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domingo, 25 de junho de 2023

Quinta dos Bárrios bruto

 

Quando nos lembramos de espumante é impossível não referenciá-los aos nossos rótulos brasileiros! Inegavelmente os nossos espumantes está em um patamar altíssimo, sem discussões ufanistas.

E além da qualidade, da tipicidade dos nossos espumantes, a melhor harmonização com os espumantes é o nosso clima, quente, tropical, é o clima de calor humano que somente o povo brasileiro possui.

Assim é o espumante brasileiro! Um dos melhores borbulhas do mundo, extremamente solar e descontraído, mesmo que, alguns rótulos, algumas propostas descortinem vinhos complexos e de grande longevidade.

E falo com todo o devido respeito aos nossos “concorrentes”, tais como o Prosecco italiano, os cavas espanhóis, o famosíssimo Champagne etc. Coloco, sem medo de errar, que os nossos espumantes podem figurar entre esses ícones aqui mencionados.

Mas já que falei dos grandes borbulhantes espalhados pelo globo terrestre, hoje, pelo que denuncia, não degustarei um espumante brasileiro, falei deles apenas por uma referência, por serem tão especiais, mas de um espumante lusitano! Sim, um espumante português!

Não podemos nos deixar enganar e pensar que não tenha grandes espumantes produzidos na terrinha, pois tem sim, e os grandiosos vêm da bela e necessária Bairrada, que fica no coração de Portugal.

A terra da casta Baga, que também desfila em protagonismos em alguns espumantes feitos por lá, fazem bebidas borbulhantes extremamente vibrantes, de grande acidez e de marcante personalidade. Lembro-me do meu primeiro espumante bairradino que degustei com sete anos de garrafa, sim, sete anos!

E estava vivo, pleno e intenso em seus aromas e sabores. Falo do Bom Caminho Baga 2013 e que, depois de algum tempo, de um longo tempo, finalmente irei degustar o meu terceiro espumante português, mas dessa vez, oriundo do Beira Atlântico, onde a Região Demarcada da Bairrada está.

Depois me aventurei no meu segundo espumante lusitano, dessa vez da Região do Beira atlântico, onde a Região Demarcada da Bairrada está. Falo do Colinas de Ançã bruto. Mais uma experiência incrível! Esse é da Adega de Cantanhede, vinícola cooperativada muito famosa em nossas terras por trazer rótulos da Bairrada e do Beira Atlântico a preços competitivos.

Agora partirei para o meu terceiro espumante português, também do IG Beira Atlântico, mas da Casa de Sarmento, vinícola que, nos anos 1980 começou como um restaurante especializado em leitão assado, na região bairradina da Mealhada e logo adquiriu terras na própria Bairrada e Alentejo.

O vinho que degustei e gostei veio, como disse, do Beira Atlântico e se chama Quinta dos Barríos bruto (brut) composto pelas castas Maria Gomes, Bical e Chardonnay e não é safrado.

Antes de falar, com requintes de detalhes, do vinho, para não perder o costume falemos um pouco de história e de alguns conceitos que, de alguma forma, pode nos descortinar algumas propostas e percepções do vinho degustado em questão. Falemos do método tradicional e da região do Beira Atlântico.

O método natural do espumante ou champenoise

O método tradicional consiste principalmente em uma dupla fermentação do mosto, a primeira em grandes recipientes, e a segunda em garrafas, dentro das caves ou adegas, fazendo o processo de remuage (rotação das garrafas) regularmente.

A primeira fermentação, chamada fermentação alcoólica, é idêntica à que ocorre com os vinhos comuns, ou seja, os “não efervescentes”, ditos tranquilos. O vinho básico costuma ser vinificado em tanques de concreto, aço inoxidável ou madeira, mas alguns produtores preferem fazer a vinificação em barricas de carvalho (com muitos anos de uso).

No momento de engarrafar, a esse vinho básico, é acrescentado um composto denominado liqueur de tirage, uma solução de vinho adoçado com açúcar (de cana ou beterraba) ou suco de uva concentrado (aproximada 24 g/l de açúcar) e leveduras selecionadas, para iniciar a segunda fermentação.

Esse composto, dentro garrafa, provoca o início da segunda fermentação. É ela que gera as bolhas de dióxido de carbono, fruto da transformação química dos açúcares em álcool mais gás carbônico.

A garrafa então é tapada com uma cápsula metálica parecida com as de cerveja. Contudo, nessa segunda fermentação, ocorre o surgimento de borras que deverão ser retiradas do vinho. Assim, o próximo passo é conduzir o vinho para o período de descanso em garrafa, que pode ser de pouco mais de um ano chegando até 10 anos, ou mais. Normalmente os Champagne safrados, ou millésimes, permanecem mais tempo em garrafa antes de serem lançados ao mercado.

Para retirar as borras, faz-se a remuage. O processo consiste em dispor as garrafas em cavaletes especiais, ditos pupitres, com o gargalo para baixo. A cada dia, as garrafas são giradas em um quarto de volta. Isso tem como objetivo descolar as borras (resíduos) da parede da garrafa e fazê-las descer para o gargalo. Em muitos lugares, essa prática é feita ainda manualmente, enquanto os grandes produtores já o fazem com equipamentos automatizados, como os giropalets.

Finalmente, para retirar o depósito de borra, é realizada a degola (dégorgement, em francês). Para tal, congela-se o gargalo em um preparado de salmoura a 25ºC negativos. Nesse momento, a cápsula é retirada e a borra é expulsa pelo gás sob pressão. A pequena perda de volume de vinho é substituída por uma mistura de vinho e açúcar, chamado licor ou vinho de dosagem, também conhecido, principalmente na França, como liqueur d’expédition.

Normalmente, esse licor é um composto de vinho (de reserva), açúcar e SO2, como antioxidante e antimicrobiano. Sua função, além de recompor o volume da garrafa, é definir o estilo do espumante conforme a concentração de açúcar. Essa quantidade de açúcar presente no licor vai determinar se o espumante de método champenoise será Brut Nature (menos de 3 g/l), Extra-Brut (até 6 g/l), Brut (menos de 12 g/l), Extra-Sec (entre 12 e 17 g/l), Sec (entre 17 e 32 g/l), Demi Sec (entre 32 e 50 g/l) ou Doux (mais de 50 g/l). E há também alguns produtores que não utilizam o licor de expedição.

Nos últimos anos, muitas vinícolas passaram a produzir espumantes do tipo Nature. Essa bebida nobre extrai o sabor mais puro das uvas e do processo de fermentação, criando um resultado surpreendente.

Nature

O Nature passa pelo método tradicional de produção, conhecido como champenoise. Contudo, a diferença é que a categoria não passa pela etapa de correção de sabor – momento em que um licor de expedição, feito a partir do próprio vinho e do açúcar, é adicionado na bebida.

O interessante desse espumante é que ele geralmente vai ter uma qualidade maior de ingredientes. Como não passa pela correção de sabor, é importante que seja feito com perfeição.

Para ganhar o título de Nature, a bebida precisa conter até 3 gramas de açúcar por litro, enquanto o Brut pode conter entre 6 e 15 gramas por litro. Por isso, o sabor do espumante é mais seco. O tempo de maturação do vinho também é maior, o que resulta em um volume de boca considerável. Ou seja: é mais cremoso do que os outros estilos. Normalmente as variedades utilizadas para esse tipo de espumante é a Chardonnay e a Pinot Noir.

