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quarta-feira, 10 de julho de 2024

Maestrale Brut Rosé

 



Vinho: Maestrale Brut Rosé (Método Tradicional)

Safra: Não safrado

Casta: Merlot 50%/Cabernet Sauvignon 40%/ Chardonnay 10%

Região: São Joaquim, Santa Catarina

País: Brasil

Produtor: Vinícola Sanjo

Teor Alcoólico: 12,5%

Adquirido: Empório Augusta

Valor: R$ 82,90

Estágio: 2ª Fermentação: Tradicional na garrafa 22 meses em contato com as borras

 

Análise:

Visual: apresenta uma sedutora cor rosa salmão, cereja, com tons “enferrujados”, com perlages discretos e finos.

Nariz: aromas frutados, cítricos, com notas intensas de fermentação, de pão com manteiga, devido ao longo contato com as suas borras finas, com as flores vermelhas trazendo a sensação de frescor e leveza.

Boca: fresco, mas com alguma estrutura e volume de boca, graças a predominância da Cabernet Sauvignon, bem como a untuosidade, a cremosidade garantida pelo contato com as “lias”, com as notas frutadas, dando destaque para a cereja, morango e framboesa, dando complexidade ao espumante. Final longo, cheio.

 

Produtor:

http://sanjo.com.br/


sábado, 26 de agosto de 2023

Sanjo Núbio Cabernet Sauvignon 2012

 

Não existe aquele ditado popular que diz: “Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar”. Olha que, segundo especialistas, um raio não só pode cair em um mesmo lugar duas vezes como muitas e muitas vezes e eu acho, melhor, tenho certeza que essa questão, com metáforas à parte, pode se aplicar ao universo do vinho! O que quero dizer com isso?

Simples! Um vinho pode sim ser degustado várias outras vezes! Aquele vinho de mesmo rótulo, porém de safras diferentes ou de mesmo rótulo e também de safras iguais. Aprendi, com um conhecido especialista e jornalista do vinho, chamado Didu Russo, que podemos comprar o mesmo vinho, da mesma safra, degustar um de forma imediata e deixar o outro guardado por alguns anos e fazer as devidas comparações entre eles.

Mas confesso que essa máxima cairá hoje por terra e a ansiedade é a resposta para isso. E o rótulo em questão é o da linha “Núbio” da Vinícola Sanjo, de São Joaquim, em Santa Catarina. Mais precisamente do Cabernet Sauvignon da safra 2012.

Tive o prazer e a alegria de ter degustado o Núbio Cabernet Sauvignon 2012 no último réveillon de 2022 para 2023 em companhia mais do que recomendada de um churrasco com aquela carne sangrando. Nada melhor que harmonizar um belo Cabernet Sauvignon com um churrasco.

A intenção era guardar uma nova garrafa que adquiri, em uma bagatela de R$ 55 (pasme) para um vinho de guarda e decidi degustar a que já possuía em adega e deixar a outra guardada por mais cinco anos para fazer as comparações, mas não consegui! 

Que seja! O degustarei certamente no auge, em seu melhor momento como foi a primeira. Onze anos, onze longos anos, guardado, evoluindo enquanto tantas e tantas mudanças em nossa sociedade acontece!

E ainda temos pessoas aqui no Brasil que rejeitam os rótulos tupiniquins que são concebidos com a cepa, a rainha das castas tintas, a Cabernet Sauvignon. Ela vem ganhando tipicidade, a cara dos nossos terroirs, com mais frescor, mais frutas e não tão calcado na estrutura como os produzidos no Chile, por exemplo.

Então sem mais delongas, vamos a já sabida apresentação do vinho que, mais uma vez degustei e gostei que veio da região fria de São Joaquim, de Santa Catarina, que se se chama Sanjo Núbio Cabernet Sauvignon da safra 2012. Para não perder o costume também, vamos de história, vamos de história de São Joaquim.

São Joaquim, Serra Catarinense, Brasil

A vitivinicultura no Brasil ficaria restrita a pequenas áreas em distintos pontos do território nacional até 1875, quando se inicia, no Rio Grande do Sul a instalação de imigrantes italianos. Concebe-se então, como marco da indústria vitivinícola brasileira a chegada destes imigrantes italianos (século XIX) e sua instalação na Serra Gaúcha.

Em Santa Catarina, as primeiras mudas de uva plantadas pelos imigrantes italianos que chegaram, em 1878, na região onde seria fundada a cidade de Urussanga, são as responsáveis pelo início da vitivinicultura catarinense que conhecida atualmente.

Os italianos trouxeram mudas e sementes de vitis viníferas, mas elas não se adaptaram à úmida região”. A cultura da uva e o hábito do consumo do vinho faziam parte do patrimônio cultural acumulado dos imigrantes italianos oriundos na sua maioria da região do Trento, acostumados a dispor do vinho em seu ritual à mesa.

Diante das condições naturais adversas, foram buscar videiras que se adaptassem às características climáticas da região de Urussanga, mesmo que o vinho resultante se apresentasse diferente da bebida já consumida na Itália. Recorreram então às variedades americanas e híbridas, como a Isabel, mais resistentes a pragas e ao clima tropical.

Atualmente, a região Meio-Oeste é a maior produtora de vinhos do estado de Santa Catarina. Foi nela que, na primeira metade do século XX, italianos que haviam migrado do Rio Grande do Sul deram início à construção da mais expressiva cadeia vitivinícola de Santa Catarina. A produção da uva e do vinho no Meio-Oeste catarinense é constituída principalmente de uvas de origem americana e híbrida.

Apenas na década de 1970, com a criação em Santa Catarina do PROFIT (Projeto de Fruticultura de Clima Temperado) é que houve um grande incentivo para o plantio de castas europeias.

Desde o final da década de 1990, entretanto, vem ocorrendo uma reversão das expectativas no plantio das variedades de castas europeias, representada por novos plantios, inclusive em áreas não tradicionais para o cultivo da videira, como é o caso das regiões de elevada altitude (acima de 950 metros). Assim como ocorreu com o setor macieiro, as condições geográficas da região do planalto catarinense favorecem a produção de uvas, especialmente as da variedade vitis viníferas.

A partir de estudos visando o desenvolvimento da vitivinicultura no planalto serrano, iniciados na década de 1990 pela EPAGRI e de investimentos de empresas de outras regiões identificados no mesmo período, a produção de vinhos finos vem crescendo. Além das características geoclimáticas adequadas para a produção das castas europeias, há que se considerar também o emprego de sofisticadas técnicas enológicas, bem como as modernas instalações produtivas.

Pode-se também atribuir o início do cultivo de parreiras e da fabricação de vinhos na serra catarinense à fixação de descendentes de italianos oriundos da região sul do estado de Santa Catarina que migraram para o planalto.

O início dos experimentos da EPAGRI e o plantio de 50 plantas experimentais de uvas Cabernet Sauvignon realizado pela vinícola Monte Lemos que detém a marca Dal Pizzol foram o incentivo que faltava para que Acari Amorim, Francisco Brito, Nelson Essenburg e Robson Abdala adquirissem uma propriedade em São Joaquim, no ano de 1999, dando início a Quinta da Neve.

Em 2000, o empresário Dilor de Freitas adquiriu uma propriedade no município de Bom Retiro, onde em 2001 iniciou o cultivo de uvas finas. No ano de 2002, adquiriu sua propriedade de São Joaquim e lançou a construção de sua vinícola onde localiza-se a sede da Villa Francioni e o centro de visitações.

