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segunda-feira, 12 de agosto de 2024

Punta Negra Reserva Cabernet Franc 2021

 



Vinho: Punta Negra Reserva

Safra: 2021

Casta: Cabernet Franc

Região: Tupungato, Valle de Uco, Mendoza

País: Argentina

Produtor: Belhara Estate

Adquirido: Evino

Valor: R$ 54,90

Teor Alcoólico: 14%

Estágio: 12 meses em barricas de carvalho francês.

 

Análise:

Visual: apresenta um rubi intenso, escuro, viscoso, com lágrimas finas, lentas e em profusão.

Nariz: aromas de frutas vermelhas maduras, com destaque para ameixa, com notas herbais, de especiarias, como pimenta e alcaçuz e baunilha, além de um discreto amadeirado que corrobora complexidade.

Boca: é estruturado, porém macio e elegante, revelando-se muito equilibrado. As notas frutadas também são percebidas no paladar, uma característica da casta. Os taninos são gordos, mas polidos, o carvalho traz baunilha e toques de chocolate e a acidez é alta revelando frescor e vivacidade. Final cheio e de retrogosto frutado.

 

Produtor:


quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Magna Cabernet Sauvignon (50%), Malbec (40%) e Syrah (10%) 2016

 

Eu nunca entendi o motivo pelo qual eu degustava apenas varietais argentinos! Talvez seja uma informação totalmente irrelevante e até sem sentido, mas observei isso há pouco tempo.

Não era algo intencional, isso eu defendo ardorosamente, talvez uma mera e simples coincidência. Porém passei a degustar alguns, poucos é bem verdade, blends e que me chamaram muito a atenção!

E o mais importante: O Valle de Uco! Ah como essa região, que fica em Mendoza, vem me ganhando a cada dia que passa, a cada experiência, a cada rótulo degustado. E vem ganhando notoriedade, respeito e ela foi “descoberta” apenas nos anos 1990! Pasmem!

E mais um rótulo, mais uma experiência será colocada em taça! A história é viva e latente e a taça cheia traz sempre à tona o Valle de Uco. E o vinho de hoje traz uma vinícola que não degustava há algum tempo e tem a sua história em Mendoza, construindo a sua vitivinicultura: Falo da Família Zuccardi, a vinícola Santa Júlia.

E este rótulo traz um blend sensacional com as castas mais representativas da Argentina, aquelas que fazem sucesso nos terroirs dos Hermanos: Carbernet Sauvignon, a icônica Malbec e a Syrah.

O vinho que degustei e gostei veio do Valle de Uco, em Mendoza, e se chama Magna composta pelas já informadas castas Cabernet Sauvignon (50%), Malbec (40%) e Syrah (10%) da safra 2016. O vinho, no auge dos seus 6 anos de vida teria muitos e muitos anos pela frente, mas está tão elegante, tão macio, tão complexo...

Mas antes de entrar nos detalhes do vinho, vamos, para variar, com as histórias que permeiam o vinho, vamos de Valle de Uco e a sua importância para a Argentina.

Valle de Uco

Foi possível confirmar a presença de aborígenes que povoaram o vale de Uco muitos anos antes de Cristo. Nos petróglifos encontraram seu modo de vida: eram pessoas que se dedicavam à agricultura e à caça de animais, graças aos benefícios que o lugar lhes oferecia.

No século XVI, a chegada dos conquistadores espanhóis das terras chilenas e peruanas marca as primeiras explorações em terras habitadas por dóceis e laboriosas famílias indígenas: os huarpes. Daquela época vem a palavra "Uco", que se refere ao nome do cacique Cuco. Além disso, é traduzido como uma nascente de água, elemento fundamental da região.

Um século depois, os padres jesuítas se estabeleceram no vale. Eles constituíram a primeira cidade organizada e fundaram o Curato de Uco, dando início à evangelização. O general José de San Martín governou Cuyo com sede em Mendoza entre 1814 e 1816, enquanto organizava os preparativos para empreender a travessia dos Andes e libertar o Chile e o Peru.

