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domingo, 24 de novembro de 2024

Querências do Sul Riesling 2022

 



Vinho: Querências do Sul

Safra: 2022

Casta: Riesling

Região: Serra Gaúcha

País: Brasil

Produtor: Vinícola Jolimont

Adquirido: Site do produtor (Jolimont)

Valor: R$ 60,00

Teor Alcoólico: 13%

 

Análise:

Visual: revela um lindo e brilhante amarelo palha com reflexos violáceos, que sugere frescor e leveza, com rápidas e finas lágrimas dispersas.

Nariz: o primeiro ataque é de frutas cítricas cujo destaque fica para lichia, laranja, tangerina em perfeita harmonia com frutas de polpa branca como melão, pera e maçã-verde. Goza de um toque mineral, algo herbáceo, lembra grama cortada, trazendo ainda frescor e leveza.

Boca: corrobora o frescor, a leveza, percebido no quesito visual e olfativo, as notas frutadas idem, como maior destaque para as frutas de polpa branca, mais do que as cítricas, aqui discretas. É leve, cativante, saboroso, graças a acidez média e um final vibrante de retrogosto frutado.

 

 

Produtor:

https://www.vinhosjolimont.com.br/


quarta-feira, 26 de junho de 2024

Miolo Single Vineyard Riesling 2019

 



Vinho: Miolo Single Vineyard

Safra: 2019

Casta: Riesling

Região: Campanha Gaúcha

País: Brasil

Produtor: Miolo

Teor Alcoólico: 11,5%

Adquirido: Werle

Valor: R$ 62,90

 

Análise:

Visual: revela um amarelo mais intenso, tendendo para o dourado, com algum brilho, apesar de seus 4 anos de garrafa, com discretos reflexos esverdeados.

Nariz: aromas de frutas de polpa branca, algo cítrico, como maçã-verde, por exemplo, além de um destacado pêssego maduro, com toques florais. Traz toques minerais e herbáceos que lembra grama cortada. Muito frescor apesar de seus quatro anos de vida.

Boca: é sedutor, saboroso, replica-se as notas frutadas, algo como frutas maduras e de polpa branca. Tem boa acidez, uma acidez correta, ainda com algum destaque, com um final instigante e retrogosto frutado.

 

Produtor:


domingo, 16 de julho de 2023

Cavas do Vale Riesling 2020

 

Sempre gostei dos eventos de degustação de vinhos! A minha percepção era de que com esses eventos, pudéssemos ter acesso ao maior número possível de produtores, logo de rótulos, de regiões, além do escambo de informações, consequentemente conhecimento.

E aproveitei tais eventos em demasia, intensamente. Infelizmente atualmente os valores de ingressos para esses eventos aumentaram de forma significativa. Os valores mais do que dobraram nos últimos anos.

Não quero entrar no mérito dos altos valores, acredito que os organizadores dos eventos tenham seus altos custos e que tem de repassar aos enófilos, mas certos valores não fazem simplesmente sentido. De uma edição para outra aumentar o dobro? Paisagens para “selfies”, é custo. Belezas, estéticas, gera custo! Ninguém está nos eventos, ou pelo menos deveria, para isso, mas sim para degustar os vinhos!

Creio ser um total desserviço para a democratização da cultura do vinho valores tão altos. Fora os valores ofertados dos vinhos expostos para degustação! O que deveria ser barateado para fomentar o enófilo comprar, afugenta-os de comprar. É um cenário alarmante.

Mas, como disse, não vou entrar no mérito da questão, apenas mencionei os “tempos áureos” dos eventos de degustação, porque lembro-me de um que participei chamado “Wine Out”, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro onde tive a alegria de conhecer vários produtores, principalmente nacionais.

Confesso que naquela época o meu leque de opções de rótulos nacionais era baixo, conhecia poucos produtores, mas aquele evento me trouxe, me mostrou alguns grandes produtores, com grandes vinhos.

E pequenos produtores com produções limitadas! E uma delas era a Cavas do Vale, localizada na emblemática região da Serra Gaúcha, no sul do Brasil. Alguns rótulos me chamaram a atenção pela safra que variavam entre 2005 e 2008. Vinhos de idade, evoluídos e de uma personalidade ímpar.



Tive a alegria de degustar Tannat, Cabernet Sauvignon das safras 2005 e 2008 e os vinhos estavam ótimos, cheios de vida e plenitude, que evoluíram maravilhosamente. Mas não ficou apenas nos tintos evoluídos a minha admiração, mas um branco também, cuja casta nunca havia degustado: Riesling.

De imediato chamou a atenção a cor do vinho. Era um amarelo dourado, brilhante! Era uma cor mesmerizante. Depois das degustações dos tintos o branco trouxe a sequência ilógica, haja vista que a sequência da degustação deveria ser ao contrário. Que seja! O que importa era a oportunidade da degustação.

O degustei e gostei! Gostei todos os rótulos expostos da Cavas do Vale, mas infelizmente os valores estavam caros para mim e não pude comprar, mas determinei como uma meta: comprar e degustar todos os rótulos desse produtor!

Anos depois, os encontrei em um e-commerce importante de vendas de vinhos e a valores compatíveis e não hesitei comprei o Cavas do Vale Merlot Reserva 2008! Estava, claro, ótimo! Mas o Riesling estava em minha mente, precisava tê-lo na adega!

Mas não conseguia encontra-lo! Até que um dia descobri um site que estava promovendo algumas promoções oferecendo cupons de descontos e eis que encontro o Riesling da Cavas do Vale! O vinho, com os devidos descontos e valor baixo, saiu na faixa dos R$ 50,00! Comprei!

Finalmente hoje o terei em taça! Minha primeira degustação “efetiva” de um Riesling nacional! O vinho que degustei e gostei veio da Serra Gaúcha, mais precisamente do Vale dos Vinhedos, e se chama, claro, Cavas do Vale da variedade Riesling da safra 2020, a “safra das safras”. Para não perder o costume falemos de Serra Gaúcha e Riesling que ainda é pouco cultiva em nossas terras. 

Serra Gaúcha

Até o final do século XIX, a região da Serra Gaúcha era apenas passagem de tropeiros e habitada por alguns índios nativos, até que, um belo dia, a Coroa Imperial Brasileira resolveu que a região seria colonizada por europeus.

Em 1875, imigrantes italianos, em sua maioria provenientes do Veneto, chegaram à região. A princípio, iniciaram uma agricultura de subsistência, mas rapidamente passaram à especialidade deles: o cultivo de uvas para a produção de vinhos. Até os anos 1980, as uvas cultivadas eram vendidas para vinícolas locais, que produziam bebida apenas para o consumo familiar.

Posteriormente, vieram os alemães, que ajudaram a compor a cultura, a culinária e a miscigenação da região. Todas as influências europeias perduram até hoje, inclusive na arquitetura das cidades que a compõem.

Situada a nordeste do Rio Grande do Sul, a região da Serra Gaúcha é a grande estrela da vitivinicultura brasileira, destacando-se pelo volume e pela qualidade dos vinhos que produz. Para qualquer enófilo indo ao Rio Grande do Sul, é obrigatório visitar a Serra Gaúcha, especialmente Bento Gonçalves.

Serra Gaúcha

A região da Serra Gaúcha está situada em latitude próxima das condições geoclimáticas ideais para o melhor desenvolvimento de vinhedos, mas as chuvas costumam ser excessivas exatamente na época que antecede a colheita, período crucial à maturação das uvas. Quando as chuvas são reduzidas, surgem ótimas safras, como nos anos 1999, 2002, 2004, 2005 e 2006.

