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quinta-feira, 13 de junho de 2024

Salvattore Reserva Alicante Bouschet 2019

 



Vinho: Salvattore Reserva

Safra: 2019

Casta: Alicante Bouschet

Região: Flores da Cunha, Serra Gaúcha

País: Brasil

Produtor: Vinícola Salvattore

Teor Alcoólico: 13%

Adquirido: Vinhos & Vinhos

Valor: R$ 83,90

Estágio: 12 meses em barricas de carvalho americano.

 

Análise:

Visual: revela um rubi intenso, escuro, fechado, com halos violáceos. Tem viscosidade, algum resíduo por ser concentrado, com lágrimas finas, lentas, coloridas e em profusão.

Nariz: aromas instigantes e vibrantes de frutas pretas maduras, que lembram “apassimento”, compota, geleia, com notas amadeiradas que traz toques de baunilha, especiarias, como ervas finas, cacau, tabaco, charcutaria e um discreto mentol.

Boca: seco, estruturado, potente, cremoso, porém elegante, macio, com as notas frutadas em evidência, bem como o carvalho, que dá o aporte da baunilha, do chocolate meio amargo, com taninos presentes que, em equilíbrio com a bela acidez, dá vivacidade ao vinho. Tem final persistente e retrogosto amadeirado e frutado.

 

Produtor:

https://www.vinicolasalvattore.com.br/inicio


segunda-feira, 29 de abril de 2024

Vinhas Velhas do Barão Reserva 2019

 



Vinho: Vinhas Velhas do Barão Reserva

Casta: Alicante Bouschet, Touriga Nacional e Syrah

Safra: 2019

Região: Alentejo

País: Portugal

Produtor: Vinícola Monte dos Perdigões

Teor Alcoólico: 14%

Adquirido: Supermercado Mundial (Niterói/RJ)

Valor: R$ 54,90

Estágio: 50% do lote por 12 meses em barricas de carvalho e os outros 50% do lote em tanques de aço inoxidável.

 

Análise:

Visual: apresenta um rubi profundo, fechado, escuro, com entornos violáceos, com lágrimas em profusão.

Nariz: no aroma traz um ataque de frutas pretas maduras com destaque para cereja preta e ameixa, com discretas notas amadeiradas com o aporte do tabaco, couro, fumaça e carvalho e especiarias, como pimenta.

Boca: tem médio corpo, macio, elegante, equilibrado, com as notas frutadas percebidas, taninos gordos e generosos, mas amáveis, carvalho bem integrado, com toques de chocolate meio amargo, baunilha, além de uma acidez salivante que trouxe frescor. Tem final cheio e persistente.

 

Produtor:

https://www.montedosperdigoes.pt/pt/


quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Sombrero de Paja Garnacha Tintoreira 2018

 



Vinho: Sombrero de Paja

Casta: Garnacha Tintoreira ou Alicante Bouschet

Safra: 2018

Região: Almansa (Castilla La Mancha)

País: Espanha

Produtor: Bodegas Volver

Teor Alcoólico: 14%

Estágio: 6 meses em barricas de carvalho francês

Adquirido: Evino

Valor: R$ 59,90

 

Análise:

Visual: entrega um rubi intenso, escuro, com lágrimas grossas, em profusão e lentas.

Nariz: traz aromas de frutas negras maduras, quase em compota, com discreto amadeirado, bem integrado, além de notas especiadas, com destaque para a pimenta preta.

Boca: apresenta boa estrutura, bom volume de boca, mas elegante e macio. As notas frutadas ganham destaque também no paladar, com as notas de carvalho com alguma evidência, taninos presentes, porém comportados e acidez equilibrada. Final longo.

 

Produtor:

https://bodegasvolver.com/?lang=en


sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Real Grei Reserva 2019

 



Vinho: Real Grei Reserva

Safra: 2019

Casta: Alicante Bouschet e Trincadeira  

Região: Reguengos de Monsaraz, Alentejo

País: Portugal

Produtor: Vinícola Carmin

Teor Alcoólico: 15%

Estágio: 9 meses em barricas de carvalho

Análise:

Visual: rubi intenso, escuro, com alguma viscosidade, além de lágrimas grossas, finas e lentas.

Nariz: aromas destacados de geléia, algo compotado, com frutas vermelhas maduras, com toques de pimenta, especiarias, tabaco, couro molhado, carvalho.

Boca: saboroso, untuoso, cheio, gordo, média estrutura, as notas frutadas exuberantes, quase em compota, com álcool, apesar de alto teor, bem integrado, bem como as notas amadeiradas, com café, baunilha, torrefação.

 

Produtor:


sábado, 27 de maio de 2023

Monte da Vigia Colheita Selecionada 2020

 

Não é uma grande novidade dizer que os vinhos da gigante e emblemática Alentejo é a minha preferida em Portugal. Não é novidade dizer também que, quando tive os primeiros contatos com os rótulos portugueses, foi com o Alentejo que a cortina da vitivinicultura lusitana se abriu.

O carinho e a predileção não são apenas com a região, com os seus vinhos e tipicidade, com o seu terroir, mas criou-se um vínculo afetivo, até por ter sido os primeiros a inundar as minhas humildes taças.

Evidente que a participação de mercado dos alentejanos no Brasil é grande e a possibilidade de um primeiro contato com esses vinhos é grande, porém, a continuidade das degustações configura-se em predileção, em carinho para com a ensolarada região alentejana.

E o que dizer do caráter de regionalidade? O apelo regional dos seus vinhos é imenso e os produtores parecem fazer questão de evidenciar isso, principalmente pelo fato de ter seus rótulos exportados para todo o mundo. São vinhos locais que ganharam o mundo e não tenha dúvida de que uma condição acarreta na outra.

E já que mencionei o caráter da regionalidade nada mais propício do que falar do vinho que degustei e gostei que se chama Monte da Vigia Colheita Selecionada com o corte de Alicante Bouschet e Touriga Franca, castas típicas do Alentejo, da safra 2020.