Em várias ocasiões, ele se encontrou com nativos na área antes da expedição de libertação. Também com o militar argentino Manuel de Olazábal quando retornou à sua terra natal pelo desfiladeiro El Portillo, no que hoje é conhecido como Manzano Histórico.

Jose de San Martin

Por sua vez, a história da viticultura na região tem suas referências. Na década de 1880, Juan Giol, Bautista Gargantini e Pascual Toso chegaram de suas terras europeias e se associaram e se dedicaram à produção de vinhos. Três apelidos famosos que deram origem à San Polo Winery and Vineyards no início dos anos 1930, que tem a honra de ter, até hoje, cinco gerações de enólogos.

Bautista Gargantini

Juan Giol

Pascual Toso

O Vale do Uco foi “descoberto” pela indústria vitivinícola nos anos 1990. Localizado no sudoeste da cidade de Mendoza, bem aos pés dos Andes, seus vinhedos estão plantados em uma zona de clima temperado, com invernos rigorosos e verões quentes com noites frescas. Pode-se dizer que Uco é uma área realmente fria da região de Mendoza – e também de grande amplitude térmica (pode chegar a até 16o C), em parcelas que variam entre 850 e 1.700 metros de altitude.

Os solos são predominantemente pedregosos, com seixos rolados misturados à areia grossa, de boa permeabilidade, boa drenagem e pouco férteis. Em algumas zonas, observa-se argila ou calcário e até áreas com depósitos de cálcio, estas últimas mais raras e valorizadas, e também de onde vêm saindo alguns dos melhores vinhos lá produzidos atualmente. O índice pluviométrico é baixo e a irrigação dos vinhedos é normalmente feita por gotejamento com água de degelo das montanhas.

O Vale estende-se por três departamentos (segundo nível de divisão administrativa nas províncias argentinas): Tupungato, Tunuyán e San Carlos. A altitude e a grande amplitude térmica constante que os três departamentos compartilham exercem influência na qualidade das uvas produzidas, uma vez que torna a fase de amadurecimento da fruta mais longa, permitindo que o caráter varietal de cada cepa cultivada desenvolva-se por completo, ao mesmo tempo em que um teor agradável de acidez seja preservado.

O sucesso do vale é tamanho que, no início da década de 2010, a área de vinhedos plantados chegava a quase 26.000 hectares, praticamente o dobro do que havia no local no início dos anos 2000. O desenvolvimento da região é inconteste, assim como a sua crescente reputação dentro da vitivinicultura argentina, haja vista que um grande número de vinícolas estabelecidas em outras áreas de Mendoza busca adquirir vinhedos no vale e também construir novas plantas na região.

Aproximadamente 75% dos vinhedos são de uvas tintas, especialmente Malbec, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Merlot e Pinot Noir, com destaque para a vedete nacional nos últimos anos, a Cabernet Franc. Dentre as brancas, brilham a Chardonnay, a Sémillon e a Sauvignon Blanc, mas também há vinhos com Viognier e Torrontés.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um vermelho rubi intenso, quase escuro, com halos granada e com muito brilho, reluzente, com lágrimas finas, lentas e em profusão.

No nariz traz a marcante presença de frutas pretas bem maduras, com destaque para cerejas, amoras e ameixas e da madeira, porém em incrível sinergia, bem integrados, com ambos protagonizando, entregando notas de baunilha, café, torrefação e chocolate, graças aos 10 meses em barricas de carvalho.

Na boca é estruturado, intenso, com alguma robustez, mostrando-se cheio, volumoso, mas ao mesmo tempo se mostra sedoso, elegante e equilibrado. A marcante presença das frutas pretas é evidente, como no aspecto olfativo, com aquele toque amadeirado que proporciona um chocolate, torrefação. Tem taninos presentes, mas domados, acidez média e um final longo e persistente, com retrogosto frutado.

