Casta: Cabernet Franc (40%),
Malbec (30%) e Tannat (30%)
Região: Alto Feliz, Serra
Gaúcha
País: Brasil
Produtor: Don Guerino
Adquirido: Revendedor oficial
da vinícola
Valor: R$ 100,00
Teor Alcoólico: 14,1%
Estágio: 12 meses em ovos de cimento.
Análise:
Visual: revela um lindo e
envolvente rubi intenso, vívido, fechado, com toques violáceos, um roxo
intenso, cheio de vida, com viscosidade que mancha as bordas do copo, com
lágrimas em profusão, sendo finas e lentas.
Nariz: aromas abundantes de
frutas vermelhas e negras frescas, com destaque para amoras, ameixas,
groselhas, figos, com toques florais que intensificam jovialidade e frescor.
Toques de especiarias são percebidos, com um fundo vegetal, herbáceo.
Boca: traz equilíbrio, pois
entrega maciez e elegância, com personalidade e persistência. As notas frutadas
corroboram a essência e proposta do vinho, porque entregam tipicidade. Os taninos
são firmes, diria presentes, mas redondos, com uma acidez instigante, salivantes,
gostosa, que faz do vinho fresco e saboroso. O final é longo.
Casta: Merlot (50%), Cabernet
Sauvignon (40%) e Cabernet Franc (10%)
Região:Entre-Deux-Mers,
Bordeaux
País: França
Produtor: Vignobles Maubrac
Guerín
Adquirido: Site World Wine
Valor: R$ 99,00
Teor Alcoólico: 13,5%
Análise:
Visual: revela um rubi
intenso, escuro, com halos granada, um pouco atijolado, denotando discreta
evolução. Tem lágrimas grossas e lentas, em profusão.
Nariz: aromas de frutas
vermelhas e negras frescas, com destaque para amora, ameixas, cerejas. Notas de
especiarias, algo herbáceo, de ervas finas e pimenta preta. Traz também toques
de couro, de fazenda e até mesmo uma inusitada mineralidade.
Boca: paladar macio e festivo,
fácil de degustar, embora traga persistência e razoável volume de boca. A fruta
aparece também, como no aspecto olfativo, ganhando destaque e corroborando o
frescor. Os taninos são marcados, diria maduros, com toques especiados, acidez
média e um final longo e cheio.
Estágio: 12 meses em barricas
de carvalho francês.
Análise:
Visual: apresenta um rubi
intenso, fechado, com alguma viscosidade e halos granada. Tem ainda lágrimas
finas e em profusão que, lentas, desenham as bordas do copo.
Nariz: no primeiro ataque traz
aromas frutados, muita fruta preta madura, quase que em compota, logo depois,
em outra camada, sente-se as notas amadeiradas, com toques de chocolate meio
amargo, baunilha, além de algo lácteo também.
Boca: tem estrutura, a
potência e a fruta, conferidas pela Malbec, ganha destaque em um paladar amplo,
complexo e persistente. Um vinho com belo volume de boca, garantido também
pelas notas amadeiradas, com o aporte de caramelo, baunilha, chocolate, couro e
charcutaria. Os taninos são gulosos e a acidez correta. Final longo.
Estágio: 12 meses em barricas
de carvalho francês.
Análise:
Visual: revela um lindo e
brilhante rubi intenso, escuro, com reflexos violáceos. Viscoso, tem lágrimas
grossas, lentas e que mancham as bordas do copo.
Nariz: aromas abundantes de
frutas vermelhas maduras, com notas florais, algo que remete a rosas esmagadas,
te traz um frescor agradável. Logo vem a camada amadeirada que, bem integrada,
aporta toques de baunilha, cedro, leve tosta, especiarias doces, ervas finas.
Boca: é macio, saboroso, seco.
Tem um bom volume de boca, é cheio. As frutas vermelhas maduras, com destaque
para framboesa e cereja, também é destaque, como no aspecto olfativo. O
carvalho traz a baunilha, o equilíbrio, um vinho redondo, cacau, caramelo. Os
taninos são elegantes, a acidez vibrante, gostosa e um final longo,
persistente.