A partir de 2007, com o aquecimento global, o clima da Serra Gaúcha se transformou, surgindo verões mais quentes e secos, com resultados ótimos para a vinicultura, mas terríveis para a agricultura. Desde 2005 o nível de qualidade dos vinhos tintos vem subindo continuamente, graças a esta mudança e também do salto de tecnologia de vinhedos implantado a partir do ano 2000.

As principais variedades uvas tintas são: Alicante Bouschet, Arinarnoa, Cabernet Sauvignon, Egiodola, Marselan, Merlot e Pinot Noir. Já as castas brancas as principais são: Chardonnay, Moscatel, Prosecco e Riesling Itálico.

Atualmente, a Serra Gaúcha é a maior produtora de vinhos e espumantes do Brasil, com mais de trinta vinícolas, e grande atrativo para os apreciadores das bebidas. Situado entre as cidades de grande destaque na produção de vinhos, como Caxias do Sul, Garibaldi, Monte Belo do Sul e Bento Gonçalves, com grande destaque para a última, o Vale dos Vinhedos é um roteiro turístico obrigatório para os enófilos.

Vale dos Vinhedos e a sua Indicação de Procedência

O Vale dos Vinhedos localiza-se no centro do triângulo formado pelas cidades de Bento Gonçalves (nordeste), Monte Belo do Sul (noroeste) e Garibaldi (sul). O Vale dos Vinhedos compreende a parte da bacia hidrográfica do Rio Pedrinho, situada a montante da foz de um córrego afluente deste e situado a sudeste da comunidade de Vale Aurora, no município de Bento Gonçalves.

A parte do vale a jusante é denominada de Vale Aurora. A maior parte da área do Vale dos Vinhedos fica localizada em território do município de Bento Gonçalves, com 55% do total, e a menor parte fica localizada em território de Monte Belo do Sul, com 8% na porção noroeste.

A parte sul do Vale pertence ao município de Garibaldi, com 37% da área total. Parte da zona urbana de Bento Gonçalves situa-se dentro do perímetro do Vale, haja vista que a linha divisória de águas entre as bacias do Rio Pedrinho e do Rio Buratti passa pela parte oeste da cidade.

Localizam-se ao longo desta linha, ou próximo desta, a pista do Aeroclube de Bento Gonçalves, a Estação Rodoviária de Bento Gonçalves, o Estádio da Montanha e a Estação Ferroviária de Bento Gonçalves.

Vale dos Vinhedos

O Vale dos Vinhedos é a primeira região vinícola do Brasil a obter Indicação de Procedência de seus produtos, exibindo o Selo de Controle em vinhos e espumantes elaborados pelas vinícolas associadas.

Criada em 1995, a partir da união de seis vinícolas, a Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale), já surgiu com o propósito de alcançar uma Denominação de Origem. No entanto, era necessário seguir os passos da experiência, passando primeiro por uma Indicação de Procedência.

O pedido de reconhecimento geográfico encaminhado ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) em 1998 foi alcançado somente em 2001. Neste período, foi necessário firmar convênios operacionais para auxiliar no desenvolvimento de atividades que serviram como pré-requisitos para a conquista da Indicação de Procedência Vale dos Vinhedos (I.P.V.V.). O trabalho resultou no levantamento histórico, mapa geográfico e estudo da potencialidade do setor vitivinícola da região. Já existe uma DOC (Denominação de Origem Controlada) na região.

Sua norma estabelece que toda a produção de uvas e o processamento da bebida seja realizada na região delimitada do Vale dos Vinhedos. A DO também apresenta regras de cultivo e de processamento mais restritas que as estabelecidas para a Indicação de Procedência (IP), em vigor até a obtenção do registro da DO, outorgado pelo INPI.

DO Vale dos Vinhedos

O Vale dos Vinhedos foi a primeira região entregue aos imigrantes italianos, a partir de 1875. Inicialmente desenvolveu-se ali uma agricultura de subsistência e produção de itens de consumo para o Rio Grande do Sul.

Devido à tradição da região de origem das famílias imigrantes, o Veneto, logo se iniciaram plantios de uvas para produção de vinho para consumo local. Até a década de 80 do século XX, os produtores de uvas do Vale dos Vinhedos vendiam sua produção para grandes vinícolas da região. A pouca quantidade de vinho que produziam destinava-se ao consumo familiar.

Esta realidade mudou quando a comercialização de vinho entrou em queda e, consequentemente, o preço da uva desvalorizou. Os viticultores passaram então a utilizar sua produção para fazer seu vinho e comercializá-lo diretamente, tendo assim possibilidade de aumento nos lucros.

Para alcançar este objetivo e atender às exigências legais da Indicação Geográfica, seis vinícolas se associaram, criando, em 1995, a Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale).

Atualmente, a Aprovale conta com 24 vinícolas associadas e 19 associados não produtores de vinho, entre hotéis, pousadas, restaurantes, fabricantes de produtos artesanais, queijarias, entre outros. As vinícolas do Vale dos Vinhedos produziram, em 2004 9,3 milhões de litros de vinhos finos e processaram 14,3 milhões de kg de uvas viníferas.

Detalhes da Denominação de Origem do Vale dos Vinhedos

1 - A produção de uvas e a elaboração dos vinhos ocorrem exclusivamente na região delimitada do Vale dos Vinhedos, uma área de 72,45 km2 localizada nos municípios de Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul.

2 - Existem requisitos específicos para de cultivo dos vinhedos, produtividade e qualidade das uvas para vinificação;

3 - Os espumantes finos são elaborados exclusivamente pelo “Método Tradicional” (segunda fermentação na garrafa), nas classificações Nature, Extra-brut ou Brut; para este produto as uvas Chardonnay e/ou Pinot Noir são de uso obrigatório;

4 - Nos vinhos finos brancos, a uva Chardonnay é de uso obrigatório, podendo ter corte com a Riesling Itálico;

5 - O uso da uva Merlot é obrigatória para os vinhos finos tintos da DO, os quais podem ter cortes com vinhos elaborados com as uvas Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Tannat;

6 - Os produtos que passam por madeira envelhecem exclusivamente em barris de carvalho;

7 - Para chegar ao mercado, os vinhos brancos passam por um período mínimo de envelhecimento de 6 meses; no caso dos vinhos tintos são 12 meses; os espumantes finos passam por um período mínimo de 9 meses em contato com as leveduras, na fase de tomada de espuma;

8 - Os vinhos apresentam características analíticas e sensoriais específicas da região e somente são autorizados para comercialização os produtos que obtenham do Conselho Regulador da DO o atestado de conformidade em relação aos requisitos estabelecidos no Regulamento de Uso.

Riesling

A casta Riesling é uma das grandes uvas brancas da Alemanha e uma das melhores variedades do mundo todo, capaz de conferir ao vinho incrível elegância e complexidade e uma habilidade inigualável de expressar o terroir.

Seus cachos apresentam coloração verde amarelada com tamanho médio e delicado. Os vinhos elaborados com a casta costumam ter acidez bastante destacada e são extremamente aromáticos. Os melhores brancos da casta costumam ser os varietais. A uva Riesling possui duas variações, sendo a Renana a de maior qualidade e a Itálica a que possui menor grau de expressividade.

Riesling

Com textura bastante envolvente, os vinhos elaborados a partir da casta Riesling podem ser secos, meio doces ou bem doces. O que é de conhecimento sobre o cultivo da uva, é que para originar os maravilhosos e extraordinários vinhos de sobremesa, ocorrem dois processos bastante distintos.

