Casta:
Aragonez, Cabernet Sauvignon, Merlot, Touriga Nacional e Cabernet Franc.
Safra:
2013
Região:
Serra do Sudeste
País:
Brasil
Produtor:
Vinícola Hermann
Teor
Alcoólico: 13%
Adquirido:
Niterói Vinhos
Valor:
R$ 56,90
Estágio:
15 meses em barricas de carvalho.
Análise:
Visual:
revela um rubi intenso, com o atijolado, o granada em evidência, com uma boa
profusão de lágrimas, finas e lentas.
Nariz:
traz aromas expressivos e complexos de frutas vermelhas e negras maduras,
sentindo ainda as evidentes, mas integradas notas amadeiradas, graças aos
longos quinze meses em barricas de carvalho, com toques de baunilha, caramelo,
couro, tabaco, defumado e um latente defumado extremamente agradável.
Boca:
é elegante, redondo e macio, afinal o tempo lhe permitiu essa condição, mas que
goza de boa complexidade. Replicam-se as notas frutadas, como no aspecto
olfativo, bem como protagoniza o amadeirado, mas muito bem integrado ao
conjunto do vinho, conferindo-lhe a tal complexidade, bem como a tosta, o café
torrado e a terra molhada. Os taninos, devido ao tempo, estão com uma textura
sedosa, com baixa acidez e um final longo e persistente.
Visual:
apresenta um vermelho rubi intenso, mas com reflexos violáceos bem brilhantes,
o que surpreende em se tratar de um vinho de 10 anos de garrafa, ou seja, sem
nenhum traço de evolução.
Nariz:
traz um incrível e agradável frescor capitaneado pelas notas frutadas, de
frutas vermelhas e pretas maduras, com destaque para framboesas, amoras,
cerejas com a presença do carvalho, em uma bela sinergia, muito bem integrado
ao vinho, além de toques herbáceos, de especiarias, como pimenta preta e
pimentão, típico da casta, couro e algo de mineral e floral.
Boca:
é saboroso, envolvente, com boa presença e volume, bem untuoso, algo bem
convidativo e instigante, diria, mas macio, elegante, conquistados por uma
década de garrafa. Essa complexidade e personalidade marcante são garantidas
também pela madeira, que, de forma discreta, se revela, com arrojados toques de
baunilha e leve toque de torrefação e tosta. Tem taninos redondos, amáveis, com
excelente acidez com final frutado.
Reza a máxima de que quando gostamos de algo, desejamos
sempre repetir e não se enganem, no universo dos vinhos não é diferente! Sempre
temos aqueles rótulos que nos permitiu uma grande experiência sensorial que
queremos repetir, degustando safra por safra etc.
E o rótulo de hoje é especial cujo produtor eu não conhecia e
descobri em um evento realizado por uma loja de vinhos da minha cidade,
Niterói. Na realidade eu não conhecia o produtor, mas conheço o enólogo que
participou do projeto de concepção dos rótulos: Anselmo Mendes, português
conhecido como “O Rei do Alvarinho”.
Tendo essa alcunha já tem dimensão da importância desse
projeto que envolve a Vinícola Hermann que vem explorando uma região emergente
no Rio Grande do Sul chamada Serra do Sudeste.
Uma soma de fatores mais do que interessante e atraente que,
além do vinho propriamente dito, foram preponderantes para uma nova aquisição
deste vinho que já degustei e gostei. Falo do Matiz Plural com um inusitado
blend de Aragonez, Cabernet Sauvignon, Merlot, Touriga Nacional e Cabernet
Franc da safra 2013.
Como disse eu já degustei o mesmo vinho, da mesma safra, há
cerca de um ano atrás, cuja resenha pode ser lida aqui e estava maravilhoso,
com nove anos de vida, mas pleno, vivo e que certamente poderia descansar por
mais alguns anos em garrafa na escuridão da adega.
E a intenção, após a compra desta segunda garrafa, era
guarda-lo por mais alguns anos, talvez cinco anos, mas simplesmente a ansiedade
falou, praticamente gritou mais alto e o abri com uma década de garrafa, o que
também está interessante.
O vinho se mostra também vivo e intenso no nariz e no
paladar. Mas não falarei, pelo menos por enquanto, do vinho, mas sim da região
da Serra do Sudeste que definitivamente vem ganhando credibilidade entre os
especialistas do vinho e enófilos espalhados pelo Brasil.
Serra do Sudeste
Nossa mais famosa região vinícola é, sem dúvida alguma, a
Serra Gaúcha, da qual faz parte a primeira área de Indicação de Procedência
brasileira, o Vale dos Vinhedos. De dentro para fora, sabemos que o Vale está
chegando ao seu limite de plantio.
Como área de procedência certificada, as regras que controlam
sua existência são rígidas e hoje sobram poucas terras de qualidade às
vinícolas para que plantem suas uvas. Ele não deixa de ser, no entanto, o polo
para onde convergem as atrações turísticas e as grandes instalações produtoras
das vinícolas, incluindo suas adegas.
Os outros municípios que compõem a região da Serra Gaúcha vêm
se desenvolvendo com constância como Garibaldi, Flores da Cunha e Farroupilha.
Mas algumas novidades interessantes estão aparecendo em cidades a noroeste de
Bento Gonçalves, como Guaporé, na linha Pinheiro Machado e Casca, na direção de
Passo Fundo.
Mas tem uma região que, apesar de ter sido descoberta na
década de 1970, pode-se considerar que se trata de uma região nova, pois
somente a partir dos anos 2000, com investimentos feitos pelas vinícolas da
Serra Gaúcha, que o potencial dela foi, de fato, explorado. Essa região é a
Serra do Sudeste.
Ela forma uma espécie de ferradura virada para o mar, ligando
os municípios de Encruzilhada do Sul e Pinheiro Machado, separados ao meio pelo
rio Camaquã, que deságua na Lagoa dos Patos.
Essa região faz divisa com outra importante área vinícola
brasileira, a Campanha Gaúcha, dividida entre Campanha Meridional (que começa
na cidade de Candiota) e Campanha Oriental, que segue a linha da fronteira com
o Uruguai.
Serra do Sudeste
A Serra do Sudeste tem colinas suaves, que facilitam o
plantio e a mecanização, tornando-a um terroir mais simples de trabalhar.
