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segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Chateau des Aladères 2016

 



Vinho: Chateau Aladères  

Safra: 2016

Casta: Carignan (40%), Syrah (30%), Grenache (20%) e Cinsault (10%)

Região: Corbières, Languedoc-Roussillon

País: França

Produtor: Château de Lastours

Adquirido: Wine

Valor: R$ 59,90

Teor Alcoólico: 13,5%

Estágio: 6 meses em tanques de aço inoxidável com as borras.

 

Análise:

Visual: apresenta um rubi intenso, porém com traços acobreados, atijolados, denotando seus oito anos de garrafa. É viscoso, traz lágrimas finas, lentas e que mancham o bojo.

Nariz: entrega aromas agradáveis de frutas vermelhas maduras, como groselha, cereja e até framboesa, com notas de especiarias, com destaque para pimenta preta e um toque lácteo, arriscaria.

Boca: é intenso, com alguma estrutura, porém é elegante e macio, revelando-se equilibrado. Mostrou-se alcoólico no início, porém logo equilibrou-se, trazendo as notas frutadas, como no aspecto olfativo, taninos presentes, mas domados pelo tempo, acidez média e final persistente, de retrogosto frutado.

 

Produtor:

https://www.chateaudelastours.com/en/home/




quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Claude Val tinto 2020

 



Vinho: ClaudeVal

Safra: 2020

Casta: 50% Grenache, 25% Carignan, 15% Syrah e 10% Merlot

Região: Laguedoc-Roussillon

País: França

Produtor: Domaine Paul Mas

Adquirido: Loja Niterói Vinhos

Valor: R$ 74,90

Teor Alcoólico: 13,5%

 

Análise:

Visual: apresenta cor rubi intensa, porém com halos violáceos, além de lágrimas proeminentes e lentas que mancham toda a taça.

Nariz: aromas de frutas negras, com destaque para amora e ameixa, com muito frescor, com um leve especiado, algo como pimenta preta.

Boca: é jovem, frutado, fresco, mas com alguma personalidade, mostrando equilíbrio entre acidez, vibrante e salivante, taninos, amáveis e dóceis e, claro, estrutura. Tem um final persistente, de retrogosto frutado.

 

Produtor:

https://www.paulmas.com/


quarta-feira, 11 de setembro de 2024

Claude Val Rosé 2022

 



Vinho: ClaudeVal

Safra: 2022

Casta: 50% Grenache, 30% Cinsault e 20% Syrah.

Região: Laguedoc-Roussillon

País: França

Produtor: Domaine Paul Mas

Adquirido: Loja Arte dos Vinhos, na cidade de Niterói

Valor: R$ 65,90

Teor Alcoólico: 12,5%

 

Análise:

Visual: traz um rosado bem claro, delicado, mas muito brilhante, lembrando um Provence. Tem rápidas lágrimas e em pequena quantidade.

Nariz: focado distintamente nos aromas de frutas vermelhas frescas, com destaque para morango, cerejas e framboesa. Traz mineralidade, frescor, leveza e um discreto, porém agradável toque floral.

Boca: é leve, fresco, saboroso, com as notas frutadas perceptíveis, como no aspecto olfativo, com uma acidez na medida e um final persistente, frutado e suculento.

 

Produtor:

https://www.paulmas.com/


segunda-feira, 22 de julho de 2024

Ensedune Muscat Sec 2021

 



Vinho: Ensedune

Safra: 2021

Casta: Muscat Sec

Região: Coteaux d’Ensérune, Languedoc-Roussillon

País: França

Produtor: Les Vignobles Foncalieu

Adquirido: Evino

Valor: R$ 44,90

Teor Alcoólico: 12,5%

Estágio: 4 meses em suas borras finas.

 

Análise:

Visual: apresenta um amarelo palha, brilhante, com tendências douradas e discretas e rápidas lágrimas finas.

Nariz: explode em frutas de polpa branca, de caroço e cítricas, com destaque para o melão, limão, maçã-verde, pêssego, além de um toque floral que traz a sensação de frescor. O toque mineral também é percebido.

Boca: é leve, fresco, mas com personalidade, uma discreta untuosidade. As notas frutadas são replicadas no paladar, bem como a sua acidez que confirma esse frescor e vivacidade. O final é longo, persistente e com um leve e interessante amargor.

 

Produtor:


quarta-feira, 10 de julho de 2024

Les Ormes de Cambras Cabernet Sauvignon 2022

 



Vinho: Les Ormes de Cambras

Safra: 2022

Casta: Cabernet Sauvignon

Região: Languedoc-Roussillon

País: França

Produtor: Maison Castel

Teor Alcoólico: 13%

Adquirido: Evino

Valor: R$ 44,90

 

Análise:

Visual: apresenta um rubi intenso, vívido, escuro, intransponível, com reflexos violáceos e lágrimas grossas, lentas, coloridas e em profusão.