O empresário Nazário Santos, a partir de uma sociedade com um grupo de profissionais liberais paulistas, idealizou a Quinta Santa Maria, sendo um dos pioneiros produtores de vinhos de uvas vitis viníferas em São Joaquim.

Os novos terroirs de Santa Catarina, localizados em altitudes que podem chegar a 1.400 metros no Estado que registra as temperaturas mais baixas do País, têm vantagens para quem planta uvas viníferas.

Em regiões mais frias e altas, o ciclo da videira se desloca para mais tarde, e esse ciclo longo ajuda a concentrar açúcares e taninos, além de melhorar a sanidade dos grãos. Atualmente, na região vitivinícola de São Joaquim, já é possível destacar os municípios de São Joaquim, Urubici, Urupema e Bom Retiro.

Ao investigar a vitivinicultura de altitude de São Joaquim, observa-se a tendência e a existência de significativos acertos no processo de desenvolvimento do setor. A identificação de recursos naturais raros e diferenciados se apresenta como um fator capaz de gerar vantagens competitivas, estruturando a atividade produtiva com o foco na segmentação de mercado.

Através do suporte de instituições de pesquisa como mecanismo de desenvolvimento de todo o setor produtivo da uva e do vinho, da articulação entre os recursos disponíveis, dos maiores investimentos em publicidade e propaganda realizados pelas empresas do setor e dos projetos que visam o diferencial do produto afirmado pelas indicações geográficas identifica-se a importância das tipicidades que procedem dos vinhos finos de altitude, confirmando então, a criação de um produto diferenciado no país.

Indicação Geográfica (IG) da Serra Catarinense

Em 29 de junho de 2021, o INPI concedeu a Indicação Geográfica Santa Catarina para Vinhos de Altitude (serra catarinense) da espécie Indicação de Procedência (IP), para vinho fino, vinho nobre, vinho licoroso, espumante natural, vinho moscatel espumante e brandy. O pedido da IG foi solicitado pela “Vinhos de Altitude – Produtores e Associados”, em 2 de junho de 2020.

A área geográfica da IP Vinhos de Altitude de Santa Catarina abrange 29 municípios que correspondem a 20% da área do estado catarinense: Água Doce, Anitápolis, Arroio Trinta, Bom Jardim da Serra, Bom Retiro, Brunópolis, Caçador, Campo Belo do Sul, Capão Alto, Cerro Negro, Curitibanos, Fraiburgo, Frei Rogério, Iomerê, Lages, Macieira, Painel, Pinheiro Preto, Rancho Queimado, Rio das Antas, Salto Veloso, São Joaquim, São José do Cerrito, Tangará, Treze Tílias, Urubici, Urupema, Vargem Bonita e Videira.

Atualmente são aproximadamente 300 hectares de área cultivada, concentradas entre 900 e 1400 metros de altitude, na região vitivinícola de maior altitude e mais fria do Brasil. Do ponto de vista sensorial, os vinhos da IP irão enriquecer ainda mais a paleta de cores e sabores dos vinhos brasileiros.

A paisagem, o solo, o relevo e o clima particular dessas regiões de altitude favorecem a biossíntese dos pigmentos e dos aromas, preservando a acidez e atribuindo estrutura e corpo aos vinhos, permitindo a expressão plena da genética de cada variedade de uva.

Os vinhos da região têm sua qualidade atribuída, também, ao elevado nível tecnológico empregado nos vinhedos e nas vinícolas.  São vinhos com uma excelente expressão de sabor e elevada tipicidade, são vinhos com um sentido de lugar.

Foram aprovadas para produção dos vinhos da IP as variedades finas (Vitis vinifera L.) Aglianico, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Chardonnay, Garganega, Gewurztraminer, Grechetto, Malbec, Marselan, Merlot, Montepulciano, Moscato Bianco, Moscato Giallo, Nero d’Avola, Petit Verdot, Pignolo, Pinot Noir, Rebo, Refosco dal Peduncolo Rosso, Ribolla Gialla, Rondinella, Sangiovese, Sauvignon Blanc, Sémillon, Syrah, Touriga Nacional e Vermentino.

Diversos requisitos de produção fazem parte do Caderno de Especificações Técnicas da IP. Dentre eles, destaca-se que 100% das uvas devem ser produzidas na área delimitada, em áreas de altitude. Os sistemas de condução autorizados para os vinhedos são a espaldeira e o Ýpsilon, sendo que a produtividade máxima permitida é de 7000 litros de vinho por hectare/ano.

Para a vinificação, as uvas devem atingir níveis de maturação definidos por tipo de vinho, os quais, por sua vez, devem ser elaborados na área delimitada pelos municípios integrantes da IP.

Os vinhos atendem padrões analíticos de qualidade, próprios da IP, e devem ter a qualidade sensorial aprovada em degustação realizada às cegas; normas de rotulagem dos vinhos, facilitando a identificação das garrafas pelo consumidor, incluindo um selo de controle numerado exclusivo da IP; controles sob a gestão do Conselho Regulador que aplica um Plano de Controle para atestar a conformidade dos produtos em relação aos requisitos de produção.

Para a vinificação, as uvas devem atingir níveis de maturação definidos por tipo de vinho, os quais, por sua vez, devem ser elaborados na área delimitada pelos municípios integrantes da IP.

Os vinhos atendem padrões analíticos de qualidade, próprios da IP, e devem ter a qualidade sensorial aprovada em degustação realizada às cegas; normas de rotulagem dos vinhos, facilitando a identificação das garrafas pelo consumidor, incluindo um selo de controle numerado exclusivo da IP; controles sob a gestão do Conselho Regulador que aplica um Plano de Controle para atestar a conformidade dos produtos em relação aos requisitos de produção.

E agora finalmente o vinho!

Na taça tem um atraente rubi intenso, escuro, com tons granada, denotando seus onze anos de vida, com lágrimas finas, lentas e em profusão.

No nariz traz aromas delicados, elegantes, mas complexos, intensos de frutas vermelhas e pretas compotadas, quase que em calda, uma geleia, com notas amadeiradas, entregando um balsâmico instigante, um cedro, algo como madeira de móvel antigo, caramelo, defumado, terra molhada e tosta, além de um herbáceo e discreto pimentão.

Na boca é estruturado e complexo, com uma incrível pureza da fruta, algo de vinoso, diria. É volumoso, cheio, quente, alcoólico, mas sedoso, elegante e macio, fácil de degustar, graças aos seus onze anos de garrafa, o tempo lhe foi gentil, evoluindo muito bem. É amadeirado, um carvalho bem integrado, graças aos 50% do lote que passou 12 meses em barricas. Entrega, além da madeira, caramelo, chocolate, terra molhada, baunilha, café, com taninos ainda vivos, mas domados pelo tempo, com uma acidez média, corroborando sua boa evolução. Tem um final persistente.

Especial, singular, incrível! Adjetivos não faltam ao Sanjo Núbio Cabernet Sauvignon que, mesmo aos onze anos de vida, teria muitos anos pela frente e a evoluir fantasticamente. E não é especial apenas por isso, mas por ser oriundo de regiões frias e a Cabernet Sauvignon precisa ser cultivada em climas quentes, então são poucas as safras, são poucos os anos cujos rótulos são concebidos. Para se ter uma noção da dimensão disso e do quão especial é degustar esse vinho, é de que a safra de 2012 é a mais atual dessa linha de rótulos. Tem 14% de teor alcoólico.

