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quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Tapada dos Ganhões Reserva 2020

 



Vinho: Tapada dos Ganhões Reserva

Safra: 2020

Casta: Trincadeira, Aragonez e Alicante Bouschet

Região: Alentejo

País: Portugal

Produtor: Monte dos Perdigões

Adquirido: Supermercado Mundial (Niterói, Rio de Janeiro)

Valor: R$ 89,90

Teor Alcoólico: 14%

Estágio: Fermentaram separadamente em lagares de mármore alentejano e depois seguiu em barricas de carvalho novas francesas por 12 meses.

 

Análise:

Visual: revela um rubi intenso, vívido, escuro, com halos granada. É viscoso e se confirma com as lágrimas, finas, lentas e em profusão, que mancham as bordas do copo.

Nariz: aromas complexos de frutas negras maduras, quase que em geleia, em compota, com as notas amadeiradas evidentes, porém bem integradas, que aporta chocolate meio amargo, couro, algo terroso, uma torrefação, uma tosta agradável.

Boca: é macio, elegante e até sedoso, porém se mostra, ainda assim, complexo e com muita personalidade, com as notas frutadas e amadeiradas em perfeito equilíbrio, entregando baunilha, caramelo, café, com o aporte do carvalho. Tem taninos gulosos, marcantes, mas domados, acidez discreta e um final persistente, de retrogosto amadeirado.

 

Produtor:

https://www.montedosperdigoes.pt/pt/







quarta-feira, 15 de maio de 2024

Terras de Estremoz Rosé 2020

 



Vinho: Terras de Estremoz Rosé

Casta: Touriga Nacional, Aragonez e Castelão

Safra: 2020

Região: Alentejo

País: Portugal

Produtor: Encostas de Estremoz

Teor Alcoólico: 12,5%

Adquirido: Wine

Valor: R$ 35,00

Estágio: 2 meses em "sur lie", com suas borras.

 

Análise:

Visual: apresenta um rosado de intensidade salmão, mais intenso com discretas e rápidas lágrimas finas.

Nariz: traz aromas de frutas vermelhas ainda frescas, apesar dos seus quatro anos de garrafa, como framboesa, morango, além de discreta nota floral.

Boca: replica-se as notas frutadas frescas, com média acidez e um bom frescor. É leve e apresenta um amargor no final de boca que o torna um tanto quanto instigante.

 

Produtor:

https://www.segurestates.com/encostas-de-estremoz-portf%C3%B3lio-de-vinhos

 

 

 


segunda-feira, 29 de abril de 2024

Areias do Sado Reserva tinto 2021

 



Vinho: Areias do Sado Reserva

Casta: Castelão (40%), Aragonez (30%) e Touriga Nacional (30%)

Safra: 2021

Região: Península de Setúbal

País: Portugal

Produtor: Adega Cooperativa de Pegões

Teor Alcoólico: 14%

Adquirido: Rede de Supermercados Assaí (Niterói/RJ)

Valor: R$ 35,90

Estágio: 12 meses em barricas de carvalho francês e americano.

 

Análise:

Visual: apresenta um lindo e brilhante rubi intenso, profundo, com lágrimas grossas e lentas e em profusão.

Nariz: a presença do carvalho é notável, dando o aporte, inclusive, da baunilha, do chocolate, do café, da baunilha, mas que está em harmonia com as notas frutadas.

Boca: é redondo e macio, mas se mostra estruturado, com personalidade, cheio, volumoso, com a repetição das notas frutadas e amadeiradas, com taninos firmes, marcados, mas amáveis, com ótima acidez e final persistente.

 

Produtor:

http://cooppegoes.pt/


quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Matiz Plural 2013

 



Vinho: Matiz Plural

Casta: Aragonez, Cabernet Sauvignon, Merlot, Touriga Nacional e Cabernet Franc.

Safra: 2013

Região: Serra do Sudeste

País: Brasil

Produtor: Vinícola Hermann

Teor Alcoólico: 13%

Adquirido: Niterói Vinhos

Valor: R$ 56,90

Estágio: 15 meses em barricas de carvalho.

 

Análise:

Visual: revela um rubi intenso, com o atijolado, o granada em evidência, com uma boa profusão de lágrimas, finas e lentas.

Nariz: traz aromas expressivos e complexos de frutas vermelhas e negras maduras, sentindo ainda as evidentes, mas integradas notas amadeiradas, graças aos longos quinze meses em barricas de carvalho, com toques de baunilha, caramelo, couro, tabaco, defumado e um latente defumado extremamente agradável.

Boca: é elegante, redondo e macio, afinal o tempo lhe permitiu essa condição, mas que goza de boa complexidade. Replicam-se as notas frutadas, como no aspecto olfativo, bem como protagoniza o amadeirado, mas muito bem integrado ao conjunto do vinho, conferindo-lhe a tal complexidade, bem como a tosta, o café torrado e a terra molhada. Os taninos, devido ao tempo, estão com uma textura sedosa, com baixa acidez e um final longo e persistente.

 

Produtor:

http://www.vinicolahermann.com.br/


sábado, 19 de agosto de 2023

Matiz Plural 2013

 

Reza a máxima de que quando gostamos de algo, desejamos sempre repetir e não se enganem, no universo dos vinhos não é diferente! Sempre temos aqueles rótulos que nos permitiu uma grande experiência sensorial que queremos repetir, degustando safra por safra etc.

