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sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Real Grei Reserva 2019

 



Vinho: Real Grei Reserva

Safra: 2019

Casta: Alicante Bouschet e Trincadeira  

Região: Reguengos de Monsaraz, Alentejo

País: Portugal

Produtor: Vinícola Carmin

Teor Alcoólico: 15%

Estágio: 9 meses em barricas de carvalho

Análise:

Visual: rubi intenso, escuro, com alguma viscosidade, além de lágrimas grossas, finas e lentas.

Nariz: aromas destacados de geléia, algo compotado, com frutas vermelhas maduras, com toques de pimenta, especiarias, tabaco, couro molhado, carvalho.

Boca: saboroso, untuoso, cheio, gordo, média estrutura, as notas frutadas exuberantes, quase em compota, com álcool, apesar de alto teor, bem integrado, bem como as notas amadeiradas, com café, baunilha, torrefação.

 

Produtor:


domingo, 6 de setembro de 2020

Real Grei Alicante Bouschet e Trincadeira 2018


Definitivamente o Alentejo é a minha região preferida de produção vitivinícola de Portugal. E não é apenas a predileção, tem também um aspecto sentimental, histórico em minha vida enófila. Conheci os vinhos portugueses pelo Alentejo. Foi a minha porta de entrada para os vinhos lusitanos. E lembro-me bem dos meus primeiros vinhos. O que deveria ser uma espécie de “ensaio” em meu primeiro contato com as autóctones castas portuguesas, bem como os seus rótulos, com vinhos mais básicos ou simples das vinícolas eu comecei com uma “prova de fogo”: com vinhos mais robustos e amadeirados. Talvez por esse motivo tenha sido marcante em minha vida de imediato. O impacto que, para muitos aspirantes do mundo do vinho, poderia ser um tanto quanto insólito e desastroso, para mim foi arrebatador, foi único. E hoje tive o prazer de rememorar os momentos fantásticos de outrora dos meus primeiros contatos com o Alentejo e suas castas e tipicidade com um belo e surpreendente rótulo que um grande amigo adquiriu e que me convidou, gentilmente, em sua casa, para degustarmos o mesmo. Melhor que ter amigos é ter amigos que nos presenteia e gosta de vinhos.

Então o vinho que degustei e gostei, como disse, veio da abençoada terra do Alentejo, em Portugal, se chama Real Grei composto pelas castas Alicante Bouschet e Trincadeira da safra 2018. Esse misto de castas autóctones e estrangeiras vem sendo adotada em Portugal e revela um mix muito interessante, trazendo personalidade aos vinhos e um caráter mais moderno, mas respeitando seus aspectos mais tradicionais. Então, já que falamos sobre tradição e terrior, falemos um pouco, antes de descrever o vinho, um pouco dessa fantástica região: Alentejo.

Alentejo

A história do Alentejo anda de mãos dadas com a história de Portugal e da Península Ibérica, ex-hispânicos, assim como, pertencentes a época de civilizações romana, árabe e cristãs. Em muitos lugares no Alentejo encontrar provas da civilização fenícia existente à 3000 anos atrás. Fenícios, celtas, romanos, todos eles deixaram um importante legado da era antes de Cristo, na região que é hoje o Alentejo. Uma terra onde a cultura e tradição caminham lado a lado. Os romanos deixaram nesta região o legado mais importante, escritos, mosaicos, cidades em ruínas, monumentos, tudo deixado pelos romanos, mas não devemos esquecer as civilizações mais antigas que passaram pela zona deixando legados como os monumentos megalíticos, como Antas. Após os romanos e os visigodos, os árabes, chegaram a esta terra com o cheiro a jasmim, antes da reconquista, que chegou com a construção de inúmeros castelos, alguns deles construídos sobre mesquitas muçulmanas e a construção de muralhas para proteger a cidade e as cidades que foram crescendo. Desde essa altura até hoje, o Alentejo tem continuado o seu crescimento, um crescimento baseada na agricultura, pecuária, pesca, indústria, como a cortiça e desde o último século até aos nossos dias, com o turismo com uma ampla oferta de turismo rural. Situado na zona sul de Portugal, o Alentejo é uma região essencialmente plana, com alguns acidentes de relevo, não muito elevados, mas que o influenciam de forma marcante. Embora seja caracterizada por condições climáticas mediterrânicas, apresenta nessas elevações, microclimas que proporcionam condições ideais ao plantio da vinha e que conferem qualidade às massas vínicas. 

Alentejo

As temperaturas médias do ano variam de 15º a 17,5º, observando-se igualmente a existência de grandes amplitudes térmicas e a ocorrência de verões extremamente quentes e secos. Mas, graças aos raios do sol, a maturação das uvas, principalmente nos meses que antecedem a vindima, sofre um acúmulo perfeito dos açúcares e materiais corantes na película dos bagos, resultando em vinhos equilibrados e com boa estrutura. Os solos caracterizam-se pela sua diversidade, variando entre os graníticos de "Portalegre", os derivados de calcários cristalinos de "Borba", os mediterrânicos pardos e vermelhos de "Évora", "Granja/Amarelega", "Moura", "Redondo", "Reguengos" e "Vidigueira". Todas estas constituem as 8 sub-regiões da DOC "Alentejo".

