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quinta-feira, 8 de agosto de 2024

Finca El Lince Monastrell 2017

 



Vinho: Finca El Lince

Safra: 2017

Casta: Monastrell

Região: Jumilla

País: Espanha

Produtor: Bodegas Alceño (Familia Bastida)

Adquirido: Wine

Valor: R$ 65,90

Teor Alcoólico: 14%

Estágio: 8 a 9 meses em barricas de carvalho, sendo que 50% francês e 50% americano.

 

Análise:

Visual: apresenta um rubi com alguma intensidade, com reflexos, já evidentes, de um granada denotando os seus sete anos de garrafa, com lágrimas grossas, lentas e coloridas.

Nariz: trazem aromas evidentes de frutas pretas e vermelhas maduras, com destaque para framboesas e ameixas. As notas amadeiradas são sentidas, porém, de forma discreta, dando o aporte de baunilha, carvalho, leve toque de chocolate e especiarias.

Boca: é encorpado, tem personalidade e complexidade, porém é elegante, devido, primordialmente, ao seu tempo em garrafa. As notas frutadas ao paladar são replicadas, bem como a discrição do amadeirado, com um toque agradável de baunilha e chocolate meio amargo. Final longo e agradável.

 

Produtor:


segunda-feira, 29 de abril de 2024

Tarima Monastrell 2017

 



Vinho: Tarima

Casta: Monastrell

Safra: 2017

Região: Alicante

País: Espanha

Produtor: Bodegas Volver

Teor Alcoólico: 14,5%

Adquirido: Evino

Valor: R$ 74,90

Estágio: 6 meses em barricas de carvalho francês.

 

Análise:

Visual: revela um rubi intenso, escuro, profundo com entornos arroxeados, violáceos, com lágrimas em profusão, lentas e coloridas.

Nariz: é muito aromático com destaques para frutas negras maduras, com destaque para a cereja preta, além das notas amadeiradas discretas e bem integradas, com aporte de chocolate, caramelo e baunilha.

Boca: é complexo, cheio, alcoólico, dotado de personalidade, mas macio e elegante garantido pelos sete anos de garrafa, com taninos gordos, mas equilibrados, amadeirado, acidez média e final cheio e persistente.

 

Produtor:

https://bodegasvolver.com/?lang=en


segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

Genio Español Monastrell 2015

 

É inacreditável o quão ilimitado e inesgotável é o universo do vinho! Por isso não me canso de dizer que, ou melhor, usar a palavra “universo”. É a mais apropriada para quem, principalmente, não se deixa seduzir pela temida zona de conforto que insiste em nos travar e degustar sempre aqueles vinhos e castas que gostamos.

Evidente que degustar o vinho que apreciamos não é nenhum pecado de morte, mas seria no mínimo uma leviandade de nossa parte abrir mão de uma infindável gama de regiões, de castas espalhadas pelo planeta.

E mais uma vez terei um momento único, singular! Um privilégio digno de poucos! Degustar mais um vinho emblemático, de castas e regiões importantes que até então não tinha desbravado em degustações: Falo da região espanhola de Jumilla e a principal cepa por lá produzida: Monastrell ou como preferir, a Mouvèdre, como é conhecida em terras francesas.

Pode parecer estranho e até ridículo tamanha exaltação! Como é a primeira vez degustando um Monastrell espanhol? Como degustando pela primeira vez um vinho de Jumilla? Talvez seja mesmo, mas nada tão estimulante quanto a primeira vez, e começa com um vinho que custo menos de R$40 à época!

Um vinho que certamente estará em minha memória por todo sempre! Mas não quero, pelo menos agora, falar do vinho, mas de Jumilla. A região vem despontando, nos últimos anos, como uma região que vem produzindo vinhos frutados, de personalidade e joviais, mas que também entrega rótulos de complexidade e boa longevidade.

Não é à toa que sempre digo e defendo que a Espanha tem muito mais a oferecer, além das emblemáticas Rioja e Ribera del Duero. E quando tivermos a percepção e consciência de que regiões “undergrounds” podem oferecer grandes rótulos, poderemos, de alguma forma, mobilizar o mercado a ofertar mais rótulos dessas regiões.

Talvez a minha animação não se justifique, mas o fato é que sonhar não custa absolutamente nada e que no futuro vejo mais regiões espanholas ganhem projeção como estamos vendo Utiel-Requena, Navarra etc. Afinal nós merecemos, sobretudo aqueles que desbravam o universo ainda inexplorável do vinho!

