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quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Assobio 2014

 



Vinho: Assobio

Casta: Touriga Nacional, Tinta Roriz e Touriga Franca

Safra: 2014

Região: Douro

País: Portugal

Produtor: Herdade do Esporão

Teor Alcoólico: 13,5%

Estágio: 20% do lote estagiou durante 6 meses em barricas de carvalho francês

Adquirido: Evento de degustação de vinhos

Valor: R$ 66,00

 

Análise:

Visual: entrega um rubi escuro, com halos granada, além de lágrimas lentas e finas.

Nariz: traz aromas intensos de frutas vermelhas, como cereja, por exemplo, notas de especiarias e um discreto toque floral, de couro e carpete.

Boca: tem um sabor concentrado, austero, elegante e macio pelo tempo, com as notas frutadas em evidência, além de taninos domados e acidez correta. Tem um final persistente.

 

Produtor:


sábado, 24 de outubro de 2020

Alandra tinto 2019

 

Nós, simples enófilos, costumamos falar, em profusão, em termos como tipicidade, DNA do vinho, terroir, a terra que o vinho é produzido, a região tem muito ou pelo menos deveria ter entre nós grande importância na escolha de um vinho, por exemplo, e nos nossos conceitos de preferência de rótulos. E quando falamos em região, não podemos negligenciar, é claro, das suas cepas, das suas castas. Atualmente eu estou imergindo fundo no garimpo de novas regiões e principalmente de novas castas, castas essas com um grande apelo regionalista, o que consequentemente reforça o conceito de terra, de terroir, de tipicidade, de cultura, de história, do comportamento de um povo, de uma sociedade com vocação para a feitura, para a produção dessa bebida poética e inspiradora chamada VINHO.

E esse vinho que degustei e gostei vem de um país e região que dispensam maiores comentários pela sua importância e história para a vitivinicultura mundial, mas que, sim, vale e muito ser contada com requintes de detalhes para enaltecer e estimular a degustação do vinho que, mesmo dentro de uma garrafa, na limitação de uma garrafa, expressa e sintetiza a gigante cultura de um país e uma região como Portugal e o Alentejo, respectivamente. E esse vinho, apesar de uma proposta básica, de um vinho básico, de entrada, entrega, com fidelidade, essas características que me agrada e que aqui foram mencionadas, pois tem um forte apelo regional, mesmo não apresentando nenhuma classificação como o “vinho regional” ou o famoso “DOC”, tem inserido em sua proposta esse aspecto tão marcante, nos vinhos portugueses: a força regionalista e cultural. Falo do Esporão Alandra tinto, composto pelas castas autóctones Moreto (15%), Castelão (40%) e Trincadeira (45%). Então já que estamos falando de regionalismos e castas autóctones, por que não falemos sobre as cepas que compõe este vinho?

Moreto

A casta Moreto é característica da zona do Alentejo, sendo bastante cultivada nas zonas de Reguengos, Redondo e Granja-Amareleja. Pensa-se que terá sido introduzida na região, por volta do século XIX, quando se assistiu a um grande desenvolvimento da vitivultura no Alentejo. Esta casta apresenta cachos de tamanho pequeno e bagos de tamanho médio e arredondados. É uma casta bastante produtiva e de maturação tardia. Os vinhos produzidos com a casta Moreto são normalmente pouco encorpados e apresentam pouca cor, por isso é utilizada em vinhos de lote. Normalmente é lotada com as castas Trincadeira, Aragonez e Tinta Caiada. Casta produtiva, de maturação tardia, com baixos teores de açúcares, pelo que é geralmente a última casta a ser vindimada. Casta de elevada robustez e produtividade, indicada para zonas de calor extremo.

Castelão

Uma das formadoras da identidade dos vinhos portugueses, a Castelão é de suma importância para a vinicultura de Portugal. Esta cepa está entres as variedades mais amplamente cultivadas, estando entre as 250 uvas nativas de Portugal.

Periquita?