Aliadas a isso, estão as condições climáticas, mais favoráveis do que no Vale
dos Vinhedos.
Essa região tem o menor índice de chuvas do Estado do Rio
Grande do Sul, além de noites frias mesmo no verão, justamente a época da
maturação das uvas. Essas condições naturais, além de um solo mais pobre e de
origem granítica, ajudam a ter maior concentração de cor, estrutura e potencial
de envelhecimento dos vinhos.
O Instituto de Pesquisa Agrícola do Rio Grande do Sul mapeou
pela primeira vez esta área nos anos 1970, mas é no começo da década de 2000
que as primeiras vinícolas de certa importância começam a plantar vinhedos por
aqui, entre os municípios de Encruzilhada do Sul, o principal, Pinheiro Machado
e Candiota (mesmo próxima de Bagé Candiota é considerada pelo IBGE como
pertencente à Serra do Sudeste e não à Campanha, embora haja controvérsias).
Em grande parte, se trata de uma região vitícola, geralmente
as uvas aqui colhidas são conduzidas nas instalações das vinícolas na Serra
Gaúcha e lá transformadas em vinho, esta região ainda não possui, e nem
pleiteia em curto prazo, o reconhecimento a Denominação de Origem Controlada,
quando, e se, isso ocorrer o vinho deverá ser produzido por aqui, já que este é
um fator crucial na lei das denominações de origem.
As castas internacionais dominam a viticultura na Serra do
Sudeste, tintas e brancas que na Serra Gaúcha podem representar um desafio pelo
clima úmido, aqui prosperam com mais facilidade, o índice pluviométrico é
alinhado com o estado do Rio Grande do Sul, chove um pouco menos que no Vale
dos Vinhedos, mas o que mais importa é que as chuvas são mais bem distribuídas
ao longo do ano, raramente coincidindo com o período da colheita das variedades
tardias.
A característica dos vinhos daqui é o bom nível de aromas, a
sapidez pronunciada por conta da presença do calcário e o perfil gastronômico,
boa acidez, taninos enxutos nos tintos e presença mineral nos brancos. Uvas
mais cultivadas na região são: Malbec, Cabernet Franc, Merlot, Gewurztraminer,
Sauvignon Blanc e Malvasia.
Se é verdade que a Serra do Sudeste não possui o panorama
encantador da Serra Gaúcha, é também verdade que seus vinhos representam um
patrimônio da vitivinicultura brasileira que merece ser descoberto, e sem
demora.
E agora finalmente o vinho!
Na taça revela um rubi intenso, com o atijolado, o granada em
evidência, denunciando uma década de vida, com uma boa profusão de lágrimas,
finas e lentas.
No nariz traz aromas expressivos e complexos de frutas
vermelhas e negras maduras, sentindo ainda as evidentes, mas integradas notas
amadeiradas, graças aos longos quinze meses em barricas de carvalho, com toques
de baunilha, caramelo, couro, tabaco, defumado e um latente defumado
extremamente agradável.
Na boca é elegante, redondo e macio, afinal o tempo lhe
permitiu essa condição, mas que goza de boa complexidade. Replicam-se as notas
frutadas, como no aspecto olfativo, bem como protagoniza o amadeirado, mas
muito bem integrado ao conjunto do vinho, conferindo-lhe a tal complexidade,
bem como a tosta, o café torrado e a terra molhada. Os taninos, devido ao
tempo, estão com uma textura sedosa, com baixa acidez e um final longo e
persistente.
Um vinho que mesmo com os seus 10 anos de vida ainda estava
pleno, vivo e intenso e que poderia evoluir mais e mais. Uma região nova que
sem dúvida poderá nos brindar com muita tipicidade, expressividade e qualidade
com os seus rótulos. Sim os vinhos brasileiros têm potencial de guarda, têm
complexidade, têm relevância e têm a cara do vinho brasileiro, sem cópias e
comparações com o Velho Mundo. O Matiz representa a elegância, a complexidade,
o arrojo que todo vinho com a sua proposta pode entregar. Foi ótimo repeti-lo
sem cair na temível zona de conforto. Tem 13% de teor alcoólico.
Sobre a Vinícola Hermann:
A família Hermann trouxe todo o seu know-how de profundos
conhecedores de diversas regiões vinícolas do mundo para a esfera da produção
de vinhos, apostando no potencial dos melhores terroirs da região sul do
Brasil.
Proprietários de uma das maiores importadoras de vinhos de
alta qualidade do país, a Decanter, compraram em 2009 um vinhedo de grande
vocação em Pinheiro Machado, na Serra do Sudeste no Rio Grande do Sul, plantado
com mudas de alta qualidade por um dos viveiros líderes de Portugal.
A assessoria enológica de um dos mais brilhantes enólogos de
Portugal, o renomado “rei do Alvarinho” Anselmo Mendes - “Enólogo do Ano” pela
Revista de Vinhos de Portugal em 1997 - ao lado do talentoso enólogo Átila
Zavarizze, garante a excelência na transformação das uvas promissoras em
grandes vinhos brasileiros, com caráter e tipicidade.
Quando falamos na clássica casta branca Alvarinho, o que nos
faz lembrar? Da emblemática região do Minho, dos Vinhos Verdes, onde ela reina
de forma soberana em termos de representatividade, qualidade e popularidade.
Há alguns lugares na Espanha que produzem a casta com o nome
de Albariño, mas o Minho, em Portugal, traz a cepa como vitrine e exportação
por todos os cantos do mundo e todas as mesas também.
Mas hoje temos algumas abnegadas vinícolas brasileiras que
está produzindo o Alvarinho e trazendo alguns suspiros carregados de elogios.
Recentemente, mais precisamente em 2022, participei de um evento de degustação
de vinhos da região, que também está crescendo para o Brasil, Serra do Sudeste,
da Vinícola Hermann, que apresentou o seu Alvarinho da safra 2018.
O início do evento começou de forma muito agradável com a
degustação de alguns borbulhantes, como Prosecco, brancos tranquilos e rosés,
quando serviram o Alvarinho da safra 2018 e que confesso fiquei maravilhado!
O vinho mesmo no auge dos seus quatro anos de garrafa à
época, gozava de muita jovialidade, frescor e fruta, com destaque para o
pêssego maduro. Claro que a Alvarinho tem potencial de guarda e esse goza dessa
condição também, mas está no ápice da degustação.
