra 2015, da região, também emblemática, do Vale do Colchagua, que ostenta uma DO (Denominação de Origem). Um vinho que definitivamente me surpreendeu pela austeridade, pelo corpo e estrutura, mas que traz um arrojado frescor e maciez, tornando-o moderno, equilibrado e muito, muito elegante. Mas antes de falar do vinho, vou falar, brevemente, sobre a importante Vale do Colchagua para a vitivinicultura chilena.

Vale do Colchagua

O Vale do Colchágua está localizado à aproximadamente 180 km de Santiago no centro do país, exatamente entre a Cordilheira dos Andes e o Pacífico. É cortado pelas águas do rio Tinguiririca, suas principais cidades são San Fernando e Santa Cruz, e possui algumas regiões de grande valor histórico e turístico como Chimbarongo, Lolol ou Pichilemu. Colchágua significa na língua indígena “lugar de pequenas lagunas”.

Vale do Colchagua

A fertilidade de suas terras, a pouca ocorrência de chuva e constante variação de temperatura possibilita o cultivo de mais de 27 vinhas, que, com o manejo certo nos grandes vinhedos da região e padrões elevados no processo de produção, faz com que os vinhos produzidos no vale sejam conhecidos internacionalmente, com alto conceito de qualidade. Clima estável e seco (que evita as pragas), no verão, muito sol e noites frias, solo alimentado pelo degelo dos Andes e pelos rios que desaguam no Pacífico, o Vale de Colchágua é de fato um paraíso para o cultivo de uvas tintas e produção de vinhos intensos. Em Colchágua, predomina o clima temperado mediterrâneo, com temperaturas entre 12ºC como mínima e 28ºC, máxima no verão e 12ºC e 4ºC, no inverno. Com este clima estável é quase nenhuma variação de uma safra para a outra; e a ausência de chuva possibilita um amadurecimento total dos vários tipos de uvas cultivadas na região. Entre as principais variedades de uvas presentes no Vale de Colchágua estão as tintas Cabernet Sauvignon, Merlot, Carmenère, Syrah e Malbec, que representam grande parte da produção chilena. O cultivo das variedades brancas, apesar de em plena ascensão, ainda se dá de forma bastante reduzida se comparada às tintas; as principais uvas brancas produzidas no vale são a Chardonnay e a Sauvignon Blanc. Ambas as variedades resultam vinhos premiados e cultuados por especialistas e amantes do vinho.

E agora o vinho!

Na taça apresenta um lindo vermelho rubi com reflexos violáceos brilhantes com lágrimas finas em profusão que desenham as paredes do copo por algum tempo até se dissipar.

No nariz trazem fantásticos aromas de frutas negras e maduras como ameixas e amoras, com toques florais e de baunilha e notas terrosas.

Na boca se reproduz, de forma maravilhosa, as notas frutadas, sendo estruturado, com alguma complexidade, taninos presentes, mas aveludados, com uma boa acidez que confere ao vinho muito frescor, apesar de ser encorpado, com discretas notas amadeiradas e de chocolate, graças aos 70% do vinho ter passado por 10 meses em barricas de carvalho, mais 3 meses em garrafa. Final persistente e frutado.

A linha reserva da Ventisquero, em especial esse corte fantástico da Carménère com a Syrah, castas que são verdadeiros ícones no Chile, trouxeram uma combinação especial para este vinho. Mostra um vinho frutado, fresco, saboroso, mas de grande personalidade, estruturado, carnudo, fácil de degustar, sendo ainda harmonioso, redondo e elegante. Harmoniza muito bem com massas, carnes, queijos semi duros e diria uma refeição. Um vinho versátil e com um teor alcoólico de 13% muito bem integrados.

Sobre a Viña Ventisquero:

Liderada por uma equipe jovem, criativa e empreendedora, em 1998 começou  produção da Viña Ventisquero, sob o slogan “um passo além”. A ideia foi elaborar vinhos de alta qualidade, vanguardistas e modernos, combinados com uma nova maneira de se comunicar com o público-alvo e os processos de marketing. Ela é apenas um dos ramos de poderosa holding chamada Agrosuper, que comercializa carne, frango, porco, peru, frutas, embutidos, além de vinho. Criada em 1998 por Gonzalo Vial, a vinícola tem hoje 1.500 hectares de vinhedos em diferentes regiões como os vales de Casablanca, do Maipo, de Rapel, de Colchagua e de Apalta. O nome Ventisquero deriva de um glaciar, massa de gelo que se concentra nas montanhas. Da mão do enólogo-chefe, Felipe Tosso, a vinícola surgiu em 2003 no Maipo Costa, área onde nasceram os primeiros vinhos. Depois de três anos, foram dados novos passos no Vale de Casablanca e no Vale de Colchágua, mais precisamente no Vale de Apalta, berço dos vinhos de alta gama da Ventisquero. Uma das características da vinícola é a preocupação com o meio ambiente, desde o plantio, que obedece à agricultura orgânica, até a redução de emissões de CO2 nos transportes de seus vinhos. Outra é a alta tecnologia que permite à equipe de enólogos acompanharem todo o processo do vinho. Outro fator que concorre para a qualidade dos vinhos é a disponibilidade de recursos. Só um açude construído no meio dos vinhedos para captar a água dos Andes custou dois milhões e meio de dólares. Buscando consolidar qualidade, se aventuraram a criar vinhos ícones com John Duval, um dos mais prestigiados enólogos da Austrália e do mundo. Com vinhedos nas melhores áreas vitivinícolas do Chile (Lolol é um exemplo), e um forte trabalho de pesquisa em terroir, o desafio foi oferecer a melhor qualidade e consistência nos vinhos Ventisquero. Com escritórios nos EUA, Espanha, Inglaterra e Japão e presença em mais de 55 países, é uma das cinco vinícolas mais importantes do Chile.

Mais informações acesse:


Fonte para pesquisa sobre o Vale do Colchagua: