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sábado, 14 de janeiro de 2023

Vitis Barbera 2018

 

Estamos, creio, testemunhando uma volta ao passado na vitivinicultura do Brasil ou a recuperação de um passado, não sei dizer exatamente. Estamos presenciando um “boom” de castas autóctones italianas em nossos terroirs.

Cepas como Sangiovese, Teroldego, Barbera e por aí o vai são alguns dos exemplos de algumas clássicas uvas, tendo outras, não muito conhecidas, despontando em nossas terras, sobretudo no sul do Brasil, mais precisamente em Santa Catarina.

Alguns produtores por lá cultivam apenas castas oriundas da Itália! E o que estou tentando dizer com uma volta ao passado? Nos primórdios de nossa jovem vitivinicultura, foram os italianos, os imigrantes, que desbravaram as nossas selvagens, intocáveis terras e cultivaram algumas cepas americanas, haja vista que o clima não “harmonizou” com as castas vitis viníferas que os italianos trouxeram consigo.

Hoje com toda a tecnologia e a expertise dos seus descendentes, com uma retaguarda de capital de algumas verdadeiras indústrias do vinho, estão revistando o passado de seus desbravadores cultivando castas do país da bota.

A Itália e suas castas estão sendo revisitadas em terras brasilianas trazendo o passado para o presente, mas enaltecendo a tipicidade do local, das terras brasileiras. E não se enganem que seja apenas no sul do Brasil, no Rio Grande do Sul ou em Santa Catarina, mas há informações de que no Centro Oeste brasileiro algumas vinícolas estão produzindo a Barbera! Sensacional!

E por falar em Barbera a minha degustação de hoje trará uma vinícola de peso, de tradição que tem, em seu portfólio, um clássico feito de outro clássico piemontês, a Barbera.

Uma junção de clássicos que entrega uma casta tradicional, com um rótulo tipicamente da Serra Gaúcha, talvez a mais emblemática e icônica região produtora de vinhos, não só do Brasil, mas da América Latina.

Então sem mais delongas vamos às apresentações! O vinho que degustei e gostei veio do Vale Trentino, entre Caxias do Sul e Farroupilha, na Serra Gaúcha, um brasileiro chamado Vitis da clássica italiana Barbera da safra 2018.

Um pouco sobre a linha “vitis”: os varietais dessa linha de rótulos, a Barbera e também a Marselan, fazem parte de uma categoria de uvas raras no Brasil e representam os resultados surpreendentes que o terroir do Vale Trentino oferece para estas castas europeias sem passagem por barrica. A linha foi lançada após mais de 10 anos do plantio das videiras, momento no qual se percebeu que as mesmas haviam revelado sua tipicidade na região.

Serra Gaúcha

Situada a nordeste do Rio Grande do Sul, a região da Serra Gaúcha é a grande estrela da vitivinicultura brasileira, destacando-se pelo volume e pela qualidade dos vinhos que produz. Para qualquer enófilo indo ao Rio Grande do Sul, é obrigatório visitar a Serra Gaúcha, especialmente Bento Gonçalves.

Serra Gaúcha

A região da Serra Gaúcha está situada em latitude próxima das condições geoclimáticas ideais para o melhor desenvolvimento de vinhedos, mas as chuvas costumam ser excessivas exatamente na época que antecede a colheita, período crucial à maturação das uvas. Quando as chuvas são reduzidas, surgem ótimas safras, como nos anos 1999, 2002, 2004, 2005 e 2006.

A partir de 2007, com o aquecimento global, o clima da Serra Gaúcha se transformou, surgindo verões mais quentes e secos, com resultados ótimos para a vinicultura, mas terríveis para a agricultura.

Desde 2005 o nível de qualidade dos vinhos tintos vem subindo continuamente, graças a esta mudança e também do salto de tecnologia de vinhedos implantado a partir do ano 2000.

Vale Trentino, Distrito de Forqueta

Localizada a 15Km da área central da cidade de Caxias do Sul, a Região Administrativa de Forqueta tem como característica principal a produção de vinhos e uvas, que responde por cerca de 90% da sua economia rural. Conta a história de que o nome surgiu devido a abertura de uma casa de comércio no entroncamento da Estrada Geral com a estrada que levava aos Santos Anjos. O entroncamento tinha a forma de um garfo, uma “forchetta” em italiano, derivando aí o nome de Forqueta.

