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sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Marqués del Camino Pardina 2017

 

Realmente o universo do vinho é interminável, é vasto, logo inexplorável. Com o perdão da analogia são universos em expansão que, diante de nossos simples olhos de enófilo, surgem alguns “big bangs” que se desenvolvem em novas castas, novas regiões, novas perspectivas e percepções de degustações e, além dessas experiências sensoriais, a cultura, o aprendizado se faz permanente e consistente. São garrafas que explodem em história, cultura, comportamento e principalmente o prazer da degustação. E mais um rótulo me proporcionou tamanha experiência, tamanha, diria, alegria ao perceber o quão maravilhoso é o universo do vinho. Estava eu em minhas incansáveis e agradáveis incursões nos supermercados a procura de um vinho branco para compor a minha adega neste tipo de vinho. Mas, apesar de manter a minha tradição em comprar vinhos em supermercados, ainda há uma dificuldade no que tange a diversidade de rótulos sobretudos os brancos, mas decidi, naquele dia, que não iria desistir na minha escolha e aquisição. Olhei para cima, para baixo, para os lados da gôndola e nada me interessava, tudo era trivial demais. Quando já estava pensando em ir embora eis que, como por encanto, surgiu, diante dos meus olhos, um vinho, de custo muito baixo, que me chamara a atenção, mas não havia, até o momento, nada que de fato me chamasse a atenção. Já em minhas mãos, o analisei com requintes de detalhes e percebi uma palavra de nome “Pardina” que, de imediato, não identifiquei, logo depois “Ribera del Guadiana” que logo entendi se tratar de uma região que desconhecia. Já me interessei! Acessei a internet, digitando no site de buscas, a tal palavra que não conhecia e descobri que se tratava de uma casta branca espanhola. Pronto! Foi o necessário para me interessar e não hesitei em leva-lo para a minha adega. 

Não demorei tanto tempo para degusta-lo e o que eram apenas novidades e até dúvidas se transformou em êxtase, admiração por um vinho de excelente custo X benefício! Então o vinho que degustei e gostei vem da região de Ribera del Guadiana, na Extremadura espanhola, e se chama Marqués del Camino, da casta Pardina, da safra 2017. E, diante de tantas novidades, de universos em expansão, nada mais conveniente de explorá-lo nas suas minucias. Então falemos um pouco da jovem DO Ribera del Guadiana e da sua popular casta Pardina.

Ribera del Guadiana DO

Ribera del Guadiana é uma Denominación de Origen Protegida (DOP) espanhola para vinhos localizada na região de Extremadura, na Espanha. Estende-se por duas províncias, Cáceres no norte e Badajoz no sul. Leva o nome do rio Guadiana, que atravessa a região de leste a oeste. A sua área vitícola nesta jovem Denominação de Origem está dividida em seis subzonas vitivinícolas, cada uma das quais com um caráter especial e detentora de uma tradição particular e milenar na produção de vinho. Essas subzonas são: Cañamero e Montánchez, na província de Cáceres e Ribera Alta, Ribera Baja, Tierra de Barros e Matanegra, em Badajoz.

Ribera del Guadiana

A subzona Tierra de Barros abrange 36 municípios. O solo é argiloso com excelentes propriedades de retenção de umidade e alto teor de calcário. A disposição do terreno é plana o que permitiu a mecanização das atividades da vinha. A subzona de Cañamero abrange 5 municípios da cordilheira da Sierra de Guadalupe , a leste da província de Cáceres, a uma altitude de mais de 800 m acima do nível do mar. As vinhas são plantadas em encostas em solo pobre sobre um estrato de ardósia. A subzona de Montánchez cobre 27 municípios ao sul de Cáceres. O terreno compreende colinas e vales, com solo rico, castanho e ligeiramente ácido a uma altitude de cerca de 625 m acima do nível do mar. A subzona da Ribera Baja a oeste abrange 11 municípios e alcança a fronteira portuguesa. Os solos são argilosos e aluviais a baixa altitude, cerca de 250 m acima do nível do mar. A subzona Ribera Alta a leste cobre 38 municípios a uma altitude de cerca de 400 m. Os solos são arenosos e não muito profundos. A subzona de Matanegra fica mais ao sul, cobrindo 8 municípios. Os solos são semelhantes aos da Terra de Barros, enquanto o clima é mais fresco devido à maior altitude de mais de 600 m acima do nível do mar. A Extremadura tem um clima continental: verões quentes e secos quando as temperaturas podem atingir os 40°C e invernos frios quando podem descer aos 0°C. A precipitação varia de acordo com a subzona em questão e pode ser considerável nas áreas montanhosas, como Cañamero. A precipitação média é de 450 mm / ano. Os principais desafios enfrentados pelos produtores de uvas são as secas no verão e as geadas na primavera. O Conselho Regulador do DOP autoriza o uso de 39 variedades de uvas diferentes, algumas das quais são nativas da região e não são cultivadas no resto da Espanha. Cayetana blanca é a variedade branca mais amplamente plantada. Tempranillo é a variedade tinta mais amplamente plantada.