E como sempre costumo fazer antes de falar do vinho, é trazer histórias e já que falei também do caráter regional, nada mais propício falar da essência do nome “Monte da Vigia”.

Em 2015, o Grupo Parras Wines, que atua em diversas regiões vitivinícolas de Portugal, incluindo, claro, o Alentejo, expandiu seus vinhedos ao adquirir 230 hectares circundantes à Barragem da Vigia. Lá, em solos de xisto e com disponibilidade de água (fator determinante no Alentejo que é uma região bem seca e quente), foi implementado um vinhedo exclusivamente com castas tintas clássicas do Alentejo.

Trata-se de um projeto da vinícola Herdade da Candeeira, uma das mais tradicionais e importante da Parras Wines. Foi daí que surgiu a linha de rótulos da “Monte da Vigia”. Na região “Monte” é o nome que se dá a uma propriedade rural e suas instalações, com a proposta de elaborar vinhos de castas antigas com uma reinterpretação moderna. E na sequência das histórias vamos agora com o Alentejo.

Alentejo

Situado na zona sul de Portugal, o Alentejo é uma região essencialmente plana, com alguns acidentes de relevo, não muito elevados, mas que o influenciam de forma marcante. Embora seja caracterizada por condições climáticas mediterrânicas, apresenta nessas elevações, microclimas que proporcionam condições ideais ao plantio da vinha e que conferem qualidade às massas vínicas.

As temperaturas médias do ano variam de 15º a 17,5º, observando-se igualmente a existência de grandes amplitudes térmicas e a ocorrência de verões extremamente quentes e secos.

Alentejo

Mas, graças aos raios do sol, a maturação das uvas, principalmente nos meses que antecedem a vindima, sofre um acúmulo perfeito dos açúcares e materiais corantes na película dos bagos, resultando em vinhos equilibrados e com boa estrutura.

Os solos caracterizam-se pela sua diversidade, variando entre os graníticos de "Portalegre", os derivados de calcários cristalinos de "Borba", os mediterrânicos pardos e vermelhos de "Évora", "Granja/Amareleja", "Moura", "Redondo", "Reguengos" e "Vidigueira". Todas estas constituem as 8 sub-regiões da DOC "Alentejo".

História (Passado, presente e futuro)

A história do vinho e da vinha no território que é hoje o Alentejo exige uma narrativa longa, com uma presença continuada no tempo e no espaço, uma gesta ininterrupta e profícua que poucos associam ao Alentejo. Uma história que decorreu imersa em enredos tumultuosos, dividida entre períodos de bonança e prosperidade, entrecortados por épocas de cataclismos e atribulações, numa flutuação permanente de vontades, com longos períodos de trevas seguidos por breves ciclos iluministas e vanguardistas.

É uma história faustosa e duradoura, como o comprovam os indícios arqueológicos presentes por todo o Alentejo, testemunhas silenciosas de um passado já distante, evidências materiais da presença ininterrupta da cultura do vinho e da vinha na paisagem tranquila alentejana. Infelizmente, por ora ainda não foi possível determinar com acuidade histórica quando e quem introduziu a cultura da videira no Alentejo.

Mas ainda assim pode-se afirmar que a história do Alentejo anda de mãos dadas com a história de Portugal e da Península Ibérica, ex-hispânicos, assim como, pertencentes a época de civilizações romana, árabe e cristãs. Em muitos lugares no Alentejo encontrar provas da civilização fenícia existente há 3.000 anos.

Fenícios, celtas, romanos, todos eles deixaram um importante legado da era antes de Cristo, na região que é hoje o Alentejo. Uma terra onde a cultura e tradição caminham lado a lado. Os romanos deixaram nesta região o legado mais importante, escritos, mosaicos, cidades em ruínas, monumentos, tudo deixado pelos romanos, mas não devemos esquecer as civilizações mais antigas que passaram pela zona deixando legados como os monumentos megalíticos, como Antas.

Após os romanos e os visigodos, os árabes, chegaram a esta terra com o cheiro a jasmim, antes da reconquista, que chegaram com a construção de inúmeros castelos, alguns deles construídos sobre mesquitas muçulmanas e a construção de muralhas para proteger a cidade e as cidades que foram crescendo. Desde essa altura até hoje, o Alentejo tem continuado o seu crescimento, um crescimento baseado na agricultura, pecuária, pesca, indústria, como a cortiça e desde o último século até aos nossos dias, com o turismo com uma ampla oferta de turismo rural.

Os gregos, cuja presença é denunciada pelas centenas de ânforas catalogadas nos achados arqueológicos do sul de Portugal, sucederam aos fenícios no comércio e exploração dos vinhos do Alentejo. Por esta época, a cultura da vinha no Alentejo, apesar de incipiente, contava já com quase dois séculos de história.

A persistência de uma cultura da vinha e do vinho, desde os tempos da antiguidade clássica, permite presumir, com elevado grau de convicção, que as primeiras variedades introduzidas no território nacional terão arribado a Portugal pelo Alentejo, a partir das variedades mediterrânicas.

É mesmo provável, se atendermos os registros históricos existentes, que a produção alentejana tenha proporcionado a primeira exportação de vinhos portugueses para Roma, a primeira aventura de internacionalização de vinhos portugueses!

A influência romana foi tão peremptória para o desenvolvimento da viticultura alentejana que ainda hoje, dois mil anos após a anexação do território, as marcas da civilização romana continuam a estar patentes nas tarefas do dia-a-dia, visíveis através da utilização de ferramentas do quotidiano, como o Podão, instrumento utilizado intensivamente até a poucos anos.

Mas foi no aproveitamento das talhas de barro, prática que os romanos divulgaram e vulgarizaram no Alentejo, que a influência romana deixou as suas marcas mais profundas e até hoje é difundida, dada a devida proporção, por alguns abnegados produtores, e claro, a sua população.