Beira Atlântico

A produção de vinho na região remonta ao tempo dos romanos, fazendo disso prova os diversos lagares talhados nas rochas graníticas (lagares antropomórficos), onde na época o vinho era produzido. Já nos reinados de D. João I e de D. João III, respectivamente, foram tomadas medidas de proteção para os vinhos desta área do país, dadas a sua qualidade e importância social e econômica.

A tradição destes vinhos remonta ao reinado de D. Afonso Henriques, que autorizou a plantação das vinhas na região, com a condição de ser dada uma quarta parte do vinho produzido. Estendendo-se desde o Minho ate a Alta Estremadura, e uma região de agricultura predominantemente intensiva e multicultural, de pequena propriedade, aonde a vinha ocupa um lugar de destaque e a qualidade dos seus vinhos justifica o reconhecimento da DOC "Bairrada".

Beira Atlântico

Os solos são de diferentes épocas geológicas, predominando os terrenos pobres que variam de arenosos a argilosos, encontrando-se também, com frequência, franco-arenosos. A vinha e cultivada predominantemente em solos de natureza argilosa e argilo-calcaria. Os Invernos são longos e frescos e os Verões quentes, amenizados por ventos de Oeste e de Noroeste, que com maior frequenta e intensidade se faz sentir nas regiões mais próximas do mar.

A região da Bairrada situa-se entre Agueda e Coimbra, delimitada a Norte pelo rio Vouga, a Sul pelo rio Mondego, a Leste pelas serras do Caramulo e Bucaco e a Oeste pelo oceano Atlântico. E uma região de orografia maioritariamente plana, com vinhas que raramente ultrapassam os 120 metros de altitude, que, devido a sua planura e a proximidade do oceano, goza de um clima temperado por uma fortíssima influencia atlântica, com chuvas abundantes e temperaturas médias comedidas. Os solos dividem-se preponderantemente entre os terrenos argilo-calcários e as longas faixas arenosas, consagrando estilos bem diversos consoantes à predominância de cada elemento.

Integrada numa faixa litoral submetida a uma fortíssima densidade populacional, a propriedade rural encontra-se dividida em milhares de pequenas parcelas, com dimensões medias de exploração que raramente ultrapassam um hectare de vinha, favorecendo a presença de grandes adegas cooperativas e de grandes empresas vinificadoras, a par de um conjunto de produtores engarrafadores que muito dignificam a região.

As fronteiras oficiais da Bairrada foram estabelecidas em 1867, por Antônio Augusto de Aguiar, tendo sido das primeiras regiões nacionais a adoptar e a explorar os vinhos espumantes, uma vez que na região, o clima fresco, úmido e de forte ascendência marítima favorece a sua elaboração, oferecendo uvas de baixa graduação alcoólica e acidez elevada, condição indispensável para a elaboração dos vinhos espumantes.

Integrada numa faixa litoral submetida a uma fortíssima densidade populacional, a propriedade rural encontra-se dividida em milhares de pequenas parcelas, com dimensões medias de exploração que raramente ultrapassam um hectare de vinha, favorecendo a presença de grandes adegas cooperativas e de grandes empresas vinificadoras, a par de um conjunto de produtores engarrafadores que muito dignificam a região.

As fronteiras oficiais da Bairrada foram estabelecidas em 1867, por Antônio Augusto de Aguiar, tendo sido das primeiras regiões nacionais a adoptar e a explorar os vinhos espumantes, uma vez que na região, o clima fresco, úmido e de forte ascendência marítima favorece a sua elaboração, oferecendo uvas de baixa graduação alcoólica e acidez elevada, condição indispensável para a elaboração dos vinhos espumantes.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um lindo amarelo dourado, com reflexos esverdeados, brilhantes, com prolíficas quantidades de perlages bem finas e incríveis manifestações de lágrimas finas e rápidas que desenham grande parte do copo.

No nariz traz abundantes aromas citrinos, de frutas de polpa branca, frutas maduras, como pêssego, pera, toranja, laranja, limão, tangerina e agradáveis notas de panificação, de inusitados tostados, de pão, fermento, além de um delicado floral. O método clássico trouxe complexidade no aroma. Algo de especiarias e mineral são percebidos também.

Na boca é seco, fresco, intenso, de volumosa personalidade, um espumante cheio, untuoso, saboroso, porém leve, frutado e extremamente gastronômico, se mostrando muito versátil e equilibrado, com destaque para a acidez instigante e poderosa, que faz salivar e pedir por comida. Tem um final frutado, longo e de muita persistência.

E mais uma vez, me surpreendo, deliciosamente, com um espumante português! Não é a toa que os melhores espumantes de Portugal estão concentrados na Bairrada e no Beira Atlântico. Com apelo regional que é muito vívido nos rótulos portugueses enalteço também a tipicidade desse espumante que entrega vivacidade, frescor, mas personalidade, notas frutadas, juntamente com uma acidez envolvente, instigante, com um corte delicioso de Maria Gomes, Bical e da francesa Chardonnay, mostrando que os lusitanos produzem bons espumantes. Tem 12,5% de teor alcoólico.

Sobre a Casa de Sarmento:

A história da Casa de Sarmento começa em 1980, no coração da Região Demarcada da Bairrada, com a abertura de um restaurante especializado em leitão assado. Ao longo de 36 anos de dedicação, o restaurante chamado Meta dos Leitões deu origem a uma cadeia de restauração com vários espaços em diversos pontos do país.

A aquisição de duas propriedades no Alentejo, Avis e Castelo de Vide, e uma na região da Bairrada, Mealhada, permite tornar a Casa de Sarmento autossuficiente na produção de vinhos e espumantes, de azeite e na produção agrícola e pecuária.

Atualmente, mais de 80% do que se consome em cada um dos restaurantes passa pela produção própria, garantindo qualidade e segurança desde a origem até à mesa – dos leitões criados nas melhores terras alentejanas aos produtos hortícolas produzidos nas abundantes terras da região da Bairrada.

Para a produção de vinhos e espumantes a Casa de Sarmento apostou em duas frentes, tão distintas como complementares. Vinhas no coração da Região Demarcada da Bairrada e vinhas no Alentejo, na sub-região de Portalegre. Na Bairrada, as vinhas com solos argilo-calcários e o clima influenciado pelo Atlântico são o local perfeito para que as castas Touriga Nacional, Baga, Jean, Merlot e Cabernet Souvignon proporcionem tintas com características especiais e diferenciadas.

Para vinhos brancos frescos e espumantes de eleição se aposta nas castas Bical, Maria Gomes e Chardonnay. No Alentejo, na sub-região Portalegre, em vinhas cuidadosamente tratadas, as castas Aragonês, Trincadeira Preta, Periquita, Alicante Bouschet e Touriga Nacional, permitem criar vinhos com alma e carácter, encorpados e ao mesmo tempo suaves, que tão bem evidenciam as características de um bom vinho Alentejano.

A Herdade da Defesa de Barros, localizada no concelho norte alentejano de Avis, pertenceu à histórica Ordem de Avis, organização de natureza religiosa e militar inicialmente dependente da Ordem espanhola de Calatrava e que em 1211 se autonomizou quando D. Afonso II doou aos freires o lugar de Avis para que aí erguessem um castelo e o povoassem.

O seu primeiro mestre foi Fernão de Anes (1196-1219), a quem se deve a edificação da vila e do castelo e o último, Fernão Rodrigues de Sequeira, que morreu em 1433 e repousa no interior da igreja conventual. A grande personalidade da Ordem seria D. João, Mestre de Avis, filho bastardo de D. Pedro I, elevado ao trono de Portugal por vontade do seu povo após o interregno de 1383-1385. 