Pardina

É uma casta espanhola de uva branca relativamente neutra, de maturação precoce e baixa produção, com um interessante índice de glicerol que confere maciez aos vinhos em que participa. É uma das principais variedades cultivadas em Badajoz, sendo as suas características muito semelhantes às da Airen , cultivada em La Mancha. Tem sido cultivada no DO Almansa, nas Ilhas Canárias em quase todas as suas denominações, Manchuela, Ribera de Duero , La Rioja , Toro, Txacolí de Vizcaya e Vinos de Madrid . Fora da Espanha, é difícil encontrá-lo. É uma casta vigorosa, muito fértil desde os primeiros botões dos rebentos, pelo que se adapta à poda curta. A planta é de maturação precoce o que a torna especialmente sensível às geadas primaveris, vigorosa, bastante resistente a doenças e com baixa produção. Os vinhos são de qualidade, alcoólicos, saborosos, encorpados, de cor amarelo ouro e aroma poderoso, com um sabor ligeiramente adocicado. No nariz é penetrante. Como casta, oferece bons vinhos da Ribera del Duero , embora sejam excelentes para misturar com outras castas devido ao seu elevado teor alcoólico e poder aromático. Apesar de ter sido utilizado para a produção a granel, está a ser descoberto o seu potencial para a produção de vinhos com aromas a ervas silvestres e frutos maduros. É a casta mais abundante da Extremadura, embora também esteja presente na Andaluzia.

E agora finalmente o vinho!

Na taça tem um lindo amarelo dourado com tons reluzentes, brilhantes.

No nariz traz um toque frutado bem generoso, de frutas brancas, cítricas, como pera, abacaxi, limão, o frescor e a leveza estão presentes também.

Na boca é seco, as notas frutadas se reproduzem no paladar e o destaque fica para a acidez: intensa, presente, proeminente, que faz do vinho fresco, refrescante, com alguma complexidade, diria, apesar de ser um vinho muito fácil de degustar. E talvez esteja falando uma bobagem, mas, dada a sua acidez diria que esse vinho apresente alguma rusticidade, algo indomado, selvagem, pouco trivial, mas muito interessante. Tem um final curto, mas com a fruta perceptível.

Marqués del Camino me proporcionou novas perspectivas, novas experiências, mostrando, corroborando a minha tese de que o universo de vinho é vasto, infinito, um verdadeiro estímulo ao prazer da degustação, da aprendizado, do acesso à novas culturas. Assim é o vinho, esse também é um dos conceitos de terroir, da cultura e do comportamento de um povo. Um vinho fresco, leve, com personalidade, com um apelo visual interessante, com o seu amarelo dourado e toque frutado e de boa acidez que denuncia o seu frescor e leveza. Um belo vinho que, no auge dos seus apenas R$ 29,90 surpreendeu pela sua qualidade, correção e honestidade, entregando além do que valeu. Tem 12% de teor alcoólico.

Sobre a Viña Oliva Sociedad Cooperativa:

Viñaoliva é uma cooperativa de segundo nível fundada em Almendralejo em 1998. É composta por 25 cooperativas de primeiro nível. A Viñaoliva fabrica e comercializa produtos resultantes do trabalho consciente e profissional de 8.300 famílias de agricultores que cultivam azeitonas e uvas em mais de 78.000 hectares de terras. As 15 adegas das cooperativas, 9 lagares de azeite e 12 fábricas de processamento de azeitonas de mesa proporcionam a Viñaoliva toda uma gama de instalações de produção, que também complementa com a sua própria adega experimental e linha de engarrafamento, um lagar de azeite e linha de engarrafamento, uma planta de concentrado de mosto de uva, uma destilaria e dois laboratórios que possuem tecnologia de ponta. Tudo isso na sede da Viñaoliva, em Almendralejo, em pleno bairro da Terra de Barros. Estas instalações permitem à Viñaoliva oferecer produtos engarrafados por medida e também a granel. A Viñaoliva Sociedad Cooperativa controla um total de 38.000 hectares de vinhedos. Isso representa 50% da produção da Estremadura e, portanto, 5% de toda a produção nacional da Espanha. O foco está na exportação. Os vinhos das cooperativas membros são vendidos a granel e como produtos de marca própria engarrafados para múltiplos e supermercados. Já os vinhos próprios da Viñaoliva são produzidos na sua adega experimental, inaugurada em 2008, com linha de engarrafamento própria e homologação BRC. É onde os vinhos Zaleo são feitos em pequenos tanques e com temperatura controlada. Os vinhos Zaleo exprimem o terroir da Estremadura, extraindo todo o potencial das castas da Estremadura e da Espanha. O foco da fruta e os taninos suaves combinam-se para criar produtos encorpados, mas fáceis de beber.

Mais informações acesse:

http://www.vinaoliva.com/inicio_eng.html

Referências de pesquisa: