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segunda-feira, 22 de julho de 2024

Las Aldeas Bobal 2020

 



Vinho: Las Aldeas

Safra: 2020

Casta: Bobal (Vinhas velhas de 65 anos)

Região: Utiel-Requena

País: Espanha

Produtor: Bodegas Murviedro

Adquirido: Evino

Valor: R$ 69,90

Teor Alcoólico: 14,5%

Estágio: 5 meses em barricas de carvalho francês.

 

Análise:

Visual: apresenta um rubi púrpura bem intenso, fechado, com halos violáceos, concentrado, mancha as bordas da taça, além de lágrimas grossas, lentas e em profusão.

Nariz: intenso aroma em frutas vermelhas maduras, se assemelhando a uma compota, geleia de frutas, com notas discretas do carvalho que entrega ainda baunilha, chocolate. Especiarias como pimenta preta são percebidas, bem como couro.

Boca: é versátil, equilibrado, pois mostra personalidade e estrutura, mas é macio, frutado, com destaque para amora, cereja e groselha, elegante, inclusive. O toque amadeirado é mais evidente no paladar, entregando baunilha, chocolate e torrefação discreta. Os taninos são gulosos, mas domados, a acidez está na medida e o final é longo, cheio.

 

Produtor:


sexta-feira, 12 de maio de 2023

Expresión Reserva Bobal 2016

 

A Espanha possui a maior área cultivada de vitis vinífera do planeta, embora em volume de produção ocupe a terceira posição. Ou seja, uma região que tem a maior área cultivada de uvas finas do mundo merece desbravar, nós merecemos buscar aquelas regiões pouco badaladas e não ficar naquela temível zona de conforto com as famosas Rioja e Ribera del Duero, por exemplo.

Trata-se de um amplo território o qual nos presentei, ano após ano, com vinhos exuberantes e de grande personalidade. E nesses últimos quatro ou cinco anos aproximadamente venho descobrindo, redescobrindo, conhecendo “novas” regiões na Espanha me possibilitando, a cada rótulo degustado, novos prazeres sensoriais e histórias de tirar o fôlego.

É que muitas regiões ainda preferem manter uma espécie de “anonimato”, dedicando a sua produção ao consumo regional, porém outras regiões dedicam esforços incansáveis no sentido de promoção, de difusão de seus vinhos, de seu terroir, com suas castas autóctones, com a tipicidade de seus vinhos e as melhorias em seu processo produtivo e um exemplo latente é Utiel-Requena.

Atualmente nosso mercado tem sido “invadido” por rótulos dessa região, sendo ofertado nos principais e-commerces do país com valores extremamente atraentes, causando, lamentavelmente certas rejeições, afinal ainda existe um terrível preconceito entre os enófilos de que vinhos baratos estão associados à baixa qualidade.

Mas como comprar vinhos é sempre assumir riscos eu decidi investir em vinhos dessa região e tenho tido excelentes surpresas, rótulos muito bons, de tipicidade, de qualidade mesmo, a relação custo X benefício vem imperando nas aquisições.

A casta tinta que predomina além, é claro, da Tempranillo é a Bobal. Ainda é pouco conhecida no Brasil, mas também existe um ceticismo em aceita-la ou ao menos experimentá-la. Como tenho, como disse, desbravado o universo vasto do vinho e mais precisamente dos vinhos espanhóis que vinha negligenciando há alguns anos, me permiti experimentar.

A minha primeira experiência foi com o vinho Bobal de SanJuan da safra 2016 e já de imediato me conquistou pela sua vivacidade, elegância, frescor, intensidade aromática e personalidade. Evidente que não iria parar por aqui e decidi continuar em busca de novos rótulos que levasse a Bobal.

Veio a Bobal dividindo o protagonismo com a Tempranillo do belíssimo Valtier Reserva da safra 2013, que degustei com oito anos de garrafa e estava maravilhoso, com plenitude e vivacidade, que certamente teria alguns anos mais em evolução.

Depois segui com mais uma nova experiência com a Bobal protagonizando solitária, com um vinho de abordagem mais jovem, frutada de um produtor que adoro chamado Murviedro, o DNA Murviedro Bobal 2018. O nome entregou firmemente o seu terroir que já se estabelecia em minhas predileções sensoriais.

E hoje decidi subir alguns degraus de características e propostas e, mais uma vez, degustar a Bobal solitariamente, porém com passagens por barricas de carvalho. É uma nova abordagem da Bobal que não preciso dizer o quão estou animado para ter em minha humilde taça.

Então vamos às apresentações! O vinho que degustei e gostei veio, claro, da região espanhola de Utiel-Requena e se chama Expresión Bobal, um reserva da safra 2016. E para a minha alegria o rótulo também é da vasta linha de vinhos da Bodega Murviedro, algo mais para abrilhantar essa degustação espetacular. Mas antes de tecer, com requintes de detalhes, comentários do vinho, vamos de história, vamos de Utiel-Requena e da Bobal.

Utiel-Requena

Recentemente, foram descobertos registros arqueológicos que comprovam que, desde o século V a.C., era praticada a vitivinicultura na região de Utiel-Requena. Sítios arqueológicos como El Molón, em Camporrobles, Las Pilillas, em Requena e Kelin, em Caudete atestam o passado vinícola da região. Quando do domínio romano sobre a região, estes introduziram novas técnicas de vinificação, propiciando a melhora dos vinhos ali produzidos.

El Molón

Utiel-Requena têm sua história também ligada ao período conhecido como Reconquista: a retomada, a partir do século VIII, do controle europeu dos territórios da Península Ibérica, dominados pelos árabes (mouros) desde o século VI. Muitas das cidades da região foram fundadas e/ou possuem grande influência islâmica em suas construções, bem como vestígios de fortalezas e construções mouras, como a cidade de Chera, por exemplo.

Em 1238, a região cai sob o domínio do reino de Castela. No século seguinte, após conflitos envolvendo este reino e seu vizinho, Aragão, ocorre a união entre a rainha Isabel (Castela) e Fernando (Aragão), conhecidos como os Reis Católicos, e, após a conquista dos demais reinos ibéricos por estes (exceto Portugal), constitui-se o Reino da Espanha. Utiel-Requena, consequentemente, torna-se domínio espanhol.

Fortaleza Moura nos arredores de Chera

Durante o século XIX, eclodem na Espanha as Guerras Carlistas, que dividem a população espanhola entre os partidários do absolutismo e do liberalismo; reflexo de outras manifestações do mesmo cunho ocorridas Europa afora. Utiel (absolutista) e Requena (liberal), assim como as demais cidades da região, assumem posições antagônicas, situação somente resolvida com a conclusão da Primeira Guerra Carlista.

Utiel-Requena localiza-se na porção leste do território espanhol, dentro da província de Valencia. Situa-se numa zona de transição entre a costa mediterrânea e os platôs da região da Mancha. Seus vinhedos localizam-se predominantemente entre os rios Turia e Cabriel.

Utiel-Requena

A região possui um dos climas mais severos de toda a Espanha. Os verões costumam ser longos e quentes (máximas por vezes de 40 graus), enquanto os invernos são muito frios, com ocorrência frequente de geadas e granizo (mínimas podem chegar a -10 graus).

No entanto, as vinhas encontram-se adaptadas a tais rigores e oscilações e, como atenuante, sopra do Mar Mediterrâneo o Solano, vento frio que ajuda a suavizar o efeito dos quentes verões da região. O solo possui cor escura, de natureza calcária e pobre em matéria orgânica.

Utiel-Requena é uma DOP (Denominación de Origen Protegida – Denominação de Origem Protegida) pertencente a Comunidad Valenciana, a qual possui certa autonomia em relação ao governo central espanhol. Não possui sub-regiões.

Tradicionalmente, Utiel-Requena é a terra da Bobal, cepa tinta autóctone (originária da região) bastante adaptada aos rigores do clima da região. Ocupa 75% da superfície total dos vinhedos, também sendo bem adaptada ao calcário típico do seu solo.

São produzidos rosés e tintos, em sua maioria varietais, desta cepa; os primeiros costumam ser muito aromáticos, remetendo geralmente a frutas negras e muito frescos no paladar. Os tintos, por sua vez, geralmente são muito bem estruturados e potentes, com aromas de frutas maduras, especiarias e notas de couro.

Possuem bom potencial de envelhecimento. Uma curiosidade: quando da expansão da filoxera pelo continente europeu, as vinhas de Bobal demonstraram grande resistência à praga, ao contrário da maior parte do vinhedo do continente, o que permitiu à região manter por algum tempo as plantações sem a enxertia com a videira americana, e também propiciou um grande aumento das vendas e exportações de seus vinhos, avidamente procurados por consumidores “puristas”, em busca de vinhos oriundos de videiras sem a enxertia.

Também se faz presente a cepa Tempranillo, plantada em cerca de 12% das vinhas da região. Outras cepas tintas permitidas pela legislação: Garnacha (Grenache) Tinta, Garnacha Tintorera, Cabernet Sauvignon, Mertlot, Syrah, Pinot Noir, Petit verdot e Cabernet Franc.

Diante da predominância tinta, naturalmente a participação das vinhas brancas na composição da denominação é baixa: cerca de 6%. A cepa mais cultivada é a também autóctone Tardana, de amadurecimento tardio. Produz vinhos de cor amarela, pálidos com reflexos dourados. Os aromas geralmente remetem a frutas como abacaxi e maçã. Frescos e equilibrados no paladar, costumam ser bem estruturados e de boa persistência na boca. Outras variedades brancas plantadas são: Macabeo, Merseguera, Chardonnay, Sauvignon Blanc, Parellada, Verdejo e Moscatel de grano menudo.

Bobal

As primeiras notícias da Bobal datam do século XIV. Da costa de Valência, esta uva estabeleceu-se com sucesso em outras regiões do interior da Espanha. Lugares como Utiel-Requena, Ribera e Manchuela, todas Denominação de Origem Controlada, tem a Bobal como uma das suas principais variedades, chegando seu cultivo ser quase que majoritário.

A Bobal é pouco cultivada fora da Espanha, há plantações dela nas regiões de Languedoc-Roussillon, no sul da França, e da Sardenha, na Itália. Dentro dessas regiões é também conhecida por requena, espagnol, benicarlo, provechón, valenciana, carignan d’espagne, balau, requenera, requeno, valenciana tinta ou bobos. Seu nome é derivado da palavra latina Bovale, que significa touro, e refere-se à semelhança que os seus cachos têm com a cabeça de um touro.

Bobal

É uma uva de porte médio para grande, com bagos redondos e cheios de sumo; além disso, apresentam quantidade razoável de taninos e sabores de chocolate e frutos secos. Seus cachos, por sua vez, são muito grandes, bem compactados e pesados.

Dá-se muito bem com climas mediterrâneos. Elabora diferentes tipos de vinhos, com especial destaque para os vinhos rosés, sempre jovens, com muita cor e com boa acidez; a Bobal ainda é responsável pelos aromas frutados destas bebidas. Os tintos desta uva são pouco alcoólicos, mas muito saborosos, vinhos de coloração cereja escura profunda e boa estrutura de taninos.

Por sua versatilidade e acidez adequada, a Bobal pode ainda ser ainda utilizada para produzir espumantes. As peles grossas de Bobal têm uma elevada quantidade de uma substância que dá cor intensa aos vinhos, bem como presenteia a bebida com uma presença importante de taninos finos, esse é um dos motivos que tem dado a esta uva um destaque especial na produção espanhola, principalmente na região de Manchuela, cujo status de Denominação de Origem deu respaldo ao cultivo da Bobal e aos os vinhos elaborados com ela frente ao mercado interno e externo.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta um rubi intenso, quase escuro, com halos granada, talvez pelo tempo de garrafa, sete anos, ou pela passagem por barricas de carvalho, com lágrimas finas, lentas e em profusão com alguma viscosidade.

No nariz é muito aromático e entrega aromas de frutas negras e vermelhas maduras com destaque para cereja, framboesa, morango, bem compotado, com notas amadeiradas evidentes, graças aos doze meses em barricas de carvalho, mas muito bem integrado, com toques de coco queimado, baunilha, chocolate e algo de herbáceo, de grama cortada.