Nariz: entrega aromas intensos de frutas pretas, com notas de especiarias, com destaque para a pimenta preta, algo terroso, mineral.

Boca: traz estrutura da jovialidade, apenas dois anos de garrafa, com bom volume de boca e personalidade, típico da cepa, com as notas frutadas replicadas, taninos poderosos, com potência, mas sem adstringência, com boa acidez e final persistente.

 

Produtor:


segunda-feira, 3 de junho de 2024

Ensedune Cabernet Franc Rosé 2021

 



Vinho: Ensedune

Casta: Cabernet Franc Rosé

Safra: 2021

Região: Coteaux d’Ensérune, Languedoc-Roussillon

País: França

Produtor: Les Vignobles Foncalieu

Teor Alcoólico: 13,5%

Adquirido: Evino

Valor: R$ 44,90

Estágio: 3 meses em suas borras finas.

 

Análise:

Visual: apresenta um rosa claro brilhante, com discretas e rápidas lágrimas finas.

Nariz: traz aromas delicados e frescos de frutas vermelhas, com destaque para groselha, framboesas, com notas florais que lembra violeta, além de uma mineralidade que impõe, ainda mais, frescor.

Boca: é fresco, leve, saboroso, com alguma personalidade, com as notas frutadas também em destaque, com acidez refrescante e média. Tem final longo e persistente.

 

Produtor:

https://lesvignoblesfoncalieu.com


Roche Mazet Chardonnay 2021

 



Vinho: Roche Mazet

Casta: Chardonnay

Safra: 2021

Região: Languedoc-Roussillon

País: França

Produtor: Roche Mazet (Maison Castel)

Teor Alcoólico: 12,5%

Adquirido: Evino

Valor: R$ 54,90

Estágio: Parte do lote estagiou por alguns meses em barricas de carvalho (Não informado o tempo de passagem pelo produtor).

 

Análise:

Visual: traz amarelo palha brilhante, com discretos reflexos esverdeados, além de lágrimas finas e rápidas em pequena quantidade.

Nariz: apresenta um elegante aroma de frutas brancas, tropicais, de caroço, como pera, amêndoas, maçã verde, além de um toque floral e mineral que traz uma agradável sensação de frescor.  

Boca: é aveludado, fresco, leve, com alguma untuosidade, em virtude da curta passagem por barricas de carvalho, além de toque discreto de baunilha, frutado, com acidez média e um final de média persistência.

 

Produtor:


segunda-feira, 29 de abril de 2024

Le Fou (The Madman) Malbec 2020

 



Vinho: Le Fou (The Madman)

Casta: Malbec

Safra: 2020

Região: Haute Vallée de l’Aude, Languedoc-Roussillon

País: França

Produtor: Boutinot France

Teor Alcoólico: 13%

Adquirido: Wine

Valor: R$ 45,90

 

Análise:

Visual: tem um rubi brilhante, de média intensidade, com halos violáceos e lágrimas em profusão, lentas e coloridas.

Nariz: traz aromas exuberantes de frutas vermelhas frescas, toque floral, de flores vermelhas, mirtilo, cassis, algo de especiarias.

Boca: é suculento, fresco, leve, mineral, frutado, com taninos macios e elegantes, com uma ótima acidez e final de média persistência e retrogosto frutado.

 

Produtor:

https://boutinot.com/producers/boutinot-france/


quarta-feira, 3 de abril de 2024

Gérard Bertrand Héritage Merlot 2019

 



Vinho: Gérard Bertrand Héritage

Casta: Merlot

Safra: 2019

Região: Cité de Carcassonne, Languedoc-Roussillon

País: França

Produtor: Gérard Bertrand

Teor Alcoólico: 14%

Adquirido: Wine

Valor: R$ 51,00

Estágio: 6 meses em barricas de carvalho

 

Análise:

Visual: um intenso e vivo rubi, escuro com discretos halos granada, com profusão de lágrimas finas e lentas.

Nariz: aromas tímidos de frutas negras maduras, quase em compota, com discretas notas de especiarias, com algo terroso.

Boca: é estruturado, mas elegante, quase um veludo, com um toque de mineralidade, bom volume de boca, taninos marcados, mas dóceis, acidez média e um final de média persistência.