Então não hesitei e comprei afinal, além da grande
experiência sensorial agradável, tem o privilégio de degustar um Alvarinho
brasileiro pela primeira vez, um orgulho, ufanismos à parte.
E hoje com cinco anos na garrafa chegou a hora de tê-lo por
inteiro em minha humilde taça, por inteiro, porque terei toda a garrafa e não
apenas uma taça como no evento a qual participei. O momento também é propício
afinal estamos em dias quentes do verão, então nada mais apropriado degusta-lo.
Então sem mais delongas vamos às apresentações do vinho! O
vinho que degustei e gostei veio da Serra do Sudeste, no sul do Brasil, e se
chama Matiz Alvarinho da safra 2018. Para não perder o costume vamos de
história da região que cresce em visibilidade de forma vertiginosa e da casta
emblemática do Minho, a Alvarinho.
Serra do Sudeste
Nossa mais famosa região vinícola é, sem dúvida alguma, a
Serra Gaúcha, da qual faz parte a primeira área de Indicação de Procedência
brasileira, o Vale dos Vinhedos. De dentro para fora, sabemos que o Vale está
chegando ao seu limite de plantio.
Como área de procedência certificada, as regras que controlam
sua existência são rígidas e hoje sobram poucas terras de qualidade às
vinícolas para que plantem suas uvas. Ele não deixa de ser, no entanto, o polo
para onde convergem as atrações turísticas e as grandes instalações produtoras
das vinícolas, incluindo suas adegas.
Os outros municípios que compõem a região da Serra Gaúcha vêm
se desenvolvendo com constância como Garibaldi, Flores da Cunha e Farroupilha.
Mas algumas novidades interessantes estão aparecendo em cidades a noroeste de
Bento Gonçalves, como Guaporé, na linha Pinheiro Machado e Casca, na direção de
Passo Fundo.
Mas tem uma região que, apesar de ter sido descoberta na
década de 1970, pode-se considerar que se trata de uma região nova, pois
somente a partir dos anos 2000, com investimentos feitos pelas vinícolas da
Serra Gaúcha, que o potencial dela foi, de fato, explorado. Essa região é a
Serra do Sudeste.
Ela forma uma espécie de ferradura virada para o mar, ligando
os municípios de Encruzilhada do Sul e Pinheiro Machado, separados ao meio pelo
rio Camaquã, que deságua na Lagoa dos Patos. Essa região faz divisa com outra
importante área vinícola brasileira, a Campanha Gaúcha, dividida entre Campanha
Meridional (que começa na cidade de Candiota) e Campanha Oriental, que segue a
linha da fronteira com o Uruguai.
Serra do Sudeste
A Serra do Sudeste tem colinas suaves, que facilitam o
plantio e a mecanização, tornando-a um terroir mais simples de trabalhar.
Aliadas a isso, estão as condições climáticas mais favoráveis do que no Vale
dos Vinhedos.
Essa região tem o menor índice de chuvas do Estado do Rio
Grande do Sul, além de noites frias mesmo no verão, justamente a época da
maturação das uvas. Essas condições naturais, além de um solo mais pobre e de
origem granítica, ajudam a ter maior concentração de cor, estrutura e potencial
de envelhecimento dos vinhos.
O Instituto de Pesquisa Agrícola do Rio Grande do Sul mapeou
pela primeira vez esta área nos anos 1970, mas é no começo da década de 2000
que as primeiras vinícolas de certa importância começam a plantar vinhedos por
aqui, entre os municípios de Encruzilhada do Sul, o principal, Pinheiro Machado
e Candiota (mesmo próxima de Bagé Candiota é considerada pelo IBGE como
pertencente à Serra do Sudeste e não à Campanha, embora haja controvérsias).
Em grande parte, se trata de uma região vitícola, geralmente
as uvas aqui colhidas são conduzidas nas instalações das vinícolas na Serra
Gaúcha e lá transformadas em vinho, esta região ainda não possui, e nem
pleiteia em curto prazo, o reconhecimento a Denominação de Origem Controlada,
quando, e se, isso ocorrer o vinho deverá ser produzido por aqui, já que este é
um fator crucial na lei das denominações de origem.
As castas internacionais dominam a viticultura na Serra do
Sudeste, tintas e brancas que na Serra Gaúcha podem representar um desafio pelo
clima úmido, aqui prosperam com mais facilidade, o índice pluviométrico é
alinhado com o estado do Rio Grande do Sul, chove um pouco menos que no Vale
dos Vinhedos, mas o que mais importa é que as chuvas são mais bem distribuídas
ao longo do ano, raramente coincidindo com o período da colheita das variedades
tardias.
A característica dos vinhos daqui é o bom nível de aromas, a
acidez pronunciada por conta da presença do calcário e o perfil gastronômico,
boa acidez, taninos enxutos nos tintos e presença mineral nos brancos. Uvas
mais cultivadas na região são: Malbec, Cabernet Franc, Merlot, Gewurztraminer,
Sauvignon Blanc e Malvasia.
Se é verdade que a Serra do Sudeste não possui o panorama
encantador da Serra Gaúcha, é também verdade que seus vinhos representam um
patrimônio da vitivinicultura brasileira que merece ser descoberto, e sem
demora.
Alvarinho
A Alvarinho ou Albariño, é a variedade branca que dá vida a
alguns dos mais celebrados vinhos de dois lados da fronteira de Portugal com a
Espanha. Minho, do lado português, e seus Alvarinhos; Galícia, na parte
espanhola, e seus Albariños.
E apesar da primeira menção sobre a casta ser somente em
1843, especialistas acreditam que ela é uma variedade muito mais antiga. Isso
se deve à sua enorme diversidade morfológica, indicando muitas que gerações da
uva já passaram pelos terrois mundo afora.
Tanto que vinhedos com idade entre 200 e 300 anos na região
da Galícia possuem indícios de que ela já era plantada na região bem antes de
ser descrita. Outra sugestão dessa verdadeira arqueologia vínica é que
possivelmente a casta originalmente seja a Albariño, nascida no lado espanhol
da fronteira.