Casta: Malbec (55%), Merlot (16%),
Cabernet Sauvignon (15%), Syrah (9%), Petit Verdot (3%) e Cabernet Franc (2%)
Região:Valle
de Uco, Mendoza
País: Argentina
Produtor: Clos de los Siete
Adquirido: Wine
Valor: R$ 89,90
Teor Alcoólico: 14,5%
Estágio: 11 meses em barricas
de carvalho: 70% em barricas de carvalho francês (1/3 novas; 1/3 de um ano; 1/3
de dois anos) e 30% em tanques de aço inox.
Análise:
Visual: tem um rubi profundo,
escuro, intransponível, com viscosidade que tinge a taça, lágrimas densas,
lentas e em profusão.
Nariz: traz os aromas
prolíficos de frutas pretas maduras, com destaque para amora, um elegante
amadeirado muito bem integrado ao vinho, com notas de baunilha, carvalho, leve
chocolate, especiarias, algo como pimenta, por exemplo.
Boca: tem estrutura, corpo
intenso, persistente, mas sedoso, fácil de degustar, inclusive, com as notas
frutadas em evidência, remetendo a frutas passificadas, mas sem residual de
açúcar. Os taninos marcados, presentes, mas elegantes, com acidez média, notas
de carvalho de forma discreta e um final longo, cheio, que traz algo como
chocolate e torrefação.
Casta: Merlot (50%), Cabernet
Sauvignon (25%) e Cabernet Franc (25%)
Região:Bordeaux
País: França
Produtor: Vignobles Delage
Adquirido: Site Sonoma Market
Valor: R$ 67,90
Teor Alcoólico: 14%
Análise:
Visual: rubi intenso, escuro, com
halos granada, demonstrando boa evolução e já denunciando seus seis anos de
garrafa, com lágrimas densas, lentas, viscosas e em profusão.
Nariz: aromas complexos de
frutas pretas maduras, além de notas terrosas, de terra molhada, de couro,
tabaco, algo de fumo ou charcutaria, com especiarias que entregam cravo, aniz,
diria.
Boca: é saboroso, elegante,
macio, porém é quente, alcoólico, com presença de boca, persistência, além das
frutas maduras, quase que em compota. Os taninos ainda estão presentes, mas
domados, a acidez mostra sua vivacidade sugerindo ao vinho mais alguns anos.
Tem final longo e envolvente.
Casta:
70% Merlot, 15% Cabernet Sauvignon, 9% Cabernet Franc, 4.5% Malbec, e 1.5%
Petit Verdot
Região:
Bordeaux
País:
França
Produtor:
Chateau Les Belles Murailles/Kressmann
Adquirido:
Site Sonoma
Valor:
89,90
Teor
Alcoólico: 14%
Estágio:
6 meses em barricas de carvalho.
Análise:
Visual:
revela um rubi intenso, escuro e fechado, com lágrimas em profusão, sendo elas
finas e lentas.
Nariz:
traz aromas tímidos, mas perceptíveis em frutas vermelhas e negras maduras,
quase em compota, com destaque para amora, ameixa preta e cereja. Discretas
notas amadeiradas em total sinergia com a fruta, que entrega baunilha,
carvalho, leve tosta, além de especiarias, como pimenta, pimenta preta.
Boca:
ele se destaca, sobretudo com as notas frutadas, que replicam a amora, cereja e
ameixa preta. É um vinho redondo, elegante, seco, com taninos polidos, porém presentes,
com uma ótima e salivante acidez. Tem final longo e persistente.
Estágio:
12 meses em barricas de carvalho francês.
Análise:
Visual:
apresenta um rubi intenso, escuro, viscoso, com lágrimas finas, lentas e em
profusão.
Nariz:
aromas de frutas vermelhas maduras, com destaque para ameixa, com notas herbais,
de especiarias, como pimenta e alcaçuz e baunilha, além de um discreto
amadeirado que corrobora complexidade.