E o rótulo de hoje é especial cujo produtor eu não conhecia e descobri em um evento realizado por uma loja de vinhos da minha cidade, Niterói. Na realidade eu não conhecia o produtor, mas conheço o enólogo que participou do projeto de concepção dos rótulos: Anselmo Mendes, português conhecido como “O Rei do Alvarinho”.

Tendo essa alcunha já tem dimensão da importância desse projeto que envolve a Vinícola Hermann que vem explorando uma região emergente no Rio Grande do Sul chamada Serra do Sudeste.

Uma soma de fatores mais do que interessante e atraente que, além do vinho propriamente dito, foram preponderantes para uma nova aquisição deste vinho que já degustei e gostei. Falo do Matiz Plural com um inusitado blend de Aragonez, Cabernet Sauvignon, Merlot, Touriga Nacional e Cabernet Franc da safra 2013.

Como disse eu já degustei o mesmo vinho, da mesma safra, há cerca de um ano atrás, cuja resenha pode ser lida aqui e estava maravilhoso, com nove anos de vida, mas pleno, vivo e que certamente poderia descansar por mais alguns anos em garrafa na escuridão da adega.

E a intenção, após a compra desta segunda garrafa, era guarda-lo por mais alguns anos, talvez cinco anos, mas simplesmente a ansiedade falou, praticamente gritou mais alto e o abri com uma década de garrafa, o que também está interessante.

O vinho se mostra também vivo e intenso no nariz e no paladar. Mas não falarei, pelo menos por enquanto, do vinho, mas sim da região da Serra do Sudeste que definitivamente vem ganhando credibilidade entre os especialistas do vinho e enófilos espalhados pelo Brasil.

Serra do Sudeste

Nossa mais famosa região vinícola é, sem dúvida alguma, a Serra Gaúcha, da qual faz parte a primeira área de Indicação de Procedência brasileira, o Vale dos Vinhedos. De dentro para fora, sabemos que o Vale está chegando ao seu limite de plantio.

Como área de procedência certificada, as regras que controlam sua existência são rígidas e hoje sobram poucas terras de qualidade às vinícolas para que plantem suas uvas. Ele não deixa de ser, no entanto, o polo para onde convergem as atrações turísticas e as grandes instalações produtoras das vinícolas, incluindo suas adegas.

Os outros municípios que compõem a região da Serra Gaúcha vêm se desenvolvendo com constância como Garibaldi, Flores da Cunha e Farroupilha. Mas algumas novidades interessantes estão aparecendo em cidades a noroeste de Bento Gonçalves, como Guaporé, na linha Pinheiro Machado e Casca, na direção de Passo Fundo.

Mas tem uma região que, apesar de ter sido descoberta na década de 1970, pode-se considerar que se trata de uma região nova, pois somente a partir dos anos 2000, com investimentos feitos pelas vinícolas da Serra Gaúcha, que o potencial dela foi, de fato, explorado. Essa região é a Serra do Sudeste.

Ela forma uma espécie de ferradura virada para o mar, ligando os municípios de Encruzilhada do Sul e Pinheiro Machado, separados ao meio pelo rio Camaquã, que deságua na Lagoa dos Patos.

Essa região faz divisa com outra importante área vinícola brasileira, a Campanha Gaúcha, dividida entre Campanha Meridional (que começa na cidade de Candiota) e Campanha Oriental, que segue a linha da fronteira com o Uruguai.

Serra do Sudeste

A Serra do Sudeste tem colinas suaves, que facilitam o plantio e a mecanização, tornando-a um terroir mais simples de trabalhar. Aliadas a isso, estão as condições climáticas, mais favoráveis do que no Vale dos Vinhedos.

Essa região tem o menor índice de chuvas do Estado do Rio Grande do Sul, além de noites frias mesmo no verão, justamente a época da maturação das uvas. Essas condições naturais, além de um solo mais pobre e de origem granítica, ajudam a ter maior concentração de cor, estrutura e potencial de envelhecimento dos vinhos.

O Instituto de Pesquisa Agrícola do Rio Grande do Sul mapeou pela primeira vez esta área nos anos 1970, mas é no começo da década de 2000 que as primeiras vinícolas de certa importância começam a plantar vinhedos por aqui, entre os municípios de Encruzilhada do Sul, o principal, Pinheiro Machado e Candiota (mesmo próxima de Bagé Candiota é considerada pelo IBGE como pertencente à Serra do Sudeste e não à Campanha, embora haja controvérsias).

Em grande parte, se trata de uma região vitícola, geralmente as uvas aqui colhidas são conduzidas nas instalações das vinícolas na Serra Gaúcha e lá transformadas em vinho, esta região ainda não possui, e nem pleiteia em curto prazo, o reconhecimento a Denominação de Origem Controlada, quando, e se, isso ocorrer o vinho deverá ser produzido por aqui, já que este é um fator crucial na lei das denominações de origem.

As castas internacionais dominam a viticultura na Serra do Sudeste, tintas e brancas que na Serra Gaúcha podem representar um desafio pelo clima úmido, aqui prosperam com mais facilidade, o índice pluviométrico é alinhado com o estado do Rio Grande do Sul, chove um pouco menos que no Vale dos Vinhedos, mas o que mais importa é que as chuvas são mais bem distribuídas ao longo do ano, raramente coincidindo com o período da colheita das variedades tardias.