A história mais curiosa envolvendo a Alvarinho é uma grande
confusão que ocorreu com ela e a casta francesa, muito cultivada na região de
Jura, Sauvignon Blanc. Esta última foi confundida com a Albariño na Espanha por
muitos anos e o pior, o erro foi exportado! Mudas da “Albariño” foram enviadas
para a Austrália e por isso, muito do que hoje é tido como Albariño na
Austrália, na verdade é Sauvignon Blanc.
A Alvarinho tem baixa produção, pois seus cachos são pequenos
e com muita semente. Apesar dos bagos serem pequenos, a uva tem a pele grossa o
que permite suportar o frio. Possui teor de açúcar elevado, o que resulta em
vinhos mais alcoólicos, e acidez alta.
São vinhos delicados e perfumados, mas bem estruturados.
Mesmo sendo um vinho branco, o Alvarinho apresenta uma quantidade relativamente
alta de taninos. É uma casta muito aromática, com notas que mesclam flores e
frutas, com nuances de banana, limão, maçã, maracujá, erva cidreira e flor de
laranjeira. O paladar é fresco, com notas cítricas e minerais, e acidez
equilibrada.
Possui graduação alcoólica, acima dos 11%, quando comparadas
as demais castas dos Vinhos Verdes que rondam os 9%. Tem grande potencial de
envelhecimento, durando até os dez anos de idade com toda a plenitude.
Alvarinho
Mesmo tendo capacidade para fermentação em madeira,
dificilmente o ganho será superior à perda da fruta. Mas alguns produtores têm
apostado nisso, justamente para dar uma nova cara para a região.
Os vinhos brancos originários da casta podem ser degustados
sem acompanhamento de refeições, entretanto, é perfeito para ser degustado e
apreciado na companhia de pratos que levem peixes e frutos do mar, exaltando e
evidenciando as características marcantes e únicas que a uva Alvarinho propicia
aos brancos elaborados a partir da sua casta.
Alvarinho nos Vinhos Verdes
O Alvarinho diferencia-se dos demais vinhos verdes pelo seu
corpo robusto, grau alcoólico alto e boa capacidade de envelhecimento. Tem cor
cítrica brilhante e aromas de florais e de frutas. O paladar é cheio com
equilíbrio entre açúcar, álcool e acidez. É fresco, leve e com certa
mineralidade com final longo e persistente. São vinhos de alta qualidade e
rústicos. Leia mais sobre o Vinho Verde.
Albariño na Espanha
Assim como em Portugal, os vinhos de Albariño são famosos por
serem frescos e aromáticos. Combinam aromas florais e frutados e preenchem a
boca com bom corpo e ótima acidez. É uma das castas brancas de maior reputação
da Península Ibérica. Muito encontrada nas Rias Baixa, em Galiza, região com
clima bastante úmido e frio, a casta é muito utilizada em cortes, mas
principalmente em varietais. Esses considerados alguns dos melhores vinhos
brancos da Espanha.
Para conhecer a casta em sua tipicidade máxima o ideal é
buscar exemplares das duas denominações de maior prestígio, Rías Baixas, na
Espanha, e Vinhos Verdes, onde ela pode dar origens a varietais nas sub-regiões
de Monção e Melgaço, em Portugal.
E agora finalmente o vinho!
Na taça manifesta um lindo amarelo palha brilhante,
reluzente, tendendo para o dourado com algumas finas e rápidas lágrimas.
No nariz o destaque é para as frutas brancas, amarelas e
cítricas, sobressaindo o pêssego maduro, além do abacaxi, maracujá, lima e
limão siciliano, com uma textura plena, marcante, untuoso, cremoso, graças aos
4 meses sobre as lias nas barricas de carvalho, conferindo-lhe complexidade,
tudo isso envolto em um delicado floral.
Na boca é fresco, atraente, mas com personalidade, mostrando
uma incrível sinergia entre as frutas, que ganham protagonismo, como no aspecto
olfativo, dando-lhe refrescância e a cremosidade, a untuosidade que lhe confere
intensidade e volume. A acidez média e instigante corrobora as impressões
anteriores com um final envolvente, longo e persistente, com retrogosto frutado
e cremoso.
Melhor do que degustar um excelente e especial Alvarinho
brasileiro é degustar um Alvarinho de uma região que, a cada dia, está ganhando
uma grande e bela exposição entre os terroirs nacionais, a Serra do Sudeste. E
melhor: o Matiz Alvarinho, bem como todos os rótulos da Vinícola Hermann,
contou com a consultoria do grande lusitano Anselmo Mendes, conhecido
exatamente por ser o “Rei da Alvarinho”. É muito legar ter a expertise de um
homem como Anselmo Mendes que valoriza o terroir da região e não promove uma
espécie de sucursal do Minho em nossas terras. Que possamos desbravar e
valorizar os nossos terroirs com vinhos estupendos como Matiz Alvarinho. Tem 13,4%
de teor alcoólico.
Sobre a Vinícola Hermann:
A família Hermann trouxe todo o seu know-how de profundos
conhecedores de diversas regiões vinícolas do mundo para a esfera da produção
de vinhos, apostando no potencial dos melhores terroirs da região sul do
Brasil.
Proprietários de uma das maiores importadoras de vinhos de
alta qualidade do país, a Decanter, compraram em 2009 um vinhedo de grande
vocação em Pinheiro Machado, na Serra do Sudeste no Rio Grande do Sul, plantado
com mudas de alta qualidade por um dos viveiros líderes de Portugal.
A assessoria enológica de um dos mais brilhantes enólogos de
Portugal, o renomado “rei do Alvarinho” Anselmo Mendes - “Enólogo do Ano” pela
Revista de Vinhos de Portugal em 1997 - ao lado do talentoso enólogo Átila
Zavarizze, garante a excelência na transformação das uvas promissoras em
grandes vinhos brasileiros, com caráter e tipicidade.
Sempre ouvi e li comentários de que os vinhos brasileiros não
são dotados de longevidade, incapazes de proporcionar boa evolução em garrafas
por anos e anos. Não sei se nutrimos, em outros aspectos da sociedade, o famoso
“complexo de vira-latas”, que não permite que valorizemos os nossos produtos,
ufanismos à parte.
Claro que não tenho absolutamente nada contra os vira-latas,
os acho adoráveis e carinhosos, não tem motivo para associá-los a baixa
autoestima, com o devido respeito a frase cunhada pelo grande Nelson Rodrigues.