Celebração, experiências, história, rótulos, tudo se mescla e se resumem no prazer pela degustação de um grande rótulo do Valle de Uco, um belo e necessário mendocino. Personalidade, a tipicidade de suas castas que, mesmo em corte, são evidentes, as percepções, as experiências sensoriais ganham relevância, ganham força, ganham vida. Degustar Valle de Uco tem sido uma ode à celebração que, a cada momento, desafia a nossa humildade e simplicidade perante a décadas de história a serviço do nosso deleite líquido, da nossa poesia líquida, o bom e velho vinho. Magna traz tudo isso e reflete na altivez do seu nome a personificação de seu terroir! Grande! Tem 14,3% de teor alcoólico.

Sobre a Bodega Santa Júlia:

Julia é filha única de José Zuccardi. Criada em sua homenagem, a Santa Julia representa o compromisso da Família Zuccardi em atingir os mais altos níveis de qualidade, por meio de práticas sustentáveis​​que contribuam para o cuidado com o meio ambiente e sejam úteis à comunidade em que se instalaram.

Em 1950 Alberto Zuccardi começa a fazer experiências com novos sistemas de irrigação em Mendoza. Em 1963 Ele instala um vinhedo na região de Maipú para mostrar aos produtores da região a funcionalidade de um sistema de irrigação criado por ele. Em 1982 decidiu-se ter como objetivo a produção de castas de alta qualidade. Júlia nasce. Em 1990 as primeiras exportações da marca Santa Julia acontecem. Ruben Ruffo se junta como enólogo da Santa Julia e se torna responsável pelo desenvolvimento e crescimento dos vinhos. No vinhedo Santa Rosas se plantam vinhedos com variedades não tradicionais na Argentina: Caladoc, Ancellotta, Graciano, Bourbulenc, Aglianico, Albariño, Falangina, etc.

Em 2001, a Bodega Santa Julia foi a primeira vinícola a abrir um centro de visitantes com restaurante próprio. Hoje o projeto é dirigido por Julia Zuccardi. Foi uma década de início de novos projetos. Aos quais as novas gerações da Família gradualmente se juntaram. O projeto dos espumantes começa a ser desenvolvido. Um novo desafio que, hoje, acompanha a linha de vinhos. Em 2004, com o objetivo de produzir vinhos da forma mais natural possível, consegue-se a primeira certificação de vinha orgânica. Em 2013 Duas das principais vinhas da família Zuccardi são certificadas pela Fair For Life. Isso permite um desenvolvimento mais justo das atividades socioeconômicas de nossos trabalhadores.

Mais informações acesse:

https://santajulia.com.ar/

Referências:

“Welcome Argentina”: https://www.welcomeargentina.com/valle-de-uco/historia.html

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/conheca-o-vale-do-uco-local-que-reune-grandes-vinhos-argentinos_11401.html

 








sábado, 1 de outubro de 2022

Quimay Malbec 2020

 

Muito se fala em terroir! Claro que nomenclaturas como essas, dentro do universo do vinho, precisa ser discutida, pois é a partir do seu entendimento que construímos, entre outros fatores, as nossas identificações com os vinhos que costumamos degustar.

Porém infelizmente o uso da palavra parece ter como intuito apenas para a manipulação de um marketing perverso, como a engrenagem de uma máquina apenas para venda de produtos e não a disseminação de uma filosofia, de um conceito.

Mas essa (des) construção parece ruir quando degustamos um vinho e percebemos, apesar da particularidade de quem o aprecia, e não conseguimos identificar a tipicidade da bebida. Sabe quando degustamos, e isso de caracteriza pela “litragem”, e percebemos que o vinho não tem caráter? Ninguém pode com as manifestações sensoriais, quando, claro, bem exercitadas.

Mas ainda temos, por sorte, produtores que, abnegados, contra tudo e contra todos, seguem, bravamente, a engarrafarem o terroir, explorando tudo que a terra pode oferecer, aliado a cultura do povo e do saber fazer que decisivamente influencia o processo que vai da vindima à mesa do enófilo.

E quando falamos em terroir nos vem à mente, mesmo que de uma forma menos instintiva, a tradição, mas nem sempre a tradição nos obriga a ser tão linear. Muitos produtores promovem, com base na tradição, alguns “movimentos” mais arrojados sem abdicar do... terroir.

