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quinta-feira, 8 de agosto de 2024

Partridge Gran Reserva Malbec 2018

 



Vinho: Partridge Gran Reserva

Safra: 2018

Casta: Malbec

Região: Mendoza

País: Argentina

Produtor: Las Perdices

Adquirido: Wine

Valor: R$ 54,00

Teor Alcoólico: 14%

Estágio: 18 meses em barricas novas de carvalho (90% francês e 10% americano).

 

Análise:

Visual: apresenta um rubi intenso, escuro, fechado, viscoso, com profusão em lágrimas finas e lentas.

Nariz: sobressai as notas de frutas pretas bem maduras, lembrando geleia em compota, com destaque para ameixa preta, com o carvalho pronunciado, porém bem integrado ao conjunto do vinho e que aporta uma leve e agradável tosta, baunilha. Traz especiarias, como pimenta e canela, e diria um floral.

Boca: é estruturado, tem personalidade e bom volume de boca, porém é macio e elegante, os seis anos de garrafa proporcionaram essa condição. Replica-se as notas frutadas, o amadeirado, também bem integrado, é percebido, entregando chocolate, baunilha, algo terroso, com taninos macios e presentes, acidez média e um final persistente.

 

Produtor:

https://www.lasperdices.com/


quinta-feira, 16 de maio de 2024

Partridge Gran Reserva Pinot Noir 2019

 



Vinho: Partridge Gran Reserva

Casta: Pinot Noir

Safra: 2019

Região: Mendoza

País: Argentina

Produtor: Viña Las Perdices

Teor Alcoólico: 14%

Adquirido: Wine

Valor: R$ 59,90

Estágio: Estágio em 18 meses em barricas novas de carvalho francês.

 

Análise:

Visual: rubi com alguma intensidade com reflexos violáceos, além de lágrimas densas, finas e lentas.

Nariz: aromático com notas de frutas vermelhas além de toques defumados, de especiarias.

Boca: tem corpo de média estrutura, replica-se as notas frutadas com as nuances de barricas de carvalho, com taninos marcados e integrados, mas sutis, dóceis, com acidez média. Final agradável e elegante.

 

Produtor:


segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Partridge Gran Reserva Malbec 2018

 



Vinho: Partridge Gran Reserva

Safra: 2018

Casta: 100% Malbec

Região: Mendoza

País: Argentina

Produtor: Viña Las Perdices

Teor Alcoólico: 14%

Estágio: 18 meses em barricas de carvalho (90% francês e 10% americano)

 

Análise:

Visual: rubi intenso, escuro, fechado, com lágrimas finas e lentas, com alguma viscosidade.

Nariz: notas de frutas negras madura, quase em compota, com notas amadeiradas, entregando tosta, chocolate e toques especiados.

Boca: é estruturado, frutado, amadeirado, com taninos presentes, mas redondos, com acidez salivante e um final persistente com retrogosto frutado.

 

Sobre o Produtor:

https://www.lasperdices.com/


sábado, 8 de abril de 2023

Partridge Gran Reserva Bonarda 2015

 

Eu nunca havia degustado essa casta até então! Quando lembramos da Argentina o que nos vem à mente é sempre, claro, a Malbec, a mais cultivada, de maior sucesso não só nas terras dos nossos Hermanos, mas no mundo inteiro, principalmente em nosso país, onde é exportada aos cântaros.

Evidente que há uma grande quantidade de castas que são bem cultivadas na Argentina sejam elas tintas ou brancas, que merecem a nossa atenção e a Torrontés é uma delas, a cepa branca mais querida por aquelas bandas. E há ainda outras tantas, como Cabernet Sauvignon, Syrah, Merlot etc.

Mas uma que hoje é tida como a segunda mais plantada na Argentina eu nunca havia experimentado, bem, pelo menos até o ano de 2013 ou 2014, não me recordo o ano exato. Falo da Bonarda.

O meu primeiro contato com a Bonarda foi em grande estilo: Com um rótulo da gigante e tradicional Nieto Senetiner, o Don Nicanor Bonarda 2015! Não havia tido, confesso, a dimensão da importância dessa degustação, mas lembro-me do quão agradável e prazeroso foi.

Depois dessa especial degustação foi um hiato até o meu próximo contato com outro rótulo da Bonarda. E quando isso aconteceu, em 2018, foi de uma forma meio inusitada ou, diria, inesperada.

Recebi uma notificação, por email, de um evento de degustação de vinhos argentinos, que seria ministrado por uma loja conhecida de vinhos no tradicional bairro carioca da Tijuca, no Rio de Janeiro.

Bem o evento era gratuito então decidi conferir os rótulos que seriam expostos para degustação e posterior venda aos participantes do evento. E diante dos “Malbecs”, “Torrontés” da vida, lá estava um Bonarda! Sim, um Bonarda! Um misto de ansiedade e curiosidade me tomou de assalto.

E finalmente quando os organizadores disponibilizaram o rótulo para degustação, uma versão orgânica e sem passagem por barricas de carvalho, diferente, em termos de proposta, do Don Nicanor, o vinho era ótimo! Um vinho frutado, leve, saboroso! Assim é o Bonarda na sua essência. O vinho? Colonia Las Liebres Clasica Bonarda 2014!

Vinhos de qualidade, especiais e que, embora não tenha um histórico de degustação, os poucos que tive experiência de degustar foram extremamente satisfatórios! Então para não perder a Bonarda de vista resolvi ir ao garimpo para buscar novos rótulos e não foi muito difícil encontrar um e bem interessante de um produtor que já tive algumas boas experiências: Viña Las Perdices.

Estava em um preço arrebatador para um Gran Reserva então não hesitei e comprei mais um Bonarda, mas resolvi deixar por alguns anos na adega, talvez cerca de dois ou três anos e hoje com oito anos de garrafa tenho esperanças e acredito piamente que esteja no auge para degustação.

Então sem mais delongas vamos às apresentações! O vinho que degustei e gostei veio da região de Mendoza, na Argentina, e se chama Partridge Gran Reserva Bonarda da safra 2015. Já que falamos da Bonarda, vamos com a história dessa cepa que é a segunda mais cultivada na Argentina.

Bonarda

A uva Bonarda Piemontesa, que historicamente era usada para deixar os taninos da casta Nebbiolo mais macios e conferir mais fruta aos vinhos mais duros do Piemonte, não tem relação com a uva Bonarda encontrada na Argentina.

Na verdade, a casta Bonarda argentina é a uva Douce Noire, originária da Saboia, na França. Por ter características semelhantes à Bonarda Piemontesa, até na França se acreditava que a uva era originária do Piemonte, mas estudos de DNA mostraram que se trata de uma variedade distinta de casta.