Sobre a Sanjo Cooperativa Agrícola de São Joaquim:

Formada originalmente por 34 fruticultores, em sua maioria imigrantes e descendentes de japoneses oriundos da cooperativa paulista de Cotia, a Sanjo construiu uma história de sucesso comercial investindo em qualidade e tecnologia agrícola. Nossa produção alcança mais de 50 mil toneladas anuais de maçãs, em uma área plantada de 1240 hectares.

No Brasil, as variedades mais consumidas de maçãs são a Gala e a Fuji. A Sanjo produz ambas em grande volume, comercializadas em todo o país, e divididas entre as marcas Sanjo, Dádiva, Pomerana e Hoshi, conforme a categoria. A empresa também comercializa com sucesso a linha de maçãs em sacolas Sanjo Disney, destinada ao público infantil.

A partir de 2002, aliando os valores da tradição japonesa à qualidade das uvas francesas e à experiência de enólogos de descendência italiana, vindos das tradicionais vinícolas da Serra Gaúcha, a Sanjo passou a investir também com sucesso na produção de vinhos finos de altitude, contribuindo para o reconhecimento alcançado pelos vinhos produzidos na Serra Catarinense.

São 25,7 hectares das variedades Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay e Sauvignon Blanc, cultivadas com as mais avançadas tecnologias de produção de uvas para a elaboração de vinhos.

Mais informações acesse:

http://www.sanjo.com.br//












 


sábado, 15 de abril de 2023

Sanjo Maestrale Cabernet Sauvignon 2007

 

Eu já contei a minha história, o meu depoimento sobre os vinhos catarinenses e convém contar novamente, mesmo que seja breve, para ilustrar mais um rótulo que irei degustar agora que defino no mínimo como especial.

Sempre encarei os rótulos de santa Catarina como inalcançáveis. Os valores de alguns vinhos estavam distantes das minhas pretensões de compra, sempre estiveram distante do meu reles bolso. Talvez faltassem opções, locais de compras que pudessem me proporcionar um leque de opções e uma alternativa de uma compra mais acessível, justa.

Até que com um “boom” de e-commerces de vinhos, sobretudo os brasileiros, seguindo essa onda de qualidade dos nossos rótulos, tem se descortinado diante de meus olhos e “cliques” um bom número de opções de vinhos de Santa Catarina, somando a isso a fama que a sua principal região, a fria São Joaquim, vem ganhando ultimamente.

Com isso surgiram alguns rótulos que entregam preços simplesmente avassaladores no preço e o exemplo é a Sanjo Cooperativa. Conhecida por ser uma das maiores produtoras de maçãs do Brasil, quiçá da América Latina, a Sanjo, a cerca de 20 anos, vem se aventurando na produção de vinhos, com uma linha vasta e de ótima relação custo X benefício.

E posso falar com segurança e satisfação de que o custo X benefício é evidente, pois já tive a alegria de degustar alguns dos seus rótulos mais vendidos a preços simplesmente atraentes, onde destaco a linha “Núbio”, com o Cabernet Sauvignon e a casta branca mais cultivada da região, a Sauvignon Blanc.

E outro detalhe mágico dos vinhos de altitude, como são conhecidos, é a longevidade. A guarda é um destaque à parte dos vinhos produzidos em Santa Catarina e degustar o Sanjo Núbio Cabernet Sauvignon 20102012 foi algo de surpreendente, com vinhos evoluídos, que evoluem maravilhosamente, com vinhos no auge de sua plenitude e a um valor impecável e irresistível.

E hoje a experiência se renovará, mais uma linha especial da Sanjo inundará a minha humilde taça, trazendo a linha “Maestrale”. Então sem mais delongas vamos às apresentações. O vinho que degustei e gostei veio de São Joaquim, Santa Catarina, Brasil e se chama Sanjo Maestrale, um 100% Cabernet Sauvignon da safra 2007. E antes de tecer os merecidos detalhes desse rótulo especial, falemos um pouco da região, São Joaquim.

São Joaquim, Serra Catarinense, Brasil

A vitivinicultura no Brasil ficaria restrita a pequenas áreas em distintos pontos do território nacional até 1875, quando se inicia, no Rio Grande do Sul a instalação de imigrantes italianos. Concebe-se então, como marco da indústria vitivinícola brasileira a chegada destes imigrantes italianos (século XIX) e sua instalação na Serra Gaúcha. Em Santa Catarina, as primeiras mudas de uva plantadas pelos imigrantes italianos que chegaram, em 1878, na região onde seria fundada a cidade de Urussanga, são as responsáveis pelo início da vitivinicultura catarinense que conhecida atualmente.

Os italianos trouxeram mudas e sementes de vitis viníferas, mas elas não se adaptaram à úmida região”. A cultura da uva e o hábito do consumo do vinho faziam parte do patrimônio cultural acumulado dos imigrantes italianos oriundos na sua maioria da região do Trento, acostumados a dispor do vinho em seu ritual à mesa. Diante das condições naturais adversas, foram buscar videiras que se adaptassem às características climáticas da região de Urussanga, mesmo que o vinho resultante se apresentasse diferente da bebida já consumida na Itália. Recorreram então às variedades americanas e híbridas, como a Isabel, mais resistentes a pragas e ao clima tropical.

Atualmente, a região Meio-Oeste é a maior produtora de vinhos do estado de Santa Catarina. Foi nela que, na primeira metade do século XX, italianos que haviam migrado do Rio Grande do Sul deram início à construção da mais expressiva cadeia vitivinícola de Santa Catarina. A produção da uva e do vinho no Meio-Oeste catarinense é constituída principalmente de uvas de origem americana e híbrida. Apenas na década de 70, com a criação em Santa Catarina do PROFIT (Projeto de Fruticultura de Clima Temperado) é que houve um grande incentivo para o plantio de castas europeias.

 Desde o final da década de 1990, entretanto, vem ocorrendo uma reversão das expectativas no plantio das variedades de castas europeias, representada por novos plantios, inclusive em áreas não tradicionais para o cultivo da videira, como é o caso das regiões de elevada altitude (acima de 950 metros). Assim como ocorreu com o setor macieiro, as condições geográficas da região do planalto catarinense favorecem a produção de uvas, especialmente as da variedade vitis viníferas.

A partir de estudos visando o desenvolvimento da vitivinicultura no planalto serrano, iniciados na década de 1990 pela EPAGRI e de investimentos de empresas de outras regiões identificados no mesmo período, a produção de vinhos finos vem crescendo. Além das características geoclimáticas adequadas para a produção das castas europeias, há que se considerar também o emprego de sofisticadas técnicas enológicas, bem como as modernas instalações produtivas. Pode-se também atribuir o início do cultivo de parreiras e da fabricação de vinhos na serra catarinense à fixação de descendentes de italianos oriundos da região sul do estado de Santa Catarina que migraram para o planalto.

O início dos experimentos da EPAGRI e o plantio de 50 plantas experimentais de uvas Cabernet Sauvignon realizado pela vinícola Monte Lemos que detém a marca Dal Pizzol foram o incentivo que faltava para que Acari Amorim, Francisco Brito, Nelson Essenburg e Robson Abdala adquirissem uma propriedade em São Joaquim, no ano de 1999, dando início a Quinta da Neve.

Em 2000, o empresário Dilor de Freitas adquiriu uma propriedade no município de Bom Retiro, onde em 2001 iniciou o cultivo de uvas finas. No ano de 2002, adquiriu sua propriedade de São Joaquim e lançou a construção de sua vinícola onde localiza-se a sede da Villa Francioni e o centro de visitações. O empresário Nazário Santos, a partir de uma sociedade com um grupo de profissionais liberais paulistas, idealizou a Quinta Santa Maria, sendo um dos pioneiros produtores de vinhos de uvas vitis viníferas em São Joaquim.