 

Produtor:

https://en.gerard-bertrand.com/


segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Claude Val branco 2020

 




Vinho: Claude Val

Casta: 35% Grenache Blanc, 25% Vermentino, 15% Chazan, 10% Mauzac, 10% Sauvignon Blanc e 5% Chenin Blanc

Safra: 2020

Região: Languedoc-Roussillon

País: França

Produtor: Domaine Paul Mas

Teor Alcoólico: 12,5%

 

Análise:

Visual: Apresenta um amarelo palha, tendendo para o dourado, com reflexos esverdeados.

Nariz: traz notas de frutas tropicais e cítricas, com destaque para o pêssego, maçã-verde, abacaxi, tangerina, toranja e laranja, com um toque mineral e fresco.

Boca: explode notas frutadas, cítricas e tropicais, com um equilíbrio fascinante entre estrutura e frescor, com acidez média e um final de média persistência.

 

Produtor:

https://www.paulmas.com/


sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Chateau Saint Pons de Mauchiens Neratius Syrah e Grenache 2018

 

Sempre ouvi, por parte dos “influenciadores” do universo do vinho, que os rótulos franceses, sobretudo de sua mais emblemática e famosa região, Bordeaux, para serem bons, de qualidade, precisam ser caros.

Como sou um homem de extrema humildade e, diante da enorme sapiência desses especialistas, prefiro não entrar nos pormenores, embora acredite piamente que é possível sim, degustar bons rótulos desse país, com preços mais convidativos para a maioria da população brasileira.

Mas convivi com essa “máxima” durante muitos anos, degustando pouquíssimos rótulos franceses, principalmente no período em que estava começando a adentrar no vasto universo do vinho em que não tinha, digamos, maturado, a percepção de que qualidade não precisa andar de mãos dadas com dinheiro, muito dinheiro.

Afinal essa é uma visão míope e arrogante de que vinho bom é vinho caro, porque para alguns aristocratas do vinho, tal bebida serve para ditar regras de etiqueta social. E poucos rótulos deixei de degustar, por um longo tempo, principalmente de Bordeaux, por conta dessa situação.

Então com o passar dos tempos e com o desbravar de informações que desmistificasse tal “máxima” busquei rótulos de Bordeaux com ótimos preços e que pudesse me trazer um retorno satisfatório no que tange à degustação.

Mas com isso descobri outra região da França muito importante para a viticultura local e que atualmente é uma das maiores produtoras de vinho por volume deste país e que, ao longo dos anos, vem se notabilizando, crescendo em qualidade. Falo do Languedoc-Roussillon.

Percebi valores extremamente atraentes e rótulos surpreendentemente bons! Fui degustando rótulo por rótulo e gostando de cada um, independente da proposta e da casta. O último inclusive, foi maravilhosa a degustação, o Antodie, um varietal da Viognier, da safra 2020.

E como o interesse foi crescendo cada vez mais, nada mais natural do que garimpar novos rótulos, ter novas experiências e, mais uma vez, me vi enamorado por outro rótulo que descobri e que, para variar, me surpreendeu positivamente. O vinho que degustei e gostei veio, claro, do Languedoc-Roussillon, e se chama Neratius, composto por um blend tradicional da região, Grenache e Syrah, da safra 2018.

Château Saint Pons de Mauchiens

O Château Saint Pons de Mauchiens não é apenas uma vinícola, é uma ode à majestosidade do vinho francês, situada na venerada região vinícola de Languedoc-Roussillon.

Esta região é um verdadeiro tesouro para os apreciadores de vinho, uma tapeçaria de vinhedos que criam as mais divinas bebidas, como o excepcionalmente rico e complexo Neratius.

Languedoc-Roussillon

Languedoc-Roussillon é uma região francesa localizada na costa do país. Ela faz fronteira com a Espanha e é também chamada apenas de Languedoc. Na Idade Média, os povos que ocupavam o território da França atual tinham duas maneiras de dizer "sim": os do Norte diziam "oïl" e os do Sul diziam "oc".

Dessa forma, o Norte era conhecido como a terra da Língua do Oïl e, o Sul, a terra da Língua do Oc ("Langue d'Oc"). Esse segundo nome persistiu e o território mediterrâneo entre Perpignan e Montpellier, no sul da França, incluindo Narbonne e Carcassone, é até hoje denominado Languedoc.

Languedoc-Roussillon

Durante séculos essa região ensolarada, voltada em forma de anfiteatro para o Mar Mediterrâneo, dedicou-se à produção de volumes enormes de vinhos de mesa populares e baratos, os quais eram servidos em copos, nos bares, ou em jarras de vidro ("pichés"), nos restaurantes franceses, a preço de banana.