Então sem mais floreios vamos às apresentações do vinho! O vinho que degustei e gostei veio da região de Jumilla e se chama Genio Español da casta Monastrell da safra 2015. Aos oito anos o vinho ainda se mostra relevante, elegante e complexo e arrisco em dizer que evoluiria com maestria por mais alguns anos.

E para não perder o costume vamos também às histórias, afinal, já que as apresentações da Monastrell e da região de Jumilla se faz em estreia, nada mais oportuno que falar um pouco de cada um.

Jumilla

Jumilla é uma região espanhola que tem despontado nos últimos anos, produzindo alguns vinhos saborosos e frutados. Localizada no sudeste da Espanha, a área é uma das denominações mais antigas do país, tendo sido estabelecida em 1966. A região vinícola de Jumilla produz vinhos no sudeste da Espanha. Especificamente em uma área localizada entre as províncias de Albacete e Murcia, cujo epicentro é o município de Jumilla.

Jumilla

Os vinhos destacam-se pela enorme qualidade e reconhecimento internacional. Na verdade, a Monastrell, a principal casta, destaca-se pelo seu grande reconhecimento mundial. Por esta razão, os vinhos Jumilla são tão populares e importantes.

Jumilla possui atualmente cerca de 25.000 hectares de vinhedos. Neles, a casta Monastrell, como disse, é a que mais se destaca e com a qual se elaboram os seus grandes vinhos. Além disso, mais variedades como Airén, Chardonnay ou Merlot são cultivadas, embora em proporções menores.

É uma região vitivinícola com muita história, já que foram encontrados vestígios de 3.000 aC. Consequentemente, os principais estudos históricos sugerem que em Jumilla o vinho é feito desde a Antiguidade ou antes. Por isso, é sem dúvida uma região com muita tradição e cultura vinícola.

Embora, não foi até o século XIX quando o crescimento da vinha em Jumilla foi enorme devido às necessidades globais de produção de vinho. Isso ocorreu porque uma praga conhecida como Phylloxera devastou grande parte dos vinhedos europeus. Portanto, em Jumilla, esta ocasião poderia ser aproveitada para aumentar sua produção e exportação de vinho.

O clima continental da região é suavizado pela proximidade com o mar Mediterrâneo, mas permanece marcado pelo caráter árido e pela baixa pluviosidade, com chuvas extremamente irregulares e longos períodos de seca. As precipitações ocorrem, principalmente, na primavera e outono, com um índice de apenas 300 mm por ano.

A região espanhola de Jumilla é formada por amplos vales e planícies, com altitudes variantes entre 400 e 800 m acima do nível do mar. Atualmente, a área vinícola abrange cerca de 32.000 hectares, dos quais 45% localizam-se na província de Murcia, e o restante em Albacete.

Os solos de Jumilla contêm calcário pardo e calcário com crosta de cal, ou seja, possuem uma grande capacidade hídrica e mediana de permeabilidade, possibilitando o cultivo das vinhas até mesmo em épocas de seca prolongada.

A Denominação de Origem (DO) de Jumilla foi criada em 1996. Seu regulamento atual foi aprovado em novembro de 1995, substituindo o de maio de 1975, futuramente recebeu uma emenda em abril de 2001.

Os vinhos com a denominação Jumilla podem ser produzidos a partir das uvas permitidas pelo órgão regulador, como Tempranillo, Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah, Pedro Ximénez e Malvasia e, claro, Monastrell. 

DO Jumilla

Os exemplares tintos, principalmente os jovens, são marcados pela forte expressão aromática, taninos vivos e coloração escura e intensa, variando desde o vermelho púrpura até tons de roxo. Jumilla produz ainda vinhos licorosos, rosés, brancos e doces, no entanto, os que recebem maior destaque na região são os tradicionais doces e os vinhos de licor.

Em conjunto, os vinhos de denominação de origem Jumilla são exemplares que alcançaram um alto nível dentro do cenário vinícola da Espanha, sendo vinhos bastante premiados em concursos, tanto nacionais quanto internacionais.

Os vinhos da região de Jumilla têm revelado um grande potencial desde o início dos anos 90. O último ataque da phylloxera em 1989 conduziu a um novo começo: os vinhedos foram replantados para produzir vinhos tintos leves e frutados e vinhos brancos e rosés feitos de uvas nativas como a Monastrell, assim como as importadas Syrah e Merlot.