Distrito de Forqueta (Destaque)

Vale Trentino é o nome do roteiro que faz parte dessa região, um percurso que reúne atrativos em Caxias do Sul e Farroupilha. Tem duas características fortes: o cultivo da uva, com lindos vales e parreirais, o que garante um belo passeio para contemplar as lindas paisagens. No centro está o museu da Uva e do Vinho Plínio Slomp.

Outra característica é a religiosidade dentre as 15 capelas em diferentes localidades do interior, uma é em devoção a Nossa Senhora da Salete, a padroeira dos agricultores e de São Roque, em Farroupilha, que data de 1898 e é uma das mais antigas.

Forqueta ainda tem a Festa do Vinho Novo, realizada a cada dois anos nos três primeiros finais de semana de julho. O evento conta com exposições, shows, desfiles temáticos e culinária típica.

Barbera, o “vinho do povo”.

Uma das maiores uvas italianas, ficando atrás apenas da Sangiovese, a uva Barbera, conhecida anteriormente por produzir vinhos de menor qualidade, hoje é responsável por vinhos nobres e notáveis. Esta casta passou, pelos últimos anos, uma verdadeira história de superação. Trata-se da uva que é responsável pelo vinho que os piemonteses consomem no dia a dia, daí o nome que foi concedido pelas pessoas da região: “o vinho do povo”.

Acredita-se que a uva Barbera tem origem nas montanhas de Monferrato, na região central de Piemonte, na Itália. Alguns documentos, datados entre 1246 e 1277, encontrados na Catedral da Casale Monferrato, detalham acordos relacionados a vinhedos plantados com “de bonis vitibus barbexinis”, a uva Barbera.

Contudo, um ampelógrafo chamado Pierre Viala especula que ela se originou em Oltrepò Pavese, na região da Lombardia. Nos séculos 19 e 20, ondas de imigrantes italianos trouxeram esta cepa para a Califórnia, Argentina e outros lugares nas Américas. Em 1985, um evento trágico relacionado à uva Barbera envolveu produtores adicionando ilegalmente metanol aos vinhos.

Esta ação causou declínio no plantio e vendas da uva. Isto levou a Montepulciano tomar o posto da uva Barbera no meio da década de 90. Anteriormente considerada uva de vinhos inferiores, até o escândalo de Relações Públicas nas décadas de 80 e 90, a uva Barbera tomou um rumo de superação muito interessante.

Frutado, ele tem gosto de cerejas, morangos e framboesas. Quando jovem, o vinho Barbera pode ter aroma de mirtilos também. Com pouco tanino e alta acidez natural, a uva Barbera é uma boa pedida para harmonizar vinhos com alimentos ricos e reconfortantes, como queijos, carnes e cogumelos.

Além de Piemonte, a uva Barbera é cultivada em outras regiões da Itália, como Campania, Emilia-Romagna, Puglia, Sardenha e Sicília, somando 52.600 acres de plantação. Fora do país, a Argentina, a Austrália, os Estados Unidos e até mesmo o Brasil são outros produtores conhecidos de vinhos de qualidade com a Barbera. Em regiões quentes, como a Califórnia, nos EUA, destacam-se toques de ameixa, além do sabor frutado de cereja.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela uma cor vermelho rubi intensa, brilhante e com reflexos violáceos, com lágrimas finas e em profusão, mas rápidas.

No nariz traz o protagonismo das frutas vermelhas, remetendo a cerejas, amoras, framboesa e morango, além de delicadas expressões de especiarias.

Na boca é seco de textura leve, mas de marcante personalidade por ser untuoso, com o destaque para a fruta replicando as impressões olfativas. Tem taninos sedosos, amáveis, macios, com acidez evidente, mas equilibrada e um final de média persistência e retrogosto frutado.

Terroir, história, experiências sensoriais... Tudo parece convergir para o prazer, para a celebração de se degustar um vinho, de se ter à mesa um vinho para, primordialmente, proporcionar a alegria, o momento único de se ter em nossa humilde taça um vinho desse naipe. O passado é o presente, que inspira o futuro. Ah sim o Brasil vem ganhando expertise para o cultivo de uvas autóctones italianas e se tornará, a médio e/ou longo prazo um dos grandes produtores nesse quesito no mundo, até porque, tendo como primeira referência, o Vitis Barbera, não há como negar, mesmo que com uma dose generosa de euforia, esse momento para a história da vitivinicultura do Brasil. Que venham muitos, que o passado, o presente e o futuro se entrelacem. Tem 14% de teor alcoólico.

