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sábado, 30 de novembro de 2024

Chateau Bel-Air Delage 2018

 



Vinho: Chateau Bel-Air Delage

Safra: 2018

Casta: Merlot (50%), Cabernet Sauvignon (25%) e Cabernet Franc (25%)

Região: Bordeaux

País: França

Produtor: Vignobles Delage

Adquirido: Site Sonoma Market

Valor: R$ 67,90

Teor Alcoólico: 14%

 

Análise:

Visual: rubi intenso, escuro, com halos granada, demonstrando boa evolução e já denunciando seus seis anos de garrafa, com lágrimas densas, lentas, viscosas e em profusão.

Nariz: aromas complexos de frutas pretas maduras, além de notas terrosas, de terra molhada, de couro, tabaco, algo de fumo ou charcutaria, com especiarias que entregam cravo, aniz, diria.

Boca: é saboroso, elegante, macio, porém é quente, alcoólico, com presença de boca, persistência, além das frutas maduras, quase que em compota. Os taninos ainda estão presentes, mas domados, a acidez mostra sua vivacidade sugerindo ao vinho mais alguns anos. Tem final longo e envolvente.

 

Produtor:

https://vignoblesdelage.fr/


quarta-feira, 28 de agosto de 2024

Chateau Les Belles Murailles 2018

 



Vinho: Chateau Les Belles Murailles

Safra: 2018

Casta: 70% Merlot, 15% Cabernet Sauvignon, 9% Cabernet Franc, 4.5% Malbec, e 1.5% Petit Verdot

Região: Bordeaux

País: França

Produtor: Chateau Les Belles Murailles/Kressmann

Adquirido: Site Sonoma

Valor: 89,90

Teor Alcoólico: 14%

Estágio: 6 meses em barricas de carvalho.

 

Análise:

Visual: revela um rubi intenso, escuro e fechado, com lágrimas em profusão, sendo elas finas e lentas.

Nariz: traz aromas tímidos, mas perceptíveis em frutas vermelhas e negras maduras, quase em compota, com destaque para amora, ameixa preta e cereja. Discretas notas amadeiradas em total sinergia com a fruta, que entrega baunilha, carvalho, leve tosta, além de especiarias, como pimenta, pimenta preta.

Boca: ele se destaca, sobretudo com as notas frutadas, que replicam a amora, cereja e ameixa preta. É um vinho redondo, elegante, seco, com taninos polidos, porém presentes, com uma ótima e salivante acidez. Tem final longo e persistente.

 

Produtor:

http://www.vins-kressmann.com/


segunda-feira, 29 de abril de 2024

Chateau Les Gauthiers 2015



Vinho: Chateau Les Gauthiers

Casta: Merlot (80%), Cabernet Sauvignon (10%) e Cabernet Franc (10%)

Safra: 2015

Região: Bordeaux

País: França

Produtor: Vignobles Falxa

Teor Alcoólico: 14%

Adquirido: Sonoma

Valor: R$ 67,90

 

Análise:

Visual: apresenta um rubi com evidentes tons granada, diria atijolados, denotando os seus nove anos de garrafa, com prolíficas quantidades de lágrimas finas e lentas.

Nariz: aromas de frutas vermelhas maduras, algo de frutas secas, com notas terrosas, de couro, além de toques herbáceos, talvez pimenta preta e noz-moscada.

Boca: é macio, elegante, mas ainda com alguma estrutura, entregando suculência, repete-se as notas frutadas, taninos dóceis, acidez média que lhe confere ainda frescor, com final envolvente e persistente.

 

Produtor:

http://www.vignobles-falxa.fr/website/







 

quinta-feira, 21 de março de 2024

Delor Réserve Rouge 2019

 



Vinho: Delor Réserve

Casta: Merlot (65%), Cabernet Sauvignon (33%) e Cabernet Franc (2%)

Safra: 2019

Região: Bordeaux

País: França

Produtor: Maison Delor

Teor Alcoólico: 13,5%

Adquirido: Site Lovino

Valor: R$ 97,80

Estágio: em barricas de carvalho (Não especificado no site do produtor e no rótulo do vinho o tempo em que estagiou em carvalho).

 

Análise:

Visual: apresenta um rubi vivo, intenso, escuro, com relativa viscosidade e lágrimas finas, lentas e em profusão.

Nariz: o ataque inicial é das frutas negras maduras, que logo revela as notas amadeiradas bem integradas ao conjunto do vinho, trazendo complexidade, como couro, tabaco, carvalho e algo lácteo, com toques minerais e florais.

Boca: é delicado, macio, mas tem alguma estrutura que lhe confere equilíbrio e personalidade. As notas frutadas e amadeiradas são perceptíveis, os taninos vivos, marcados, porém dóceis, com uma boa acidez e final longo.

 

Produtor:

Não há portal na internet.


terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Chateau La Chapelle Du Couvent 2020

 



Vinho: Chateau La Chapelle du Covent

Casta: Merlot (65%), Malbec (17%), Cabernet Sauvignon (14%) e Cabernet Franc (4%)

Safra: 2020

Região: Côtes de Bordeaux, Bordeaux

País: França

Produtor: Maison Ginestet

Teor Alcoólico: 14%

 

Análise:

Visual: vermelho vivo, pleno, escuro, viscoso, com lágrimas grossas, lentas e abundantes.

Nariz: aroma rico e envolvente de frutas pretas maduras, com destaque para ameixa, cereja preta, com notas de couro e tabaco e certo frescor.

Boca: tem média estrutura, frutado, equilibrado, elegante, bom volume de boca, harmonioso entre taninos maduros, mas presentes e as frutas maduras, com um final logo e agradável.

