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sábado, 8 de julho de 2023

Casa Fontanari Cabernet Sauvignon 2019

 

Sempre observei que alguns caminhos no universo do vinho seriam um tanto quanto tortuosos para mim. Aqueles vinhos, de determinadas regiões e propostas inalcançáveis, inviáveis, impossíveis, sobretudo pelos altos valores.

E além das regiões emblemáticas, com seus rótulos tradicionais, há também aqueles pequenos produtores, alguns até “produtores de garagem”, artesanais, com suas baixíssimas e limitadas produções, que tem seus rótulos caros, até pelo processo de vinificação que impacta no valor final, além, claro, das altas e abusivas taxas impostas pelos governos.

Mas com o meu ávido interesse pelos vinhos brasileiros, em especial, ao longo desses últimos anos, venho descobrindo alguns rótulos, de pequenos e desconhecidos produtores, que ofertam seus vinhos a preços excepcionais, que cabem perfeitamente no bolso dos assalariados, como esse que vos fala.

Algo que desmistifica que vinhos de pequenos produtores e de produção limitada, numerada, tem de ser necessariamente caro. Não! Não precisa ser caro, algo inalcançável. Essa minha viagem mais profunda nos vinhos brasileiros não tem me propiciado apenas um quantitativo satisfatório de rótulos na adega, mas achados simplesmente sensacionais.

E além dessas gratas novidades, pelo menos para mim, há também no rótulo brasileiro escolhido hoje, a novidade da região, de microrregiões que pelo menos eu desconhecia até então, incrustada na gigante Serra Gaúcha! Acredite se quiser, ainda há muito a desbravar no Brasil no que tange aos seus terroirs.

E a de hoje se chama “Caminhos de Pedra” que fica no distrito de São Pedro, na já famosa Bento Gonçalves. Eu não conhecia “Caminhos de Pedra”, e tomei conhecimento dessa região por intermédio de alguns vídeos disponíveis na “web” falando sobre a Casa Fontanari que existe há quase 30 anos.

Fiquei extremamente curioso com os rótulos, a filosofia da vinícola nos processos de vinificação e decidi ir à busca de seus rótulos e até que foi fácil localizar alguns rótulos e a preços bem convidativos. Optei por um Cabernet Sauvignon que estava na faixa dos R$ 65,00.

Decidi compra-lo e logo degusta-lo! Então sem mais delongas e seguindo a sequência, vamos às apresentações do rótulo. O vinho que degustei e gostei veio da Serra Gaúcha, da região de Caminhos de Pedra, distrito de São Pedro, Bento Gonçalves e se chama Casa Fontanari, um 100% Cabernet Sauvignon, da safra 2019. Para não perder o costume vamos de história, vamos de Serra Gaúcha e de Caminhos de Pedra.

Serra Gaúcha

A região vinícola da Serra Gaúcha do Brasil está localizada no nordeste do Rio Grande do Sul. É amplamente reconhecida como a estrela da indústria vitivinícola brasileira pelo volume e qualidade do vinho produzido.

É considerada a região da uva e do vinho, cheia de belezas naturais, com direito a vales, cavernas, túneis, cachoeiras, rios, lagos e florestas nativas. Sem contar com as áreas cobertas de parreiras, como o Vale dos Vinhedos, onde estão as melhores vinícolas do país.

Mas até o final do século XIX, a Serra Gaúcha era apenas passagem de tropeiros e habitada por alguns índios nativos, até que, um belo dia, a Coroa Imperial Brasileira resolveu que a região seria colonizada por europeus.


Mas até o final do século XIX, a Serra Gaúcha era apenas passagem de tropeiros e habitada por alguns índios nativos, até que, um belo dia, a Coroa Imperial Brasileira resolveu que a região seria colonizada por europeus.

Essas diferenças ficam evidenciadas através das chamadas Indicações Geográficas (IGs), certificações que denotam a origem de fabricação de um determinado produto. No âmbito vitivinícola, o Rio Grande do Sul possui cinco das seis indicações brasileiras. E são todas serranas.

As IGs são reconhecidas pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e se dividem em dois tipos: Denominação de Origem (DO) E Indicação de Procedência (IP). A busca por essas certificações é recente no país.

Começou a ganhar corpo no final dos anos 1990 e agora está em crescimento. Entre as vinícolas gaúchas, o instrumento vem sendo utilizado para consolidar a marca das bebidas, tornando-as conhecidas dentro e fora do Brasil. Assim, os selos de procedência acabam alavancando os negócios do setor.

O Vale dos Vinhedos foi o pioneiro na busca de reconhecimento junto ao INPI. No início dos anos 2000, conseguiu a primeira Indicação de Procedência do país. O passo maior, porém, foi dado em 2012, quando a região que compreende os municípios de Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul ganhou uma Denominação de Origem. Até hoje, é a única DO outorgada para vinhos no país.