Sobre a Casa Perini:

Em 1876 chegava da Itália a família Perini com Giuseppe e Antônio Perini, mas somente em 1929 começaram a elaborar seus primeiros vinhos de forma artesanal no porão de sua casa, quando os fornecia para cerimônias festivas da comunidade local, no Vale Trentino, em Farroupilha.

Quatro décadas após o patriarca iniciar sua modesta produção, seu filho viria a promover mudanças maiores. Em outubro de 1970 resolve ampliar os negócios da família, fundando a Casa Perini.

Motivado e apaixonado por transformar a uva em vinho, buscam a cada ano aperfeiçoar a vinícola com equipamentos, tecnologia e equipe qualificada, pois sem uma equipe profissional a arte de elaborar vinhos perde criatividade e talento. Em 2005 a Família Perini adquire a unidade Bacardi Martini em Garibaldi agregando tecnologia ao seu processo produtivo através dos tanques “Vinimatics”, utilizados na maceração e fermentação dos vinhos tintos.

Em 2010 a vinícola foi pioneira no setor ao implantar o sistema de rastreabilidade no qual é possível, através do número do lote, rastrear todo o caminho do vinho desde o vinhedo até a garrafa. O reconhecimento vem a cada prêmio alcançado e a cada consumidor satisfeito, o que se comprova com a conquista de mais de 200 medalhas nacionais e internacionais e, principalmente, com a recente premiação do Casa Perini Moscatel, eleito o 5° melhor vinho do mundo de 2017 pela WAWWJ (World Association of Writers & Journalists of Wines & Spirits).

Mais informações acesse:

https://www.casaperini.com.br/home

Referências:

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/piemonte-grandiosa-regiao-italiana_8360.html

“Vem da Uva”: https://www.vemdauva.com.br/vinho-barbera-conheca-suas-caracteristicas/

“Enologuia”: https://enologuia.com.br/uvas/256-uva-barbera-conheca-o-vinho-do-povo

“Blog Art des Caves”: https://blog.artdescaves.com.br/uva-barbera-mais-plantadas-na-italia

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=SERRAGAUCHA

“Guia de Caxias do Sul”: https://www.guiadecaxiasdosul.com/turismo/rural/categoria/regiao-de-forqueta-roteiro-vale-trentino

“Destinos do Sul”: https://destinosdosul.com/2021/02/24/uvas-e-muita-historia-no-vale-trentino-em-caxias-do-sul/






domingo, 20 de março de 2022

Casa Perini Prosecco (Glera)

 

Quando falamos em Prosecco, a famosa casta Glera, pois Prosecco é a região, lembramos imediatamente da Itália. Não há muito que contestar que este país é a referência na produção desse vinho, mas o Brasil tem se destacado na produção de rótulos da casta Glera que claro tem uma simbiose muito grande com as características do nosso país, sobretudo no quesito climático. Terras quentes para casta predominantemente leve, fresca e frutada.

E há quem diga, mesmo com toda a tradição da casta e região, que se trata de um vinho “mais do mesmo”, tudo igual, sem atrativos, sobretudo os nacionais que privilegia e muito o frescor, a leveza.

De fato a característica da casta é marcante, mostra majoritariamente, frescor, leveza, refrescância, sabor frutado, mas ainda assim, para uma degustação informal, descontraída o Prosecco sempre será uma ótima pedida, principalmente para os atuais dias quentes de verão.

O vinho que degustei e gostei de hoje foi escolhido pela tradição do produtor e pelo excelente custo X benefício praticado, digo custo X benefício porque o vinho é surpreendentemente maravilhoso trazendo sim as essenciais características da Glera, mas com a cara do Brasil e uma destacada acidez que realmente encanta e entrega um vinho saboroso e com aquele frescor que anima a quem degusta.

Falo do Perini Prosecco, não safrado, da Serra Gaúcha. Um vinho premiado, que vem sendo laureado há anos e que mesmo com essas reverências, a duras penas, vem mantendo um valor bem acessível ao bolso do brasileiro, apesar de não “degustar prêmios”, mas que não podemos negar que atesta a qualidade desse belíssimo rótulo.