Na boca é seco, mas saboroso, intenso, complexo, estruturado, cheio, bom volume de boca, alcoólico, com as frutas maduras protagonizando, como no aspecto olfativo, bem como as notas amadeiradas, em destaque, mas em plena convergência com a fruta mostrando equilíbrio. Os taninos são presentes, marcados, imponentes, mas domados, maduros, com acidez incrivelmente vívida, salivantes o que surpreende no auge dos sete anos de garrafa. O chocolate, tostado, a baunilha também aparecem, com um final de média persistência.

Definitivamente o nome do vinho expressa fielmente o que o vinho entrega na taça: “Expresión”. A Murviedro foi muito feliz e tocada pela inspiração ao conceder tal nome a este rótulo complexo, de um vinho de explosão aromática, com as notas frutadas gritando, com notas amadeiradas bem integradas ao vinho, com o paladar guloso, cheio, poderoso, cheio de personalidade, mas elegante, austero e macio. A Bobal pode proporcionar versatilidade com notas complexas e de personalidade, mas ser fácil de degustar, agradável. O céu é o limite para a Bobal, para Utiel-Requena que, a cada experiência, se torna agradável e especial. Tem 13,5% de teor alcoólico.

Sobre a Bodega Murviedro:

Bodegas Murviedro foi fundada em Valência em 1927, a princípio como filial espanhola do Grupo Swiss Schenk, que cresceu e se tornou uma das vinícolas mais importantes da região.

A Schenk España decide então, em 1931, concentrar as suas atividades na adega de Valência, o que, localizado junto ao porto, significou o início de um dos principais pilares da marca: a exportação.

Posteriormente, já em 2002, a empresa aproveita ao máximo as comemorações do 75º aniversário ao mudar seu nome para ‘Bodegas Murviedro’ em homenagem ao seu vinho Cavas Murviedro, uma das marcas de vinho mais emblemáticas da Comunidade Valenciana, o que fez de Murviedro uma das vinícolas mais renomadas.

A vinícola, desde que começou as suas atividade, sempre teve acesso a uma ampla variedade de castas indígenas e internacionais e produzem um amplo portfólio de estilos de vinho.

A filosofia da empresa baseia-se na combinação de modernas técnicas de vinificação com uvas de vinhas tradicionais para atender aos mais altos padrões internacionais de qualidade, mantendo seu caráter espanhol assim como a originalidade.

Mais informações acesse:

https://murviedro.es/

Referências:

“Clube dos Vinhos”: https://www.clubedosvinhos.com.br/os-prazeres-da-uva-bobal/

Blog “O Mundo e o Vinho”: http://omundoeovinho.blogspot.com/2015/11/utiel-requena.html

 

 

 














terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Murviedro Colección Tempranillo 2015

 

Quando falamos em Tempranillo espanhol o que lembramos? O que associamos? Os vinhos de personalidade forte, vinhos de estrutura média a encorpada, com volume de boca, sobretudo representados por aqueles rótulos amadeirados que ostentam, em seus rótulos, o “reserva”, “gran reserva” etc.

É praticamente impensado um Tempranillo jovem, leve, que infelizmente é encarado, associado a vinhos inexpressivos, ruins, aqueles vinhos de volume que são imprestáveis para a degustação.

Acredito que, com esses panoramas, tais vinhos podem ser alvos fáceis de rejeição, haja vista que quem deseja degustar um legítimo Tempranillo espanhol, não vá querer arriscar com os famosos baratinhos, principalmente aqueles que gozam de uma vultosa conta bancária e que tem condições de ter os Tempranillos complexos e barricados.

Entendo, mas não concordo. Poderíamos e até deveríamos buscar fundamentações teóricas para explicar a discordância, mas prefiro explicar com fatos e experiências concretas, embora as experiências sejam bem particulares.

Já tive alguns contatos com alguns Tempranillos mais básicos da Espanha e boa parte deles, confesso, não corresponderam às minhas expectativas, não tive uma boa impressão, mas um, em especial, me trouxe uma satisfação, diria, arrebatadora. Pode parecer certo exagero de minha parte usar termos como “arrebatador” ou “surpreendente”, mas é a mais legítima verdade, pelo menos a minha verdade e o mínimo que posso fazer para comprovar é recomendar. Então lá vai!

O vinho que degustei e gostei veio da região de Valência e se chama Murviedro Coleccion da casta Tempranillo da safra 2015. E além das gratas surpresas, tinha sido um dos meus primeiros contatos, um dos meus primeiros rótulos da Bodegas Murviedro, um excelente produtor cuja experiência excepcional inaugural que tive foi com o Murviedro Coleccion Peti Verdot safra 2015. E antes de falar do vinho, falemos um pouco da história da região do vinho: Valência.

Valência


A produção de vinho no norte da região de Valencia – escrito València na língua local, e também conhecida pelos espanhóis como Levante ou Valenciano – é dominada por antigas áreas de plantações ao redor de Valencia, a terceira maior cidade da Espanha.

Situada no interior da província de Valencia, na zona mais interiorana de Vall d´Albaida, a 80 quilômetros do Mar Mediterrâneo, e com uma altitude média de 600 metros sobre o nível do mar. Esta região do interior do Levante Valenciano possui um clima continental muito especial. Com invernos frios e verões cálidos que se suavizam com o vento que atravessa todo o Vall d´Albaida desde o Mediterrâneo, refrescando todo o vale, e criando assim um microclima ótimo para a viticultura.

Valência é uma região que produz vinhos há milhares de anos, segundo arqueólogos. E que, desde 1957, é oficialmente reconhecida e regulada por um conselho constituído formalmente.

Apesar de Valência está na costa leste da Espanha, virada para o Mediterrâneo, poucos vinhedos estão próximos do mar. A maior parte dos vinhedos sofrem influências de clima continental, estando mais próximas do interior.