Com a emergência do cristianismo, credo disseminado quase instantaneamente por todo o império romano, e face à obrigatoriedade da presença do vinho na celebração eucarística da nova religião, abriram-se novos mercados e novas apetências para o vinho. A fé católica, ainda que indiretamente, afirmou-se como um fator de desenvolvimento e afirmação da vinha no Alentejo, estimulando o cultivo da videira na região.

Com tantas influências culturais o Alentejo sofreu com algumas crises e a primeira se deu exatamente entre os cristãos e muçulmanos. Embora os mulçumanos tenham se mostrando tolerante com os costumes dos povos conquistados, consentindo na manutenção da cultura da vinha e do vinho, sujeitando-a a duros impostos, mas autorizando a sua subsistência, logo nasceu uma intolerância crescente para com os cristãos e os seus hábitos, manifesta no cumprimento rigoroso e vigoroso das leis do Corão.

Inevitavelmente, a cultura do vinho foi sendo progressivamente negada e a vinha gradualmente abandonada, reprimida pelas autoridades zelosas das regiões ocupadas. Com a invasão muçulmana a vinha sofreu o primeiro revés sério no Alentejo. A longa reconquista cristã da península ibérica, riscada de Norte para Sul, geradora de incertezas e inseguranças, com escaramuças permanentes entre cristãos e muçulmanos, sem definição de fronteiras estáveis, maltratou ainda mais a cultura da vinha, uma espécie agrícola perene que, por forçar à fixação das populações, foi sendo progressivamente abandonada.

Foi só após a fundação do reino lusitano, concorrendo através do poder real e das novas ordens religiosas, que a cultura do vinho regressou com determinação ao Alentejo. Poucos séculos mais tarde, já em pleno século XVI, a vinha florescia como nunca no Alentejo, dando corpo aos ilustres e aclamados vinhos de Évora, aos vinhos de Peramanca, bem como aos brancos de Beja e aos palhetes do Alvito, Viana e Vila de Frades.

Em meados do século XVII, eram os vinhos do Alentejo, a par da Beira e da Estremadura, que gozavam de maior fama e prestígio em Portugal. Desventuradamente foi sol de pouca dura! A crise provocada pela guerra da independência, logo secundada por nova crise despertada pela criação da Real Companhia Geral de Agricultura dos Vinhos do Douro, instituída pelo Marquês de Pombal como justificação para a defesa dos vinhos do Douro em detrimento das restantes regiões, com arranques coercivos de vinhas em muitas regiões, deu matéria para a segunda grande crise do vinho alentejano, mergulhando as vinhas alentejanas no obscurantismo.

A crise foi prolongada. Foi preciso esperar até meados do século XIX para assistir à recuperação da vinha no Alentejo, com a campanha de desbravamento da charneca e a fixação à terra de novas gerações de agricultores. Nasceu então mais uma época dourada para os vinhos do Alentejo, período que infelizmente viria a revelar ser de curta duração. O entusiasmo despertou quando se soube que um vinho branco da Vidigueira, da Quinta das Relíquias, apresentado pelo Conde da Ribeira Brava, ganhou a grande medalha de honra na Exposição de Berlim de 1888, a maior distinção do certame, tendo sido igualmente apreciados e valorizados vinhos de Évora, Borba, Redondo e Reguengos.

Pouco anos mais tarde, decorria o ano de 1895, edificou-se a primeira Adega Social de Portugal, em Viana do Alentejo, pelas mãos avisadas de António Isidoro de Sousa, pioneiro do movimento associativo em Portugal. Desafortunadamente, este período de glória viria a terminar abruptamente. Duas décadas passadas, já na primeira metade do século XX, sobreveio um conjunto de acontecimentos políticos, sociais e econômicos que contribuíram decidida e decisivamente para a degradação da viticultura alentejana.

António Isidoro de Sousa

Ao embate da filoxera, somou-se a primeira das duas grandes guerras mundiais, as crises econômicas sucessivas, e, sobretudo, a campanha cerealífera do estado novo que suspendeu e reprimiu a vinha no Alentejo, apadrinhando a cultura de trigo na região que viria a apelidar como "celeiro de Portugal". A vinha foi sendo sucessivamente desterrada para as bordaduras dos campos, para os terrenos marginais em redor de montes, aldeias e vilas, para as pequenas courelas em redor das povoações, reduzindo o vinho à condição de produção doméstica para autoconsumo. Em poucos anos o vinho no Alentejo, salvo raras exceções, desapareceu enquanto empreendimento empresarial.

Foi sob o patrocínio solene da Junta Nacional do Vinho, já no final da década de 1940, que a viticultura alentejana ganhou a primeira oportunidade de recobro, ainda que de forma titubeante.

O movimento associativo foi preponderante para o ressurgimento da atividade vitícola no Alentejo. Em 1970, sob os auspícios da Comissão de Planeamento da Região Sul, foi anunciado o estudo "Potencialidades das sub-regiões alentejanas", coadjuvado dois anos mais tarde pelo estudo "Caracterização dos vinhos das cooperativas do Alentejo. Contribuição para o seu estudo", do professor Francisco Colaço do Rosário, ensaios acadêmicos determinantes para o reconhecimento regional e nacional do potencial do Alentejo. Associando várias instituições ligadas ao setor e tirando proveito das sinergias criadas, o Alentejo conseguiu estabelecer um espírito de cooperação e entreajuda entre os diversos agentes.

Com a criação do PROVA (Projeto de Viticultura do Alentejo), em 1977, foram criadas as condições técnicas para a implementação de um estatuto de qualidade no Alentejo, enquanto a ATEVA (Associação Técnica dos Viticultores do Alentejo), fundada em 1983, foi arquitetada para promover a cultura da vinha nos diferentes terroirs do Alentejo.

Em 1988 regulamentaram-se as primeiras denominações de origem alentejanas, fundamento para o estabelecimento, em 1989, da CVRA (Comissão Vitivinícola Regional Alentejana), garante da certificação e regulamentação dos vinhos do Alentejo.

E agora finalmente o vinho!

Na taça um lindo e envolvente rubi intenso, escuro, fechado, com algum brilho e halos violáceos, com alguma viscosidade. Tem lágrimas finas e lentas, com profusão.