As Indicações Geográficas da Serra Gaúcha

DO Vale dos Vinhedos

O ano da obtenção foi 2012, tendo uma área total de 72,45 km², com uma área de 1.500 hectares que compreendem os municípios de Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul, com um total de 23 vinícolas. As principais variedades cultivadas são: Merlot, Chardonnay e Pinot Noir.

IP Pinto Bandeira

O ano da obtenção foi 2010, tendo uma área total de 81,38 km², com uma área de 1.200 hectares que compreendem os municípios de Pinto Bandeira (91% da área), Bento Gonçalves e Farroupilha, com um total de 4 vinícolas, com a produção de espumante no método tradicional, espumante moscatel e vinhos finos tintos e brancos. As principais variedades são: Chardonnay, Pinot Noir e Riesling.

IP Altos Montes

O ano da obtenção foi em 2013, com uma área total de 173,84 km², tendo uma área de vinhedos de 4.600 hectares e municípios que compreendem as regiões de Flores da Cunha e Nova Pádua. Produz vinhos finos tintos e brancos, espumante branco e rosado e espumante moscatel. As principais variedades são: Chardonnay, Merlot e Carber Sauvignon.

IP Monte Belo do Sul

O ano de obtenção foi em 2013, com uma área total de 56,09 km², com uma área de vinhedos com 2.000 hectares, que compreendem municípios como Monte Belo do Sul (80% da área), Bento Gonçalves e Santa Tereza, com 11 vinícolas atuantes no local. Produzem espumantes brancos ou rosados, vinho fino branco e tinto e espumante moscatel branco ou rosado. As principais variedades são: Riesling Itálico, Chardonnay e Pinot Noir.

IP Farroupilha

O ano da obtenção foi em 2015, tendo uma área total de 379,20 km² e 3.7000 hectares de vinhedos. Compreende os municípios de Farroupilha (99% da área), Bento Gonçalves, Caxias do Sul e Pinto Bandeira, tendo, no total, de 9 vinícolas atuantes. A sua produção traz espumante moscatel vinho fino branco moscatel, vinho frisante moscatel, vinho licoroso moscatel, mistela simples moscatel e brandy de vinho moscatel. As principais variedades são: Moscato Branco, Moscato Giallo e Moscato R2.

Regiões que almejam IP

Os Campos de Cima da Serra se configuram em uma das mais novas fronteiras vinícolas gaúchas. Aos poucos, o plantio de uva e o número de vinícolas tem se multiplicado em cidades como Vacaria, Muitos Capões e Campestre da Serra. Por conta disso, em julho, seis produtores locais formalizaram a criação da Associação de Vitivinicultores dos Campos de Cima da Serra (Aviccs). É o primeiro passo da região na busca por sua própria Indicação de Procedência (IP).

A maioria das vinícolas dos Campos de Cima da Serra é de pequeno porte, com áreas que vão, em média, de 10 a 12 hectares. Algumas empresas, inclusive, apenas mantêm os vinhedos na região e terceirizam a vinificação. Com predomínio de uvas como Sauvignon Blanc e Chardonnay, os Campos de Cima têm como peculiaridades o solo, a altitude superior a 900 metros do nível do mar e a oscilação frequente de temperatura.

Geografia e Clima

A região da Serra Gaúcha está situada em latitude próxima das condições geoclimáticas ideais para o melhor desenvolvimento de vinhedos, mas as chuvas costumam ser excessivas exatamente na época que antecede a colheita, período crucial à maturação das uvas. Quando as chuvas são reduzidas, surgem ótimas safras, como nos anos 1999, 2002, 2004, 2005 e 2006.

A partir de 2007, com o aquecimento global, o clima da Serra Gaúcha se transformou, surgindo verões mais quentes e secos, com resultados ótimos para a vinicultura, mas terríveis para a agricultura.

Desde 2005 o nível de qualidade dos vinhos tintos vem subindo continuamente, graças a esta mudança e também do salto de tecnologia de vinhedos implantado a partir do ano 2000.

Região da Serra Gaúcha

Latitude: 29º Sul

Altitude:400 a 700 m acima do nível do mar

Topografia: Serrana

Clima: Temperado úmido

Chuvas: Média anual de 1.800 mm / ano

Solos: Areno-argilosos ácidos

 

Caminhos de Pedra e o seu histórico roteiro

Idealizado pelo Engenheiro Tarcísio Vasco Michelon e pelo Arquiteto Júlio Posenato o roteiro Caminhos de Pedra visa resgatar, preservar e dinamizar a cultura que os imigrantes italianos trouxeram à Serra Gaúcha a partir de 1875.