A característica dos vinhos daqui é o bom nível de aromas, a sapidez pronunciada por conta da presença do calcário e o perfil gastronômico, boa acidez, taninos enxutos nos tintos e presença mineral nos brancos. Uvas mais cultivadas na região são: Malbec, Cabernet Franc, Merlot, Gewurztraminer, Sauvignon Blanc e Malvasia.

Se é verdade que a Serra do Sudeste não possui o panorama encantador da Serra Gaúcha, é também verdade que seus vinhos representam um patrimônio da vitivinicultura brasileira que merece ser descoberto, e sem demora.


E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um rubi intenso, com o atijolado, o granada em evidência, denunciando uma década de vida, com uma boa profusão de lágrimas, finas e lentas.

No nariz traz aromas expressivos e complexos de frutas vermelhas e negras maduras, sentindo ainda as evidentes, mas integradas notas amadeiradas, graças aos longos quinze meses em barricas de carvalho, com toques de baunilha, caramelo, couro, tabaco, defumado e um latente defumado extremamente agradável.

Na boca é elegante, redondo e macio, afinal o tempo lhe permitiu essa condição, mas que goza de boa complexidade. Replicam-se as notas frutadas, como no aspecto olfativo, bem como protagoniza o amadeirado, mas muito bem integrado ao conjunto do vinho, conferindo-lhe a tal complexidade, bem como a tosta, o café torrado e a terra molhada. Os taninos, devido ao tempo, estão com uma textura sedosa, com baixa acidez e um final longo e persistente.

Um vinho que mesmo com os seus 10 anos de vida ainda estava pleno, vivo e intenso e que poderia evoluir mais e mais. Uma região nova que sem dúvida poderá nos brindar com muita tipicidade, expressividade e qualidade com os seus rótulos. Sim os vinhos brasileiros têm potencial de guarda, têm complexidade, têm relevância e têm a cara do vinho brasileiro, sem cópias e comparações com o Velho Mundo. O Matiz representa a elegância, a complexidade, o arrojo que todo vinho com a sua proposta pode entregar. Foi ótimo repeti-lo sem cair na temível zona de conforto. Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Hermann:

A família Hermann trouxe todo o seu know-how de profundos conhecedores de diversas regiões vinícolas do mundo para a esfera da produção de vinhos, apostando no potencial dos melhores terroirs da região sul do Brasil.

Proprietários de uma das maiores importadoras de vinhos de alta qualidade do país, a Decanter, compraram em 2009 um vinhedo de grande vocação em Pinheiro Machado, na Serra do Sudeste no Rio Grande do Sul, plantado com mudas de alta qualidade por um dos viveiros líderes de Portugal.

A assessoria enológica de um dos mais brilhantes enólogos de Portugal, o renomado “rei do Alvarinho” Anselmo Mendes - “Enólogo do Ano” pela Revista de Vinhos de Portugal em 1997 - ao lado do talentoso enólogo Átila Zavarizze, garante a excelência na transformação das uvas promissoras em grandes vinhos brasileiros, com caráter e tipicidade.

Mais informações acesse:

http://www.vinicolahermann.com.br/

Referências:

“Marco Ferrari Sommelier”: https://www.marcoferrarisommelier.com.br/blog.php?BlogId=33

“Cave BR”: https://www.cavebr.com.br/serra-do-sudeste-1

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/a-nova-fronteira-sul_8619.html

“intelivino”: https://intelivino.com.br/serra-do-sudeste

 

 

 






 


terça-feira, 4 de julho de 2023

Pêra Doce Reserva tinto 2020

 

Não é uma grande novidade dizer que os vinhos da gigante e emblemática Alentejo é a minha preferida em Portugal. Não é novidade dizer também que, quando tive os primeiros contatos com os rótulos portugueses, foi com o Alentejo que a cortina da vitivinicultura lusitana se deu.

O carinho e a predileção não são apenas com a região, com os seus vinhos e tipicidade, com o seu terroir, mas criou-se um vínculo afetivo, até por ter sido os primeiros a inundar as minhas humildes taças.

Evidente que a participação de mercado dos alentejanos no Brasil é grande e a possibilidade de um primeiro contato com esses vinhos é grande, porém, a continuidade das degustações configura-se em predileção, em carinho para com a ensolarada região alentejana.

E o que dizer do caráter de regionalidade? O apelo regional dos seus vinhos é imenso e os produtores parecem fazer questão de evidenciar isso, principalmente pelo fato de ter seus rótulos exportados para todo o mundo. São vinhos locais que ganharam o mundo e não tenha dúvida de que uma condição acarreta na outra.

E o vinho de hoje retrata, além da força da tradição de seu nome, mas também do apelo regional, uma definição clara de um vinho que tem bem definido a essência de sua região, falo do Pêra Doce, do Grupo Parras Wines.

Eu tive a surpresa positiva e a alegria de ter degustado o seu branco de entrada, o Pera Doce branco da safra 2021, que me surpreendeu pelo seu frescor, leveza, mas com alguma personalidade trazendo a acidez gostosa da Arinto e a personalidade da típica alentejana Antão Vaz.

Agora vem a versão tinta e reserva da Pera Doce, um dos mais populares e tradicionais rótulos do Alentejo, com um excepcional custo x benefício. Então as apresentações do vinho que degustei e gostei já foi feita e com alegria! O Pera Doce Reserva, do Alentejo, é feito com as castas Aragonez (40%), Syrah (30%) e Trincadeira (30%) da safra 2020. Vamos de histórias, vamos de Alentejo.