Até recentemente, nos anos 1970 e início dos 1980, o Languedoc ainda produzia, na maior parte, vinhos propostos para o consumo massivo. Do ponto de vista vitivinícola, isso era impulsionado pela facilidade com que a uva Carignan, que não se inclui entre as melhores, é cultivada e amadurece nas planícies quentes do anfiteatro mediterrâneo. Ela ocupava grande área de cultivo e sua utilização não conhecia limites.

O prestígio veio depois, por volta dos anos 1980, quando os produtores elevaram a qualidade, chegando a exemplares de tipos variados, com destaque para tintos frutados e robustos, com excelente relação custo e benefício, o melhor da França.

No entanto, passados mais de trinta anos, poucas regiões vinícolas do mundo são tão excitantes para vinhos tintos robustos e frutados a preços convidativos como o Languedoc. Nesse período, vinicultores pioneiros ajudaram a elevar a qualidade para novos níveis. As uvas Syrah, Grenache e Mourvèdre ocuparam o lugar da Carignan e a procura pela qualidade reduziu a primazia dos vinhos populares.

Um cauteloso processo de subdivisão de Languedoc-Roussillon em terroirs reconhecidamente distintos está em andamento há alguns anos, originando as apelações Clairette du Languedoc, La Clape, Picpoul de Pinet, entre outras. Algumas encontram-se bem estabelecidas, com anos de certificação, outras estão conquistando aos poucos seus espaços perante o mundo do vinho.

As cidades de maior destaque do Languedoc são Nîmes, Montpellier, Sète e Bézier e as do Roussillon são Narbonne, Carcassone, Minervois, Saint-Hilaire e Limoux. Essas duas regiões produzem principalmente vinhos tintos, seguidos dos brancos espumantes, brancos doces, brancos tranquilos secos e rosés.

Tradicionalmente, a Carignan é a uva de destaque, mas atualmente muitas outras têm brilhado. Grenache, Mourvèdre, Syrah, Merlot, Cinsault e Cabernet Sauvignon, entres as tintas. Picpoul, Muscat, Maccabéo, Clairette, Rollet, Bouboulenc, Sauvignon Blanc, Viognier, Marsanne e Chardonnay, entre as brancas.

Por causa da boa adaptação de uma grande diversidade de uvas, há uma produção muito variada por lá. Os tintos Vin de Pays d’Oc são deliciosos e cheios de tipicidade. Os brancos são impressionantes, dos secos aos doces. Sem falar do precioso espumante Crémant de Limoux, de estilo similar ao champanhe.

Com exceção do seu extremo oeste, que tem alguma influência atlântica, o clima da região é essencialmente mediterrâneo, com chuvas escassas (geralmente caem em temporais localizados) e verões muito quentes. O maior problema para a viticultura é a seca. O Roussillon é a região mais ensolarada da França, com 325 dias de sol no ano e com os ventos quentes que no verão aceleram a maturação das uvas.

O solo da maior parte da região é do tipo aluvial, exceção feita das partes mais ao norte, afastadas do litoral, e mais a oeste, próxima aos Pirineus, onde os vinhedos estão a altitudes maiores e repousam em solos variados como cascalhoso com seixos, xistoso, arenoso e de pedra calcária.

A virada

No período de 1982 a 1993, sub-regiões como Faugères, Minervois e Limoux enquadram-se como Denominação de Origem Controlada. Corbières, o vinhedo mais amplo da França Meridional, corre atrás com tintos apimentados da Grenache.

Como a quantidade - mais que a qualidade - era a premissa para a maioria dos produtores, isso se constituiu em uma virada no mundo dos vinhos franceses. A melhoria começa timidamente com a vinícola Fortant de France, do empreendedor Robert Skalli. Ele desvia-se da tradição local voltando-se para varietais de Cabernet Sauvignon, Viognier e Chardonnay, mas limita-se a enquadrar seus produtos sob a denominação Vin de Pays d'Oc (vinho regional).

Para encontrar os melhores tintos temos que nos voltar para os terrenos mais elevados. Isso significa, principalmente, os Côteaux du Languedoc, que contam, por sua vez, com diversas subregiões na zona de colinas entre a planície costeira e o Maciço Central. Os melhores tintos do Coteaux são cortes com base na Syrah e na Mourvedre. Propriedades emergentes, como os Châteaux la Roque, de Flaugergues e Puydeval despontam internacionalmente e são recomendados nos EUA, em 2003, pela Wine Spectator.

Outras, com nomes pouco divulgados até então como, por exemplo, os Domaines d'Aupilhac, Magellan e St. Martin de la Garrigue recebem tratamento semelhante. Os vinhos de Gerard Bertrand recebem da revista americana pontuações acima de noventa na sua escala de zero a cem.