O que me preocupa verdadeiramente é de fato a baixa autoestima dos brasileiros
e a capacidade apenas de valorizar o que não é nosso.
Evidente que a vitivinicultura brasileira, em comparação com
as demais do Velho Mundo, por exemplo, ainda está engatinhando, é muito jovem e
ainda tem um longo caminho a percorrer para chegar ao status de excelência, mas
sim, temos vinhos para todos os gostos e exigências, inclusive os vinhos de
guarda.
E nada melhor que constatar isso conhecendo novos produtores
que vem despontando no cenário do vinho brasileiro e em regiões em igual
condição, ou seja, novas regiões que estão sendo desbravadas por abnegados
produtores e homens do vinho.
É o caso da Serra do Sudeste, no Rio
Grande do Sul e a Vinícola Hermann! A “joia bruta”, como alguns especialistas
chama a região, vem produzindo vinhos de tipicidade e de grande personalidade e
também os longevos rótulos!
Os vinhos da Hermann, vinícola
sediada em Santa Catarina, mas que cultivam seus vinhos na Serra do Sudeste, no Rio Grande do Sul, eu tive o prazer de conhecer em um evento que uma casa de vendas de vinhos em
minha cidade, Niterói, estava promovendo, no ano de 2022 e que pode ser lido aqui os detalhes do evento.
Fui ao evento, confesso, sem muita
expectativa, pois não conhecia a vinícola e também porque desde 2020 eu não participava
de eventos de degustação em virtude do caos pandêmico a qual fomos acometidos
nesses últimos dois anos. Então lá fui!
Degustei cerca de seis rótulos e
gostei muito e comprei cerca de três rótulos distintos, inclusive um tinha nove
anos quando o degustei, o Matiz Plural 2013, degustado em 2022, além do
excelente Lírica Crua, um espumante natural com as leveduras que foi
simplesmente arrebatador.
E degustei outro que decidi esperar o
seu décimo ano de garrafa (um período “redondo”, sem mais) para degusta-lo e
esse, também da linha “matiz”, deixou uma excelente impressão no referido
evento e, dessa vez, eu teria uma garrafa todinha para mim.
Então sem mais delongas vamos às
apresentações do vinho! O vinho que degustei e gostei veio da Serra do Sudeste,
no Rio Grande do Sul, e de chama Matiz Cabernet Sauvignon da safra 2013. E para
não perder o costume, vamos de histórias, vamos de Serra do Sudeste!
Serra do Sudeste
Nossa mais famosa região vinícola é,
sem dúvida alguma, a Serra Gaúcha, da qual faz parte a primeira área de
Indicação de Procedência brasileira, o Vale dos Vinhedos. De dentro para fora,
sabemos que o Vale está chegando ao seu limite de plantio.
Como área de procedência certificada,
as regras que controlam sua existência são rígidas e hoje sobram poucas terras
de qualidade às vinícolas para que plantem suas uvas. Ele não deixa de ser, no
entanto, o polo para onde convergem as atrações turísticas e as grandes
instalações produtoras das vinícolas, incluindo suas adegas.
Os outros municípios que compõem a
região da Serra Gaúcha vêm se desenvolvendo com constância como Garibaldi,
Flores da Cunha e Farroupilha. Mas algumas novidades interessantes estão
aparecendo em cidades a noroeste de Bento Gonçalves, como Guaporé, na linha
Pinheiro Machado e Casca, na direção de Passo Fundo.
Mas tem uma região que, apesar de ter
sido descoberta na década de 1970, pode-se considerar que se trata de uma
região nova, pois somente a partir dos anos 2000, com investimentos feitos
pelas vinícolas da Serra Gaúcha, que o potencial dela foi, de fato, explorado.
Essa região é a Serra do Sudeste.
Ela forma uma espécie de ferradura virada para o mar, ligando
os municípios de Encruzilhada do Sul e Pinheiro Machado, separados ao meio pelo
rio Camaquã, que deságua na Lagoa dos Patos. Essa região faz divisa com outra
importante área vinícola brasileira, a Campanha Gaúcha, dividida entre Campanha
Meridional (que começa na cidade de Candiota) e Campanha Oriental, que segue a
linha da fronteira com o Uruguai.
Serra do Sudeste
A Serra do Sudeste tem colinas suaves, que facilitam o
plantio e a mecanização, tornando-a um terroir mais simples de trabalhar.
Aliadas a isso, estão as condições climáticas mais favoráveis do que no Vale
dos Vinhedos.
Essa região tem o menor índice de chuvas do Estado do Rio
Grande do Sul, além de noites frias mesmo no verão, justamente a época da
maturação das uvas. Essas condições naturais, além de um solo mais pobre e de
origem granítica, ajudam a ter maior concentração de cor, estrutura e potencial
de envelhecimento dos vinhos.
O Instituto de Pesquisa Agrícola do Rio Grande do Sul mapeou
pela primeira vez esta área nos anos 1970, mas é no começo da década de 2000
que as primeiras vinícolas de certa importância começam a plantar vinhedos por
aqui, entre os municípios de Encruzilhada do Sul, o principal, Pinheiro Machado
e Candiota (mesmo próxima de Bagé Candiota é considerada pelo IBGE como
pertencente à Serra do Sudeste e não à Campanha, embora haja controvérsias).
Em grande parte, se trata de uma região vitícola, geralmente
as uvas aqui colhidas são conduzidas nas instalações das vinícolas na Serra
Gaúcha e lá transformadas em vinho, esta região ainda não possui, e nem
pleiteia em curto prazo, o reconhecimento a Denominação de Origem Controlada,
quando, e se, isso ocorrer o vinho deverá ser produzido por aqui, já que este é
um fator crucial na lei das denominações de origem.
As castas internacionais dominam a viticultura na Serra do
Sudeste, tintas e brancas que na Serra Gaúcha podem representar um desafio pelo
clima úmido, aqui prosperam com mais facilidade, o índice pluviométrico é
alinhado com o estado do Rio Grande do Sul, chove um pouco menos que no Vale
dos Vinhedos, mas o que mais importa é que as chuvas são mais bem distribuídas
ao longo do ano, raramente coincidindo com o período da colheita das variedades
tardias.