Alentejo

Situado na zona sul de Portugal, o Alentejo é uma região essencialmente plana, com alguns acidentes de relevo, não muito elevados, mas que o influenciam de forma marcante.

Embora seja caracterizada por condições climáticas mediterrânicas, apresenta nessas elevações, microclimas que proporcionam condições ideais ao plantio da vinha e que conferem qualidade às massas vínicas.

As temperaturas médias do ano variam de 15º a 17,5º, observando-se igualmente a existência de grandes amplitudes térmicas e a ocorrência de verões extremamente quentes e secos.

Alentejo

Mas, graças aos raios do sol, a maturação das uvas, principalmente nos meses que antecedem a vindima, sofre um acúmulo perfeito dos açúcares e materiais corantes na película dos bagos, resultando em vinhos equilibrados e com boa estrutura. Os solos caracterizam-se pela sua diversidade, variando entre os graníticos de "Portalegre", os derivados de calcários cristalinos de "Borba", os mediterrânicos pardos e vermelhos de "Évora", "Granja/Amareleja", "Moura", "Redondo", "Reguengos" e "Vidigueira". Todas estas constituem as 8 sub-regiões da DOC "Alentejo".

História (Passado, presente e futuro)

A história do vinho e da vinha no território que é hoje o Alentejo exige uma narrativa longa, com uma presença continuada no tempo e no espaço, uma gesta ininterrupta e profícua que poucos associam ao Alentejo. Uma história que decorreu imersa em enredos tumultuosos, dividida entre períodos de bonança e prosperidade, entrecortados por épocas de cataclismos e atribulações, numa flutuação permanente de vontades, com longos períodos de trevas seguidos por breves ciclos iluministas e vanguardistas.

É uma história faustosa e duradoura, como o comprovam os indícios arqueológicos presentes por todo o Alentejo, testemunhas silenciosas de um passado já distante, evidências materiais da presença ininterrupta da cultura do vinho e da vinha na paisagem tranquila alentejana. Infelizmente, por ora ainda não foi possível determinar com acuidade histórica quando e quem introduziu a cultura da videira no Alentejo.

Mas ainda assim pode-se afirmar que a história do Alentejo anda de mãos dadas com a história de Portugal e da Península Ibérica, ex-hispânicos, assim como, pertencentes a época de civilizações romana, árabe e cristãs. Em muitos lugares no Alentejo encontrar provas da civilização fenícia existente há 3.000 anos.

Fenícios, celtas, romanos, todos eles deixaram um importante legado da era antes de Cristo, na região que é hoje o Alentejo. Uma terra onde a cultura e tradição caminham lado a lado. Os romanos deixaram nesta região o legado mais importante, escritos, mosaicos, cidades em ruínas, monumentos, tudo deixado pelos romanos, mas não devemos esquecer as civilizações mais antigas que passaram pela zona deixando legados como os monumentos megalíticos, como Antas.

Após os romanos e os visigodos, os árabes, chegaram a esta terra com o cheiro a jasmim, antes da reconquista, que chegaram com a construção de inúmeros castelos, alguns deles construídos sobre mesquitas muçulmanas e a construção de muralhas para proteger a cidade e as cidades que foram crescendo. Desde essa altura até hoje, o Alentejo tem continuado o seu crescimento, um crescimento baseado na agricultura, pecuária, pesca, indústria, como a cortiça e desde o último século até aos nossos dias, com o turismo com uma ampla oferta de turismo rural.

Os gregos, cuja presença é denunciada pelas centenas de ânforas catalogadas nos achados arqueológicos do sul de Portugal, sucederam aos fenícios no comércio e exploração dos vinhos do Alentejo. Por esta época, a cultura da vinha no Alentejo, apesar de incipiente, contava já com quase dois séculos de história.

A persistência de uma cultura da vinha e do vinho, desde os tempos da antiguidade clássica, permite presumir, com elevado grau de convicção, que as primeiras variedades introduzidas no território nacional terão arribado a Portugal pelo Alentejo, a partir das variedades mediterrânicas.

É mesmo provável, se atendermos os registros históricos existentes, que a produção alentejana tenha proporcionado a primeira exportação de vinhos portugueses para Roma, a primeira aventura de internacionalização de vinhos portugueses!

A influência romana foi tão peremptória para o desenvolvimento da viticultura alentejana que ainda hoje, dois mil anos após a anexação do território, as marcas da civilização romana continuam a estar patentes nas tarefas do dia-a-dia, visíveis através da utilização de ferramentas do quotidiano, como o Podão, instrumento utilizado intensivamente até a poucos anos. Mas foi no aproveitamento das talhas de barro, prática que os romanos divulgaram e vulgarizaram no Alentejo, que a influência romana deixou as suas marcas mais profundas e até hoje é difundida, dada a devida proporção, por alguns abnegados produtores, e claro, a sua população.

Com a emergência do cristianismo, credo disseminado quase instantaneamente por todo o império romano, e face à obrigatoriedade da presença do vinho na celebração eucarística da nova religião, abriram-se novos mercados e novas apetências para o vinho. A fé católica, ainda que indiretamente, afirmou-se como um fator de desenvolvimento e afirmação da vinha no Alentejo, estimulando o cultivo da videira na região.

Com tantas influências culturais o Alentejo sofreu com algumas crises e a primeira se deu exatamente entre os cristãos e muçulmanos. Embora os mulçumanos tenham se mostrando tolerante com os costumes dos povos conquistados, consentindo na manutenção da cultura da vinha e do vinho, sujeitando-a a duros impostos, mas autorizando a sua subsistência, logo nasceu uma intolerância crescente para com os cristãos e os seus hábitos, manifesta no cumprimento rigoroso e vigoroso das leis do Corão.