O Roteiro passou a ser concebido por meio da realização de um levantamento do acervo arquitetônico de todo o interior do município de Bento Gonçalves, ocorrido no ano de 1987. O roteiro Caminhos de Pedra também possui restaurantes, museus, pequenas vinícolas e várias casas estilizadas abertas à visitação que vendem produtos da cultura e culinária italiana. O roteiro tem cerca de 12 km de extensão, em um lado da cidade de Bento Gonçalves, na estrada Barracão e vai até a junção com a RS-448, no sentido Farroupilha.

Roteiro Caminhos de Pedra

Constatou-se então que a Linha Palmeiro e parte da Linha Pedro Salgado, área abrangida basicamente pelo Distrito de São Pedro, composto por 7 comunidades, (São Pedro, São Miguel, Barracão, São José da Busa, Cruzeiro, Santo Antônio e Santo Antoninho) possuía o maior acervo de casas antigas que conservava sua cultura e história, tinha acesso fácil e, consequentemente, um grande potencial turístico, apesar da decadência e abandono pela qual vinha passando desde a década de 1970 com a mudança de traçado da rodovia que ligava Porto Alegre ao norte do estado.

A virada da região

Esse precioso acervo material, parcialmente abandonado e esquecido, exigia uma ação rápida para não ter a mesma sorte de tantas e tantas casas de pedra, madeira e alvenaria que acabaram ruindo ou sendo demolidas.

Com recursos do Hotel Dall’Onder as primeiras 4 casas foram restauradas e passaram a receber visitação e outras tiveram obras emergenciais. O primeiro grupo de turistas proveniente de São Paulo foi recebido em 30 de maio de 1992.

O sucesso do novo roteiro animou tanto os idealizadores quanto a comunidade. Em 10 de julho de 1997, com assessoria do SEBRAE foi fundada a Associação Caminhos de Pedra, congregando empreendedores e simpatizantes. Montou-se então um projeto abrangente que contemplava o resgate de todo o patrimônio cultural, não só o arquitetônico, envolvendo língua, folclore, arte, habilidades manuais, etc.

Este ambicioso projeto foi aprovado pelo Conselho Estadual de Cultura em 10 de agosto de 1998 passando a partir de então a captar recursos das empresas locais através da recém-criada LIC (Lei de Incentivo à Cultura do Estado do Rio Grande do Sul).

Hoje

Atualmente a Associação Caminhos de Pedra conta com cerca de 70 associados e o projeto, considerado pioneiro no Brasil em termos de turismo rural e cultural, está recebendo uma visitação média anual de 100.000 turistas. O roteiro está em expansão e possui mais de 28 pontos de Visitação.

De acordo com a Lei Estadual 13.177/09 que declarou o Caminhos de Pedra patrimônio histórico do Rio Grande do Sul, considera-se como área de abrangência dos Caminhos de Pedra a Linha Palmeiro e Pedro Salgado, localizadas nos municípios de Bento Gonçalves e Farroupilha, até o limite do município de Caxias do Sul, passando por Caravaggio. 

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um vermelho rubi intenso, brilhante e com halos violáceos, com uma profusão de lágrimas finas e lentas que desenham as bordas do copo.

No nariz traz aromas proeminentes de frutas negras, com destaque para amoras e ameixas, que corrobora um inusitado frescor e até leveza, com sutis notas de especiarias, algo herbáceo e o típico pimentão é sentido. A madeira é discreta, mostrando-se bem integrada ao conjunto do vinho, e entrega baunilha, couro, terra molhada.

Na boca é seco, elegante, macio, equilibrado, fácil de degustar, mas que mostra personalidade e complexidade, pois mostra o protagonismo das frutas negras, como no aspecto olfativo, as notas amadeiradas mais evidentes, devido aos doze meses em barricas de carvalho, colaborando para a sua maciez. Tem taninos sedosos, embora um pouco presente e acidez baixa, com um final curto.

Novas regiões, novos terroirs, novas percepções, novos rótulos, novas experiências sensoriais. Tudo somado em um único propósito: o prazer da degustação! Que a história ande sempre de mãos dadas com o prazer da degustação, que as novas experiências nos estimule a buscar sempre algo novo e que possamos degustar grandes vinhos de extrema tipicidade como este Casa Fontanari Cabernet Sauvignon. O vinho típico da Serra Gaúcha, sem plagiar os Cabernets chilenos ou argentinos. Um novo eldorado dos vinhos brasileiros, mesmo que a duras penas, surge! Tem 12,8% de teor alcoólico.

Sobre a Casa Fontanari:

Com diversos rótulos premiados internacionalmente, a Casa Fontanari teve início em 1989, quando o Doutor Juliano Fontanari começou a elaborar pequenos volumes de vinhos para o seu próprio consumo em uma microrregião entre Bento Gonçalves e Pinto Bandeira. Isso fez com que o laço entre ele e seu pai fosse fortalecido, e os dois juntos passaram a manifestar esta cultura que há muito tempo já estava na família.