A característica dos vinhos daqui é o bom nível de aromas, a acidez
pronunciada por conta da presença do calcário e o perfil gastronômico, boa
acidez, taninos enxutos nos tintos e presença mineral nos brancos. Uvas mais
cultivadas na região são: Malbec, Cabernet Franc, Merlot, Gewurztraminer,
Sauvignon Blanc e Malvasia.
Se é verdade que a Serra do Sudeste não possui o panorama
encantador da Serra Gaúcha, é também verdade que seus vinhos representam um
patrimônio da vitivinicultura brasileira que merece ser descoberto, e sem
demora.
E agora finalmente o vinho!
Na taça apresenta um vermelho rubi intenso, mas com reflexos
violáceos bem brilhantes, o que surpreende em se tratar de um vinho de 10 anos
de garrafa, ou seja, sem nenhum traço de evolução sob o aspecto visual.
No nariz traz um incrível e agradável frescor capitaneado
pelas notas frutadas, de frutas vermelhas e pretas maduras, com destaque para
framboesas, amoras, cerejas com a presença do carvalho, pelos longos 24 meses
em barricas, em uma bela sinergia, muito bem integrado ao vinho, além de toques
herbáceos, de especiarias, como pimenta preta e pimentão, típico da casta, couro
e algo de mineral e floral.
Na boca é saboroso, envolvente, com boa presença e volume,
bem untuoso, algo bem convidativo e instigante, diria, mas macio, elegante,
conquistados por uma década de garrafa. Essa complexidade e personalidade
marcante são garantidas também pela madeira, que, de forma discreta, se revela,
com arrojados toques de baunilha e leve toque de torrefação e tosta. Tem
taninos redondos, amáveis, com excelente acidez com final frutado.
O projeto da Hermann trouxe um dos caras mais importantes
atualmente da enologia lusitana, o Anselmo Mendes, considerado como o “pai da
Alvarinho”, que trouxe um pouco da identidade do seu país para agregar ao
terroir da Serra do Sudeste. É evidente que essa parceria traz peso e qualidade
aos rótulos e que pude comprovar em degustar esse maravilhoso rótulo que aos
dez anos mostrou-se vivo, pleno e com aptidão para evoluir por mais alguns anos
em garrafa. Sim os vinhos brasileiros têm potencial de guarda, têm
complexidade, têm relevância e têm a cara do vinho brasileiro, sem cópias e
comparações com o Velho Mundo. O Matiz Cabernet Sauvignon representa a
elegância, a complexidade, o arrojo que todo vinho com a sua proposta pode
entregar. Tanto que comprei outro rótulo que decidi deixar por pelo menos mais
cinco anos na adega. Como o encontrarei? Isso já é outra história. Tem 13,4%¨de
teor alcoólico.
Sobre a Vinícola Hermann:
A família Hermann trouxe todo o seu know-how de profundos
conhecedores de diversas regiões vinícolas do mundo para a esfera da produção
de vinhos, apostando no potencial dos melhores terroirs da região sul do
Brasil.
Proprietários de uma das maiores importadoras de vinhos de
alta qualidade do país, a Decanter, compraram em 2009 um vinhedo de grande
vocação em Pinheiro Machado, na Serra do Sudeste no Rio Grande do Sul, plantado
com mudas de alta qualidade por um dos viveiros líderes de Portugal.
A assessoria enológica de um dos mais brilhantes enólogos de
Portugal, o renomado “rei do Alvarinho” Anselmo Mendes - “Enólogo do Ano” pela
Revista de Vinhos de Portugal em 1997 - ao lado do talentoso enólogo Átila
Zavarizze, garante a excelência na transformação das uvas promissoras em
grandes vinhos brasileiros, com caráter e tipicidade.
De uma coisa eu e, acredito que muitos brasileiros enamorados
pelo vinho de nossas terras atualmente, de que os nossos espumantes estão entre
os melhores “borbulhas” do planeta. E não é um discurso ufanista carregado de
ódio que rejeita todos os produtores e rótulos de outros países, mas uma
condição concreta, de que os nossos vinhos são especiais e a tendência é que
cresça a cada dia.
Há alguns dias atrás eu li uma informação de que um
espumante, de método charmat, simples, básico, que custa na faixa dos R$30,00,
ficou entre os melhores espumantes do mundo, em um concurso, pasmem, da França,
a terra dos champagnes!
Ganhou medalha de ouro e ficou no top 10 do Effervescents du
Monde 2022 (Leia aqui) e se chama Conde de Foucauld brut, da grande Vinícola Aurora, além
de outros dois espumantes, como o Salton Prosecco e o Nero Live Celebration, da
Famiglia Valduga.
Essa é a prova contundente para mostrar, corroborar a
qualidade e a tipicidade de nossos vinhos espumantes. É bem verdade que não
degustamos prêmios ou medalhas, degustamos vinhos, mas quando vinhos tão
baratos e básicos conquistam prêmios dessa magnitude, são laureados dessa
forma, merece, no mínimo, atenção e logo reverência.
Então hoje decidi, na noite de natal, com uma celebração em
família, abrir um espumante, decidi celebrar com um vinho brasileiro, celebrar
com o carro chefe de nossa vitivinicultura: o espumante.
E além da escolha por um espumante, será o espumante, pois
esse será o segundo rótulo que degustarei no método tradicional, no método
champenoise, um espumante nature que, até pouco tempo atrás, eu nunca tinha
degustado, o que ainda, mesmo degustando espumantes há tempos, tenho espaços
para novidades, gratas novidades.
A minha primeira experiência fora com o Don Giovanni Nature e
foi simplesmente arrebatadora a degustação, com momentos singulares. E agora
mais uma página na minha história que será ilustrada com espumantes complexos,
de estrutura e marcante personalidade.
E ainda tem mais: Será meu primeiro espumante de uma região,
não só nova para mim, como para muitos enófilos brasileiros. Uma região que vem
ganhando alguma visibilidade e ganhando também credibilidade, falo da Serra do
Sudeste, no Rio Grande do Sul.
Acredito fielmente que não poderia haver melhor momento para
degusta-lo! Porém eu o conheci, bem como o seu produtor, em um evento que seus
rótulos foram homenageados, falo da Vinícola Hermann.
