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sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Clos de los Siete 2020

 



Vinho: Clos de los Siete

Safra: 2020

Casta: Malbec (55%), Merlot (16%), Cabernet Sauvignon (15%), Syrah (9%), Petit Verdot (3%) e Cabernet Franc (2%)

Região: Valle de Uco, Mendoza

País: Argentina

Produtor: Clos de los Siete

Adquirido: Wine

Valor: R$ 89,90

Teor Alcoólico: 14,5%

Estágio: 11 meses em barricas de carvalho: 70% em barricas de carvalho francês (1/3 novas; 1/3 de um ano; 1/3 de dois anos) e 30% em tanques de aço inox.

 

Análise:

Visual: tem um rubi profundo, escuro, intransponível, com viscosidade que tinge a taça, lágrimas densas, lentas e em profusão.

Nariz: traz os aromas prolíficos de frutas pretas maduras, com destaque para amora, um elegante amadeirado muito bem integrado ao vinho, com notas de baunilha, carvalho, leve chocolate, especiarias, algo como pimenta, por exemplo.

Boca: tem estrutura, corpo intenso, persistente, mas sedoso, fácil de degustar, inclusive, com as notas frutadas em evidência, remetendo a frutas passificadas, mas sem residual de açúcar. Os taninos marcados, presentes, mas elegantes, com acidez média, notas de carvalho de forma discreta e um final longo, cheio, que traz algo como chocolate e torrefação.

 

 

Produtor:

https://www.closdelossiete.com/en/


sábado, 30 de novembro de 2024

Chateau Bel-Air Delage 2018

 



Vinho: Chateau Bel-Air Delage

Safra: 2018

Casta: Merlot (50%), Cabernet Sauvignon (25%) e Cabernet Franc (25%)

Região: Bordeaux

País: França

Produtor: Vignobles Delage

Adquirido: Site Sonoma Market

Valor: R$ 67,90

Teor Alcoólico: 14%

 

Análise:

Visual: rubi intenso, escuro, com halos granada, demonstrando boa evolução e já denunciando seus seis anos de garrafa, com lágrimas densas, lentas, viscosas e em profusão.

Nariz: aromas complexos de frutas pretas maduras, além de notas terrosas, de terra molhada, de couro, tabaco, algo de fumo ou charcutaria, com especiarias que entregam cravo, aniz, diria.

Boca: é saboroso, elegante, macio, porém é quente, alcoólico, com presença de boca, persistência, além das frutas maduras, quase que em compota. Os taninos ainda estão presentes, mas domados, a acidez mostra sua vivacidade sugerindo ao vinho mais alguns anos. Tem final longo e envolvente.

 

Produtor:

https://vignoblesdelage.fr/


quarta-feira, 28 de agosto de 2024

Chateau Les Belles Murailles 2018

 



Vinho: Chateau Les Belles Murailles

Safra: 2018

Casta: 70% Merlot, 15% Cabernet Sauvignon, 9% Cabernet Franc, 4.5% Malbec, e 1.5% Petit Verdot

Região: Bordeaux

País: França

Produtor: Chateau Les Belles Murailles/Kressmann

Adquirido: Site Sonoma

Valor: 89,90

Teor Alcoólico: 14%

Estágio: 6 meses em barricas de carvalho.

 

Análise:

Visual: revela um rubi intenso, escuro e fechado, com lágrimas em profusão, sendo elas finas e lentas.

Nariz: traz aromas tímidos, mas perceptíveis em frutas vermelhas e negras maduras, quase em compota, com destaque para amora, ameixa preta e cereja. Discretas notas amadeiradas em total sinergia com a fruta, que entrega baunilha, carvalho, leve tosta, além de especiarias, como pimenta, pimenta preta.

Boca: ele se destaca, sobretudo com as notas frutadas, que replicam a amora, cereja e ameixa preta. É um vinho redondo, elegante, seco, com taninos polidos, porém presentes, com uma ótima e salivante acidez. Tem final longo e persistente.

 

Produtor:

http://www.vins-kressmann.com/


segunda-feira, 12 de agosto de 2024

Punta Negra Reserva Cabernet Franc 2021

 



Vinho: Punta Negra Reserva

Safra: 2021

Casta: Cabernet Franc

Região: Tupungato, Valle de Uco, Mendoza

País: Argentina

Produtor: Belhara Estate

Adquirido: Evino

Valor: R$ 54,90

Teor Alcoólico: 14%

Estágio: 12 meses em barricas de carvalho francês.