Na teoria, e segundo a legislação local, cultivadores de Valência podem escolher entre uma longa lista de variedades de uvas autorizadas. Na prática, a maioria prefere plantar as castas Merseguera, Malvasia, Tempranillo, Monastrell e Moscatel. Mas há produtores que produzem outras castas como Bobal, Forcallat, Mandó, as francesas Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah, Pinot Noir, entre as tintas e as brancas são Macabeo ou Viúra, Pedro Ximenez, Tortosina, Verdil, Sauvignon Blanc e Chardonnay. Os tintos oferecem jovialidade, são muito aromáticos e apresentam um equilíbrio de acidez, maciez e tanicidade, já os brancos oferecem vinhos perfumados, brilhantes e transparentes e os rosés frutados e agradáveis. Vale lembrar que, para a minha alegria, eu degustei um surpreendente e maravilhoso Petit Verdot da igualmente maravilhosa Murviedro, da região de Valência, onde fiz uma resenha que pode ser lida aqui.

São 4 as sub regiões valencianas ou sub regiões da denominação valenciana:

ü  Alto Turia: com solos arenosos e alta altitudes, entre 700 e 1.100 metros, onde destacam-se os brancos frescos, frutados e aromáticos, produzidos principalmente com as castas Merseguera e Macabeo;

ü  Valentino: a maior das sub regiões, na parte central de Valência, onde a diversidade de solos e climas reflete-se, também, em variedade de vinhos, tanto tintos como brancos;

ü  Moscatel de Valência: com baixas altitudes e clima quente e ensolarado, oferece um dos vinhos mais conhecidos da região, licoroso, sendo o mais representativo da história dessa denominação;

ü  Clariano: subzona do sul da província, na qual mais perto do mar destacam-se as variedades brancas e a tinta Tintoreira, e o interior é reconhecido pelas tintas Monastrell, Cabernet Sauvignon, Merlot e Tempranillo.

Atualmente são cerca de 50 milhões de garrafas de vinhos valencianos, produzidas a cada ano. Mais de 80 vinícolas e quase 12.000 viticultores estão envolvidos no processo de produção desses vinhos. Suas plantações ocupam 13.000 hectares de vinhedos. E os vinhos são exportados para mais de 100 países, incluindo, felizmente, o Brasil, graças ao porto da cidade. Um acordo formal permite que as bodegas de Valencia comprem vinho da região vizinha Utiel-Requena.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta um vermelho rubi intenso, brilhante, mas com entornos violáceos e uma média quantidade de lágrimas finas e rápidas.

No nariz predomina o aroma de frutas vermelhas frescas, em compota, onde se destacam a framboesa, cereja, morango, além de um delicado toque floral com notas especiadas, algo talvez de pimenta, de ervas.

Na boca é seco, de estrutura leve para média, com a fruta vermelha reproduzida como no aspecto olfativo, com taninos leves, maduros, com uma ótima acidez, que faz do vinho vívido e fresco, com um final prolongado.

O Murviedro Colección Tempranillo pode ser “atípico” para aquele vinho estruturado, potente e que “adora” uma barrica de carvalho, sobretudo os oriundos da Espanha. Pode causar estranheza, rejeição logo de cara, mas nunca podemos negligenciar antes de tentar, afinal, comprar vinhos é aceitar certos riscos. Um vinho versátil e que harmoniza, por exemplo, com carnes vermelhas, massas e refeições simples ou apenas sozinho em uma conversa descontraída com bons amigos. Descontraído, informal é este vinho. Mesmo diante de sua simplicidade consegue ser especial no que se propõe, entregando mais do que esperava. Um belo vinho! Tem 12,5% de teor alcoólico.

Sobre a Bodega Murviedro:

A Bodegas Murviedro foi fundada em Valência em 1927, a princípio como filial espanhola do Grupo Swiss Schenk, que cresceu e se tornou uma das vinícolas mais importantes da região.

A Schenk España decide então, em 1931, concentrar as suas atividades na adega de Valência, o que, localizado junto ao porto, significou o início de um dos principais pilares da marca: a exportação.

Posteriormente, já em 2002, a empresa aproveita ao máximo as comemorações do 75º aniversário ao mudar seu nome para ‘Bodegas Murviedro’ em homenagem ao seu vinho Cavas Murviedro, uma das marcas de vinho mais emblemáticas da Comunidade Valenciana, o que fez de Murviedro uma das vinícolas mais renomadas.

A vinícola, desde que começou a sua atividade, sempre teve acesso a uma ampla variedade de castas indígenas e internacionais e produzem um amplo portfólio de estilos de vinho.

A filosofia da empresa baseia-se na combinação de modernas técnicas de vinificação com uvas de vinhas tradicionais para atender aos mais altos padrões internacionais de qualidade, mantendo seu caráter espanhol assim como a originalidade.

Mais informações acesse:

https://murviedro.es/

Referências:

“Cataimport”: https://cataimport.com/espanha/valencia/#

“Vinho Virtual”: https://vinhovirtual.com.br/regioes-123-Valencia

“Revista Sociedade de Mesa”: https://revista.sociedadedamesa.com.br/2016/08/valencia-espanha/

“Tintos & Tantos”: http://www.tintosetantos.com/index.php/denominando/755-valencia#:~:text=Uma%20regi%C3%A3o%20que%20produz%20vinhos,fato%2C%20est%C3%A3o%20pr%C3%B3ximos%20ao%20mar

Degustado em: 2018 










sábado, 19 de março de 2022

DNA Murviedro Bobal 2018

 

Mais uma degustação especial! E digo que essa degustação especial não se configura por ser um rótulo emblemático, caro ou de uma safra antiga e especial, nada disso! É especial pelo simples fato de ser especial para mim. Sim! É isso mesmo! Especial porque o considero como especial. Se for especial para você que está degustando, então considere assim e não por questões inerentes a valores e moda de rótulo.

Começo por ser um produtor que aprecio muito, que aprendi a gostar com algumas degustações surpreendentes, maravilhosas mesmo e com valores muito competitivos e o rótulo de hoje foi especial também, um valor extremamente bom para o meu bolso, muito acessível.

E segue com a casta! Pouco conhecida por aqui no Brasil, mas muito conhecida na Espanha, mais precisamente em uma região que está atingindo certa notoriedade, ganhando relativa credibilidade, inclusive, chamada Utiel-Requena. Então para quem curte ou conhece a região não preciso dizer que a casta emblemática por lá é a Bobal.

Essa será a minha segunda experiência com a Bobal. Já havia degustado o Bobal de SanJuan da safra 2016 e mais do que aprovei. Um vinho expressivo, frutado, macio, encorpado.