No nariz um pouco tímido, porém, ainda assim, se percebeu, ao abri-lo as notas de frutas pretas bem maduras, com destaque para ameixa, amora, groselha e cereja, com a proeminência de toques de especiarias, algo de herbáceo, diria e um amadeirado com alguma evidência, graças aos seis meses de passagem em barricas de carvalho, entregando um discreto tostado ao fundo, carvalho e talvez baunilha.

Na boca é seco, estruturado, corpo médio, com ótimo volume de boca, o álcool evidente certamente colabora para a sua untuosidade em boca. As frutas pretas maduras também protagonizam, como no aspecto olfativo, com taninos marcados, presentes e com alguma adstringência, talvez pela sua jovialidade, com acidez viva, salivante e um final cheio, gordo, amadeirado e persistente.

A Herdade da Candeeira é uma das mais antigas propriedades da zona da Serra d’Ossa, no Concelho de Redondo, no Alentejo. São terras que têm larga tradição na produção de uvas e de vinho, como prova a parcela de vinha mais antiga da vinícola, plantada em 1938. O ano de 2020 foi de produção elevada no Alentejo. A vinha da Vigia viveu um inverno seco e um verão com calor intenso, fazendo desse Monte da Vigia Colheita Selecionada um vinho aromático, expressivo e marcante, porém muito fazer de degustar pela sua elegância e equilíbrio. Tem 14% de teor alcoólico.

Sobre a Quinta do Gradil (Parras Wines):

A Parras Vinhos de Luís Vieira nasce no ano de 2010, atualmente com sede em Alcobaça, onde também está instalada a unidade de engarrafamento do grupo. Cinco anos depois, com a empresa consolidada e voltada para o mercado internacional, surge a necessidade de se fazer um reposicionamento de marca e “vesti-la” de outra forma, mais atual. É assim que no início de 2016 aparece a Parras Wines, mais jovem, mais flexível, e numa linguagem universal para que possa ser facilmente compreendida por todos, mesmo os que estão além-fronteiras.

Descendente de um pai e de um avô que sempre trabalharam com vinho, Luís Vieira é o único dono deste projeto. Aos cinco anos caiu num depósito de vinho e quase morreu afogado, não fosse um colaborador do avô na altura, que atualmente é seu, tê-lo salvo. Hoje, recorda com graça esse episódio e diz mesmo que simboliza o seu “batismo nestas andanças do vinho”. A empresa começa então a formar-se com terra própria na Região Vitivinícola de Lisboa, mais exatamente na freguesia do Vilar, Cadaval, com duzentos hectares de propriedade em extensão, sendo que 120 são hoje de vinha plantada.

Na mesma região do país, um bocadinho mais acima, na zona de Óbidos, a Parras Wines é também responsável pela exploração de 20 hectares de vinha que dão origem aos vinhos Casa das Gaeiras. Com sede em Alcobaça, nas antigas instalações de uma fábrica de faianças, deu-se início a uma nova área de negócio – uma Unidade de Engarrafamento de Bebidas, que hoje serve também de sede à Parras Wines e que se chama Goanvi. Cinco anos mais tarde, em 2010, constitui-se então a Parras Vinhos, hoje Parras Wines. Para além de terra na Região de Lisboa, o grupo começou paralelamente a produzir vinhos de outras regiões do país. Através de parcerias com produtores locais, a empresa consegue assim dar resposta às necessidades globais que iam surgindo do mercado, produzindo vinhos do Douro, Vinhos Verdes, Dão, Lisboa, Tejo, Península de Setúbal e Alentejo.

Mais informações acesse:

https://www.parras.wine/pt/

Referências:

“Clube dos Vinhos Portugueses”: https://www.clubevinhosportugueses.pt/turismo/roteiros/vinhos-da-sub-regiao-da-vidigueira-denominacao-de-origem-alentejo/

“Rota dos Vinhos de Portugal”: http://rotadosvinhosdeportugal.pt/enoturismo/alentejo-2/borba/

“Clube dos Vinhos Portugueses”: https://www.clubevinhosportugueses.pt/turismo/roteiros/vinhos-da-sub-regiao-da-vidigueira-denominacao-de-origem-alentejo/

“Rota dos Vinhos de Portugal”: http://rotadosvinhosdeportugal.pt/enoturismo/alentejo-2/borba/

“Vinhos do Alentejo”: https://www.vinhosdoalentejo.pt/pt/vinhos/historia-dos-vinhos/

 

 

 

 

 












quinta-feira, 30 de março de 2023

Portada Winemaker's Selection tinto 2015

 

Será possível degustar um vinho com muitas premiações a um custo atraente? Parece uma combinação um tanto quanto difícil, mas sim, é possível. Não que o quesito “prêmio” seja um determinante de qualidade, mas quando um vinho ostenta muitos prêmios e entrega uma ótima relação custo X qualidade, é de no mínimo olhar com mais carinho para o rótulo.

Quando o degustei, há algum tempo atrás, confesso que fui atraído pela sua fama e venda expressiva em um e-commerce popular de vinhos no Brasil e por ostentar tantos prêmios e medalhas conquistados nesses concursos espalhados pelo mundo, sejam eles famosos ou nem tanto.

E quando esteve em uma promoção avassaladora, cerca de pouco mais de R$ 34,00 à época, hoje o vinho mais que dobrou de valor, dada a sua fama), não hesitei muito e comprei. Comprei e não demorei tanto para degusta-lo. Estava curioso para degustar e vislumbrar a sua pretensa qualidade quando aliada aos seus inúmeros prêmios.

Outro detalhe que me chamou e muito a atenção foi o seu blend. Nunca tinha visto ou melhor, degustado, um vinho com um corte com tantas castas, cerca de sete uvas. Imagine a suposta complexidade! Confesso não ser muito fã de vinhos com blends de tantas cepas, mas, como comprar vinhos é sempre assumir riscos, lá fui eu.