 

Análise:

Visual: apresenta um rubi intenso, escuro, viscoso, com lágrimas finas, lentas e em profusão.

Nariz: aromas de frutas vermelhas maduras, com destaque para ameixa, com notas herbais, de especiarias, como pimenta e alcaçuz e baunilha, além de um discreto amadeirado que corrobora complexidade.

Boca: é estruturado, porém macio e elegante, revelando-se muito equilibrado. As notas frutadas também são percebidas no paladar, uma característica da casta. Os taninos são gordos, mas polidos, o carvalho traz baunilha e toques de chocolate e a acidez é alta revelando frescor e vivacidade. Final cheio e de retrogosto frutado.

 

Produtor:


segunda-feira, 3 de junho de 2024

No És Pituko Cabernet Franc 2021

 



Vinho: No És Pituko

Casta: Cabernet Franc

Safra: 2021

Região: Vale do Curicó

País: Chile

Produtor: Viña Echeverría

Teor Alcoólico: 14%

Adquirido: Evino

Valor: R$ 94,90

 

Análise:

Visual: entrega um rubi intenso, escuro e vibrante, com evidente viscosidade e lágrimas finas, densas e coloridas.

Nariz: intenso e complexo, com destaque para as frutas pretas maduras, em compota, geleia, com nuances florais, especiarias como pimenta preta e um toque de terra molhada.

Boca: é macio, redondo, elegante, mas com personalidade e intensidade, com bom volume de boca, frutado, taninos sedosos, acidez salivante, final cheio e persistente com retrogosto frutado.

 

Produtor:


Ensedune Cabernet Franc Rosé 2021

 



Vinho: Ensedune

Casta: Cabernet Franc Rosé

Safra: 2021

Região: Coteaux d’Ensérune, Languedoc-Roussillon

País: França

Produtor: Les Vignobles Foncalieu

Teor Alcoólico: 13,5%

Adquirido: Evino

Valor: R$ 44,90

Estágio: 3 meses em suas borras finas.

 

Análise:

Visual: apresenta um rosa claro brilhante, com discretas e rápidas lágrimas finas.

Nariz: traz aromas delicados e frescos de frutas vermelhas, com destaque para groselha, framboesas, com notas florais que lembra violeta, além de uma mineralidade que impõe, ainda mais, frescor.

Boca: é fresco, leve, saboroso, com alguma personalidade, com as notas frutadas também em destaque, com acidez refrescante e média. Tem final longo e persistente.

 

Produtor:

https://lesvignoblesfoncalieu.com


segunda-feira, 29 de abril de 2024

Chateau Les Gauthiers 2015



Vinho: Chateau Les Gauthiers

Casta: Merlot (80%), Cabernet Sauvignon (10%) e Cabernet Franc (10%)

Safra: 2015

Região: Bordeaux

País: França

Produtor: Vignobles Falxa

Teor Alcoólico: 14%

Adquirido: Sonoma

Valor: R$ 67,90

 

Análise:

Visual: apresenta um rubi com evidentes tons granada, diria atijolados, denotando os seus nove anos de garrafa, com prolíficas quantidades de lágrimas finas e lentas.

Nariz: aromas de frutas vermelhas maduras, algo de frutas secas, com notas terrosas, de couro, além de toques herbáceos, talvez pimenta preta e noz-moscada.

Boca: é macio, elegante, mas ainda com alguma estrutura, entregando suculência, repete-se as notas frutadas, taninos dóceis, acidez média que lhe confere ainda frescor, com final envolvente e persistente.

 

Produtor:

http://www.vignobles-falxa.fr/website/







 

quinta-feira, 21 de março de 2024

Delor Réserve Rouge 2019

 



Vinho: Delor Réserve

Casta: Merlot (65%), Cabernet Sauvignon (33%) e Cabernet Franc (2%)

Safra: 2019

Região: Bordeaux

País: França

Produtor: Maison Delor

Teor Alcoólico: 13,5%

Adquirido: Site Lovino

Valor: R$ 97,80

Estágio: em barricas de carvalho (Não especificado no site do produtor e no rótulo do vinho o tempo em que estagiou em carvalho).