Apaixonado, em 2012, ele contagiou seu filho Victor com o seu sonho; aproximar pessoas, unir famílias, criar e gerar momentos de contemplação e prazer por intermédio do vinho. A produção cresceu, o velho porão de pedra se adequou as legislações, surgiu uma marca e tecnologia.

Mas apesar do nítido crescimento a Vinícola Casa Fontanari elabora os chamados “Vinhos de Autoria”, ou seja, a uva a ser vinificada é produzida no local em pequenos volumes. O processo com pequenos volumes permite e exige processo meticuloso, da produção ao envelhecimento. Esse esforço tem sido coroado por inúmeras premiações.

As variedades de videiras e os métodos de condução para a produção das uvas tem sido a tarefa dos últimos trinta anos da Casa Fontanari. São cultivadas dezoito variedades de viníferas, algumas ainda em experimentação, sempre limitando a produção a poucos cachos por pé, conduzidos por latada e espaldeira de montanha, em terreno íngreme, bem drenado, de solo basáltico, com clima que permite ampla variação de temperatura, fornecendo taninos de montanha.

Mais informações acesse:

https://www.casafontanari.com.br/

Referências:

“Rodhe Imobiliária Blog”: https://blog.imobiliariarohde.com.br/serra-gaucha-conheca-a-historia-e-as-caracteristicas-da-regiao/

“Tudo sobre Vinho”: https://tudosobrevinho.com.br/regiao-vinicola-da-serra-gaucha/

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=SERRAGAUCHA

“Blog Vineria”: https://blog.vineria9.com.br/vinhos-da-serra-gaucha/

“Pioneiro Serra”: http://especiais-pio.clicrbs.com.br/maisserra/10/central.html

“Caminhos de Pedra”: https://www.caminhosdepedra.org.br/historico/

“Mundo Wine”: https://www.mundowine.com.br/blog/caminhos-de-pedra-em-bento-goncalves/

“Viagens e Caminhos”: https://www.viagensecaminhos.com/2018/03/caminhos-de-pedra.html

“Melhores Destinos”: https://www.melhoresdestinos.com.br/caminhos-de-pedra-bento-goncalves.html

 




 


quinta-feira, 24 de novembro de 2022

Aurora Reserva Merlot Rosé 2022

 

Há uma frase, um tanto quanto machista e depreciadora, de que vinhos rosés é para mulheres! Homem que é homem não pode degustar vinhos rosés. Uma coisa é não se identificar com determinados vinhos, isso é natural, mas deixar de degustar um vinho por mero preconceito, é no mínimo inaceitável.

Confesso que não sou um degustador assíduo de rosés, mas atualmente tenho investido nesses vinhos, sobretudo nos dias de sol, de verão, onde são a pedida mais do que ideal. E é nisso que temos de apostar: harmonizar com o momento!

Vinho não pede apenas alimento, mas mantém uma sinergia extremamente agradável com o dia, com o tempo. Nada como degustar um bom espumante, um bom vinho verde, um bom branco, um bom rosé em dias de sol, dias quentes, em uma praia, sim!

Mas desta vez o investimento não veio de meu bolso, mas um convite de um grande e velho amigo que decidiu retomar a nossa simples, mas significativa confraria e nos presenteou com um rótulo de um rosé brasileiro, da Serra Gaúcha, mais precisamente falando.

E de um produto a quem tenho um profundo respeito e carinho, de degustações especiais e arrebatadoras: A Aurora! Tida como uma das vinícolas mais premiadas no Brasil e no mundo, conseguem, com maestria, aliar qualidade, reverência e bom preço, um preço justo e acessível para todos, indistintamente.

E ainda tinha mais uma grata novidade, pelo menos para mim. Além de ser um rótulo da Aurora e um rosé, trazia a casta Merlot. Um Merlot rosé que eu nunca havia degustado. Então será uma degustação com algumas novidades sensoriais.

Eu já havia degustado a “versão” tinta do Aurora Merlot, das safras 20152017 e, claro, estavam exuberantes, mostrando a força do cultivo e produção dessa cepa em nossos terroirs, que vem despontando como um dos grandes centros e que vem crescendo a olhos vistos.

Então sem mais delongas vamos às formais apresentações! O vinho que degustei e gostei veio da Serra Gaúcha, no Sul do Brasil, e se chama Aurora Merlot Rosé e a safra é do ano atual, de 2022!

E antes de falar do vinho, para não perder o costume falemos um pouco da Serra Gaúcha, talvez uma das principais regiões brasileiras da produção de vinhos, sobretudos dos bons e maravilhosos Merlots.

Serra Gaúcha

Situada a nordeste do Rio Grande do Sul, a região da Serra Gaúcha é a grande estrela da vitivinicultura brasileira, destacando-se pelo volume e pela qualidade dos vinhos que produz. Para qualquer enófilo indo ao Rio Grande do Sul, é obrigatório visitar a Serra Gaúcha, especialmente Bento Gonçalves.