 

Produtor:


segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Chateau Belair-Coubet 2018



Vinho: Chateau Belair-Coubet

Safra: 2018

Casta: Merlot (60%) e Cabernet Sauvignon (40%)

Região: Côtes de Bourg, Bordeaux (Sobre Côtes de Bourg acesse aqui)

País: França

Produtor: Vignobles Faure

Teor Alcoólico: 13,5%

Estágio: 10 meses em barricas de carvalho francês

 

Análise:

Visual: rubi intenso, escuro, com entornos granada, denotando a passagem por 10 meses em barricas de carvalho.

Nariz: notas de frutas vermelhas maduras, especiarias e cedro, além de baunilha, defumado e carvalho.

Boca: traz as notas frutadas, frutas vermelhas, amadeirado discreto, bem integrado, taninos macios, redondos, acidez correta e um final de média persistência.

 

Sobre o Produtor:

https://www.vignoblesfaure.com/en/presentation/

 

sábado, 8 de outubro de 2022

L'Esquirre Sémillon (50%) e Sauvignon Blanc (50%) 2020

 

Para muitos, eu diria que seja unânime, que a região francesa de Bordeaux é uma das mais prestigiadas do planeta do vinho, se não for a mais importante. Não quero entrar em discussões frívolas, mas o fato é que, sem sombra de dúvidas, Bordeaux é uma das mais famosas, mas melhor, em um universo de milhares terroirs, seria até fazer pouco caso das demais regiões.

Evidente que cada terra, cada região tem as suas particularidades, tornando-se impossível fazer quaisquer juízos de valores nesse quesito. Mas em um quesito, eu acho que Bordeaux ganha de lavada: o seu famoso blend: Cabernet Sauvignon e Merlot ou Merlot e Cabernet Sauvignon, dependendo do “lado” da região.

Sou um entusiasta desse blend. Para mim é o melhor blend que existe! Independente se é “Lado Direito” ou “Lado Esquerdo”, o corte dessas duas castas, na sua predominância, pois pode levar também, em um pequeno percentual, Cabernet Franc, Malbec e Petit Verdot, traz uma versatilidade incrível.

Tem a força, a potência, a estrutura da Cabernet Sauvignon, a maciez da Merlot e nessa ambiguidade o vinho ganha em personalidade e elegância, sem contar que, dependendo da proposta, o vinho ganha em longevidade. Não há como negligenciar a complexidade que esse “assemblage”, como dizem os franceses, pode nos entregar.

Mas não se enganem, mesmo que diante desse glamour e fama dos tintos de Bordeaux há sim lugar e espaço para os brancos “tranquilos” da região bordalesa. E eu custei, até por causa desse prestígio que os tintos ostentam, a perceber que os brancos têm vez na emblemática Bordeaux.

E descobri, por acaso, quando fazia aquelas indispensáveis incursões aos supermercados em busca de alguns “achados”, algo que nos faça crer que vale a pena continuar a degustar a poesia líquida. E não é que achei o tal “achado”?

E de Bordeaux! Um branco bordalês! Desculpem-me se eu fiquei animado quando, nessa altura da vida, encontrei um branco de Bordeaux, mas para mim é uma novidade diante de tantos tintos dessa região.

E é tão novo, não apenas pelo fato de ser um branco de Bordeaux, mas de uma sub-região que, à época, quando o comprei, eu, diante da minha estupenda ignorância, desconhecia: Entre-Deux-Mers.

Claro que tudo isso gerou um clima de excitação, eu precisava ter esse vinho em minha adega, haja vista que não é tarefa fácil encontrar uma boa variedade desses rótulos por aqui em terras brasileiras. E o preço também excitou: cerca de R$34,90, aproximadamente. Dizem que é uma temeridade comprar Bordeaux a esses valores! Que se dane! Comprar vinho é um risco, então vamos encará-los!

Sem mais delongas vamos às apresentações! O vinho que degustei e gostei, veio de Bordeaux, de Entre-Deux-Mers, e se chama L’Esquirre, composto pelo blend das castas Semillon (50%) e Sauvignon Blanc (50%) da safra 2020. Falemos um pouco de Entre-Deux-Mers.

Entre-Deux-Mers: Entre dois mares

O extenso território situado entre Graves e Sain-Émilion, dentro do “Y” formado pelos afluentes Garrone e Dordogne, ganhou sua denominação que significa “Entre-dois-Mares”. O nome da região é derivado, não da palavra francesa “mer” ("mar"), mas de "marée" ("maré"). Assim, significa "entre duas marés", uma referência à sua localização entre dois rios de maré.

Com 3.000 hectares (7.400 acres), é a maior sub-região de Bordeaux, embora, como existem grandes áreas de floresta, apenas metade da terra é usada para o cultivo de uvas. A área total de vinha é de cerca de 1.500 hectares (3.700 acres), com cerca de 250 produtores fazendo vinho nesta região.

Essa sub-região sempre foi conhecida por seus vinhos brancos, na AOC de mesmo nome, mas nas últimas décadas progrediu muito a produção de vinhos tintos nas AOC regionais Bordeaux e Bordeaux Supérieur, baseados na uva mais plantada em Bordeaux - a Merlot. É uma região de interesse onde surgem boas descobertas.

Entre-Deux-Mers

A região vinícola de Entre-Deux-Mers possui 8 apelações: Bordeaux-Haut-Benauge (AOC), Côtes de Bordeaux Saint-Macaire (AOC), Entre-Deux-Mers (AOC), Entre-Deux-Mers-Haut-Benauge (AOC), Graves de Vayres (AOC), Loupiac (AOC), Premières Côtes de Bordeaux (AOC) e Sainte-Croix du Mont (AOC).

A apelação Bordeaux e suas derivadas (Bordeaux Supérieur, Bordeaux Blanc Sec, Bordeaux Clairet, Bordeaux Rosé, Crémant de Bordeaux) é uma apelação regional: Todos os vinhos produzidos no departamento da Gironde podem se classificar para usar esta AOC. Os produtores mais qualificados preferem usar as apelações comunais como Pauillac ou Moulis, mas todos podem produzir vinhos na AOC Bordeaux. Curiosamente vários produtores de Blaye preferem usar AOC Bordeaux.