 

Análise:

Visual: apresenta um rubi vivo, intenso, escuro, com relativa viscosidade e lágrimas finas, lentas e em profusão.

Nariz: o ataque inicial é das frutas negras maduras, que logo revela as notas amadeiradas bem integradas ao conjunto do vinho, trazendo complexidade, como couro, tabaco, carvalho e algo lácteo, com toques minerais e florais.

Boca: é delicado, macio, mas tem alguma estrutura que lhe confere equilíbrio e personalidade. As notas frutadas e amadeiradas são perceptíveis, os taninos vivos, marcados, porém dóceis, com uma boa acidez e final longo.

 

Produtor:

Não há portal na internet.


quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Matiz Plural 2013

 



Vinho: Matiz Plural

Casta: Aragonez, Cabernet Sauvignon, Merlot, Touriga Nacional e Cabernet Franc.

Safra: 2013

Região: Serra do Sudeste

País: Brasil

Produtor: Vinícola Hermann

Teor Alcoólico: 13%

Adquirido: Niterói Vinhos

Valor: R$ 56,90

Estágio: 15 meses em barricas de carvalho.

 

Análise:

Visual: revela um rubi intenso, com o atijolado, o granada em evidência, com uma boa profusão de lágrimas, finas e lentas.

Nariz: traz aromas expressivos e complexos de frutas vermelhas e negras maduras, sentindo ainda as evidentes, mas integradas notas amadeiradas, graças aos longos quinze meses em barricas de carvalho, com toques de baunilha, caramelo, couro, tabaco, defumado e um latente defumado extremamente agradável.

Boca: é elegante, redondo e macio, afinal o tempo lhe permitiu essa condição, mas que goza de boa complexidade. Replicam-se as notas frutadas, como no aspecto olfativo, bem como protagoniza o amadeirado, mas muito bem integrado ao conjunto do vinho, conferindo-lhe a tal complexidade, bem como a tosta, o café torrado e a terra molhada. Os taninos, devido ao tempo, estão com uma textura sedosa, com baixa acidez e um final longo e persistente.

 

Produtor:

http://www.vinicolahermann.com.br/


quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Adobe Carmènére 2015

 




Vinho: Adobe

Casta: Carmènére (80%), Syrah (8%), Cabernet Franc (4%) e Merlot (3%)

Safra: 2015

Região: Valle de Colchagua

País: Chile

Produtor: Vinícola Emiliana

Teor Alcoólico: 13,7%

Estágio: 6 meses, sendo 80% em tanques de inox e 20% em barricas de carvalho francês

Adquirido: Supermercado Sam’s Club

Valor: R$ 56,90

 

Análise:

Visual: vermelho intenso, com halos arroxeados e lágrimas finas e em profusão.

Nariz: intenso e frutado, onde se destaca aromas de ameixa e groselha, alguns toques tostados e de cassis.

Boca: redondo e elegante, se mostra fresco e de média estrutura, com toques discretos da madeira, taninos dóceis e acidez destacada. Tem final persistente.

 

Produtor:

https://www.emiliana.cl/pt/


terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Miolo Single Vineyard Cabernet Franc 2020

 




Vinho: Miolo Single Vineyard

Casta: Cabernet Franc

Safra: 2020

Região: Campanha Gaúcha

País: Brasil

Produtor: Miolo

Teor Alcoólico: 14,5%

Estágio: 12 meses em barricas de carvalho.

 

Análise:

Visual: rubi intenso, escuro, fechado, com discretos reflexos violeta, alguma viscosidade, lágrimas grossas, lentas e abundantes.

Nariz: apresenta frutas negras maduras, como ameixa e groselha, além de notas de café, torrefação, baunilha, graças ao aporte do carvalho. Tabaco, couro, terra molhada e um floral são percebidos também.

Boca: tem corpo médio para mais, bom volume de boca, quente, taninos gordos, presentes, mas macios, acidez equilibrada, frutado, amadeirado, mas respeitando o caráter da cepa e um final persistente.