Serra Gaúcha

A região da Serra Gaúcha está situada em latitude próxima das condições geoclimáticas ideais para o melhor desenvolvimento de vinhedos, mas as chuvas costumam ser excessivas exatamente na época que antecede a colheita, período crucial à maturação das uvas. Quando as chuvas são reduzidas, surgem ótimas safras, como nos anos 1999, 2002, 2004, 2005 e 2006.

A partir de 2007, com o aquecimento global, o clima da Serra Gaúcha se transformou, surgindo verões mais quentes e secos, com resultados ótimos para a vinicultura, mas terríveis para a agricultura. Desde 2005 o nível de qualidade dos vinhos tintos vem subindo continuamente, graças a esta mudança e também do salto de tecnologia de vinhedos implantado a partir do ano 2000.

O Vale dos Vinhedos, importante região que fica situada na Serra Gaúcha, junto à cidade de Bento Gonçalves, caracteriza-se pela presença de descendentes de imigrantes italianos, pioneiros da vinicultura brasileira. Nessa região as temperaturas médias criam condições para uma vinicultura fina voltada para a qualidade. A evolução tecnológica das últimas décadas aplicada ao processo vitivinícola possibilitou a conquista de mercados mais exigentes e o reconhecimento dos vinhos do Vale dos Vinhedos. Assim, a evolução da vitivinicultura da região passou a ser a mais importante meta dos produtores do Vale.

O Vale dos Vinhedos é a primeira região vinícola do Brasil a obter Indicação de Procedência de seus produtos, exibindo o Selo de Controle em vinhos e espumantes elaborados pelas vinícolas associadas. Criada em 1995, a partir da união de seis vinícolas, a Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale), já surgiu com o propósito de alcançar uma Denominação de Origem. No entanto, era necessário seguir os passos da experiência, passando primeiro por uma Indicação de Procedência.

O pedido de reconhecimento geográfico encaminhado ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) em 1998 foi alcançado somente em 2001. Neste período, foi necessário firmar convênios operacionais para auxiliar no desenvolvimento de atividades que serviram como pré-requisitos para a conquista da Indicação de Procedência Vale dos Vinhedos (I.P.V.V.). O trabalho resultou no levantamento histórico, mapa geográfico e estudo da potencialidade do setor vitivinícola da região. Já existe uma DOC (Denominação de Origem Controlada) na região.

O Vale dos Vinhedos foi a primeira região entregue aos imigrantes italianos, a partir de 1875. Inicialmente desenvolveu-se ali uma agricultura de subsistência e produção de itens de consumo para o Rio Grande do Sul. Devido à tradição da região de origem das famílias imigrantes, o Veneto, logo se iniciaram plantios de uvas para produção de vinho para consumo local. Até a década de 80 do século XX, os produtores de uvas do Vale dos Vinhedos vendiam sua produção para grandes vinícolas da região. A pouca quantidade de vinho que produziam destinava-se ao consumo familiar.

Esta realidade mudou quando a comercialização de vinho entrou em queda e, consequentemente, o preço da uva desvalorizou. Os viticultores passaram então a utilizar sua produção para fazer seu vinho e comercializá-lo diretamente, tendo assim possibilidade de aumento nos lucros.

Para alcançar este objetivo e atender às exigências legais da Indicação Geográfica, seis vinícolas se associaram, criando, em 1995, a Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale). Atualmente, a Aprovale conta com 24 vinícolas associadas e 19 associados não produtores de vinho, entre hotéis, pousadas, restaurantes, fabricantes de produtos artesanais, queijarias, entre outros. As vinícolas do Vale dos Vinhedos produziram, em 2004 9,3 milhões de litros de vinhos finos e processaram 14,3 milhões de kg de uvas viníferas.

Bento Gonçalves

Em 1875 inicia a imigração italiana na Encosta Superior do Nordeste, originando as colônias de Dona Isabel, Conde D’Eu e Nova Palmira. A colônia de Dona Isabel originou a cidade de Bento Gonçalves. Conde D’Eu originou a cidade de Garibaldi. Nova Palmira se tornou a cidade de Caxias do Sul.

A Colônia Dona Isabel (Bento Gonçalves), criada em 1870, já era conhecida como “Região da Cruzinha” devido a uma cruz rústica cravada sobre a sepultura de um possível tropeiro ou traçador de lotes coloniais. Era época do escambo, da troca de mercadoria por mercadoria. A Colônia Dona Isabel sediava um pequeno comércio, no qual os tropeiros faziam paradas para descanso.