A AOC Bordeaux Supérieur não produz vinhos brancos secos. Na AOC Bordeaux os tintos são produzidos principalmente em Entre-Deux-Mers, ao sul de Graves, na margem direita (fora das zonas de AOC) e também uma pequena área no Médoc, perto da cidade de Bordeaux.

Esses pequenos Bordeaux hoje são comercializados com preços muito competitivos e sua qualidade os faz ótima compra. Na maioria são produzidos com uma presença maior de Merlot (70-90%), podendo jovens ser sem madeira, 30% de barrica.

Os pequenos Bordeaux podem ter 70%, 80% ou mais de Merlot, beneficiando-se assim da maior produtividade dessa uva e produzindo vinhos macios e fáceis de agradar, com bons preços.

Esses vinhos podem ser elaborados sem madeira, com 30% ou com 100% de madeira, nesse caso os preços variam bastante, mas são vinhos que surpreendem.

Os brancos são tradicionalmente produzidos com Sauvignon Blanc, seja em varietais, na atualidade, ou em cortes tradicionais com Sémillon e Muscadelle.

A AOC Bordeaux Supérieur possui normas de produção mais rígidas, como menores rendimentos por hectare e maturação mais longa. O nível médio de qualidade é bom, mas cada vez mais produtores se destacam pela alta qualidade de seus vinhos.

A denominação Entre-Deux-Mers tem as seguintes características:

1 - Vinho branco seco: menos de 4 gramas/litro de açúcar residual;

2 - Lote de três castas: Sauvignon Blanc (principalmente), Sémillon e Muscadelle;

3 - Teor alcoólico mínimo de 11,5%;

4 - O vinho é tipicamente apreciado jovem – dentro de um ano de safra – mas tem algum potencial de envelhecimento, devido ao Sémillon.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um amarelo palha com reflexos esverdeados bem brilhantes, límpido e com lágrimas finas, dispersas e ligeiras.

No nariz intensidade aromática alta com as notas frutadas predominando, com destaques para frutas amarelas, de polpa branca e cítricas, tais como pêssego, em destaque, abacaxi, pera, maçã-verde, combinados com uma boa mineralidade e algo floral, de flores brancas.

Na boca é seco, com incrível frescor e leveza, mas que traz certo volume de boca, é um vinho cheio, diria entregar uma discreta untuosidade, com a fruta aparecendo, como no aspecto olfativo, com uma acidez média e agradável e um final de persistência média.

Bordeaux é sempre Bordeaux! E algumas “máximas” quanto a qualidade dos vinhos tendo como parâmetro o preço, não funcionou, pelo menos na minha reles e humilde percepção! Não quero entrar em discussões polarizadas e tão pouco questionar a qualidade dos Bordeaux mais caros e de “grife”, mas há sim vida nos bordaleses mais baratos. Esse L’Esquirre (Camarão, em francês), trouxe aquelas notas agradáveis de frutas como maracujá, abacaxi, pera, um delicado floral, boa acidez e uma leveza sem igual. Belo Bordeaux! Tem 12,5% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Seignouret Frères:

Fundada em 1830, A Seignouret Frères é uma das casas comerciais mais antigas de Bordeaux. No entanto, a história de seu fundador, François Seignouret, parece muito com uma história de sucesso americana. Nascido em Bordeaux em 1783, chegou a Nova Orleans em 1808. A cidade, que acaba de passar sob a bandeira americana, está crescendo. François Seignouret lança-se com sucesso no design de tapeçaria e mobiliário.

Em 1820, sua reputação se estendeu além da Louisiana. Ele é então considerado o fabricante dos móveis mais elegantes do sul dos Estados Unidos. Ainda hoje, possuir um “Seignouret” é um privilégio.

Para atender à crescente demanda por vinhos franceses nos Estados Unidos, Seignouret fundou uma casa de exportação em 1830, a rue de la Verrerie. Em Nova Orleans, ele converteu suas oficinas em adegas onde engarrafava vinhos excepcionais como Château Margaux, Château Lafite, Château Latour, Château Mouton Rothschild e Château Haut-Brion.

François Seignouret morre em Bordeaux em 1852. Seu negócio permanecerá nas mãos dos descendentes da família Seignouret até 1927, quando a casa é comprada pela família Brou de Laurière antes de ser adquirida em 2011 por Laurent Barrier e Erwan Flageul.

Entre os últimos comerciantes de vinho independentes em Bordeaux, Seignouret Frères segue uma abordagem muito particular: combina sua busca permanente por safras excepcionais e exclusivas com a paixão pelas profissões da vinha e da vinificação.

Igualmente essencial é a proximidade que cultivamos com os nossos clientes e parceiros, elemento essencial para nos mantermos proativos e respondermos de forma adequada às suas necessidades.

Graças ao seu conhecimento histórico dos terroirs, apurado ao longo de dois séculos, Seignouret Frères sabe como selecionar grands crus excepcionais e descobrir os tesouros escondidos de Bordeaux. Um know-how enológico interno também permite produzir cuvées e marcas muito apreciadas pelos conhecedores. Cada garrafa é cuidadosamente armazenada em adegas internas mantidas em temperatura e umidade ideais.

A Seignouret Frères gera mais de 80% do seu volume de negócios com exportações. A casa sempre esteve muito presente em nichos de mercado: departamentos e territórios ultramarinos, Pacífico, Sudeste Asiático, Caribe, África, Europa Oriental, América Central e América do Sul. A Seignouret Frères também trabalha com lojas duty free e companhias aéreas.