Os novos terroirs de Santa Catarina, localizados em altitudes que podem chegar a 1.400 metros no Estado que registra as temperaturas mais baixas do País, têm vantagens para quem planta uvas viníferas. Em regiões mais frias e altas, o ciclo da videira se desloca para mais tarde, e esse ciclo longo ajuda a concentrar açúcares e taninos, além de melhorar a sanidade dos grãos. Atualmente, na região vitivinícola de São Joaquim, já é possível destacar os municípios de São Joaquim, Urubici, Urupema e Bom Retiro.

Ao investigar a vitivinicultura de altitude de São Joaquim, observa-se a tendência e a existência de significativos acertos no processo de desenvolvimento do setor. A identificação de recursos naturais raros e diferenciados se apresenta como um fator capaz de gerar vantagens competitivas, estruturando a atividade produtiva com o foco na segmentação de mercado.

Através do suporte de instituições de pesquisa como mecanismo de desenvolvimento de todo o setor produtivo da uva e do vinho, da articulação entre os recursos disponíveis, dos maiores investimentos em publicidade e propaganda realizados pelas empresas do setor e dos projetos que visam o diferencial do produto afirmado pelas indicações geográficas identifica-se a importância das tipicidades que procedem dos vinhos finos de altitude, confirmando então, a criação de um produto diferenciado no país.

Indicação Geográfica (IG) da Serra Catarinense

Em 29 de junho de 2021, o INPI concedeu a Indicação Geográfica Santa Catarina para Vinhos de Altitude (serra catarinense) da espécie Indicação de Procedência (IP), para vinho fino, vinho nobre, vinho licoroso, espumante natural, vinho moscatel espumante e brandy. O pedido da IG foi solicitado pela “Vinhos de Altitude – Produtores e Associados”, em 2 de junho de 2020.

A área geográfica da IP Vinhos de Altitude de Santa Catarina abrange 29 municípios que correspondem a 20% da área do estado catarinense: Água Doce, Anitápolis, Arroio Trinta, Bom Jardim da Serra, Bom Retiro, Brunópolis, Caçador, Campo Belo do Sul, Capão Alto, Cerro Negro, Curitibanos, Fraiburgo, Frei Rogério, Iomerê, Lages, Macieira, Painel, Pinheiro Preto, Rancho Queimado, Rio das Antas, Salto Veloso, São Joaquim, São José do Cerrito, Tangará, Treze Tílias, Urubici, Urupema, Vargem Bonita e Videira.

Atualmente são aproximadamente 300 hectares de área cultivada, concentradas entre 900 e 1400 metros de altitude, na região vitivinícola de maior altitude e mais fria do Brasil. Do ponto de vista sensorial, os vinhos da IP irão enriquecer ainda mais a paleta de cores e sabores dos vinhos brasileiros.

A paisagem, o solo, o relevo e o clima particular dessas regiões de altitude favorecem a biossíntese dos pigmentos e dos aromas, preservando a acidez e atribuindo estrutura e corpo aos vinhos, permitindo a expressão plena da genética de cada variedade de uva.  Os vinhos da região têm sua qualidade atribuída, também, ao elevado nível tecnológico empregado nos vinhedos e nas vinícolas.  São vinhos com uma excelente expressão de sabor e elevada tipicidade, são vinhos com um sentido de lugar.

Foram aprovadas para produção dos vinhos da IP as variedades finas (Vitis vinifera L.) Aglianico, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Chardonnay, Garganega, Gewurztraminer, Grechetto, Malbec, Marselan, Merlot, Montepulciano, Moscato Bianco, Moscato Giallo, Nero d’Avola, Petit Verdot, Pignolo, Pinot Noir, Rebo, Refosco dal Peduncolo Rosso, Ribolla Gialla, Rondinella, Sangiovese, Sauvignon Blanc, Sémillon, Syrah, Touriga Nacional e Vermentino.

Diversos requisitos de produção fazem parte do Caderno de Especificações Técnicas da IP. Dentre eles, destaca-se que 100% das uvas devem ser produzidas na área delimitada, em áreas de altitude. Os sistemas de condução autorizados para os vinhedos são a espaldeira e o Ýpsilon, sendo que a produtividade máxima permitida é de 7000 litros de vinho por hectare/ano.

Para a vinificação, as uvas devem atingir níveis de maturação definidos por tipo de vinho, os quais, por sua vez, devem ser elaborados na área delimitada pelos municípios integrantes da IP.

Os vinhos atendem padrões analíticos de qualidade, próprios da IP, e devem ter a qualidade sensorial aprovada em degustação realizada às cegas; normas de rotulagem dos vinhos, facilitando a identificação das garrafas pelo consumidor, incluindo um selo de controle numerado exclusivo da IP; controles sob a gestão do Conselho Regulador que aplica um Plano de Controle para atestar a conformidade dos produtos em relação aos requisitos de produção.

Para a vinificação, as uvas devem atingir níveis de maturação definidos por tipo de vinho, os quais, por sua vez, devem ser elaborados na área delimitada pelos municípios integrantes da IP.

Os vinhos atendem padrões analíticos de qualidade, próprios da IP, e devem ter a qualidade sensorial aprovada em degustação realizada às cegas; normas de rotulagem dos vinhos, facilitando a identificação das garrafas pelo consumidor, incluindo um selo de controle numerado exclusivo da IP; controles sob a gestão do Conselho Regulador que aplica um Plano de Controle para atestar a conformidade dos produtos em relação aos requisitos de produção.


E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um belíssimo vermelho rubi intenso, com algum brilho, o que é incrível com os seus 16 anos de garrafa, mas já tende para halos evoluídos, algo como granada, o famoso atijolado. Traz alguma viscosidade e lágrimas finas e ocasionais e que se dissipa rapidamente.

No nariz aromas complexos e intensos de chão de floresta, de terra molhada, como se esfregasse terra em meu nariz, com notas de frutas negras maduras ainda, arrisco dizer que traz frutas secas também, com toques herbáceos, de especiarias, com destaque a pimenta do reino e pimenta preta, amadeirados, como baunilha, torrefação e discreto chocolate, além de couro e tabaco. Muita complexidade e rusticidade.

Na boca é redondo, macio e elegante, não trazendo mais a impetuosidade, a estrutura de um típico Cabernet Sauvignon barricado por longos 18 meses em barricas de carvalho, com as notas frutadas ainda vívidas no paladar, como no aspecto olfativo e, claro, as notas amadeiradas também protagonizam entregando a baunilha, torrefação, café torrado, as notas especiadas também figuram com a pimenta, o pimentão, com taninos já domados, mas vivos, acidez baixa e um final com média persistência e amadeirado.

Especial, singular, incrível! Adjetivos não faltam ao Sanjo Núbio Cabernet Sauvignon que, mesmo aos 16 anos de vida, teria muitos anos pela frente e a evoluir fantasticamente. Um corpinho ainda jovial de debutante! Para aqueles que ainda duvidam de que os nossos vinhos não são capazes de ser longevos, de evoluir bem, aí está o exemplo do Sanjo Maestrale Cabernet Sauvignon! Ainda entrega aromas evoluídos, estrutura, complexidade, acidez presente e longa persistência. Não hesitaria em dizer que teria alguns bons anos na adega! Mais uma vez a Sanjo me proporciona degustar mais um belo vinho catarinense, a ótimo valor e de guarda. Que venham outros tantos! Teor alcoólico de 12,8%.