Mas tinha um ponto, pelo menos para mim, positivo nisso tudo: a região! Adoro Lisboa e os seus vinhos banhados pelo Atlântico! O vento, o sol, tudo conspira a favor para vinhos frutados, solares e agradáveis.

Então vamos às apresentações! O vinho que degustei e gostei veio da região de Lisboa e se chama Portada Winemaker’s Selection composto pelas castas Tinta Roriz, Alicante Bouschet, Cabernet Sauvignon, Caladoc, Castelão, Pinot Noir e Touriga Nacional e a safra é 2015. Para variar vamos às histórias, vamos de Lisboa!

Lisboa

A costa de Portugal é muito privilegiada para a produção vitivinícola graças à sua posição em relação ao Oceano Atlântico, à incidência de ventos, ao solo e ao relevo que constituem o local.

Entre as principais áreas produtoras podemos citar a região dos vinhos de Lisboa, antigamente conhecida como Estremadura, famosa tanto por tintos encorpados como por brancos leves e aromáticos.

Lisboa

Tem mais de 30 hectares de cultivo com mais de 9 mil aptas à produção de Vinho Regional de Lisboa e Vinho com Denominação de Origem Controlada. O nome passou em 2009 para Lisboa de forma a diferenciar da região de mesmo nome na Espanha, também produtora de vinhos.

O litoral da IGP Lisboa corre para o sul de Beiras a partir da capital de Portugal, onde o rio Tejo encontra o Oceano Atlântico. Suas características geográficas proporcionam certa complexidade à região, pois está situada climaticamente em zona de transição dos ventos úmidos e estios, com solo de idades variadas, secos, encostas e maciços montanhosos se contrapõem a várzeas e terras de aluvião.

Ainda sofre influência direta da capital do país localizada em um extremo da região. Uma de suas características determinantes é a grande variedade de solos, como terras de aluvião (sedimentar), calcário secundário, várzeas e maciços montanhosos, muitas vezes misturados. Cada um desses terrenos pode proporcionar às uvas características completamente diferentes.

Lisboa

Esta região possui boas condições para produzir vinhos de qualidade, todavia há cerca de quinze anos atrás a região de Lisboa era essencialmente conhecida por produzir vinho em elevada quantidade e de pouca qualidade. Assim, iniciou-se um processo de reestruturação nas vinhas e adegas.

Provavelmente a reestruturação mais importante realizou-se nas vinhas, uma vez que as novas castas plantadas foram escolhidas em função da sua produção em qualidade e não em quantidade. Hoje, os vinhos da Região de Lisboa são conhecidos pela sua boa relação qualidade/preço.

A região concentrou-se na plantação das mais nobres castas portuguesas e estrangeiras e em 1993 foi criada a categoria “Vinho Regional da Estremadura”, hoje "Vinho Regional Lisboa". A nova categoria incentivou os produtores a estudar as potencialidades de diferentes castas e, neste momento, a maior parte dos vinhos produzidos na região de Lisboa são regionais (a lei de vinhos DOC é muito restritiva na utilização de castas).

Entre as principais uvas cultivadas podemos citar as brancas Arinto, Fernão Pires (ambas naturais de Portugal) e Malvasia, e as tintas, Alicante Bouschet, Castelão, Touriga Nacional e Aragonez (como é chamada a Tempranillo na região).

Acredita-se que a elaboração de vinhos seja uma atividade desde o século 12, quando os monges da Ordem de Cister se estabeleceram na região. Uma de suas principais funções era justamente a produção da bebida para a celebração de missas.

A Região de Lisboa é constituída por nove Denominações de Origem: Colares, Carcavelos e Bucelas (na zona sul, próximo de Lisboa), Alenquer, Arruda, Torres Vedras, Lourinhã e Óbidos (no centro da região) e Encostas d’Aire (a norte, junto à região das Beiras).

DO's

A Região de Lisboa é constituída por nove Denominações de Origem: Colares, Carcavelos e Bucelas (na zona sul, próximo de Lisboa), Alenquer, Arruda, Torres Vedras, Lourinhã e Óbidos (no centro da região) e Encostas d’Aire (a norte, junto à região das Beiras). 

As regiões de Colares, Carcavelos e Bucelas outrora muito importantes, hoje têm praticamente um interesse histórico. A proximidade da capital e a necessidade de urbanizar terrenos quase levaram à extinção das vinhas nestas Denominações de Origem.

A Denominação de Origem de Bucelas apenas produz vinhos brancos e foi demarcada em 1911. Os seus vinhos, essencialmente elaborados a partir da casta Arinto, foram muito apreciados no estrangeiro, especialmente pela corte inglesa. Os vinhos brancos de Bucelas apresentam acidez equilibrada, aromas florais e são capazes de conservar as suas qualidades durante anos.

Colares é uma Denominação de Origem que se situa na zona sul da região de Lisboa. É muito próxima do mar e as suas vinhas são instaladas em solos calcários ou assentes em areia. Os vinhos são essencialmente elaborados a partir da casta Ramisco, todavia a produção desta região raramente atinge as 10 mil garrafas.

A zona central da região de Lisboa (Óbidos, Arruda, Torres Vedras e Alenquer) recebeu a maioria dos investimentos na região: procedeu-se à modernização das vinhas e apostou-se na plantação de novas castas.

Hoje em dia, os melhores vinhos DOC desta zona provêm de castas tintas como, por exemplo, a casta Castelão, a Aragonez (Tinta Roriz), a Touriga Nacional, a Tinta Miúda e a Trincadeira que por vezes são lotadas com a Alicante Bouschet, a Touriga Franca, a Cabernet Sauvignon e a Syrah, entre outras. Os vinhos brancos são normalmente elaborados com as castas Arinto, Fernão Pires, Seara-Nova e Vital, apesar da Chardonnay também ser cultivada em algumas zonas.