Mais informações acesse:

http://www.seignouret.com/

Referências:

“Além do Vinho”: https://alemdovinho.wordpress.com/2016/03/23/os-segredos-de-bordeaux/

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/direita-ou-esquerda_9559.html

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=ENTREDX_R

“Wikipedia: https://en.m.wikipedia.org/wiki/Entre-Deux-Mers

 

 

 

 

 

 




sábado, 17 de julho de 2021

Château Pinet la Houssaie 2018

 

Bordeaux, na França, definitivamente é um universo à parte. E como tal ainda tem muito a se explorar. As propostas e características desenhadas por infindáveis terroirs parecem deduzir ao enófilo uma ignorância retumbante, haja vista que, a cada nova degustação de um vinho bordalês nos sentencia o óbvio: temos tanto a descobrir, tantas sub-regiões, tantos vilarejos, tantas terras, tantas culturas intrínsecas e escondidas dentro de uma garrafa e decretadas por rótulos.

Há os encorpados e complexos que garantem longevidade, há os adocicados, há também os frutados e de boa acidez que lhe garante descontração e simplicidade ao degustar, são tantas as propostas que nos entregam uma diversidade, um leque de opções em todos os aspectos, dos sensoriais aos monetários.

Mas há quem diga, diante dessa riqueza de propostas, que Bordeaux que é Bordeaux que se preze tem de ser caro, amadeirado. O status de uma região que é vitrine, referência para o mundo vitivinícola acaba virando alvo de grife, sinônimo de poder econômico. Não devemos negligenciar os clássicos dos clássicos, afinal atingiu esse ápice por merecimentos, por honra e a benção de uma terra abastada pela natureza, tudo parece conspirar a favor naquelas terras.

Tudo é tão meticulosamente complexo que eu não deveria sequer ousar, talvez, entrar no mérito das discussões do status, dos valores, das propostas, confesso-lhes, caros leitores, que tenho medo de falar, de tecer quaisquer comentários acerca de uma região que parece um país, diante da sua importância para o universo vinífero e que suscita a doce utopia de todo e qualquer enófilo quer almeja, deseja ter em sua taça, em sua mesa, em sua história.

Mas como todo clichê que fomenta a nossa vida, o vinho bom é aquele que você degusta e gosta eu comprei, em um site especializado de venda de vinhos, um Bordeaux a um preço arrebatador, aquele que mesmeriza, sabe? Te envolve, te faz perder a noção? Um valor incrível, e ainda no frete grátis, na bagatela de R$ 35! É claro que o “inseto” do juízo de valor pré-concebido povoou a minha mente e as perguntas surgem: Será que é bom? Será gato por lebre? Será o vinho ruim?

Mas aí surge o argumento da proposta, um alento mais do que pertinente que nos faz ter o direito de degustar um Bordeaux que definitivamente contemple as necessidades e desejos de todos os enófilos. Parafraseando aquele presidente: “Sim, é possível!” É possível degustar um bom Bordeaux em todos os seus estágios de propostas e ainda assim entregar tipicidade, expressar o caráter daquela terra.

Então sem mais delongas apresento o vinho que degustei e gostei que vem da emblemática Bordeaux e se chama Château Pinet la Houssaie Bordeaux composto pelo clássico corte Merlot (60%), Cabernet Sauvignon (30%) e Malbec (10%) da safra 2018. E como já disse, são tantos detalhes, fragmentos que faz um todo que vale e muito a pena textualizar a história dessa região mágica. Com vocês: Bordeaux.

Bordeaux

Não é de hoje que Bordeaux é referência no mundo do vinho. Desde a Idade Média, a região tem atraído olhares de outras partes do mundo, principalmente da Inglaterra, que a incorporou à rota mercantilista – isso num tempo em que a maioria das denominações francesas eram praticamente desconhecidas fora do país.

Vamos começar pensando na fama que Bordeaux tem: vinhos elegantes, estruturados, bem feitos. Talvez os mais “franceses” da França. Comprar um Bordeaux é, na maioria das vezes, a certeza de um vinho correto, de um vinho que vai evoluir na guarda, de um vinho complexo, a cara do Velho Mundo.

Posicionada no litoral sudoeste da França, Bordeaux é uma região entremeada pelos rios Dordogne e Garone, que, ao se encontrarem, dão origem ao Gironde (maior e mais influente que os demais). Seu próprio nome faz referência aos rios (Bordeaux deriva da expressão francesa “au bord de l’eau”, que significa “ao longo das águas”).

Bordeaux

maiores atributos de Bordeaux. Além de amenizar o clima da região, as águas provêm o melhor ambiente para o desenvolvimento das videiras. De tão extensa que é Bordeaux, a denominação está mais para um conjunto de várias denominações e terroirs. Um antigo ditado de Bordeaux diz que os melhores vinhedos “podem ver o rio”, regiões onde o solo é formado por cascalho e pedras, perfeito para a drenagem da água. A maioria dos principais produtores bordaleses está exatamente nessas localidades. É exatamente por isso que Bordeaux deu tão certo no mundo dos vinhos – ali, as uvas crescem no clima, no solo… No terroir ideal. Existem outras denominações até melhores? Claro que sim, mas Bordeaux ainda é vista como um modelo a ser seguido para que tudo dê certo no final.

Na verdade, é sempre diferente. Mesmo com os rios, o clima da localidade ainda é extremamente delicado, chegando a ponto de ser instável. É justamente por isso que cada safra se diferencia das demais, algo que não se vê na maior parte do Novo Mundo, onde os climas são estáveis.

O famoso corte bordalês

Apesar de vasta, Bordeaux cultiva poucas uvas. São elas Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc, Malbec, Petit Verdot, Sauvignon Blanc, Sémillon, Muscadelle e Ugni Blanc. Houve um tempo em que a Carménère também brotava na região, porém foi extinta pela praga da filoxera que devastou parte de Bordeaux (e da Europa inteira).