Então falemos um pouco da região italiana de Prosecco, bem como da região da Serra Gaúcha, emblemática região brasileira onde este rótulo foi concebido.

Prosecco

Vinho espumante tem cara de festa, alegria e descontração. O prosecco nos últimos anos vem conquistando o mundo com um sucesso fácil de decifrar e que cabe dentro de uma taça: qualidade, preço e forte identidade. O sabor frutado e leve faz com que o prosecco seja um vinho versátil, que pode ser consumido com diversos tipos de pratos, sobremesas ou simplesmente como um aperitivo.

A província de Treviso é a principal zona de produção de prosecco. A Itália, a exemplo da França, existe regras e legislações rígidas no que diz respeito à produção do vinho. O sistema de denominação de origem (DOC) é a garantia de que o produto é realizado seguindo uma série de regras que respeitam as técnicas, a matéria prima e todo o processo envolvido no desenvolvimento do vinho de certa região. É que cada uva e cada terroir têm suas características.

A área encontra-se no nordeste da Itália,entre o Mar Adriático e a cadeia de montanhas dos Alpes.

Regiões de produção (Prosecco)

Tipos de prosecco

Prosecco DOC

O prosecco DOC é o vinho produzido num território extenso que inclui algumas províncias da região do Vêneto e uma pequena área da região do Friuli. Geralmente feito com as uvas cultivadas em planície e quase sempre recolhidas com máquina.

Prosecco DOCG

O prosecco DOCG é produzido na zona histórica de Conegliano Valdobbiadene,nas colinas da província de Treviso, a 50km de Veneza, numa área onde o clima mais fresco ressalta os aromas e o sabor da uva glera. É interessante dizer que por ser uma região de colina, a colheita da uva é feita manualmente, o que significa que a cada taça de prosecco que a gente bebe tem um trabalho imenso e um envolvimento humano por trás. O prosecco DOCG pode ser Dry (mais doce), Extra Dry (doce) ou Brut (seco).

Cartizze

A ponta da pirâmide fica por conta da região Cartizze, que é uma colina de mais ou menos 106 hectares que dizem ser o metro quadrado mais caro da Itália, 1,2 milhões de euro por hectare. De lá vêm as uvas que produzem o prosecco mais precioso.

Além do vinho, o que chama mais atenção no território de produção do prosecco é a paisagem. As colinas de Valdobbiadene são belíssimas e as pequenas cidades da região têm grande importância histórica, já algumas das batalhas entre italianos e austríacos durante a I Guerra Mundial aconteceram nesta zona. Em 2019, as colinas de Conegliano e Valdobbiadene foram reconhecidas como Patrimônio UNESCO.

Com o mesmo nome dos famosos vinhos espumantes Proseccos, elaborados no nordeste da Itália, a variedade também é conhecida como uva Glera. Esses vinhos passam por um processo de fermentação em tanques, diferentemente dos espumantes franceses, cuja fermentação ocorre dentro da própria garrafa.

A uva apresenta bagos com coloração amarela e reflexos dourados, formando cachos grandes e alongados. As folhas verdes e brilhantes da uva Prosecco ficam sensíveis quando expostas a temperaturas elevadas e à alta incidência de raios solares, além de serem pouco resistentes à seca.

Essa uva branca acumula elevados níveis de açúcar e aromas, apresentando acidez propícia para a produção de excelentes vinhos espumantes. A uva participa de 85% da composição dos reputados vinhos Proseccos em blend com as uvas Chardonnay e a Pinot.

Sendo uma variedade de uva vigorosa, a Prosecco tem bons rendimentos e, durante o seu cultivo, brota rapidamente. Além disso, tem amadurecimento prolongado natural. Apenas uma pequena porção desse tipo de uva dá origem a vinhos sem gás, já que os principais tipos de vinho que levam a Prosecco em sua composição são os espumantes e frisantes.

Base para elaboração de vinhos refrescantes, ideais para dias quentes, a uva Prosecco dá origem a exemplares com aromas que remetem a pêssegos brancos. São rótulos leves e de baixo teor alcoólico, nos quais a quantidade de álcool mínima aceita para sua comercialização foi fixada em 8,5%.