E finalmente falemos do vinho!

Na taça tem um vermelho rubi escuro, profundo, até um pouco caudaloso, o que se deve a participação da Alicante Bouschet, cuja característica, entre outras, é de uma casta muito escura, predominantemente escura. Uma profusão de lágrimas, grossas e que teimava em desenhar as paredes do copo.

No nariz é extremamente complexo, aromático, trazendo notas de frutas maduras, como figo, ameixa preta e frutas secas também. Apresenta um toque amadeirado, um discreto toque de baunilha, diria também um defumado, graças aos 9 meses de passagem por barricas de carvalho.

Na boca vem a percepção clara da fruta madura, das frutas secas, das notas de especiarias, de ervas, com a madeira em evidência, mas que, em nenhum momento, descaracterizou as castas, mostrando estrutura, corpo, graças ao Alicante Bouschet, tendo a Trincadeira com a missão de “abrandar” o vinho. Tem taninos presentes e gordos, mas domados, devido a passagem do vinho por madeira, com uma acidez correta. Um final particularmente agradável, com um toque de chocolate e muito persistente.

Um vinho robusto, ainda jovem, poderíamos degusta-lo em 5 a 8 anos tranquilamente, tinha vocação de guarda, mas foi uma experiência única e fantástica ter degustado esse rótulo com apenas dois anos de safra. O álcool estava na primeira taça um pouco desequilibrado, afinal, é um vinho jovem e de robustez etílica, com 14,5% de teor alcoólico, mas que logo na segunda taça, após um tempo com o vinho respirando logo ficou equilibrado, com o seu teor alcoólico equilibrado. É o que o vinho é: equilibrado, gastronômico, harmonioso, poderoso e saboroso, muito saboroso. Só tenho a agradecer o meu amigo Paulo por ter me convidado em sua casa e ter proporcionado a mim esse belo rótulo. E como curiosidade o nome do vinho, “Real Grei” é uma homenagem ao rei ao seu povo. Santo Povo ou Santa Nação é a sua benção.


Sobre a Carmin Reguengos:

CARMIM – Cooperativa Agrícola de Reguengos de Monsaraz – foi criada em 1971 por um grupo de 60 viticultores com o objetivo de produzir e comercializar vinho, a partir da uva de um grupo de viticultores da região.


Contando hoje com cerca de 850 associados, a que correspondem 3.600 hectares de vinha, a CARMIM tem construído, ao longo destes anos de história, vinhos e azeites de qualidade CARMIM, os quais passaram a ser sinónimo de excelência. A empresa lidera o mercado nacional no segmento dos vinhos de qualidade. A CARMIM possui atualmente cerca de 900 associados e produz 74 referências de vinhos: dos brancos aos tintos, dos jovens aos reservas, passando pelos licorosos, rosé e espumantes. A CARMIM também produz aguardente e azeites de reconhecida qualidade. Os vinhos da CARMIM têm sido distinguidos com mais de 600 prémios em vários concursos nacionais e internacionais. Entre as marcas de vinho da CARMIM destacam-se o Monsaraz Premium, Espumante Monsaraz, Garrafeira dos Sócios, Bom Juiz, Régia Colheita, Monsaraz Millennium, Monsaraz, Reguengos, Terras d’el Rei e Olaria. Existem ainda os vinhos Monsaraz monovarietais – Gouveio, Touriga Nacional, Alicante Bouschet, Cabernet Sauvignon e Syrah – bem como a Aguardente Terras d’el Rei, o Reguengos Licoroso, a Aguardente Vínica Velha e ainda o Vinho Licoroso Edição Comemorativa dos 40 Anos da CARMIM. Para além do vinho, a CARMIM também produz azeites de qualidade nas gamas Terras d’el Rei e Monsaraz. A qualidade da matéria-prima, oriunda de uma região de denominação de origem, é uma das mais-valias desta Cooperativa, a par do capital humano e de um complexo agroindustrial de 8 hectares, onde se destacam as adegas, uma para vinhos regionais, outra para vinhos DOC e o pavilhão de engarrafamento, dotados da mais alta tecnologia. Aqui podem ser vinificados 1.500.000 quilos de uva por dia, engarrafadas 21.000 garrafas por hora e armazenados até 33 milhões de litros. A CARMIM é a maior adega do Alentejo e uma das maiores do País, sendo um dos principais motores de desenvolvimento socio-económico da região de Reguengos de Monsaraz, funcionando como suporte essencial para as empresas agrícolas associadas e respetivas famílias. A Carmim possui uma das tecnologias mais avançadas da Península Ibérica, ao nível da produção e engarrafamento de vinhos, sendo uma adega de excelência em Portugal. O Grupo CARMIM aposta no mercado nacional com a empresa Monsaraz Vinhos S.A., responsável por toda a comercialização e distribuição no canal Horeca, já a empresa ENOFORUM é responsável pela exportação do Grupo CARMIM, exportando atualmente para mais de 34 países. As duas empresas, juntamente com a CARMIM, constituem o Grupo CARMIM.

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