Não existe uma regra específica quanto às proporções usadas no corte, e também nem todas as cepas precisam estar presentes. Cada uma delas desempenha um papel no corte e contribui de alguma maneira para deixar o vinho redondo, correto. Para se ter uma ideia, a maioria dos rótulos de Bordeaux nem mencionam as uvas que levam.

O rio

Extensa, Bordeaux é formada por diversas comunas. E adivinhe só? Cada uma se tornou uma denominação de origem (ou apelação, como chamam os franceses). Para conseguirem estampar o nome da denominação de onde saíram, os vinhos passam por longas e rigorosas avaliações.

Podemos dizer, de modo geral, que Bordeaux se divide em três partes ao longo do rio Gironde: margem esquerda, margem direita e Entre-Deux-Mers (“entre dois mares”, em francês). Daí, então, já dá para tirar algumas conclusões: à direita do rio, predomina a Merlot, enquanto que à esquerda, Cabernet Sauvignon; já Entre-Deux-Mers é conhecida por seus brancos. É bom ter isso sempre em mente, afinal, os vinhos de Bordeaux não costumam estampar a uva no rótulo, mas pela denominação já dá para saber!

O que sabe sobre a margem esquerda, tirando o fato de nela predominar o cultivo da Cabernet Sauvignon? É onde estão alguns dos maiores nomes de Bordeaux. São grandes as chances de já ter ouvido falar em alguns dos rótulos e vinícolas de peso que de lá emergiram. As sub-regiões desse “pedaço” de Bordeaux são: Médoc, Saint-Estèphe, Pauillac, Saint-Julien e Margaux.

Cruzar a margem do Gironde é como viajar para outra região. As comunas à direita em nada lembram as da margem esquerda, com luxuosos châteaux e vinhedos enormes. São mais modestas, menos conhecidas (com uma exceção) e, além disso, quem domina a região é a Merlot, e não a Cabernet. As suas sub-regiões desse pedaço são: Saint-Émilion e Pomerol.

Já em Entre-Deux-Mers, como o próprio nome diz, se encontra entre os rios Dordogne e Garonne. É um tanto quanto marginalizada principalmente quando comparada às demais denominações de Bordeaux. Nunca seus vinhos foram classificados e a maioria dos tintos, inclusive, não segue as regras da denominação Entre-Deux-Mers, se enquadrando apenas como Bordeaux ou Bordeaux Superiéur. Lá, os brancos é que dominam. Feitos principalmente de blends de Semillón, mas também de Sauvignon Blanc e Muscadelle, são florais com um toque picante. E por não estagiarem em barrica, ganham leveza e frescor como nenhum outro.

E como ler um rótulo de Bordeaux? Bordeaux Superiéur, Cru, Grand Cru… O que é tudo isso? Que classificações são essas? Tudo começou em 1855 (antes mesmo da criação do conselho regulador), quando Napoleão III resolveu organizar o Julgamento de Paris, que classificou os melhores vinhos à época. Esta classificação não considerou toda Bordeaux, então algumas denominações, sentindo-se inferiorizadas, criaram posteriormente as suas próprias classificações. Premier Grand Cru, Grand Cru Classé, Grand Cru… E por aí vai! Acredite, são várias delas, todas com nomes muito parecidos. Mas três, as mais importantes, são usadas até hoje.

Para o evento, os principais châteaux deveriam classificar seus vinhos do melhor para o pior e, então, seriam degustados, avaliados e distribuídos em cinco categorias. Com apenas um vinho classificado, a vinícola já ganha um título vitalício! Funciona como um atestado garantia de qualidade, e até os vinhos mais simples que da propriedade saem têm preços astronômicos. Ao todo, 61 produtores foram classificados… E adivinhe só? A maioria deles está justamente em Médoc – fora isso, os outros que entram estão em Sauternes, Barsac e Graves.

Château-o-quê?

Difícil mesmo é encontrar sequer um rótulo de Bordeaux sem a palavra “château”. O que parece ser uma mania local, na verdade, tem uma explicação pra lá de plausível.

Como a maioria dos vinhedos estava localizada no entorno de castelos (châteaux, em francês), as vinícolas acabaram sendo batizadas com seus nomes. Hoje, nem todas as vinícolas tem castelos próprios, mas mesmo assim são denominadas châteaux!

Mis en Bouteille au Château

Procure pela frase num rótulo e tenha a certeza de que as uvas do vinho que vai beber foram cultivadas e vinificadas no próprio château. Ao pé da letra, “Mis en Bouteille au Château” significa “engarrafado no château”, ou seja, é quando todas as etapas de produção de um vinho passaram aos cuidados do próprio vinicultor.

Por que preferir estes? Para conhecer a tipicidade de um terroir específico (pode acreditar que cada um deles tem características completamente únicas!).

E agora finalmente o vinho!

Na taça o vermelho rubi intenso sobressai, mas com algum reflexo violáceo que traz à tona um reluzente brilho, com uma profusão de lágrimas finas que teimam em se dissipar das paredes do copo.

No nariz traz as frutas vermelhas como protagonistas, “estrelando” cerejas, ameixa e talvez framboesa, com um toque de couro, estrebaria, carpete, algo de tabaco, talvez, arriscaria dizer ainda notas terrosas.

Na taça é seco, com alguma estrutura, marcante, mas macio e fácil de degustar, um pouco alcoólico no início, mas que logo se equilibrou, porém não escondeu a sua presença em toda a degustação, mas que, em momento algum, agrediu. Tem bom volume de boca, sendo saboroso, frutado, com taninos presentes e redondos com uma acidez vivaz e final longo e persistente.