Ao mesmo tempo, cuidadosas colheitas e investimento em novos equipamentos melhoraram a qualidade dos vinhos. O resultado é uma nova geração de vinhos elegantes, alguns orgânicos, e a maioria sendo jovens, na qual a uva Monastrell está mostrando resultados notáveis nas mãos de habilidosos produtores. Os vinhos de Jumilla começaram, então, a causar grande impacto no mercado internacional.

Monastrell

Essa uva espanhola com sotaque francês e que produz excelente vinhos, sozinha ou em comunhão com outras castas, teve sua primeira menção ao seu nome original – Monastrell – no longínquo século 14! Sendo, juntamente com a Bobal, uma das variedades mais importantes da região de Valência na época.

O nome deriva do latim monasteriellu, um diminutivo de monasteriu, que significa “mosteiro”, sugerindo que a variedade foi cultivada e propagada por monges na região de Valência, Espanha.

Apesar de ali ser apresentada para o mundo, estudos apontarem que sua origem é bem mais antiga, a casta teria sido introduzida na região pelos fenícios por volta de 500 a.C., quando estes fizeram as primeiras viagens do que hoje conhecemos como oriente médio até a Península Ibérica.

Seu outro nome famoso, o francês Mourvèdre, traz uma pista de onde a uva se desenvolveu já na Espanha e de onde teria saído para conquistar o mundo. Afinal, Camp de Morvedre (Murviedro em espanhol) foi até 1868 o nome catalão para a cidade de Sagunto, um importante porto vinícola ao norte de Valência.

Camp de Morvedre

Assim como Mataró, ou Mataro, é um nome também derivado de uma cidade na costa do Mediterrâneo, entre Barcelona e Valência, um dos grandes terroirs por excelência da casta.

A Monastrell se adapta melhor em regiões com climas secos e quentes. A variedade apresenta bagas pequenas e de espessura média – combinação ideal para dar origem a vinhos com cor intensa e altos níveis de taninos. Seus aromas são complexos e muito distintivos, assim como os seus taninos.

Estas características tornam a variedade um potente ingrediente de mistura, principalmente, ao lado da picante uva Syrah e da rica Grenache. As uvas Carignan e Cinsaut também aparecem frequentemente nos rótulos com a Monastrell, principalmente por conta da tradição destes vinhos, do que pelo aroma ou sabor. Na França, a Monastrell é uma variedade chave nas regiões de Provence e no sul do Vale do Rhône, onde é um dos principais componentes dos tradicionais vinhos Chateauneuf-du-Pape e Côtes du Rhone.

A variedade sofreu muito na década de 1880, quando a praga filoxera assolou os vinhedos da Europa, destruindo inúmeras plantações. Seus redutos notáveis durante este tempo se formaram em torno de Bandol, que possui solos arenosos onde a filoxera não consegue sobreviver. Nos dias de hoje, as vinhas da Monastrell ainda se encontram nas encostas litorâneas de Bandol e a variedade constitui, pelo menos, metade dos vinhos tintos tânicos e os rosés delicadamente picantes da região.

Na Espanha, as modernas técnicas vinícolas mudaram o foco para as uvas Tempranillo e Cabernet Sauvignon, mas a Monastrell hoje se tornou uma das uvas mais plantadas com cerca de 40 mil hectares, mas o grande expoente nos últimos anos é sem dúvida a França. Em 50 anos o país passou de 500 hectares plantados para 10 mil, principalmente nas regiões do Rhône e do Languedoc-Roussillon.

Já na Austrália e na Califórnia, a Monastrell é conhecida como Mataro, embora o prestígio do seu nome francês tenha conquistado os produtores, que abandonaram o termo Mataro. Os vinhos australianos e californianos elaborados com a variedade são tipicamente mais ricos e mais frutados do que aqueles produzidos no Mediterrâneo.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um vermelho rubi intenso, quase escuro, com halos evoluídos, acastanhados, denotando seus oito anos de garrafa, com profusão de lágrimas grossas e lentas que desenham o bojo.

No nariz traz aromas complexos de frutas pretas maduras com destaque para a cereja negra, ameixa e notas amadeiradas, com evidência para o tostado, a torrefação, a baunilha, o tabaco, couro, mas em total sinergia com a fruta. Percebe-se também especiarias, algo de herbáceo e terra molhada.

