Já ouviu falar que a nobreza vem da simplicidade? Quando li
essa frase pela primeira vez e, embora eu não conheça o dono dela, a mesma se
aplica fielmente aos vinhos e que infelizmente muitos “aristocráticos do vinho”
não entendem. Não é porque o vinho é simples que ele será ruim, nem sempre é
assim! Quando o vinho simples e básico atinge a sua proposta ele, apesar de
simples, é nobre, é fantástico. É como costumamos dizer que o vinho vale mais
do que entrega. Não se enganem com o status dos altos valores do vinho, vinho é
prazer, é degustação, é celebração! Não é, não pode ser encarado como condição
e poderio econômico de ninguém. Essa cultura ostentação e subjugação usando o
vinho como um produto de poder tem de acabar. O mais importante é ter o vinho
como alimento, como celebração e fonte inesgotável de cultura, democratizando-o
a todos sem distinção de raça, credo ou condição socioeconômica. Esse vinho
veio junto com novas amizades, veio junto com reencontros, esse vinho ajudou a
protagonizar bons momentos entre velhos e novos amigos.
E nada mais apropriado para este momento do que um vinho
verde, aquele típico e imprescindível vinho verde: leve, fresco,
despretensioso, agradável e saboroso, como uma boa amizade deve ser. E, para
ficar ainda melhor, o clima também conspirou maravilhosamente para a degustação
de um vinho verde: um dia quente, agradável, solar, a combinação mais do que
perfeita com os fatores da natureza a qual o vinho é oriundo, faz parte de
forma ímpar.
O vinho que degustei e gostei, veio da famosa região dos
Vinhos Verdes, de uma sub-região chamada Felgueiras e que leva o nome do vinho:
Cooperativa Agrícola de Felgueiras, um DOC composto pelas típicas castas da
região: Loureiro, Pedernã e Azal e não é safrado.
Descobri que a região de Felgueiras é conhecida pelos vinhos
verdes, principalmente, de baixíssimo teor alcoólico, jovens, leves, para
degustação rápida, sendo uma ode ao bem estar e bom convívio com pessoas que
gostamos. Então, mesmo simples, ele foi especial, pois estava com velhos e
novos amigos compartilhando momentos de grande celebração. E você já começa com
o brasão da região com dois cachos de uvas, mostrando a vocação de uma região
de produção de vinhos de excelência, de tipicidade, de identidade com os
grandes vinhos verdes. Então vamos falar um pouco mais de Felgueiras.
Felgueiras
Felgueiras é uma cidade portuguesa no Distrito do Porto,
região Norte e sub-região Tâmega, com cerca de 15.525 habitantes, inserida na freguesia
de Margaride. É sede de um município com 115,62 km² de área e 58.922 habitantes
(2006), subdividido em 32 freguesias. O município é limitado a norte pelo
município de Fafe, a nordeste por Celorico de Basto, a sueste por Amarante, a
sudoeste por Lousada e a noroeste por Vizela e Guimarães. O município é
constituído por quatro centros urbanos: a Cidade de Felgueiras, a Cidade da
Lixa, a Vila de Barrosas e a Vila da Longra. Verdadeiro coração da NUT Tâmega,
constitui hoje uma centralidade importante no mapa de auto-estradas e
itinerários principais, uma garantia sólida de afirmação das inúmeras potencialidades
reais concelhias. Os bordados são uma das mais ricas tradições do concelho, que
emprega cerca de dois terços das bordadeiras nacionais. O filé ou ponto de nó,
o ponto de cruz, o bordado a cheio, o richelieu e o crivo são exemplos genuínos
do produto artesanal de verdadeiras mãos de fada. Os sabores autênticos da
gastronomia, a frescura e intensidade dos aromas dos vinhos e o ambiente de
grande animação proporcionam momentos inesquecíveis. Dando corpo a essa
riqueza, foi já constituída a “Confraria do Vinho de Felgueiras”, destinada a
divulgar e defender o vinho e a gastronomia felgueirenses. Felgueiras, com 58
000 habitantes é um dos concelhos com a população mais jovem do país e da
europa. Uma terra de excepção que aposta na valorização dos seus recursos
humanos, na consolidação do campus politécnico, no desenvolvimento econômico
(pleno emprego e centro de negócios) e na consolidação das suas
infra-estruturas. Marcada pela invulgar capacidade empreendedora do seu povo é
responsável por 50% da exportação nacional de calçado, por um terço do melhor
Vinho Verde da Região e por um valioso patrimônio cultural. Felgueiras é um dos
municípios com maior desenvolvimento do Norte do País.