O nome da Ordem ficou para sempre ligado à Dinastia de Avis, a mais notável das dinastias portuguesas, a quem se deve toda a estratégia que levou Portugal a optar por uma vocação de expansão atlântica que culminaria nos Grandes Descobrimentos. Os membros da Ordem usavam um manto branco com cordões até aos pés e uma cruz verde rematada com flores de lis, insígnia da Ordem.

Mais informações acesse:

https://www.facebook.com/CasadeSarmento

Referências:

Revista Adega: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/champenoise-tradicional-ou-classico-os-metodos-de-fazer-champagne_11987.html

Gaúcha ZH: https://gauchazh.clicrbs.com.br/destemperados/bebidas/noticia/2017/10/nature-um-espumante-puro-ckboenhcu004dmmslca2k2gtc.html

“IVV”: https://www.ivv.gov.pt/np4/503/




 









segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Marquês de Marialva Colheita Seleccionada branco 2018

 

Diz o ditado popular que “o raio não cai mais de uma vez em outro lugar”. Pois bem, no universo do vinho essa frase, a meu ver, não tem muita validade ou pelo menos não deveria ter, diria pelo menos em doses “homeopáticas” e seguras.

Eu explico esse conjunto de charadas: por que não podemos repetir a degustação de um rótulo, de um rótulo que gostamos que marcasse a nossa vida? Podemos fazer melhor: Acompanhar a evolução de um vinho degustando safra por safra e exercitar a nossa capacidade de análise sensorial e reforçar, ou não, a nossa predileção, o nosso carinho por aquela linha de rótulos ou aquele produtor, nos estimulando a buscar novos vinhos, outras propostas dessa vinícola.

Ah e quando falei das doses “homeopáticas” e seguras é não fazer dessa predileção uma temível zona de conforto, isto é, nos render aos mesmos vinhos, da mesma região, do mesmo produtor, das mesmas castas etc.

Então sem mais delongas o vinho que degustei e gostei é da Bairrada, Portugal, e se chama Marquês de Marialva Colheita Seleccionada da safra 2018 e tem o blend de castas tipicamente regionais, são elas: Bical (40%), Maria-Gomes (40%) e a mais famosa de Portugal, Arinto (20%). O que eu degustei da mesma linha de rótulos foi o Marquês de Marialva Colheita Seleccionada, mas da safra 2016.

Então, antes de falar do vinho, contemos um pouco da história da Bairrada e das regionais castas, as menos conhecidas, Bical e Maria-Gomes.

Bairrada

Localizada na região central de Portugal e se estendendo até o Oceano Atlântico, especificamente entre as cidades de Coimbra e Águeda, a região vinícola da Bairrada – cujo nome é uma referência ao solo argiloso que a compõe – tem clima temperado bastante favorável às vinhas. A Bairrada é uma daquelas regiões portuguesas com grande personalidade. Apesar de sua longa história vínica, a certificação da região é recente. A Denominação de Origem Controlada (DOC Bairrada) para vinhos tintos e brancos é de 1979 e para espumantes de 1991. A Região Demarcada da Bairrada possui também uma Indicação Geográfica: IG Beira Atlântico.

Bairrada

António Augusto de Aguiar estudou os sistemas de produção de vinhos e definiu as fronteiras da região. Em 1867, vinte anos mais tarde, fundou a Escola Prática de Viticultura da Bairrada. Destinada a promover os vinhos da região e melhorar as técnicas de cultivo e produção de vinho.

O primeiro resultado prático da escola foi a criação de vinho espumante em 1890. E foi com os espumantes que a região conquistou o mundo. Frutados, com um toque mineral e boa estrutura esses vinhos tornaram-se referencias e, até hoje, fazem da Bairrada uma das maiores regiões produtoras de espumantes de Portugal. Com o passar do tempo, as criações tintas ganharam espaço.

Muito por conta do que os produtores têm feito com a Baga, casta autóctone da região. O grande responsável pelo fortalecimento internacional da região é o engenheiro Luís Pato. Conhecido como o Mr. Baga, Pato tem um trabalho minucioso sobre as uvas, tudo para conseguir um vinho autêntico com o mínimo de interferência externa. A uva Baga, uma das principais uvas nativas de Portugal, é capaz de oferecer enorme complexidade aos rótulos que compõe.

Demonstrando muita classe e estrutura, a variedade da casta de tintos é única no seu valor e possui um fantástico potencial de envelhecimento, que atua com o vinho na garrafa durante anos após sua fabricação. Além de refinados e inimitáveis, os vinhos produzidos com esta variedade de uva apresentam muita personalidade e distinção. No passado, a Baga era conhecida por ser empregada na produção de vinhos rústicos, excessivamente ácidos e tânicos e de pouca concentração. Porém, após a chegada do genial Luís Pato, conhecido como o “revolucionário da Bairrada” e maior expoente desta variedade, a casta da uva Baga foi “domesticada”.

A localização da DOC Bairrada e suas características de clima e solo fazem dela uma região única. Paralelamente, o plantio das vinhas é feito em lotes descontínuos de pequenas proporções e faz divisa com outras culturas e outros usos de solo. Com isso, seus vinhos são de terroir, ou seja, o local onde a uva é plantada influencia diretamente em suas particularidades. Delimitada a Sul, pelo rio Mondego, a Norte pelo rio Vouga, a Leste pelo oceano Atlântico e a Oeste pelas serras do Buçaco e Caramulo, a região é composta por planalto de baixa altitude.

O solo é predominantemente argilo-calcário, mas há algumas poucas regiões com solos arenosos e de aluvião. O clima é mediterrânico moderado pelo Atlântico. A região recebe forte influência marítima do oceano Atlântico. Os invernos são frescos, longos e chuvosos e os verões são quentes, suavizados pela presença de ventos frequentes nas regiões junto ao mar. A área se beneficia de grande amplitude térmica na época do amadurecimento das uvas. A variação que pode chegar aos 20ºC de diferença entre o dia e a noite.

O Decreto-Lei n.º 70/91 estabeleceu as castas autorizadas e recomendadas para produção de vinhos na DOC Bairrada. A lei descreve as diretrizes para elaboração dos vinhos tintos, rosés, brancos e espumantes. Para a produção de tintos e rosés com o selo DOC Bairrada, as castas recomendadas são Baga (ou Tinta Poeirinha), Castelão, Moreto e Tinta-Pinheira. No conjunto ou separadamente, deverão representar 80% do vinhedo, não podendo a casta Baga representar menos de 50%. As castas autorizadas são Água-Santa, Alfrocheiro, Bastardo, Jaen, Preto-Mortágua e Trincadeira.

Para os vinhos brancos as castas recomendadas são Maria-Gomes (também conhecida como Fernão Pires), Arinto, Bical, Cercial e Rabo-de-Ovelha, no conjunto ou separadamente com um mínimo de 80% do encepamento: e as autorizadas são Cercialinho e Chardonnay. O vinho base para espumantes naturais devem ser elaborados através das castas recomendadas Arinto, Baga, Bical, Cercial, Maria-Gomes e Rabo-de-Ovelha; ou das autorizadas Água-Santa, Alfrocheiro-Preto, Bastardo, Castelão, Cercialinho, Chardonnay, Jean, Moreto, Preto-Mortágua, Tinta-Pinheira e Trincadeira.

