Um brinde às gratas novidades! Nunca me cansarei em dizer que
o vinho estimula não só o prazer da degustação, embora, claro, seja o principal
quesito, mas também ao aprendizado, ao acesso a novas culturas, comportamentos.
Arrisco dizer que o tão falado conceito de terroir está intimamente ligado a
cultura, a história de um povo, o comportamento da sua sociedade, das suas
regiões, da sua terra. Nesses últimos tempos tenho me inquietado pela busca de
novas experiências, novas perspectivas de degustação, tais como: novas regiões,
castas pouco populares aqui no Brasil, novos blends, enfim, estou evitando a
famosa zona de conforto que pode ser prejudicial às novas experiências, aos
novos olhares. É claro que não devemos negligenciar as castas mundialmente
conhecidas, aquelas que são as suas preferidas, afinal, vinho é vinho e, para
um bom enófilo, nunca pode ser deixado de lado independente de qualquer motivo,
mas me parece ser óbvio que também para um bom e inquieto enófilo a busca por
novos paladares deve sim ser uma máxima.
E a minha degustação de hoje não foge à regra das grandes e
satisfatórias novidades a começar pela sua região e do seu blend, do corte de
suas castas: uma casta autóctone da Espanha e outra mundialmente conhecida, que
veio da França. Os sopros da novidade levam para a minha taça o que há de
melhor na tradicional Espanha. É a prova contundente que países
tradicionalmente com história vitivinícola pode se reinventar, buscar novas
perspectivas no mercado vitícola e entregar rótulos arrojados, versáteis,
frutados e descontraídos. Então o vinho que degustei e gostei veio da Espanha,
da promissora região de Somontano, com a sua DO (Denominação de Origem), e se
chama Viñas del Vero, com um corte das castas Garnacha, a queridinha da Espanha
e a famosa e globalizada Syrah, da safra 2018. Para muitos, como eu, a região
de Somontano é pouco conhecida, então é chegada a oportunidade de falar um
pouco dela e de suas origens.
DO Somontano
Localizada no nordeste da Espanha, aos pés da Cordilheira dos
Pirineus, no coração da província de Huesca, a região de Somontano conta com
mais de 440 hectares de vinhas cultivadas. Entre uvas brancas e tintas,
prevalecem as de coloração escura, ocupando cerca de 75% dos vinhedos.
Com elevados índices pluviométricos, Somontano é conhecida
internacionalmente pela capacidade de seus produtores em elaborar vinhos
equilibrados com a marcante presença de aromas frutados. A altitude da região -
entre 350 e 650 metros– beneficia as videiras com uma conveniente variação de
temperatura ao longo do dia, alta enquanto ainda há luz do sol e baixa ao
anoitecer, oferecendo às uvas um cenário ideal para que desenvolvam o
equilíbrio entre açúcar e acidez. O nome da região referencia sua principal
característica topográfica e quer dizer “sob as montanhas”. Somontano é uma
comunidade autônoma da região de Aragão, na Espanha, onde se cultivam mais de
15 variedades de uvas. Os vinhos elaborados nesta área são longevos e frescos,
com aromas delicados e coloração intensa, evidenciando a dinamicidade de
caráter dos exemplares produzidos na região. Além disso, Somontano tem um
grande apelo turístico ligado à vinicultura local, que oferece não só as belas
paisagens, mas principalmente uma notável relevância histórica da comunidade
produtora de vinhos.
Ainda que a região tenha ganhado o mundo do vinho
recentemente, oficializando-se Denominação de Origem Espanhola em 1984, as
primeiras documentações sobre a vinicultura em Somontano datam de 500 A.C.. Os
tipos de uva tinta mais recorrentes na região são Merlot, Cabernet Sauvignon,
Syrah, Tempranillo, Pinot Noir, Garnacha Tinta, Moristel e Parraleta, enquanto
no caso das variedades brancas, que representam 25% do cultivo na região, as
castas de maior destaque são Sauvignon Blanc, Riesling, Garnacha Blanca,
Macabeo, Gewürztraminer e Alcañón. Somontano dispõe de grande prestígio quando
o assunto é inovação técnica vitivinícola. Essa renovação se deve à devastação
dos vinhedos franceses pelo inseto filoxera, que impeliu os produtores da
região espanhola a fundarem “La Cooperativa Comarcal de Somontano” para suprir
a demanda do mercado francês e finalmente se lançar ao mundo.