O primeiro processo é o ato de congelar a uva antes da colheita, sendo conhecido como “eiswen” – ou vinhos de gelo. Nele a casta Riesling permanece vários dias congeladas (enquanto madura), ainda no vinhedo, por conta das baixas temperaturas em que fica exposta.

Logo após serem colhidas, as uvas passam pelo processo de prensagem, tornando o vinho muito mais concentrado, já que haverá menor quantidade de água. Nesse caso os melhores exemplares são encontrados no Canadá, graças ao seu clima frio e com bastante presença de geadas.

O outro processo é quando ocorre a podridão nobre, momento em que o fungo “Botrytis Cinerea” fura a casca da uva e alimenta-se da água da casta, deixando-a desidratada e exaltando os açúcares presentes na sua composição. As uvas são colhidas e levadas para vinificação, tornando o vinho muito mais especial.

Alguns produtores estampam “dry” (seco) ou “sweet” (doce), mas isso não é suficiente perto dos tantos níveis de doçura da Riesling. Ela pode ser “medium dry” (vinho meio seco), “medium sweet” (meio doce) e por aí vai.

A forma de identificar essas propostas de vinhos Riesling é verificar a graduação alcoólica – quanto menor for mais doce será. Isso acontece porque durante a fermentação, o açúcar natural da uva vira álcool (se a conversão não acontece, permanece doce e menos alcoólico). Qualquer Riesling com mais de 11% é seco, pois quase todo seu açúcar foi transformado em álcool.

Por possuir presença de açúcar residual e tempos de guarda diferentes, os vinhos elaborados com a casta Riesling possuem maior atenção na hora da harmonização, sendo na maioria das vezes melhores quando degustados e apreciados sem a companhia de pratos.

Seus vinhos podem ser sublimes e costumam durar muito tempo. Além da Alemanha, também produz vinhos excelentes na Áustria, Alsácia e também em alguns países do Novo Mundo, como Nova Zelândia, África do Sul e Austrália.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um lindo e atraente amarelo dourado e brilhante, tendendo para uma tonalidade ouro, bem como discretos tons esverdeados, trazendo também algumas lágrimas finas e rápidas.

No nariz traz aromas frescos e delicados de frutas de polpa branca, de frutas cítricas, com destaque para lima, abacaxi, limão siciliano, pêssego, maçã-verde e um sútil toque de grama cortada, com um floral que traz a percepção de frescor e leveza.

Na boca a sensação de frescor e leveza se faz real e pleno, com as notas frutadas protagonizando divinamente, como no aspecto olfativo, uma nota mineral e herbácea, tudo isso envolto em uma acidez vibrante e saliente que corrobora a refrescância, com um final envolvente, de média persistência.

Há um longo caminho a percorrer para o Brasil se tornar um polo de referência na produção vitivinícola? Sim! Somos muitos jovens na produção de vinhos finos no Brasil. Mas vejo, por intermédio de rótulos como este, da Cavas do Vale que, cada vez mais expressam a tipicidade e os terroirs de regiões tradicionais como a Serra Gaúcha e o Vale dos Vinhedos. Vejo um futuro promissor na qualidade de seus vinhos, de nossos vinhos, apesar do cenário tarifário ser totalmente adverso. Que possamos ter saúde para testemunhar as necessárias redenções do Brasil vitivinícola e dos seus rótulos. Tem 12,2% de teor alcoólico.

Sobre a Cavas do Vale:

A Cavas do Vale é uma vinícola pequena, familiar, artesanal, que elabora vinhos a partir de uvas próprias cultivadas no coração do Vale dos Vinhedos, pelo método tradicional e pipas de madeiras, com a menor intervenção possível de maquinários e produtos enológicos.

A sua história começa em 1954 quando Lucindo Brandelli inicia uma pequena produção de vinhos no porão de casa para consumo próprio, logo a paixão pela vitivinicultura cresceu e o cultivo de uva e produção de vinho tornou-se o negócio da família.

Em 2005, dando continuidade ao projeto do patriarca, um de seus filhos, Irineu Brandelli, enólogo com mais de 30 anos de experiência, funda a Cavas do Vale, elaborando vinhos das uvas Merlot, Cabernet e Tannat e já na primeira safra é brindado pela natureza com a histórica safra de 2005, que originou o vinho Gran Reserva Lucindo Brandelli.

Hoje a vinícola Cavas do Vale se destaca pelos seus vinhos de guarda, o Cavas do Vale Reserva Safra 2008 e o Gran Reserva Lucindo Safra 2005, vinhos vivos, ricos, complexos e com muitos anos de vida pela frente e que refletem ao máximo o terroir do Vale dos Vinhedos.

Mais informações acesse:

https://loja.cavasdovale.com.br/

Referências:

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=SERRAGAUCHA

“Blog Sonoma”: https://blog.sonoma.com.br/o-sucesso-da-merlot-no-brasil/amp/

“Vinho IG”: https://vinho.ig.com.br/2010/08/17/merlot-brasileiro-e-melhor-do-mund.html

“Wikipedia”: https://pt.wikipedia.org/wiki/Vale_dos_Vinhedos#Denomina%C3%A7%C3%A3o_de_Origem_Vale_dos_Vinhedos

“Viajali”: https://www.viajali.com.br/vale-dos-vinhedos/

“Embrapa”: https://www.embrapa.br/indicacoes-geograficas-de-vinhos-do-brasil/ig-registrada/do-vale-dos-vinhedos

“Blog Imobiliário”: https://blog.imobiliariarohde.com.br/serra-gaucha-conheca-a-historia-e-as-caracteristicas-da-regiao/

“Blog Art des Caves”: https://blog.artdescaves.com.br/conheca-serra-gaucha-maior-produtora-de-vinhos-pais

“Blog Sonoma”: https://blog.sonoma.com.br/como-escolher-um-riesling/amp/

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/riesling

 


 























quarta-feira, 27 de abril de 2022

Dom Bernardino Riesling 2020

 

Continuo, a todo vapor, a me aventurar por novas experiências sensoriais, novas experiências de degustações que, cada vez mais, ampliam o meu leque de opções. Quando falo disso, e tenho comentado até de forma demasiada sobre, sempre olho para trás, olho para a minha trajetória de humilde enófilo que sou e sempre serei e me faço o seguinte comentário: estou em um momento muito alegre e satisfatório de minha caminhada.

A caminhada de desenvolvimento e que não se enganem, caros leitores: não é pautada por valores, por status, de quem está degustando rótulos caros, não é isso. Mas de vinhos cujas regiões, castas e propostas estão se aperfeiçoando, se diversificando e isso independente de status social e altos custos com compras de vinhos.

Claro que, admitamos que comprar vinhos no Brasil é uma aventura difícil, o custo Brasil, as taxas tributárias, a burocracia, impõe um revés muito grande para nós, apreciadores da poesia líquida, mas tudo é uma questão de oportunidade, não de demanda ou modismos de compra.

Mas fugindo um pouco desse assunto e falando das gratas novidades que vem a cada rótulo, surgindo em minha vida, o vinho de hoje foi, mais uma vez, um presente, uma cortesia do amigo, de São Paulo, Luciano, da loja Pemarcano Vinhos, que é oriundo da cidade de São Roque, conhecida carinhosamente pelos seus habitantes, como a “terra do vinho”, e que vem abrilhantando e inundando as minhas taças com vinhos, diria, no mínimo surpreendentes, sobretudo pela relação custo X benefício.

E de uma casta que jamais pensei que fosse degustar por estar associada aos rótulos germânicos tão caros e difícil acesso ao bolso de um assalariado enófilo brasileiro que é a Riesling. A propósito, será o meu primeiro Riesling brasileiro!