A uva Bonarda possui cachos bem cheios, compactos e médios. Com cor bem escura (preto azulado), os bagos da casta possuem polpa macia e formato de esfera. Com cor bem escura (preto azulado), os bagos da casta possuem polpa macia e formato de esfera. A uva Bonarda, antigamente era utilizada somente em cortes, para propiciar maior equilíbrio na acidez dos tintos.

Bonarda

Hoje, já é possível achar varietais da casta ou bi-varietais, sendo muito utilizada na elaboração de vinhos com a casta Malbec e a uva Syrah. Hoje, a casta existe em minúsculas quantidades na França e nos Estados Unidos, mas a Argentina conta com quase 19.000 hectares plantados, onde é identificada como Bonarda.

Sabe-se que a Bonarda chegou à Argentina com os primeiros imigrantes europeus, no final do século XIX. Lentamente, adaptou-se às condições locais, por meio de uma seleção natural de clones no campo, ajudada pelo fato de não ser particularmente sensível a nenhuma enfermidade.

Dos 19 mil hectares plantados da Bonarda na Argentina 9 mil são plantados nas planícies quentes do Leste de Mendoza, nos arredores de San Martin, Junin, Rivadavia e Santa Rosa, longe dos ventos frios da Cordilheira dos Andes.

A uva Bonarda tem um ciclo longo de amadurecimento, necessitando de bastante calor para conseguir amadurecer. Quando as uvas não amadurecem o suficiente, seus vinhos têm pouca cor e corpo e, no palato, um leve toque de ervas. Apesar disso, é muito produtiva.

Os vinhos ralos com uvas provenientes de vinhedos de grande produção não ajudaram a boa reputação da Bonarda. Produzia vinhos medíocres e era usada, ainda é, em cortes de uvas Malbec e até com variedades como Criolla, nos 'vinos gruessos', vinhos baratos dos supermercados argentinos.

Alguns produtores enfrentaram o desafio de elaborar um bom vinho de Bonarda e vem tido grandes resultados e vários desses vinhos estão disponíveis em importadoras brasileiras. São vinhos marcados por frescor, acidez vibrante, fruta fresca e taninos suaves. Por um preço bastante acessível, constituem uma excelente relação entre qualidade e preço e, na Argentina, diz-se que são um revigorante para a alma, combatendo tristezas e saudade.

E agora finalmente o vinho!

Na taça Revela um rubi intenso, profundo, escuro, intransponível, com halos granada, atijolado, que denotam os seus oito anos de garrafa ou pela longa passagem por barricas de carvalho, além da viscosidade que mancha o copo.

No nariz é aromático, perfumado, complexo, com as frutas negras maduras em grande evidência, com as notas amadeiradas também vivaz, graças a passagem por 18 meses em barricas de carvalho, que entrega baunilha, couro, tabaco, café torrado, torrefação, tosta alta, chocolate meio amargo e um herbáceo ao fundo.

Na boca é seco, traz estrutura, alguma robustez, alcoólico, um vinho gordo, volumoso, corpulento, mas o tempo se encarregou de deixa-lo macio, elegante, mostrando equilíbrio. A fruta negra madura protagoniza, como no aspecto olfativo, bem como a madeira, trazendo notas de baunilha, de café, de chocolate, de torrefação, com um herbáceo e terra molhada, além de taninos domados, comportados e acidez correta e um final cheio, persistente e de retrogosto frutado.

Um vinho elegante, complexo, de marcante personalidade, equilibrado. Assim é o Partridge Gran Reserva da casta Bonarda. O tempo foi gentil com o vinho, dando-lhe tais características mencionadas. Mendoza lhe deu a fruta, a austeridade, o bom corpo, corroborando que a Bonarda hoje não é apenas uma alternativa de vinho barato a Malbec, mas mais um vinho de qualidade e tipicidade atestada como a Malbec. Hoje a Bonarda é uma realidade e, com isso, esperamos todos que o nosso mercado seja receptivo e nos brinde com rótulos especiais como esse. Tem 14% de teor Alcoólico.

Sobre a Viña Las Perdices:

Em 1952, Juan Muñoz López decidiu deixar sua cidade natal, Andalucia, no sul da Espanha, e ele e sua família emigraram para Mendoza, na Argentina, a fim de buscar novos horizontes.

Em seguida, já em solo argentino, não pôde deixar de notar as perdizes que vagavam pela terra. Com efeito, um vizinho disse a ele que essas aves geralmente são vistas em grupos de três.

Assim sendo, com o passar dos dias, as perdizes se tornaram as companheiras constantes de Don Juan em seus longos dias de trabalho. Assim, ele decidiu nomear sua vinícola Partridge Vineyard: “Viña las Perdices”.

A adega hoje é uma operação familiar criada por Juan Muñoz López, sua esposa Rosario, seus filhos Nicolas e Carlos e sua filha Estela.

A vinícola, assim, se localiza no sopé da Cordilheira dos Andes a 1.030 metros acima do nível do mar, em Agrelo, Luján de Cuyo – a primeira zona DOC (denominação de origem controlada) argentina. Do mesmo modo, as uvas são provenientes de duas de suas vinhas em Agrelo em Lujan de Cuyo e Barancas em Maipu.

Por fim, hoje Las Perdices continua a ser uma vinícola de pequena produção e com um espírito entusiasmado em apresentar os vinhos finos de Mendoza.

Sobre a Partridge Vineyard:

A linha Partridge foi criada em 2009 para complementar o portfólio da Viña Las Perdices nos mercados internacionais. São vinhos de perfil clássico e de qualidade, que ganhou a preferência dos consumidores.

A linha tem quatro divisões, que variam de acordo com o perfil dos rótulos:Partridge Flying, Partridge Reserva, Partridge Gran Reserva e Partridge Selección de Barricas.

A sub-linha Partridge Flying oferece vinhos fáceis de beber que são excelentes para o dia a dia. Em Reserva, os rótulos amadurecem em barricas de carvalho, agregando mais corpo e complexidade aos vinhos. Já na Gran Reserva, os vinhos são sofisticados e passam no mínimo 12 meses em carvalho, garantindo grande intensidade. E, por último, a Selección de Barricas, conta com exemplares de alta gama.

Mais informações acesse:

https://www.lasperdices.com/index.php

Referências:

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/bonarda

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/uva-bonarda_6000.html

 




sábado, 4 de março de 2023

Partridge Reserva Petit Verdot 2019

 

Nesses últimos anos, pelo menos para mim, Mendoza vem descortinando uma realidade que não se restringe apenas a clássica Malbec. O nosso mercado tem sido recebido e arriscaria dizer, bombardeado, com rótulos de outras castas que confesso não sabia que era cultiva na principal região vinícola dos nossos hermanos.