E agora o vinho!
Na taça apresenta um vermelho rubi intenso com reflexos
violáceos extremamente brilhantes, reluzentes com lágrimas finas, esparsas e
que demora um pouco para se dissipar das paredes do copo.
No nariz explode os aromas de frutas vermelhas, diria também
frutas negras e um toque floral agradável. Um vinho verdadeiramente aromático.
Na boca é seco, se reproduz as notas frutadas percebidas no
olfato, é leve, fresco, jovem descompromissado, fácil de degustar, mas com
alguma personalidade, devido a Garnacha, é versátil e equilibrado, tem taninos
macios, acidez correta e se percebe as notas de pimenta graças a Syrah. Tem um
final curto.
Um vinho surpreendente, maravilhoso que, no auge da sua
simplicidade, se mostra nobre, entregando com maestria a sua beleza, os
paladares inconfundíveis das suas cepas que neste vinho revela fielmente as
suas mais intensas características. Um vinho equilibrado, redondinho, direto,
descontraído, informal e frutado, característica dessa nova região espanhola
para mim. A história explica o vinho e ajuda no exercício de sua análise. Que
venham mais vinhos dessa bela região, que venham mais e mais novidades que me
inquiete e me traga sempre grandes experiências, proporcionando um caminho longevo
no universo do vinho. Tem 13,5% de teor alcoólico.
Sobre a Viñas del Vero:
Viñas del Vero deve seu nome a um rio da região de Somontano,
o rio Vero, famoso por suas ravinas, gargantas e desfiladeiros. Viñas del Vero
é o melhor e mais reputado produtor da denominação de origem Somontano,
localizada aos pés dos Pirineus, perto da fronteira com a França. Fundada em
1986, a bodega rapidamente chamou a atenção da imprensa especializada por seus
excelentes vinhos tintos e brancos, que em poucos anos se tornaram vinhos de
referência no país. O produtor foi eleito a “Melhor Bodega de 2002” pelo Guía
de Vinos Gourmets, distinção que já havia recebido anteriormente. Os vinhos
mais tradicionais de Viñas del Vero, que levam o nome da bodega, são elaborados
com uvas nativas e internacionais. A vinícola possui também uma interessante
linha de vinhos tintos e brancos varietais. Viñas del Vero também é
proprietária da Blecua, que produz dois vinhos de minúscula produção, os
maravilhosos Blecua e Secastilla, elaborados apenas com as melhores uvas dos
melhores vinhedos de Somontano. Além dos rendimentos baixíssimos, apenas os
melhores barris são selecionados a cada ano. O resultado são vinhos que em
pouco tempo se afirmaram entre os melhores e mais disputados vinhos de toda a
Espanha. O Blecua 2004 foi indicado ao “Quadro de Honra” do Guía Campsa 2008
como um dos melhores vinhos do país, merecendo 95 pontos. Viñas del Vero é a
principal vinícola da região de Somontano, em termos de volume e qualidade dos
vinhos produzidos. A adega possui mais de 700 hectares de vinhedos e elabora,
cerca de, 5 milhões de garrafas de vinho por ano. Além disso, seus rótulos são
consumidos em mais de 40 países, demonstrando a importância de Viñas del Vero
para o mundo do vinho.