O vinho que degustei e gostei veio como disse, da Serra do
Sudeste e se chama Lírica Crua, um Nature composto por Chardonnay (80%), Pinot Noir
(10%) e Gouveio (10%), que também é conhecida como Verdelho e Godello, sem
safra informada. E antes de entrar na história da região e falar do vinho, que
é simplesmente espetacular, há uma curiosidade que rodeia o Lírica Crua. Ele
foi o primeiro espumante brasileiro a ser vendido sem o processo de dégorgement.
Mas o que é dégorgement? Depois do processo completo de
remuage, que consiste num trabalho cuidadoso em girar a garrafa no pupitre para
que as leveduras se direcionem ao gargalo da garrafa, é feito o dégorgement,
para limpar a bebida. O gargalo da garrafa é congelado para solidificar os
sedimentos que ficam após a segunda fermentação nos espumantes feitos pelo
método Tradicional. A garrafa, então, é aberta e a pressão expele o “gelo”.
Depois ela volta a ser arrolhada.
No caso do Lírica Crua isso não acontece e as leveduras ficam
na garrafa, patrocinando ao vinho uma incrível complexidade e cremosidade,
dando-lhe personalidade e uma incrível capacidade de longevidade. Mas espere
também frescor, leveza, como todo bom espumante brasileiro.
O método natural do espumante ou champenoise
O método tradicional consiste principalmente em uma dupla
fermentação do mosto, a primeira em grandes recipientes, e a segunda em
garrafas, dentro das caves ou adegas, fazendo o processo de remuage (rotação
das garrafas) regularmente.
A primeira fermentação, chamada fermentação alcoólica, é
idêntica à que ocorre com os vinhos comuns, ou seja, os “não efervescentes”,
ditos tranquilos. O vinho básico costuma ser vinificado em tanques de concreto,
aço inoxidável ou madeira, mas alguns produtores preferem fazer a vinificação
em barricas de carvalho (com muitos anos de uso).
No momento de engarrafar, a esse vinho básico, é acrescentado
um composto denominado liqueur de tirage, uma solução de vinho adoçado com
açúcar (de cana ou beterraba) ou suco de uva concentrado (aproximada 24 g/l de
açúcar) e leveduras selecionadas, para iniciar a segunda fermentação.
Esse composto, dentro garrafa, provoca o início da segunda
fermentação. É ela que gera as bolhas de dióxido de carbono, fruto da
transformação química dos açúcares em álcool mais gás carbônico.
A garrafa então é tapada com uma cápsula metálica parecida
com as de cerveja. Contudo, nessa segunda fermentação, ocorre o surgimento de
borras que deverão ser retiradas do vinho. Assim, o próximo passo é conduzir o
vinho para o período de descanso em garrafa, que pode ser de pouco mais de um
ano chegando até 10 anos, ou mais. Normalmente os Champagne safrados, ou millésimes,
permanecem mais tempo em garrafa antes de serem lançados ao mercado.
Para retirar as borras, faz-se a remuage. O processo consiste
em dispor as garrafas em cavaletes especiais, ditos pupitres, com o gargalo
para baixo. A cada dia, as garrafas são giradas em um quarto de volta. Isso tem
como objetivo descolar as borras (resíduos) da parede da garrafa e fazê-las
descer para o gargalo. Em muitos lugares, essa prática é feita ainda
manualmente, enquanto os grandes produtores já o fazem com equipamentos automatizados,
como os giropalets.
Finalmente, para retirar o depósito de borra, é realizada a
degola (dégorgement, em francês). Para tal, congela-se o gargalo em um
preparado de salmoura a 25ºC negativos. Nesse momento, a cápsula é retirada e a
borra é expulsa pelo gás sob pressão. A pequena perda de volume de vinho é
substituída por uma mistura de vinho e açúcar, chamado licor ou vinho de
dosagem, também conhecido, principalmente na França, como liqueur d’expédition.
Normalmente, esse licor é um composto de vinho (de reserva),
açúcar e SO2, como antioxidante e antimicrobiano. Sua função, além de recompor
o volume da garrafa, é definir o estilo do espumante conforme a concentração de
açúcar. Essa quantidade de açúcar presente no licor vai determinar se o
espumante de método champenoise será Brut Nature (menos de 3 g/l), Extra-Brut
(até 6 g/l), Brut (menos de 12 g/l), Extra-Sec (entre 12 e 17 g/l), Sec (entre
17 e 32 g/l), Demi Sec (entre 32 e 50 g/l) ou Doux (mais de 50 g/l). E há
também alguns produtores que não utilizam o licor de expedição.
Nos últimos anos, muitas vinícolas passaram a produzir
espumantes do tipo Nature. Essa bebida nobre extrai o sabor mais puro das uvas
e do processo de fermentação, criando um resultado surpreendente.
Nature
O Nature passa pelo
método tradicional de produção, conhecido como champenoise. Contudo, a
diferença é que a categoria não passa pela etapa de correção de sabor – momento
em que um licor de expedição, feito a partir do próprio vinho e do açúcar, é
adicionado na bebida.
O interessante desse espumante é que ele geralmente vai ter
uma qualidade maior de ingredientes. Como não passa pela correção de sabor, é
importante que seja feito com perfeição.
Para ganhar o título de Nature, a bebida precisa conter até 3
gramas de açúcar por litro, enquanto o Brut pode conter entre 6 e 15 gramas por
litro. Por isso, o sabor do espumante é mais seco. O tempo de maturação do
vinho também é maior, o que resulta em um volume de boca considerável. Ou seja:
é mais cremoso do que os outros estilos. Normalmente as variedades utilizadas
para esse tipo de espumante é a Chardonnay e a Pinot Noir.
Serra do Sudeste
Nossa mais famosa região vinícola é, sem dúvida alguma, a
Serra Gaúcha, da qual faz parte a primeira área de Indicação de Procedência
brasileira, o Vale dos Vinhedos. De dentro para fora, sabemos que o Vale está
chegando ao seu limite de plantio. Como área de procedência certificada, as
regras que controlam sua existência são rígidas e hoje sobram poucas terras de
qualidade às vinícolas para que plantem suas uvas. Ele não deixa de ser, no
entanto, o polo para onde convergem as atrações turísticas e as grandes
instalações produtoras das vinícolas, incluindo suas adegas.
Os outros municípios que compõem a região da Serra Gaúcha vêm
se desenvolvendo com constância como Garibaldi, Flores da Cunha e Farroupilha.