Vinhos diferentes, leves, frescos, com o DNA do clima tropical de nossas terras, mas com personalidade que poucas castas brancas podem oferecer, essa é a Riesling. Então sem mais delongas, vamos apresentar o vinho! O vinho que degustei e gostei veio, como disse da região paulista de São Roque, chamado Dom Bernardino Riesling.

Digo de antemão que o vinho é simplesmente surpreendente e valoriza o frescor, a leveza, a simplicidade sim, mas que entrega as características mais marcantes da Riesling. Características estas que, antes de descrever sobre o rótulo, falarei aqui bem como a história brilhante e repleta de riquezas e tradição de São Roque. Lembrando ainda que a minha experiência com esses vinhos, da Vinícola Bella Aurora, não é a primeira, pois degustei o também surpreendente Dom Bernardino Touriga Nacional 2018.

São Roque: “A terra do vinho”

A cidade de São Roque foi fundada no dia 16 de agosto de 1657, mas começou como uma grande fazenda do capitão paulista Pedro Vaz de Barros, que pertencia a uma família de bandeirantes e sertanistas. Vaz de Barros também participou de diversas Bandeiras. O fundador da cidade, também conhecido como Vaz Guaçú, contava com aproximadamente 1.200 índios que trabalhavam em suas terras, onde eram cultivados trigo e uva. Alguns anos após a morte de Vaz de Barros, seu irmão, Fernão Paes de Barros, se estabeleceu na mesma região, onde construiu uma casa e uma capela, que foram restauradas em 1945 pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, a pedido do escritor Mário de Andrade, dono da propriedade.

Na região de São Roque, podem-se identificar referências à vitivinicultura desde a sua fundação, por volta do final do século XVII. Conforme informações encontradas e divulgadas pelos moradores da cidade, através da tradição oral, ou mesmo citado pelo Professor Joaquim Silveira dos Santos em seu artigo para a Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, volume XXXVII, nessa época toda a região pertencia a apenas três grandes proprietários de terras: Pedro Vaz de Barros, seu irmão Fernão Paes de Barros e o padre Guilherme Pompeu de Almeida, sendo que Pedro Vaz (tido como o fundador da cidade) se estabeleceu próximo da atual igreja Matriz, seu irmão mais ao norte, onde até hoje ainda se encontra a casa grande e capela Santo Antônio, e por fim a fazenda do padre Guilherme Pompeu se encontrava na hoje atual cidade de Araçariguama que faz divisa com Santana do Parnaíba.

Portanto realmente não se podem esperar grandes referências desse período da história, afinal o Brasil era apenas uma colônia e que existiam restrições da fabricação de qualquer tipo de produto em nosso solo, ou seja, em tese tudo deveria vir de Portugal, inclusive o vinho.

Outro fator que pode ter influenciado e não ter feito prosperar o cultivo da videira seria a prioridade da época de então, que era a descoberta de ouro, principalmente na região das Minas Gerais. Sabemos que São Paulo até então era somente um vilarejo sem grande importância econômica para a metrópole portuguesa, e se bem analisarmos a história da agricultura brasileira a uva e o vinho nunca foram tidos como principal interesse por parte de nossos colonizadores.

Após um período difícil, o povoado originado por Pedro Vaz foi elevado à categoria de Freguesia no dia 15 de agosto de 1768, recebendo o nome de São Roque do Carambeí. No dia 10 de julho de 1832, a Freguesia foi elevada à categoria de vila, mas o progresso do local só começou em 1838, quando começaram as lavouras de milho, algodão, arroz, mandioca e farinha de mandioca, cana de açúcar e derivados, legumes e verduras. Em março de 1846, seis anos após instalar-se na vila o destacamento da Guarda Nacional, Dom Pedro II e uma pequena comitiva permaneceram um dia na cidade de São Roque. Com a passagem de Dom Pedro II, Antonio Joaquim começou a se destacar no cenário político e, graças ao morador ilustre, São Roque foi elevada à categoria de cidade no dia 22 de abril de 1864.

Após esse longo período de estagnação, o primeiro registro oficial de plantação de uvas na região de São Roque se dá por volta de 1865, quando o Doutor Eusébio Stevaux inicia uma pequena plantação na sua fazenda em Pantojo. Pela mesma época, um colono italiano adquire uma pequena propriedade no bairro de Setúbal, alguns anos mais tarde um português na terra do então Sítio Samambaia forma um razoável vinhedo e inicia o processo de fabricação do vinho.

Dr. Eusébio Stevaux

Já em 1875 foi inaugurada a Estrada de Ferro Sorocabana, que ligou a cidade de São Paulo a São Roque e Sorocaba. Após alguns anos, em 1884, começou a grande chegada de imigrantes à cidade, fazendo com que as vinícolas aparecessem novamente e ganhassem força nos anos seguintes. Em 1924, a cidade já contava com 17.300 habitantes e foram produzidos 10 mil litros de vinho a cada ano, tendo doze produtores de vinhos, sendo cinco deles italianos.

O que possibilitou o retorno da cultura da uva e fabricação do vinho foi a importação de videiras oriundas dos Estados Unidos, pois estas eram mais resistentes ao clima brasileiro. Dentre as principais videiras trazidas estão inicialmente a “Izabel”, a “Seibel 2” (importada da França), curiosamente trazida por imigrantes italianos que se instalaram na região e posteriormente a “Niágara Branca”, oriunda da região do Alabama, EUA.

Portanto, a divisão do período da cultura vinícola de São Roque, desde a fundação da cidade até a época atual em quatro fases distintas:

1ª fase: 1657 – 1880: importação de videiras portuguesas, plantações domiciliares, sem qualquer cunho comercial, ou seja, somente para consumo próprio.

2ª fase: 1880 – 1900: Retomada da viticultura são-roquense, ainda que amadora, quase que familiar, continua voltada basicamente para o consumo e pequeno varejo. Já apresenta uma tendência a profissionalização graças às técnicas trazidas pelos imigrantes italianos e portugueses. Já se utiliza da videira americana que melhor se adaptou ao clima tropical brasileiro (talvez seja este um dos principais fatores de sucesso do cultivo da uva na região de São Roque);

3ª fase 1900 – até aproximadamente final da década de 1950: processo de industrialização e profissionalização da produção do vinho com aplicações de técnicas mais modernas permitindo assim obter resultados e desempenho melhores.

Podemos dividir esta fase primeiramente num período de início do processo de profissionalização e logo após (a partir da década de 1920), o período em que realmente a região investiu e desenvolveu as técnicas vinicultoras, durando até aproximadamente a década de 1950, onde após a massificação da produção entra num processo de decadência.

4ª fase década de 1960 – atual: esta fase engloba o processo de decadência da viticultura são-roquense. Por motivos econômicos e climáticos e até mesmo por falta de investimentos em pesquisas, que se reduziram sensivelmente tanto a qualidade como a quantidade de vinho produzido, levando ao fechamento de diversas adegas (isso principalmente a partir da década de 1980). São Roque permanecendo hoje somente com o título de “terra do vinho”, sendo que os poucos fabricantes que restaram (aproximadamente treze adegas) fabricam seu vinho não de uvas nativas de São Roque, mas sim oriundas de outras partes do Estado ou mesmo de outros estados (exemplo: Rio Grande do Sul).

Roteiro do vinho em São Roque

Há atualmente um movimento para tentar a reversão dessa situação, porém continua bem modesto em relação a todo o histórico e números do passado no ápice do cultivo da videira em São Roque.

Riesling

A casta Riesling é uma das grandes uvas brancas da Alemanha e uma das melhores variedades do mundo todo, capaz de conferir ao vinho incrível elegância e complexidade e uma habilidade inigualável de expressar o terroir.