Boca:
é estruturado, porém macio e elegante, revelando-se muito equilibrado. As notas
frutadas também são percebidas no paladar, uma característica da casta. Os
taninos são gordos, mas polidos, o carvalho traz baunilha e toques de chocolate
e a acidez é alta revelando frescor e vivacidade. Final cheio e de retrogosto
frutado.
Visual:
entrega um rubi intenso, escuro e vibrante, com evidente viscosidade e lágrimas
finas, densas e coloridas.
Nariz:
intenso e complexo, com destaque para as frutas pretas maduras, em compota,
geleia, com nuances florais, especiarias como pimenta preta e um toque de terra
molhada.
Boca:
é macio, redondo, elegante, mas com personalidade e intensidade, com bom volume
de boca, frutado, taninos sedosos, acidez salivante, final cheio e persistente
com retrogosto frutado.
Visual:
apresenta um rosa claro brilhante, com discretas e rápidas lágrimas finas.
Nariz:
traz aromas delicados e frescos de frutas vermelhas, com destaque para
groselha, framboesas, com notas florais que lembra violeta, além de uma
mineralidade que impõe, ainda mais, frescor.
Boca:
é fresco, leve, saboroso, com alguma personalidade, com as notas frutadas
também em destaque, com acidez refrescante e média. Tem final longo e
persistente.
Casta:
Merlot (80%), Cabernet Sauvignon (10%) e Cabernet Franc (10%)
Safra:
2015
Região:
Bordeaux
País:
França
Produtor:
Vignobles Falxa
Teor
Alcoólico: 14%
Adquirido:
Sonoma
Valor:
R$ 67,90
Análise:
Visual:
apresenta um rubi com evidentes tons granada, diria atijolados, denotando os
seus nove anos de garrafa, com prolíficas quantidades de lágrimas finas e
lentas.
Nariz:
aromas de frutas vermelhas maduras, algo de frutas secas, com notas terrosas,
de couro, além de toques herbáceos, talvez pimenta preta e noz-moscada.
Boca:
é macio, elegante, mas ainda com alguma estrutura, entregando suculência,
repete-se as notas frutadas, taninos dóceis, acidez média que lhe confere ainda
frescor, com final envolvente e persistente.
Casta:
Merlot (65%), Cabernet Sauvignon (33%) e Cabernet Franc (2%)
Safra:
2019
Região:
Bordeaux
País:
França
Produtor:
Maison Delor
Teor
Alcoólico: 13,5%
Adquirido:
Site Lovino
Valor:
R$ 97,80
Estágio:
em barricas de carvalho (Não especificado no site do produtor e no rótulo do
vinho o tempo em que estagiou em carvalho).
Análise:
Visual:
apresenta um rubi vivo, intenso, escuro, com relativa viscosidade e lágrimas
finas, lentas e em profusão.
Nariz:
o ataque inicial é das frutas negras maduras, que logo revela as notas
amadeiradas bem integradas ao conjunto do vinho, trazendo complexidade, como
couro, tabaco, carvalho e algo lácteo, com toques minerais e florais.
Boca:
é delicado, macio, mas tem alguma estrutura que lhe confere equilíbrio e
personalidade. As notas frutadas e amadeiradas são perceptíveis, os taninos
vivos, marcados, porém dóceis, com uma boa acidez e final longo.
Casta:
Aragonez, Cabernet Sauvignon, Merlot, Touriga Nacional e Cabernet Franc.
Safra:
2013
Região:
Serra do Sudeste
País:
Brasil
Produtor:
Vinícola Hermann
Teor
Alcoólico: 13%
Adquirido:
Niterói Vinhos
Valor:
R$ 56,90
Estágio:
15 meses em barricas de carvalho.
Análise:
Visual:
revela um rubi intenso, com o atijolado, o granada em evidência, com uma boa
profusão de lágrimas, finas e lentas.