Serra Gaúcha

Situada a nordeste do Rio Grande do Sul, a região da Serra Gaúcha é a grande estrela da vitivinicultura brasileira, destacando-se pelo volume e pela qualidade dos vinhos que produz. Para qualquer enófilo indo ao Rio Grande do Sul, é obrigatório visitar a Serra Gaúcha, especialmente Bento Gonçalves.

Serra Gaúcha

A região da Serra Gaúcha está situada em latitude próxima das condições geoclimáticas ideais para o melhor desenvolvimento de vinhedos, mas as chuvas costumam ser excessivas exatamente na época que antecede a colheita, período crucial à maturação das uvas. Quando as chuvas são reduzidas, surgem ótimas safras, como nos anos 1999, 2002, 2004, 2005 e 2006.

A partir de 2007, com o aquecimento global, o clima da Serra Gaúcha se transformou, surgindo verões mais quentes e secos, com resultados ótimos para a vinicultura, mas terríveis para a agricultura. Desde 2005 o nível de qualidade dos vinhos tintos vem subindo continuamente, graças a esta mudança e também do salto de tecnologia de vinhedos implantado a partir do ano 2000.

O Vale dos Vinhedos, importante região que fica situada na Serra Gaúcha, junto à cidade de Bento Gonçalves, caracteriza-se pela presença de descendentes de imigrantes italianos, pioneiros da vinicultura brasileira. Nessa região as temperaturas médias criam condições para uma vinicultura fina voltada para a qualidade. A evolução tecnológica das últimas décadas aplicada ao processo vitivinícola possibilitou a conquista de mercados mais exigentes e o reconhecimento dos vinhos do Vale dos Vinhedos. Assim, a evolução da vitivinicultura da região passou a ser a mais importante meta dos produtores do Vale.

O Vale dos Vinhedos é a primeira região vinícola do Brasil a obter Indicação de Procedência de seus produtos, exibindo o Selo de Controle em vinhos e espumantes elaborados pelas vinícolas associadas. Criada em 1995, a partir da união de seis vinícolas, a Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale), já surgiu com o propósito de alcançar uma Denominação de Origem. No entanto, era necessário seguir os passos da experiência, passando primeiro por uma Indicação de Procedência.

O pedido de reconhecimento geográfico encaminhado ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) em 1998 foi alcançado somente em 2001. Neste período, foi necessário firmar convênios operacionais para auxiliar no desenvolvimento de atividades que serviram como pré-requisitos para a conquista da Indicação de Procedência Vale dos Vinhedos (I.P.V.V.). O trabalho resultou no levantamento histórico, mapa geográfico e estudo da potencialidade do setor vitivinícola da região. Já existe uma DOC (Denominação de Origem Controlada) na região.

O Vale dos Vinhedos foi a primeira região entregue aos imigrantes italianos, a partir de 1875. Inicialmente desenvolveu-se ali uma agricultura de subsistência e produção de itens de consumo para o Rio Grande do Sul. Devido à tradição da região de origem das famílias imigrantes, o Veneto, logo se iniciaram plantios de uvas para produção de vinho para consumo local. Até a década de 80 do século XX, os produtores de uvas do Vale dos Vinhedos vendiam sua produção para grandes vinícolas da região. A pouca quantidade de vinho que produziam destinava-se ao consumo familiar.

Esta realidade mudou quando a comercialização de vinho entrou em queda e, consequentemente, o preço da uva desvalorizou. Os viticultores passaram então a utilizar sua produção para fazer seu vinho e comercializá-lo diretamente, tendo assim possibilidade de aumento nos lucros.

Para alcançar este objetivo e atender às exigências legais da Indicação Geográfica, seis vinícolas se associaram, criando, em 1995, a Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale). Atualmente, a Aprovale conta com 24 vinícolas associadas e 19 associados não produtores de vinho, entre hotéis, pousadas, restaurantes, fabricantes de produtos artesanais, queijarias, entre outros. As vinícolas do Vale dos Vinhedos produziram, em 2004 9,3 milhões de litros de vinhos finos e processaram 14,3 milhões de kg de uvas viníferas.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta um amarelo palha com reflexos esverdeados, muito brilhantes com perlages finos e abundantes.

No nariz explodem aromas de frutas cítricas e de polpa branca tais como pera, maçã-verde, abacaxi, com notas delicadas de flores brancas, notas florais que traz a sensação de leveza, de elegância.