Seus cachos apresentam coloração verde amarelada com tamanho médio e delicado. Os vinhos elaborados com a casta costumam ter acidez bastante destacada e são extremamente aromáticos. Os melhores brancos da casta costumam ser os varietais. A uva Riesling possui duas variações, sendo a Renana a de maior qualidade e a Itálica a que possui menor grau de expressividade.

Com textura bastante envolvente, os vinhos elaborados a partir da casta Riesling podem ser secos, meio doces ou bem doces. O que é de conhecimento sobre o cultivo da uva, é que para originar os maravilhosos e extraordinários vinhos de sobremesa, ocorrem dois processos bastante distintos.

O primeiro processo é o ato de congelar a uva antes da colheita, sendo conhecido como “eiswen” – ou vinhos de gelo. Nele a casta Riesling permanece vários dias congeladas (enquanto madura), ainda no vinhedo, por conta das baixas temperaturas em que fica exposta. Logo após serem colhidas, as uvas passam pelo processo de prensagem, tornando o vinho muito mais concentrado, já que haverá menor quantidade de água. Nesse caso os melhores exemplares são encontrados no Canadá, graças ao seu clima frio e com bastante presença de geadas.

O outro processo é quando ocorre a podridão nobre, momento em que o fungo “Botrytis Cinerea” fura a casca da uva e alimenta-se da água da casta, deixando-a desidratada e exaltando os açúcares presentes na sua composição. As uvas são colhidas e levadas para vinificação, tornando o vinho muito mais especial.

Alguns produtores estampam “dry” (seco) ou “sweet” (doce), mas isso não é suficiente perto dos tantos níveis de doçura da Riesling. Ela pode ser “medium dry” (vinho meio seco), “medium sweet” (meio doce) e por aí vai.

A forma de identificar essas propostas de vinhos Riesling é verificar a graduação alcoólica – quanto menor for mais doce será. Isso acontece porque durante a fermentação, o açúcar natural da uva vira álcool (se a conversão não acontece, permanece doce e menos alcoólico). Qualquer Riesling com mais de 11% é seco, pois quase todo seu açúcar foi transformado em álcool.

Por possuir presença de açúcar residual e tempos de guarda diferentes, os vinhos elaborados com a casta Riesling possuem maior atenção na hora da harmonização, sendo na maioria das vezes melhores quando degustados e apreciados sem a companhia de pratos.

Seus vinhos podem ser sublimes e costumam durar muito tempo. Além da Alemanha, também produz vinhos excelentes na Áustria, Alsácia e também em alguns países do Novo Mundo, como Nova Zelândia, África do Sul e Austrália.

E agora finalmente o vinho!

Na taça entrega um lindo e brilhante amarelo palha, translúcido, com reflexos esverdeados.

No nariz explodem os aromas de frutas brancas frescas e cítricas, onde se destaca pera, maçã-verde, pêssego, abacaxi, limão, com notas minerais que traz a sensação de leveza e frescor.

Na boca seguem as percepções frutadas, como observado no aspecto olfativo, trazendo também a leveza e a refrescância que o torna despretensioso e informal, além de uma ótima acidez que saliva e um final prolongado e frutado.

Vinho não é só poesia engarrafada como dizia aquele poeta, mas história engarrafada também. Degustamos história, degustamos cultura! É muito gratificante e especial degustarmos vinhos com essa carga histórica atrelada de forma tão veemente, tão latente. A história é viva e plena, não é algo estático. Degustar o Dom Bernardino Riesling é como se estabelecêssemos contato com um novo mundo, uma nova percepção, que enaltece as nossas experiências sensoriais. Um vinho que apesar de ter as tradições lusitanas, tanto que o nome “Dom Bernardino” é em homenagem ao fundador da vinícola Bernardino Pereira Leite, português que se estabeleceu em São Roque, graças às raízes que criaram a vinícola, tem o terroir brasileiro, o fazer brasileiro, a nossa cultura, a nossa assinatura. Dom Bernardino Riesling é jovem, fresco, leve, despretensioso e que harmonizou perfeitamente com um meio de tarde outonal. Que venham mais e mais momentos especiais como esse! Como curiosidade: as uvas vieram de Caxias do Sul e foram, claro, vinificadas pela Bella Aurora. Tem 11% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Bella Aurora:

Vinícola fundada na década de 1920 por Bernardino Pereira Leite imigrante português iniciou sua produção para consumo caseiro. A produção em escala comercial teve início em 1932.

Com mais de 85 anos, Vinhos Bella Aurora mantém sua tradição familiar na produção de saborosos vinhos, contando com uma excelente estrutura de atendimento aos visitantes e uma equipe de representantes comercial em todo estado de São Paulo.

A Vinícola proporciona um passeio turístico para quem busca contato com a natureza. Neste passeio poderá degustar bons vinhos e sucos, além de poder adquirir toda a linha de produtos típicos da Vinícola Bella Aurora. Para melhor atender os clientes, a cantina dos Vinhos Bella Aurora foi montada no interior de um autêntico tonel de madeira com capacidade para 120 mil litros.

Mais informações acesse:

https://www.bellaaurora.com.br/












domingo, 17 de abril de 2022

Alto Los Romeros Riesling 2019

 

Depois que eu degustei o meu primeiro rótulo da casta Riesling eu não a deixei de lado e, desde então, tenho tido algumas boas e satisfatórias experiências com essa peculiar cepa branca muito aromática e frutada.

E claro que esta variedade ganhou fama e credibilidade nas terras frias alemãs onde encontrou o terroir perfeito para a produção das mais variadas propostas, entregando vinhos secos, doces, leves, frescos, encorpados, longevos e curtos. Enfim, a diversidade da Riesling tem lugar: Alemanha.

Mas atualmente, além da Alemanha e a França, mais precisamente na região da Alsácia, outros lugares vem acolhendo a Riesling e trazendo uma gama de propostas de rótulos, dos mais simples e frescos, aos encorpados e complexos.

E se destacam a Austrália, o Brasil também vem se destacando na produção da Riesling, e também o Chile, sobretudo o Chile vem despontando na produção desta variedade em várias emblemáticas regiões.

Estive às voltas com um em especial que verdadeiramente me surpreendeu, do Vale Central, do Club dos Sommeliers, um Reserva Riesling extremamente saboroso, frutado, fresco, mas com uma personalidade graças ao seu curto período de 3 meses em barricas de carvalho, dando-lhe certa untuosidade.

Então me dei o direito de buscar mais rótulos dessa casta concebidos no Chile e, por uma sorte, em mais uma de minhas incursões aos supermercados, avistei um vinho de uma linha de rótulos da grande Luis Felipe Edwards que, percepções à parte de um fã, é um dos principais produtores do Chile, chamada “Alto Los Romeros” e muito me interessei. Lembrando que o que facilitou a minha escolha foi a degustação do Alto Los Romeros da queridinha Pinot Grigio da safra 2018 que também surpreendeu!

Então sem mais delongas vamos às apresentações! O vinho que degustei e gostei veio da região do Vale do Colchágua, no Chile, e se chama Alto Los Romeros da casta Riesling da safra 2019.

Embora os quesitos o torne potencialmente bom, pelo fato do produtor e também da linha de rótulos eu fiquei um tanto quanto receoso pela proposta e o valor incrível gasto à época (R$ 23,90), levando em consideração os altos valores dos Riesling alemães, mas logo o preconceito se dissipou quando observei que se tratam de propostas diferentes e confesso que, quando degustei o Alto Los Romeros Riesling, ele, dentro do que ele pode oferecer, ele o fez muito bem. Fresco, leve e frutado!