Nariz:
traz aromas expressivos e complexos de frutas vermelhas e negras maduras,
sentindo ainda as evidentes, mas integradas notas amadeiradas, graças aos
longos quinze meses em barricas de carvalho, com toques de baunilha, caramelo,
couro, tabaco, defumado e um latente defumado extremamente agradável.
Boca:
é elegante, redondo e macio, afinal o tempo lhe permitiu essa condição, mas que
goza de boa complexidade. Replicam-se as notas frutadas, como no aspecto
olfativo, bem como protagoniza o amadeirado, mas muito bem integrado ao
conjunto do vinho, conferindo-lhe a tal complexidade, bem como a tosta, o café
torrado e a terra molhada. Os taninos, devido ao tempo, estão com uma textura
sedosa, com baixa acidez e um final longo e persistente.
Casta:
Carmènére (80%), Syrah (8%), Cabernet Franc (4%) e Merlot (3%)
Safra:
2015
Região:
Valle de Colchagua
País:
Chile
Produtor:
Vinícola Emiliana
Teor
Alcoólico: 13,7%
Estágio:
6 meses, sendo 80% em tanques de inox e 20% em barricas de carvalho francês
Adquirido:
Supermercado Sam’s Club
Valor:
R$ 56,90
Análise:
Visual:
vermelho intenso, com halos arroxeados e lágrimas finas e em profusão.
Nariz:
intenso e frutado, onde se destaca aromas de ameixa e groselha, alguns toques
tostados e de cassis.
Boca:
redondo e elegante, se mostra fresco e de média estrutura, com toques discretos
da madeira, taninos dóceis e acidez destacada. Tem final persistente.
Visual:
rubi intenso, escuro, fechado, com discretos reflexos violeta, alguma
viscosidade, lágrimas grossas, lentas e abundantes.
Nariz:
apresenta frutas negras maduras, como ameixa e groselha, além de notas de café,
torrefação, baunilha, graças ao aporte do carvalho. Tabaco, couro, terra
molhada e um floral são percebidos também.
Boca:
tem corpo médio para mais, bom volume de boca, quente, taninos gordos,
presentes, mas macios, acidez equilibrada, frutado, amadeirado, mas respeitando
o caráter da cepa e um final persistente.
Casta:
Merlot (65%), Malbec (17%), Cabernet Sauvignon (14%) e Cabernet Franc (4%)
Safra:
2020
Região:
Côtes de Bordeaux, Bordeaux
País:
França
Produtor:
Maison Ginestet
Teor
Alcoólico: 14%
Análise:
Visual:
vermelho vivo, pleno, escuro, viscoso, com lágrimas grossas, lentas e
abundantes.
Nariz:
aroma rico e envolvente de frutas pretas maduras, com destaque para ameixa,
cereja preta, com notas de couro e tabaco e certo frescor.
Boca:
tem média estrutura, frutado, equilibrado, elegante, bom volume de boca,
harmonioso entre taninos maduros, mas presentes e as frutas maduras, com um
final logo e agradável.
Reza a máxima de que quando gostamos de algo, desejamos
sempre repetir e não se enganem, no universo dos vinhos não é diferente! Sempre
temos aqueles rótulos que nos permitiu uma grande experiência sensorial que
queremos repetir, degustando safra por safra etc.
E o rótulo de hoje é especial cujo produtor eu não conhecia e
descobri em um evento realizado por uma loja de vinhos da minha cidade,
Niterói. Na realidade eu não conhecia o produtor, mas conheço o enólogo que
participou do projeto de concepção dos rótulos: Anselmo Mendes, português
conhecido como “O Rei do Alvarinho”.
Tendo essa alcunha já tem dimensão da importância desse
projeto que envolve a Vinícola Hermann que vem explorando uma região emergente
no Rio Grande do Sul chamada Serra do Sudeste.
Uma soma de fatores mais do que interessante e atraente que,
além do vinho propriamente dito, foram preponderantes para uma nova aquisição
deste vinho que já degustei e gostei. Falo do Matiz Plural com um inusitado
blend de Aragonez, Cabernet Sauvignon, Merlot, Touriga Nacional e Cabernet
Franc da safra 2013.