Em 2012 foi publicada a Portaria n.º 380/2012, que atualiza a lista de castas permitidas para elaboração dos vinhos DOC Bairrada.  Foi incluída recentemente uma autorização para o cultivo das castas internacionais Cabernet Sauvignon, Syrah, Merlot, Petit Verdot e Pinot Noir e das portuguesas Touriga Nacional, Castelão, Rufete, Camarate, Tinta Barroca, Tinto Cão e Touriga Franca. Vinhos elaborados com castas que não estejam relacionadas no Decreto-Lei, não podem receber o selo de DOC Bairrada e são rotulados com o selo Vinho Regional Beira Atlântico.

Maria-Gomes

Maria Gomes é uma variedade de pele clara conhecida popularmente como uva Fernão Pires. Trata-se de uma variedade aromática e cultivada, principalmente, em Portugal. A versátil uva Maria Gomes é utilizada na elaboração de vinhos brancos secos e serve de base também para vinhos de sobremesa e bons espumantes.

Lima, laranja e raspas de limão são os três aromas mais comuns encontrados nos vinhos Maria Gomes. Em alguns casos, os vinhos apresentam também sabores de mel e bem minerais, com o decorrer do tempo em que vão envelhecendo.

As vinhas da Maria Gomes se adaptam melhor quando são cultivadas em regiões com temperaturas elevadas, principalmente, nas áreas centrais e no sul de Portugal – Bairrada, Lisboa e Ribatejo. Os altos rendimentos dessa variedade necessitam ser controlados pelo produtor, a fim de que seus frutos apresentem complexos aromas e sabores. Além disso, as videiras da Maria Gomes são sensíveis a geadas, sendo inadequada para o cultivo em regiões frias.

A maior parte dos vinhos produzidos a partir da Maria Gomes apresenta excelente complexidade aromática, embora ocorram algumas complicações por parte dos produtores, precisando que alguns cuidados sejam tomados durante a vinificação para que seja produzido um bom vinho.

Os níveis de acidez da uva Maria Gomes podem diminuir consideravelmente no final do crescimento, dando origem a vinhos pouco complexos e “flácidos”, com tendência a serem simples. Apenas os melhores exemplares podem envelhecer por alguns anos na garrafa.

Na maior parte das vezes, os vinhos de Portugal são combinações de duas ou mais uvas, e os vinhos produzidos com a uva Maria Gomes não são exceção. A casta aparece nos rótulos dos exemplares, normalmente, ao lado de outras cepas nativas de Portugal, como a Arinto.

Bical

A Bical é uma uva branca de origem portuguesa utilizada na elaboração de vinhos brancos e espumantes. Cultivada principalmente na região de Beiras, especialmente na Bairrada e no Dão, no centro de Portugal, produz vinhos de elevada acidez, podendo ser aproveitada em blends ou em vinhos varietais.

É caracterizada por sabor frutado e pode apresentar, em anos mais maduros, notas de frutas tropicais. Trata-se de uma casta precoce com elevado teor alcoólico, que apresenta alta resistência à podridão, mas tem como peculiaridade a alta sensibilidade ao oídio.

Também conhecida como Arinto de Alcobaça, Bical de Bairrada, Pintado dos Pardais ou Pintado das Moscas, Barrado das Moscas e Borrado das Moscas, devido à sua aparência nos vinhedos, a uva Bical é, junto com a uva Maria Gomes, é uma das castas mais importantes desta região portuguesa da Bairrada.

Os vinhos elaborados com a casta Bical são bastante macios e muito aromáticos, frescos e de boa estrutura. Respondem muito bem ao envelhecimento em carvalho e ao contato estendido com as borras, resultando em ótimos vinhos. Os melhores exemplares podem maturar por mais de dez anos, adquirindo características próximas a vinhos elaborados com a Riesling. Esta uva também é bastante utilizada em espumantes, muitas vezes misturada com as castas Arinto e Cercial.

Uva bastante precoce, a Bical possui amadurecimento rápido nos vinhedos e pode desenvolver alto teor alcoólico, principalmente se for deixada na videira por um longo período. Quando apresenta acidez acima da média, é utilizada na elaboração de espumantes ou em vinhos de corte com a Arinto.

Na região do Dão ela é conhecida como Borrado das Moscas, pois as uvas maduras nos vinhedos apresentam pequenas manchas castanhas, que lembram muito o desenho de moscas, mas que são apenas sardas na parte externa da fruta. Esta característica faz com que se tenha a impressão de as uvas estarem levemente irregulares.

O consumo dos vinhos elaborados com a uva Bical é indicado em refeições que incluam pratos com peixes e frutos do mar, tais como mariscos com arroz, mexilhões cozidos, peixe branco grelhado com risoto, ou mesmo frango Apricot, entre muitas outras opções.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta um amarelo palha, com tendência para o dourado muito brilhante com a manifestação de lágrimas finas e curtas.

No nariz traz uma explosão aromática de frutas brancas, como maçã verde, pera e frutas cítricas como limão, lima e abacaxi, com um delicado floral, flores brancas.

Na boca é fresco, leve, redondo, mas entrega um bom volume de boca, sendo, em alguns momentos, um vinho untuoso, com uma acidez equilibrada e um final prolongado e marcante.

Um raio cai sim e deve, no mundo dos vinhos, duas vezes ou mais nas nossas taças e fazendo um reboliço nas nossas experiências sensoriais, iluminando os nossos dias com ótimas degustações, transformando-os em verdadeiras celebrações, uma verdadeira ode aos vinhos dessa região emblemática de Portugal que não faz tanto sucesso em terras brasileiras: a Bairrada! Espero acompanhar, seguir junto com a linha Marquês de Marialva Colheita Seleccionada, com seus rótulos brancos, safra após safra, desvendando nuances sensoriais que personificam na mais genuína qualidade que catapulta para o mundo a Bairrada e suas castas de forte apelo regionalista! Que venham mais e mais rótulos! Que os anos não passem em termos de qualidade e que retrate a tipicidade dessa região. Tem 12,5% de teor alcoólico.

Ah aqui cabe uma curiosidade sobre o nome do rótulo:

D. António Luís de Meneses, natural de Cantanhede, foi o 1º Marquês de Marialva, título que recebeu de D. Afonso VI, em reconhecimento da sua valentia ao comando das tropas portuguesas nas batalhas de "Linhas de Elvas" e "Montes Claros" - as mais importantes durante a Guerra da Restauração (1640-1668), quando Portugal recuperou definitivamente a sua independência, após 60 anos de domínio espanhol. Pode-se dizer que a ele se deve o fato de Portugal existir hoje como uma nação independente.

Sobre a Adega Cooperativa de Cantanhede:

A constituição da Adega Cooperativa de Cantanhede acontece no ano de 1954, fruto da vontade de um grupo de viticultores empenhado em criar condições para valorizar e rentabilizar o elevado potencial que já então reconheciam aos vinhos produzidos no terroir de Cantanhede.

Neste concelho, onde a viticultura remonta ao tempo dos romanos, encontramos a principal mancha vitícola da Região Demarcada da Bairrada. Atualmente com cerca de 1400 viticultores associados, representando uma área total de vinha de 2000 Ha, esta adega é o maior produtor da região, representado 25 a 30% da produção.

A sua dimensão e consequente responsabilidade que assume no contexto da região demarcada onde se insere, desde cedo exigiu que o caminho a seguir fosse o de valorizar as castas características da região, apostando na produção de vinhos com maior qualidade.

Inicialmente comercializados exclusivamente a granel, após apenas 9 anos depois da sua fundação e contra todas as correntes do sector cooperativo de então, esta adega inicia, pioneiramente, a venda dos seus vinhos engarrafados procurando uma alternativa para a diferenciação dos vinhos de Cantanhede.