Na boca tem médio corpo, com grande amplitude de boca, um vinho volumoso, cheio, mas com alguma elegância, fácil de degustar, saboroso. Os 12 meses em barricas de carvalho definitivamente traz o aporte do tostado, do chocolate, da baunilha, cacau, coco queimado bem como a fruta bem integrada, em convergência com a madeira, o mesmo percebido no aspecto olfativo. Traz taninos macios, sedosos, mas presentes, com acidez baixa para média e um final persistente e um discreto adocicado.

Profundo e elegante, frutado e complexo! Um vinho multifacetado e que certamente agradaria a todos os paladares, dos iniciantes aos mais exigentes e experientes. Assim é Genio Expañol Monastrell. Os seus oito anos de vida lhe garantiu esse equilíbrio e mesmo a Monastrell ser, na sua gênese, uma casta robusta, taninosa e potente, neste rótulo se mostrou fácil de degustar e complexo, ao mesmo tempo. Grata novidade, surpreendente vinho e sedutor terroir! Espero que muito em breve possa ser arrebatado, mais uma vez por rótulos de Jumilla. Tem 14% de teor alcoólico.

Sobre a Família Bastida:

A Família Bastida, com adegas pertencentes a diferentes Denominações de Origem desde 1870 e várias gerações dedicadas exclusivamente ao mundo dos vinhos, trabalha com profundo entusiasmo neste projeto com o objetivo de agrupar diferentes Denominações de Origem de Espanha, procurando as especificações de cada um em tramas únicas em pequenas produções.

Isto oferece ao consumidor uma vasta gama de vinhos da Península Ibérica que apresentam a melhor relação preço-desempenho, algo comprovado por um grande número de prémios nacionais e internacionais que recebeu e vem recebendo ao longo dos anos.

Mais informações acesse:

http://familiabastida.com/en/

Referências:

“Compra-vino”: https://www.compra-vino.com/pt/jumilla#

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/regiao/jumilla

“Vinho Virtual”: http://www.vinhovirtual.com.br/regioes-87-Jumilla

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/monastrell

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/mourvedre-voce-precisa-provar-uva-que-anda-mais-falada-do-que-nunca_13168.html


 




 


domingo, 8 de maio de 2022

Palacio del Conde Gran Reserva Tempranillo e Monastrell 2015

 

Quando buscamos a proposta de vinhos amadeirados quais são os vinhos e os países que vem à mente? Não há como se esquecer dos vinhos do Velho Mundo, sobretudo da Espanha e Itália! As opções são diversas, nas propostas e preços. Claro que os italianos, capitaneados pelos Chiantis, Brunelos e Barolos são mais caros, chegam ao Brasil com valores mais elevados, já os espanhóis trazem consigo algumas opções mais palpáveis para bolsos mais vazios.

Claro que há as regiões badaladas que consequentemente são mais caras, tais como Rioja e Ribera del Duero, por exemplo, mas atualmente há opções ótimas de outras regiões que, a cada dia, vem ganhando notoriedade no Brasil, por exemplo, que trazem também preços, valores mais atrativos, bem como também rótulos atraentes sim.

Cito aqui regiões como Utiel Requena, Valdepeñas, Navarra e a minha mais nova queridinha Castilla La Mancha, são algumas que valem a pena um olhar mais atencioso e carinhoso. Há sim, claro, algumas regiões com produção de grande volume, mas, penso, no ápice de minha simplicidade enófila, que temos de rever conceitos de que vinhos de volume é sinônimo de má qualidade e perceber que as regiões acima mencionadas vem crescendo significativamente na tecnologia de ponta para produção de vinhos e que, há pouco tempo atrás tinha um mercado caseiro e hoje exporta para alguns países, mostrando força e um olhar mais voltado também para a qualidade com vistas a esse investimento para mercados fora de seus domínios.

E com essas opções de vinhos amadeirados, do Velho Mundo que entrega longevidade, capacidade de boa evolução, complexidade e preços atraentes me abriram os olhos e fez com que me interessasse, de forma ávida, admito, por vinhos com essas propostas, por vinhos reserva, gran reserva, os crianzas e que atualmente tem recheado a minha adega como nunca. E pensar que, há alguns anos atrás, eu tinha dificuldade para escolher os vinhos espanhóis.