A região de Alenquer produz alguns dos mais prestigiados vinhos DOC da região de Lisboa (tintos e brancos). Nesta zona as vinhas são protegidas dos ventos atlânticos, favorecendo a maturação das uvas e a produção de vinhos mais concentrados. Noutras zonas da região de Lisboa, os vinhos tintos são aromáticos, elegantes, ricos em taninos e capazes de envelhecer alguns anos em garrafa. Os vinhos brancos caracterizam-se pela sua frescura e carácter citrino.

A maior Denominação de Origem da região, Encostas d’Aire, foi a última a sofrer as consequências da modernização. Apostou-se na plantação de novas castas como a Baga ou Castelão e castas brancas como Arinto, Malvasia, Fernão Pires, que partilham as terras com outras castas portuguesas e internacionais, como por exemplo, a Chardonnay, Cabernet Sauvignon, Aragonez, Touriga Nacional ou Trincadeira. O perfil dos vinhos começou a alterar-se: ganharam mais cor, corpo e intensidade.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta um vermelho rubi com alguma intensidade, quase escuro, mas que revela halos violáceos que o torna razoavelmente brilhante, com lágrimas grossas, lentas e em média intensidade.

No nariz traz aromas flagrantes de de frutas vermelhas maduras, com destaque para cerejas e ameixas, com notas florais e de especiarias doces, com um discreto toque herbáceo, de ervas e pimentas.

Na boca é macio, equilibrado e leve, mas com um bom volume, graças ao seu protagonismo frutado, com um discreto e inusitado residual de açúcar, com taninos médios, já domados, com uma acidez correta, na medida que revela frescor com um final persistente e de retrogosto frutado.

Mais um lisboeta que se revelou solar, pleno, equilibrado e saboroso, mas com personalidade e logo alguma complexidade, sobretudo ao paladar, destacando-se nesse quesito. Definitivamente Lisboa ainda tem a capacidade, mesmo diante de um universo de rótulos que temos à disposição no mercado brasileiro de vinhos, de nos surpreender. Um vinho para o cotidiano, mas que, ao mesmo tempo, pode revelar grandes prazeres em uma gastronomia mais complexa. Um belo vinho! Tem 12,5% de teor alcoólico.

Sobre a DFJ Vinhos:

Fundado pela lenda do vinho José Neiva Correia em 1998, o DJF Vinhos está localizado na região de Lisboa, que se estende então para o norte ao longo da costa da capital Lisboa.

José Neiva Correia

Uma filosofia simples, mas com um objetivo ambicioso: transformar as ricas e diversas variedades portuguesas em vinhos de alta qualidade, acessíveis a todos.

Qualidade e valor ao dinheiro são, sem dúvida, fundamentais, e a propriedade até compra barris de carvalho usados e emprega duas tanoeiras para desmontá-los e despojá-los de novo na madeira nova – tão boa quanto nova por uma fração do preço! Mas isso sem deixar de prezar pelo mais rígido controle de qualidade.

O DJF inegavelmente não tem poucos fãs, com mais prêmios do que qualquer outro produtor português dos últimos 20 anos, incluindo o vinho tinto do ano na IWC e a duas vezes vinícola portuguesa do ano no New York Wine Competition desde 2012.

Mais informações acesse:

https://dfjvinhos.com/

Referências:

“Blog Divvino”: https://www.divvino.com.br/blog/vinho-lisboa/

“Olhar Turístico”: https://www.olharturistico.com.br/regiao-dos-vinhos-de-lisboa/

“Belle Cave”: https://www.bellecave.com.br/vinhos-de-lisboa-saiba-mais-sobre-essa-regiao-produtora

“Infovini”: http://www.infovini.com/pagina.php?codNode=3901

“Center Gourmet”: https://centergourmet.com.br/portada-winemakers-selection-2020/


Vinho degustado em: 2019







 




domingo, 24 de abril de 2022

Rio Sol Gran Reserva Alicante Bouschet 2015

 

Há vinhos e vinícolas que fazem parte de nossa vida enquanto enófilo! Uma espécie de elo sentimental, algo afetivo que, como uma forte corrente, nos une. Ah só quem degusta vinhos sabe o que estou dizendo. Alguns vinhos, alguns rótulos foram e ainda são muito importantes, por exemplo, na minha transição de vinhos suaves, aqueles doces de garrafão para os vinhos finos, aqueles produzidos com castas vitiviníferas.

Está aí um momento de suma importância para qualquer enófilo brasileiro. Atirem a primeira pedra quem não passou por esse momento na história de degustação, de um bom e fiel apreciador da poesia líquida. Posso aqui elencar alguns vinhos e produtores que foram essenciais em minha vida nesse momento: Miolo, Almadén, foram sim, os vinhos brasileiros que me iniciaram há mais de 20 anos atrás. Parece que foi ontem!

Mas não posso me esquecer de um produtor que praticamente vi “nascer” para o mundo nas terras brasileiras, embora não seja genuinamente brasileiro, mas sim de um grupo português de produtor de vinhos, mas que praticamente desbravou e trouxe os preceitos técnicos e tecnológicos para o Vale São Francisco que hoje se tornou uma realidade no que tange aos terroirs brasileiros. Falo da Rio Sol!

Como disse apesar de estar em solo brasileiro a Rio Sol é um projeto ousado e grandioso da Global Wines, um conglomerado português que se instalou no Brasil do Velho Chico, os vinhos do Rio São Francisco que irrigam os parreirais e que entregam, para nosso deleite, vinhos frescos, maravilhosos e, ao mesmo tempo, dotados de uma marcante personalidade em todas as suas propostas.

E dessa vez assumirei um novo estágio nas degustações dos vinhos da Rio Sol, em uma nova nuance de proposta que terei o privilégio de degustar: a linha Gran Reserva da Rio Sol. Não as encaro como a melhor pelo fato de ser um “gran reserva” ou que, por esse motivo, seja mais caro. Vinho bom não é vinho caro, e nada mais que uma nova proposta de degustação de um rótulo que fez e faz parte da minha vida há mais de 20 anos e isso, por si só, já é relevante!