Bento Gonçalves

Em 24 de dezembro de 1875, os núcleos do Planalto começaram a receber novos imigrantes. Em março de 1876, o Presidente do Estado José Antonio de Azevedo Castro anunciava a existência de 348 lotes medidos e demarcados e uma população de 790 pessoas, sendo 729 italianos. Os pioneiros, vindos do Tirol Austríaco e Vêneto chegaram à esplanada onde hoje está situada a Igreja Matriz Cristo Rei.

A troca, compra e venda de produtos era feita na sede da colônia, após longas caminhadas por estreitas picadas (trilhas abertas no meio da mata) demarcadas pelos próprios imigrantes. Entre os imigrantes havia ferreiros, sapateiros, marceneiros, alfaiates, carpinteiros, entre outros profissionais que estabeleceram seus negócios dentro de suas especialidades, atendendo às necessidades locais.

O surgimento das construções das casas, os instrumentos de trabalho e o mercado foram acompanhando o desenvolvimento de Colônia Dona Isabel e também as exigências que se apresentavam. Frente ao desenvolvimento, as condições das estradas foram melhorando e surgiram as primeiras carretas. Em cinco anos, houve um acréscimo de quatro mil habitantes, entre nascimentos e novos imigrantes.

Em 1881, inicia a abertura da primeira estrada de rodagem, ligando a Colônia Dona Isabel a São João de Montenegro (hoje Montenegro). O início do povoamento foi marcado por inúmeras dificuldades. Em 1877 a Colônia Dona Isabel sediava três casas comerciais, duas padarias, uma fábrica de chapéus e um total de 40 casas comerciais, que ofereciam serviços e produtos diversos em todo o território da colônia.

O desmembramento da Colônia Dona Isabel do município de Montenegro foi oficializado pelo ‘Acto’ 474, de 11 de outubro de 1890, assinado por Cândido Costa, o que constituiu o município de Bento Gonçalves. O nome foi dado em homenagem ao general Bento Gonçalves da Silva, chefe da Revolução Farroupilha, ocorrida no Rio Grande do Sul de 1835 a 1845.

Bento Gonçalves deu seu primeiro impulso de progresso com a vinda da agência do Banco Nacional do Comércio e Banco de Pelotas. Entre os anos de 1919 e 1927, foi feita a instalação da luz elétrica e da estação transformadora e da rede de distribuição. Na foto a raça Walter Galassi em 1922, quando era chamada de Praça Centenário. O local foi inaugurado durante as comemorações do centenário da independência do Brasil.

E 1924 foi fundado o Hospital Dr. Bartholomeu Tacchini. Na época o Dr. Barthomoleu Tacchini, médico vindo da Itália, era um dos principais médicos do Estado, com enorme prestígio especialmente junto à população de origem italiana. Em 1950, a população era de 22.600 habitantes. As principais atividades econômicas eram as do setor agrícola. Contudo, começaram a surgir várias indústrias, como de acordeões, laticínios, móveis, curtume, fábrica de sulfato e vinícolas.

Em 1967 Bento Gonçalves passa por uma grande transformação, considerada um marco histórico. Com a colaboração de dinâmicas lideranças e a ajuda de toda a comunidade, surge a I Fenavinho, a Festa Nacional do Vinho. O município foi visitado pela primeira vez por um Presidente da República, o Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco visitou Bento Gonçalves e a I Fenavinho no dia 25 de fevereiro de 1967. O principal produto e a força da economia de Bento Gonçalves foram divulgados em todo o Brasil, tornando a cidade conhecida nacional e internacionalmente. O município descobre a sua vocação para o turismo de negócios e começa a sediar eventos de grande porte.

A cidade de Bento Gonçalves é conhecida como a ‘Capital Brasileira da Uva e do Vinho’, é reconhecida pela força de sua economia e como um importante pólo industrial e turístico do sul do Brasil.

Além de ser uma cidade com perfil empreendedor e povo trabalhador, a cidade se destaca na área turístia. Atividades ligadas à área do enoturismo, turismo de negócios e de eventos oferece cada vez mais opções ao visitante. A cidade oferece uma diversidade de rotas turísticas. Os indicadores de desenvolvimento e renda da cidade colocam Bento Gonçalves em destaque no Estado e no país quanto à qualidade de vida.

A cidade de Bento Gonçalves é um polo moveleiro e vitivinícola conhecido nacional e internacionalmente. Dentro do segmento indústria, o setor moveleiro é a grande força da economia. No segmento turístico são inúmeros os atrativos ligados à uva e ao vinho, o que torna Bento Gonçalves uma cidade de visita obrigatória na conhecida Região Turística “Uva e Vinho” situado na Serra Gaúcha.