E hoje decidi desarrolhar um gran reserva de uma região que pouco degustei vinho e que, diante dessa minha nova predileção, viria a calhar. Falo de Valência, uma região, embora tradicional para a produção de vinhos na Espanha, desde tempos imemoriais, não tem a badalação de Rioja e Ribera del Duero. Então já que dizem, e que concordo plenamente, nada mais especial abrir um Gran Reserva espanhol de Valência com as castas mais populares de toda a Espanha.

Quando o vi, em uma das minhas incursões aos mercados, achei demasiadamente barato para a proposta do vinho e, confesso, que me preocupei, com algum receio em compra-lo, mas decidi correr o risco, afinal, comprar risco e aceitar riscos, em algumas situações calculados, claro.

Então sem mais delongas vamos ao vinho que degustei e gostei, e como gostei, uma surpresa estonteante: O nome é Palacio del Conde, um Gran Reserva da região de Valência (DO), composto pelas castas Tempranillo (90%) e Monastrell (10%) da safra 2015. E antes de falar do vinho falemos um pouco de Valência, da Denominação de Origem (DO) de Valência.

Valência (DO)

A produção de vinho no norte da região de Valencia – escrito València na língua local, e também conhecida pelos espanhóis como Levante ou Valenciano – é dominada por antigas áreas de plantações ao redor de Valencia, a terceira maior cidade da Espanha.

Situada no interior da província de Valencia, na zona mais interiorana de Vall d´Albaida, a 80 quilômetros do Mar Mediterrâneo, e com uma altitude média de 600 metros sobre o nível do mar. Esta região do interior do Levante Valenciano possui um clima continental muito especial. Com invernos frios e verões cálidos que se suavizam com o vento que atravessa todo o Vall d´Albaida desde o Mediterrâneo, refrescando todo o vale, e criando assim um microclima ótimo para a viticultura.

 

Valência é uma região que produz vinhos há milhares de anos, segundo arqueólogos. E que, desde 1957, é oficialmente reconhecida e regulada por um conselho constituído formalmente.

Apesar de Valência está na costa leste da Espanha, virada para o Mediterrâneo, poucos vinhedos estão próximos do mar. A maior parte dos vinhedos sofrem influências de clima continental, estando mais próximas do interior.

Na teoria, e segundo a legislação local, cultivadores de Valência podem escolher entre uma longa lista de variedades de uvas autorizadas. Na prática, a maioria prefere plantar as castas Merseguera, Malvasia, Tempranillo, Monastrell e Moscatel. Mas há produtores que produzem outras castas como Bobal, Forcallat, Mandó, as francesas Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah, Pinot Noir, entre as tintas e as brancas são Macabeo ou Viúra, Pedro Ximenez, Tortosina, Verdil, Sauvignon Blanc e Chardonnay. Os tintos oferecem jovialidade, são muito aromáticos e apresentam um equilíbrio de acidez, maciez e tanicidade, já os brancos oferecem vinhos perfumados, brilhantes e transparentes e os rosés frutados e agradáveis. Vale lembrar que, para a minha alegria, eu degustei um surpreendente e maravilhoso Petit Verdot da igualmente maravilhosa Murviedro, da região de Valência, onde fiz uma resenha que pode ser lida aqui.

São 4 as sub regiões valencianas ou sub-regiões da denominação valenciana:

ü  Alto Turia: com solos arenosos e alta altitudes, entre 700 e 1.100 metros, onde destacam-se os brancos frescos, frutados e aromáticos, produzidos principalmente com as castas Merseguera e Macabeo;

ü  Valentino: a maior das sub-regiões, na parte central de Valência, onde a diversidade de solos e climas reflete-se, também, em variedade de vinhos, tanto tintos como brancos;

ü  Moscatel de Valência: com baixas altitudes e clima quente e ensolarado, oferece um dos vinhos mais conhecidos da região, licoroso, sendo o mais representativo da história dessa denominação;

ü  Clariano: subzona do sul da província, na qual mais perto do mar destacam-se as variedades brancas e a tinta Tintoreira, e o interior é reconhecido pelas tintas Monastrell, Cabernet Sauvignon, Merlot e Tempranillo.

Atualmente são cerca de 50 milhões de garrafas de vinhos valencianos, produzidas a cada ano. Mais de 80 vinícolas e quase 12.000 viticultores estão envolvidos no processo de produção desses vinhos. Suas plantações ocupam 13.000 hectares de vinhedos. E os vinhos são exportados para mais de 100 países, incluindo, felizmente, o Brasil, graças ao porto da cidade. Um acordo formal permite que as bodegas de Valencia comprem vinho da região vizinha Utiel-Requena.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um vermelho rubi intenso, brilhante, mas que não é escuro e já com discretos tons atijolados, granada, no entorno, com lágrimas finas e lentas.