Sobre a Sanjo Cooperativa Agrícola de São Joaquim:

Formada originalmente por 34 fruticultores, em sua maioria imigrantes e descendentes de japoneses oriundos da cooperativa paulista de Cotia, a Sanjo construiu uma história de sucesso comercial investindo em qualidade e tecnologia agrícola. Nossa produção alcança mais de 50 mil toneladas anuais de maçãs, em uma área plantada de 1240 hectares.

No Brasil, as variedades mais consumidas de maçãs são a Gala e a Fuji. A Sanjo produz ambas em grande volume, comercializadas em todo o país, e divididas entre as marcas Sanjo, Dádiva, Pomerana e Hoshi, conforme a categoria. A empresa também comercializa com sucesso a linha de maçãs em sacolas Sanjo Disney, destinada ao público infantil.

A partir de 2002, aliando os valores da tradição japonesa à qualidade das uvas francesas e à experiência de enólogos de descendência italiana, vindos das tradicionais vinícolas da Serra Gaúcha, a Sanjo passou a investir também com sucesso na produção de vinhos finos de altitude, contribuindo para o reconhecimento alcançado pelos vinhos produzidos na Serra Catarinense. São 25,7 hectares das variedades Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay e Sauvignon Blanc, cultivadas com as mais avançadas tecnologias de produção de uvas para a elaboração de vinhos.

Mais informações acesse:

http://www.sanjo.com.br//



Referências:

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/comecando-por-cima_8143.html

“O Turismo e a Produção de Vinhos Finos na Região de São Joaquim (SC): Notas Preliminares”: https://www.ucs.br/ucs/eventos/seminarios_semintur/semin_tur_6/arquivos/13/O%20Turismo%20e%20a%20Producao%20de%20Vinhos%20Finos%20na%20Regiao%20de%20Sao%20Joaquim.pdf

“Blog do Jeriel”: https://blogdojeriel.com.br/2010/02/21/nubio-2005-um-bom-cabernet-sauvignon-de-sao-joaquim-santa-catarina/

“CafeViagem”: https://cafeviagem.com/vinhos-de-altitude-de-santa-catarina-conquistam-indicacao-geografica/#

“Embrapa”: https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/63617903/vinhos-de-altitude-de-santa-catarina-nova-indicacao-geografica-na-regiao-mais-fria-do-brasil

 








sábado, 31 de dezembro de 2022

Sanjo Núbio Cabernet Sauvignon 2012

 

Não existe aquele ditado popular que diz: “Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar”. Olha que, segundo especialistas, um raio não só pode cair em um mesmo lugar duas vezes como muitas e muitas vezes e eu acho, melhor, tenho certeza que essa questão, com metáforas à parte, pode se aplicar ao universo do vinho! O que quero dizer com isso?

Simples! Um vinho pode sim ser degustado várias outras vezes! Aquele vinho de mesmo rótulo, porém de safras diferentes ou de mesmo rótulo e também de safras iguais. Aprendi, com um conhecido especialista e jornalista do vinho, chamado Didu Russo, que podemos comprar o mesmo vinho, da mesma safra, degustara um de forma imediata e deixar o outro guardado por alguns anos e fazer as devidas comparações entre eles.

Hoje estou dentro do possível e das condições financeiras, fazendo isso com alguns vinhos, que tenham uma boa longevidade, um bom potencial de guarda. E decidi fazer esse teste com um vinho brasileiro, da serra catarinense, da fria São Joaquim.

Recentemente fiz a aquisição da linha “Núbio” da Cooperativa Sanjo, tida como uma das maiores, senão a maior produtora de maçãs do Brasil e que, em 2002, se aventurou na produção de vinhos.

E aproveitei os festejos do fim de ano para degustar uma das garrafas, da safra 2012! Sim, dez anos de um vinho para celebrar mais um ano que, apesar das já costumeiras dificuldades do cotidiano, terminamos com saúde para continuar a degustar bons vinhos.

E como aqui em minha casa, esse período do ano é marcada por uma tradição, o churrasco, optei, claro, por harmonizar com um tinto, uma casta condizente, a meu ver com essa popular comida brasileira, carioca. A casta é a rainha das uvas tintas: Cabernet Sauvignon.

Bem diante dessas dicas já está mais do que evidente o vinho que degustei e gostei. Falo do Sanjo Núbio Cabernet Sauvignon da safra 2012! Esse foi o primeiro rótulo da vinícola que degustei e o amor foi a primeira vista, algo como arrebatador! E o primeiro foi o Sanjo Núbio Cabernet Sauvignon da safra 2010 e como estava maravilhoso! Depois foi o Sanjo Núbio Sauvignon Blanc 2017, depois o surpreendente Sanjo Nobrese Cabernet Sauvignon e espero que venham muitos.

E veio esse Sanjo Núbio Cabernet Sauvignon 2012 que foi responsável por eu conhecer os vinhos de Santa Catarina que pensei que nunca teria acesso pelos altos preços de alguns rótulos. Mas a linha Sanjo te oferece oportunidades nesse sentido e foi mais um quesito que agregou ao meu sentimento de carinho que construí por esse produtor que, estranhamente, é pouco mencionado, a não ser pelo próprio especialista e jornalista Didu Russo.

Então sem mais delongas vamos com um pouco de história e desbravar são Joaquim e sua importância para o cenário vitivinícola brasileira e é tida como a região que abriga os vinhos mais longevos do Brasil e me parece que a linha Núbio Cabernet Sauvignon corrobora isso.

São Joaquim, Serra Catarinense, Brasil

A vitivinicultura no Brasil ficaria restrita a pequenas áreas em distintos pontos do território nacional até 1875, quando se inicia, no Rio Grande do Sul a instalação de imigrantes italianos. Concebe-se então, como marco da indústria vitivinícola brasileira a chegada destes imigrantes italianos (século XIX) e sua instalação na Serra Gaúcha. Em Santa Catarina, as primeiras mudas de uva plantadas pelos imigrantes italianos que chegaram, em 1878, na região onde seria fundada a cidade de Urussanga, são as responsáveis pelo início da vitivinicultura catarinense que conhecida atualmente.

Os italianos trouxeram mudas e sementes de vitis viníferas, mas elas não se adaptaram à úmida região”. A cultura da uva e o hábito do consumo do vinho faziam parte do patrimônio cultural acumulado dos imigrantes italianos oriundos na sua maioria da região do Trento, acostumados a dispor do vinho em seu ritual à mesa. Diante das condições naturais adversas, foram buscar videiras que se adaptassem às características climáticas da região de Urussanga, mesmo que o vinho resultante se apresentasse diferente da bebida já consumida na Itália. Recorreram então às variedades americanas e híbridas, como a Isabel, mais resistentes a pragas e ao clima tropical.

Atualmente, a região Meio-Oeste é a maior produtora de vinhos do estado de Santa Catarina. Foi nela que, na primeira metade do século XX, italianos que haviam migrado do Rio Grande do Sul deram início à construção da mais expressiva cadeia vitivinícola de Santa Catarina. A produção da uva e do vinho no Meio-Oeste catarinense é constituída principalmente de uvas de origem americana e híbrida. Apenas na década de 70, com a criação em Santa Catarina do PROFIT (Projeto de Fruticultura de Clima Temperado) é que houve um grande incentivo para o plantio de castas europeias. Desde o final da década de 1990, entretanto, vem ocorrendo uma reversão das expectativas no plantio das variedades de castas europeias, representada por novos plantios, inclusive em áreas não tradicionais para o cultivo da videira, como é o caso das regiões de elevada altitude (acima de 950 metros). Assim como ocorreu com o setor macieiro, as condições geográficas da região do planalto catarinense favorecem a produção de uvas, especialmente as da variedade vitis viníferas.

