Devido à tradição da região de origem das famílias
imigrantes, o Veneto, logo se iniciaram plantios de uvas para produção de vinho
para consumo local. Até a década de 80 do século XX, os produtores de uvas do
Vale dos Vinhedos vendiam sua produção para grandes vinícolas da região. A
pouca quantidade de vinho que produziam destinava-se ao consumo familiar.
Esta realidade mudou quando a comercialização de vinho entrou
em queda e, consequentemente, o preço da uva desvalorizou. Os viticultores passaram
então a utilizar sua produção para fazer seu vinho e comercializá-lo
diretamente, tendo assim possibilidade de aumento nos lucros.
Para alcançar este objetivo e atender às exigências legais da
Indicação Geográfica, seis vinícolas se associaram, criando, em 1995, a
Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale).
Atualmente, a Aprovale conta com 24 vinícolas associadas e 19
associados não produtores de vinho, entre hotéis, pousadas, restaurantes,
fabricantes de produtos artesanais, queijarias, entre outros. As vinícolas do
Vale dos Vinhedos produziram, em 2004 9,3 milhões de litros de vinhos finos e
processaram 14,3 milhões de kg de uvas viníferas.
Detalhes da Denominação de Origem do Vale dos Vinhedos
1 - A produção de uvas e a elaboração dos vinhos ocorrem
exclusivamente na região delimitada do Vale dos Vinhedos, uma área de 72,45 km2
localizada nos municípios de Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul.
2 - Existem requisitos específicos para de cultivo dos
vinhedos, produtividade e qualidade das uvas para vinificação;
3 - Os espumantes finos são elaborados exclusivamente pelo
“Método Tradicional” (segunda fermentação na garrafa), nas classificações
Nature, Extra-brut ou Brut; para este produto as uvas Chardonnay e/ou Pinot
Noir são de uso obrigatório;
4 - Nos vinhos finos brancos, a uva Chardonnay é de uso
obrigatório, podendo ter corte com a Riesling Itálico;
5 - O uso da uva Merlot é obrigatória para os vinhos finos
tintos da DO, os quais podem ter cortes com vinhos elaborados com as uvas
Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Tannat;
6 - Os produtos que passam por madeira envelhecem exclusivamente
em barris de carvalho;
7 - Para chegar ao mercado, os vinhos brancos passam por um
período mínimo de envelhecimento de 6 meses; no caso dos vinhos tintos são 12
meses; os espumantes finos passam por um período mínimo de 9 meses em contato
com as leveduras, na fase de tomada de espuma;
8 - Os vinhos apresentam características analíticas e
sensoriais específicas da região e somente são autorizados para comercialização
os produtos que obtenham do Conselho Regulador da DO o atestado de conformidade
em relação aos requisitos estabelecidos no Regulamento de Uso.
Riesling
A casta Riesling é uma das grandes uvas brancas da Alemanha e
uma das melhores variedades do mundo todo, capaz de conferir ao vinho incrível
elegância e complexidade e uma habilidade inigualável de expressar o terroir.
Seus cachos apresentam coloração verde amarelada com tamanho
médio e delicado. Os vinhos elaborados com a casta costumam ter acidez bastante
destacada e são extremamente aromáticos. Os melhores brancos da casta costumam
ser os varietais. A uva Riesling possui duas variações, sendo a Renana a de
maior qualidade e a Itálica a que possui menor grau de expressividade.
Riesling
Com textura bastante envolvente, os vinhos elaborados a
partir da casta Riesling podem ser secos, meio doces ou bem doces. O que é de
conhecimento sobre o cultivo da uva, é que para originar os maravilhosos e
extraordinários vinhos de sobremesa, ocorrem dois processos bastante distintos.
O primeiro processo é o ato de congelar a uva antes da
colheita, sendo conhecido como “eiswen” – ou vinhos de gelo. Nele a casta
Riesling permanece vários dias congeladas (enquanto madura), ainda no vinhedo,
por conta das baixas temperaturas em que fica exposta.
Logo após serem colhidas, as uvas passam pelo processo de
prensagem, tornando o vinho muito mais concentrado, já que haverá menor
quantidade de água. Nesse caso os melhores exemplares são encontrados no
Canadá, graças ao seu clima frio e com bastante presença de geadas.
O outro processo é quando ocorre a podridão nobre, momento em
que o fungo “Botrytis Cinerea” fura a casca da uva e alimenta-se da água da
casta, deixando-a desidratada e exaltando os açúcares presentes na sua
composição. As uvas são colhidas e levadas para vinificação, tornando o vinho
muito mais especial.
Alguns produtores estampam “dry” (seco) ou “sweet” (doce),
mas isso não é suficiente perto dos tantos níveis de doçura da Riesling. Ela
pode ser “medium dry” (vinho meio seco), “medium sweet” (meio doce) e por aí
vai.
