Os grandes Pinots Noir são franceses. Parece que essa
afirmação é uma unanimidade! São vinhos delicados, elegantes, frutados,
frescos, cheios de vida e expressividade, mas não se enganem caros e estimados
leitores, há sim grandes vinhos dessa cepa sendo produzidos em outros solos, em
outros cantos do planeta sem sombra de dúvida. Basta algum tempo na grande rede
para descobrirmos que países como Nova Zelândia, por exemplo, estão produzindo
vinhos de muita personalidade da casta Pinot Noir, de tipicidade, vinhos com
identidade própria. Vinhos de personalidade marcante, mas que privilegia as
características da casta, que preserva as suas mais interessantes nuances. Não
podemos esquecer-nos da Argentina e até mesmo o Brasil, com seus vinhos
despretensiosos, diretos, frescos e jovens, oriundos das mais distintas e
emblemáticas regiões do bom e valoroso Rio Grande do Sul. Contudo não podemos
esquecer , não podemos negligenciar os belos pinots do Chile. Conhecida por
produzir grandes vinhos estruturados das emblemáticas castas Carmènére,
Cabernet Sauvignon e Syrah, a Pinot Noir naquelas bandas se destacam pela
delicadeza, elegância, mas também pela personalidade marcante e expressividade,
muito comum entre os vinhos chilenos. E já tive o prazer e a alegria de
degustar alguns chilenos dessa maravilhosa cepa e sempre me lembro de ter
degustado vinhos frutados, elegantes e delicados, mas que não devem muito pelo
contrário, serem conhecidos como “plágios” dos vinhos dessa casta produzidos na
França. E antes de apresentar o meu Pinot Noir chileno que degustei e gostei,
vale a leitura de uma resenha que fiz sobre o vinho Tripantu Grand Reserve Pinot Noir 2011.
Bem, já anunciei muita coisa do vinho que degustei e gostei,
mas, para não perder o costume e o ritual agradável do anunciar, faço questão
de fazê-lo: Casa Silva Reserva Pinot Noir da safra 2013 da tradicional região
do Vale do Colchágua, no belíssimo Chile. E foi com ele que conheci essa
excelente vinícola do Chile que, nesses últimos anos, vem se destacando pela
tipicidade, pela tradição mesclada às propostas de contemporaneidade que faz
com que o Chile recebe, com merecimentos, o título de “Novo Mundo”, não apenas
pelo fato de ser um “jovem” país produtor de vinhos, mas pelo arrojo com que
seus artesãos do vinho, aliado às filosofias de cada vinícola podem promover
com os seus rótulos em toda a camada de propostas.
Então, para não provocar nenhum tipo de ansiedades, vamos
direto às impressões do vinho!
Na taça tem a característica cor vermelho rubi com tons
violáceos bem brilhantes e reluzentes com algumas lágrimas finas e que logo se
dissipam das paredes do copo.
No nariz apresenta uma explosão de frutas vermelhas como
morango, cerejas, framboesas, frutas vermelhas em compota que faz e que nos
estimula a ficar com o nariz próximo ao copo de uma forma quase que patológica.
Na boca é fresco, jovial, alegre, mas que mostra uma incrível
personalidade, com algum corpo, mas que não esconde, em momento algum, a sua
leveza, a sua elegância e a delicadeza tão comum à casta. Confirma-se também a
fruta, percebida no aspecto olfativo, com taninos finos e discretos, com uma
boa acidez que corrobora a sua frescura, com uma discreta nota amadeirada,
graças aos 70% do vinho que passou por quatro meses em barricas de carvalho,
além dos 30% restantes estagiando em tanques de aço inoxidável. Tem um final
prazeroso com retrogosto frutado.
Um vinho agradável! Um vinho apaixonante! São muitos os
inebriantes adjetivos que conferem ao vinho, a casta. A Pinot Noir
definitivamente nos anestesia dado o prazer que ela proporciona e o Casa Silva
Reserva Pinot Noir revela todos esses predicados, com a “marca” indelével de
seus vinhos produzidos com essa cepa: personalidade marcante, expressividade em
plena harmonia com a delicadeza e elegância oriunda desta uva desde o seu
parreiral até a mesa do mais feliz enófilo. Tem 13,5% de teor alcoólico quase
que imperceptíveis ao paladar.
Sobre a Casa Silva:
Quando Emilio Bouchon veio de Bordeaux ao Chile em 1892,
tinha o sonho de ser pioneiro na plantação de vinhas de alta qualidade no Vale
do Colchágua, e assim criou a vinícola mais antiga do vale. Em 1977, Mario
Silva Cifuentes, casado com Maria Teresa Silva Bouchon, recomprou a maioria dos
terrenos vendidos, e hoje é considerado visionário e inovador por ser em grande
parte responsável por reviver o negócio da família. Ao longo dos anos, a
empresa tem acumulado prêmios, tornando-se a vinícola chilena mais premiada no
século XXI. Tendo seu funcionamento com base familiar, a Casa Silva tem membro
ativamente envolvido na gestão diária do negócio, trabalhando com paixão,
empenho e dedicação – fatores que só podem ser encontrados dentro de um grupo
familiar que sente apego à sua terra e a seus costumes.
Os novos rumos da Casa Silva e o ápice:
inha Casa Silva nasce em 1997, seguindo um antigo desejo
familiar de projetar, em uma garrafa de vinho, o amor e carinho de uma família
pela sua terra, o Vale de Colchagua. Com o senhor Emílio Bouchonchegou a primeira
geração ao Chile no ano 1892, procedente de Burdeos, St. Emilion, França. Desde
aqueles tempos, eles se dedicaram à produção de vinhos, sendo pioneiros no Vale
de Colchagua. Mas não foi até o ano 1997, que Mário Pablo Silva, filho mais
velho da quinta geração,compartilha com seu pai, Mario Silva, o sonho de
produzir vinhos com marca própria. Este último havia dedicado grande parte da
sua vida à recuperação dos antigos vinhedos e a adega de vinhos, adquirindo um
conhecimento único do terroir do Vale de Colchagua. Aos poucos foram se
integrando os outros filhos, Francisco, Gonzalo e Raimundo, contribuindo ao
desenvolvimento da Vinha Casa Silva. Começa então o nascimento de um vinhedo
familiar e o processo de modernização de todas as atividades que nele se desenvolvem.
Vinha Casa Silva é na atualidade o vinhedo chileno mais premiado do século 21.
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Degustado em: 2015