Entre margens, terroirs, caráter expressivo, marcante personalidade, maciez, elegância, a fruta que traz leveza, estrutura, não há como não se sentir alegre, mesmo que por um súbito momento de alegria, por um efêmero momento, quando se degusta um Bordeaux. E parece que valores, propostas, status, grife parecem perecer diante de uma taça cheia de um vinho bordalês! Claro que detalhes como esse delimita a proposta de um vinho, te mostra o que está degustando. O meu Château Pinet la Houssaie Bordeaux, que traz a predominância da Merlot, traz a maciez, o espírito frutado, com uma acidez equilibrada que determina as características mais marcantes desta emblemática cepa, mas que entrega também personalidade, expressividade graças aos seus taninos firmes e ainda presentes pela sua jovialidade, mas sem agredir ao paladar, sem contar com o apelo estético, visual, com o típico vermelho rubi. Barato sim, mas significativo, pois personifica uma região tradicional, importante, histórica e que nos brinda com vinhos de toda ordem, de tantos terroirs que parece se tratar um mundo, de um universo que muito tem ainda a se explorar. Tem 13% de teor alcoólico.

O Château Pinet la Houssaie

Localizada na cidade de Berson, a vinha de Chateau Pinet La Houssaie faz fronteira com a Côtes de Bourg e gira em torno da cidade de Blaye em uma paisagem de colinas que correm ao lado de uma vista para o estuário. Desfrutando de um clima favorável, as vinhas florescem completamente.

Sobre a Maison Bouey:

A história da família Bouey no vinho enraizou-se na região de Médoc, no momento em que eles adquiriram suas primeiras vinhas em 1821. A casa comercial foi criada posteriormente, em 1958, por Roger Bouey e seus filhos André e Serge e continuou se desenvolvendo até agora, mantendo seu caráter familiar e independência. 2016 marca uma virada no seu desenvolvimento.

Após uma carreira internacional em administração e finanças, Patrick Bouey decidiu então, em 1989, se juntar a seu pai Serge e seu tio na aventura da família, e assume totalmente as rédeas da empresa em 1991 com seu irmão Jacques, o consultor artístico da casa. A empresa entra, dessa forma, em uma nova era graças ao desenvolvimento das vendas em garrafas para a distribuição em massa. Em 2005, Patrick deu à casa da família um novo nome: Maison Bouey.

Com uma paixão pelo terroir e o desejo de produzir seus próprios vinhos com uma abordagem de qualidade, a casa compra duas propriedades no Médoc em 1998: o Château Lestruelle assim como o Château Maison Blanche, ambos Crus Bourgeois. Patrick faz muitos trabalhos nas vinhas e nas adegas para dar à casa os meios de sua ambição de se reconectar não só com o terroir mas também com a qualidade.

Logo após, em 2009, Patrick Bouey transferiu todas as instalações e escritórios em um único local em Ambarès, nos arredores de Bordeaux. Foi uma nova alavanca para o desenvolvimento da empresa e então Patrick lançou o “360 Plan”. Este plano se concentra em três diretrizes: subir no mercado, desenvolver exportações, bem como um amplo plano de marketing e comunicação.

A fim de destacar os notáveis ​​terroirs da família no Médoc, Patrick aumentou o portfólio de castelos em 2014 com o Château La France Delhomme, Cru Bourgeois.

Este último incorpora a abordagem de premiumização da gama ‘Bouey Family Vineyards and Chateaus’. Posteriormente, em 2015, ele adicionou o Château du Mont (Haut-Médoc) e o Crus Burguês Château La Ribaud e Château Saint-Yzans. Desde 2007, Patrick trabalha com Stéphane Derenoncourt para todas as propriedades da família. Tanto quanto houve a garantia de qualidade, tal colaboração resultou na criação de coleções exclusivas de assinaturas como ‘Les Parcelles’.

A Maison Bouey respeita a natureza e a vinha com agricultura integrada. Mas a Maison Bouey não promove tanto a maneira como o vinho é produzido, como a confiança no viticultor e a personalidade do terroir.

Portanto, a casa fez uma parceria estreita com os viticultores cujo trabalho destaca a casa. Ele presta homenagem a eles com a coleção “Retratos”, desse modo cada vinho leva a cara do viticultor que o produziu. A essas coleções é adicionada a linha Grand Crus Classés. E muita essência do que a casa faz de melhor, símbolo afinal do trabalho de excelência, lançou a cuvée Villa des Crus com uma embalagem moderna e refinada, com cada garrafa embrulhada em papel de seda e entregue em uma caixa de luxo.

Como resultado lógico da abordagem de premiumização, Patrick Bouey desejava desenvolver a distribuição seletiva para um serviço de primeira linha, clientes particulares e comitês de trabalhadores com a chegada de Benoît Lesueur. Um sólido desenvolvimento das exportações permite aumentar os mercados internacionais em cerca de sessenta países, que agora representam 60% do faturamento.

Num espírito criativo, a casa lançou novos produtos e conceitos como vinhos de prazer imediato, como ‘La Vache Rose’. Ademais, a Maison Bouey também atravessa as fronteiras de Bordeaux lançando a coleção Southwest que brinca com as notas de Malbec e Shiraz.

É claro, sem dúvida, que toda essa estratégia significa uma maior comunicação com a imprensa e participação justa. No primeiro semestre, Patrick Bouey esteve na capa de muitas revistas especializadas. Ele foi visto nas maiores feiras dos últimos meses.

Agora, a casa é um ator moderno e dinâmico na cena de Bordeaux, enquanto permanece como uma das últimas casas independentes e de propriedade familiar do comércio.

Por fim, propriedades familiares, marcas exclusivas, Grands Crus Classés, Maison Bouey se esforça para promover na França e em todo o mundo um espírito baseado em talento, qualidade, confiança e paixão pelo vinho.