Bento Gonçalves é pioneira no Brasil no desenvolvimento do Enoturismo. A cada ano Bento Gonçalves vem se consolidando como destino turístico nacional. O Vale dos Vinhedos é o principal destino enoturístico do Brasil, sendo o roteiro mais visitado desde 2008. Foi a primeira região do país reconhecida como Indicação Geográfica, obtendo para seus produtos a Indicação de Procedência, e a seguir a Denominação de Origem ‘Vale dos Vinhedos’ para os vinhos e espumantes ali produzidos. O Vale dos Vinhedos integra oficialmente o patrimônio histórico e cultural do Estado do Rio Grande do Sul desde 29 de junho de 2012 (Projeto de Lei 44/2012).

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um lindo e envolvente rosado salmão, com tons brilhantes e de incrível intensidade, denotando quase um vermelho rubi.

No nariz a predominância é de um delicado floral com notas agradáveis de frutas vermelhas frescas como morango e framboesa, além de um leve e discreto adocicado, mas sem ser enjoativo.

Na boca traz a jovialidade, a fruta e o frescor típico de um rosé que é corroborado com uma bela acidez acentuando toda essa leveza e refrescância. Apesar de ser delicado no palato traz alguma personalidade, tem certo volume de boca, com um final de boca persistente e um retrogosto frutado.

O vinho se torna especial quando harmonizado com o momento, com um bom alimento que ressalte ambos, claro. Contudo o momento com os amigos, reforçado pela confraria torna qualquer rótulo único e especial e este Aurora Merlot Rosé harmonizou perfeitamente com queijos leves que degustamos e uma agradável tarde de sol que brilhou neste momento especial de degustar um delicado, fresco e leve rosé brasileiro. Tem 12,5% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Cooperativa Aurora:

A Vinícola Aurora é um sonho compartilhado por imigrantes que enfrentaram os mais diversos problemas quando chegaram ao Rio Grande do Sul. Com a veia colaborativa, a empresa cresceu e se tornou um dos expoentes do vinho gaúcho. A história da cooperativa começou em 1931, quando famílias de produtores de uvas do município de Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, com pouco dinheiro, mas com muita vontade de prosperar, reuniram-se para lançar a pedra fundamental da empresa.

Na primeira colheita, foram contabilizados 317 mil quilos de uva. Hoje, quase 85 anos depois, a empresa processa mais 60 toneladas da fruta e tem 1.100 famílias associadas. A biografia da Aurora, desde as suas raízes, é permeada por números de sucesso. No cerne da vinícola há solidariedade entre os pares, se no início do século os imigrantes italianos se uniram para produzir com maior força e formar uma rede de ajuda mútua, hoje, não é diferente. É nesse universo, da produção em sociedade, que a Revista Sabores adentra para desmitificar as oito décadas da empresa.

No Centro de Bento Gonçalves, local que abriga a histórica Cantina da empresa. De longe é possível ver a grande movimentação, não só de trabalhadores de vinícola, mas, principalmente, de turistas. Pioneira em abrir as portas aos visitantes, a cada ano, a Aurora recebe 150 mil pessoas em suas instalações. É uma multidão de curiosos querendo saber como são produzidos os 232 rótulos da empresa.

Ao percorrer os corredores da vinícola, o visitante conhece em detalhes todas as etapas para a elaboração de um vinho. Desde as esteiras que recebem as uvas na época de colheita, até as pipas gigantes com mais de 50 anos de uso. Não só os produtos alcoólicos que movimentam a cooperativa. A linha de produção ainda tem coolers e suco de uvas. O suco da marca Casa de Bento, produzido pela vinícola, é um dos mais vendidos da empresa. Do total de uvas processadas, 60% viram suco.

Hoje, bem no coração de Bento Gonçalves, a Vinícola Aurora é a maior do Brasil. Mais de 1.100 famílias se associaram à cooperativa, sendo a produção orientada por técnicos que, diariamente, estão em contato com o produtor – fornecendo toda a assistência necessária. A equipe técnica se responsabiliza pelo acompanhamento permanente do processo industrial e pela qualidade final dos produtos, sempre com a atenção voltada para o desenvolvimento de uma tecnologia de ponta.

A conquista da posição que ocupa há mais de duas décadas foi possível graças à constante modernização de seu parque industrial, à alta tecnologia de suas unidades e aos rigorosos padrões exigidos nos processos de produção. O cuidado extremo com a rotina produtiva, observado a partir da plantação das mudas ao engarrafamento do produto, faz parte da receita de crescimento constante do empreendimento durante todos esses anos.