E alguns países produtores de vinho pode se dar ao luxo de enveredar nessas gratas aventuras e países como a Argentina e o Chile, por exemplo, por sua extensão, ampla latitude e diversidade geológica, convertem-se em um infinito conjunto de microclimas esperando ser descobertos por audaciosos enólogos e produtores que buscam não apenas um sistêmico padrão.

E alguns argentinos estão se mexendo e promovendo alguns rompimentos de paradigma para entregarem vinhos contemporâneos, arrojados, mas com caráter, com terroir. O vinho de hoje traz um produtor novo, com novas ideias e novo para mim: Manos Negras! O nome é muito sugestivo e seus produtores preconizam que o enólogo tem de meter a mão na massa, promover o contato com a terra e entender que os autênticos enólogos têm que sujar as suas mãos para explorar os limites da sua profissão que vai desde a vindima até o engarrafamento da poesia líquida.

E eles estão fazendo algo bem interessante que os uruguaios já costumam fazer há algum tempo, por exemplo: a combinação de terroirs com uma mesma variedade. Isso já, logo de cara, te estimula, te excita a degustar o vinho! Vinhos com terroirs conhecidos de Mendoza, mas com a aposta do diferente e assim, com muito arrojo, trazer a originalidade enaltecendo a tradição das microrregiões.

E o melhor ou, diria, surpreendente: recebi esse rótulo de um clube de vinhos, de um importante clube de vinhos de um gigante de vendas no Brasil! O vinho que degustei e gostei veio da tradicional Mendoza e se chama Quimay da casta icônica Malbec, da igualmente icônica Mendoza, safra 2020.

O vinho vem de um único vinhedo em Valle de Uco, em Mendoza que produz dois vinhos Malbec totalmente diferentes. Essa diferença vem da base. O Malbec com solo arenoso, é mais quente, o que dá origem a um Malbec mais doce, aveludado, mais fácil de beber. Por outro lado, o Malbec com solo calcário é um solo frio, o que dá origem a um Malbec com mais acidez, aromas mais frescos e intensos.

Um complementa o outro e assim a mistura de ambos resulta em um vinho mais interessante e complexo. Cada solo é colhido e vinificado separadamente e, em seguida, são misturados para equilíbrio e complexidade adicionais.

E os “autores” dessa façanha são: o ex-diretor de Catena Zapata por mais de 15 anos Alejandro Sejanovich e de dois imigrantes neozelandeses Duncan Killiner e Jason Mabbett, e o educador de vinhos americano Jeff Mausbach.

E vale aqui uma curiosidade sobre a origem do nome do vinho: “Quimay”! Quimay, em dialeto indígena argentino, significa oásis, locais sagrados em meio aos desertos dos pampas argentinos. Hoje muitos dos vinhedos estão nessas regiões desérticas antigas, como nos arredores de Mendoza.

Falemos também de Valle de Uco, uma região, encrustada na velha Mendoza que a cada dia vem se aperfeiçoando, investindo fortemente em tecnologia e ganhando visibilidade e respeitabilidade.

Valle de Uco, a grande produtora de vinhos da Argentina

Foi possível confirmar a presença de aborígenes que povoaram o vale de Uco muitos anos antes de Cristo. Nos petróglifos encontraram seu modo de vida: eram pessoas que se dedicavam à agricultura e à caça de animais, graças aos benefícios que o lugar lhes oferecia. No século XVI, a chegada dos conquistadores espanhóis das terras chilenas e peruanas marca as primeiras explorações em terras habitadas por dóceis e laboriosas famílias indígenas: os huarpes. Daquela época vem a palavra "Uco", que se refere ao nome do cacique Cuco. Além disso, é traduzido como uma nascente de água, elemento fundamental da região.

Um século depois, os padres jesuítas se estabeleceram no vale. Eles constituíram a primeira cidade organizada e fundaram o Curato de Uco, dando início à evangelização. O general José de San Martín governou Cuyo com sede em Mendoza entre 1814 e 1816, enquanto organizava os preparativos para empreender a travessia dos Andes e libertar o Chile e o Peru. Em várias ocasiões, ele se encontrou com nativos na área antes da expedição de libertação. Também com o militar argentino Manuel de Olazábal quando retornou à sua terra natal pelo desfiladeiro El Portillo, no que hoje é conhecido como Manzano Histórico.