O mundo do vinho é repleto de confusões de ordem taxonômicas. Uma uva tem nomes diferentes dependendo da época ou localidade, mas no caso da uva Castelão, o fato é ainda mais curioso. Esta confusão acontece na relação entre Castelão e Periquita: muitas fontes (incluindo a Wikipédia) parecem pensar que Periquita é simplesmente um sinônimo de Castelão, mas isso está errado. Periquita é um nome do produto (ou marca, se assim você preferir), propriedade da vinícola José Maria da Fonseca. As misturas de Periquita sempre contiveram a uva Castelão, mas a maioria também contém quantidades variadas de outras uvas (aparentemente, apenas o vinho da Vinícola Fonseca chamada Periquita Clássica é 100% Castelão). A Castelão também já foi amplamente conhecida como Castelão Francês, mas quando Portugal reforçou suas leis do vinho, o nome oficial tornou-se simplesmente Castelão. Os melhores vinhos feitos com uva Castelão são oriundos da região de Setúbal, ao sul de Lisboa. Lá, especificamente, existe um terroir excelente para a produção de vinhos mais concentrados. É no sul de Portugal, abarcando também o Alentejo, aonde a maior parte da produção da uva Castelão é feita. Apesar disso, uma pequena parcela é plantada na parte central, na região do Douro, e estas são utilizadas no vinho do Porto. Nos vinhedos onde nascem as uvas Castelão, encontram-se cachos pequenos com bagos escuros, e com a casca grossa e em grande quantidade, principalmente se comparada à polpa. É sabido que em Portugal os vinhos varietais são raros. Então é mais comum serem encontrados cortes de Castelão misturados com Aragonês e Trincadeira, os quais permitem que o vinho resultante seja mais acessível e suave.

Trincadeira

A Trincadeira pode não ser muito conhecida, mas é outra uva da família das Vitis vinifera, cultivada essencialmente no Alentejo, na região do Douro e no Ribatejo. Também é conhecida como Trincadeira Preta ou Tinta Amarela (principalmente na região do Douro), e está presente principalmente nas regiões secas e quentes. Embora seja uma das pérolas da vitivinicultura portuguesa, a Uva Trincadeira é frequentemente evitada pelos produtores e enólogos por ser uma uva de difícil trato, por assim dizer. Suas cepas são de uma delicadeza tal que qualquer mínima demora em colhê-la na hora certa pode resultar no apodrecimento de seus cachos e em uma enorme perda de safra. Não é algo estranho que as uvas assumam características diferentes quando cultivadas em terroir distintos. Mas, a Trincadeira possui um temperamento ainda mais peculiar e isso reflete até nas diferentes nomenclaturas que pode assumir. Por exemplo, quando cultivada em Tejo e Alentejo, é chamada de Trincadeira Preta. Já, pelas paragens emolduradas do rio Douro, é chamada de Tinta-amarela. É Mortágua em Torres Vedras, em Arruda é Preto Martinho e Cravo Preto em Algarve. Ironicamente, a quantidade de nomes que possui a uva Trincadeira parece convergir com seu perfil instável, frágil e seu constante transtorno de personalidade. Se por um lado a prematuridade da colheita a deixa sem sabor, a mínima demora reflete na falta de acidez ou rápido apodrecimento dos cachos. É uma uva com bastante potencial para o amadurecimento, especialmente quando no apreciadíssimo barril de carvalho francês. Sua relação com o estágio em madeira é extremamente positiva, podendo revelar vinhos de alta complexidade e qualidade.

E finalmente o vinho!

Na taça tem um lindo vermelho rubi escuro, intenso, com reflexos violáceos que garante um reluzente brilho, com poucas lágrimas finas e de média persistência.

No nariz traz uma explosão aromática de frutas vermelhas como amora, framboesa e morango, com muito frescor.

Na boca é seco, com nuances frutadas, com boa presença de boca, um bom volume de boca que faz desse vinho, apesar de jovem, expressivo e exuberante, com taninos aveludados e macios, com uma baixa acidez e um final de média persistência.

Um vinho de estilo jovem, um cara de moderno, despretensioso e que certamente pode agradar aos paladares mais inexperientes, que está começando no universo do vinho e para aqueles mais calejados que quer um vinho mais informar ou receber amigos. Digo-lhes que é um vinho saboroso, gostoso e revisitando os meus arquivos de degustação, lembrei que degustei o Alandra tinto a três anos atrás, da safra 2015 e tenho na memória que sempre foi essa a proposta do rótulo: simples, mas nobre na sua proposta e importante no aspecto regional e cultural. Tem teor alcoólico de 13%.


Sobre a Herdade do Esporão:

A Herdade do Esporão está localizada em Reguengos de Monsaraz, cidade situada no Alentejo, região do centro-sul de Portugal que, apesar de ter uma produção bastante recente, com pouco mais de 40 anos, é a maior exportadora de vinhos de Portugal e uma das maiores do mundo. A Herdade tem 700 hectares de vinhas e olivais, além de alguns pomares e hortas. As cerca de 40 castas produzem uma variada gama de brancos, rosés e tintos, além de um excelente espumante e uma peculiar colheita tardia. Já as 4 variedades de azeitona dão origem a um dos mais famosos e prestigiados azeites no mercado internacional.