Inevitavelmente, a cultura do vinho foi sendo progressivamente negada e a vinha gradualmente abandonada, reprimida pelas autoridades zelosas das regiões ocupadas. Com a invasão muçulmana a vinha sofreu o primeiro revés sério no Alentejo. A longa reconquista cristã da península ibérica, riscada de Norte para Sul, geradora de incertezas e inseguranças, com escaramuças permanentes entre cristãos e muçulmanos, sem definição de fronteiras estáveis, maltratou ainda mais a cultura da vinha, uma espécie agrícola perene que, por forçar à fixação das populações, foi sendo progressivamente abandonada.

Foi só após a fundação do reino lusitano, concorrendo através do poder real e das novas ordens religiosas, que a cultura do vinho regressou com determinação ao Alentejo. Poucos séculos mais tarde, já em pleno século XVI, a vinha florescia como nunca no Alentejo, dando corpo aos ilustres e aclamados vinhos de Évora, aos vinhos de Peramanca, bem como aos brancos de Beja e aos palhetes do Alvito, Viana e Vila de Frades.

Em meados do século XVII, eram os vinhos do Alentejo, a par da Beira e da Estremadura, que gozavam de maior fama e prestígio em Portugal. Desventuradamente foi sol de pouca dura! A crise provocada pela guerra da independência, logo secundada por nova crise despertada pela criação da Real Companhia Geral de Agricultura dos Vinhos do Douro, instituída pelo Marquês de Pombal como justificação para a defesa dos vinhos do Douro em detrimento das restantes regiões, com arranques coercivos de vinhas em muitas regiões, deu matéria para a segunda grande crise do vinho alentejano, mergulhando as vinhas alentejanas no obscurantismo.

A crise foi prolongada. Foi preciso esperar até meados do século XIX para assistir à recuperação da vinha no Alentejo, com a campanha de desbravamento da charneca e a fixação à terra de novas gerações de agricultores. Nasceu então mais uma época dourada para os vinhos do Alentejo, período que infelizmente viria a revelar ser de curta duração. 

O entusiasmo despertou quando se soube que um vinho branco da Vidigueira, da Quinta das Relíquias, apresentado pelo Conde da Ribeira Brava, ganhou a grande medalha de honra na Exposição de Berlim de 1888, a maior distinção do certame, tendo sido igualmente apreciados e valorizados vinhos de Évora, Borba, Redondo e Reguengos.

Pouco anos mais tarde, decorria o ano de 1895, edificou-se a primeira Adega Social de Portugal, em Viana do Alentejo, pelas mãos avisadas de António Isidoro de Sousa, pioneiro do movimento associativo em Portugal. Desafortunadamente, este período de glória viria a terminar abruptamente. Duas décadas passadas, já na primeira metade do século XX, sobreveio um conjunto de acontecimentos políticos, sociais e econômicos que contribuíram decidida e decisivamente para a degradação da viticultura alentejana.

António Isidoro de Sousa

Ao embate da filoxera, somou-se a primeira das duas grandes guerras mundiais, as crises econômicas sucessivas, e, sobretudo, a campanha cerealífera do estado novo que suspendeu e reprimiu a vinha no Alentejo, apadrinhando a cultura de trigo na região que viria a apelidar como "celeiro de Portugal".

A vinha foi sendo sucessivamente desterrada para as bordaduras dos campos, para os terrenos marginais em redor de montes, aldeias e vilas, para as pequenas courelas em redor das povoações, reduzindo o vinho à condição de produção doméstica para autoconsumo. Em poucos anos o vinho no Alentejo, salvo raras exceções, desapareceu enquanto empreendimento empresarial.

Foi sob o patrocínio solene da Junta Nacional do Vinho, já no final da década de 1940, que a viticultura alentejana ganhou a primeira oportunidade de recobro, ainda que de forma titubeante.

O movimento associativo foi preponderante para o ressurgimento da atividade vitícola no Alentejo. Em 1970, sob os auspícios da Comissão de Planeamento da Região Sul, foi anunciado o estudo "Potencialidades das sub-regiões alentejanas", coadjuvado dois anos mais tarde pelo estudo "Caracterização dos vinhos das cooperativas do Alentejo.

 Contribuição para o seu estudo", do professor Francisco Colaço do Rosário, ensaios acadêmicos determinantes para o reconhecimento regional e nacional do potencial do Alentejo. Associando várias instituições ligadas ao setor e tirando proveito das sinergias criadas, o Alentejo conseguiu estabelecer um espírito de cooperação e entreajuda entre os diversos agentes.

Com a criação do PROVA (Projeto de Viticultura do Alentejo), em 1977, foram criadas as condições técnicas para a implementação de um estatuto de qualidade no Alentejo, enquanto a ATEVA (Associação Técnica dos Viticultores do Alentejo), fundada em 1983, foi arquitetada para promover a cultura da vinha nos diferentes terroirs do Alentejo.

Em 1988 regulamentaram-se as primeiras denominações de origem alentejanas, fundamento para o estabelecimento, em 1989, da CVRA (Comissão Vitivinícola Regional Alentejana), garante da certificação e regulamentação dos vinhos do Alentejo.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um vermelho rubi intenso, escuro, com halos granada, com bela profusão de lágrimas finas e letas que desenham as bordas do copo.