Como disse eu já degustei o mesmo vinho, da mesma safra, há
cerca de um ano atrás, cuja resenha pode ser lida aqui e estava maravilhoso,
com nove anos de vida, mas pleno, vivo e que certamente poderia descansar por
mais alguns anos em garrafa na escuridão da adega.
E a intenção, após a compra desta segunda garrafa, era
guarda-lo por mais alguns anos, talvez cinco anos, mas simplesmente a ansiedade
falou, praticamente gritou mais alto e o abri com uma década de garrafa, o que
também está interessante.
O vinho se mostra também vivo e intenso no nariz e no
paladar. Mas não falarei, pelo menos por enquanto, do vinho, mas sim da região
da Serra do Sudeste que definitivamente vem ganhando credibilidade entre os
especialistas do vinho e enófilos espalhados pelo Brasil.
Serra do Sudeste
Nossa mais famosa região vinícola é, sem dúvida alguma, a
Serra Gaúcha, da qual faz parte a primeira área de Indicação de Procedência
brasileira, o Vale dos Vinhedos. De dentro para fora, sabemos que o Vale está
chegando ao seu limite de plantio.
Como área de procedência certificada, as regras que controlam
sua existência são rígidas e hoje sobram poucas terras de qualidade às
vinícolas para que plantem suas uvas. Ele não deixa de ser, no entanto, o polo
para onde convergem as atrações turísticas e as grandes instalações produtoras
das vinícolas, incluindo suas adegas.
Os outros municípios que compõem a região da Serra Gaúcha vêm
se desenvolvendo com constância como Garibaldi, Flores da Cunha e Farroupilha.
Mas algumas novidades interessantes estão aparecendo em cidades a noroeste de
Bento Gonçalves, como Guaporé, na linha Pinheiro Machado e Casca, na direção de
Passo Fundo.
Mas tem uma região que, apesar de ter sido descoberta na
década de 1970, pode-se considerar que se trata de uma região nova, pois
somente a partir dos anos 2000, com investimentos feitos pelas vinícolas da
Serra Gaúcha, que o potencial dela foi, de fato, explorado. Essa região é a
Serra do Sudeste.
Ela forma uma espécie de ferradura virada para o mar, ligando
os municípios de Encruzilhada do Sul e Pinheiro Machado, separados ao meio pelo
rio Camaquã, que deságua na Lagoa dos Patos.
Essa região faz divisa com outra importante área vinícola
brasileira, a Campanha Gaúcha, dividida entre Campanha Meridional (que começa
na cidade de Candiota) e Campanha Oriental, que segue a linha da fronteira com
o Uruguai.
Serra do Sudeste
A Serra do Sudeste tem colinas suaves, que facilitam o
plantio e a mecanização, tornando-a um terroir mais simples de trabalhar.
Aliadas a isso, estão as condições climáticas, mais favoráveis do que no Vale
dos Vinhedos.
Essa região tem o menor índice de chuvas do Estado do Rio
Grande do Sul, além de noites frias mesmo no verão, justamente a época da
maturação das uvas. Essas condições naturais, além de um solo mais pobre e de
origem granítica, ajudam a ter maior concentração de cor, estrutura e potencial
de envelhecimento dos vinhos.
O Instituto de Pesquisa Agrícola do Rio Grande do Sul mapeou
pela primeira vez esta área nos anos 1970, mas é no começo da década de 2000
que as primeiras vinícolas de certa importância começam a plantar vinhedos por
aqui, entre os municípios de Encruzilhada do Sul, o principal, Pinheiro Machado
e Candiota (mesmo próxima de Bagé Candiota é considerada pelo IBGE como
pertencente à Serra do Sudeste e não à Campanha, embora haja controvérsias).