Claro que, além da emblemática Malbec, tem também a Bonarda que é a segunda casta mais cultivada naquelas terras, temos também a Cabernet Sauvignon, a Merlot, Syrah, mas jamais esperaria encontrar cepas como Cabernet Franc e Petit Verdot, por exemplo.

Talvez esteja imergido em uma total ignorância, mas é difícil encontrar castas na Argentina como a Petit Verdot sendo ofertado no mercado brasileiro, por exemplo e até mesmo a famosa e estabelecida Cabernet Franc, ouso dizer. Talvez eu esteja procurando nos lugares errados, mas o fato é que o cenário não é tão favorável para encontra-las até porque a “demanda” opta pelos famosos “malbecões” argentinos.

E como é fantástico a gente redescobrir, a cada degustação, regiões emblemáticas e conhecidas e que já degusta a décadas como a região argentina de Mendoza. É a comprovação de que o universo do vinho é vasto e inexplorado e não me canso de entonar isso, de gritar isso aos quatro cantos.

E dessa vez eis que me surge a Petit Verdot! A casta famosa de Bordeaux figurando nos rótulos argentinos de Mendoza! Quais são as características que entregará, além das essenciais típicas da uva? É no mínimo animador, quando as expectativas nos tomam de assalto dias antes de uma degustação como essa.

E ainda há outro ponto que merece ser ressaltado: há também poucas ofertas de rótulos 100% Petit Verdot por aí, figurando apenas em blends, em cortes. Porém de um tempo para cá temos testemunhado alguns varietais sendo produzidos na América do Sul, principalmente no Brasil.

Talvez essa realidade tem facilitado a oferta de tais rótulos em nosso mercado! O fato é que a animação é grande e decidi hoje desarrolhar um rótulo de um produtor que vem conquistando fama e reconhecimento no Brasil, como a Viña Las Perdices e a sua linha “Partridge”, de excelente custo X benefício.

Então já revelado o vinho que degustei e gostei que se chama Partridge Reserva da casta Petit Verdot (100%) da safra 2019. E já que a protagonista é a Petit Verdot nada mais justo e certeiro falar um pouco dela, da sua história.

Petit Verdot

A uva Petit Verdot é mais uma das castas que compõem o corte bordalês. Embora a Petit Verdot seja geralmente considerada proveniente do Gironde, no sudoeste da França, e de fato a primeira menção a casta foi lá em 1736, pesquisas ampelográficas apontam que a Petit Verdot se originou nos Pirineus, onde foi domesticada de videiras silvestres. Há ainda indícios de que teria sido trazida pelos romanos do Mediterrâneo.

Normalmente, é utilizada em pequenas doses nos cortes com a uva Cabernet Sauvignon para dar cor e corpo aos vinhos tintos (na região de Médoc se utiliza em torno de 1% a 5%). Dentre todas as uvas cultivadas na região de Bordeaux, a casta bordalesa Petit Verdot é uma das que mais demora para chegar à fase de maturação, contribuindo com a elaboração de vinhos tintos densos e bastante escuros. São poucos os varietais feitos com ela ao redor do mundo, mas há enólogos investindo bastante nesta casta principalmente em países como Chile e Argentina. 

Na Sicília, ilha localizada ao sul da Itália, por exemplo, a casta é responsável por vinhos tintos surpreendentes. A maior parte dos vinhedos estão localizados perto do vulcão Etna, proporcionando condições favoráveis para o cultivo da, muitas vezes incompreendida, Petit Verdot.

A casta Petit Verdot também pode aparecer em vinhos varietais, principalmente australianos e espanhóis da região de Jumilla, originando tintos intensos e vigorosos. Quando jovens, os vinhos tintos revelam aromas de bananas e madeira, e quando amadurecem, apresentam toques animais.

O nome Petit Verdot foi atribuído a casta por conta do pequeno tamanho de seu cacho e por existir em seus bagos frutos de cor escura e outros com tom esverdeado, graças a uma característica bastante predominante da cepa, o amadurecimento tardio. A tradução livre de Petit Verdot é “Pequeno Verde”. Sendo uma das castas com maior presença de flavonoides, a uva bordalesa Petit Verdot é uma das que mais trazem benefícios a saúde, contribuindo para o retardamento do envelhecimento e reduzindo os danos causados pelos radicais livres.

Petit Verdot

A Petit Verdot produz vinhos potentes, ricos, de cor profunda, tânicos, muitas vezes especiados e com bons níveis de álcool e acidez. Os vinhos desta cepa francesa harmonizam de excelente forma com alimentos que possuam bastante presença de proteína. Entretanto, os excelentes rótulos elaborados com a uva podem ser apreciados e degustados sozinhos, exaltando as características marcantes e únicas que a Petit Verdot concede ao paladar.

A evolução do Petit Verdot argentino é cativante. Não só porque conta com um nicho de fiéis seguidores, mas também porque entusiasma paladares internacionais. Sem ir muito além, em sua última visita ao país, Jancis Robinson destacou com entusiasmo: “Experimentei Petit Verdot mais consistentes que em Bordeaux”. Nesse cenário, um grupo de winemakers vem explorando o potencial da variedade em terroirs argentinos.

Como acontece com muitas variedades, pouco se sabe sobre como chegou à Argentina. Uma pista é que se encontra misturada com os vinhedos mais antigos de Malbec e, nos anos em que atinge o ponto ideal de maturação, contribui muito para a complexidade dos blends, dando cor, taninos, estrutura e acidez.

Jancis Robinson

A primeira menção em um rótulo veio justamente de um vinhedo antigo, quando Luigi Bosca lançou seu Finca Los Nobles Malbec Verdot 1995. “A Finca los Nobles é um vinhedo antigo, onde as variedades estavam misturadas desde seu plantio, e por isso quisemos transmiti-lo no rótulo e comunicá-lo como um fiel blend de Malbec e Petit Verdot”, conta Pablo Cúneo, Diretor de Enologia da Bodega Luigi Bosca.

No começo deste século, no entanto, alguns viticultores se animaram a elaborá-lo como um varietal puro. Um dos primeiros produtores em lançar um Petit Verdot argentino como varietal, e que, inclusive, o converteu no emblema da bodega graças a uma permanente consistência ano após ano, é a Finca Decero, em Agrelo, na província de Mendoza.

Pouco a pouco, foram aparecendo mais rótulos de Petit Verdot argentino no mercado. As primeiras vieram das zonas mais tradicionais de Mendoza e San Juan, inclusive alguma de La Rioja. Com o passar dos anos, enólogos e agrônomos foram se animando a plantá-lo em diferentes latitudes e altitudes. Hoje em dia, da Patagônia ao Valle Calchaquí, pode-se encontrar mais de 120 rótulos diferentes que mostram como o Petit Verdot se adaptou aos diferentes terrenos.