No nariz traz aromas de frutas vermelhas bem maduras, como cerejas, amoras e morangos, além de inusitados aromas de frutas letras, lembrando até um Porto, em alguns momentos, com discretos toques de chocolate, talvez pelo curto tempo estagiado em barricas de carvalho, cerca de três meses e toques de baunilha.

Na boca é aveludado, seco, mas com alguma complexidade, personalidade por ter um bom volume de boca, com protagonismo das frutas bem maduras, como no aspecto olfativo, além de taninos presentes, mas domados, acidez ainda vibrante e final de média persistência.

A história sendo revelada a cada dia, a cada safra, a cada rótulo, a cada casta. O terroir traz a tipicidade, o “DNA” da região, a cultura corrobora a vitivinicultura. O Pera Doce é uma reserva de história, é a certeza de que o Alentejo, mesmo diante de modernismos tecnológicos, não faz questão de dissociar-se de suas tradições, de seu passado, de suas influências culturais. O vinho é a poesia engarrafada, mas também a explosão de história. Tem 13,5% de teor alcoólico.

Sobre a Quinta do Gradil (Parras Wines):

A Parras Vinhos de Luís Vieira nasce no ano de 2010, atualmente com sede em Alcobaça, onde também está instalada a unidade de engarrafamento do grupo. Cinco anos depois, com a empresa consolidada e voltada para o mercado internacional, surge a necessidade de se fazer um reposicionamento de marca e “vesti-la” de outra forma, mais atual.

É assim que no início de 2016 aparece a Parras Wines, mais jovem, mais flexível, e numa linguagem universal para que possa ser facilmente compreendida por todos, mesmo os que estão além-fronteiras.

Descendente de um pai e de um avô que sempre trabalharam com vinho, Luís Vieira é o único dono deste projeto. Aos cinco anos caiu num depósito de vinho e quase morreu afogado, não fosse um colaborador do avô na altura, que atualmente é seu, tê-lo salvo. Hoje, recorda com graça esse episódio e diz mesmo que simboliza o seu “batismo nestas andanças do vinho”. A empresa começa então a formar-se com terra própria na Região Vitivinícola de Lisboa, mais exatamente na freguesia do Vilar, Cadaval, com duzentos hectares de propriedade em extensão, sendo que 120 são hoje de vinha plantada.

Na mesma região do país, um bocadinho mais acima, na zona de Óbidos, a Parras Wines é também responsável pela exploração de 20 hectares de vinha que dão origem aos vinhos Casa das Gaeiras. Com sede em Alcobaça, nas antigas instalações de uma fábrica de faianças, deu-se início a uma nova área de negócio – uma Unidade de Engarrafamento de Bebidas, que hoje serve também de sede à Parras Wines e que se chama Goanvi.

Cinco anos mais tarde, em 2010, constitui-se então a Parras Vinhos, hoje Parras Wines. Para além de terra na Região de Lisboa, o grupo começou paralelamente a produzir vinhos de outras regiões do país. Através de parcerias com produtores locais, a empresa consegue assim dar resposta às necessidades globais que iam surgindo do mercado, produzindo vinhos do Douro, Vinhos Verdes, Dão, Lisboa, Tejo, Península de Setúbal e Alentejo.

Mais informações acesse:

https://www.parras.wine/pt/

Referências:

“Clube dos Vinhos Portugueses”: https://www.clubevinhosportugueses.pt/turismo/roteiros/vinhos-da-sub-regiao-da-vidigueira-denominacao-de-origem-alentejo/

“Rota dos Vinhos de Portugal”: http://rotadosvinhosdeportugal.pt/enoturismo/alentejo-2/borba/

“Clube dos Vinhos Portugueses”: https://www.clubevinhosportugueses.pt/turismo/roteiros/vinhos-da-sub-regiao-da-vidigueira-denominacao-de-origem-alentejo/

“Rota dos Vinhos de Portugal”: http://rotadosvinhosdeportugal.pt/enoturismo/alentejo-2/borba/

“Vinhos do Alentejo”: https://www.vinhosdoalentejo.pt/pt/vinhos/historia-dos-vinhos/

 

 

 

 

 

 

 

 

  














Pinta Negra Aragonez (60%) e Castelão (40%) 2016

 

Sou um grande fã dos vinhos da região de Lisboa, da capital de Portugal, isso é fato! Todavia um vinho, em especial, me fez trazer à tona algumas lembranças perdidas. Eu explicarei! Quando no período da transição dos vinhos de mesa para os vinhos de uvas vitivinícolas, aquela transição que todos os simples enófilos nascidos no Brasil fazem, eu não tinha aquela preocupação em ter noção ou conhecimento dos rótulos que degustava, aqueles requintes de detalhes tais como: castas, regiões, passagem ou não por barricas de carvalho etc.

Degustava os vinhos sem ter a preocupação com esses detalhes. Então alguns rótulos, talvez por conta dessa falta de preocupação ou ainda por inexperiência, passavam despercebidos, não adquiria a famosa memória fotográfica ou coisa similar. 

Porém, quando eu assistia a um dos poucos programas de TV direcionados ao mundo vinho, que tem transmissão no Canal Globosat, da TV Globo, chamado “Um Brinde ao Vinho” que dedicou uma temporada as regiões mais emblemáticas de Portugal e, claro que Lisboa estava na rota do programa.