Sobre a González Byass, dona da Viñas del Vero:
Em 1835, o jovem Manuel María González Ángel iniciou uma
longa carreira dedicada ao mundo do vinho. Tradição, inovação, sustentabilidade
e busca pela excelência são seu legado. O jovem empresário Manuel María
González iniciou a sua carreira no mundo do vinho como comerciante, associado a
Juan Bautista Dubosc e Francisco Gutiérrez de Agüera. Mas o sucesso da sua
empresa cresce tão rápido que logo se torna necessário se envolver também na
produção. E o faz de mãos dadas com o tio materno, José Ángel, que lhe ensinou
tudo o que sabia. Em sua homenagem, batizou a fundadora solera de “Solera del
Tío Pepe”. Assim começa a lenda do Fino mais famoso do mundo, que em 1854, com
apenas 20 anos de existência, se tornou uma das referências e o primeiro
exportador de vinho xerez, posição privilegiada que manteria por muitos anos. Para
aquela lenda que cruzou fronteiras contribuiu o envio das primeiras botas deTio
pepeao Reino Unido por sugestão de
Robert Blake Byass, o agente da empresa na Inglaterra, a quem Manuel María
recomendou em uma carta para vender um vinho "excepcionalmente
pálido". O sucesso da recepção motivou a associação dos dois empresários a
continuar promovendo as exportações. Nesse período, paralelamente à construção
da adega La Constancia, a primeira adega de Jerez, foram acrescentadas outras,
dentro e fora do território nacional, até hoje, onde a 5ª geração continua a mantê-la como empresa
família, mas expandindo nossa paixão por vinhos e bebidas espirituosas para
mais de 100 países.
Século 20: diversificação
Embora a primeira aguardente data de 1844 e seja exportada
desde os primeiros tempos, a idade de ouro deste "vinho queimado"
viria alguns anos depois. Em 1927 a área de envelhecimento do conhaque foi
ampliada com a construção da vinícola San Pedro Nolasco e de mais seis
vinícolas na mesma área de Jerez, mas foi em 1951 quando lançou o que se
tornaria o conhaque mais seleto de González. Byass, o Lepanto. A diversificação
de produtos não terminaria com aguardentes. González Byass expande seu
compromisso primeiro com o Cognac, comprando uma destilaria na França, e depois
com o anis, comprando oAlcoólatra chinchón em 1969, a primeira destilaria de
anis e aguardentes da Espanha e a única com indicação geográfica protegida,
sendo o início da nossa trajetória no mundo das aguardentes. Mas a busca por
novos produtos e o respeito permanente pela sustentabilidade levaram à criação
do primeiro centro privado de pesquisa enológica na Espanha em 1955, CIDIMA (Qualidade,
Pesquisa, Desenvolvimento, Inovação e Meio Ambiente) , que em poucos anos
conseguiu demonstrar o que eram. os principais fatores que influenciam a
qualidade e é a gênese de inúmeras inovações de produtos, bem como medidas para
melhorar o meio ambiente. Mais tarde, eles colocaram o primeiro pé em La Rioja,
tornando-se parte daBeronia, uma de suas vinícolas mais emblemáticas da
atualidade, e na Catalunha, com a compra da cava Vilarnau, em Sant Sadurní
d'Anoia, que produz os vinhos Cavas e Penedés.
Século 21: internacionalização
Na González Byass chegamos à atualidade sendo fiéis às nossas
origens, mas avançando para oferecer os melhores vinhos e bebidas espirituosas
do mundo. E este compromisso é o que nos levou a crescer para ter 14 vinícolas
em terras espanholas, chilenas e mexicanas e uma gama de destilados premium
altamente reconhecidos. Assim, como poderia ser diferente, o s. XXI começa com
a compra deFinca Moncloa, onde se aposta na tradição de outrora de fazer vinhos
tintos de qualidade na província de Cádis e na recuperação da casta autóctone
esquecida, Tintilla de rota, seguida da aquisição das Croft , Viñas del Vero e
Pazos de Lusco. Seguindo o espírito inovador do fundador da González Byass,
construímos as vinícolas Finca Constanciano coração da província de Toledo. Nos
últimos anos, adquirimos a Veramonte no Chile, Pedro Domecq no México e nossa
mais recente adição,Domínio Fournier, no coração da Ribera del Duero. Neste
período aumentámos a família das bebidas espirituosas com a criação das nossas
gamas premium de gins The London Nº 1 e MOM , e Nomad , o nosso whisky, nascido
e envelhecido na Escócia, e refinado em Jerez.
Mais informações acesse:
https://www.vinasdelvero.es/vinas-del-vero
https://www.gonzalezbyass.com/
Fontes de pesquisa:
Portal Mistral em: https://www.mistral.com.br/produtor/vinas-del-vero
Portal DO Somontano em: https://dosomontano.com/?lang=en#dop-somontano
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