Segundo dados do INV (Instituto Nacional de Vitivinicultura da Argentina), existem 653 hectares plantados de Petit Verdot, dos quais 470 estão em Mendoza e praticamente não há região vitivinícola da Argentina onde não se encontra um vinhedo desta variedade.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um vermelho rubi intenso, escuro, mas que exibe um lindo brilho, com lágrimas finas e em profusão que desenham as bordas do copo.

No nariz traz aromas vívidos de frutas negras bem maduras, quase em compota, com destaque para cerejas pretas e amoras, com notas amadeiradas, baunilha, torrefação, chocolate, tabaco, couro, algo herbáceo, ervas e pimenta preta.

Na boca é de médio corpo a encorpado, intenso, complexo, com as frutas negras maduras protagonizando, como no aspecto olfativo, em total sinergia com a madeira, muito bem integrada, graças aos 12 meses em barricas de carvalho, bem como o álcool em evidência, propiciando bom volume de boca. Tem taninos presentes e marcados, acidez equilibrada, com toque de chocolate, café torrado, baunilha e mentolado. Final persistente.

Falamos de terroir demasiadamente, de tipicidade, um assunto, um tema tão complexo, tão deliciosamente interminável, com os seus solos, “microclimas” dentro de uma região que parece mesmo diante de nossa imensa capacidade enciclopédica acerca do assunto, parece que quando degustamos vinhos como o Partridge Reserva Petit Verdot este entrega com fidelidade tipicidade, olha a palavra aí de novo. Essas impressões, as experiências sensoriais se tornam tão aguçadas que quando, às vezes, falta a questão técnica sobre o entendimento do terroir, nos sobra os sentidos, o que já é, claro, relevante. Percebi que uma das filosofias da Viña Las Perdices, produtor responsável pela linha “Partridge”, é de que os vinhos têm de maturar em barricas de carvalho, tendo o aporte da madeira, sendo incorporados ao vinho, conferindo-lhe estrutura e complexidade, mas nunca mascarando as características essenciais da Petit Verdot. Tem 14% de teor alcoólico.

Sobre a Viña Las Perdices:

Em 1952, Juan Muñoz López decidiu deixar sua cidade natal, Andalucia, no sul da Espanha, e ele e sua família emigraram para Mendoza, na Argentina, a fim de buscar novos horizontes.

Em seguida, já em solo argentino, não pôde deixar de notar as perdizes que vagavam pela terra. Com efeito, um vizinho disse a ele que essas aves geralmente são vistas em grupos de três.

Assim sendo, com o passar dos dias, as perdizes se tornaram as companheiras constantes de Don Juan em seus longos dias de trabalho. Assim, ele decidiu nomear sua vinícola Partridge Vineyard: “Viña las Perdices”.

A adega hoje é uma operação familiar criada por Juan Muñoz López, sua esposa Rosario, seus filhos Nicolas e Carlos e sua filha Estela.

A vinícola, assim, se localiza no sopé da Cordilheira dos Andes a 1.030 metros acima do nível do mar, em Agrelo, Luján de Cuyo – a primeira zona DOC (denominação de origem controlada) argentina. Do mesmo modo, as uvas são provenientes de duas de suas vinhas em Agrelo em Lujan de Cuyo e Barancas em Maipu.

Por fim, hoje Las Perdices continua a ser uma vinícola de pequena produção e com um espírito entusiasmado em apresentar os vinhos finos de Mendoza.

Sobre a Partridge Vineyard:

A linha Partridge foi criada em 2009 para complementar o portfólio da Viña Las Perdices nos mercados internacionais. São vinhos de perfil clássico e de qualidade, que ganhou a preferência dos consumidores.

A linha tem quatro divisões, que variam de acordo com o perfil dos rótulos:Partridge Flying, Partridge Reserva, Partridge Gran Reserva e Partridge Selección de Barricas.

A sub-linha Partridge Flying oferece vinhos fáceis de beber que são excelentes para o dia a dia. Em Reserva, os rótulos amadurecem em barricas de carvalho, agregando mais corpo e complexidade aos vinhos. Já na Gran Reserva, os vinhos são sofisticados e passam no mínimo 12 meses em carvalho, garantindo grande intensidade. E, por último, a Selección de Barricas, conta com exemplares de alta gama.

Mais informações acesse:

https://www.lasperdices.com/index.php

Referências:

“Blog Wines of Argentina”: https://blog.winesofargentina.com/pt-pt/breaking-pt/petit-verdot-argentino/

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/conheca-bordalesa-petit-verdot-e-dicas-de-vinhos-para-amar-casta_13628.html

“Blog Famiglia Valduga”: https://blog.famigliavalduga.com.br/petit-verdot-conheca-as-particularidades-desta-casta-francesa/

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/petit-verdot

 



 




domingo, 13 de novembro de 2022

Partridge Reserva Pinot Noir 2019

 

Quando a gente fala em terroir, a gente fala, até demasiadamente, confesso, em regiões, nos seus climas, nas suas estruturas geológicas, não é em vão ou para impressionar aquele que nos ouve, aquele que lê os textos, mas para fomentar as nossas identificações dos vinhos e de algumas castas com as suas particularidades das regiões.

Por que digo isso? Embora determinadas castas tenham as suas características essenciais, em comum, há particularidades que, tipicidades que só o terroir pode conferir ao vinho, além é claro de alguns processos de vinificação, a famosa intervenção humana.

Então atualmente tenho percebido e valorizado a questão do terroir para o vinho, afinal são questões que não devem ser dissociadas nem um pouco. Claro e evidente que algumas pessoas não se apagam a essas questões, até porque o tema é complexo e, por vezes, difícil de assimilar, mas entender minimamente a influência da terra e do clima no vinho é, penso, de suma importância.

E aprendi ou pelo menos estou aprendendo a “exercitar” essas questões para as percepções dos vinhos que degustamos e observei, ou melhor, senti isso na casta Pinot Noir.

A Pinot Noir é conhecida pela delicadeza e dificuldade de se cultivar em determinados climas. Mas diante de algumas degustações realizadas de rótulos com essa casta em alguns centros de produção vitivinícola do Velho Mundo, como França, por exemplo, até mesmo a Alemanha, bem como no Novo Mundo, como Brasil, Chile, Argentina, Nova Zelândia, percebi algumas nuances bem interessantes.

Os “Pinots” do Velho Mundo me entregaram leveza, delicadeza, muita fruta, já os vinhos do Novo Mundo, sobretudo da Argentina e Nova Zelândia se percebe um Pinot Noir mais intenso, mais robusto, mais complexo e esses últimos muito me agradaram.