A partir de estudos visando o desenvolvimento da vitivinicultura no planalto serrano, iniciados na década de 1990 pela EPAGRI e de investimentos de empresas de outras regiões identificados no mesmo período, a produção de vinhos finos vem crescendo. Além das características geoclimáticas adequadas para a produção das castas europeias, há que se considerar também o emprego de sofisticadas técnicas enológicas, bem como as modernas instalações produtivas. Pode-se também atribuir o início do cultivo de parreiras e da fabricação de vinhos na serra catarinense à fixação de descendentes de italianos oriundos da região sul do estado de Santa Catarina que migraram para o planalto.

O início dos experimentos da EPAGRI e o plantio de 50 plantas experimentais de uvas Cabernet Sauvignon realizado pela vinícola Monte Lemos que detém a marca Dal Pizzol foram o incentivo que faltava para que Acari Amorim, Francisco Brito, Nelson Essenburg e Robson Abdala adquirissem uma propriedade em São Joaquim, no ano de 1999, dando início a Quinta da Neve.

Em 2000, o empresário Dilor de Freitas adquiriu uma propriedade no município de Bom Retiro, onde em 2001 iniciou o cultivo de uvas finas. No ano de 2002, adquiriu sua propriedade de São Joaquim e lançou a construção de sua vinícola onde localiza-se a sede da Villa Francioni e o centro de visitações. O empresário Nazário Santos, a partir de uma sociedade com um grupo de profissionais liberais paulistas, idealizou a Quinta Santa Maria, sendo um dos pioneiros produtores de vinhos de uvas vitis viníferas em São Joaquim.

Os novos terroirs de Santa Catarina, localizados em altitudes que podem chegar a 1.400 metros no Estado que registra as temperaturas mais baixas do País, têm vantagens para quem planta uvas viníferas. Em regiões mais frias e altas, o ciclo da videira se desloca para mais tarde, e esse ciclo longo ajuda a concentrar açúcares e taninos, além de melhorar a sanidade dos grãos. Atualmente, na região vitivinícola de São Joaquim, já é possível destacar os municípios de São Joaquim, Urubici, Urupema e Bom Retiro.

Ao investigar a vitivinicultura de altitude de São Joaquim, observa-se a tendência e a existência de significativos acertos no processo de desenvolvimento do setor. A identificação de recursos naturais raros e diferenciados se apresenta como um fator capaz de gerar vantagens competitivas, estruturando a atividade produtiva com o foco na segmentação de mercado.

Através do suporte de instituições de pesquisa como mecanismo de desenvolvimento de todo o setor produtivo da uva e do vinho, da articulação entre os recursos disponíveis, dos maiores investimentos em publicidade e propaganda realizados pelas empresas do setor e dos projetos que visam o diferencial do produto afirmado pelas indicações geográficas identifica-se a importância das tipicidades que procedem dos vinhos finos de altitude, confirmando então, a criação de um produto diferenciado no país.

Indicação Geográfica (IG) da Serra Catarinense

Em 29 de junho de 2021, o INPI concedeu a Indicação Geográfica Santa Catarina para Vinhos de Altitude (serra catarinense) da espécie Indicação de Procedência (IP), para vinho fino, vinho nobre, vinho licoroso, espumante natural, vinho moscatel espumante e brandy. O pedido da IG foi solicitado pela “Vinhos de Altitude – Produtores e Associados”, em 2 de junho de 2020.

A área geográfica da IP Vinhos de Altitude de Santa Catarina abrange 29 municípios que correspondem a 20% da área do estado catarinense: Água Doce, Anitápolis, Arroio Trinta, Bom Jardim da Serra, Bom Retiro, Brunópolis, Caçador, Campo Belo do Sul, Capão Alto, Cerro Negro, Curitibanos, Fraiburgo, Frei Rogério, Iomerê, Lages, Macieira, Painel, Pinheiro Preto, Rancho Queimado, Rio das Antas, Salto Veloso, São Joaquim, São José do Cerrito, Tangará, Treze Tílias, Urubici, Urupema, Vargem Bonita e Videira.

Atualmente são aproximadamente 300 hectares de área cultivada, concentradas entre 900 e 1400 metros de altitude, na região vitivinícola de maior altitude e mais fria do Brasil. Do ponto de vista sensorial, os vinhos da IP irão enriquecer ainda mais a paleta de cores e sabores dos vinhos brasileiros.

A paisagem, o solo, o relevo e o clima particular dessas regiões de altitude favorecem a biossíntese dos pigmentos e dos aromas, preservando a acidez e atribuindo estrutura e corpo aos vinhos, permitindo a expressão plena da genética de cada variedade de uva.  Os vinhos da região têm sua qualidade atribuída, também, ao elevado nível tecnológico empregado nos vinhedos e nas vinícolas.  São vinhos com uma excelente expressão de sabor e elevada tipicidade, são vinhos com um sentido de lugar.

Foram aprovadas para produção dos vinhos da IP as variedades finas (Vitis vinifera L.) Aglianico, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Chardonnay, Garganega, Gewurztraminer, Grechetto, Malbec, Marselan, Merlot, Montepulciano, Moscato Bianco, Moscato Giallo, Nero d’Avola, Petit Verdot, Pignolo, Pinot Noir, Rebo, Refosco dal Peduncolo Rosso, Ribolla Gialla, Rondinella, Sangiovese, Sauvignon Blanc, Sémillon, Syrah, Touriga Nacional e Vermentino.

Diversos requisitos de produção fazem parte do Caderno de Especificações Técnicas da IP. Dentre eles, destaca-se que 100% das uvas devem ser produzidas na área delimitada, em áreas de altitude. Os sistemas de condução autorizados para os vinhedos são a espaldeira e o Ýpsilon, sendo que a produtividade máxima permitida é de 7000 litros de vinho por hectare/ano.

Para a vinificação, as uvas devem atingir níveis de maturação definidos por tipo de vinho, os quais, por sua vez, devem ser elaborados na área delimitada pelos municípios integrantes da IP.

Os vinhos atendem padrões analíticos de qualidade, próprios da IP, e devem ter a qualidade sensorial aprovada em degustação realizada às cegas; normas de rotulagem dos vinhos, facilitando a identificação das garrafas pelo consumidor,  incluindo um selo de controle numerado exclusivo da IP; controles sob a gestão do Conselho Regulador que aplica um Plano de Controle para atestar a conformidade dos produtos em relação aos requisitos de produção.

E agora finalmente o vinho!

Na taça um atraente vermelho rubi, intenso, vívido, quase escuro, com halos denunciando evolução em cor atijolada, granada, com lágrimas grossas, lentas e em profusão, manchando o bojo.

No nariz é elegante e delicado, mas complexo, trazendo uma belíssima convergência, harmonia entre as notas amadeiradas, graças aos 12 meses em barricas de carvalho, cerca de 50% do lote, com notas frutadas, de frutas negras maduras, apesar dos 10 anos de garrafa. Aromas balsâmicos são percebidos, bem como baunilha, um defumado, especiarias, com destaque para pimenta e pimentão, além de terra molhada, ervas, tabaco.