Lá em Utiel-Requena a Bobal reina absoluta tendo a arrasa quarteirão Tempranillo como protagonista também. Mas é muito gratificante degustar um Bobal de Utiel-Requena, pois traz fortemente o conceito de terroir, de tipicidade, a expressão de regionalismo de uma região que foge dos conhecidos e manjados Rioja e Ribera del Duero, degusta uma casta pouco conhecida, de um produtor que curtimos e ainda uma região em franco crescimento.

Então sem mais delongas vamos às apresentações! O vinho que degustei e gostei veio da região espanhola de Utiel-Requena e se chama DNA Murviedro Bobal (100%) da casta 2018. Para não fugir das tradições das resenhas vamos falar da história de Utiel-Requena e da sua casta principal: a Bobal.

Utiel-Requena

A Espanha possui a maior área cultivada de Vitis Vinifera do mundo, embora em volume de produção ocupe somente a terceira posição. Trata-se de um amplo território o qual nos presenteia, ano após ano, com vinhos exuberantes e geralmente de bastante personalidade: o emblemático Jerez fortificado da Andaluzia, tintos de Rioja, Priorat e Ribera Del Duero, brancos de Rueda, entre outros.

É natural que, entre as 13 macrorregiões a qual está dividida, existam sub-regiões as quais permaneçam relativamente ocultas do grande público, mesmo daquele consumidor habitual de vinhos. Algumas preferem manter o “anonimato”, dedicando sua produção ao consumo regional; outras, porém, dedicam esforços incansáveis no sentido de promover seu terroir, suas cepas endêmicas, a tipicidade de seus vinhos e as melhorias em seu processo produtivo. Este é o caso de Utiel-Requena.

Utiel-Requena

Recentemente, foram descobertos registros arqueológicos que comprovam que, desde o século V a.C., era praticada a vitivinicultura na região de Utiel-Requena. Sítios arqueológicos como El Molón, em Camporrobles, Las Pilillas, em Requena e Kelin, em Caudete atestam o passado vinícola da região. Quando do domínio romano sobre a região, estes introduziram novas técnicas de vinificação, propiciando a melhora dos vinhos ali produzidos. Utiel-Requena têm sua história também ligada ao período conhecido como Reconquista: a retomada, a partir do século VIII, do controle europeu dos territórios da Península Ibérica, dominados pelos árabes (mouros) desde o século VI.

Muitas das cidades da região foram fundadas e/ou possuem grande influência islâmica em suas construções, bem como vestígios de fortalezas e construções mouras, como a cidade de Chera, por exemplo. Em 1238, a região cai sob o domínio do reino de Castela. No século seguinte, após conflitos envolvendo este reino e seu vizinho, Aragão, ocorre a união entre a rainha Isabel (Castela) e Fernando (Aragão), conhecidos como os Reis Católicos, e, após a conquista dos demais reinos ibéricos por estes (exceto Portugal), constitui-se o Reino da Espanha.

Utiel-Requena, consequentemente, torna-se domínio espanhol. Durante o século XIX, eclodem na Espanha as Guerras Carlistas, que dividem a população espanhola entre os partidários do absolutismo e do liberalismo; reflexo de outras manifestações do mesmo cunho ocorridas Europa afora. Utiel (absolutista) e Requena (liberal), assim como as demais cidades da região, assumem posições antagônicas, situação somente resolvida com a conclusão da Primeira Guerra Carlista.

Utiel-Requena localiza-se na porção leste do território espanhol, dentro da província de Valencia. Situa-se numa zona de transição entre a costa mediterrânea e os platôs da região da Mancha. Seus vinhedos localizam-se predominantemente entre os rios Turia e Cabriel. A região possui um dos climas mais severos de toda a Espanha. Os verões costumam ser longos e quentes (máximas por vezes de 40 graus), enquanto os invernos são muito frios, com ocorrência frequente de geadas e granizo (mínimas podem chegar a -10 graus).

No entanto, as vinhas encontram-se adaptadas a tais rigores e oscilações e, como atenuante, sopra do Mar Mediterrâneo o Solano, vento frio que ajuda a suavizar o efeito dos quentes verões da região. O solo possui cor escura, de natureza calcária e pobre em matéria orgânica. Utiel-Requena é uma DOP (Denominación de Origen Protegida – Denominação de Origem Protegida) pertencente a Comunidade Valenciana, a qual possui certa autonomia em relação ao governo central espanhol. Não possui sub-regiões.

Bobal

As primeiras notícias da Bobal datam do século XIV. Da costa de Valência, esta uva estabeleceu-se com sucesso em outras regiões do interior da Espanha. Lugares como Utiel-Requena, Ribera e Manchuela, todas Denominação de Origem Controlada, tem a Bobal como uma das suas principais variedades, chegando seu cultivo ser quase que majoritário.

A Bobal é pouco cultivada fora da Espanha, há plantações dela nas regiões de Languedoc-Roussillon, no sul da França, e da Sardenha, na Itália. Dentro dessas regiões é também conhecida por requena, espagnol, benicarlo, provechón, valenciana, carignan d’espagne, balau, requenera, requeno, valenciana tinta ou bobos. Seu nome é derivado da palavra latina Bovale, que significa touro, e refere-se à semelhança que os seus cachos têm com a cabeça de um touro.

Bobal

É uma uva de porte médio para grande, com bagos redondos e cheios de sumo; além disso, apresentam quantidade razoável de taninos e sabores de chocolate e frutos secos. Seus cachos, por sua vez, são muito grandes, bem compactados e pesados.

Dá-se muito bem com climas mediterrâneos. Elabora diferentes tipos de vinhos, com especial destaque para os vinhos rosés, sempre jovens, com muita cor e com boa acidez; a Bobal ainda é responsável pelos aromas frutados destas bebidas. Os tintos desta uva são pouco alcoólicos, mas muito saborosos, vinhos de coloração cereja escura profunda e boa estrutura de taninos.