Felgueiras
A primeira referência histórica a Felgueiras data de 959, no
testamento de Mumadona Dias, quando é citada para identificar a vila de Moure:
"In Felgaria Rubeans villa de Mauri". Felgueiras deriva do termo
felgaria, que significa terreno coberto de fetos que, quando secos, são
avermelhados (rubeans). Havendo quem afirme que o determinativo Rubeans se deve
a que o local foi calcinado pelo fogo. Existem historiadores que afirmam que
Felgueiras recebeu foral do conde D. Henrique. No entanto, apenas se conhece o
foral de D. Manuel a 15 de Outubro de 1514. No entanto, já em 1220, a terra de
Felgueiras contava com 20 paróquias (conhecidas hoje em dia como freguesias) e
vários mosteiros e igrejas. Em 1855, ao ser transformado em comarca, Felgueiras
ganhou mais doze freguesias. Em 13 de Julho de 1990 Felgueiras foi elevada à
categoria de cidade.
E agora o vinho!
Na taça apresenta uma incrível cor amarela dourada, bem
intensa, com alguns discretos tons esverdeados.
No nariz há a já típica predominância de frutas brancas,
cítricas e tropicais com um agradável toque floral.
Na boca é seco, fresco, leve, com o toque frutado também em
evidência, lembrando melão, maça verde, pera, lima, com uma média acidez que em
contato com a língua trazia aquela já característica cócegas. Tem um final
frutado e persistente.
Um vinho com a cara do Brasil, mesmo sendo tradicional e
oriundo de terras lusitanas, sendo leve, fresco, saboroso, refrescante e com um
teor alcoólico que traduz essa condição, em torno dos 10%. Um vinho simples,
mas excelente, como a amizade e a sua celebração.
Sobre a Vercoope:
A Vercoope é uma união de sete Cooperativas Vitivinícolas da
Região dos Vinhos Verdes: Amarante, Braga, Guimarães, Famalicão, Felgueiras,
Paredes e Vale de Cambra. Foi criada em 1964 com o objetivo de engarrafar,
comercializar e distribuir o vinho produzido pelos viticultores destas
cooperativas. A união permitiu juntar a produção de 4 000 viticultores e
lança-la no mercado, nacional e internacional, conseguindo mais qualidade,
dimensão e competitividade. A qualidade dos vinhos é reconhecida e comprovada
pelos consumidores, pelas vendas e pelas centenas de prémios conquistados em
competições de vinhos e imprensa especializada. A Vercoope produz anualmente 8
milhões de garrafas de Vinho Verde, sendo 30% para exportação. A Vercoope –
União das Adegas Cooperativas da Região dos Vinhos Verdes, U.C.R.L, está
inserida na Região Demarcada dos Vinhos Verdes, considerada a maior região
demarcada de Portugal e uma das maiores do mundo, essencialmente devido à sua
extensão e da área dos solos dedicados à cultura da vinha, a que acresce uma
significativa percentagem de população diretamente dependente do sector
vitivinícola e nomeadamente do Vinho Verde. A Vercoope é uma entidade
vocacionada para o engarrafamento, comercialização e distribuição de Vinho
Verde e integra na sua estrutura as adegas cooperativas de Amarante, Braga,
Guimarães, Famalicão, Felgueiras, Paredes e Vale de Cambra que representam no
seu conjunto explorações vitícolas de cerca de 5000 viticultores. Situada em
Agrela, Santo-Tirso, numa estrutura moderna e tecnologicamente avançada, quer
com meios técnicos quer com meios humanos, tem potenciado, desde a sua
fundação, em 1964, o desenvolvimento da cultura do Vinho Verde, promovendo a
sua divulgação, o seu consumo e a valorização do produtor. Com mais de meio
século de atividade a defender uma política de qualidade e prestígio para os
seus vinhos, espumantes e aguardentes, ocupa por direito próprio, um lugar de
destaque no sector, sendo muito naturalmente considerada uma instituição de
referência no panorama regional e nacional.
Mais informações acesse:
Fonte pesquisada sobre a região de Felgueiras: “Terras de
Portugal” em: http://www.terrasdeportugal.pt/felgueiras