Então, como sempre, antes de falar sobre o vinho, falemos um pouco da casta e também do Vale do Colchágua. 

Vale do Colchágua

O Vale do Colchágua está localizado à aproximadamente 180 km de Santiago no centro do país, exatamente entre a Cordilheira dos Andes e o Pacífico. É cortado pelas águas do rio Tinguiririca, suas principais cidades são San Fernando e Santa Cruz, e possui algumas regiões de grande valor histórico e turístico como Chimbarongo, Lolol ou Pichilemu. Colchágua significa na língua indígena “lugar de pequenas lagunas”.

Vale do Colchágua

A fertilidade de suas terras, a pouca ocorrência de chuva e constante variação de temperatura possibilita o cultivo de mais de 27 vinhas, que, com o manejo certo nos grandes vinhedos da região e padrões elevados no processo de produção, faz com que os vinhos produzidos no vale sejam conhecidos internacionalmente, com alto conceito de qualidade.

Clima estável e seco (que evita as pragas), no verão, muito sol e noites frias, solo alimentado pelo degelo dos Andes e pelos rios que desaguam no Pacífico, o Vale de Colchágua é de fato um paraíso para o cultivo de uvas tintas e produção de vinhos intensos.

Em Colchágua, predomina o clima temperado mediterrâneo, com temperaturas entre 12ºC como mínima e 28ºC, máxima no verão e 12ºC e 4ºC, no inverno. Com este clima estável é quase nenhuma variação de uma safra para a outra; e a ausência de chuva possibilita um amadurecimento total dos vários tipos de uvas cultivadas na região. Entre as principais variedades de uvas presentes no Vale de Colchágua estão as tintas Cabernet Sauvignon, Merlot, Carmenère, Syrah e Malbec, que representam grande parte da produção chilena.

O cultivo das variedades brancas, apesar de em plena ascensão, ainda se dá de forma bastante reduzida se comparada às tintas; as principais uvas brancas produzidas no vale são a Chardonnay e a Sauvignon Blanc. Ambas as variedades resultam vinhos premiados e cultuados por especialistas e amantes do vinho.

Riesling

A casta Riesling é uma das grandes uvas brancas da Alemanha e uma das melhores variedades do mundo todo, capaz de conferir ao vinho incrível elegância e complexidade e uma habilidade inigualável de expressar o terroir.

Seus cachos apresentam coloração verde amarelada com tamanho médio e delicado. Os vinhos elaborados com a casta costumam ter acidez bastante destacada e são extremamente aromáticos. Os melhores brancos da casta costumam ser os varietais. A uva Riesling possui duas variações, sendo a Renana a de maior qualidade e a Itálica a que possui menor grau de expressividade.

Com textura bastante envolvente, os vinhos elaborados a partir da casta Riesling podem ser secos, meio doces ou bem doces. O que é de conhecimento sobre o cultivo da uva, é que para originar os maravilhosos e extraordinários vinhos de sobremesa, ocorrem dois processos bastante distintos.

O primeiro processo é o ato de congelar a uva antes da colheita, sendo conhecido como “eiswen” – ou vinhos de gelo. Nele a casta Riesling permanece vários dias congeladas (enquanto madura), ainda no vinhedo, por conta das baixas temperaturas em que fica exposta. Logo após serem colhidas, as uvas passam pelo processo de prensagem, tornando o vinho muito mais concentrado, já que haverá menor quantidade de água. Nesse caso os melhores exemplares são encontrados no Canadá, graças ao seu clima frio e com bastante presença de geadas.

O outro processo é quando ocorre a podridão nobre, momento em que o fungo “Botrytis Cinerea” fura a casca da uva e alimenta-se da água da casta, deixando-a desidratada e exaltando os açúcares presentes na sua composição. As uvas são colhidas e levadas para vinificação, tornando o vinho muito mais especial.

Alguns produtores estampam “dry” (seco) ou “sweet” (doce), mas isso não é suficiente perto dos tantos níveis de doçura da Riesling. Ela pode ser “medium dry” (vinho meio seco), “medium sweet” (meio doce) e por aí vai.

A forma de identificar essas propostas de vinhos Riesling é verificar a graduação alcoólica – quanto menor for mais doce será. Isso acontece porque durante a fermentação, o açúcar natural da uva vira álcool (se a conversão não acontece, permanece doce e menos alcoólico). Qualquer Riesling com mais de 11% é seco, pois quase todo seu açúcar foi transformado em álcool.

Por possuir presença de açúcar residual e tempos de guarda diferentes, os vinhos elaborados com a casta Riesling possuem maior atenção na hora da harmonização, sendo na maioria das vezes melhores quando degustados e apreciados sem a companhia de pratos.

Seus vinhos podem ser sublimes e costumam durar muito tempo. Além da Alemanha, também produz vinhos excelentes na Áustria, Alsácia e também em alguns países do Novo Mundo, como Nova Zelândia, África do Sul e Austrália.

E agora o vinho!

Na taça entrega um amarelo palha, translúcido, brilhante, com reflexos esverdeados, com rápidas e discretas lágrimas finas.

No nariz não há uma complexidade aromática, dada a proposta do vinho, mas percebe-se as notas frutadas, frutas de polpa branca e cítricas, como pera, maçã-verde, abacaxi, maracujá, pêssego, limão e um delicado toque floral e mineral.

Na boca é leve, fresco e dotado de uma delicadeza que o torna elegante, com certo volume de boca, garantido, sobretudo pela sua boa acidez, além da fruta  mais predominante em boca do que no aspecto olfativo. Tem um final de média persistência.

É incrível o quanto a Luis Felipe Edwards se supera quanto à qualidade de seus vinhos, dos mais básicos aos mais complexos, todos, diante de sua proposta, entregam com maestria qualidade, tipicidade, pois expressam com beleza o seu terroir. Alto Los Romeros é um vinho que não traz as expressividades, a estrutura e a longevidade dos Rieslings alemães, mas é um vinho fresco, leve, frutado e que expressa a jovialidade de um branco ótimo para os dias quentes e outonais. Tem 12,5% de teor alcoólico.

Aqui vale uma curiosidade sobre o nome do rótulo: “Alto Los Romeros”

Alto Los Romeros era o nome dado há muitos anos aos pitorescos prados de alecrim selvagem que crescem nos picos das colinas da propriedade vinícola em Puquillay Alto, localizado no coração do Vale Colchagua, no Chile. A uma altura de 700 metros, oferecem vistas panorâmicas deslumbrantes da Cordilheira dos Andes. Foi aqui que as vinhas originais foram plantadas e nasceu a inspiração para esta linha de vinhos.

Sobre a Luis Felipe Edwards:

A Viña Luis Felipe Edwards foi fundada em 1976 pelo empresário Luis Felipe Edwards e sua esposa. Após alguns anos morando na Europa, o casal decidiu retornar ao Chile e, ao conhecer terras do Colchágua, um dos vales chilenos mais conhecidos, se encantou. Ali, aos pés das montanhas andinas, existia uma propriedade com 60 hectares de vinhedos plantados, uma pequena adega e uma fazenda histórica que, pouco tempo depois, foi o marco do início da LFE.

De nome Fundo San Jose de Puquillay até então, o produtor, que viria a se tornar uma das maiores vinícolas do Chile anos mais tarde, começou a expandir sua atuação. Após comprar mais 215 hectares de terras no Vale do Colchágua nos anos de 1980, começou a vender vinho a granel, estudar a fundo seus vinhedos e os resultados dos vinhos, e cultivar diferentes frutas para exportação.