E quando a apresentadora do programa Cecília Aldaz esteve em uma jovem vinícola chamada AdegaMãe mostrando alguns dos seus rótulos e, por um relance, mostrou um rótulo que havia degustado há muito tempo atrás e que tinha caído no esquecimento, me trouxe um lampejo de lembrança, de uma ótima lembrança, pois tinha degustado um rótulo surpreendentemente bom! Falo da linha “Pinta Negra”.

O rótulo em questão, o tinto, era da safra 2015. Então fui a busca de um novo rótulo desta linha para “rememorar” os bons momentos e encontrei a safra 2016 e como foi satisfatório degustar esse vinho novamente.

Pinta Negra 2016

Depois de algum tempo, de forma um tanto quanto inusitada, a caminhar pela rua, parei, por um instante e olhei para o chão e havia um encarte de supermercado e logo reconheci um rótulo: era o Pinta Negra branco! Sim! O Pinta Negra branco, composto por Arinto e Fernão Pires da safra 2019 estava em uma promoção excelente, na faixa dos R$ 29,90! Incrível! Como estava por perto não hesitei, fui ao supermercado e comprei! Que estupendo branco, com certa estrutura para a sua proposta e valor!

Mas eu pensei: Não irei para por aqui neste belo branco, vou continuar a degustar mais rótulos dessa linha da AdegaMãe, afinal, essa sequência de boas degustações não poderia ser coincidência, claro!

E fazendo aquelas compras triviais em um pequeno mercado próximo a minha casa, qual vinho eu vejo nas gôndolas, para minha surpresa? O Pinta Negra tinto! Ah não hesite e comprei! E decidi não demorar muito para degusta-lo e que grata experiência sendo repetida.

O vinho que degustei e gostei veio de Lisboa, Portugal, e se chama Pinta Negra, um rótulo com um blend tipicamente lusitano com as castas Aragonez (60%) e Castelão (40%) da safra 2021. Antes de tecer detalhes do vinho, vamos às histórias de Lisboa.

Lisboa

A costa de Portugal é muito privilegiada para a produção vitivinícola graças à sua posição em relação ao Oceano Atlântico, à incidência de ventos, ao solo e ao relevo que constituem o local. Entre as principais áreas produtoras podemos citar a região dos vinhos de Lisboa, antigamente conhecida como Estremadura, famosa tanto por tintos encorpados como por brancos leves e aromáticos.

Lisboa

Tem mais de 30 hectares de cultivo com mais de 9 mil aptas à produção de Vinho Regional de Lisboa e Vinho com Denominação de Origem Controlada. O nome passou em 2009 para Lisboa de forma a diferenciar da região de mesmo nome na Espanha, também produtora de vinhos.

O litoral da IGP Lisboa corre para o sul de Beiras a partir da capital de Portugal, onde o rio Tejo encontra o Oceano Atlântico. Suas características geográficas proporcionam certa complexidade à região, pois está situada climaticamente em zona de transição dos ventos úmidos e estios, com solo de idades variadas, secos, encostas e maciços montanhosos se contrapõem a várzeas e terras de aluvião.

Ainda sofre influência direta da capital do país localizada em um extremo da região. Uma de suas características determinantes é a grande variedade de solos, como terras de aluvião (sedimentar), calcário secundário, várzeas e maciços montanhosos, muitas vezes misturados. Cada um desses terrenos pode proporcionar às uvas características completamente diferentes.

Lisboa

Esta região possui boas condições para produzir vinhos de qualidade, todavia há cerca de quinze anos atrás a região de Lisboa era essencialmente conhecida por produzir vinho em elevada quantidade e de pouca qualidade. Assim, iniciou-se um processo de reestruturação nas vinhas e adegas.

Provavelmente a reestruturação mais importante realizou-se nas vinhas, uma vez que as novas castas plantadas foram escolhidas em função da sua produção em qualidade e não em quantidade. Hoje, os vinhos da Região de Lisboa são conhecidos pela sua boa relação qualidade/preço.

A região concentrou-se na plantação das mais nobres castas portuguesas e estrangeiras e em 1993 foi criada a categoria “Vinho Regional da Estremadura”, hoje "Vinho Regional Lisboa". A nova categoria incentivou os produtores a estudar as potencialidades de diferentes castas e, neste momento, a maior parte dos vinhos produzidos na região de Lisboa são regionais (a lei de vinhos DOC é muito restritiva na utilização de castas).

Entre as principais uvas cultivadas podemos citar as brancas Arinto, Fernão Pires (ambos naturais de Portugal) e Malvasia, e as tintas, Alicante Bouschet, Castelão, Touriga Nacional e Aragonez (como é chamada a Tempranillo na região).

Acredita-se que a elaboração de vinhos seja uma atividade desde o século 12, quando os monges da Ordem de Cister se estabeleceram na região. Uma de suas principais funções era justamente a produção da bebida para a celebração de missas.

Lisboa DO

A Região de Lisboa é constituída por nove Denominações de Origem: Colares, Carcavelos e Bucelas (na zona sul, próximo de Lisboa), Alenquer, Arruda, Torres Vedras, Lourinhã e Óbidos (no centro da região) e Encostas d’Aire (a norte, junto à região das Beiras).

As regiões de Colares, Carcavelos e Bucelas outrora muito importantes, hoje têm praticamente um interesse histórico. A proximidade da capital e a necessidade de urbanizar terrenos quase levaram à extinção das vinhas nestas Denominações de Origem.