Em grande parte, se trata de uma região vitícola, geralmente
as uvas aqui colhidas são conduzidas nas instalações das vinícolas na Serra
Gaúcha e lá transformadas em vinho, esta região ainda não possui, e nem
pleiteia em curto prazo, o reconhecimento a Denominação de Origem Controlada,
quando, e se, isso ocorrer o vinho deverá ser produzido por aqui, já que este é
um fator crucial na lei das denominações de origem.
As castas internacionais dominam a viticultura na Serra do
Sudeste, tintas e brancas que na Serra Gaúcha podem representar um desafio pelo
clima úmido, aqui prosperam com mais facilidade, o índice pluviométrico é
alinhado com o estado do Rio Grande do Sul, chove um pouco menos que no Vale
dos Vinhedos, mas o que mais importa é que as chuvas são mais bem distribuídas
ao longo do ano, raramente coincidindo com o período da colheita das variedades
tardias.
A característica dos vinhos daqui é o bom nível de aromas, a
sapidez pronunciada por conta da presença do calcário e o perfil gastronômico,
boa acidez, taninos enxutos nos tintos e presença mineral nos brancos. Uvas
mais cultivadas na região são: Malbec, Cabernet Franc, Merlot, Gewurztraminer,
Sauvignon Blanc e Malvasia.
Se é verdade que a Serra do Sudeste não possui o panorama
encantador da Serra Gaúcha, é também verdade que seus vinhos representam um
patrimônio da vitivinicultura brasileira que merece ser descoberto, e sem
demora.
E agora finalmente o vinho!
Na taça revela um rubi intenso, com o atijolado, o granada em
evidência, denunciando uma década de vida, com uma boa profusão de lágrimas,
finas e lentas.
No nariz traz aromas expressivos e complexos de frutas
vermelhas e negras maduras, sentindo ainda as evidentes, mas integradas notas
amadeiradas, graças aos longos quinze meses em barricas de carvalho, com toques
de baunilha, caramelo, couro, tabaco, defumado e um latente defumado
extremamente agradável.
Na boca é elegante, redondo e macio, afinal o tempo lhe
permitiu essa condição, mas que goza de boa complexidade. Replicam-se as notas
frutadas, como no aspecto olfativo, bem como protagoniza o amadeirado, mas
muito bem integrado ao conjunto do vinho, conferindo-lhe a tal complexidade,
bem como a tosta, o café torrado e a terra molhada. Os taninos, devido ao
tempo, estão com uma textura sedosa, com baixa acidez e um final longo e
persistente.
Um vinho que mesmo com os seus 10 anos de vida ainda estava
pleno, vivo e intenso e que poderia evoluir mais e mais. Uma região nova que
sem dúvida poderá nos brindar com muita tipicidade, expressividade e qualidade
com os seus rótulos. Sim os vinhos brasileiros têm potencial de guarda, têm
complexidade, têm relevância e têm a cara do vinho brasileiro, sem cópias e
comparações com o Velho Mundo. O Matiz representa a elegância, a complexidade,
o arrojo que todo vinho com a sua proposta pode entregar. Foi ótimo repeti-lo
sem cair na temível zona de conforto. Tem 13% de teor alcoólico.
Sobre a Vinícola Hermann:
A família Hermann trouxe todo o seu know-how de profundos
conhecedores de diversas regiões vinícolas do mundo para a esfera da produção
de vinhos, apostando no potencial dos melhores terroirs da região sul do
Brasil.
Proprietários de uma das maiores importadoras de vinhos de
alta qualidade do país, a Decanter, compraram em 2009 um vinhedo de grande
vocação em Pinheiro Machado, na Serra do Sudeste no Rio Grande do Sul, plantado
com mudas de alta qualidade por um dos viveiros líderes de Portugal.
A assessoria enológica de um dos mais brilhantes enólogos de
Portugal, o renomado “rei do Alvarinho” Anselmo Mendes - “Enólogo do Ano” pela
Revista de Vinhos de Portugal em 1997 - ao lado do talentoso enólogo Átila
Zavarizze, garante a excelência na transformação das uvas promissoras em
grandes vinhos brasileiros, com caráter e tipicidade.