José de San Martín

Por sua vez, a história da viticultura na região tem suas referências. Na década de 1880, Juan Giol, Bautista Gargantini e Pascual Toso chegaram de suas terras europeias e se associaram e se dedicaram à produção de vinhos. Três apelidos famosos que deram origem à San Polo Winery and Vineyards no início dos anos 1930, que tem a honra de ter, até hoje, cinco gerações de enólogos.

Juan Giol

Batista Gargantini

Pascual Toso

O Vale do Uco foi “descoberto” pela indústria vitivinícola nos anos 1990. Localizado no sudoeste da cidade de Mendoza, bem aos pés dos Andes, seus vinhedos estão plantados em uma zona de clima temperado, com invernos rigorosos e verões quentes com noites frescas. Pode-se dizer que Uco é uma área realmente fria da região de Mendoza – e também de grande amplitude térmica (pode chegar a até 16o C), em parcelas que variam entre 850 e 1.700 metros de altitude.

Os solos são predominantemente pedregosos, com seixos rolados misturados à areia grossa, de boa permeabilidade, boa drenagem e pouco férteis. Em algumas zonas, observa-se argila ou calcário e até áreas com depósitos de cálcio, estas últimas mais raras e valorizadas, e também de onde vêm saindo alguns dos melhores vinhos lá produzidos atualmente. O índice pluviométrico é baixo e a irrigação dos vinhedos é normalmente feita por gotejamento com água de degelo das montanhas.

O Vale estende-se por três departamentos (segundo nível de divisão administrativa nas províncias argentinas): Tupungato, Tunuyán e San Carlos. A altitude e a grande amplitude térmica constante que os três departamentos compartilham exercem influência na qualidade das uvas produzidas, uma vez que torna a fase de amadurecimento da fruta mais longa, permitindo que o caráter varietal de cada cepa cultivada desenvolva-se por completo, ao mesmo tempo em que um teor agradável de acidez seja preservado.

Vale de Uco

O sucesso do vale é tamanho que, no início da década de 2010, a área de vinhedos plantados chegava a quase 26.000 hectares, praticamente o dobro do que havia no local no início dos anos 2000. O desenvolvimento da região é inconteste, assim como a sua crescente reputação dentro da vitivinicultura argentina, haja vista que um grande número de vinícolas estabelecidas em outras áreas de Mendoza busca adquirir vinhedos no vale e também construir novas plantas na região.

Aproximadamente 75% dos vinhedos são de uvas tintas, especialmente Malbec, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Merlot e Pinot Noir, com destaque para a vedete nacional nos últimos anos, a Cabernet Franc. Dentre as brancas, brilham a Chardonnay, a Sémillon e a Sauvignon Blanc, mas também há vinhos com Viognier e Torrontés.

E agora finalmente o vinho!

Na taça entrega um lindo vermelho rubi intenso e brilhante, mas com entornos violáceos, com lágrimas, lentas e em média intensidade que desenham as paredes do copo.

No nariz traz a predominância de frutas maduras, pretas e vermelhas, com as notas amadeiradas bem integrada, entregando baunilha, um leve tostado e um defumado. O toque floral traz frescor ao vinho.

Na boca é seco, mas traz a sensação de um discreto residual de açúcar, com alguma estrutura e vivacidade, sobretudo pela sua jovialidade, sendo corroborada pela fruta intensa, como no aspecto olfativo. As notas amadeiradas também ganham evidência, graças aos 8 meses de passagem por barricas de carvalho, com toques de chocolate, baunilha. Tem taninos gulosos, presentes, mas domados, com ótima acidez e final persistente e frutado.