 

Produtor:


Chateau La Chapelle Du Couvent 2020

 



Vinho: Chateau La Chapelle du Covent

Casta: Merlot (65%), Malbec (17%), Cabernet Sauvignon (14%) e Cabernet Franc (4%)

Safra: 2020

Região: Côtes de Bordeaux, Bordeaux

País: França

Produtor: Maison Ginestet

Teor Alcoólico: 14%

 

Análise:

Visual: vermelho vivo, pleno, escuro, viscoso, com lágrimas grossas, lentas e abundantes.

Nariz: aroma rico e envolvente de frutas pretas maduras, com destaque para ameixa, cereja preta, com notas de couro e tabaco e certo frescor.

Boca: tem média estrutura, frutado, equilibrado, elegante, bom volume de boca, harmonioso entre taninos maduros, mas presentes e as frutas maduras, com um final logo e agradável.

 

Produtor:


sábado, 19 de agosto de 2023

Matiz Plural 2013

 

Reza a máxima de que quando gostamos de algo, desejamos sempre repetir e não se enganem, no universo dos vinhos não é diferente! Sempre temos aqueles rótulos que nos permitiu uma grande experiência sensorial que queremos repetir, degustando safra por safra etc.

E o rótulo de hoje é especial cujo produtor eu não conhecia e descobri em um evento realizado por uma loja de vinhos da minha cidade, Niterói. Na realidade eu não conhecia o produtor, mas conheço o enólogo que participou do projeto de concepção dos rótulos: Anselmo Mendes, português conhecido como “O Rei do Alvarinho”.

Tendo essa alcunha já tem dimensão da importância desse projeto que envolve a Vinícola Hermann que vem explorando uma região emergente no Rio Grande do Sul chamada Serra do Sudeste.

Uma soma de fatores mais do que interessante e atraente que, além do vinho propriamente dito, foram preponderantes para uma nova aquisição deste vinho que já degustei e gostei. Falo do Matiz Plural com um inusitado blend de Aragonez, Cabernet Sauvignon, Merlot, Touriga Nacional e Cabernet Franc da safra 2013.

Como disse eu já degustei o mesmo vinho, da mesma safra, há cerca de um ano atrás, cuja resenha pode ser lida aqui e estava maravilhoso, com nove anos de vida, mas pleno, vivo e que certamente poderia descansar por mais alguns anos em garrafa na escuridão da adega.

E a intenção, após a compra desta segunda garrafa, era guarda-lo por mais alguns anos, talvez cinco anos, mas simplesmente a ansiedade falou, praticamente gritou mais alto e o abri com uma década de garrafa, o que também está interessante.

O vinho se mostra também vivo e intenso no nariz e no paladar. Mas não falarei, pelo menos por enquanto, do vinho, mas sim da região da Serra do Sudeste que definitivamente vem ganhando credibilidade entre os especialistas do vinho e enófilos espalhados pelo Brasil.

Serra do Sudeste

Nossa mais famosa região vinícola é, sem dúvida alguma, a Serra Gaúcha, da qual faz parte a primeira área de Indicação de Procedência brasileira, o Vale dos Vinhedos. De dentro para fora, sabemos que o Vale está chegando ao seu limite de plantio.

Como área de procedência certificada, as regras que controlam sua existência são rígidas e hoje sobram poucas terras de qualidade às vinícolas para que plantem suas uvas. Ele não deixa de ser, no entanto, o polo para onde convergem as atrações turísticas e as grandes instalações produtoras das vinícolas, incluindo suas adegas.

Os outros municípios que compõem a região da Serra Gaúcha vêm se desenvolvendo com constância como Garibaldi, Flores da Cunha e Farroupilha. Mas algumas novidades interessantes estão aparecendo em cidades a noroeste de Bento Gonçalves, como Guaporé, na linha Pinheiro Machado e Casca, na direção de Passo Fundo.

Mas tem uma região que, apesar de ter sido descoberta na década de 1970, pode-se considerar que se trata de uma região nova, pois somente a partir dos anos 2000, com investimentos feitos pelas vinícolas da Serra Gaúcha, que o potencial dela foi, de fato, explorado. Essa região é a Serra do Sudeste.

Ela forma uma espécie de ferradura virada para o mar, ligando os municípios de Encruzilhada do Sul e Pinheiro Machado, separados ao meio pelo rio Camaquã, que deságua na Lagoa dos Patos.