O ponto de virada na história da Viña Luis Felipe Edwards veio na década de 1990, quando Luis Felipe Edwards viu a expectativa do mercado sobre os vinhos chilenos. Sabendo da alta qualidade dos rótulos que criava, o fundador resolveu renomear a vinícola e passou a usar o seu próprio nome como atestado de qualidade. Após um período de crescimento e modernização, especialmente com o início das vendas do primeiro vinho em 1995, a LFE se tornou um importante exportador de vinho chileno no começo do século XX. A partir de então, o já famoso produtor começou a adquirir terras em outras regiões do país.

Na busca incessante por novos terroirs de qualidade, ele encontrou no Vale do Leyda um dos seus maiores tesouros: 134 hectares de videiras plantadas em altitude extrema, a mais de 900 metros acima do nível do mar.

Mais informações acesse:

https://www.lfewines.com/

Referências:

“Clube dos Vinhos” em: https://www.clubedosvinhos.com.br/um-passeio-pelo-vale-do-colchagua/

“Blog Sonoma”: https://blog.sonoma.com.br/como-escolher-um-riesling/amp/

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/riesling

 

 

 

 



segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Max Mann Riesling 2018

 

Há pouco tempo atrás eu dizia, ou melhor, textualizava em minhas resenhas neste humilde blog, que castas como a Riesling estaria muito distante das minhas pretensões de degustação. Sempre ouvi e li que ela ganhou popularidade e credibilidade em terras germânicas, o que reforçava o meu pessimista comentário acerca da degustação da Riesling. Afinal se fortalecia com os poucos rótulos ofertados aqui no Brasil de Riesling alemães com os valores estratosféricos! Demais para um pobre assalariado da classe operariada.

Mas eis que o dia chegou e da forma mais despretensiosa possível. Simplesmente não estava no roteiro degustar um Riesling alemão. E essa degustação fora na casa de um grande amigo, de longa data, mas cuja confraria é nova, embrionária. Ele comentara comigo, dias antes do encontro, que ganhara de um amigo, um rótulo de um Riesling alemão, mas que não estaria no rol de degustação daquele encontro.

Mas não me pergunte o motivo pelo qual o vinho entrou nas pretensões das nossas degustações, o fato é que o vinho já estava sendo aberto e inundando as nossas taças. Talvez a conversa, o momento, de pura celebração, estava no ápice, tão bom, que merecia aquela degustação, afinal vinho, como sempre costumo dizer, é celebração.

O vinho estava maravilhoso! Sempre me lembrarei dele, deste rótulo, o meu primeiro Riesling, o meu primeiro Riesling alemão! O Rebgarten Riesling 2018 definitivamente entrará para a minha história!

E um vinho de ótimo custo X benefício! E falando de um Riesling alemão de ótimo custo x benefício, pensaram que eu fosse ficar por aqui, apenas por um? Não poderia! A minha humilde e simplória adega estava abrilhantada com outro Riesling alemão! Sim! Atrevo a me dizer que eu tinha adquirido um Riesling alemão antes do meu grande amigo ter sido presenteado com o dele ou talvez a minha compra tenha sido quase ao mesmo tempo em que ele ganhara o seu rótulo.

O fato é que foi chegado o momento, quase um ano após a minha primeira degustação do Riesling germânico, de abrir o meu, de espantar a poeira que o envolvia e inundar o copo de alegria vínica! O vinho que degustei e gostei veio da famosa região alemã de Rheinhessen e se chama Max Mann da casta, claro, Riesling, da safra 2018. Antes de falar do vinho, vamos de história, vamos falar da região de maior produção de vinhos da Alemanha e que produz mais de 70% de vinhos brancos. Falemos de Rheinhessen e também da classificação dos vinhos alemães que é essencial para entender cada proposta de rótulo degustado.

Rheinhessen

A região vinícola de Rheinhessen, com 26.578 hectares de vinhedos, é considerada a maior região vinícola da Alemanha. Encontra-se totalmente na margem esquerda do Reno e, portanto, no estado federal da Renânia-Palatinado. Um quinto da região da Renânia-Palatinado de Rheinhessen, que também é a região menos arborizada da Alemanha, é plantado com videiras. Mais de 6.000 produtores de vinho produzem mais de 2,5 milhões de hectolitros de vinho por ano, com uma produção de cerca de 120 milhões de vinhas. Dos 136 municípios de Rheinhessen, apenas Budenheim, Hochborn, Eich, Hamm e Nieder-Wiesen não cultivam vinho em sua própria área.

Rheinhessen

Embora as vinhas sejam virtualmente uma monocultura no Rheingau ou ao longo do Mosel, elas são apenas uma das muitas culturas que compartilham os solos férteis das vastas fazendas desta região. O vinho é cultivado na margem esquerda do Reno, desde os romanos, e o documento mais antigo sobre a localização de um vinhedo alemão - o Niersteiner Glöck - diz respeito a uma vinícola em Rheinhessen.

E ainda falando em história, antes da Primeira Guerra Mundial, os vinhos de Rheinhessen vinham de Rheinhessen e alcançavam os melhores preços em leilões internacionais. Em um dos primeiros leilões após a Segunda Guerra Mundial em julho de 1949 em Londres (Beaver Hall), os primeiros sucessos com os melhores vinhos alemães foram alcançados, incluindo o Liebfrauenmilch Auslese de 1929 e o Liebfrauenmilch Superior de 1934. O Niersteiner Riesling z. B. gozava de uma reputação lendária. Em meados do século XX, porém, houve uma fase em que se deu demasiada atenção à quantidade, o que prejudicou para sempre a reputação do vinho de Rheinhessen. Neste contexto, o Liebfrauenmilch da grande área com o mesmo nome foi mencionado várias vezes.

No final do século 20, no entanto, um repensar começou. É graças a uma nova geração de enólogos que o vinho de Rheinhessen está novamente gozando de boa reputação. As vinícolas de Rheinhessen estão entre as mais bem decoradas, e renomados críticos de vinho e guias de vinhos também enfatizam a qualidade dos vinhos. Normalmente é Riesling ou Silvaner, mas alguns vinhos tintos também são elogiados.

E esse “boom” do vinho tinto, tem sido apoiado principalmente pela variedade de uva Dornfelder. A área de superfície para variedades vermelhas mais do que dobrou em uma década e agora um terço dos vinhedos de Rhinehessen são plantados com uvas tintas.

E falando em variedades de uvas em Rheinhessen 72% dos vinhedos de Rheinhessen são plantados com variedades de uvas brancas. O vinho tinto é cultivado extensivamente na área ao redor de Ingelheim e em Wonnegau.  Riesling (27,6%) e Müller-Thurgau (aprox. 11,3%) dominam a gama de vinhos brancos. Além disso, Dornfelder (10,8%), Silvaner (4,4%), Portugieser (3,8%), Pinot Noir ( 6,6%), Pinot Gris (6,7%), Pinot Blanc (5,4%) e Kerner (2,7%) são cultivados. O Scheurebe, que costumava ser popular devido à sua gama de aromas, está cada vez mais sendo substituído pelo Sauvignon Blanc. 

O cultivo de Riesling está concentrado no Reno ao redor das cidades de Nackenheim, Nierstein e Oppenheim. O cultivo é favorecido por temperaturas amenas, muito sol e pouca chuva.

Os viticultores de Rheinhessen produzem vinhos modernos e simples, bem como produtos de alta qualidade. A Selection Rheinhessen existe desde a década de 1990 - uma classe ambiciosa de vinhos finos e secos. Esta iniciativa visa promover vinhos autênticos ao mais alto nível. Os vinicultores de Rheinhessen também são especialistas em vinhos espumantes. Eles lançaram o primeiro vinho espumante do mercado há 25 anos e nos últimos anos uma notável cultura do vinho espumante se desenvolveu na região nos últimos anos.