A forma de identificar essas propostas de vinhos Riesling é
verificar a graduação alcoólica – quanto menor for mais doce será. Isso
acontece porque durante a fermentação, o açúcar natural da uva vira álcool (se
a conversão não acontece, permanece doce e menos alcoólico). Qualquer Riesling
com mais de 11% é seco, pois quase todo seu açúcar foi transformado em álcool.
Por possuir presença de açúcar residual e tempos de guarda
diferentes, os vinhos elaborados com a casta Riesling possuem maior atenção na
hora da harmonização, sendo na maioria das vezes melhores quando degustados e
apreciados sem a companhia de pratos.
Seus vinhos podem ser sublimes e costumam durar muito tempo.
Além da Alemanha, também produz vinhos excelentes na Áustria, Alsácia e também
em alguns países do Novo Mundo, como Nova Zelândia, África do Sul e Austrália.
E agora finalmente o vinho!
Na taça revela um lindo e atraente amarelo dourado e
brilhante, tendendo para uma tonalidade ouro, bem como discretos tons
esverdeados, trazendo também algumas lágrimas finas e rápidas.
No nariz traz aromas frescos e delicados de frutas de polpa
branca, de frutas cítricas, com destaque para lima, abacaxi, limão siciliano,
pêssego, maçã-verde e um sútil toque de grama cortada, com um floral que traz a
percepção de frescor e leveza.
Na boca a sensação de frescor e leveza se faz real e pleno,
com as notas frutadas protagonizando divinamente, como no aspecto olfativo, uma
nota mineral e herbácea, tudo isso envolto em uma acidez vibrante e saliente
que corrobora a refrescância, com um final envolvente, de média persistência.
Há um longo caminho a percorrer para o Brasil se tornar um
polo de referência na produção vitivinícola? Sim! Somos muitos jovens na produção
de vinhos finos no Brasil. Mas vejo, por intermédio de rótulos como este, da
Cavas do Vale que, cada vez mais expressam a tipicidade e os terroirs de
regiões tradicionais como a Serra Gaúcha e o Vale dos Vinhedos. Vejo um futuro
promissor na qualidade de seus vinhos, de nossos vinhos, apesar do cenário
tarifário ser totalmente adverso. Que possamos ter saúde para testemunhar as
necessárias redenções do Brasil vitivinícola e dos seus rótulos. Tem 12,2% de
teor alcoólico.
Sobre a Cavas do Vale:
A Cavas do Vale é uma vinícola pequena, familiar, artesanal,
que elabora vinhos a partir de uvas próprias cultivadas no coração do Vale dos
Vinhedos, pelo método tradicional e pipas de madeiras, com a menor intervenção
possível de maquinários e produtos enológicos.
A sua história começa em 1954 quando Lucindo Brandelli inicia
uma pequena produção de vinhos no porão de casa para consumo próprio, logo a
paixão pela vitivinicultura cresceu e o cultivo de uva e produção de vinho tornou-se
o negócio da família.
Em 2005, dando continuidade ao projeto do patriarca, um de
seus filhos, Irineu Brandelli, enólogo com mais de 30 anos de experiência,
funda a Cavas do Vale, elaborando vinhos das uvas Merlot, Cabernet e Tannat e
já na primeira safra é brindado pela natureza com a histórica safra de 2005,
que originou o vinho Gran Reserva Lucindo Brandelli.
Hoje a vinícola Cavas do Vale se destaca pelos seus vinhos de
guarda, o Cavas do Vale Reserva Safra 2008 e o Gran Reserva Lucindo Safra 2005,
vinhos vivos, ricos, complexos e com muitos anos de vida pela frente e que
refletem ao máximo o terroir do Vale dos Vinhedos.
Mais informações acesse:
https://loja.cavasdovale.com.br/
Referências:
“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=SERRAGAUCHA
“Blog Sonoma”: https://blog.sonoma.com.br/o-sucesso-da-merlot-no-brasil/amp/
“Vinho IG”: https://vinho.ig.com.br/2010/08/17/merlot-brasileiro-e-melhor-do-mund.html
“Wikipedia”: https://pt.wikipedia.org/wiki/Vale_dos_Vinhedos#Denomina%C3%A7%C3%A3o_de_Origem_Vale_dos_Vinhedos
“Viajali”: https://www.viajali.com.br/vale-dos-vinhedos/
“Embrapa”: https://www.embrapa.br/indicacoes-geograficas-de-vinhos-do-brasil/ig-registrada/do-vale-dos-vinhedos
“Blog Imobiliário”: https://blog.imobiliariarohde.com.br/serra-gaucha-conheca-a-historia-e-as-caracteristicas-da-regiao/
“Blog Art des
Caves”: https://blog.artdescaves.com.br/conheca-serra-gaucha-maior-produtora-de-vinhos-pais
“Blog Sonoma”: https://blog.sonoma.com.br/como-escolher-um-riesling/amp/
“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/riesling