No nariz traz um aroma de frutas pretas bem maduras, com destaque para ameixa, amora, cereja preta, frutas secas, como avelã, amêndoa, um toque meio rústico, tendo um amadeirado em destaque, graças aos 24 meses de passagem por barricas de carvalho, além da baunilha, um tostado leve e especiarias, corroborando o tabaco, pimenta e pimentão.

Na boca é seco, com médio corpo, alguma estrutura que o torna marcante, cheio e cremoso e alcoólico, mostrando personalidade e certa complexidade, com as notas frutadas e amadeiradas proeminentes, como no aspecto olfativo, com o aporte do chocolate meio amargo, com uma tosta média, taninos presentes, marcados, mas redondos, acidez equilibrada e um final longo e persistente. Apresenta ainda incrível capacidade de evolução, melhorando a cada taça degustada.

Mais uma vez as percepções sensoriais acerca dos espanhóis amadeirados foram as melhores possíveis. E, mais uma vez também, aqueles pequenos e sutis preconceitos que surgem sorrateiros, em nossas mentes, de que vinhos baratos são perigosos, ruins, caiu por terra. Não é regra que vinhos baratos é ruim, como também não deve ser regra que todos os vinhos baratos são bons. É preciso pesquisar, conhecer o vinho, bem como a sua proposta e sempre visitar o site do produtor para se salvaguardar de algumas tristes revelações na degustação e também para ver se tem uma identificação com o que o vinho pode te entregar. E o que mais me surpreende e de que Palacio del Conde foi um vinho na faixa dos R$ 40,00 e que entrega complexidade, uma capacidade de evolução por anos e anos e com qualidade. Ele estava na sua plenitude, com seus 7 anos e ainda tinha muito a oferecer ao longo dos anos. Definitivamente o que reforça tudo isso é, sem dúvida, o blend: a Tempranillo que se dá muito bem com a barrica de carvalho e a Monastrell que dá o aporte das frutas maduras, mesmo que em pequenas proporções. Que a minha viagem aos espanhóis longevos se torne tão longevas que me permita ter experiências sensoriais únicas. Tem 14% de teor alcoólico. 


Sobre as Bodegas Anecoop:

A Anecoop começou a comercializar vinho em 1986. A oferta das adegas associadas, pertencentes às Denominações de Origem de Valência e Navarra, faz da diversidade uma das vantagens competitivas das Bodegas Anecoop.

Isso permite ter vinhos de alto nível, que, combinando tradição e modernidade em um mesmo produto, conseguem atrair e agradar consumidores de mais de 38 países, com uma relação qualidade/preço imbatível.

O desenvolvimento de novos e melhores produtos é essencial para continuar a surpreender o mercado, assim como a implementação de novas variedades e otimização das existentes, com os meios técnicos mais avançados.

Neste sentido, o trabalho conjunto de viticultores, enólogos e técnicos de qualidade é fundamental para atingir os objetivos traçados.

Mais informações acesse:

https://anecoopbodegas.com/

Referências:

“Cataimport”: https://cataimport.com/espanha/valencia/#

“Vinho Virtual”: https://vinhovirtual.com.br/regioes-123-Valencia

“Revista Sociedade de Mesa”: https://revista.sociedadedamesa.com.br/2016/08/valencia-espanha/

“Tintos & Tantos”: http://www.tintosetantos.com/index.php/denominando/755-valencia#:~:text=Uma%20regi%C3%A3o%20que%20produz%20vinhos,fato%2C%20est%C3%A3o%20pr%C3%B3ximos%20ao%20mar.

 

 




sábado, 13 de fevereiro de 2021

Barahonda Tranco Monastrell e Cabernet Sauvignon 2016

Quando nos lembramos da Espanha no que tange a produção de vinhos associamos imediatamente das castas mais populares, sobretudo em terras brasilis, que chega para o Brasil que são a Tempranillo e a Garnacha. São inegavelmente as mais emblemáticas da Espanha pelos predicados já expostos demasiadamente por especialistas e enófilos. Mas diante de alguns garimpos que estou me dando o direito de fazer neste vasto e inexplorado universo dos vinhos tenho feito algumas descobertas mais do que espetaculares acerca de castas, blends e regiões, especialmente da Espanha e um país com o arcabouço histórico na vitivinicultura como este, não podemos nos privar, não podemos negligenciar para a nossa vida alguns vinhos e rótulos pouco ortodoxos que há por aí.