Na boca é leve, fresco, delicado, saboroso, com a fruta protagonizando como no aspecto olfativo, com uma acidez média para alta que estimula degustar de forma intensa, com alguma cremosidade e um final frutado e persistente.

O Perini Prosecco reforça a força do Brasil para a produção de espumantes e a Glera definitivamente ganhou o seu lugar em nossos terroirs e pode não ter a tradição e representatividade do Prosecco italiano, mas conquistamos, temos conquistado, a cada dia, tipicidade, sem imitações, produzindo, entregando vinhos solares, frescos, alegres e despretensiosos, como tem de ser a casta Glera. É assim, com o seu sucesso facilmente identificado, que a Prosecco tem e terá o seu lugar na história e taça dos brasileiros. Tem 11,6% de teor alcoólico.

Sobre a Casa Perini:

Em 1876 chegava da Itália a família Perini com Giuseppe e Antônio Perini, mas somente em 1929 começaram a elaborar seus primeiros vinhos de forma artesanal no porão de sua casa, quando os fornecia para cerimônias festivas da comunidade local, no Vale Trentino, em Farroupilha.

Quatro décadas após o patriarca iniciar sua modesta produção, seu filho viria a promover mudanças maiores. Em outubro de 1970 resolve ampliar os negócios da família, fundando a Casa Perini.

Motivado e apaixonado por transformar a uva em vinho, buscam a cada ano aperfeiçoar a vinícola com equipamentos, tecnologia e equipe qualificada, pois sem uma equipe profissional a arte de elaborar vinhos perde criatividade e talento. Em 2005 a Família Perini adquire a unidade Bacardi Martini em Garibaldi agregando tecnologia ao seu processo produtivo através dos tanques “Vinimatics”, utilizados na maceração e fermentação dos vinhos tintos.

Em 2010 a vinícola foi pioneira no setor ao implantar o sistema de rastreabilidade no qual é possível, através do número do lote, rastrear todo o caminho do vinho desde o vinhedo até a garrafa. O reconhecimento vem a cada prêmio alcançado e a cada consumidor satisfeito, o que se comprova com a conquista de mais de 200 medalhas nacionais e internacionais e, principalmente, com a recente premiação do Casa Perini Moscatel, eleito o 5° melhor vinho do mundo de 2017 pela WAWWJ (World Association of Writers & Journalists of Wines & Spirits).

Mais informações acesse:

https://www.casaperini.com.br/home

Referências:

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=SERRAGAUCHA

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/prosecco

“Italia Per Amore”: http://italiaperamore.com/conheca-a-regiao-de-valdobbiadene-terra-do-prosecco/

“Reserva 85”: https://reserva85.com.br/vinho/indicacao-geografica-ig-denominacao-de-origem-do/regioes-vinicolas-italia/regioes-produtoras-de-prosecco-mapa-caracteristicas/

 

 

 








quinta-feira, 4 de junho de 2020

Arbo Marselan


Costumo dizer e defender a importância de cada enófilo, caso queira conhecer, enveredar o vasto e prazeroso mundo do vinho, a participar, pelo menos uma vez na vida, de um festival de degustação. A carga de informação transborda diante dos seus olhos e inundam os seus ouvidos, cabendo a você, é claro, absorver aquili que você julgar relevante e transformar em conhecimento, agregar conhecimento ao ritual da degustação. Quando estive, em 2017 em um evento no Rio de Janeiro chamado “Vinho na Vila”, foi uma experiência e tanto. Caso queira ler detalhes do evento, segue link: Festival Vinho na Vila 2017. Além de participar de um evento de degustação, conversar com outros enófilos, produtores e conhecer rótulos novos, castas e terroirs também novos, foi um festival inteiramente dedicado aos vinhos brasileiros. Ah como os vinhos brasileiros precisam de protagonismo! Trafegando pelo espaço onde o evento acontecia fui ao stand da Casa Perini, instalada na região gaúcha de Farroupilha, decidi me aproximar e conferir, afinal não conhecia seus rótulos. Degustei alguns e um me chamou a atenção: a linha Arbo da casta Marselan. Que casta é essa? Não sabia, então logo solicitei que enchesse a minha taça para degustar. E...