Vinhos contemporâneos, com novas propostas, arrojadas, técnicas de cultivo novas, conceitos sustentáveis, todos esses quesitos vislumbra um único e precioso resultado: vinhos autênticos, castas que reflitam o seu terroir. O conceito de terroir não deve ser levado em conta de uma forma apenas, tão somente voltada para marketing, mas que seja de fato efetivada e que entregue o máximo de tipicidade na bebida e que ela chegue de fato à mesa do enófilo e que este entenda, não importa a forma, que esse vinho é de Mendoza, que é um Malbec distintamente argentino, pois sintetiza o chão, a terra a qual fora concebido. Tem 13,8% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Manos Negras:

Os verdadeiros produtores de vinho sujam as mãos, ou seja, ficam com as mãos pretas de vinho, e é disso que se trata o Manos Negras. Arregaçando as mangas e sujando as mãos, é assim que fazemos esses vinhos artesanais.

Manos Negras concentra-se na vinificação em latitude, e sendo assim as regiões vinícolas da Argentina e do Chile se estendem por 1.500 milhas de norte a sul ao longo dos Andes. Cada latitude possui um terroir único com combinações singulares de solo e temperatura que são decerto ideais para diferentes variedades.

Manos Negras, fundada em 2009, usa as habilidades únicas de dois imigrantes neozelandeses Duncan Killiner e Jason Mabbett, e o educador de vinhos americano Jeff Mausbach, bem como o renomado viticultor argentino Alejandro Sejanovich para criar vinhos com base em emocionantes combinações terroir-varietais.

Mais informações acesse:

www.manosnegras.com.ar

Referências:

“Welcome Argentina”: https://www.welcomeargentina.com/valle-de-uco/historia.html

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/conheca-o-vale-do-uco-local-que-reune-grandes-vinhos-argentinos_11401.html

“Revista Sociedade de Mesa”: https://revista.sociedadedamesa.com.br/2015/07/vinicola-manos-negras/

 

 

 










 


segunda-feira, 12 de julho de 2021

Crios Malbec Rosé 2017

 

O garimpo, a busca pelo vinho ainda se torna necessário e urgente, mesmo em tempos de e-commerce e questões virtuais com as suas conveniências e comodidades. Digo isso, pois tive a sorte de ganhar um convite, de uma rede grande de supermercados, de participar de uma palestra de um enólogo da vinícola, uma das melhores da Argentina atualmente, chamada Susana Balbo Wines. Além da história, dos processos de vinificação, do mercado externo de vinhos, conceitos de comportamento de degustação e degustadores, tivemos, para o nosso deleite, degustações de alguns dos mais importantes rótulos deste grande produtor.

Na época deste evento eu já conhecia, bem antes, de alguns rótulos da vinícola, sobretudo a linha básica deste produtor, a “Crios”. O meu primeiro contato foi com o Crios da casta Torrontés safra 2013. Que vinho, dignos leitores! Não se enganem ou crie uma mentalidade pré-concebida pelo fato da linha ser básica, trata-se de um excepcional Torrontés e foi um dos melhores que degustei desta casta ícone argentina. Depois deste eu decidi buscar outros rótulos da vinícola e encontrei a clássica casta Malbec, o Crios Malbec 2014, outro excelente vinho que expressa a tradição da casta produzida em Mendoza com o arrojo contemporâneo dos vinhos da excelente enóloga Susana Balbo.

Mas voltando ao evento da Susana Balbo Wines, tudo estava perfeito para todo bom enófilo: o assunto abordado, as degustações de rótulos especiais e quando eu tive acesso a outro rótulo da linha Crios eu tive uma espécie de arrebatamento, algo que deixa sem reações, somente a alegria incontida de ter as características daquele vinho impactando os seus sentidos.

Quando o degustei eu pensei, ainda atônito: Preciso compra-lo! Alguns vinhos disponibilizados para degustação não estavam, infelizmente, disponíveis para venda e isso me preocupou, pois queria o vinho que me arrebatou, que me deixou animado para tê-lo em minha simples e humilde adega, mas o encontrei e não hesitei em leva-lo.