DO Lisboa

A Denominação de Origem de Bucelas apenas produz vinhos brancos e foi demarcada em 1911. Os seus vinhos, essencialmente elaborados a partir da casta Arinto, foram muito apreciados no estrangeiro, especialmente pela corte inglesa. Os vinhos brancos de Bucelas apresentam acidez equilibrada, aromas florais e são capazes de conservar as suas qualidades durante anos.

Colares é uma Denominação de Origem que se situa na zona sul da região de Lisboa. É muito próxima do mar e as suas vinhas são instaladas em solos calcários ou assentes em areia. Os vinhos são essencialmente elaborados a partir da casta Ramisco, todavia a produção desta região raramente atinge as 10 mil garrafas.

A zona central da região de Lisboa (Óbidos, Arruda, Torres Vedras e Alenquer) recebeu a maioria dos investimentos na região: procedeu-se à modernização das vinhas e apostou-se na plantação de novas castas.

Hoje em dia, os melhores vinhos DOC desta zona provêm de castas tintas como, por exemplo, a casta Castelão, a Aragonez (Tinta Roriz), a Touriga Nacional, a Tinta Miúda e a Trincadeira que por vezes são lotadas com a Alicante Bouschet, a Touriga Franca, a Cabernet Sauvignon e a Syrah, entre outras. Os vinhos brancos são normalmente elaborados com as castas Arinto, Fernão Pires, Seara-Nova e Vital, apesar da Chardonnay também ser cultivada em algumas zonas.

A região de Alenquer produz alguns dos mais prestigiados vinhos DOC da região de Lisboa (tintos e brancos). Nesta zona as vinhas são protegidas dos ventos atlânticos, favorecendo a maturação das uvas e a produção de vinhos mais concentrados. Noutras zonas da região de Lisboa, os vinhos tintos são aromáticos, elegantes, ricos em taninos e capazes de envelhecer alguns anos em garrafa. Os vinhos brancos caracterizam-se pela sua frescura e carácter citrino.

A maior Denominação de Origem da região, Encostas d’Aire, foi a última a sofrer as consequências da modernização. Apostou-se na plantação de novas castas como a Baga ou Castelão e castas brancas como Arinto, Malvasia, Fernão Pires, que partilham as terras com outras castas portuguesas e internacionais, como por exemplo, a Chardonnay, Cabernet Sauvignon, Aragonez, Touriga Nacional ou Trincadeira. O perfil dos vinhos começou a alterar-se: ganharam mais cor, corpo e intensidade.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta um rubi vibrante, quase fechado com discretos entornos violáceos, com lágrimas finas, lentas e em média quantidade que desenham o bojo.

No nariz trazem aromas frutados, um mix de frutas vermelhas e pretas, como amora, ameixa, cerejas, morango e groselha. Tem nuances de menta, especiarias, pimenta e ervas.

Na boca é seco, macio, redondo, afinal o clima atlântico, bem como o corte de Aragonez e Castelão traz elegância e suavidade ao vinho, além do protagonismo das notas frutadas, percebidas no aspecto olfativo. Traz taninos amáveis, domados, com acidez equilibrada e um final de média persistência.

O passado revisita o presente e ajuda a construir um futuro na minha vida de enófilo e me faz observar e entender que, além do maravilhoso exercício da análise sensorial, a história do vinho, como seu terroir, sua história, sua região, pode ser sim, sem sombra de dúvida, um aditivo para a construção de sua percepção perante o rótulo. Pinta Negra é um vinho básico, para o dia a dia, mas que entrega muito além da sua proposta, definitivamente sempre será uma grata surpresa. Tem 13,5% de teor alcoólico.

Sobre a AdegaMãe:

A AdegaMãe pertence ao grupo Riberalves, empresa familiar portuguesa, que é a maior produtora de bacalhau do mundo – 30 mil toneladas por ano, o equivalente a 10% de todo o bacalhau pescado no mundo! É uma homenagem da família à sua matriarca, Manuela Alves. Em 2009, investindo na paixão pelo vinho, a família inaugurou a vinícola, que fica próxima da sede da empresa. 

A vinícola fica em Torres Vedras, que faz parte da CVR Lisboa (Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa), antiga Estremadura, zona com grande influência atlântica, devido à proximidade com o oceano, com solos calcários, terroir propício para a produção de vinhos bastante minerais e com acidez marcante.

A AdegaMãe tem um projeto lindíssimo e Diogo, juntamente com Anselmo Mendes, enólogo consultor, entrou desde o começo da concepção da adega, no projeto das vinhas, de forma a definir as melhores variedades para a região, tanto que as vinhas velhas que ali estavam foram arrancadas, pois não eram boas o suficiente para os vinhos que pretendiam fazer. Mas é possível ver a vinha mãe da adega exposta como obra de arte, em uma das paredes da vinícola.

A Norte de Lisboa e a um passo da costa oceânica, a AdegaMãe potencia um terroir fortemente influenciado pelas brisas marítimas predominantes, destacando-se pelos seus vinhos de inspiração atlântica, plenos de carácter, frescos e minerais, premiados a nível nacional e internacional.

Referida pela arquitetura exclusiva, e pela forma como se harmoniza com a fantástica paisagem envolvente, a AdegaMãe foi desenhada de raiz para integrar a melhor experiência de visita, assumindo-se como uma referência no enoturismo da Região de Vinhos de Lisboa.

Mais informações acesse:

https://adegamae.pt/