Na boca traz o sabor marcante da Cabernet Sauvignon, a elegância, o equilíbrio, com a estrutura que a cepa entrega, sendo alcoólico, sem agredir, conferindo-lhe um belo volume de boca, sendo corpulento. As notas frutadas também protagonizam como no aspecto olfativo, as notas amadeiradas oferecem uma discreta tosta, caramelo, chocolate. Os taninos estão presentes, mas sedosos, a acidez se mostra vívida, intensa, salivante com um final potente e persistente.

Especial, singular, incrível! Adjetivos não faltam ao Sanjo Núbio Cabernet Sauvignon que, mesmo aos 10 anos de vida, teria muitos anos pela frente e a evoluir fantasticamente, não é a toa que há mais um exemplar como esse por mim degustado na adega evoluindo lentamente para daqui alguns anos ser degustado. E não é especial apenas por isso, mas por ser oriundo de regiões, terroirs frios, a Cabernet Sauvignon precisa ser cultivada em climas quentes, então são poucas as safras, são poucos os anos que rótulos como esse são concebidos. Para se ter uma noção da dimensão disso e do quão especial é degustar esse vinho, é de que a safra de 2012 é a mais atual dessa linha de rótulos. Celebremos um novo ano, um ano melhor, melhor com vinhos para evocar a alegria e a saúde para sermos longevos como o Sanjo Núbio Cabernet Sauvignon. Tem 14% de teor alcoólico.

Sobre a Sanjo Cooperativa Agrícola de São Joaquim:

Formada originalmente por 34 fruticultores, em sua maioria imigrantes e descendentes de japoneses oriundos da cooperativa paulista de Cotia, a Sanjo construiu uma história de sucesso comercial investindo em qualidade e tecnologia agrícola. Nossa produção alcança mais de 50 mil toneladas anuais de maçãs, em uma área plantada de 1240 hectares.

No Brasil, as variedades mais consumidas de maçãs são a Gala e a Fuji. A Sanjo produz ambas em grande volume, comercializadas em todo o país, e divididas entre as marcas Sanjo, Dádiva, Pomerana e Hoshi, conforme a categoria. A empresa também comercializa com sucesso a linha de maçãs em sacolas Sanjo Disney, destinada ao público infantil.

A partir de 2002, aliando os valores da tradição japonesa à qualidade das uvas francesas e à experiência de enólogos de descendência italiana, vindos das tradicionais vinícolas da Serra Gaúcha, a Sanjo passou a investir também com sucesso na produção de vinhos finos de altitude, contribuindo para o reconhecimento alcançado pelos vinhos produzidos na Serra Catarinense. São 25,7 hectares das variedades Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay e Sauvignon Blanc, cultivadas com as mais avançadas tecnologias de produção de uvas para a elaboração de vinhos.

Mais informações acesse:

http://www.sanjo.com.br//



Referências:

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/comecando-por-cima_8143.html

“O Turismo e a Produção de Vinhos Finos na Região de São Joaquim (SC): Notas Preliminares”: https://www.ucs.br/ucs/eventos/seminarios_semintur/semin_tur_6/arquivos/13/O%20Turismo%20e%20a%20Producao%20de%20Vinhos%20Finos%20na%20Regiao%20de%20Sao%20Joaquim.pdf

“Blog do Jeriel”: https://blogdojeriel.com.br/2010/02/21/nubio-2005-um-bom-cabernet-sauvignon-de-sao-joaquim-santa-catarina/

“CafeViagem”: https://cafeviagem.com/vinhos-de-altitude-de-santa-catarina-conquistam-indicacao-geografica/#

“Embrapa”: https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/63617903/vinhos-de-altitude-de-santa-catarina-nova-indicacao-geografica-na-regiao-mais-fria-do-brasil

 







sábado, 18 de dezembro de 2021

Sanjo Nobrese Cabernet Sauvignon

 

Ter boas referências sempre te dá um norte para tomar certas decisões na vida ou para construir, edificar a sua formação nas mais diversas áreas, âmbitos da vida. E penso que no universo do vinho não seja diferente. Eu explico!

Aquele produtor que você passa a gostar, aquela região cujos rótulos você se identificou, uma casta preferida etc. Enfim, é uma soma de vários fatores que vai construindo a sua percepção de vinho.

De um tempo para cá estava a procura de alguns rótulos da Serra Catarinense, da região de São Joaquim, conhecida como uma das cidades mais frias do Brasil. Me coloquei a garimpar alguns rótulos e observei que, a cada rótulo localizado, me esbarrava na impossibilidade de tê-los por conta dos altos valores.

Mas não desisti, continuei em busca de algum vinho dessa região, para conhecê-la, pois nunca havia degustado um vinho sequer dessa região brasileira. A missão era árdua, para muitos poderia ser o fim, a desistência. Mas localizei uma linha de rótulos de uma vinícola que não conhecia e que estava em um site que sempre comprei vinhos. Como que nunca tinha visto aqueles vinhos?

Era de uma Cooperativa, de uma empresa, fundada por japoneses que iniciou a sua história produzindo maçãs, isso mesmo, maçãs e que no início dos anos 2000 começou a sua produção de vinhos! Falo da Sanjo.

Por ser tratar de uma vinícola cooperativada os valores dos vinhos eram bem atrativos e logo comprei o Sanjo Núbio Cabernet Sauvignon da safra 2010. O degustei com 11 anos de vida, amigos! São conhecidos os vinhos de altitude de São Joaquim como os mais longevos do Brasil, os amados vinhos velhos que tanto gosto. O vinho estava maravilhoso!

Continuei a investir nos vinhos desse produtor e dessa vez foi o Sanjo Núbio Sauvignon Blanc da safra 2017. Quando o comprei descobri que os vinhos dessa casta na Serra Catarinense é o carro-chefe da região, sendo considerado como um dos melhores Sauvignon Blanc produzido no Brasil. Isso me encheu de euforia para degusta-lo. E não deu outra de novo: sucesso!

Talvez seja uma sorte nas escolhas, mas eu senti a necessidade de comprar um novo rótulo desse produtor, afinal percebia que estava em terreno fértil, os rótulos dessa vinícola é bom! Dessa vez eu queria “ousar” um pouco mais e comprar um vinho mais básico, simples, de proposta mais jovem dessa vinícola.

Lembrei-me do especialista em vinhos Didu Russo, onde o mesmo disse: “A gente mede a qualidade de um produtor pelos seus vinhos de entrada”. Então não hesitei e comprei um dos vinhos mais básicos da Sanjo e prometi que logo iria abri-lo para degusta-lo.

Esse momento chegou e quando chegou tive, mais uma vez, uma surpresa arrebatadora! O vinho que degustei e gostei veio da região da Serra Catarinense, de São Joaquim, e se chama Sanjo Nobrese da casta Cabernet Sauvignon sem safra. Na realidade esse vinho é um blend de safras, que consiste na junção de algumas safras, mais um atrativo. Então, antes de entrar na descrição do vinho, falemos um pouco de São Joaquim.

A vitivinicultura no Brasil ficaria restrita a pequenas áreas em distintos pontos do território nacional até 1875, quando se inicia, no Rio Grande do Sul a instalação de imigrantes italianos. Concebe-se então, como marco da indústria vitivinícola brasileira a chegada destes imigrantes italianos (século XIX) e sua instalação na Serra Gaúcha. Em Santa Catarina, as primeiras mudas de uva plantadas pelos imigrantes italianos que chegaram, em 1878, na região onde seria fundada a cidade de Urussanga, são as responsáveis pelo início da vitivinicultura catarinense que conhecida atualmente.