Hoje desenvolvi um forte interesse e predileção pelos “Pinots” da Nova Zelândia e principalmente da Argentina, que são mais encorpados e marcantes. Claro que há rótulos dessa cepa na França, por exemplo, complexos e que gozam de longevidade, inclusive, mas os argentinos, de Mendoza, me ganharam definitivamente.

Não degustei tantos ainda, infelizmente, mas os poucos a que tive acesso, me surpreenderam nesse sentido, ou seja, de entregarem vinhos volumosos, encorpados e de boa complexidade o que não é muito comum, em rótulos de Pinot Noir no Brasil, por exemplo.

Então, dessa vez, me pus a experimentar mais um rótulo de Pinot Noir mendocino e com uma passagem por 12 meses em barricas de carvalho o que, para mim, é uma novidade! Nunca havia degustado um Pinot Noir com um tempo tão longo em barricas! Então a experiência, creio, será válida por mais um motivo!

E o vinho que escolhi traz um custo extremamente atrativo e vem atingindo em cheio os paladares brasileiros com vendas bem expressivas, claro que o referido custo é determinante, mas os vinhos também trazem qualidade e tipicidade. Falo da linha “Partridge” da vinícola Las Perdices. Inclusive eu degustei o Partridge Reserva Cabernet Sauvignon 2019 e me surpreendeu positivamente!

E dessa vez o vinho que degustei e gostei é o Partridge Reserva Pinot Noir da safra 2019, da região emblemática argentina, Mendoza. O vinho definitivamente entrega o terroir da região, mas não falarei, pelo menos ainda, do vinho, mas de Mendoza.

Quando falamos em Mendoza, na Argentina, em vinhos argentinos encorpados, estruturados, com complexidade, lembramos, associamos imediatamente na grande Malbec, na Cabernet Sauvignon, mas também não podemos esquecer da Pinot Noir, embora não tenha a fama e a representatividade das anteriores.

Tais castas encontraram no solo andino as condições perfeitas para crescer, um novo e já tradicional terroir argentino, de Mendoza para uma cepa francesa. E já que falamos em tradição e do solo argentino, a produção e consumo de vinhos na terra dos hermanos tornou-se tradicional há aproximadamente duzentos anos. Mas a história do cultivo da uva e da produção vinícola no país do extremo sul da América começou já com os colonizadores espanhóis no século XVI.

Devido às ótimas condições de clima e solo da região andina, não demorou para que os vinhedos se desenvolvessem, mesmo que de forma rudimentar, logo no período colonial. Foi a partir dos sacerdotes da igreja católica que a vitivinicultura se iniciou na Argentina: os jesuítas produziam em seus monastérios o vinho necessário para a celebração de suas missas.

No século XIX, com a chegada maciça dos imigrantes europeus na região, algumas novas técnicas de cultivo foram implantadas, e, no mesmo passo, a variedade de uvas também aumentou, diversificando os tipos de vinhos e elevando a produção de vinho na região a um novo patamar. Castas de uvas como Malbec, Cabernet Sauvignon, Merlot e Chenin Blanc vieram junto com esses imigrantes e deram maior qualidade aos vinhos argentinos.

A região mais tradicional de produção vinícola na Argentina é a província de Mendoza, no oeste do país, responsável por mais da metade da produção nacional. Foi nessa região que em 1534 que as primeiras videiras no país foram plantadas, e partir de lá que o cultivo da uva se espalhou para as outras regiões da Argentina. O Padre Cidrón e o fundador da província de Mendoza, Juan Jufré, foram os responsáveis pela primeira plantação de videiras na Argentina, no séc. XVI. Fonte: Clube dos Vinhos em: Argentina e seu perfeito solo andino.

E agora finalmente o vinho!

Na taça entrega um vermelho rubi com algum intensidade, atípico para um Pinot Noir, com tonalidades violáceas, diria roxas, com lágrimas finas e em média quantidade.

No nariz a profusão de frutas vermelhas, tais como morango, cerejas e framboesas, talvez um quê de frutas maduras, com um delicado e agradável toque floral, além de notas de pimenta preta, tabaco, especiarias, talvez em virtude da passagem por carvalho durante 12 meses, embora não tenha percebido as notas amadeiradas.

Na boca o frescor e a elegância, típica da casta, se faz perceber, graças também as notas frutadas que protagonizam, como no aspecto olfativo, mas com um pouco de complexidade, pois só nota a madeira, a baunilha, o toque mentolado, conferindo-lhe também alguma estrutura, com taninos contidos e elegantes, com uma ótima acidez que corrobora a sua frescura. Tem um final curto e de retrogosto frutado.

Falamos de terroir demasiadamente, de tipicidade, um assunto, um tema tão complexo, tão interminável, com tantos “microclimas” dentro de uma região, parece que, mesmo diante de nossa incapacidade enciclopédica do assunto, parece que quando degustamos um Pinot Noir argentino, em especial, percebemos as nuances de um vinho produzido em Mendoza desta casta. O Partridge Reserva entrega com fidelidade, com, olha a palavra de novo, TIPICIDADE. Essas impressões, as experiências sensoriais se tornam tão aguçadas que quando, às vezes, falta a questão técnica sobre o entendimento do terroir, nos sobra os sentidos, o que já é, claro, relevante. Percebi que uma das filosofias da Viña Las Perdices, produtor responsável pela linha “Partridge”, é de que os vinhos têm de maturar em barricas de carvalho, tendo o aporte da madeira, sendo incorporados ao vinho, conferindo-lhe estrutura e complexidade o que esse rótulo garante, mas nunca mascarando as características essenciais da Pinot Noir, sendo um vinho frutado, saboroso, potente, robusto, mas equilibrado e harmonioso: a sinergia perfeita. Tem 13,5% de teor alcoólico.

Sobre a Viña Las Perdices:

Em 1952, Juan Muñoz López decidiu deixar sua cidade natal, Andalucia, no sul da Espanha, e ele e sua família emigraram para Mendoza, na Argentina, a fim de buscar novos horizontes.

Em seguida, já em solo argentino, não pôde deixar de notar as perdizes que vagavam pela terra. Com efeito, um vizinho disse a ele que essas aves geralmente são vistas em grupos de três.

Assim sendo, com o passar dos dias, as perdizes se tornaram as companheiras constantes de Don Juan em seus longos dias de trabalho. Assim, ele decidiu nomear sua vinícola Partridge Vineyard: “Viña las Perdices”.

A adega hoje é uma operação familiar criada por Juan Muñoz López, sua esposa Rosario, seus filhos Nicolas e Carlos e sua filha Estela.