A Herdade conta com uma vastíssima programação de enoturismo, especialmente interessante no verão (junho a setembro), mas suficientemente variada para atrair novos fãs em qualquer época do ano. Aliás, o refinado restaurante da vinícola conta com cardápios distintos para cada estação. São duelos entre o Douro e o Alentejo, verticais, elaboração do próprio blend, refeições harmonizadas, até passeios de um dia inteiro entre as maravilhas naturais da linda propriedade. 

Mais informações acesse:

https://www.esporao.com/pt-pt/

Fontes:

Sobre a casta Moreto:

Site Vida Rural: https://www.vidarural.pt/insights/castas-portugal-moreto/

Site Vinho Virtual: https://www.vinhovirtual.com.br/uvas-209-Moreto

Sobre a casta Castelão:

Site Enologuia: https://www.enologuia.com.br/uvas/250-uva-castelao-portuguesa-com-certeza

Sobre a casta Trincadeira:

Site Enologuia: https://enologuia.com.br/uvas/232-uva-trincadeira-delicada-e-temperamental

Site Blogs dos Vinhos: https://blogdosvinhos.com.br/conheca-a-uva-trincadeira/

 

 

 

 

 

 

 






quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Monte Velho tinto 2014

 

Já falei, diria até declamei, em verso e prosa, o quão os vinhos do Alentejo são importantes para a minha simples e humilde vida de enófilo. Certamente a minha região preferida da terra dos lusitanos, diante de uma gama diversa e rica de terras maravilhosas, é muito difícil escolher, mas o Alentejo, talvez pelo fato de ser a minha preferida, tem também um valor sentimental. Os meus primeiros rótulos portugueses, vieram do Alentejo. Uma região que, geograficamente falando, é pequena, um estado federativo do Brasil é maior que o Alentejo, mas que guarda, que abriga uma diversidade de rótulos e propostas com todas as suas peculiaridade e expressividade, com vinhos para todo e qualquer momento: dos mais informais e descontraídos aos momentos mais austeros.

O vinho que degustei e gostei, é claro, veio do Alentejo, mais precisamente de uma região chamada Monsaraz, da Herdade do Esporão, e se chama Monte Velho, o tinto, composto pelas castas Aragonez, Trincadeira, Touriga Nacional e Syrah da safra 2014. E, apesar do Alentejo ter uma presença vívida na minha história de um simples degustador, convém falar um pouco da região de onde veio esse rótulo: Monsaraz.

Monsaraz

Monsaraz é uma freguesia portuguesa do concelho de Reguengos de Monsaraz, na região do Alentejo. Antiga sede de concelho, transferida pela primeira vez em 1838 e definitivamente em 1851 para a então vila de Reguengos de Monsaraz, hoje cidade. É importante não confundir Reguengos de Monsaraz com Monsaraz. São duas localidades distintas separadas por cerca de 15 quilômetros. 

A vila medieval de Monsaraz foi eleita uma das “7 Maravilhas do Alentejo” pelos leitores do jornal Margem Sul. O Município de Reguengos de Monsaraz aderiu a esta iniciativa que teve mais de 80 mil votos através do site do periódico e que pretendeu contribuir para a promoção do Alentejo, mobilizando os cidadãos para a defesa e a redescoberta do patrimônio material e imaterial. A outra candidatura do Município foi a paisagem do Grande Lago Alqueva no concelho de Reguengos de Monsaraz. Este concurso organizado pelo jornal Margem Sul com o apoio dos governos civis de Évora, Beja, Portalegre e Setúbal recebeu 30 candidaturas municipais. Para além de Monsaraz, a lista vencedora das “7 Maravilhas do Alentejo” integra o Castelo de Evoramonte (Estremoz), Fortaleza de Marvão, Lago de Alqueva (Portel), Tapeçarias de Portalegre, Portas de Beja (Serpa) e Terreiro do Paço (Vila Viçosa). A vila medieval de Monsaraz (Monumento Nacional) é uma das mais antigas vilas de Portugal. Localizada numa região habitada desde os tempos pré-históricos, existindo na sua envolvente muitos monumentos megalíticos, Monsaraz é um primitivo castro que foi mais tarde romanizado e ocupado sucessivamente por visigodos, árabes, moçárabes e judeus, até ser definitivamente cristianizado no século XIII. Em 1167 foi conquistada aos muçulmanos por Geraldo Sem Pavor, caindo em 1173 para os almóadas na sequência da derrota de D. Afonso Henriques em Badajoz. Em 1232 voltou a ser conquistada aos árabes e em 1385 foi invadida pelas tropas castelhanas, mas cedo foi reconquistada por D. Nuno Álvares Pereira. Depois da restauração da independência, em 1640, foi construída uma nova linha de fortificações, tornando Monsaraz numa vila praticamente inexpugnável. Monsaraz foi sede de concelho até 1851, ano em que se fixou definitivamente em Reguengos de Monsaraz. Em termos de património é importante destacar a Torre de Menagem, a Casa da Inquisição, a Porta da Vila, a Porta de Évora, a Porta da Alcoba, a Igreja Matriz de Nossa Sra. da Lagoa, o Pelourinho, a Igreja de Santiago, a Ermida de S. João Baptista, o edifício do Hospital do Espírito Santo e Casa da Misericórdia, a Ermida de S. José, os Antigos Paços da Audiência, a Cisterna e todo o casario característico da vila.