A estratégia adoptada não demorou a dar frutos. Hoje esta adega certifica mais de metade da sua produção com a Denominação de Origem Bairrada, assumindo uma destacada liderança neste segmento e, mais recentemente também nos Vinhos Regional Beiras. Hoje a sua política produtiva assenta num pressuposto basilar que passa por uma forte aposta nas castas portuguesas, particularmente da Bairrada, sua defesa, promoção e divulgação.

Mais informações acesse:

https://www.cantanhede.com/

Referências:

Mistral: https://www.mistral.com.br/regiao/bairrada

Reserva85: https://reserva85.com.br/vinho/indicacao-geografica-ig-denominacao-de-origem-do/regioes-demarcadas-de-portugal/bairrada/

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/maria-gomes

https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/bical 


 




domingo, 31 de outubro de 2021

Marquês de Marialva Colheita Seleccionada branco 2016

 

Por isso que digo e direi sempre: o conhecimento remove montanhas! E no universo do vinho essa máxima pode ser sim aplicada e com grande louvor. Por que falo isso? Tem determinadas regiões importantes na produção vitivinícola mundial que lamentavelmente não chega ao Brasil e não me perguntem o motivo.

Então entram em cena os programas de televisão (poucos, é verdade), as mídias sociais, entre outros meios de comunicação do momento, para nos inundar de informação sobre o universo do vinho, das suas castas, das suas regiões entre outras peculiaridades e que, por algum motivo, não chegam a nossas taças.

E a Bairrada é uma dessas regiões que eu sequer conhecia e que fica em Portugal. Portugal tão conhecido pelo Alentejo, Porto, Douro e a Bairrada eu não conhecia. A conheci por intermédio de um programa chamado “Um Brinde ao Vinho”, apresentado pela sommeliere argentina, mas radicada no Brasil chamada Cecília Aldaz que, em uma temporada de seu programa, explorava as principais regiões lusitanas.

Fiquei completamente encantado com a história e com os vinhos, mesmo sem ter degustado um rótulo sequer. Parecia que já tinha degustado inúmeros rótulos daquela região, tamanha foi a identificação com a mesma.

Quando o programa acabou decidi buscar, pesquisar, garimpar novos rótulos dessa região, mesmo com a dificuldade de se encontrar tais vinhos no Brasil. Acessei a internet, a “revirei” de cabeça para baixo e nada encontrei. Já demonstrava, admito, certa descrença em encontrar um vinho da Bairrada.

Mas em uma de minhas incursões aos supermercados próximos de minha casa, em Niterói, fui, para não perder o costume, a adega do mesmo, apenas para ver se tinha algo interessante, sem muitas pretensões. E não é que eu encontrei e adivinhem quais vinhos lá avistei? Sim! Um vinho da Bairrada!

Eram vinhos de um produtor que eu não conhecia, de um tal de Adega de Cantanhede e a linha de rótulos se chamava Marquês de Marialva. De início comprei o Marquês de Marialva Colheita Seleccionada tinto da safra 2014. Eu adorei o vinho! Mas lá tinha, além do tinto, o branco e o rosé.

Após a degustação do tinto voltei lá para degustar o vinho branco que estava em um preço muito atraente. Depois da bem sucedida degustação do meu primeiro tinto da Bairrada, voltei para comprar o branco.

Não demorei muito para degusta-lo. Estava animado! Desarrolhei o vinho e voilá! Um belíssimo e fresco branco da Bairrada! O meu primeiro! Um vinhaço! Então sem mais delongas o vinho que degustei e gostei é da Bairrada, Portugal, e se chama Marquês de Marialva Colheita Seleccionada da safra 2016 e tem o blend de castas tipicamente regionais, são elas: Bical (40%), Maria-Gomes (40%) e a mais famosa de Portugal, Arinto (20%).

Então falemos um pouco da Bairrada e das regionais castas, as menos conhecidas, Bical e Maria-Gomes.

Bairrada

Localizada na região central de Portugal e se estendendo até o Oceano Atlântico, especificamente entre as cidades de Coimbra e Águeda, a região vinícola da Bairrada – cujo nome é uma referência ao solo argiloso que a compõe – tem clima temperado bastante favorável às vinhas. A Bairrada é uma daquelas regiões portuguesas com grande personalidade. Apesar de sua longa história vínica, a certificação da região é recente. A Denominação de Origem Controlada (DOC Bairrada) para vinhos tintos e brancos é de 1979 e para espumantes de 1991. A Região Demarcada da Bairrada possui também uma Indicação Geográfica: IG Beira Atlântico.

Bairrada

Há registros que desde o século X é elaborado vinhos na região. Em 1867, o cientista António Augusto de Aguiar estudou os sistemas de produção de vinhos e definiu as fronteiras da região. Em 1867, vinte anos mais tarde, fundou a Escola Prática de Viticultura da Bairrada. Destinada a promover os vinhos da região e melhorar as técnicas de cultivo e produção de vinho.

O primeiro resultado prático da escola foi a criação de vinho espumante em 1890. E foi com os espumantes que a região conquistou o mundo. Frutados, com um toque mineral e boa estrutura esses vinhos tornaram-se referencias e, até hoje, fazem da Bairrada uma das maiores regiões produtoras de espumantes de Portugal. Com o passar do tempo, as criações tintas ganharam espaço.

Muito por conta do que os produtores têm feito com a Baga, casta autóctone da região. O grande responsável pelo fortalecimento internacional da região é o engenheiro Luís Pato. Conhecido como o Mr. Baga, Pato tem um trabalho minucioso sobre as uvas, tudo para conseguir um vinho autêntico com o mínimo de interferência externa. A uva Baga, uma das principais uvas nativas de Portugal, é capaz de oferecer enorme complexidade aos rótulos que compõe.

Demonstrando muita classe e estrutura, a variedade da casta de tintos é única no seu valor e possui um fantástico potencial de envelhecimento, que atua com o vinho na garrafa durante anos após sua fabricação. Além de refinados e inimitáveis, os vinhos produzidos com esta variedade de uva apresentam muita personalidade e distinção. No passado, a Baga era conhecida por ser empregada na produção de vinhos rústicos, excessivamente ácidos e tânicos e de pouca concentração. Porém, após a chegada do genial Luís Pato, conhecido como o “revolucionário da Bairrada” e maior expoente desta variedade, a casta da uva Baga foi “domesticada”.

A localização da DOC Bairrada e suas características de clima e solo fazem dela uma região única. Paralelamente, o plantio das vinhas é feito em lotes descontínuos de pequenas proporções e faz divisa com outras culturas e outros usos de solo. Com isso, seus vinhos são de terroir, ou seja, o local onde a uva é plantada influencia diretamente em suas particularidades. Delimitada a Sul, pelo rio Mondego, a Norte pelo rio Vouga, a Leste pelo oceano Atlântico e a Oeste pelas serras do Buçaco e Caramulo, a região é composta por planalto de baixa altitude.

O solo é predominantemente argilo-calcário, mas há algumas poucas regiões com solos arenosos e de aluvião. O clima é mediterrânico moderado pelo Atlântico. A região recebe forte influência marítima do oceano Atlântico. Os invernos são frescos, longos e chuvosos e os verões são quentes, suavizados pela presença de ventos frequentes nas regiões junto ao mar. A área se beneficia de grande amplitude térmica na época do amadurecimento das uvas. A variação que pode chegar aos 20ºC de diferença entre o dia e a noite.