Por sua versatilidade e acidez adequada, a Bobal pode ainda ser ainda utilizada para produzir espumantes. As peles grossas de Bobal têm uma elevada quantidade de uma substância que dá cor intensa aos vinhos, bem como presenteia a bebida com uma presença importante de taninos finos, esse é um dos motivos que tem dado a esta uva um destaque especial na produção espanhola, principalmente na região de Manchuela, cujo status de Denominação de Origem deu respaldo ao cultivo da Bobal e aos os vinhos elaborados com ela frente ao mercado interno e externo.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta um vermelho rubi intenso, brilhantes e com reflexos violáceos com uma profusão de lágrimas finas e que desenham o bojo.

No nariz traz alguma complexidade, com notas intensas de frutas vermelhas maduras onde se destacam cerejas, ameixas e framboesa, além de um toque floral envolvente e que entrega um frescor.

Na boca é saboroso, seco, tem médio corpo, porém macio, equilibrado e fácil de degustar, com o protagonismo da fruta como no aspecto violáceo, tem volume de boca, alcoólico, mas que não incomoda, sendo bem integrado ao conjunto do vinho, tem taninos presentes, mas domados, uma picância instigante, uma boa acidez e toque inusitado de chocolate meio amargo, apesar de não passar por barricas de carvalho. Tem final prolongado.

DNA traz identidade, origem, características! E é assim com o DNA Murviedro e a todos os rótulos dessa linha da Murviedro: vinhos de expressividade, que elevam o conceito de terroir e é assim também quando falamos de Utiel-Requena e a sua emblemática Bobal. E, além da minha segunda experiência com a Bobal, também foi a minha segunda experiência com a linha “DNA” da Murviedro com o DNA Murviedro Gran Astro Tempranillo Crianza 2015. O DNA Murviedro Bobal traz corpo, personalidade, mas maciez, um aveludado que é entregue graças as notas frutadas, com taninos domados e acidez agradável. Um vinho oriundo de vinhas velhas de baixo rendimento o que corrobora, reforça as suas características. Um belo vinhos simples e especial. Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Bodega Murviedro:

Bodegas Murviedro foi fundada em Valência em 1927, a princípio como filial espanhola do Grupo Swiss Schenk, que cresceu e se tornou uma das vinícolas mais importantes da região.

A Schenk España decide então, em 1931, concentrar as suas atividades na adega de Valência, o que, localizado junto ao porto, significou o início de um dos principais pilares da marca: a exportação.

Posteriormente, já em 2002, a empresa aproveita ao máximo as comemorações do 75º aniversário ao mudar seu nome para ‘Bodegas Murviedro’ em homenagem ao seu vinho Cavas Murviedro, uma das marcas de vinho mais emblemáticas da Comunidade Valenciana, o que fez de Murviedro uma das vinícolas mais renomadas.

A vinícola, desde que começou as suas atividade, sempre teve acesso a uma ampla variedade de castas indígenas e internacionais e produzem um amplo portfólio de estilos de vinho.

A filosofia da empresa baseia-se na combinação de modernas técnicas de vinificação com uvas de vinhas tradicionais para atender aos mais altos padrões internacionais de qualidade, mantendo seu caráter espanhol assim como a originalidade.

Mais informações acesse:

https://murviedro.es/

Referências:

Site “Clube dos Vinhos”: https://www.clubedosvinhos.com.br/os-prazeres-da-uva-bobal/

Blog “O Mundo e o Vinho”: http://omundoeovinho.blogspot.com/2015/11/utiel-requena.html

 

 






quinta-feira, 20 de maio de 2021

DNA Murviedro Gran Astro Crianza Tempranillo 2015

 

No passado eu tinha certa rejeição, alguma controvérsia com os vinhos espanhóis. Talvez pela visão pré-concebida, preconceituosa acerca dos seus rótulos. Sempre tive a percepção de que os vinhos espanhóis ofertados em terras brasilis eram demasiados caros e pouco atrativos! Os valores altos são reais e verdadeiros até os dias de hoje, mas pouco atrativos não, nunca! Estava anestesiado pela ignorância, pela incapacidade de discernimento, de entendimento da relevância histórica e de qualidade dos vinhos da Espanha.

Mas convenhamos que no passado, cerca de 10 ou 15 anos atrás, aproximadamente, não tínhamos uma gama, um leque de opções de compra como temos em dias atuais, com uma enxurrada de e-commerce ofertando os mais variados rótulos espanhóis de todo o tipo e proposta, logo valores também, que vai do mais simbólico aos mais altos. Todavia tenho de admitir também que essa gama, essa diversidade sempre existiu, mas que, diante do ápice da minha incompetência ou diria, ingenuidade, nunca identifiquei.

O conceito de vinhos jovens, crianzas, reservas e gran reservas, nomenclaturas tão massificadas no universo do vinho, na Espanha é muito bem definido e regido por um conjunto de normas rígidas que devem ser seguidas para que esses vinhos garantam a sua tipicidade, expressando o que há de melhor de seus terroirs e consequentemente a sua qualidade, enquanto em outros polos importantes da vitivinicultura mundial e usado como marketing para se posicionar no mercado produtor de vinhos.

Quando descobri essas propostas de vinhos espanhóis, muito por acaso, uma janela de oportunidades se abriu diante dos meus olhos, me arrebatando por inteiro. Minhas experiências sensoriais se viram atraídos por esses vinhos e que culminou com o meu interesse pelos vinhos evoluídos, pelos vinhos de vocação de guarda. Sim, os crianzas, reservas e, sobretudo os gran reservas entregam longevidade.

E hoje, com a presença de um querido amigo que compõe a nossa nova e espero longeva confraria, reservo para degustando um interessante e instigante crianza que me chamou muita a atenção pelo surpreendente valor, um valor atrativo, na faixa dos R$ 39,90, de uma emblemática região espanhola, a grife dos vinhos daquele país, chamada Rioja, uma região que não degustava vinhos há tempos e que, no início, me deixou um tanto quanto receoso, afinal um vinho de Rioja a esse valor! Como? Mas o que me trouxe certa tranquilidade, reforçando a minha decisão de compra-lo foi o seu produtor, chamado Murviedro, cujos vinhos já degustei dois rótulos, com destaque para o Murviedro Collection Petit Verdot 2015 excepcional. Então assumi o risco e comprei!

