Esta realidade mudou quando a comercialização de vinho entrou
em queda e, consequentemente, o preço da uva desvalorizou. Os viticultores
passaram então a utilizar sua produção para fazer seu vinho e comercializá-lo
diretamente, tendo assim possibilidade de aumento nos lucros.
Para alcançar este objetivo e atender às exigências legais da
Indicação Geográfica, seis vinícolas se associaram, criando, em 1995, a
Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale).
Atualmente, a Aprovale conta com 24 vinícolas associadas e 19 associados não
produtores de vinho, entre hotéis, pousadas, restaurantes, fabricantes de
produtos artesanais, queijarias, entre outros. As vinícolas do Vale dos
Vinhedos produziram, em 2004 9,3 milhões de litros de vinhos finos e
processaram 14,3 milhões de kg de uvas viníferas.
Detalhes da Denominação de Origem do Vale dos Vinhedos
1 - A produção de uvas e a elaboração dos vinhos ocorrem
exclusivamente na região delimitada do Vale dos Vinhedos, uma área de 72,45 km2
localizada nos municípios de Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul.
2 - Existem requisitos específicos para de cultivo dos
vinhedos, produtividade e qualidade das uvas para vinificação;
3 - Os espumantes finos são elaborados exclusivamente pelo
“Método Tradicional” (segunda fermentação na garrafa), nas classificações
Nature, Extra-brut ou Brut; para este produto as uvas Chardonnay e/ou Pinot
Noir são de uso obrigatório;
4 - Nos vinhos finos brancos, a uva Chardonnay é de uso
obrigatório, podendo ter corte com a Riesling Itálico;
5 - O uso da uva Merlot é obrigatória para os vinhos finos
tintos da DO, os quais podem ter cortes com vinhos elaborados com as uvas
Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Tannat;
6 - Os produtos que passam por madeira envelhecem exclusivamente
em barris de carvalho;
7 - Para chegar ao mercado, os vinhos brancos passam por um
período mínimo de envelhecimento de 6 meses; no caso dos vinhos tintos são 12
meses; os espumantes finos passam por um período mínimo de 9 meses em contato
com as leveduras, na fase de tomada de espuma;
8 - Os vinhos apresentam características analíticas e
sensoriais específicas da região e somente são autorizados para comercialização
os produtos que obtenham do Conselho Regulador da DO o atestado de conformidade
em relação aos requisitos estabelecidos no Regulamento de Uso.
E agora falando do vinho:
Na taça revela um vermelho granada, atijolado, com halos
evolutivos, denunciando seus 14 anos de safra, límpido e muito brilhante. Com
lágrimas em profusão, finas e lentas, desenham as bordas do copo.
No nariz o destaque fica para os aromas terciários e as notas
frutadas, frutas vermelhas maduras, frutas secas e em compota, como: avelã,
groselha e cereja. As pipas de madeira, onde o vinho ficou armazenado,
pronunciou as frutas. Percebem-se também terra molhada, fumaça, um defumado, as
especiarias, representadas pela pimenta e ervas secas. Sente-se também,
discretamente, um floral, flores vermelhas.
Na boca traz austeridade e não é por uma eventual estrutura,
pois o vinho é leve, mas por ser equilibrado, elegante, sofisticado, garantido
pelos seus anos de safra. É leve, porém de marcante personalidade,
principalmente pela sua complexidade e um bom volume de boca, graças também as
notas frutadas. Tem uma acidez correta, o que surpreende pelo tempo de vida,
taninos domados, finos e um final cheio, longo e de retrogosto frutado.
Há um longo caminho a se percorrer para o Brasil se tornar um
polo de referência na produção vitivinícola? Sim! Somos muitos jovens na
produção de vinhos finos no Brasil, sobretudo diante de uma longa e secular
história de vinhos coloniais, por exemplo, os famosas uvas de mesa, dos
garrafões, mas vejo, por intermédio de rótulos que, cada vez mais expressam a
tipicidade e os terroirs das principais regiões do Brasil na produção de
vinhos, um futuro promissor e brilhante pela frente, mesmo com algumas
adversidades de quem deveria fomentar o apoio. Mas sigamos aprendendo com os
erros.
O fato é de que, além de fatos, estudos, depoimentos e
história, a maior prova, a prova mais contundente e cabal é aquela que está na
nossa taça, nas nossas adegas, nas nossas mesas, de rótulos como o Cavas do
Vale Merlot Reserva que, mesmo com quatorze longos anos, se mostra vivo, pleno
e com algum tempo pela frente, caso optasse pela continuidade de seu repouso,
de sua evolução. E como evoluiu bem esse vinho, revelando às notas terciárias,
as especiarias, as notas de frutas secas, a terra molhada. Como é prazeroso ser
submetido à essas experiências e como nos tornamos pequenos perante a natureza
e a sua gigante capacidade de nos proporcionar o que de melhor dela vem. Que
possamos ter saúde para testemunhar as redenções do Brasil vitivinícola e dos
seus rótulos. Tem 12,3% de teor alcoólico.
Sobre a Vinícola Cavas do Vale:
A Cavas do Vale é uma vinícola pequena, familiar, artesanal,
que elabora vinhos a partir de uvas próprias cultivadas no coração do Vale dos
Vinhedos, pelo método tradicional e pipas de madeiras, com a menor intervenção
possível de maquinários e produtos enológicos.
A sua história começa em 1954 quando Lucindo Brandelli inicia
uma pequena produção de vinhos no porão de casa para consumo próprio, logo a
paixão pela vitivinicultura cresceu e o cultivo de uva e produção de vinho tornou-se
o negócio da família.
Em 2005, dando continuidade ao projeto do patriarca, um de
seus filhos, Irineu Brandelli, enólogo com mais de 30 anos de experiência,
funda a Cavas do Vale, elaborando vinhos das uvas Merlot, Cabernet e Tannat e
já na primeira safra é brindado pela natureza com a histórica safra de 2005,
que originou o vinho Gran Reserva Lucindo Brandelli.
Hoje a vinícola Cavas do Vale se destaca pelos seus vinhos de
guarda, o Cavas do Vale Reserva Safra 2008 e o Gran Reserva Lucindo Safra 2005,
vinhos vivos, ricos, complexos e com muitos anos de vida pela frente e que
refletem ao máximo o terroir do Vale dos Vinhedos.
Mais informações acesse:
https://loja.cavasdovale.com.br/
Referências:
“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=SERRAGAUCHA
“Blog Sonoma”: https://blog.sonoma.com.br/o-sucesso-da-merlot-no-brasil/amp/
“Vinho IG”: https://vinho.ig.com.br/2010/08/17/merlot-brasileiro-e-melhor-do-mund.html
“Wikipedia”: https://pt.wikipedia.org/wiki/Vale_dos_Vinhedos#Denomina%C3%A7%C3%A3o_de_Origem_Vale_dos_Vinhedos
“Viajali”: https://www.viajali.com.br/vale-dos-vinhedos/
“Embrapa”: https://www.embrapa.br/indicacoes-geograficas-de-vinhos-do-brasil/ig-registrada/do-vale-dos-vinhedos