Mais informações acesse:

https://www.famillebouey.fr/

Referências:

“Blog Sonoma”: https://blog.sonoma.com.br/seja-um-craque/guia-definitivo-dos-vinhos-de-bordeaux/

 

 

 







quarta-feira, 13 de maio de 2020

Baron de Bordeaux tinto 2012


Degustar um vinho da emblemática e histórica região de Bordeaux é como se estivéssemos recintando poesias líquidas. Não há como passar pelo mundo do vinho sem o protagonismo de seus rótulos, a experiência se torna indispensável. Claro que os mais complexos e famosos vinhos dessa região está muito distante da realidade econômica e social de muitos brasileiros com salários com baixíssimo poder de compra e tantas outras responsabilidades que requer financiamentos ou custeios. Mas há uma variedade de vinhos, nas mais diversas e distintas propostas que, com um pouco de interesse e dedicação, encontra aquele vinho que você se identifica, que você deseja, seja ele tinto, branco, mais frutado, jovem ou encorpado. Ler Guia definitivo dos vinhos de Bordeaux

E por falar em valores e garimpagem de rótulos descobri um com valor surpreendente! Porém da mesma forma que o valor baixo seduz pode nos trazer certos receios, questionamentos quanto a sua qualidade, embora valor não seja demérito para rótulos e propostas de vinhos. Pesquisei um pouco sobre o mesmo e, com um espírito “aventureiro” resolvi compra-lo. O vinho surpreendeu! O vinho que degustei e gostei, como disse, veio de Bordeaux e se chama Baron de Bordeaux, com o típico blend da região com as castas Merlot, Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc da safra 2012.

Na taça tem um vermelho rubi escuro, com discretos toques acastanhados, atijolados, talvez pelo tempo de safra (o degustei em 2019, com sete anos de vida!), com lágrimas finas com razoável abundância e que brevemente se dissipam das paredes do copo.

No nariz traz aromas de frutas vermelhas, mas não muito em evidência, com notas de especiarias e pimenta.

Na boca reproduz as impressões olfativas, com certa complexidade, mas harmonioso, com taninos sedosos, pouca acidez e um final de média persistência.

Apesar da safra o vinho se revelou pleno, a presença da fruta não era tão evidente, abundante, talvez pelo tempo de vida, de safra, mas ainda mostrava uma “jovialidade” e uma personalidade marcante adquirido pela “idade”, mas um vinho equilibrado, de corpo médio, garantido pela predominância da casta Merlot, afinal, este vinho foi produzido na margem direita do rio Gironde e que, de acordo com o produtor o mesmo veio de encostas montanhosas, na fronteira com as margens retas do Garonne e Dordogne, com condições ideais da incidência solar. A vinha está espalhada por todo o departamento de Gironde, com a natureza de seu magnífico terroir.


O mesmo tem 13% de teor alcoólico bem integrados, quase imperceptíveis e teve passagem por tanques de aço inoxidável e concreto.

Sobre o rótulo “Baron de Bordeaux”:

O nome “Baron de Bordeaux” foi inspirado pela aristocracia francesa do século XVIII. O famoso Barão Montesquieu, filósofo de Bordeaux, fazia parte da corrente do Iluminismo e foi determinante na história da França. Nascido em 18 de janeiro de 1689 no Brède, ele escreveu a melhor parte de seu trabalho lá.

Sobre a Producta Vignobles:

A Producta Vignobles é um grupo de produtores, de caves cooperativas, que foi fundada em 1949, na região de Bordeaux. Especialistas em vinhos nas áreas de compras, qualidade, marketing, logística e comércio, as missões da vinícola são: Desenvolver vinhos de qualidade em perfeita harmonia com a promessa da denominação, criar um elo entre o enólogo e o consumidor, é a representação da vinha na taça dos consumidores, ser uma garantia de qualidade para o consumidor, ser parceiro dos clientes, com boa distribuição dos rótulos, oferecendo vinhos com terroir de Bordeaux. A Producta Vignobles também ostenta algumas facetas de pioneirismo na cultura vitivinícola francesa, tais como: pioneira na venda de marca própria, em 1980, aquisição de certificação ISO 9001 em 1990, desenvolvimento da abordagem Agri Confiance por vinícolas cooperativas, para viticultura responsável e sustentável, em 2010, em 2011 foi pioneira no design ecológico de uma nova garrafa "gravada", 100% reciclável e com pegada leve e uma abertura de escritório na China, em 2014 foi a primeira empresa na categoria de marketing de vinhos eleita por LA TRIBUNE OBJECTIF AQUITAINE e em 2015 introduziu-se ao mundo arte com sua série de obras de Product’Art. Produzem cerca de mais de 20 milhões de garrafas por ano. Tudo começa no coração da vinha e nos cuidados que os vinicultores trazem para a vinha durante todo o ano, desde o tamanho das vinhas até a colheita da safra.

Mais informações acesse:


Degustado em: 2019






quarta-feira, 15 de abril de 2020

Chateau Timberlay Bordeaux Supérieur 2012


Em certos momentos percebo certa redundância quando falo de tipicidade, de terroir. Mas nada mais prazeroso do que degustar um vinho que expressa a terra, a cultura daqueles que o produz. É claro que também é difícil, quando fazemos as nossas análises dos rótulos que degustamos, mencionarmos tais características, dada a sua complexidade, de um assunto vasto que demanda aprendizado e um amplo estudo para que possamos ao menos ter a ciência do que essas regiões representam para a vitivinicultura mundial e, claro, o exercício da degustação conta muito, com as suas contínuas experiências. Confesso que, com essa região, não sou um ávido degustador, talvez seja por falta de oportunidade, desleixo, mas, os poucos que degustei, em suas mais distintas e variadas propostas, me trouxeram momentos especiais, sensações maravilhosas.

A região a qual me refiro é a emblemática Bordeaux e o vinho que degustei e gostei foi o Chateau Timberlay do famoso produtor Robert Giraud, um Bordeaux Supérieur, da safra 2012, um blend típico das castas Merlot (85%), Cabernet Sauvignon (10%) e Cabernet Franc (5%). Porém antes de falar sobre as características organolépticas do vinho, acho interessante falar sobre a denominação “Bordeaux Supérieur” e do motivo pelo qual a maioria dos vinhos bordaleses tintos terem Merlot, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e alguns Malbec. Vamos aos conceitos.