A descoberta do Languedoc na Califórnia chega a ponto de Robert Mondavi tentar instalar-se com uma vinícola na região na cidade de Aniane. A prefeitura local socialista, entretanto, rechaça essa possibilidade e não autoriza o empreendimento. No local, instala-se a Maison Nicolas.

Futuras gerações

De modo geral, pode-se confiar de forma consistente em que os tintos contemporâneos do Languedoc, Corbières, Coteaux du Languedoc, Fitou etc, são vinhos equilibrados, potentes e que seu frutado não se deixa suplantar por aromas amadeirados.

Tendo rompido com o passado, a possibilidade do Languedoc de elaborar vinhos de qualidade ainda mais elevada, reconhecidos internacionalmente, dependerá da dedicação da nova geração de vinhateiros ao se expandir pela diversidade de terroirs da região.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um rubi escuro, pouco translúcido, diria, com entornos granada, com lágrimas finas, espaçadas e lentas.

No nariz traz um aroma expressivo de frutas vermelhas e pretas maduras, algo de floral, de violeta, com notas picantes, as especiarias que a Syrah traz, como pimenta, por exemplo, com evidentes aromas terrosos, de terra molhada mesmo, além de couro e talvez tabaco.

Na boca é redondo, aveludado, mas traz alguma intensidade, arriscaria complexidade no paladar, um tanto quanto rústico, com as notas frutadas em profusão, com a terra molhada protagonizando, as especiarias, a pimenta, pimenta preta, com taninos presentes, mas domados pelos seus cinco anos de garrafa, com acidez correta e um final de média persistência.

Cada gole é uma experiência que envolve todos os seus sentidos, uma dança elegante de sabores que definitivamente clama por mais e mais. E o que torna este vinho ainda mais atraente e instigante é que ele vem de uma edição limitada, tornando cada garrafa especial nas degustações. Mais uma vez o Languedoc se revela um primor para os sentidos! Tem 13,5% de teor alcoólico.

Sobre a vinícola Les Vignerons de la Vicomté

O ambicioso projeto ecoagronômico, “Les Vignerons de la Vicomté”, surgiu em 2014 como parte de uma iniciativa maior denominada “Viticultura, Biodiversidade e Qualidade da Água na região de Hérault”. Inicialmente, a liderança do projeto foi conduzida pela Federação IGP Hérault, passando em 2016 para as mãos da Câmara de Agricultura.

Com foco em dois principais pilares, a “Les Vignerons de la Vicomté” se dedica a:

1-      Promover o uso de técnicas que diminuam a dependência de insumos, principalmente herbicidas, entre os cooperados.

2-      Encorajar as adegas, membros da Les Vignerons de la Vicomté, a produzirem cuvées oriundas de uma viticultura sustentável, que abrange desde práticas convencionais até biológicas.

Abrangendo 45 vilas rurais entre Gignac, ao norte, e Saint Pons de Mauchiens, ao sul, a iniciativa une 1.800 cooperados em 8.000 hectares de vinhedos, resultando na produção de 500.000 hectolitros de vinho por ano.

Os cooperados contam com uma série de ferramentas para auxiliar na transição para práticas mais sustentáveis. Ações como dias de treinamento, fornecimento de informações, conselhos personalizados e demonstrações, ajudam nesse processo. 

Um exemplo foi um evento organizado pela Câmara Hérault de Agricultura e a federação CUMA, com o propósito de apresentar uma série de soluções mecânicas para reduzir a necessidade de herbicidas. Este evento, realizado em Le Pouget, Plaine de l’Estang, atraiu mais de 200 viticultores, refletindo o crescente interesse pelo compromisso ecológico no setor.

Os Vignerons de la Vicomté também estão investindo na criação de um cuvée “ambiental”. Este projeto, parte das Medidas Agroambientais e Climáticas no Vicomté, tem como objetivo desenvolver linhas de vinhos que adotem práticas de baixo consumo.

Os primeiros exemplares, oriundos da safra 2018, estão disponíveis para venda, incluindo uma seleção de Merlot, um IGP Vicomté d’Aumelas Cuvée tinto e uma seleção de Syrah.

Avançando em sua jornada de sustentabilidade, Les Vignerons de la Vicomté está em processo de obter a certificação HVE, reafirmando seu compromisso com a conservação ambiental e atendendo às demandas crescentes de consumidores preocupados com o meio ambiente.

