Grillo
Nome engraçado para uma uva. Traduzindo do italiano, pode
significar grilo mesmo, o inseto, mas pode significar, também, em sentido
figurativo, capricho. Será essa uva um capricho da natureza?
Estudos de DNA mostraram que a Grillo é um cruzamento natural
entre as castas Catarrato Bianco e Muscat de Alexandria.
E qual a história da Grillo? Algumas evidências sugerem que
essa uva é muito antiga, já utilizada na época da Roma Antiga para elaborar um
vinho siciliano chamado Mamertino, que era o preferido, inclusive, do poderoso
Júlio César.
Outra versão dos fatos conta que a Grillo seria nativa de
Puglia, e teria chegado na Sicília apenas no século 19. O fato é que a Grillo é
uma cepa perfeitamente adequada ao clima siciliano, quente e seco.
A cepa Grillo desempenha um importante papel em muitos vinhos
da Sicília, principalmente no mais famoso deles, o fortificado Marsala, cuja
popularidade não está tão forte atualmente.
Se, por um lado, a Grillo perdeu espaço nos vinhedos
sicilianos durante o século 20, quando os altos rendimentos da Catarratto,
seduziram os produtores, agora o movimento em busca de maior qualidade tem
sinalizado um resgate do interesse pelo cultivo da Grillo.
Trata-se de uma uva com altos níveis de açúcar, com
capacidade de naturalmente produzir vinhos de alto teor alcoólico.
Pode produzir perfeitamente vinhos leves e fáceis de beber,
com resultados semelhantes, por exemplo, à Pinot Grigio. É capaz de demonstrar
toda a sua graça em versões fortificadas como a Marsala. Ou pode simplesmente
encantar em vinhos de colheita tardia, que apresentam uma cor dourada que
evolui para âmbar, com o passar do tempo.
Os vinhos elaborados da casta Grillo apresentam aromas de
frutas cítricas, maçãs, peras e amêndoas.
E agora finalmente o vinho!
Na taça revela um amarelo palha tendendo para o dourado,
devido ao seu reluzente brilho, com algumas lágrimas finas e lentas,
denunciando o seu alto teor alcoólico para um vinho branco, 13%.
No nariz exalta a sua exuberância aromática com o
protagonismo das notas frutadas, frutas de polpa branca, frutas cítricas, onde
se destacam a laranja, pera, maçã-verde, cascas de limão, abacaxi, além de
toques florais e minerais dando a sensação de muito frescor e leveza.
Na boca é fresco e leve, mas que entrega, ao mesmo tempo,
alguma untuosidade, um discreto amanteigado que mostra certa personalidade ao
vinho, um pouco alcoólico sem agredir, com as notas frutadas em evidência, como
no aspecto olfativo, ótima acidez, que saliva, arrisco até taninos, discretos,
claro e um final longo e persistente.
É um prazer que não se cessa quando se degusta, pela primeira
vez, vinhos cujas castas ou regiões não conhecia. E degustar uma casta
pouquíssima conhecida em nossas terras e que sequer é popular em sua região,
considero esse momento especial. Um vinho simples, com uma proposta direta, mas
singular no seu momento em que envolve tantas gratas novidades. Tem 13% de teor
alcoólico.
Sobre a Vinícola Mandrarossa:
Criada em 1999 graças a um estudo que durou mais de 20 anos,
que levou à seleção das melhores combinações variedade/terroir: os habitats
ideais que permitem a cada casta expressar plenamente o seu potencial.
Depois de fundar a Marca, fruto de anos de estudos de
mapeamento de solos, a pesquisa continuou a ser o fio condutor dos vinhos
sicilianos inovadores. No território de Menfi, onde é criada a Mandrarossa, o
comportamento de outras variedades foi monitorado em 5 campos experimentais.
Intensas atividades de microvinificação foram realizadas levando à introdução
de novos vinhos na linha de produtos ao longo do tempo, alguns dos quais únicos
para o panorama siciliano.
A ambição de Mandrarossa é grande e, a partir de 2014, uma
equipa internacional de enólogos, agrônomos e especialistas em terroir, lançou
um importante estudo científico sobre os solos calcários, levando à produção de
dois vinhos Contrada.
Sobre a Vinícola Settesoli:
Cantine Settesoli é uma grande cooperativa vinícola siciliana
que exporta um grande volume de vinhos de valor sob as classificações Sicilia
DOC bem como Terre Siciliane IGT.
A empresa foi fundada em Menfi em 1958 por um grupo de
agricultores no momento em que eclodia uma crise econômica na região. Settesoli
agora tem mais de 2.000 viticultores membros, com vinhedos totalizando então
cerca de 6.500 hectares.
A empresa inicialmente vendia apenas a granel, mas começou a
engarrafar seus próprios vinhos em 1974. Settisoli começou a se concentrar em
variedades locais como Grecanico, Inzolia e Nero d’Avola, e em seguida, em
meados da década de 1980, começaram a plantar variedades importadas como
Cabernet Sauvignon, Syrah, Sauvignon Blanc e Chardonnay.
Settesoli é a linha principal de vinhos varietais, enquanto o
rótulo Mandrarossa é a camada superior. Inycon é, de fato, a marca exclusiva
para exportação da empresa, lançada em 1999.
Mais informações acesse:
https://www.mandrarossa.it/en
https://www.cantinesettesoli.it/
Referências:
“Revista Sociedade de Mesa”: https://revista.sociedadedamesa.com.br/2016/04/sicilia/
“Enologuia”: https://enologuia.com.br/regioes/290-sicilia-o-continente-do-vinho
“Vinhos e Castelos”: https://vinhosecastelos.com/vinhos-da-sicilia-italia/
“Tintos & Tantos”: http://www.tintosetantos.com/index.php/escolhendo/cepas/854-grillo