A vinícola, assim, se localiza no sopé da Cordilheira dos Andes a 1.030 metros acima do nível do mar, em Agrelo, Luján de Cuyo – a primeira zona DOC (denominação de origem controlada) argentina. Do mesmo modo, as uvas são provenientes de duas de suas vinhas em Agrelo em Lujan de Cuyo e Barancas em Maipu.

Por fim, hoje Las Perdices continua a ser uma vinícola de pequena produção e com um espírito entusiasmado em apresentar os vinhos finos de Mendoza.

Sobre a Partridge Vineyard:

A linha Partridge foi criada em 2009 para complementar o portfólio da Viña Las Perdices nos mercados internacionais. São vinhos de perfil clássico e de qualidade, que ganhou a preferência dos consumidores.

A linha tem quatro divisões, que variam de acordo com o perfil dos rótulos:Partridge Flying, Partridge Reserva, Partridge Gran Reserva e Partridge Selección de Barricas.

A sub-linha Partridge Flying oferece vinhos fáceis de beber que são excelentes para o dia a dia. Em Reserva, os rótulos amadurecem em barricas de carvalho, agregando mais corpo e complexidade aos vinhos. Já na Gran Reserva, os vinhos são sofisticados e passam no mínimo 12 meses em carvalho, garantindo grande intensidade. E, por último, a Selección de Barricas, conta com exemplares de alta gama.

Mais informações acesse:

https://www.lasperdices.com/index.php

Referências:

“Winepedia”: https://www.wine.com.br/winepedia/enoturismo/vinhos-las-perdices-o-melhor-do-terroir-argentino/

“Clube de Vinhos”: https://www.clubedosvinhos.com.br/argentina-e-seu-perfeito-solo-andino/

“Vinho Vida Viagem”: https://vinhovidaviagem.com.br/enoturismo-em-mendoza-argentina/

“Clube dos Vinhos”: (https://www.clubedosvinhos.com.br/argentina-e-seu-perfeito-solo-andino/

 

 

 



 


quarta-feira, 4 de maio de 2022

Capitán Tomás Reserva Malbec e Cabernet Franc 2018

 

Não é apenas de varietais que tenho vivido algumas gratas e animadas surpresas, mas também de alguns cortes, alguns blends muito inusitados e confesso que também é fantástico, sobretudo aqueles assemblages com poucas castas e que tenham percentuais bem próximos umas das outras, pois, a meu ver, conseguimos captar, sentir, perceber as nuances, as características das variedades envolvidas.

E esse rótulo cujo blend me trouxe a novidade que me refiro vem da emblemática e tradicional região argentina de Mendoza e o produtor também tem me atraído o interesse, pois tenho visto em alguns lugares a oferta de seus rótulos e em profusão, diga-se de passagem.

O produtor que me refiro é a vinícola Las Perdices e o blend é o composto pelas castas Malbec e Cabernet Franc. Como de costume falo da história dos produtores ao término deste texto, mas de antemão digo que a Las Perdices vem ganhando mercado, a aceitação dos brasileiros, com vendas satisfatórias e rótulos expostos em redes sociais com linhas comentadas e muito elogiadas pelos enófilos.

Tanto que recentemente degustei o Partridge Reserva Cabernet Sauvignon da safra 2019 e tive ótima impressão do vinho que demonstrou caráter, expressividade e, para quem aprecia as notas amadeiradas, ele é indicado, mas em pleno equilíbrio com as características marcantes da Cabernet Sauvignon.

Mas inusitado também é o blend: Um corte de Malbec e Cabernet Franc é no mínimo uma ode à complexidade. A Malbec, famosa nas terras argentinas, traz a fruta, a estrutura e a Cabernet Franc, a maciez, a elegância e a personalidade. A primeira é tradicional e a segunda vem sendo produzida com qualidade, ganhando literalmente terreno na Argentina. Lembrando que, falando em inusitado, degustei um espanhol com esse mesmo corte, por incrível que pareça chamado Palacio de Treto da safra 2011!

Então sem mais delongas vamos às apresentações do vinho! O vinho que degustei e gostei veio da região de Mendoza, na Argentina, e se chama Capitán Tomás Reserva com o blend das variedades Malbec e Cabernet Franc da safra 2018. E por mais que seja óbvia a origem dos vinhos de Argentina, em Mendoza, convém falar de suas micro-regiões, das suas sub-regiões que entregam diversidade em suas características geográficas, culturais e tudo o mais. O Capitán Tomás Reserva é oriundo da sub-região de Agrelo, que fica em Luján de Cuyo, em Mendoza.

Por mais que possa parecer óbvio falar de Mendoza, convém, entretanto, falar um pouco da história de Agrelo, Luján de Cuyo, cujas uvas foram cultivadas a 1000 metros de altitude. 

Agrelo, Luján de Cuyo, Mendoza

A região de Agrelo é parte do departamento de Luján de Cuyo, Mendoza. Por tradição ali se plantaram sempre uvas rosadas, principalmente a Criolla Grande, utilizada na produção de vinhos simples e suco de uva. Recentemente foram implantados vinhedos de qualidade, principalmente de Malbec e Chardonnay, e modernas técnicas de viticultura e vinicultura deram origem a vinhos de qualidade que demonstram o potencial da região.

A Malbec amadurece pacificamente sob o sol de Agrelo. "Geralmente, a Malbec de Agrelo tem rendimentos entre baixos e médios e produz uvas de cor intensa e maturação muito boa, valores transferidos para o vinho, juntamente com aromas de frutas negras.

A uva mais cultivada é a Malbec a variedade insigne da Argentina. Mas também se obtêm vinhos muito bons de outras variedades tintas, entre as quais a Cabernet Sauvignon, a Merlot, a Pinot Noir, a Bonarda e a Syrah. Nos últimos anos, a Bonarda é a variedade que parece ter mais potencial, com excelentes resultados.

A água de irrigação provém, principalmente, do degelo da Cordilheira dos Andes. Sendo uma água cristalina, pura e rica em minerais. Lujan de Cuyo, com seu clima quente e seco, sua latitude, altitude e amplitude térmica durante o dia, permite elaborar vinhos de grande corpo. Com níveis de álcool marcados e sabores frutais delicados e intensos, que seduzem amplamente o apreciador.

O departamento de Lujan de Cuyo foi instituído em 11 de maio de 1855 sob o nome de Villa de Lujan, durante o governo do General Pedro Pascual Segura, e o município foi criado em 1872. A região é conhecida como a primeira zona dos vinhos argentinos.

Essa denominação não é casual e surgiu do prestígio alcançado por seus vinhos e por possuir a primeira DOC (Denominação de Origem Controlada) da Argentina, desde 2005. Lujan de Cuyo dividiu-se em sub-regiões. Algumas delas já são reconhecidas pelos consumidores em função da qualidade indiscutível de seus vinhos, como por exemplo, Agrelo, Vistalba, Las Compuertas ou Perdriel, entre outras.