Demorei um pouco para abri-lo, mas o momento chegou! Já havia degustado e já sabia o que me aguardava, mas ainda assim, aquele ritual para a abertura de um vinho que estruturei foi levado à risca, como se fora o meu primeiro contato com o rótulo. O vinho que degustei e gostei veio da fantástica região, localizada em Mendoza, chamada Luján de Cuyo, e se chama Crios, um Malbec Rosé da safra 2017. E para não perder tempo falemos um pouco da história da emblemática sub-região de Valle de Uco e também da vinícola de Susana Balbo, bem como a história do nome “Crios”.

Valle de Uco, a grande produtora de vinhos da Argentina

Foi possível confirmar a presença de aborígenes que povoaram o vale de Uco muitos anos antes de Cristo. Nos petróglifos encontraram seu modo de vida: eram pessoas que se dedicavam à agricultura e à caça de animais, graças aos benefícios que o lugar lhes oferecia. No século XVI, a chegada dos conquistadores espanhóis das terras chilenas e peruanas marca as primeiras explorações em terras habitadas por dóceis e laboriosas famílias indígenas: os huarpes. Daquela época vem a palavra "Uco", que se refere ao nome do cacique Cuco. Além disso, é traduzido como uma nascente de água, elemento fundamental da região.

Um século depois, os padres jesuítas se estabeleceram no vale. Eles constituíram a primeira cidade organizada e fundaram o Curato de Uco, dando início à evangelização. O general José de San Martín governou Cuyo com sede em Mendoza entre 1814 e 1816, enquanto organizava os preparativos para empreender a travessia dos Andes e libertar o Chile e o Peru. Em várias ocasiões, ele se encontrou com nativos na área antes da expedição de libertação. Também com o militar argentino Manuel de Olazábal quando retornou à sua terra natal pelo desfiladeiro El Portillo, no que hoje é conhecido como Manzano Histórico.

José de San Martín

Por sua vez, a história da viticultura na região tem suas referências. Na década de 1880, Juan Giol, Bautista Gargantini e Pascual Toso chegaram de suas terras europeias e se associaram e se dedicaram à produção de vinhos. Três apelidos famosos que deram origem à San Polo Winery and Vineyards no início dos anos 1930, que tem a honra de ter, até hoje, cinco gerações de enólogos.

Juan Giol

Bautista Gargantini

Pascoal Toso

O Vale do Uco foi “descoberto” pela indústria vitivinícola nos anos 1990. Localizado no sudoeste da cidade de Mendoza, bem aos pés dos Andes, seus vinhedos estão plantados em uma zona de clima temperado, com invernos rigorosos e verões quentes com noites frescas. Pode-se dizer que Uco é uma área realmente fria da região de Mendoza – e também de grande amplitude térmica (pode chegar a até 16o C), em parcelas que variam entre 850 e 1.700 metros de altitude. Os solos são predominantemente pedregosos, com seixos rolados misturados à areia grossa, de boa permeabilidade, boa drenagem e pouco férteis. Em algumas zonas, observa-se argila ou calcário e até áreas com depósitos de cálcio, estas últimas mais raras e valorizadas, e também de onde vêm saindo alguns dos melhores vinhos lá produzidos atualmente. O índice pluviométrico é baixo e a irrigação dos vinhedos é normalmente feita por gotejamento com água de degelo das montanhas.

O Vale estende-se por três departamentos (segundo nível de divisão administrativa nas províncias argentinas): Tupungato, Tunuyán e San Carlos. A altitude e a grande amplitude térmica constante que os três departamentos compartilham exercem influência na qualidade das uvas produzidas, uma vez que torna a fase de amadurecimento da fruta mais longa, permitindo que o caráter varietal de cada cepa cultivada desenvolva-se por completo, ao mesmo tempo em que um teor agradável de acidez seja preservado.

Valle de Uco

O sucesso do vale é tamanho que, no início da década de 2010, a área de vinhedos plantados chegava a quase 26.000 hectares, praticamente o dobro do que havia no local no início dos anos 2000. O desenvolvimento da região é inconteste, assim como a sua crescente reputação dentro da vitivinicultura argentina, haja vista que um grande número de vinícolas estabelecidas em outras áreas de Mendoza busca adquirir vinhedos no vale e também construir novas plantas na região.