Mais informações acesse:

https://www.cavescooperatives.com/les-vignerons-de-la-vicomte-le-pouget/

Referências:

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/regiao/languedoc-roussillon

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=FR14

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/o-vinho-de-languedoc_8053.html

“Revista Sociedade da Mesa”: https://revista.sociedadedamesa.com.br/2021/10/languedoc-roussillon/

“Center Gourmet”: https://centergourmet.com.br/chateau-saint-pons-de-mauchiens-neratius-languedoc-aop-2018/





quarta-feira, 7 de junho de 2023

Antodie Viognier 2020

 

Sempre ouvi que os vinhos franceses, para pessoas menos abastadas, como eu, eram de difícil acesso. Sempre ouvi dizer que, por exemplo, os melhores Bordeaux, emblemática região francesa para a produção de vinhos, tinham que custar na faixa dos R$ 200,00!

E com essa afirmação um tanto quanto segmentada eu segui a minha trajetória enófila sem dar muito destaque aos vinhos franceses, temendo comprar aqueles vinhos mais baratos que chegavam em profusão no nosso mercado consumidor.

Fui, confesso, inocente em minha decisão de deixar de lado os franceses por conta dessas declarações segmentadas e exclusivistas, mas, em minha defesa, a desinformação reforçou a minha decisão de desprezar, por um longo tempo, os rótulos franceses.

Mas o tempo ajudou a desmistificar alguns mitos, algumas “máximas intolerantes” que teimam em tornar escuro, com uma neblina, as nossas retinas, as nossas percepções de vinho. Infelizmente o universo do vinho ainda é aristocrático e repleto de visões pré-concebidas.

E com isso, com esses caminhos tortuosos, pelo menos conheci uma região famosa na França que fez com que o sol do esclarecimento iluminasse os nossos caminhos, essa é a região do Languedoc-Roussillon.

Alguns vinhos degustei e gostei por demais! Como uma região pode entregar ótimos e agradáveis vinhos a valores extremamente competitivos? Sim, Languedoc tornou possível degustar bons vinhos franceses a bons preços, valores acessíveis e justos para todos aqueles, independentemente da sua posição social e econômica, que querem imergir no mundo do vinho.

E o vinho que degustei e gostei de hoje, além de ser, claro, do Languedoc-Roussillon, da França, traz alguma novidade para mim, pelo menos, é um branco 100% Viognier. Uma casta que ainda não tenho aquela “litragem”, mas estou ansioso para degustar o Antodie da safra 2020. Mas antes da degustação, vamos de história, vamos de Languedoc-Roussillion e de Viognier.

Languedoc-Roussillon

Languedoc-Roussillon é uma região francesa localizada na costa do país. Ela faz fronteira com a Espanha e é também chamada apenas de Languedoc. Na Idade Média, os povos que ocupavam o território da França atual tinham duas maneiras de dizer "sim": os do Norte diziam "oïl" e os do Sul diziam "oc". Dessa forma, o Norte era conhecido como a terra da Língua do Oïl e, o Sul, a terra da Língua do Oc ("Langue d'Oc"). Esse segundo nome persistiu e o território mediterrâneo entre Perpignan e Montpellier, no sul da França, incluindo Narbonne e Carcassone, é até hoje denominado Languedoc.

Languedoc-Roussillon

Durante séculos essa região ensolarada, voltada em forma de anfiteatro para o Mar Mediterrâneo, dedicou-se à produção de volumes enormes de vinhos de mesa populares e baratos, os quais eram servidos em copos, nos bares, ou em jarras de vidro ("pichés"), nos restaurantes franceses, a preço de banana.

Até recentemente, nos anos 1970 e início dos 1980, o Languedoc ainda produzia, na maior parte, vinhos propostos para o consumo massivo. Do ponto de vista vitivinícola, isso era impulsionado pela facilidade com que a uva Carignan, que não se inclui entre as melhores, é cultivada e amadurece nas planícies quentes do anfiteatro mediterrâneo. Ela ocupava grande área de cultivo e sua utilização não conhecia limites.

O prestígio veio depois, por volta dos anos 1980, quando os produtores elevaram a qualidade, chegando a exemplares de tipos variados, com destaque para tintos frutados e robustos, com excelente relação custo e benefício, o melhor da França.

No entanto, passados mais de trinta anos, poucas regiões vinícolas do mundo são tão excitantes para vinhos tintos robustos e frutados a preços convidativos como o Languedoc. Nesse período, vinicultores pioneiros ajudaram a elevar a qualidade para novos níveis. As uvas Syrah, Grenache e Mourvèdre ocuparam o lugar da Carignan e a procura pela qualidade reduziu a primazia dos vinhos populares.