E nessa caminhada contra a zona de conforto eu descobri um vinho com um corte, um assemblage que considerei no mínimo inusitado e, de quebra, veio no “pacote” uma região que eu nunca havia ouvido falar, enfim, um combo de novidades. A princípio, após contato com o produtor e as informações que este me passou, decidi guarda-lo um pouco mais, deixa-lo evoluir, haja vista que a vinícola informou que o vinho tem uma boa vocação de guarda que gira em torno dos 5 à 10 anos! Contudo tocado pela curiosidade, com 5 anos de vida, acredito que no seu auge, decidi desarrolhá-lo, sem pestanejar, sem hesitações, afinal, essas características, essa apresentação não pode deixar por muito tempo esquecido nos cantos escuros da adega.

Então o momento chegou! O estouro da taça soou como música para os meus ouvidos e a ansiedade deu lugar a sede de degusta-lo, de ouvir o líquido deslizar pelo bojo da minha taça e voilá! O vinho que degustei e gostei veio de uma região espanhola, pouco conhecida chamada Yecla, e se chama Barahonda Tranco composto pelas castas Monastrell ou Mouvedre (75%) e a francesa globalizada Cabernet Sauvignon (25%) da safra 2016. E antes de imergir nos conceitos, qual o motivo do nome “Tranco”?

O nome "Tranco" faz referência a um jogo que o fundador da vinícola, adorava na sua infância. Além disso, Tranco é como algumas pessoas em Yecla chamam videiras grandes e antigas, por isso o rótulo trazendo a imagem de uma videira. Então já que, mais uma vez falamos da pouco badalada região de Yecla, falemos, é claro, dela.

Yecla

Localizada no sul da Espanha, próxima da região de Murcia, a área vinícola de Yecla desperta a atenção do mundo por sua produção de vinhos que prezam pela ótima relação entre qualidade e preço. A uva símbolo de seus vinhedos e, consequentemente, de seus vinhos, é a cepa Monastrell, responsável por dar origem a vinhos tintos encorpados e frutados.


Yecla DO

Yecla obteve a denominação de origem em 1975. Vinte anos antes, as adegas já tinham começado a proclamar a qualidade dos seus vinhos, que, tomando um novo rumo, iam deixando para trás os antigos, mais robustos, para oferecer novos e interessantes tintos de garrafa, a maioria dos quais explora o grande potencial da Monastrell. A Denominação de Origem inclui o termo municipal de Yecla, a sudeste da Península, na Região de Murcia. O relevo Yeclaan, com solos rochosos calcários profundos e altamente permeáveis, delineia uma vinha situada a uma altitude entre 400 e 800 metros acima do nível do mar. A região de Yecla possui clima e terroir únicos, característica elogiada pelo famoso crítico americano Robert Parker. Sua formação peculiar denota um alto grau de qualidade para os vinhos, sobretudo para os que traduzem as nuances da uva Monastrell, que atinge sua expressão máxima nesta região espanhola. A extensão média de vinhedos de Yecla é de 6.500 hectares, em zonas privilegiadas pelo clima continental. A região possui verões curtos e marcados por temperaturas elevadas. Já os invernos, de maior duração, caracterizam-se pelas temperaturas amenas.

As estações são contrastantes e propiciam uma amplitude térmica interessante para as vinhas que se adaptam aos diferentes picos de temperaturas de Yecla. Tal característica oferece um caráter extremamente particular às cepas ali cultivadas. O solo de cultivo da área espanhola também pode variar de um extremo a outro. No campo de baixo, um dos dois locais onde ocorre a plantação de uvas, a altitude é muito elevada, além de o solo ser constituído de calcário. Já no campo de cima, a altitude é bem mais baixa e o solo é majoritariamente argiloso. Apesar da uva tinta Monastrell ser a dona do maior prestígio na região de Yecla, outras castas podem ser encontradas nos vinhedos hispânicos, entre as quais, destacam-se as de coloração branca Sauvignon Blanc, Airén, Malvasia, Macabeo, Chardonnay e Moscatel e, no caso das variedades tintas, despontam as uvas Tempranillo, Syrah, Garnacha Tinta, Cabernet Sauvignon e Garnacha Tintorera. 