Essa região faz divisa com outra importante área vinícola brasileira, a Campanha Gaúcha, dividida entre Campanha Meridional (que começa na cidade de Candiota) e Campanha Oriental, que segue a linha da fronteira com o Uruguai.

Serra do Sudeste

A Serra do Sudeste tem colinas suaves, que facilitam o plantio e a mecanização, tornando-a um terroir mais simples de trabalhar. Aliadas a isso, estão as condições climáticas, mais favoráveis do que no Vale dos Vinhedos.

Essa região tem o menor índice de chuvas do Estado do Rio Grande do Sul, além de noites frias mesmo no verão, justamente a época da maturação das uvas. Essas condições naturais, além de um solo mais pobre e de origem granítica, ajudam a ter maior concentração de cor, estrutura e potencial de envelhecimento dos vinhos.

O Instituto de Pesquisa Agrícola do Rio Grande do Sul mapeou pela primeira vez esta área nos anos 1970, mas é no começo da década de 2000 que as primeiras vinícolas de certa importância começam a plantar vinhedos por aqui, entre os municípios de Encruzilhada do Sul, o principal, Pinheiro Machado e Candiota (mesmo próxima de Bagé Candiota é considerada pelo IBGE como pertencente à Serra do Sudeste e não à Campanha, embora haja controvérsias).

Em grande parte, se trata de uma região vitícola, geralmente as uvas aqui colhidas são conduzidas nas instalações das vinícolas na Serra Gaúcha e lá transformadas em vinho, esta região ainda não possui, e nem pleiteia em curto prazo, o reconhecimento a Denominação de Origem Controlada, quando, e se, isso ocorrer o vinho deverá ser produzido por aqui, já que este é um fator crucial na lei das denominações de origem.

As castas internacionais dominam a viticultura na Serra do Sudeste, tintas e brancas que na Serra Gaúcha podem representar um desafio pelo clima úmido, aqui prosperam com mais facilidade, o índice pluviométrico é alinhado com o estado do Rio Grande do Sul, chove um pouco menos que no Vale dos Vinhedos, mas o que mais importa é que as chuvas são mais bem distribuídas ao longo do ano, raramente coincidindo com o período da colheita das variedades tardias.

A característica dos vinhos daqui é o bom nível de aromas, a sapidez pronunciada por conta da presença do calcário e o perfil gastronômico, boa acidez, taninos enxutos nos tintos e presença mineral nos brancos. Uvas mais cultivadas na região são: Malbec, Cabernet Franc, Merlot, Gewurztraminer, Sauvignon Blanc e Malvasia.

Se é verdade que a Serra do Sudeste não possui o panorama encantador da Serra Gaúcha, é também verdade que seus vinhos representam um patrimônio da vitivinicultura brasileira que merece ser descoberto, e sem demora.


E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um rubi intenso, com o atijolado, o granada em evidência, denunciando uma década de vida, com uma boa profusão de lágrimas, finas e lentas.

No nariz traz aromas expressivos e complexos de frutas vermelhas e negras maduras, sentindo ainda as evidentes, mas integradas notas amadeiradas, graças aos longos quinze meses em barricas de carvalho, com toques de baunilha, caramelo, couro, tabaco, defumado e um latente defumado extremamente agradável.

Na boca é elegante, redondo e macio, afinal o tempo lhe permitiu essa condição, mas que goza de boa complexidade. Replicam-se as notas frutadas, como no aspecto olfativo, bem como protagoniza o amadeirado, mas muito bem integrado ao conjunto do vinho, conferindo-lhe a tal complexidade, bem como a tosta, o café torrado e a terra molhada. Os taninos, devido ao tempo, estão com uma textura sedosa, com baixa acidez e um final longo e persistente.

Um vinho que mesmo com os seus 10 anos de vida ainda estava pleno, vivo e intenso e que poderia evoluir mais e mais. Uma região nova que sem dúvida poderá nos brindar com muita tipicidade, expressividade e qualidade com os seus rótulos. Sim os vinhos brasileiros têm potencial de guarda, têm complexidade, têm relevância e têm a cara do vinho brasileiro, sem cópias e comparações com o Velho Mundo. O Matiz representa a elegância, a complexidade, o arrojo que todo vinho com a sua proposta pode entregar. Foi ótimo repeti-lo sem cair na temível zona de conforto. Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Hermann:

A família Hermann trouxe todo o seu know-how de profundos conhecedores de diversas regiões vinícolas do mundo para a esfera da produção de vinhos, apostando no potencial dos melhores terroirs da região sul do Brasil.

