Costumo dizer e defender, com unhas e dentes, o enófilo a
participar, mesmo que ao menos uma vez na vida, de eventos e festivais de
degustação de vinhos. A gama de informação que você absorve é fantástica, ainda
tendo, é claro, o prazer e a alegria de degustar vários rótulos e conhecendo
outros tantos. Você conversa com participantes, com representantes dos
produtores, conhecem, por intermédio dos rótulos, novas regiões, propostas de
vinhos, castas etc. O meu primeiro evento dessa natureza há quatro ou cinco
anos atrás, tive a oportunidade de conhecer um rótulo excelente e de
surpreendente custo x benefício à época que foi muito bem posicionado, na
realidade foi o primeiro colocado, em uma degustação às cegas realizada pela
organização do evento e que contou com especialistas, críticos e jornalistas
ligados ao vinho.
O vinho que degustei e gostei veio da emblemática região
portuguesa do Douro e se chama Tons de Duorum, da vinícola João Portugal Ramos,
composta pelas típicas castas da região: Touriga Franca (50%), Touriga Nacional
(30%) e Tinta Roriz (20%), da safra 2014.
Na taça apresenta um vermelho rubi intenso e brilhante com
tonalidades violáceas, com lágrimas em abundância que teimavam em desenhar as
paredes do copo.
No nariz tem uma explosão aromática de frutas vermelhas
frescas, como o morango e a framboesa, com um agradável toque floral denotando
muito frescor e jovialidade.
Na boca se reproduz as notas olfativas com muito frescor, um
vinho jovem, elegante, mas com a característica personalidade dos vinhos do
Douro, com taninos sedosos e presentes, com boa acidez com um final frutado,
suave, fresco e persistente.
Um vinho que realça a tipicidade da região tradicional do
Douro, mas que não tem aquela típica estrutura, corpo médio, sendo muito
frutado, harmonioso e equilibrado, graças também a sua passagem por 6 meses por
barricas de carvalho, muito bem integrados. Tem 13,5% de teor alcoólico.
Sobre a linha “Duorum”:
Dois enólogos que marcam a história do vinho em Portugal nas
últimas décadas, em duas regiões que o mundo reconhece como de elevada
qualidade e personalidade, o Douro e o Alentejo, reencontram-se num projeto
sonhado e realizado nos vinhedos milenares do Douro. A “Duorum" (expressão
latina que significa “de dois”), nasce em janeiro de 2007 e exprime a vontade
de João Portugal Ramos e de José Maria Soares Franco de juntarem as suas
atividades profissionais de enólogos num projeto de produção de vinhos do Douro
com características únicas e de dimensão internacional. As vinhas, localizadas
nas regiões de Cima Corgo e Douro Superior, dois terroirs excecionais e
protegidos, estão erguidas em socalcos com diferentes altitudes, entre 150-500
metros, e apenas com castas autóctones. No Cima Corgo, existe baixa
pluviosidade com cerca de 600 mm, temperaturas e amplitudes térmicas elevadas
durante o ciclo da videira. Por sua vez, o Douro Superior é menos acidentado,
com encostas geralmente mais suaves e
vales menos profundos. O clima é tipicamente mediterrânico, com as temperaturas
estivais mais elevadas, e precipitações anuais próximas dos 400mm. Tanto a
adega como as vinhas encontram-se inseridas na Região Demarcada do Douro, uma
das mais antigas do Mundo e cujo valor paisagístico e cultural foi reconhecido
pela UNESCO como Património da Humanidade. Adicionalmente, as propriedades da
Duorum encontra-se em dois locais que integram a Rede Europeia de Conservação
da Natureza (Rede Natura 2000), a Zona de Proteção Especial para Aves do Douro
Internacional e Vale do Águeda e o Sítio de Importância Comunitária do Douro
Internacional. A conduta ambiental e vitícola assumida pela DUORUM levou ao
reconhecimento do ICNB (Instituto para a Conservação da Natureza e Biodiversidade)
e à sua consequente adesão à iniciativa europeia Business & Biodiversity,
uma rede internacional de empresas que integra na sua atividade preocupações
com a natureza e a biodiversidade. Este compromisso tornou-se uma ferramenta
imprescindível para atingir os elevados padrões de exigência ambiental
estabelecidos pela DUORUM.
Sobre a vinícola João
Portugal Ramos:
Nascido de uma longa linhagem de produtores, João Portugal
Ramos licenciou-se em Agronomia pelo Instituto Superior de Agronomia, em
Lisboa. Estagiou no Centro de Estudos da Estação Vitivinícola Nacional de Dois
Portos, após o que inicia, em 1980, no Alentejo, a sua atividade de enólogo. A
partir da experiência acumulada, João Portugal Ramos constituiu a Consulvinus
no final da década de 80, com o objetivo de dar resposta às inúmeras
solicitações de vários produtores um pouco por todo o país. Assim, a
Consulvinus alarga a sua atividade para além do Alentejo, chegando ao Tejo,
Península de Setúbal, Dão, Beiras e Lisboa, participando no desenvolvimento de
marcantes vinhos portugueses e revitalizando regiões que até então começavam a
cair no esquecimento dos enófilos e dos consumidores. João Portugal Ramos
planta os primeiros 5 hectares de vinha em Estremoz, onde vive desde 1988,
dando início ao seu projeto pessoal. Estremoz é o primeiro local eleito por
João Portugal Ramos para fazer os seus próprios vinhos, após a longa carreira
como enólogo consultor na criação de vinhos nas principais regiões
vitivinícolas de Portugal. A primeira vindima realiza-se em 1992 e nos anos que
se seguem o vinho é elaborado em instalações arrendadas, sendo 1997 o primeiro
ano em que é vinificado nas novas instalações. Desta primeira vindima, nasce o
primeiro vinho próprio de João Portugal Ramos – Vila Santa. Inicia-se a
construção da Adega Vila Santa, em Estremoz. Em 1997 é também a primeira
colheita do Marquês de Borba Reserva e no ano seguinte nasce o Colheita, que
até hoje se mantém como a marca mais forte do grupo revelando uma consistência
inabalável ano após ano. Embora João Portugal Ramos já fosse há muitos anos o
enólogo responsável pela produção e distribuição dos vinhos dos seus sogros, os
Condes de Foz de Arouce, só em 2005 é que a Quinta de Foz de Arouce na Lousã,
Beira Baixa, passa a fazer oficialmente parte do grupo. No ano em que o Grupo
João Portugal Ramos comemora 25 anos, o seu fundador, em 2017, recebe o Prémio
Senhor do Vinho de uma das mais importantes publicações nacionais no setor – a
Revista de Vinhos. Neste mesmo ano há a necessidade de ampliar a Adega Vila
Santa pela terceira vez, recebendo seis novos lagares de mármore para permitir
"pisa a pé" de um maior número de vinhos tintos, passando também a
centralizar os processos de engarrafamento de todos os vinhos do Grupo em
Estremoz, e aumentando ainda a capacidade de armazenagem de vinhos
engarrafados. Os vinhos do Grupo João Portugal Ramos estão presentes por todo o
mundo, sendo líderes de vendas de vinhos portugueses em alguns países. Hoje, o
enólogo tem a seu lado dois dos seus cinco filhos, João Maria no departamento
de enologia e Filipa no departamento de marketing, dando continuidade ao
negócio de família.
Mais informações acesse:
Degustado em: 2017