Bordeaux Supérieur

Segundo o portal “The Wine Cellar Insider”, “Bordeaux Supérieur” os vinhos com Bordeaux Superieur no rótulo são vistos como um tipo de classificação, bem como uma denominação pelos consumidores hoje. Bordeaux Superieur é uma designação concedida aos castelos que produzem vinhos em denominações específicas que atendem a padrões de qualidade selecionados para que seus vinhos sejam classificados como Bordeaux Superieur. Embora um “chateaux” possa ter o direito de ser listada como parte de uma denominação específica, na maioria das vezes, mas nem sempre, a designação de Bordeaux Superieur é usada para significar vinhos de melhor qualidade do que muitos vinhos de denominações menos conhecidas de Bordeaux. Os vinhos com essa classificação têm de passar por um mínimo de 12 meses por barricas de carvalho.


As castas típicas

A grande maioria dos tintos e dos brancos de Bordeaux são produzidos a partir de um blend de cepas. Isso não se dá por acaso, já que historicamente, por conta da instabilidade do clima, em especial no tocante à umidade e ao regime de chuvas, sempre foi arriscado basear-se em uma única variedade de uva. A legislação bordalesa permite o cultivo e a utilização de uma série de cepas, que florescem e amadurecem em épocas distintas, o que faz com que uma eventual geada ou chuva mais pesada não arruíne toda uma safra. De fato, das 13 variedades permitidas na AOC, destacam-se três tintas e duas brancas: Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Merlot, e Sémillon e Sauvignon Blanc, respectivamente. As proporções de cada uma delas nos blends variam de acordo com a sub-região.

Vamos ao vinho.

Na taça tem um vermelho rubi profundo, límpido, brilhante, com lágrimas finas e abundantes, desenhando as paredes do copo, se dissipando vagarosamente.

No nariz exala uma complexidade de frutas vermelhas como amora, groselha e morango, com notas de tabaco, especiarias e amadeiradas, graças aos 12 meses de passagem por barricas de carvalho.

Na boca tem estrutura, complexidade, mas se mostra muito delicado, redondo, harmonia e equilíbrio. Tem taninos presentes, mas delicados e sedosos, com acidez moderada, nuances de madeira, muito bem integrada, baunilha e diria um discreto e agradável toque de torrefação.

Um vinho que mostra toda a tipicidade de Bordeaux, toda a cultura do fazer vinho com identidade, privilegiando a cultura de um país milenar na produção dessa nobre bebida. Um vinho encorpado, estruturado, com vocação para uma boa evolução, bom potencial de guarda, mas, dado o seu equilíbrio e maciez, poderia ser degustado em qualquer momento. Um vinhaço! Com 12,5% de teor alcoólico e vinhas com idade média de 30 anos que corrobora as mencionadas características.

Sobre a propriedade Chateau Timberlay, onde foi produzido o vinho:


Destruído durante a Revolução e depois reconstruído, foi completamente restaurado após a Segunda Guerra Mundial. Regularmente premiado há mais de cem anos, o vinho Timberlay possui uma grande reputação internacional. As uvas são provenientes de um vinhedo de 110 hectares, com cerca de 30 anos.

Sobre a Robert Giraud:

O sucesso exemplar da Maison Giraud obviamente ultrapassa a estrutura da região de Cubzaguaise, onde se enraíza. Realizada em poucas décadas, dá a medida da personalidade excepcional de seu fundador. Nascido em 1925, Robert Giraud é o mais recente de uma longa linhagem de produtores de vinho de Cubzac que os arquivos da família hoje remontam até meados do século XVIII. O verdadeiro boom não ocorreu até depois da Segunda Guerra Mundial, com a aquisição do Chateau Timberlay por Raoul Giraud em 1945. Além da vinha inicial de Domaine de Perreau, os 35 hectares da propriedade trazem o patrimônio família administrada em 65 hectares de uma vinha homogênea, formando uma entidade econômica perfeitamente viável (a vinha Chateau Timberlay ocupa agora 115 hectares). Em 1953, Robert Giraud, cria sua própria casa de comércio e distribuição: Les Etablissements Viticoles Cubzaguais, a fim de vender a produção de propriedades familiares, gradualmente aumentada pela distribuição das propriedades vizinhas. No ano seguinte, ele atravessou o departamento, organizando incansavelmente reuniões e reuniões para obter a rotulagem de vinhos das denominações Bordeaux e Bordeaux Supérieur, dando ao mesmo tempo uma nova vida à união do vinho. Em 1960, Robert Giraud sucede seu pai à frente das propriedades da família. Ele agora dedicará a maior parte de sua força a isso. Sua principal preocupação será estabelecer a solidez da Casa por meio de uma política ambiciosa de aquisição de propriedades e pelo contínuo desenvolvimento da atividade de comerciante-criador. Em 1973, a necessidade de comercializar uma produção crescente e garantir a distribuição de muitos vinhos e marcas, decide Robert Giraud para reestruturar a Casa, que agora se torna ROBERT GIRAUD SAS. Essa reestruturação prevê o estabelecimento de uma nova equipe, a construção de adegas modernas e funcionais, bem como novos armazéns de armazenamento e embalagem. A partir de 1974, a empresa continuará rapidamente o desenvolvimento de sua linha e oferta, completando assim a produção de propriedades familiares, permitindo oferecer uma gama completa e qualitativa em todas as denominações dos grandes vinhos de Bordeaux. A orientação inicial de exportação desejada por Robert Giraud continuará e acelerará em 1976, com a chegada de seu filho Philippe, então de sua filha Florence. Sem negligenciar o mercado nacional, hoje é em mais de 60 países que os vinhos da Maison Giraud são estabelecidos e distribuídos.

Mais informações acesse:

http://www.robertgiraud.com/

Vinho degustado em 2017.