Proprietários de uma das maiores importadoras de vinhos de alta qualidade do país, a Decanter, compraram em 2009 um vinhedo de grande vocação em Pinheiro Machado, na Serra do Sudeste no Rio Grande do Sul, plantado com mudas de alta qualidade por um dos viveiros líderes de Portugal.

A assessoria enológica de um dos mais brilhantes enólogos de Portugal, o renomado “rei do Alvarinho” Anselmo Mendes - “Enólogo do Ano” pela Revista de Vinhos de Portugal em 1997 - ao lado do talentoso enólogo Átila Zavarizze, garante a excelência na transformação das uvas promissoras em grandes vinhos brasileiros, com caráter e tipicidade.

Mais informações acesse:

http://www.vinicolahermann.com.br/

Referências:

“Marco Ferrari Sommelier”: https://www.marcoferrarisommelier.com.br/blog.php?BlogId=33

“Cave BR”: https://www.cavebr.com.br/serra-do-sudeste-1

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/a-nova-fronteira-sul_8619.html

“intelivino”: https://intelivino.com.br/serra-do-sudeste

 

 

 






 


segunda-feira, 1 de maio de 2023

Traversa Rosé Cabernet Franc (50%) e Pinot Noir (50%) 2021

 

Sou réu confesso, admito de forma incondicional que em um passado distante o Uruguai vitivinícola se resumia aos robustos e complexos rótulos da casta Tannat. Evidente que a casta da região francesa do Madiran ganhou fama e respeitabilidade no Uruguai se tornando a casta símbolo, que exporta o país para o mundo.

Mas aos poucos, com o passar dos anos e também com abertura do mercado para os vinhos uruguaios no Brasil percebemos que o Uruguai não é apenas o Tannat. Não mesmo! Tive a oportunidade de degustar alguns bons, ótimos Cabernets Sauvignon, Merlot e por aí o vai.

Evidente que o nosso mercado consome muito o Tannat uruguaio, logo a oferta é para esses vinhos, mas alguns eventos realizados por instituições ligados aos vinhos do Uruguai e também alguns influenciadores digitais do universo do vinho, fizeram com que aquele pequeno país se revelasse.

E revelasse consequentemente a gana de seus produtores por conceberem vinhos de extrema tipicidade, com a cara, o “DNA” desse país. Por mais que eu não deguste, lamentavelmente, tantos rótulos do Uruguai, percebemos, mesmo que por um simples instinto sensorial, um vinho daquelas bandas.

E a primeira, óbvia, região que conheci foi Canelones, a mais emblemática e importante região produtora de vinhos do Uruguai e é aquela que mais produz em volume de vinhos e nem por isso uma região descartável, desprestigiada. Belos vinhos degustei da região!

Mas as minhas descobertas, de novos rótulos e castas “improváveis” se deu por outra região, a capital do país: Montevidéu. Se deu também pela Família Traversa. E que maravilha foi descobri-los! Rótulos de incríveis custo X benefício, extremamente acessíveis aos bolsos e relativamente fáceis de encontrar.

Já degustei alguns de seus rótulos, do Chardonnay ao Tannat, do Merlot ao Sauvignon Blanc e todos são bem interessantes e dessa vez será um rosé! Sim, um rosé! Jamais esperaria degustar um rosé uruguaio.

Então sem mais delongas vamos às apresentações do vinho! O vinho que degustei e gostei veio da região uruguaia de Montevidéu e se chama Traversa, um rosé composto pelas castas Pinot Noir (50%) e Cabernet Franc (50%) da safra 2021. E para não perder o costume vamos de história, vamos de Montevidéu.

Montevidéu

Montevidéu começou seu processo de fundação em 1723. O Governador do Río de la Plata, Bruno Mauricio de Zabala, foi enviado pela coroa espanhola para fundar esta cidade portuária e expulsar aos portugueses, que tinham construído o Fuerte de Montevideu sobre a baia. 

Assim, as primeiras famílias que povoaram “San Felipe y Santiago de Montevideo” foram de origem espanhol, provenientes do grande centro colonial do Río de la Plata: Buenos Aires. Pela sua condição de principal porto do Rio da Prata e Montevidéu teve não teve bom relacionamento com a cidade vizinha.