E agora o vinho!

Na taça apresenta um vermelho rubi intenso com reflexos violáceos com lágrimas finas e em média intensidade que logo se dissipam das paredes do copo.

No nariz tem notas frutadas mais frescas, agradáveis com uma nítida sensação de frescor e uma elegância proeminente. As notas florais também são sentidas e que intensifica o aroma.

Na boca é um vinho leve para médio, mas vibrante, de alguma complexidade, com toques de especiarias, de ervas e notas amadeiradas e de baunilha bem discretas, graças aos 6 meses de passagem por barricas de carvalho. Com taninos macios, mas presentes e uma correta acidez. Final persistente e redondo.

Um vinho intenso, mas harmonioso, equilibrado, mostrando uma bela densidade da fruta, sem soar enjoativo, como deve ser um típico e bom alentejano: um vinho fácil e com personalidade marcante. Um vinho para todas as ocasiões, das mais descontraídas aos momentos de uma celebração, afinal, qualquer momento com um bom vinho como o Monte Velho, sempre será uma grande celebração. Alentejo significa vinhos de caráter e identidade. Tipicidade é a palavra que define os vinhos da Herdade do Esporão. Tem 14% de teor alcoólico muito bem integrados ao conjunto do vinho.

Sobre a Herdade do Esporão

A Herdade do Esporão está localizada em Reguengos de Monsaraz, cidade situada no Alentejo, região do centro-sul de Portugal que, apesar de ter uma produção bastante recente, com pouco mais de 40 anos, é a maior exportadora de vinhos de Portugal e uma das maiores do mundo. A Herdade tem 700 hectares de vinhas e olivais, além de alguns pomares e hortas. As cerca de 40 castas produzem uma variada gama de brancos, rosés e tintos, além de um excelente espumante e um peculiar colheita tardia. Já as 4 variedades de azeitona dão origem a um dos mais famosos e prestigiados azeites no mercado internacional.

A Herdade conta com uma vastíssima programação de enoturismo, especialmente interessante no verão (junho a setembro), mas suficientemente variada para atrair novos fãs em qualquer época do ano. Aliás, o refinado restaurante da vinícola conta com cardápios distintos para cada estação. São duelos entre o Douro e o Alentejo, verticais, elaboração do próprio blend, refeições harmonizadas, até passeios de um dia inteiro entre as maravilhas naturais da linda propriedade. Você pode escolher a melhor programação para a sua viagem enviando um e-mail para a vinícola.

Castelão de Esporão

A Adega Monte Velho

Com esta modernização do espaço e dos processos, o Esporão aumenta a capacidade de produção e potencializa a qualidade dos vinhos tintos produzidos, principalmente a do icónico Monte Velho. Desde cedo a Herdade do Esporão investiu na modernização e separação dos processos de produção. A coexistência de três adegas – a adega de vinhos tintos, onde se produz principalmente Monte Velho, a adega de vinhos brancos e a Adega dos Lagares, construída para vinhos topo de gama – é um garante de eficiência produtiva para todos os vinhos que saem da Herdade. O projeto da nova Adega Monte Velho resulta da experiência e do conhecimento acumulados ao longo de três décadas: a tecnologia mais avançada e adaptada exclusivamente à produção de Monte Velho tinto, uma maior flexibilidade e controlo para a total rastreabilidade e separação dos vinhos certificados em produção biológica, foco nas questões da gestão de temperatura e energia. A automatização e digitalização dos processos e circuitos permite também uma extraordinária eficiência de recursos.

Mais informações acesse:

https://www.esporao.com/pt-pt/

Fontes de pesquisa sobre a região de Monsaraz:

“Blog Enofilia”: http://www.blogenofilia.com.br/2016/11/ao-alentejo-e-alem-herdade-do-esporao.html

Portal “Viagem e Turismo”: https://viagemeturismo.abril.com.br/blog/portugal-lisboa/herdade-do-esporao-o-maravilhoso-mundo-dos-vinhos-no-alentejo/

“Blog Cipriano Alves”: https://ciprianoalves.blogs.sapo.pt/portugal-historico-alentejo-monsaraz-19134

Portal Wikipedia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Monsaraz

Degustado em: 2016