Um cauteloso processo de subdivisão de Languedoc-Roussillon em terroirs reconhecidamente distintos está em andamento há alguns anos, originando as apelações Clairette du Languedoc, La Clape, Picpoul de Pinet, entre outras. Algumas encontram-se bem estabelecidas, com anos de certificação, outras estão conquistando aos poucos seus espaços perante o mundo do vinho.

As cidades de maior destaque do Languedoc são Nîmes, Montpellier, Sète e Bézier e as do Roussillon são Narbonne, Carcassone, Minervois, Saint-Hilaire e Limoux. Essas duas regiões produzem principalmente vinhos tintos, seguidos dos brancos espumantes, brancos doces, brancos tranquilos secos e rosés.

Tradicionalmente, a Carignan é a uva de destaque, mas atualmente muitas outras têm brilhado. Grenache, Mourvèdre, Syrah, Merlot, Cinsault e Cabernet Sauvignon, entres as tintas. Picpoul, Muscat, Maccabéo, Clairette, Rollet, Bouboulenc, Sauvignon Blanc, Viognier, Marsanne e Chardonnay, entre as brancas.

Por causa da boa adaptação de uma grande diversidade de uvas, há uma produção muito variada por lá. Os tintos Vin de Pays d’Oc são deliciosos e cheios de tipicidade. Os brancos são impressionantes, dos secos aos doces. Sem falar do precioso espumante Crémant de Limoux, de estilo similar ao champanhe.

Com exceção do seu extremo-oeste, que tem alguma influência atlântica, o clima da região é essencialmente mediterrâneo, com chuvas escassas (geralmente caem em temporais localizados) e verões muito quentes. O maior problema para a viticultura é a seca. O Roussillon é a região mais ensolarada da França, com 325 dias de sol no ano e com os ventos quentes que no verão aceleram a maturação das uvas.

O solo da maior parte da região é do tipo aluvial, exceção feita das partes mais ao norte, afastadas do litoral, e mais a oeste, próxima aos Pirineus, onde os vinhedos estão a altitudes maiores e repousam em solos variados como cascalhoso com seixos, xistoso, arenoso e de pedra calcária.

A virada

No período de 1982 a 1993, sub-regiões como Faugères, Minervois e Limoux enquadram-se como Denominação de Origem Controlada. Corbières, o vinhedo mais amplo da França Meridional, corre atrás com tintos apimentados da Grenache.

Como a quantidade - mais que a qualidade - era a premissa para a maioria dos produtores, isso se constituiu em uma virada no mundo dos vinhos franceses. A melhoria começa timidamente com a vinícola Fortant de France, do empreendedor Robert Skalli. Ele desvia-se da tradição local voltando-se para varietais de Cabernet Sauvignon, Viognier e Chardonnay, mas limita-se a enquadrar seus produtos sob a denominação Vin de Pays d'Oc (vinho regional).

Para encontrar os melhores tintos temos que nos voltar para os terrenos mais elevados. Isso significa, principalmente, os Côteaux du Languedoc, que contam, por sua vez, com diversas subregiões na zona de colinas entre a planície costeira e o Maciço Central. Os melhores tintos do Coteaux são cortes com base na Syrah e na Mourvedre. Propriedades emergentes, como os Châteaux la Roque, de Flaugergues e Puydeval despontam internacionalmente e são recomendados nos EUA, em 2003, pela Wine Spectator.

Outras, com nomes pouco divulgados até então como, por exemplo, os Domaines d'Aupilhac, Magellan e St. Martin de la Garrigue recebem tratamento semelhante. Os vinhos de Gerard Bertrand recebem da revista americana pontuações acima de noventa na sua escala de zero a cem.

A descoberta do Languedoc na Califórnia chega a ponto de Robert Mondavi tentar instalar-se com uma vinícola na região na cidade de Aniane. A prefeitura local socialista, entretanto, rechaça essa possibilidade e não autoriza o empreendimento. No local, instala-se a Maison Nicolas.

Futuras gerações

De modo geral, pode-se confiar de forma consistente em que os tintos contemporâneos do Languedoc, Corbières, Coteaux du Languedoc, Fitou etc, são vinhos equilibrados, potentes e que seu frutado não se deixa suplantar por aromas amadeirados. Tendo rompido com o passado, a possibilidade do Languedoc de elaborar vinhos de qualidade ainda mais elevada, reconhecidos internacionalmente, dependerá da dedicação da nova geração de vinhateiros ao se expandir pela diversidade de terroirs da região.

A hedonista Viognier

A Viognier é uma variedade de origem francesa, muito ligada ao Rhône, mas, graças às suas características aromáticas e estruturais, além de ser uma ótima “parceira” de outras castas brancas em blends, espalhou-se por diversas partes do mundo, gerando vinhos excepcionais.