Aproximadamente 75% dos vinhedos são de uvas tintas, especialmente Malbec, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Merlot e Pinot Noir, com destaque para a vedete nacional nos últimos anos, a Cabernet Franc. Dentre as brancas, brilham a Chardonnay, a Sémillon e a Sauvignon Blanc, mas também há vinhos com Viognier e Torrontés.

E agora finalmente o vinho!

Na taça conta com o desconcertante rosa intenso, poderoso e muito brilhante, com algumas finas lágrimas que logo se dissipam, mas que já denuncia o sua personalidade.

No nariz uma explosão de frutas vermelhas tais como morango, groselha, framboesa e cereja, com um toque floral que lhe confere frescor e vivacidade, com muita elegância.

Na boca se confirmam as notas de frutas vermelhas, extremamente frutado, sem ser enjoativo, com uma atípica estrutura para um rosé, mas que denunciam também um frescor graças a sua vibrante acidez, sendo um vinho delicado, mas marcante, muito versátil. Tem um final prolongado e persistente com um retrogosto muito frutado.

A linha Crios nasceu do amor de Susana Balbo pelos filhos e do desejo de deixar um legado para a família que os ajudasse a percorrer os seus próprios caminhos com lições de vida que aprendeu na sua carreira de empreendedora incansável. O símbolo icônico de mãos sobrepostas em cada mamadeira representa essa relação mãe-filho e, por sua vez, as mãos como ferramentas poderosas para as mães fornecerem apoio, calor, conforto e transmitirem os ensinamentos de sabedorias e habilidades aprendidas.

Convicção, energia e identidade são necessárias para criar algo com as mãos e deixar uma marca pessoal indelével. Cuidando de seus vinhos Crios para destacar o melhor de suas variedades, Susana e sua equipe escolhem as melhores regiões vinícolas da Argentina para cada tipo de uva e, em seguida, criam cada varietal para elevar suas características intrínsecas.

E com esse conceito tão evidente, tão forte da questão da identidade, da cultura de um povo, de sua terra, esse belíssimo Crios Malbec Rosé entrega, de forma divina e maravilhosa, a tipicidade, o terroir de uma região emblemática como Valle de Uco, Mendoza, do Malbec argentino que é tão singular e global. Um Malbec rosé com uma cor rosada escura e intensa, mas brilhante, reluzente, bonita, um Malbec rosé, diria, atípico, com uma incrível estrutura, que parece que deve ser consumido, degustado com “garfo e faca”, de tão caudaloso, de tão encorpado para um rosé, mas que entrega frescor, boa acidez, mesmo com seus 4 anos de safra! Um vinho básico e excepcional e que proporciona aos mais ávidos fãs da poesia líquida as terras abençoadas da Argentina e a sua Mendoza. Tem 14,5% de teor alcoólico, mas que está muito bem integrado ao conjunto do vinho com muito equilíbrio.

Sobre a Susana Balbo Wines:

Em 1999, com quase duas décadas oferecendo seu talento ao aconselhamento de empresas nacionais e internacionais do setor vitivinícola, Susana Balbo decidiu realizar seu sonho de ter sua própria vinícola e foi para que Susana Balbo Wines se enraizasse no coração de Luján de Cuyo Mendoza. Após mais de dez anos de constante crescimento nos mercados internacionais, outro sonho se tornou realidade: seus filhos, José, um enólogo da UC Davis (Califórnia) e Ana, formada em Administração de Empresas pela Universidade de Em San Andrés, eles decidiram continuar com a tradição da família e se juntar à equipe Susana Balbo Wines. Nos últimos anos, Susana e sua equipe trabalharam duro para atender aos mais altos padrões de qualidade em nível internacional, demonstrando seu compromisso com os problemas mais importantes do século XXI: segurança alimentar, sustentabilidade e responsabilidade social corporativa.

Mais informações acesse:

https://www.susanabalbowines.com.ar/

https://www.criosdesusanabalbo.com.ar/