A região de Barahonda, que dá nome a vinícola, está localizada na Denominação de Origem Yecla, na região do Altiplano, uma zona de transição entre o planalto e o Mediterrâneo cercada por um anel de baixas montanhas e montanhas. A antiga tradição vitivinícola desta região remonta à época dos fenícios, que já cultivavam a vinha nestas terras de solo pobre e clima extremo. Nos últimos anos, o pequeno DO Yecla ganhou rápido reconhecimento pelo caráter peculiar e pela qualidade dos seus vinhos elaborados com a casta nativa Monastrell.

E agora o vinho!

Na taça revela um lindo e brilhante vermelho rubi intenso, escuro, mas com entornos violáceos, com lágrimas finas e abundantes que desenham e teimam em se dissipar das paredes da taça. Uma bebida caudalosa, que “mancha” a taça, já mostrando a sua potência.

No nariz apresenta uma explosão de frutas vermelhas e negras com destaque para a cereja, framboesa, ameixa e amora, com um delicado e agradável toque amadeirado.

Na boca é volumoso, estruturado, o aporte das frutas vermelhas e negras é percebida, como no aspecto olfativo, uma verdadeira compota de frutas, mas é muito equilibrado e até macio, mostrando que está no auge de sua condição. Tem taninos gulosos e presentes, mas contidos, com uma ótima acidez, além do amadeirado graças aos 3 meses de passagem por barricas de carvalho que a Cabernet Sauvignon, neste blend, passou. Um final de média persistência com retrogosto frutado.

O tempo certamente poderia conspirar a favor do Barahonda Tranco, mas o auge entregou um vinho robusto, pleno, poderoso, quente e impetuoso. Talvez diria que o tempo não passou de um mero detalhe, não passou de um mero coadjuvante com o protagonismo de um grande vinho de uma região pouco conhecida, mas em franco crescimento em termos de visibilidade, de credibilidade e que entregam, pela impressão que tive, acerca desse rótulo vinhos expressivos, de personalidade marcante. Um vinho equilibrado, redondo, vivo e que inundou de prazer e celebração o meu dia. Produzido com uvas colhidas a mais de 2 mil metros de altitude, esse rótulo conquistou medalha de ouro no Concours Mondial Mundus Vini 2016 e 89 pontos Robert Parker. Tem 14,5% de teor alcoólico que, embora alto e evidente no paladar, está muito bem integrado ao conjunto do vinho. Que vinho!

Esse Barahonda Tranco harmonizou com queijo provolone

Sobre a Bodega Señorio de Barahonda:

A história da Barahonda teve início em 1850, quando Pedro Candela Soriano começou a produzir e a comercializar pequenas quantidades de vinho na região espanhola de Yecla. Em 1925, Antonio Candela García fundou oficialmente uma pequena vinícola, a Bodegas Antonio Candela, a primeira da família Candela. Alguns anos depois, Antonio Candela Poveda assumiu o comando, aumentando a dimensão do projeto. Atualmente, já na quarta geração da família, os dois filhos de Poveda, Alfredo e Antonio, são os responsáveis por gerir os negócios familiares.

Em 1999, eles construíram uma nova vinícola, batizada de Barahonda, nome de um vinhedo que pertence à família Candela há mais de sete gerações. A vinícola Barahonda foi fundada com a filosofia de produzir rótulos de alta qualidade, engarrafados sob a Denominação de Origem Yecla, mas sem perder a essência da origem familiar. Ao longo dos anos, cada pai passava para o filho toda a tradição, conhecimento e a paixão pelo vinho. Focada na elaboração de exemplares expressivos, a Barahonda conquista novos prêmios, reconhecimento e altas pontuações a cada nova safra, dos melhores críticos do mundo do vinho. O logo da Barahonda tem como símbolo uma garrafa de vinho com raízes, para expressar a ligação com a terra e a videira. A vinícola foca na produção de uvas de alta qualidade, para mostrar o potencial e a tipicidade do terroir local.

Mais informações acesse:

https://www.barahonda.com/

Referências de pesquisa:

“Barahonda”: https://www.barahonda.com/do-yecla/

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/regiao/yecla

“Winepedia”: https://www.wine.com.br/winepedia/enoturismo/vinicola-exclusiva-barahonda/