O vinho que degustei e gostei como disse veio da região espanhola tradicional de Rioja e se chama DNA Murviedro Signature Gran Astro, um crianza, da safra 2015, da emblemática casta Tempranillo (100%), um DOC riojano. Esse é o meu terceiro crianza, os primeiros foram o Viña Chatel 2013 e o El Misionero da safra 2015. E já que falei muitas vezes dos vinhos “crianza”, vale e muito a pena embarcar no conceito desses vinhos e também da importante Rioja para a Espanha.

Crianza

O termo “Crianza”, encontrado em alguns dos rótulos dos vinhos espanhóis, ainda causa muita confusão. Ao contrário do que muitos imaginam, a palavra não está relacionada à jovialidade do vinho (não tem nada a ver com criança). A questão principal ao falar sobre um vinho Crianza é a sua maturação. O termo Crianza em espanhol é aplicado para determinar que àquele vinho passou por um processo em barrica de carvalho, desse modo, entrando em contato com madeira, e com isso, adquirindo corpo.

Geralmente um crianza estagia, no mínimo, seis meses em barrica de carvalho. Nas regiões de Rioja e Ribera del Duero, o tempo em carvalho aumenta para um ano. No caso dos brancos e rosés, mínimo de seis meses em barricas e total de um ano e meio de amadurecimento. E o que isso representa? Que é um vinho mais elaborado e que, por ter amadurecido em contato com a madeira, ganhou mais complexidade de aromas e sabores quando comparado a vinhos que não passam por este estágio.

Como todos os vinhos que passam por madeira – e podemos incluir os vinhos Reserva e Gran Reserva – os vinhos Crianza tem um maior volume de aromas, complexidade e sabores. São indicados para uma apreciação paciente e para acompanhar pratos que exijam uma presença de vinhos aromáticos.

Leia mais sobre os vinhos crianza, reserva e gran reserva em: Vinho espanhol Crianza, Reserva, Gran Reserva e outras classificações.

Rioja: a mais famosa região vinícola da Espanha

A Espanha é um retalho de diferentes denominações de origem ligadas ao vinho. Entre as mais importantes está Rioja, no nordeste do país, às margens do rio Ebro, com 63.593 hectares de vinhedos distribuídos no território das três províncias que margeiam o rio: La Rioja, Álava e Navarra. Cem quilômetros de distância separam Haro, a cidade mais ocidental, de Alfaro, a mais oriental. O vale ocupado por vinhedos tem cerca de 40 quilômetros de largura máxima.

Rioja

As primeiras vinhas desse vale remontam ao período romano e a cultura do vinho foi mantida durante a Idade Média pelos monges. Aliás, Gonzalo de Berceo, monge em San Millan de la Cogolla, considerado o primeiro poeta do idioma castelhano, chegou a exaltar em versos o vinho local. No entanto, durante séculos, a principal cultura local foi a de cereais. O vinho só tomaria lugar de destaque na Idade Moderna, com o aparecimento das cidades e o florescimento do comércio. Um dos principais marcos do vinho na região foi a criação do Conselho Real de Colhedores, em 1787, que visava promover o cultivo da videira, contribuir para melhorar a qualidade dos vinhos e facilitar o comércio dentro dos mercados do norte, de modo que sua dedicação prioritária foi construir e melhorar estradas e pontes para unir as cidades vinícolas de Rioja com Vitória e o porto de Santander.

O auge, porém, foi com a fundação de vinícolas históricas em meados do século XIX, a chegada da estrada de ferro e dos compradores franceses, devido à crise da filoxera. Enólogos ilustres como Luciano Murrieta (Marqués de Murrieta), Camilo Hurtado de Amezaga (Marqués de Riscal) e Rafael López Heredia (Viña Tondonia) introduziram o conceito de qualidade nos vinhos de Rioja.

Desde então, as vinícolas de Rioja têm estado à frente de muitas revoluções na indústria do vinho espanhol, especialmente durante a revolução tecnológica da década de 1970. A Denominação de Origem Qualificada foi dada em abril de 1991, fazendo com que Rioja se tornasse a primeira região a receber o status de DOCa.

Desde então, as vinícolas de Rioja têm estado à frente de muitas revoluções na indústria do vinho espanhol, especialmente durante a revolução tecnológica da década de 1970. A Denominação de Origem Qualificada foi dada em abril de 1991, fazendo com que Rioja se tornasse a primeira região a receber o status de DOCa.

Um dos baluartes da DOCa Rioja é o uso da madeira, tanto que os vinhos são denominados qualitativamente de acordo com o tempo que passam em barrica, indo do genérico, passando pelo Crianza, depois Reserva e, por fim, Gran Reserva. No entanto, desde 2017, a região criou uma nova forma de dividir os vinhos qualitativamente ao dar mais ênfase à sua origem, além do tempo em barrica. Dessa forma, criou-se a seguinte divisão: vinhos de zona, vinhos de município e vinhos de vinhedos singulares (que seriam os mais representativos da região). E esses três tipos de vinhos então são divididos novamente em quatro categorias: genérico, Crianza, Reserva e Gran Reserva. Uma das características dos vinhos de Rioja é a aptidão que possuem para o envelhecimento.

A melhor uva tinta de Rioja é a Tempranillo, que atua com o mesmo peso das principais uvas tintas do mundo, como a Cabernet Sauvignon e a Nebbiolo. Os vinhos de Rioja são envelhecidos em tonéis de carvalho americano, atravessando um lento processo de evolução, micro-oxigenação e estabilização, o que lhes garante uma característica notoriamente distinta. Os vinhos brancos do Rioja, produzidos com a uva Viura, também participam de um longo envelhecimento nos tonéis de carvalho. Os exemplares mais modernos, que permanecem por menos tempo, adquirem um caráter leve e frutado.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta um vermelho rubi de média intensidade, vivo e muito brilhante, com lágrimas em abundância e muito finas e que teimavam em se dissipar das paredes do copo.

No nariz notas destacadas de frutas vermelhas frescas com toques amadeirados e de baunilha. Muito frescor no olfato, mostrando que o vinho, mesmo com seus seis anos de safra, estava pleno e vivo.

Na boca se revelou redondo, equilibrado e harmônico. Mesmo apresentando alguma estrutura e complexidade, o vinho se mostrou muito bem integrados entre taninos, muito amáveis e aveludados, entre a madeira, passou por 14 meses em barricas de carvalho, e acidez, de média intensidade entregando frescor, com as frutas vermelhas em evidência. Um final persistente e prolongado.