As primeiras menções a ela são de 1781, ligando-a região de Condrieu e também Ampuis, no vale do Rhône, mas uma tese diz que a Viognier foi levada da costa da Dalmácia para a França pelo imperador Probus, e que a variedade veio de Smirnium na Croácia. No entanto, não há evidências históricas de que a casta seja mesmo croata.

Análises de DNA mostram uma relação pai-filho entre Viognier e a casta Mondeuse Blanche e isso a torna uma possível meio-irmão ou até mesmo avó da Syrah, já que elas fazem parte do mesmo grupo ampelográfico, mas especialistas ainda não descobriram a ordem exata dos fatores.

Viognier

A origem do seu nome ainda é um mistério, mas teoricamente derivaria do francês viorne, do gênero botânico “viburnum”, que remete a flores brancas, possivelmente ligado às características aromáticas.

Há cerca de 50 anos, a Viognier estava restrita a poucos lugares, encontrada em cerca de 10 hectares em Condrieu e no Château Grillet somente, e hoje é um fenômeno mundial. A casta é tradicionalmente cultivada em solos mais ácidos, mas também se adapta a regiões mais quentes, por isso tem sido plantada em vários locais do mundo, da Califórnia, ao Uruguai, passando por Austrália, Nova Zelândia, Chile, Alemanha etc.

A Viognier é para quem gosta de parar e sentir o cheiro das flores. Os vinhos variam de sabor, desde mais leves como frutas amarelas, em especial tangerina, manga e pêssegos até aromas mais cremosos de baunilha com especiarias de noz-moscada e cravo-da-índia. Dependendo do produtor e de como o vinho é feito, ele varia em intensidade, de leve e quente com um toque de amargor a ousado e cremoso.

No paladar, os vinhos são geralmente secos, embora alguns produtores façam um estilo levemente doce que embeleze os aromas de pêssego da Viognier. Os estilos mais secos aparecem menos frutados no palato e produzem amargura sutil, quase como se triturássemos uma pétala de rosa fresca. No geral, os vinhos desta casta encontram seu melhor momento depois de 2 ou 3 anos, quando alcançam um estado mais opulento e exótico.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um amarelo tendendo para o dourado, muito brilhante, com algumas lágrimas finas, que logo se dissipa.

No nariz é surpreendentemente aromático e fresco trazendo, em primeiro plano, aromas de frutas de polpa branca e tropicais com destaque para pera, abacaxi, melão, maracujá, lima e pêssego, com uma agradável mineralidade e grama cortada, algo de herbáceo.

Na boca traz notas deliciosas de aspecto seco, com muito frescor, mas com uma incrível estrutura, personalidade, um bom volume, cheio, com alguma untuosidade, mostrando equilíbrio entre corpo e frescor. As frutas entregam protagonismo e leveza, com bela citricidade residual, com uma acidez cativante, vibrante, que saliva, com final persistente.

Languedoc-Roussillon não entrega apenas tipicidade, qualidade e valores justos, acessíveis aos mais variados bolsos, mas traz uma alternativa para que todos indistintamente degustem vinhos franceses a bons preços e de qualidade atestada. E ainda me possibilitou novas experiências com a excelente casta Viognier com toda a sua exuberância aromática e complexidade no paladar. Que venham mais e mais! Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Vignobles & Compagnie:

Em 1963, graças ao espírito de federação dos viticultores, liderado por Paul Blisson, que deu origem a vinícola, originada a promover vinhos da região do Gard, do Vale de Rhône. A adega, um edifício original inspirado pelo brasileiro Oscar Niemeyer, estava e ainda está localizada em um ponto estratégico de Gard.

A família Merlout investe na organização, isso em 1969. À frente da empresa estava uma mulher, Miss Noble, um fato ousado para a época. Em 1972 a vinícola entra em uma nova era graças a modernização do local e ao grande crescimento econômico também.

Em 1990 o Grupo Taillan assumiu todas as atividades da vinícola, dando início a uma parceria importante com vários produtores locais, trazendo o conceito de regionalismo aos seus rótulos.

Mais informações acesse:

https://vignoblescompagnie.com/en/

Referências:

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/regiao/languedoc-roussillon

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=FR14

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/o-vinho-de-languedoc_8053.html

“Revista Sociedade da Mesa”: https://revista.sociedadedamesa.com.br/2021/10/languedoc-roussillon/

“Enologuia”: https://enologuia.com.br/uvas/262-uva-viognier-a-uva-hedonista

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/branca-do-rhone-curiosidades-sobre-casta-viognier_13425.html