O Decreto-Lei n.º 70/91 estabeleceu as castas castas autorizadas e recomendadas para produção de vinhos na DOC Bairrada. A lei descreve as diretrizes para elaboração dos vinhos tintos, rosés, brancos e espumantes. Para a produção de tintos e rosés com o selo DOC Bairrada, as castas recomendadas são Baga (ou Tinta Poeirinha), Castelão, Moreto e Tinta-Pinheira. No conjunto ou separadamente, deverão representar 80% do vinhedo, não podendo a casta Baga representar menos de 50%. As castas autorizadas são Água-Santa, Alfrocheiro, Bastardo, Jaen, Preto-Mortágua e Trincadeira.

Para os vinhos brancos as castas recomendadas são Maria-Gomes (também conhecida como Fernão Pires), Arinto, Bical, Cercial e Rabo-de-Ovelha, no conjunto ou separadamente com um mínimo de 80% do encepamento: e as autorizadas são Cercialinho e Chardonnay. O vinho base para espumantes naturais devem ser elaborados através das castas recomendadas Arinto, Baga, Bical, Cercial, Maria-Gomes e Rabo-de-Ovelha; ou das autorizadas Água-Santa, Alfrocheiro-Preto, Bastardo, Castelão, Cercialinho, Chardonnay, Jean, Moreto, Preto-Mortágua, Tinta-Pinheira e Trincadeira.

Em 2012 foi publicada a Portaria n.º 380/2012, que atualiza a lista de castas permitidas para elaboração dos vinhos DOC Bairrada.  Foi incluída recentemente uma autorização para o cultivo das castas internacionais Cabernet Sauvignon, Syrah, Merlot, Petit Verdot e Pinot Noir e das portuguesas Touriga Nacional, Castelão, Rufete, Camarate, Tinta Barroca, Tinto Cão e Touriga Franca. Vinhos elaborados com castas que não estejam relacionadas no Decreto-Lei, não podem receber o selo de DOC Bairrada e são rotulados com o selo Vinho Regional Beira Atlântico.

Maria-Gomes

Maria Gomes é uma variedade de pele clara conhecida popularmente como uva Fernão Pires. Trata-se de uma variedade aromática e cultivada, principalmente, em Portugal. A versátil uva Maria Gomes é utilizada na elaboração de vinhos brancos secos e serve de base também para vinhos de sobremesa e bons espumantes.

Lima, laranja e raspas de limão são os três aromas mais comuns encontrados nos vinhos Maria Gomes. Em alguns casos, os vinhos apresentam também sabores de mel e bem minerais, com o decorrer do tempo em que vão envelhecendo.

As vinhas da Maria Gomes se adaptam melhor quando são cultivadas em regiões com temperaturas elevadas, principalmente, nas áreas centrais e no sul de Portugal – Bairrada, Lisboa e Ribatejo. Os altos rendimentos dessa variedade necessitam ser controlados pelo produtor, a fim de que seus frutos apresentem complexos aromas e sabores. Além disso, as videiras da Maria Gomes são sensíveis a geadas, sendo inadequada para o cultivo em regiões frias.

A maior parte dos vinhos produzidos a partir da Maria Gomes apresentam excelente complexidade aromática, embora ocorram algumas complicações por parte dos produtores, precisando que alguns cuidados sejam tomados durante a vinificação para que seja produzido um bom vinho.

Os níveis de acidez da uva Maria Gomes pode diminuir consideravelmente no final do crescimento, dando origem a vinhos pouco complexos e “flácidos”, com tendência a serem simples. Apenas os melhores exemplares podem envelhecer por alguns anos na garrafa.

Na maior parte das vezes, os vinhos de Portugal são combinações de duas ou mais uvas, e os vinhos produzidos com a uva Maria Gomes não são exceção. A casta aparece nos rótulos dos exemplares, normalmente, ao lado de outras cepas nativas de Portugal, como a Arinto.

Bical

A Bical é uma uva branca de origem portuguesa utilizada na elaboração de vinhos brancos e espumantes. Cultivada principalmente na região de Beiras, especialmente na Bairrada e no Dão, no centro de Portugal, produz vinhos de elevada acidez, podendo ser aproveitada em blends ou em vinhos varietais.

É caracterizada por sabor frutado e pode apresentar, em anos mais maduros, notas de frutas tropicais. Trata-se de uma casta precoce com elevado teor alcoólico, que apresenta alta resistência à podridão, mas tem como peculiaridade a alta sensibilidade ao oídio.

Também conhecida como Arinto de Alcobaça, Bical de Bairrada, Pintado dos Pardais ou Pintado das Moscas, Barrado das Moscas e Borrado das Moscas, devido à sua aparência nos vinhedos, a uva Bical é, junto com a uva Maria Gomes, é uma das castas mais importantes desta região portuguesa da Bairrada.

Os vinhos elaborados com a casta Bical são bastante macios e muito aromáticos, frescos e de boa estrutura. Respondem muito bem ao envelhecimento em carvalho e ao contato estendido com as borras, resultando em ótimos vinhos. Os melhores exemplares podem maturar por mais de dez anos, adquirindo características próximas a vinhos elaborados com a Riesling. Esta uva também é bastante utilizada em espumantes, muitas vezes misturada com as castas Arinto e Cercial.

Uva bastante precoce, a Bical possui amadurecimento rápido nos vinhedos e pode desenvolver alto teor alcoólico, principalmente se for deixada na videira por um longo período. Quando apresenta acidez acima da média, é utilizada na elaboração de espumantes ou em vinhos de corte com a Arinto.

Na região do Dão ela é conhecida como Borrado das Moscas, pois as uvas maduras nos vinhedos apresentam pequenas manchas castanhas, que lembram muito o desenho de moscas, mas que são apenas sardas na parte externa da fruta. Esta característica faz com que se tenha a impressão de as uvas estarem levemente irregulares.

O consumo dos vinhos elaborados com a uva Bical é indicado em refeições que incluam pratos com peixes e frutos do mar, tais como mariscos com arroz, mexilhões cozidos, peixe branco grelhado com risoto, ou mesmo frango Apricot, entre muitas outras opções.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um amarelo palha, transparente, com discretos reflexos violáceos e espaças lágrimas finas e rápidas.

No nariz tem a predominância aromática de frutas brancas, delicadas notas de frutas cítricas, nuances tropicais e toque agradável de mineralidade.

Na boca é frutado, fresco, jovial, harmonioso, mas com uma boa presença, um bom volume de boca, que também se deve e muito a boa acidez que traz a sensação de leveza com um final prolongado e duradouro.

Uma maneira muito agradável e linda de descobrir a Bairrada, uma região que precisa e deve ser explorada e que tem e muito a oferecer, entretanto, no Brasil nos esbarramos na escassez de oferta de rótulos e os poucos que temos à disposição e infelizmente em altíssimos valores. Marquês de Marialva, além de ser um rótulo excelente, de um ótimo produtor, a qual atualmente exploro de forma intensa e ávida, entrega valores muito competitivos. Tem 12,5% de teor alcoólico.

Sobre a Adega Cooperativa de Cantanhede:

A constituição da Adega Cooperativa de Cantanhede acontece no ano de 1954, fruto da vontade de um grupo de viticultores empenhado em criar condições para valorizar e rentabilizar o elevado potencial que já então reconheciam aos vinhos produzidos no terroir de Cantanhede.