Então sem mais delongas apresento o vinho que degustei e gostei que veio do “eldorado” vitivinícola brasileiro, Vale do São Francisco, no Brasil e se chama Rio Sol Gran Reserva Alicante Bouschet da safra 2015. E o que mais me chama atenção neste vinho é a casta, sim, a casta! A casta, criada em laboratório, se notabilizou na região do Alentejo, mas ganhou alguma representatividade em terras brasileiras, sobretudo, claro, nas quentes terras nordestinas, banhadas pelo Velho Chico. Será minha primeira experiência e como está o coração? Cheio de alegria e expectativas! Mas antes de falar do vinho falemos do Vale do São Francisco e da Alicante Bouschet.

Vale do São Francisco: os vinhos do Velho Chico

A vitivinicultura do semiárido brasileiro é uma excepcionalidade no mundo, uma vez que está localizada entre os paralelos 8º e 9o S e produz, com escalonamento produtivo, uvas o ano todo totalizando duas safras e meia em condições ambientais adversas como alta luminosidade, temperatura média anual de 26oC, pluviosidade aproximada de 500mm, a 330m de altitude, em solo pedregoso.

Cinturão dos vinhos

Seus vinhos possuem público crescente, porque são jovens “vinhos do sol”, peculiares nos aromas e sabores, considerados como fáceis de beber e apresentando boa relação comercial qualidade/preço. Aliado a essas particularidades, diretamente associadas à produção de vinhos finos, o Vale é ainda cenário de diversas belezas naturais, históricas e culturais. Estudos já publicados permitem identificar que a região conta com diversas características que comprovam o seu potencial turístico para o desenvolvimento da atividade, como é o caso da sua história, riquezas ambientais e diversificada cultura regional.

Esses fatores estão relacionados à diversidade observada na região. Isso é notado, principalmente, em decorrência da sua extensão. A Bacia do São Francisco é a terceira maior bacia hidrográfica do país e a única que está totalmente inserida no território nacional. Nela estão localizados 506 municípios contando com, aproximadamente, 13 milhões de habitantes, que representa 9,6% da população brasileira.

Bem antes do Vale do São Francisco se consolidar como polo de vitivinicultura, quem já exercia esse papel no Brasil era a região Sul. No século 19, o Rio Grande do Sul, mesmo com as condições climáticas desfavoráveis, passou a ser considerado um polo crescente nesse meio – e até hoje segue inserido no ramo. Mas, a chegada de imigrantes estrangeiros no país trouxe o conhecimento técnico e a noção de mercado, o que fez com que outras regiões brasileiras também mostrassem a sua capacidade produtiva.

É na década de 1960 que o Nordeste entra em cena e o Vale do São Francisco inicia a sua trajetória na produção de uvas e vinhos, com a implantação das primeiras videiras. Nos anos de 1963 e 1964, foram instaladas duas estações experimentais, nos municípios de Petrolina, no Sertão de Pernambuco e Juazeiro, na Bahia, onde seriam implantados, respectivamente, o Projeto Piloto de Bebedouro e o Perímetro Irrigado de Mandacaru.

Vale do são Francisco

Apesar da escassez de chuva, o clima quente e seco do semiárido mostrou-se terreno fértil para a vitivinicultura e, na mesma década, outras cidades do Sertão de Pernambuco passam a fazer parte da cadeia produtiva. O pioneirismo da vitivinicultura no Nordeste é representado pelo Sertão Pernambucano, que iniciou a sua trajetória na vitivinicultura na década de 1960, produzindo vinhos base para vermutes, na cidade de Floresta, uvas de mesa em Belém do São Francisco e em Santa Maria da Boa vista, localidade que na época se chamava Coripós.

Entre os anos 1980 e 1990, a região banhada pelo Rio São Francisco passa a ser conhecida também pela produção de vinhos finos, e em 1984 é produzido o primeiro vinho no Vale do Submédio São Francisco, com a marca Boticelli. O fortalecimento da vitivinicultura no Vale do Submédio São Francisco se deu com a instalação de vinícolas na Fazenda Milano, em Santa Maria da Boa Vista – PE e Fazenda Ouro Verde, em Casa Nova, na Bahia, que passaram a produzir vinhos finos.

Ao longo da década de 1990, ganha destaque a vitivinicultura tecnificada e a produção de uvas sem sementes. É também nessa época, que cresce o investimento de grupos empresariais na região. A instalação de uma infraestrutura física, como construção de packing houses, melhoria no sistema rodoviário e portuário, e, sobretudo, a organização dos produtores em associações e cooperativas, desempenharam um importante papel na consolidação das exportações de uvas de mesa do Vale do Submédio São Francisco.

A partir dos anos 2000, a produção se fortalece ainda mais com a implantação de outras vinícolas e vitivinícolas e também com as iniciativas públicas. Ações governamentais e de ensino, pesquisa e inovação, a partir do ano 2000, trouxeram novas tecnologias de produção e processamento de uvas e o reconhecimento de atores internacionais. É nessa época que surge a Escola do Vinho do Curso Superior de Tecnologia em Viticultura e Enologia, do Instituto Federal do Sertão Pernambucano.

Estruturação de IG (Indicação Geográfica)

A estruturação da Indicação de Procedência Vale do São Francisco para vinhos está vinculada a projeto financiado pelo MCT/Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tenológico - CNPq. A ação do projeto, voltada para a estruturação da IG, tem as seguintes instituições de CT&I como executoras: Embrapa Uva e Vinho (coordenação) em parceria com a Embrapa Semiárido, Embrapa Clima Temperado, UCS, UFLA, UFP e IF Sertão. O setor vitivinícola da região é representado pelo “Instituto do Vinho do Vale do São Francisco” (Vinhovasf). O projeto conta, ainda, com outras instituições que participam em diversas pesquisas para apoiar o desenvolvimento tecnológico da vitivinicultura da região do Vale do São Francisco. Os produtos IP Vale do São Francisco incluem os vinhos finos tranquilos brancos, rosados e tintos, o espumante fino e o moscatel espumante.