Montevidéu

Pedro Millán traçou o primeiro plano da cidade em 1726, ano em que começaram a chegar os colonos das Ilhas Canarias. A antiga Ciudadela de Montevidéu (edificada ao longo de uns quarenta anos) apresentava as características típicas das cidades colônias da época: Uma Praça de Armas no centro (Atual Praça Constitución, mais conhecida como Matriz) rodeada pela Igreja (atual Catedral) e o edifício do governo (Cabildo).

A pequena cidade estava rodeada de muralhas das que hoje só ficam o portal de entrada, a simbólica Puerta de la Ciudadela. Em 1807 se produziram as Invasões Inglesas, enfrentadas e vencidas pelos orientais. Este fato deu a Montevidéu o status de “Muy Fiel y Reconquistadora” e a converteu no bastião espanhol do Río de la Plata. Montevidéu se manteve fiel a Espanha durante as Revoluções de Maio de 1810 em Buenos Aires. Durante esse período, a coroa espanhola se instalou em Montevidéu, o que significou o um grande crescimento para a cidade.

O departamento de Montevidéu se estabeleceu em 1816, como a primeira divisão administrativa da Banda Oriental. Ao se declarar o novo Estado Independente em 1828, Montevidéu foi estabelecido como capital, e a partir da “Jura de la Constitución de 1830” começou a se projetar a “Nova Cidade” por fora dos limites da Ciudadela. 

Contudo, a atual Ciudad Vieja foi durante muitas décadas o centro econômico e cultural de Montevidéu. As grandes bandas migratórias da Europa (principalmente espanhóis, mas também italianos, alemães, franceses, húngaros, judeus e ingleses) deram ao Montevidéu de 1900 um ar cosmopolita.

A herança dos escravos africanos trazidos durante a época colonial aportou o caráter multicultural da cidade, que se percebe até hoje. Ao longo do século XX Montevidéu se expandiu sobre a baia para o leste, e também para o norte, com numerosos centros de população afastadas do centro. A emblemática Rambla de Montevidéu, principal cartão postal da cidade, foi construída em 1910. Outros monumentos significativos datam dos anos 20 e 30, como o Palácio Legislativo e o Estádio Centenário.

O Uruguai era originalmente povoado pelos índios Charruas, mas em 1680 os portugueses começaram a se assentar na região; os espanhóis chegaram logo em seguida. As primeiras uvas viníferas foram cultivadas em território uruguaio há mais de 250 anos. A produção de vinhos, entretanto, só começou a ser realizada comercialmente na segunda metade do século XIX. Em 1870, Dom Pascal Harriague introduziu ao Uruguai várias castas de uva em busca de uma que se adaptasse bem ao solo e clima da região.

A Tannat foi a que se saiu melhor na experiência e desde então, por causa do seu sucesso imediato e duradouro no país, ela dá vida ao autêntico vinho uruguaio. Na década de 1970, houve uma renovação na vitivinicultura do Uruguai; novas técnicas de plantio e cultivo, bem como a introdução de novas variedades de uvas, possibilitaram um desenvolvimento substancial à sua indústria de vinhos.

Aliado a tudo isso, a evolução dos vinhos uruguaios aconteceu por causa da paixão dos produtores e apreciadores de lá pela bebida. A maneira artesanal e a relação respeitosa que eles têm com as uvas que cultivam tornaram seus vinhos premiados e bastante reconhecidos no mercado internacional.

Fortemente influenciado pelo Rio da Prata e Oceânico Atlântico, o Uruguai tem as suas principais regiões produtoras de vinhos na costa sul – Maldonado, Canelones e Colônia. Situado entre os paralelos 30 e 35, a exemplo de Chile, Argentina, Austrália e África do Sul, o país tem a possibilidade de elaborar vinhos que possuem a energia do Novo Mundo e o refinamento do Velho Mundo.

É a terra do Tannat, sim, mas há muito mais por descobrir. O Uruguai é comparado com a região de Bordeaux, na França. Seu Rio da Prata é comumente equiparado ao estuário do Gironde. A maior região vitivinícola – Canelones – é dona de 60% da produção total. Fica bem no centro do país, ao sul, muito próxima da capital Montevidéu, que abriga 40% da população local com 3,4 milhões de moradores.