Neste concelho, onde a viticultura remonta ao tempo dos romanos, encontramos a principal mancha vitícola da Região Demarcada da Bairrada. Atualmente com cerca de 1400 viticultores associados, representando uma área total de vinha de 2000 Ha, esta adega é o maior produtor da região, representado 25 a 30% da produção.

A sua dimensão e consequente responsabilidade que assume no contexto da região demarcada onde se insere, desde cedo exigiu que o caminho a seguir fosse o de valorizar as castas características da região, apostando na produção de vinhos com maior qualidade.

Inicialmente comercializados exclusivamente a granel, após apenas 9 anos depois da sua fundação e contra todas as correntes do sector cooperativo de então, esta adega inicia, pioneiramente, a venda dos seus vinhos engarrafados procurando uma alternativa para a diferenciação dos vinhos de Cantanhede.

A estratégia adoptada não demorou a dar frutos. Hoje esta adega certifica mais de metade da sua produção com a Denominação de Origem Bairrada, assumindo uma destacada liderança neste segmento e, mais recentemente também nos Vinhos Regional Beiras. Hoje a sua política produtiva assenta num pressuposto basilar que passa por uma forte aposta nas castas portuguesas, particularmente da Bairrada, sua defesa, promoção e divulgação.

Mais informações acesse:

https://www.cantanhede.com/

Referências:

Mistral: https://www.mistral.com.br/regiao/bairrada

Reserva85: https://reserva85.com.br/vinho/indicacao-geografica-ig-denominacao-de-origem-do/regioes-demarcadas-de-portugal/bairrada/

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/maria-gomes

https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/bical

Degustado em: 2019

 

 

 

 

 

 




quinta-feira, 20 de maio de 2021

Moinho de Sula Colheita Selecionada branco 2017

Muitos tomam as suas decisões de escolher um vinho mediante um valor baixo, aquele valor atrativo, bem baratinho que nos atrai, nos hipnotiza que compramos sem olhar ou no máximo aquela casta de que apreciamos geralmente aquelas muito famosas e que é fácil encontrar em qualquer ponto de venda, como supermercados ou até em lojas especializadas. E comigo não era diferente, admito, o valor baixo me atraia, aquela casta conhecida que não tinha erro também, mas atualmente não são esses fatores que pesam na escolha de um vinho.

Não sei dizer exatamente o motivo pelo qual o meu “radar” mudou, mas hoje tenho dado um grande valor a escolher determinados vinhos cujas castas são pouco populares ou pouquíssimas conhecidas ou de uma região menos badalada, menos famosa. Diante disso, em tese, o risco de ser ter uma decepção pode ser avassaladora e degustar um vinho que não esperava, afinal como negligenciar um vinho da região de Bordeaux, na França, Alentejo, em Portugal, Serra Gaúcha, no Brasil, por exemplo?

É claro que regiões como essas é quase irrecusável degustar um vinho, são emblemáticas, tradicionais e especiais, mas será que temos de nos render a uma zona de conforto que temos de admitir, ser um sério risco, é rejeitar veementemente as outras regiões ou castas pelo simples fato não conhece-las e sequer abrir a mente para conhece-las?

Como em vários aspectos da vida temos os tabus no universo do vinho, mas eles estão aí para serem quebrados, rompidos, para que possamos nos libertar e buscar novas experiências sensoriais. De um tempo para cá descobri, quase que sem querer, uma região em Portugal chamada Beira Atlântico graças a conhecida e famosa Bairrada que, geograficamente falando, é próxima a primeira região. Degustei o primeiro vinho e gostei, degustei um segundo rótulo e gostei. Pensei: Não é possível, essa região tem algo de especial, vamos buscar, garimpar novos rótulos, novas experiências. E encontrei.

O vinho que degustei e gostei veio, claro, da Região do Beira Atlântico, e se chama Moinho de Sula Colheita Selecionada, um branco composto pelas autóctones castas Bical (40%), Maria-Gomes (40%), mais conhecida como Fernão Pires e a famosa Arinto (20%) da safra 2017. E como falei, de forma entusiasmada da região do Beira Atlântico nada mais justo do que falar um pouco sobre ela, sobre a sua história e um pouco também das castas Bical e Maria-Gomes, Fernão Pires, as menos conhecidas que compõe esse belíssimo blend.

Beira Atlântico

A produção de vinho na região remonta ao tempo dos romanos, fazendo disso prova os diversos lagares talhados nas rochas graníticas (lagares antropomórficos), onde na época o vinho era produzido. Já nos reinados de D. Joao I e de D. Joao III, respectivamente, foram tomadas medidas de proteção para os vinhos desta área do país, dadas a sua qualidade e importância social e econômica.

A tradição destes vinhos remonta ao reinado de D. Afonso Henriques, que autorizou a plantação das vinhas na região, com a condição de ser dada uma quarta parte do vinho produzido. Estendendo-se desde o Minho ate a Alta Estremadura, e uma região de agricultura predominantemente intensiva e multicultural, de pequena propriedade, aonde a vinha ocupa um lugar de destaque e a qualidade dos seus vinhos justifica o reconhecimento da DOC "Bairrada".

Beira Atlântico

Os solos são de diferentes épocas geológicas, predominando os terrenos pobres que variam de arenosos a argilosos, encontrando-se também, com frequência, franco-arenosos. A vinha e cultivada predominantemente em solos de natureza argilosa e argilo-calcaria. Os Invernos são longos e frescos e os Verões quentes, amenizados por ventos de Oeste e de Noroeste, que com maior frequenta e intensidade se faz sentir nas regiões mais próximas do mar.

A região da Bairrada situa-se entre Agueda e Coimbra, delimitada a Norte pelo rio Vouga, a Sul pelo rio Mondego, a Leste pelas serras do Caramulo e Bucaco e a Oeste pelo oceano Atlântico. E uma região de orografia maioritariamente plana, com vinhas que raramente ultrapassam os 120 metros de altitude, que, devido a sua planura e a proximidade do oceano, goza de um clima temperado por uma fortíssima influencia atlântica, com chuvas abundantes e temperaturas médias comedidas. Os solos dividem-se preponderantemente entre os terrenos argilo-calcários e as longas faixas arenosas, consagrando estilos bem diversos consoantes à predominância de cada elemento.

Integrada numa faixa litoral submetida a uma fortíssima densidade populacional, a propriedade rural encontra-se dividida em milhares de pequenas parcelas, com dimensões medias de exploração que raramente ultrapassam um hectare de vinha, favorecendo a presença de grandes adegas cooperativas e de grandes empresas vinificadoras, a par de um conjunto de produtores engarrafadores que muito dignificam a região.

As fronteiras oficiais da Bairrada foram estabelecidas em 1867, por Antônio Augusto de Aguiar, tendo sido das primeiras regiões nacionais a adoptar e a explorar os vinhos espumantes, uma vez que na região, o clima fresco, úmido e de forte ascendência marítima favorece a sua elaboração, oferecendo uvas de baixa graduação alcoólica e acidez elevada, condição indispensável para a elaboração dos vinhos espumantes.

Bical

A Bical é uma uva branca de origem portuguesa utilizada na elaboração de vinhos brancos e espumantes. Cultivada principalmente na região de Beiras, especialmente na Bairrada e no Dão, no centro de Portugal, produz vinhos de elevada acidez, podendo ser aproveitada em blends ou em vinhos varietais. É caracterizada por sabor frutado e pode apresentar, em anos mais maduros, notas de frutas tropicais. Trata-se de uma casta precoce com elevado teor alcoólico, que apresenta alta resistência à podridão, mas tem como peculiaridade a alta sensibilidade ao oídio.