Alicante Bouschet

O palco da uva tinta Alicante Bouchet é, sem dúvidas, a região de Alentejo, em Portugal, onde esse tipo de uva faz grande sucesso. A variedade é utilizada para adicionar corpo e estrutura aos rótulos produzidos na região, bem como dar mais volume aos vinhos.

Criada em laboratório pelo Francês Henri Bouchet, no final de 1800, na região de Languedoc-Roussillon, a uva Alicante Bouchet é a união das castas Petit Bouchet e Grenache. Apesar de ter sido criada na França, esse tipo de uva é majoritariamente cultivado em Portugal, e os vinhos tintos que usam a Alicante Bouchet são rótulos frutados de bom equilíbrio. A casta proporciona enorme capacidade de envelhecimento para os exemplares, de forma que os vinhos se tornem profundos, aromáticos e que se assemelhem a canela e pimenta.

Muito utilizada em vinhos de corte, a Alicante Bouchet dá origem a vinhos excelentes que harmonizam de forma notável com pratos que levam carnes vermelhas. Isso se deve à sua tanicidade, que contrasta muito bem com a gordura, criando sensações memoráveis no paladar.

A uva Alicante Bouchet também é bastante utilizada na elaboração de vinhos na Espanha e Croácia, regiões nas quais recebe diferentes nomes. Na Croácia, por exemplo, a uva é conhecida como Dalmatinka ou Kambusa, enquanto na Espanha é popularmente nomeada como Garnacha Tintorera, ainda que a Organização da Vinha e do Vinho (OIV) não reconheça o sinônimo espanhol.

Sua polpa possui coloração intensa e avermelhada, e seus bagos, dispostos em grandes cachos, são redondos de cor negra. Essas características naturais fazem da uva Alicante Bouchet uma variedade de grande relevância na intensificação da coloração de vinhos tintos.

A uva, apesar de não aparecer muito nos vinhedos da região americana da Califórnia, já foi bastante representativa e de grande relevância para a região. O maior destaque da uva Alicante Bouchet no país, entretanto, deu-se na época da Lei Seca, em 1920, quando a fruta era utilizada para a produção de suco de uva, uma vez que o governo norte americano havia proibido e criminalizado o transporte, comercialização e consumo de bebidas alcoólicas.

E agora finalmente o vinho!

Na taça entrega um vermelho rubi vibrante, intenso, límpido com reflexos violáceos com lágrimas grossas e em profusão que desenham as bordas do copo.

No nariz é bem aromático e remetem a compota de frutas vermelhas maduras, como cereja, framboesa e até morangos, com notas evidentes da madeira, graças aos 9 meses em barricas de carvalho, porém bem integrados, com leve tabaco e especiarias doces.

Na boca traz a fruta vermelha protagonizando também, como no aspecto olfativo, tem personalidade marcante, por ter um bom volume de boca, mas também elegante graças aos já sete anos de safra, um pouco alcoólico, mas sem agredir, sem desequilíbrio, com taninos presentes, mas domados, a presença discreta da madeira e um final agradável e de média persistência.

E já que eu falei de história e de afetividades, o Rio Sol Gran Reserva já faz parte dela, da minha história e da minha humilde vida de enófilo. Um vinho marcante, de personalidade, intenso, complexo, mas que, ao mesmo tempo revela todo o frescor, as notas frutadas que faz com que este rótulo exploda em versatilidade. Que venham mais vinhos da Velho Chico, que venham mais vinhos da Rio Sol e que eles continuem a inundar a minha taça de história viva e plena de grandes experiências sensoriais. Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Santa Maria:

Localizada no Vale do São Francisco com 120 hectares de área plantada, a Rio Sol produz 1,5 milhão de quilos de uva anualmente. Entre as espécies plantadas estão uvas tintas como Cabernet Sauvignon, Syrah, Aragonês, Touriga Nacional, Alicante Bouschet, Tempranillo e Merlot, além das brancas Chenin Blanc, Viognier e Moscatel. Este é o único lugar do mundo que produz, hoje, duas safras de uvas por ano, resultado das características naturais da região e do conhecimento de seus produtores.

É no mesmo local onde se situa a indústria da Rio Sol, onde toda a linha de produtos da empresa é produzida e engarrafada, seguindo os mais modernos conceitos de qualidade. A empresa conta com modernos tanques com controle de temperatura e pressão, sala de barricas para estágio dos vinhos em barris de carvalho francês e uma linha de engarrafamento e rotulagem que utiliza tecnologia importada, semelhante a utilizada nas outras vinícolas do grupo na Europa.

Anualmente são produzidas, aproximadamente, 2 milhões de garrafas, entre vinhos e espumantes, distribuídos para todo o Brasil. Toda essa produção é acompanhada de perto pela equipe de qualidade da Rio Sol, que atua tendo como foco a melhoria contínua da qualidade e a adequação dos produtos às tendências de mercado, sempre visando a sustentabilidade e a segurança do processo. A Rio Sol possui certificação internacional ISO 9001, que atesta os rigorosos controles de qualidade da produção de uvas e elaboração de vinhos.

Sobre a Global Wines:

O Grupo Global Wines nasceu em 1990 no Dão, com o nome Dão Sul. A sua missão era ser a maior empresa da mais antiga região de vinhos tranquilos de Portugal, o Dão. Quando o objetivo foi atingido, partiram para outros sonhos, outras aventuras, outras regiões e outros países. Ainda são a empresa de vinhos líder do Dão. Mas também são uma empresa de vinhos da Bairrada, do Alentejo, de Portugal e até o Brasil.

Tem atualmente 5 Espaços de Enoturismo, 3 dos quais com restaurante, onde procuram conjugar o vinho e a gastronomia, despertando como as melhores sensações, na experiência perfeita. Recebem, diariamente, pessoas de todas as partes do mundo, a quem procuram dar a melhor experiência de vinho e gastronomia. Atualmente estão presentes nos 5 continentes e as suas marcas chegam a mais de 40 países.

Mais informações acessem:

https://www.vinhosriosol.com.br/principal/

https://www.globalwines.pt/#globalwines

Referências:

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/alicante-bouchet