Mapa vinícola do Uruguai com Montevidéu ao sul

As demais regiões produtoras do sul do país ficam a menos de duas horas da capital – à oeste, Colônia (pela Rota 1) e, à leste, Maldonado (pela Rota 9). O Uruguai possui uma rota de vinho especial e aconchegante, coordenada pela Associação de Turismo Enológico do Uruguai, que reúne muitas bodegas familiares, com estrutura e história que fascinam seus visitantes. A rota, batizada de “Os caminhos do vinho” passa por regiões de Montevidéu, Canelones, Maldonado, Colônia e Rivera, cujas paisagens belas e exuberantes são atrativos que complementam sua ótima gastronomia e seus vinhos finos.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um rosado cor salmão, limpo, um tanto quanto atijolado, mas muito brilhante e bonito, com algumas poucas lágrimas finas e rápidas.

No nariz aromas, um tanto quanto tímidos, mas perceptíveis de frutas frescas, com destaque para morango, mamão, maçã-verde, diria também um pêssego, entregando ainda um toque floral que corrobora o seu frescor e também uma mineralidade.

Na boca é saboroso, fresco, jovem, sedoso, elegante e equilibrado, mas goza de alguma personalidade, é cheio em boca. As notas frutadas, evidentes no olfato, se revelam, protagonizam no paladar com destaque para morangos, cerejas frescas, mamão e maçã-verde. Traz belíssima acidez que saliva e um final de média persistência com um discreto dulçor.

A Família Traversa e todos os seus rótulos que vão desde os básicos até o que se chamam de alta gama definitivamente são os melhores que apresentam a relação qualidade X preço do mercado de vinhos! E esta nova versão da linha Traversa que degusto hoje traz tudo o que esperamos de um típico rosé: frescor, muita fruta, leveza e um toque floral agradabilíssimo. A Família Traversa entrega o lado “alternativo” da triste realidade dos valores impraticáveis dos vinhos no Brasil e nos possibilita trafegar, com dignidade, neste vasto e impecável universo. Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Família Traversa:

Esta empresa com as suas vastas vinhas e fábricas de processamento de vinho, conta com a presença constante da Família Traversa. Sessenta anos de muito trabalho e três gerações que sustentam a qualidade dos seus vinhos.

Cada novo plantio e manutenção, processamento, embalagem e distribuição de vinho, marketing e atendimento ao cliente são sempre supervisionados por um membro da família. Assim eles são e ambicionam o conceito de qualidade e este é o resultado do trabalho da vinícola. A história desta família é o legado de bondade e esperança que está nas vinhas e há três gerações.

Em 1904, Carlos Domingo Traversa veio para o Uruguai com seus pais. Filho de imigrantes italianos, foi em sua juventude peão rural em fazendas de vinhedos, e em 1937 com sua esposa, Maria Josefa Salort, conseguiu comprar 5 hectares de terras em Montevidéu.

Suas primeiras plantações de uvas de morango e moscatel foram em pequena escala. Em 1956 fundou a adega com os seus filhos, Dante, Luis e Armando, que hoje com os seus netos têm muito orgulho de continuar o seu sonho.

A atitude constante de crescimento contínuo, com dedicação e desenvolvimento levou e ainda leva a vinícola a ser um exemplo em todo o Uruguai. Em mais de 240 hectares próprios, além de vinhedos de produtores cujas safras são controladas diretamente pela empresa, obtendo assim uma grande harmonia com os vinhos e as próprias uvas. As variedades plantadas são: Tannat, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay e Sauvignon Blanc.

As uvas são processadas com maquinários e instalações da mais alta tecnologia. Inicia-se com um rígido controle de produção, colheita no momento ideal, plantio de leveduras selecionadas, controle de fermentação, aplicação a frio no processo de elaboração, clarificações e degustação dos vinhos para definir diferentes categorias de qualidade. Daí passa-se a armazenar em grandes recipientes de grande tecnologia, como inox, tanques térmicos, ou em barricas de carvalho americano e francês.

Mais informações acesse:

http://grupotraversa.com.uy/en/

Referências:

“Uruguai.org”: http://www.uruguai.org/a-historia-de-montevideu/

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/uruguai-natural_9771.html