Os italianos trouxeram mudas e sementes de vitis viníferas, mas elas não se adaptaram à úmida região”. A cultura da uva e o hábito do consumo do vinho faziam parte do patrimônio cultural acumulado dos imigrantes italianos oriundos na sua maioria da região do Trento, acostumados a dispor do vinho em seu ritual à mesa. Diante das condições naturais adversas, foram buscar videiras que se adaptassem às características climáticas da região de Urussanga, mesmo que o vinho resultante se apresentasse diferente da bebida já consumida na Itália. Recorreram então às variedades americanas e híbridas, como a Isabel, mais resistentes a pragas e ao clima tropical.

Atualmente, a região Meio-Oeste é a maior produtora de vinhos do estado de Santa Catarina. Foi nela que, na primeira metade do século XX, italianos que haviam migrado do Rio Grande do Sul deram início à construção da mais expressiva cadeia vitivinícola de Santa Catarina. A produção da uva e do vinho no Meio-Oeste catarinense é constituída principalmente de uvas de origem americana e híbrida. Apenas na década de 70, com a criação em Santa Catarina do PROFIT (Projeto de Fruticultura de Clima Temperado) é que houve um grande incentivo para o plantio de castas europeias. Desde o final da década de 1990, entretanto, vem ocorrendo uma reversão das expectativas no plantio das variedades de castas europeias, representada por novos plantios, inclusive em áreas não tradicionais para o cultivo da videira, como é o caso das regiões de elevada altitude (acima de 950 metros). Assim como ocorreu com o setor macieiro, as condições geográficas da região do planalto catarinense favorecem a produção de uvas, especialmente as da variedade vitis viníferas.

A partir de estudos visando o desenvolvimento da vitivinicultura no planalto serrano, iniciados na década de 1990 pela EPAGRI e de investimentos de empresas de outras regiões identificados no mesmo período, a produção de vinhos finos vem crescendo. Além das características geoclimáticas adequadas para a produção das castas europeias, há que se considerar também o emprego de sofisticadas técnicas enológicas, bem como as modernas instalações produtivas. Pode-se também atribuir o início do cultivo de parreiras e da fabricação de vinhos na serra catarinense à fixação de descendentes de italianos oriundos da região sul do estado de Santa Catarina que migraram para o planalto.

O início dos experimentos da EPAGRI e o plantio de 50 plantas experimentais de uvas Cabernet Sauvignon realizado pela vinícola Monte Lemos que detém a marca Dal Pizzol foram o incentivo que faltava para que Acari Amorim, Francisco Brito, Nelson Essenburg e Robson Abdala adquirissem uma propriedade em São Joaquim, no ano de 1999, dando início a Quinta da Neve.

Em 2000, o empresário Dilor de Freitas adquiriu uma propriedade no município de Bom Retiro, onde em 2001 iniciou o cultivo de uvas finas. No ano de 2002, adquiriu sua propriedade de São Joaquim e lançou a construção de sua vinícola onde localiza-se a sede da Villa Francioni e o centro de visitações. O empresário Nazário Santos, a partir de uma sociedade com um grupo de profissionais liberais paulistas, idealizou a Quinta Santa Maria, sendo um dos pioneiros produtores de vinhos de uvas vitis viníferas em São Joaquim.

Os novos terroirs de Santa Catarina, localizados em altitudes que podem chegar a 1.400 metros no Estado que registra as temperaturas mais baixas do País, têm vantagens para quem planta uvas viníferas. Em regiões mais frias e altas, o ciclo da videira se desloca para mais tarde, e esse ciclo longo ajuda a concentrar açúcares e taninos, além de melhorar a sanidade dos grãos. Atualmente, na região vitivinícola de São Joaquim, já é possível destacar osmunicípios de São Joaquim, Urubici, Urupema e Bom Retiro.

Rota do Vinho (Serra Catarinense)

Ao investigar a vitivinicultura de altitude de São Joaquim, observa-se a tendência e a existência de significativos acertos no processo de desenvolvimento do setor. A identificação de recursos naturais raros e diferenciados se apresenta como um fator capaz de gerar vantagens competitivas, estruturando a atividade produtiva com o foco na segmentação de mercado.

Através do suporte de instituições de pesquisa como mecanismo de desenvolvimento de todo o setor produtivo da uva e do vinho, da articulação entre os recursos disponíveis, dos maiores investimentos em publicidade e propaganda realizados pelas empresas do setor e dos projetos que visam o diferencial do produto afirmado pelas indicações geográficas identifica-se a importância das tipicidades que procedem dos vinhos finos de altitude, confirmando então, a criação de um produto diferenciado no país.

E agora finalmente o vinho!

Na taça tem um vermelho rubi intenso, com tonalidade brilhante e vívida, com reflexos violáceos com lágrimas finas e em média intensidade.

No nariz conta com um exuberante aroma de frutas vermelhas e pretas maduras, onde se destacam cereja, amora, framboesa e ameixa, com as típicas notas de especiarias, um discreto toque herbáceo.

Na boca é seco, equilibrado, de corpo leve para médio, média estrutura, expressivo, com um ótimo volume de boca, frutado, com taninos macios e uma acidez equilibrada e um final longo, prolongado e frutado.

Eu vislumbrava seguir o meu caminho na degustação dos vinhos da Sanjo em todos os seus patamares de proposta e faltava um da linha mais jovem e simples para embarcar na experiência sensorial. E que experiência agradável! Um blend de castas, um vinho que desce redondo, saboroso, elegante, equilibrado, mas que demonstra alguma personalidade, enaltecendo as características genuínas da Cabernet Sauvignon. Um Cabernet Sauvignon que não traz a estrutura e a complexidade, não passa por barricas, exatamente para exaltar as propostas que o vinho deveria ostentar, porém mostra o Cabernet Sauvignon como deve ser. Um vinho extremamente versátil que pode ser apreciado sem harmonização ou acompanhado por carnes vermelhas, grelhadas, massas como pizza e macarrão ou aqueles queijos semi duros. Mais uma vez a Sanjo disse a que veio. A história continua... Tem 12% de teor alcoólico.

Sobre a Sanjo Cooperativa Agrícola de São Joaquim:

Formada originalmente por 34 fruticultores, em sua maioria imigrantes e descendentes de japoneses oriundos da cooperativa paulista de Cotia, a Sanjo construiu uma história de sucesso comercial investindo em qualidade e tecnologia agrícola. Nossa produção alcança mais de 50 mil toneladas anuais de maçãs, em uma área plantada de 1240 hectares.

No Brasil, as variedades mais consumidas de maçãs são a Gala e a Fuji. A Sanjo produz ambas em grande volume, comercializadas em todo o país, e divididas entre as marcas Sanjo, Dádiva, Pomerana e Hoshi, conforme a categoria. A empresa também comercializa com sucesso a linha de maçãs em sacolas Sanjo Disney, destinada ao público infantil.

A partir de 2002, aliando os valores da tradição japonesa à qualidade das uvas francesas e à experiência de enólogos de descendência italiana, vindos das tradicionais vinícolas da Serra Gaúcha, a Sanjo passou a investir também com sucesso na produção de vinhos finos de altitude, contribuindo para o reconhecimento alcançado pelos vinhos produzidos na Serra Catarinense. São 25,7 hectares das variedades Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay e Sauvignon Blanc, cultivadas com as mais avançadas tecnologias de produção de uvas para a elaboração de vinhos.