Também conhecida como Arinto de Alcobaça, Bical de Bairrada, Pintado dos Pardais ou Pintado das Moscas, Barrado das Moscas e Borrado das Moscas, devido à sua aparência nos vinhedos, a uva Bical é, junto com a uva Maria Gomes, é uma das castas mais importantes desta região portuguesa da Bairrada. Os vinhos elaborados com a casta Bical são bastante macios e muito aromáticos, frescos e de boa estrutura. Respondem muito bem ao envelhecimento em carvalho e ao contato estendido com as borras, resultando em ótimos vinhos. Os melhores exemplares podem maturar por mais de dez anos, adquirindo características próximas a vinhos elaborados com a Riesling. Esta uva também é bastante utilizada em espumantes, muitas vezes misturada com as castas Arinto e Cercial.

Uva bastante precoce, a Bical possui amadurecimento rápido nos vinhedos e pode desenvolver alto teor alcoólico, principalmente se for deixada na videira por um longo período. Quando apresenta acidez acima da média, é utilizada na elaboração de espumantes ou em vinhos de corte com a Arinto. Na região do Dão ela é conhecida como Borrado das Moscas, pois as uvas maduras nos vinhedos apresentam pequenas manchas castanhas, que lembram muito o desenho de moscas, mas que são apenas sardas na parte externa da fruta. Esta característica faz com que se tenha a impressão de as uvas estarem levemente irregulares.

Maria-Gomes ou Fernão Pires

Maria Gomes é uma variedade de pele clara conhecida popularmente como uva Fernão Pires. Trata-se de uma variedade aromática e cultivada, principalmente, em Portugal. A versátil uva Maria Gomes é utilizada na elaboração de vinhos brancos secos e serve de base também para vinhos de sobremesa e bons espumantes. Lima, laranja e raspas de limão são os três aromas mais comuns encontrados nos vinhos Maria Gomes. Em alguns casos, os vinhos apresentam também sabores de mel e bem minerais, com o decorrer do tempo em que vão envelhecendo.

As vinhas da Maria Gomes se adaptam melhor quando são cultivadas em regiões com temperaturas elevadas, principalmente, nas áreas centrais e no sul de Portugal – Bairrada, Lisboa e Ribatejo. Os altos rendimentos dessa variedade necessitam ser controlados pelo produtor, a fim de que seus frutos apresentem complexos aromas e sabores. Além disso, as videiras da Maria Gomes são sensíveis a geadas, sendo inadequada para o cultivo em regiões frias. A maior parte dos vinhos produzidos a partir da Maria Gomes apresenta excelente complexidade aromática, embora ocorram algumas complicações por parte dos produtores, precisando que alguns cuidados sejam tomados durante a vinificação para que seja produzido um bom vinho.

Os níveis de acidez da uva Maria Gomes podem diminuir consideravelmente no final do crescimento, dando origem a vinhos pouco complexos e “flácidos”, com tendência a serem simples. Apenas os melhores exemplares podem envelhecer por alguns anos na garrafa. Na maior parte das vezes, os vinhos de Portugal são combinações de duas ou mais uvas, e os vinhos produzidos com a uva Maria Gomes não são exceção. A casta aparece nos rótulos dos exemplares, normalmente, ao lado de outras cepas nativas de Portugal, como a Arinto.

E agora finalmente o vinho!

Na taça tem um lindo, reluzente e brilhante amarelo palha com discretas tonalidades esverdeadas.

No nariz explode em aromas frutados, de frutas brancas, como pera, maçã verde, melão com toques citrinos e nuances tropicais que entregam um frescor e leveza incríveis.

Na boca é fresco, leve, jovial, as notas frutadas aparecem com grande destaque sem ser enjoativo, muito harmonioso e equilibrado, com uma acidez correta e um final prolongado, persistente e de retrogosto frutado.

Novas regiões, castas autóctones, apelo regionalista, tradições à flor da pele, novas experiências sensoriais, são todas essas percepções que nos proporciona viagens maravilhosas ao vasto e inexplorado universo do vinho. O Moinho de Sula, diante de sua nobre simplicidade, entrega tudo isso e de forma incondicional e digo isso com toda a certeza, com toda a excitação possível. E mostra que, podemos sim, romper com tabus e paradigmas no conservador mundo do vinho que se esconde no óbvio da zona de conforto que nos impede de degustar novos rótulos, novas castas e novas regiões. Um vinho jovem, fresco, leve, saboroso, mas intenso e expressivo que, com a personalidade de sua simplicidade entrega plenamente o que propõe. Tem 12,5% de teor alcoólico.

Sobre a Adega de Cantanhede:

Fundada em 1954 por um conjunto de 100 viticultores, a Adega de Cantanhede conta hoje com 500 viticultores associados ativos e uma produção anual de 6 a 7 milhões de quilos de uva, constituindo-se como o principal produtor da Região Demarcada da Bairrada, representando cerca de 40% da produção global da região. Hoje certifica cerca de 80% da sua produção, sendo líder destacado nas vendas de vinhos DOC Bairrada DOC e Beira Atlântico IGP.

Reconhecendo a enorme competitividade existente no mercado nacional e internacional, a evolução qualitativa dos seus vinhos é o resultado da mais moderna tecnologia, com foco na qualidade e segurança alimentar (Adega Certificada pela norma ISO 9001:2015, e mais recentemente pela IFS Food 6.1.), mas também da promoção das castas Portuguesas, que sempre guiou a sua estratégia, particularmente das variedades tradicionais da Bairrada – Baga, Bical e Maria Gomes – mas também de outras castas Portuguesas que encontram na Bairrada um Terroir de eleição, como sejam a Touriga Nacional, Aragonez e Arinto, pois acredita que no inequívoco potencial de diferenciação e singularidade que este património confere aos seus vinhos.

O seu portfólio inclui uma ampla gama de produtos. Em tinto, branco e rose os seus vinhos vão desde os vinhos de mesa até vinhos Premium a que acresce uma vasta gama de Espumantes produzidos exclusivamente pelo Método Clássico, bem como Aguardentes e Vinhos Fortificados. É um portfólio que, graças à sua diversidade e versatilidade, é capaz de atender a diferentes segmentos de mercado, com diferentes graus de exigência em qualidade, que resulta na presença dos seus produtos em mais de 20 mercados.

A sua notoriedade enquanto produtor, bem como dos seus vinhos e das suas marcas, vem sendo confirmada e sustentadamente reforçada pelos prémios que vem acumulando no seu palmarés, o que resulta em mais de 750 distinções atribuídas nos mais prestigiados concursos nacionais e internacionais, com destaque para Mundus Vini – Alemanha, Concours Mondial de Bruxelles, Selections Mondiales du Vins - Canada, Effervescents du Monde – França, Berliner Wein Trophy – Alemanha e Japan Wine Challenge. sendo por diversas ocasiões o único produtor da Bairrada com vinhos premiados nesses concursos e, por isso, hoje um dos mais galardoados produtores da região. Em 2015 integrou o TOP 100 dos Melhores Produtores Mundiais, pela WAWWJ – Associação Mundial dos Jornalistas e Críticos de Vinho e Bebidas Espirituosas. Nos últimos 8 anos foi eleita “Melhor Adega Cooperativa” em Portugal por 3 vezes pela imprensa especializada.

Mais informações acesse:

https://www.cantanhede.com/

Referências:

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/bical

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/maria-gomes

“IVV”: https://www.ivv.gov.pt/np4/503/