Mas algumas novidades interessantes estão aparecendo em cidades a noroeste de
Bento Gonçalves, como Guaporé, na linha Pinheiro Machado e Casca, na direção de
Passo Fundo.
Mas tem uma região que, apesar de ter sido descoberta na
década de 1970, pode-se considerar que se trata de uma região nova, pois somente
a partir dos anos 2000, com investimentos feitos pelas vinícolas da Serra
Gaúcha, que o potencial dela foi, de fato, explorado. Essa região é a Serra do
Sudeste.
Ela forma uma espécie de ferradura virada para o mar, ligando
os municípios de Encruzilhada do Sul e Pinheiro Machado, separados ao meio pelo
rio Camaquã, que deságua na Lagoa dos Patos. Essa região faz divisa com outra
importante área vinícola brasileira, a Campanha Gaúcha, dividida entre Campanha
Meridional (que começa na cidade de Candiota) e Campanha Oriental, que segue a
linha da fronteira com o Uruguai.
Serra do Sudeste
A Serra do Sudeste tem colinas suaves, que facilitam o
plantio e a mecanização, tornando-a um terroir mais simples de trabalhar.
Aliadas a isso, estão as condições climáticas, mais favoráveis do que no Vale
dos Vinhedos. Essa região tem o menor índice de chuvas do Estado do Rio Grande
do Sul, além de noites frias mesmo no verão, justamente a época da maturação
das uvas. Essas condições naturais, além de um solo mais pobre e de origem
granítica, ajudam a ter maior concentração de cor, estrutura e potencial de
envelhecimento dos vinhos.
O Instituto de Pesquisa Agrícola do Rio Grande do Sul mapeou
pela primeira vez esta área nos anos 1970, mas é no começo da década de 2000
que as primeiras vinícolas de certa importância começam a plantar vinhedos por
aqui, entre os municípios de Encruzilhada do Sul, o principal, Pinheiro Machado
e Candiota (mesmo próxima de Bagé Candiota é considerada pelo IBGE como
pertencente à Serra do Sudeste e não à Campanha, embora haja controvérsias).
Em grande parte se trata de uma região vitícola, geralmente
as uvas aqui colhidas são conduzidas nas instalações das vinícolas na Serra
Gaúcha e lá transformadas em vinho, esta região ainda não possui, e nem
pleiteia em curto prazo, o reconhecimento a Denominação de Origem Controlada,
quando, e se, isso ocorrer o vinho deverá ser produzido por aqui, já que este é
um fator crucial na lei das denominações de origem.
As castas internacionais dominam a viticultura na Serra do
Sudeste, tintas e brancas que na Serra Gaúcha podem representar um desafio pelo
clima úmido, aqui prosperam com mais facilidade, o índice pluviométrico é
alinhado com o estado do Rio Grande do Sul, chove um pouco menos que no Vale
dos Vinhedos, mas o que mais importa é que as chuvas são mais bem distribuídas
ao longo do ano, raramente coincidindo com o período da colheita das variedades
tardias.
A característica dos vinhos daqui é o bom nível de aromas, a
sapidez pronunciada por conta da presença do calcário e o perfil gastronômico,
boa acidez, taninos enxutos nos tintos e presença mineral nos brancos. Uvas
mais cultivadas na região são: Malbec, Cabernet Franc, Merlot, Gewurztraminer,
Sauvignon Blanc e Malvasia.
Se for verdade que a Serra do Sudeste não possui o panorama
encantador da Serra Gaúcha, é também verdade que seus vinhos representam um
patrimônio da vitivinicultura brasileira que merece ser descoberto, e sem
demora.
E agora finalmente o vinho!
Na taça revela um amarelo palha intenso e com algum brilho e
reflexos esverdeados, apesar de uma discreta turbidez, devido as leveduras, com
perlages finos e intensos, persistentes.
No nariz traz aromas que, evidentemente, nos remete as
leveduras, com toques de panificação, de pão tostado em tom delicado, com um
ataque, em seguida, de frutas cítricas, como laranja, limão, tangerina, abacaxi
e logo depois frutas de polpa branca, como pera e algo floral, de flores
brancas que entrega frescor e leveza.
Na boca é vivaz, altivo, intenso, complexo e de textura
deliciosa, saborosa, cheio, untuoso, cremoso, com notas de pão, de fermento,
pão com manteiga, mas, ao mesmo tempo é elegante, fresco, como todo bom
espumante. As borras, as leveduras lhe conferem a suavidade e que equilibra a
acidez, que é excelente, que faz salivar, com um final frutado e prolongado.
Sim, os nossos espumantes estão entre os melhores do mundo!
Sim, expressam o que há de melhor de nossos terroirs! Sim, temos de vinhos
básicos aos mais complexos e longevos! Não, isso não é discurso ufanista! É um
discurso, carregado de orgulho que pode parecer passional, mas que vem repleto
de argumentos fortes e contundentes. Estamos presenciando, diante dos nossos
olhos, a revolução dos espumantes brasileiros, de bebidas que não estão
imitando os chilenos, os argentinos, mas revelando a sua tipicidade, mostrando
o nosso DNA! E como não há dia melhor para celebrar com a sua família em um dia
de natal, façamos com reverências, respeito e, sobretudo muito prazer e
privilégio por degustar um vinho como esse! Tem 11,8% de teor alcoólico.
Sobre a Vinícola Hermann:
A família Hermann trouxe todo o seu know-how de profundos
conhecedores de diversas regiões vinícolas do mundo para a esfera da produção
de vinhos, apostando no potencial dos melhores terroirs da região sul do
Brasil.
Proprietários de uma das maiores importadoras de vinhos de
alta qualidade do país, a Decanter, compraram em 2009 um vinhedo de grande
vocação em Pinheiro Machado, na Serra do Sudeste no Rio Grande do Sul, plantado
com mudas de alta qualidade por um dos viveiros líderes de Portugal.
A assessoria enológica de um dos mais brilhantes enólogos de
Portugal, o renomado “rei do Alvarinho” Anselmo Mendes - “Enólogo do Ano” pela
Revista de Vinhos de Portugal em 1997 - ao lado do talentoso enólogo Átila
Zavarizze, garante a excelência na transformação das uvas promissoras em
grandes vinhos brasileiros, com caráter e tipicidade.