E agora finalmente o vinho!

Na taça entrega um vermelho rubi intenso, vívido, brilhante, mas com entornos violáceos, com lágrimas grossas e em média quantidade, que marcam o copo.

No nariz aromas que mostram a vivacidade das frutas vermelhas bem maduras, com notas evidentes da madeira, couro e tabaco, graças aos 12 meses de passagem por barricas de carvalho além de especiarias, com destaque para a pimenta, pimentão verde.

Na boca é seco, traz média estrutura, com bom volume corroborando pelo álcool em evidência, mas sem incomodar e/ou ameaçar o equilíbrio do vinho. Equilíbrio é a tônica do vinho, pois a fruta vermelha madura está em plena sinergia com a madeira que evidente, aporta toques de caramelo, café, torrefação e chocolate. Tem taninos marcados, mas redondos, com acidez média e um bom final.

Mais uma vez, independente de suas micro regiões e micro terroirs, Mendoza sempre entrega prazer, deleite para as nossas experiências sensoriais. Por mais óbvia que seja Mendoza ainda é maravilhosa na produção de grandes vinhos nas suas mais diversas características e propostas e óbvio fica, claro, na massificação da região, por chegar em profusão nas terras brasileiras. Capitán Tomás Reserva é encorpado, marcante, tem o caráter mendocino, mas é frutado, saboroso, fácil de degustar. Tem 14% de teor alcoólico.

Ah vale a curiosidade! Por que o nome do vinho é “Capitán Tomás”? O Capitão Tomás ou Thomas Taylor foi um marinheiro americano que serviu no exército revolucionário argentino de Buenos Aires em 1811.

Sobre a Viña Las Perdices:

Em 1952, Juan Muñoz López decidiu deixar sua cidade natal, Andalucia, no sul da Espanha, e ele e sua família emigraram para Mendoza, na Argentina, a fim de buscar novos horizontes.

Em seguida, já em solo argentino, não pôde deixar de notar as perdizes que vagavam pela terra. Com efeito, um vizinho disse a ele que essas aves geralmente são vistas em grupos de três.

Assim sendo, com o passar dos dias, as perdizes se tornaram as companheiras constantes de Don Juan em seus longos dias de trabalho. Assim, ele decidiu nomear sua vinícola Partridge Vineyard: “Viña las Perdices”.

A adega hoje é uma operação familiar criada por Juan Muñoz López, sua esposa Rosario, seus filhos Nicolas e Carlos e sua filha Estela.

A vinícola, assim, se localiza no sopé da Cordilheira dos Andes a 1.030 metros acima do nível do mar, em Agrelo, Luján de Cuyo – a primeira zona DOC (denominação de origem controlada) argentina. Do mesmo modo, as uvas são provenientes de duas de suas vinhas em Agrelo em Lujan de Cuyo e Barancas em Maipu.

Por fim, hoje Las Perdices continua a ser uma vinícola de pequena produção e com um espírito entusiasmado em apresentar os vinhos finos de Mendoza.

Mais informações acesse:

https://www.lasperdices.com/index.php

Referências:

“Revista Sociedade de Mesa”: https://revista.sociedadedamesa.com.br/2014/06/agrelo-lujan-de-cuyo-mendonza/

“Premium Vinhos”: http://premiumvinhos.com.br/_regiao_olha.php?reg=41

“Artwine”: https://www.artwine.com.br/artigos-e-reportagens/384/mendoza-e-suas-subzonas-a-terra-de-malbec

 

 

 





sábado, 16 de outubro de 2021

Partridge Reserva Cabernet Sauvignon 2019

 

Quando falamos em Mendoza, na Argentina, em vinhos argentinos encorpados, estruturados, com complexidade, lembramos, associamos imediatamente na grande Malbec, mas não podemos esquecer a rainha das uvas tintas: Cabernet Sauvignon. Como no Chile e em grande parte do Cone Sul, a Cabernet Sauvignon é famosa e uma das mais consumidas.

E encontrou no solo andino as condições perfeitas para crescer, um novo e já tradicional terroir argentino, de Mendoza para uma cepa francesa. E já que falamos em tradição e do solo argentino, a produção e consumo de vinhos na terra dos hermanos tornou-se tradicional há aproximadamente duzentos anos. Mas a história do cultivo da uva e da produção vinícola no país do extremo sul da América começou já com os colonizadores espanhóis no século XVI.

Devido às ótimas condições de clima e solo da região andina, não demorou para que os vinhedos se desenvolvessem, mesmo que de forma rudimentar, logo no período colonial. Foi a partir dos sacerdotes da igreja católica que a vitivinicultura se iniciou na Argentina: os jesuítas produziam em seus monastérios o vinho necessário para a celebração de suas missas.

No século XIX, com a chegada maciça dos imigrantes europeus na região, algumas novas técnicas de cultivo foram implantadas, e, no mesmo passo, a variedade de uvas também aumentou, diversificando os tipos de vinhos e elevando a produção de vinho na região a um novo patamar. Castas de uvas como Malbec, Cabernet Sauvignon, Merlot e Chenin Blanc vieram junto com esses imigrantes e deram maior qualidade aos vinhos argentinos.

A região mais tradicional de produção vinícola na Argentina é a província de Mendoza, no oeste do país, responsável por mais da metade da produção nacional. Foi nessa região que em 1534 que as primeiras videiras no país foram plantadas, e partir de lá que o cultivo da uva espalhou-se para as outras regiões da Argentina. O Padre Cidrón e o fundador da província de Mendoza, Juan Jufré, foram os responsáveis pela primeira plantação de videiras na Argentina, no séc. XVI. Fonte: Clube dos Vinhos em: Argentina e seu perfeito solo andino.

E com esse breve desfile histórico da vitivinicultura argentina, mas muito significativa falarei do meu rótulo que escolhi para a degustação de hoje e desde já sou um réu confesso da minha afeição pelo Cabernet Sauvignon que vem da Argentina. São marcantes, expressivos e entregam todas as características que a casta pode nos oferecer em todas as suas propostas. Esse vinho me chamou a atenção pelo atrativo valor, antes de qualquer coisa e depois pela sua descrição. Então o comprei e resolvi “aceitar” os riscos, afinal, comprar vinho é, em sua boa parte, aceitar correr riscos.

O momento importante chegou! Um sábado agradável, tranquilo e que conspirava para uma boa degustação, uma degustação à altura do momento, então o ritual foi posto, mais uma vez, em prática. A rolha se desprendeu da garrafa, o vinho derramou na taça, a explosão de aromas incita as papilas gustativas e voilá! O vinho que degustei e gostei veio da abençoada região de Mendoza, da Argentina e s e chama Partridge Cabernet Sauvignon Reserva da safra 2018.