Nomenclatura e definições dos vinhos alemães

O medo do desconhecido é o principal empecilho do vinho alemão. Devido aos conceitos, às expressões e ao idioma, o país possui um dos rótulos mais difíceis do mundo para compreender. Esse conteúdo vai além da safra, região de origem, teor alcoólico, uva e o nome do produtor, pois trazem dados como categoria de qualidade, número do teste de controle de qualidade, tipo e estilo do vinho. Aliás, existem alguns dados que são obrigatórios e outros que são apenas opcionais.

O vinho alemão passa por um rigoroso teste de controle de qualidade (A.P.NR.), desenvolvido pela Sociedade Alemã de Agricultura (DLG). Além disso, seus exemplares são divididos em categorias de qualidade. Essa categorização depende de dois fatores: maturidade e qualidade das uvas, e a especificidade e tipicidade da região. As categorias de qualidade podem ser consideradas um sinônimo das Denominações de Origem, por também conter regras e normas específicas como área delimitada, uvas autorizadas, entre outros.

Deutscher Wein

São os vinhos mais simples de todas as categorias. Os vinhos podem ser produzidos com uvas colhidas em vinhedos de todo o território alemão.

Landwein

Assim como a Deutscher Wein, também possui vinhos simples, quando relacionado aos de outras categorias. Pode ser comparado aos IGP’s de outros países europeus. 85% das uvas devem ser provenientes de vinhedos de regiões reconhecidas pela categoria.

Qualitätswein bestimmter Anbaugebiet (QbA)

É considerada a categoria dominante no país. As uvas precisam ser autorizadas e atingir um grau mínimo exigido de maturação. As uvas devem ser permitidas pela categoria e provenientes de uma das treze regiões vitícolas específicas. Além disso, o nome da região precisa estar estampado no rótulo. Os rótulos podem conter termos que indicam o nível de doçura do vinho como:

Trocken: vinho seco.

Halbtrocken: vinho meio-seco ou ligeiramente doce.

Feinherb: um termo não oficial para descrever vinhos semelhantes ao Halbtrocken.

Liebliche: vinho doce.

Em setembro de 1994, foi permitida a criação de uma subcategoria QbA, a Qualitätswein garantierten Ursprungs (QGU). Comparada a uma Denominação de Origem Controlada e Garantida, a QGU abrange uma região, vinha ou aldeia específica, que expressa além de alta qualidade, tipicidade. Nessa categoria, os vinhos passam por rigorosas análises sensoriais e analíticas.

Qualitätswein mit Prädikat (QmP) ou Prädikatswein

As uvas devem ser permitidas pela categoria e provenientes de uma das treze regiões vitícolas específicas. Além disso, o nome da região precisa estar estampado no rótulo. As uvas devem atingir um grau específico de maturação, açúcar e teor alcoólico natural. Os rótulos precisam estampar alguns atributos específicos referentes ao nível de maturação das uvas e ao método de colheita:

Kabinett: colheita realizada com uvas completamente maduras. Gera vinhos mais leves e com baixo teor alcoólico.

Spätlese: colheita tardia, ou seja, as uvas são colhidas em um período posterior ao considerado ideal. Gera vinhos concentrados e com intenso aroma, mas não especificamente com o paladar adocicado.

Auslese: uvas colhidas muito maduras, mas apenas os cachos selecionados. Gera vinhos nobres, com intensidade tanto no aroma quanto no paladar. A doçura no paladar não é uma regra.

Eiswein: uvas sobreamadurecidas como a Beerenauslese, porém colhidas e prensadas congeladas. Gera vinhos nobres e singulares, com alta concentração.

Trockenbeerenauslese (TBA): uvas sobreamadurecidas, infectadas por Botrytis cinerea, que secam por um determinado tempo adquirindo características próximas a de uvas passas. Gera vinhos doces, ricos e nobres.

Beerenauslese (BA): uvas sobreamadurecidas, infectadas por Botrytis cinerea, com seleção criteriosa dos bagos. Essas uvas são colhidas apenas em safras excepcionais. Gera vinhos longevos, ricos e doces.

E agora finalmente o vinho!

Na taça entrega um lindo e brilhante amarelo palha com alguns reflexos esverdeados, com discreta manifestação de finas lágrimas.

No nariz traz aromas de frutas brancas, frutas silvestres e amarelas, onde se destacam pêssego, damasco, pera, melão, maçã-verde, com delicadas notas florais, de flores brancas, um tom de mineralidade que o torna fresco e jovial.

Na boca é razoavelmente seco, mas traz um delicado adocicado que me remete a mel, mas sem soar enjoativo. É equilibrado, saboroso, elegante, porém com um belo volume de boca, com certa cremosidade, acidez equilibrada, que estimula à gastronomia e um final longo, prolongado.

O terroir alemão, a cultura alemã vai se chegando aos poucos à minha realidade enófila. Rótulo por rótulo, vou me familiarizando, cada sabor, cada aroma, cada característica vai se construindo de forma interessante, as experiências sensoriais traz o prazer, a alegria, a celebração de degustar um vinho alemão, personificando em sua milenar história, de produtores que amam o vinho e os sintetizam em sua cultura. Max Mann entrega todas as características, as mais marcantes dessa nova queridinha casta, a Riesling. Leve, mas marcante, delicado, mas que impacta positivamente ao paladar, ao olfato. Hoje posso dizer que decisivamente a Riesling está no meu rol das preferidas castas brancas. Que venham mais e mais Rieslings e que possamos, mais e mais, viajar, por intermédio dos vinhos, aos solos férteis da velha Alemanha. Tem 11,5% de teor alcoólico.

Sobre a Moselland eG:

Dificuldades econômicas como uma história de sucesso

Às vezes, é a necessidade que torna as pessoas criativas e, portanto, se torna a base de uma história de sucesso específica. Foram as dificuldades econômicas que levaram os viticultores de Moselle há mais de cem anos, inicialmente em associações menores e depois em cooperativas de viticultores.

Associação de cooperativas regionais

Em 1968, as cooperativas de viticultores regionais de Ernst e Wehlen e a vinícola principal de Koblenz se fundiram para se comprometerem conjuntamente com vinhos e vinicultores regionais no futuro e para combinar suas próprias tradições com as inovações necessárias. Em 1969, o Saar Winzerverein de Wiltingen seguiu a fusão e o Moselland eG foi criado, com sede em Bernkastel-Kues - uma garantia de alta qualidade consistente por décadas. Motivo suficiente para muitos vinicultores do Nahe aderirem ao conceito de sucesso em 2000.

Colaborações voltadas para o futuro

Desde 2004, Moselland eG tem cooperado com a cooperativa vinícola de Nierstein (Rheinhessen) e a cooperativa vinícola regional de Rietburg. Este último resultou na fusão com a cooperativa Palatinate em 2011.

Mais informações acesse:

https://www.moselland.de/

Referências:

“Vinho sem Segredo”: https://vinhosemsegredo.com/2011/05/02/nomenclatura-do-vinho-alemao-i/

“Winepedia”: https://www.wine.com.br/winepedia/dicas/como-ler-rotulos-alemanha/

“Wikipedia”: https://newmascotcostumessupply.com/ru-dept/wiki/Rheinhessen_%28Weinanbaugebiet%29#%C3%9Cberblick

“German Wines”: https://www.germanwines.de/tourism/wine-growing-regions/rheinhessen/