Um vinho que personifica Rioja e que foi “decantado” textualmente nesta resenha: expressivo, de marcante personalidade, mas fácil de degustar, valorizando sua elegância, seu equilíbrio, sua versatilidade. Um vinho que carrega essa máxima em seu nome: “DNA” Murviedro. Nele há a essência dos vinhos cuja origem é a fusão cultural intrínseca e ao povo das terras espanholas. Há o terroir à flor da pele, a terra represada na garrafa que, ao desarrolhar, explode em tipicidade, a força de Rioja Alta que dança na taça para deleite de nossos sentidos. Um vinho delicado, mas intenso, pleno, saboroso e de uma complexidade que só um crianza pode oferecer aos mais exigentes enófilos. A Espanha, a cada dia e rótulo, ainda revela grandes e atraentes surpresas. Teor alcoólico de 12,5%.

Sobre a Bodega Murviedro:

Em 1927 a Bodegas Schenk instala subsidiárias na Espanha, a primeira em Vilafranca del Penedès, na Catalunha, sob o nome de 'Schenk Spain'. Em 1929 abre vinícolas em Alicante, Utiel e Requena, vinícolas jovens que inicialmente optaram pelo vinho a granel de 'qualidade', uma marca registrada até hoje. Em 1931 a Schenk Espanha decide concentrar suas atividades na vinícola Valência, que, localizada ao lado do porto, foi o início de um dos pilares fundamentais da marca: as exportações. O vinho engarrafado está ganhando importância, até hoje é o foco principal da empresa, aderindo a essa “tendência”, em 1950. Em 1997 a Schenk Spain muda de sede, aproximando-se dos pés das vinhas, Requena, no coração da Denominação de Origem Utiel-Requena, produtora de vinhos de excelente qualidade. Em 2002 aproveitando a comemoração do 75º aniversário muda o nome da vinícola para 'Bodegas Murviedro', em homenagem ao seu vinho Cavas Murviedro, uma das marcas de vinho mais emblemáticas da Comunidade Valenciana e que fez de Murviedro uma das vinícolas mais reconhecidas.

Para mais informações acesse:

https://murviedro.es/

Referências:

“Blog Lovino”: https://blog.lovino.com.br/o-que-e-um-vinho-crianza/

“Blog Vinho Tinto”: https://www.blogvinhotinto.com.br/curiosidades/desvendando-vinhos-crianzas/

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/os-grandes-vinhos-de-rioja-na-espanha_12056.html

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/regiao/rioja

“Revista Versar”: https://www.revistaversar.com.br/rioja-conheca-a-mais-famosa-regiao-vinicola-da-espanha/

 

 

 

 





segunda-feira, 23 de março de 2020

Murviedro Petit Verdot 2015



Esse vinho foi especial para mim por muitos motivos: claro que, primordialmente pelo fato de que degustei e gostei, logo em seguida pela primeira experiência com um varietal da casta Petit Verdot, casta oriunda da emblemática região de Bordeaux, sempre soube e observei que a mesma era apenas para compor em cortes, em blends e nunca tinha visto, até então, um 100% Verdot, como também é conhecida na França. Mais outro motivo que fez desse vinho especial para mim foi o rótulo, como costumo chamar “underground”, ou seja, um vinho pouco conhecido, de uma vinícola menos conhecida ainda, pelo menos entre nós, brasileiros. Um achado!

E esse vinho é o Murviedro Colección, da casta já informada, 100% Petit Verdot, da safra 2015, da Bodegas Murviedro, da Espanha, da região de Valência. Ah, esqueci-me de dizer também que o que o tornou especial foi a região, Valência, que nunca havia degustado e se me permite o caro leitor falarei brevemente dela, após algumas pesquisas: Valência se caracteriza pelo seu bom clima e pela sua grande capacidade de produção de vinhos, sendo Requena o município mais extenso da Comunidade. A Denominação de Origem Protegida Valência é uma denominação aberta, dinâmica, com uma grande vocação e tradição exportadora.

Na taça tem um vermelho intenso, com reflexos violáceos, um vermelho brilhante, reluzente com lágrimas finas e rápidas.

No nariz tem aromas de alta intensidade de frutas vermelhas, com uma presença marcante de um frescor, diria com notas de menta, talvez.

Na boca é equilibrado, harmonioso, com bom corpo, mas macio e fresco, com uma boa acidez, explicando o seu toque refrescante, muita fruta e um final agradável e de persistência.

Um vinho surpreendente, saboroso, de característica vivaz e plena em seu conjunto, sendo versátil, harmonizando, contudo, com queijos variados, carnes, massas e pizza. Tem 13% de teor alcoólico. Mais um fator que corrobora com a sua qualidade são os prêmios que estampados estão em seu rótulo, que são: Ouro na Mundus Vini e Ouro no Bacco Cosecha.

Sobre a Bodegas Murviedro:

Em 1927 a Bodegas Schenk instala subsidiárias na Espanha, a primeira em Vilafranca del Penedès, na Catalunha, sob o nome de 'Schenk Spain'. Em 1929 abre vinícolas em Alicante, Utiel e Requena, vinícolas jovens que inicialmente optaram pelo vinho a granel de 'qualidade', uma marca registrada até hoje. Em 1931 a Schenk Espanha decide concentrar suas atividades na vinícola Valência, que, localizada ao lado do porto, foi o início de um dos pilares fundamentais da marca: as exportações. O vinho engarrafado está ganhando importância, até hoje é o foco principal da empresa, aderindo a essa “tendência”, em 1950. Em 1997 a Schenk Spain muda de sede, aproximando-se dos pés das vinhas, Requena, no coração da Denominação de Origem Utiel-Requena, produtora de vinhos de excelente qualidade. Em 2002 aproveitando a comemoração do 75º aniversário muda o nome da vinícola para 'Bodegas Murviedro', em homenagem ao seu vinho Cavas Murviedro, uma das marcas de vinho mais emblemáticas da Comunidade Valenciana e que fez de Murviedro uma das vinícolas mais reconhecidas.

Para mais informações acesse:

https://murviedro.es/

Degustado em: 2017