Mas antes do vinho falemos um pouco mais de Mendoza que, embora seja uma região que já massifica o imaginário de inúmeros enófilos, sempre convém detalhar certas histórias que passam despercebidas e que apesar de simples, são significativos para a construção dos rótulos que chegam à nossa mesa.

Mendoza, que fica próxima a cordilheira dos Andes, a altitude varia substancialmente e, por isso, muitos microclimas podem ser encontrados. Disso resulta uma variedade grande de vinhos, alguns dos mais especiais e apreciados da cultura vinícola argentina são dessa região.

Além da província de Mendoza, cujos principais distritos, Lugan de Cuyo, Maipu, San Rafael e Vale do Uco são responsáveis por quase 70% de todo o vinho produzido na Argentina.


Todas essas regiões produtoras são conhecidas mundialmente como Rota dos Vinhos. E, além da importância para a indústria vinícola, servem como atração turística para aqueles que visitam anualmente o país andino – com centros de artesanatos, museus e adegas famosas, a rota é um ótimo lugar para comprar vinhos aprendendo um pouco de sua história e fabricação.

Possui mais de 1.200 vinícolas, com pelo menos 200 abertas à visitação. A Argentina ocupa a posição de 5a maior produtora de vinhos do mundo, e mais de 80% de toda produção está concentrada nesta região. Mendoza tem clima considerado desértico. Praticamente não chove durante todo o ano. O índice pluviométrico (de chuvas) médio anual é de míseros 213mm. (Para se ter uma ideia de comparação, em Petrolina, sertão de Pernambuco, esse índice é de 435mm ano).

Toda a água que abastece a cidade vem do degelo das montanhas em um sistema desenvolvido pelo povo Inca (primeiros habitantes da região). A água escorre por gravidade do degelo das montanhas, e aproveitando o caminho natural das águas são feitas pequenas acequias, canais escavados na terra. Essa água pura e de excelente qualidade é utilizada para irrigar a plantação.

E agora finalmente o vinho!

Na taça entrega um vermelho rubi intenso, profundo e escuro, com lágrimas finas e em grande intensidade que marca o bojo.

No nariz uma explosão aromática de frutas vermelhas maduras, tais como groselha e cereja, com as notas amadeiradas vivas, que revela baunilha, um defumado, couro, tabaco.

Na boca é estruturado, com alguma complexidade, alcoólico, mas sem ser agressivo, a fruta aparece também em perfeita sinergia com a madeira, graças aos 12 meses de passagem por barrica de carvalho, garantindo a sua versatilidade, seu equilíbrio, sua harmonia, com as notas amadeiradas aparecendo juntamente com a tosta e o chocolate, com taninos presentes, gordos, mas domados, com acidez agradável e um final prolongado.

Falamos de terroir demasiadamente, de tipicidade, um assunto, um tema tão complexo, tão interminável, com tantos “microclimas” dentro de uma região, parece que, mesmo diante de nossa incapacidade enciclopédica do assunto, parece que quando degustamos um Cabernet Sauvignon argentino, em especial, percebemos as nuances de um vinho produzido em Mendoza desta casta. O Partridge Reserva entrega com fidelidade, com, olha a palavra de novo, TIPICIDADE. Essas impressões, as experiências sensoriais se tornam tão aguçadas que quando, às vezes, falta a questão técnica sobre o entendimento do terroir, nos sobra os sentidos. Percebi que uma das filosofias da Viña Las Perdices, produtor responsável pela linha “Partridge”, é de que os vinhos têm de maturar em barricas de carvalho, tendo o aporte da madeira, sendo incorporados ao vinho, conferindo-lhe estrutura e complexidade o que esse rótulo garante, mas nunca mascarando as características essenciais da Cabernet Sauvignon, sendo um vinho frutado, saboroso, potente, robusto, mas equilibrado e harmonioso: a sinergia perfeita. Tem 14% de teor alcoólico.

Sobre a Viña Las Perdices:

Em 1952, Juan Muñoz López decidiu deixar sua cidade natal, Andalucia, no sul da Espanha, e ele e sua família emigraram para Mendoza, na Argentina, a fim de buscar novos horizontes.

Em seguida, já em solo argentino, não pôde deixar de notar as perdizes que vagavam pela terra. Com efeito, um vizinho disse a ele que essas aves geralmente são vistas em grupos de três.

Assim sendo, com o passar dos dias, as perdizes se tornaram as companheiras constantes de Don Juan em seus longos dias de trabalho. Assim, ele decidiu nomear sua vinícola Partridge Vineyard: “Viña las Perdices”.

A adega hoje é uma operação familiar criada por Juan Muñoz López, sua esposa Rosario, seus filhos Nicolas e Carlos e sua filha Estela.

A vinícola, assim, se localiza no sopé da Cordilheira dos Andes a 1.030 metros acima do nível do mar, em Agrelo, Luján de Cuyo – a primeira zona DOC (denominação de origem controlada) argentina. Do mesmo modo, as uvas são provenientes de duas de suas vinhas em Agrelo em Lujan de Cuyo e Barancas em Maipu.

Por fim, hoje Las Perdices continua a ser uma vinícola de pequena produção e com um espírito entusiasmado em apresentar os vinhos finos de Mendoza.

Sobre a Partridge Vineyard:

A linha Partridge foi criada em 2009 para complementar o portfólio da Viña Las Perdices nos mercados internacionais. São vinhos de perfil clássico e de qualidade, que ganhou a preferência dos consumidores.

A linha tem quatro divisões, que variam de acordo com o perfil dos rótulos:

Partridge Flying,

Partridge Reserva,

Partridge Gran Reserva,

Partridge Selección de Barricas.

A sub-linha Partridge Flying oferece vinhos fáceis de beber que são excelentes para o dia a dia. Em Reserva, os rótulos amadurecem em barricas de carvalho, agregando mais corpo e complexidade aos vinhos. Já na Gran Reserva, os vinhos são sofisticados e passam no mínimo 12 meses em carvalho, garantindo grande intensidade. E, por último, a Selección de Barricas, conta com exemplares de alta gama.

Mais informações acesse:

https://www.lasperdices.com/index.php

Referências:

“Winepedia”: https://www.wine.com.br/winepedia/enoturismo/vinhos-las-perdices-o-melhor-do-terroir-argentino/

“Clube de Vinhos”: https://www.clubedosvinhos.com.br/argentina-e-seu-perfeito-solo-andino/

“Vinho Vida Viagem”: https://vinhovidaviagem.com.br/enoturismo-em-mendoza-argentina/