O vinho, produzido em Farroupilha, era muito bom! Me surpreendeu positivamente e o valor estava muito atrativo, em torno dos R$ 30,00! Logo o representante do produtor me informara que era a linha básica da vinícola, mas o vinho entregava mais do que valia, o preço era justo! Então comprei! Não levou muito tempo ocupando espaço na minha adega, então o desarrolhei! O vinho não era safrado, denunciando que era um vinho simples e de rápida degustação, estimulando-me, ainda mais, em bebê-lo. Mas antes de falar do vinho, vamos falar um pouco da casta Marselan, não muito popular por aqui em terras brasileiras.

Marselan

Casta de origem francesa Marselan é um cruzamento entre as uvas Cabernet Sauvignon e Grenache obtido por Paul Truel em 1961, em Montpellier, sul da França. O objetivo do cruzamento era obter uma uva com mais produtividade. O resultado foi uma uva de cachos grandes e pequenas bagas. Acabou sendo deixada de lado por não apresentar o rendimento esperado. Em 1990 foi inserida no registro oficial de variedades. O nome vem de Marseillan, uma comuna localizada na costa do Mediterrâneo, França. A primeira videira foi plantada em Penedès, na Espanha. Na França é plantada principalmente no Languedoc e no Sul do Rhône. Fora da França há Marselan na Califórnia (Estados Unidos), Argentina, Uruguai e Brasil. A China também resolveu apostar e há vinhedos próximo à Grande Muralha. O cruzamento entre as duas espécies francesas fez com que a Marselan adquirisse características próprias de cada uma das uvas. A acidez da Cabernet Sauvignon, por exemplo, combinada com a leveza e versatilidade da Grenache Noir, transformou a Marselan em uma uva exótica e especial. Tem coloração intensa e aromas que lembram frutas vermelhas frescas e cacau, a uva Marselan começou a ser comercializada no Brasil a partir de 2002 encontrando bom espaço, aos poucos e produzido excelentes vinhos.

O vinho:

Na taça apresenta um vermelho rubi intenso, escuro com bordas violáceas, com poucas lágrimas e que se dissipam rapidamente.

No nariz tem aromas de frutas negras e um agradável toque floral.

Na boca é muito seco, com boa estrutura, mas macio, fácil de degustar, com uma acidez instigante, diria uma alta acidez para um tinto, taninos delicados e um final de média persistência, um retrogosto frutado.

Uma experiência agradável de uma casta diria que bem exótica, talvez até mesmo rústica, com um caráter indomável, a qual não recomendo para aqueles que estão adentrando o mundo do vinho. Inclusive alguns amigos já inveterados na degustação de vinhos mostraram certa rejeição pela Marselan, mas certamente eu degustaria outra vez, outros rótulos da casta. A “casta de laboratório” é “provocativa” e eu gosto de vinhos assim. 12% de teor alcoólico.

Sobre a Casa Perini:

Em 1876 chegava da Itália a família Perini com Giuseppe e Antônio Perini, mas somente em 1929 começaram a elaborar seus primeiros vinhos de forma artesanal no porão de sua casa, quando os fornecia para cerimônias festivas da comunidade local, no Vale Trentino, em Farroupilha. Quatro décadas após o patriarca iniciar sua modesta produção, seu filho viria a promover mudanças maiores. Em outubro de 1970 resolve ampliar os negócios da família, fundando a Casa Perini. Motivado e apaixonado por transformar a uva em vinho, buscam a cada ano aperfeiçoar a vinícola com equipamentos, tecnologia e equipe qualificada, pois sem uma equipe profissional a arte de elaborar vinhos perde criatividade e talento. Em 2005 a Família Perini adquire a unidade Bacardi Martini em Garibaldi agregando tecnologia ao seu processo produtivo através dos tanques “Vinimatics”, utilizados na maceração e fermentação dos vinhos tintos. Em 2010 a vinícola foi pioneira no setor ao implantar o sistema de rastreabilidade no qual é possível, através do número do lote, rastrear todo o caminho do vinho desde o vinhedo até a garrafa. O reconhecimento vem a cada prêmio alcançado e a cada consumidor satisfeito, o que se comprova com a conquista de mais de 200 medalhas nacionais e internacionais e, principalmente, com a recente premiação do Casa Perini Moscatel, eleito o 5° melhor vinho do mundo de 2017 pela WAWWJ (World Association of Writers & Journalists of Wines & Spirits).

Mais informações acesse:


Fonte para a história do Marselan:



Degustado em: 2017