Mais informações acesse:

http://www.vinicolaaurora.com.br/br

Referências:

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=SERRAGAUCHA

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/os-segredos-da-merlot-cepa-mais-consistente-da-serra-gaucha_10653.html

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=SERRAGAUCHA

“Bento Tur”: https://bento.tur.br/nossa-historia-bento-goncalves/














segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Aurora Reserva Merlot 2015

 

Ah o Merlot! Ao começar a redigir esse texto eu me lembrei, com muita alegria, da minha primeira vez degustando um vinho cultivado, produzido com uvas vitiviníferas. E a essa experiência foi com a casta Merlot, a minha primeira cepa. Como todo brasileiro que tem contato com o vinho, comecei com aqueles vinhos de uvas americanas, de vinhos de mesa, os famosos vinhos de garrafão. É um começo natural para nós brasileiros, faz parte da nossa história e cultura. Assim começou a história da vitivinicultura brasileira com os imigrantes italianos que, dada as condições difíceis e estruturais, cultivava os vinhos com as uvas de mesa, que eram mais resistentes ao clima tropical brasileiro. Até hoje esses vinhos representam uma fatia grande do mercado brasileiro. Mas eu senti a necessidade de seguir novos caminhos, novas percepções e experiências e assim surgiu, como primeira experiência o Merlot, a casta que, além de seus predicados, tem um efeito sentimental em minha vida de enófilo, de apreciador de vinhos. Ele deu o “start” definitivo nessa caminhada. E claro que nessa caminhada o Merlot continua na minha pauta de degustações, sobretudo os produzidos no Brasil. Não se enganem, amigos leitores, os vinhos dessa casta produzidos no Brasil são excelentes! O Merlot brasileiro ganhou uma cara própria, aquela famosa tipicidade. São vinhos vibrantes, frescos, frutados, mas com aquela personalidade que, independente do país e proposta, é característico do Merlot.

Então vos apresento o vinho que degustei e gostei e que veio da região emblemática de Bento Gonçalves e é o Aurora Reserva Merlot da safra 2015. Antes de expor a análise deste rótulo eu gostaria de fazer uma breve explanação sobre a região de Bento Gonçalves. Segundo o site do Município, Bento Gonçalves é a Capital Brasileira da Uva e do Vinho e também a primeira região do Brasil a obter a Indicação de Procedência e Denominação de Origem, pelo Vale dos Vinhedos, certificado que qualifica a origem do produto em nível mundial. Caso queira conhecer um pouco mais sobre o potencial vitivinícola da região, acesse:

http://www.bentogoncalves.rs.gov.br/a-cidade/economia-local/setor-vinicola

E agora o vinho!

Na taça apresenta um vermelho rubi com reflexos violáceos. Tem lágrimas finas e abundantes que lindamente desenha as paredes do copo.

No nariz tem uma explosão de frutas vermelhas, aromas agradáveis de cerejas, amoras e diria um toque floral, de violetas incríveis.

Na boca é seco, delicado e elegante, com as notas frutadas percebidas no olfato sendo sentidas também no paladar. Tem um bom corpo, o vinho, apesar de fresco, mas com personalidade marcante, com taninos domados, mas presentes e uma moderada acidez que o torna, como disse, fresco e agradável. Um toque discreto da madeira, bem integrada ao vinho, graças aos 6 meses de passagem por barricas de carvalho e um final frutado e persistente.

Um vinho excepcional, que sempre me fará lembrar dos meus primeiros contatos com os vinhos de cepas vitiviníferas e da minha transição, há mais de vinte anos atrás, e que tem sido responsável pela minha agradável caminhada pelo universo do vinho. Mas também não posso me esquecer do motivo pela qual esse rótulo chegou até mim. Claro que, primeiramente, foi pela história da Vinícola Aurora, mas também pelos inúmeros e importantes prêmios que esse rótulo, em especial, tem conquistado, em todos as suas safras. Um vinho de bom custo X benefício (já foi mais barato, é verdade), que expressa toda a tipicidade da terra e cultura brasileira, do sul do Brasil, em especial, e que tem conquistado o enófilo brasileiro, a começar por mim. Tem 12,5% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Cooperativa Aurora:

A Vinícola Aurora é um sonho compartilhado por imigrantes que enfrentaram os mais diversos problemas quando chegaram ao Rio Grande do Sul. Com a veia colaborativa, a empresa cresceu e se tornou um dos expoentes do vinho gaúcho. A história da cooperativa começou em 1931, quando famílias de produtores de uvas do município de Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, com pouco dinheiro, mas com muita vontade de prosperar, reuniram-se para lançar a pedra fundamental da empresa.

Na primeira colheita, foram contabilizados 317 mil quilos de uva. Hoje, quase 85 anos depois, a empresa processa mais 60 toneladas da fruta e tem 1.100 famílias associadas. A biografia da Aurora, desde as suas raízes, é permeada por números de sucesso. No cerne da vinícola há solidariedade entre os pares, se no início do século os imigrantes italianos se uniram para produzir com maior força e formar uma rede de ajuda mútua, hoje, não é diferente. É nesse universo, da produção em sociedade, que a Revista Sabores adentra para desmitificar as oito décadas da empresa.

No Centro de Bento Gonçalves, local que abriga a histórica Cantina da empresa. De longe é possível ver a grande movimentação, não só de trabalhadores de vinícola, mas, principalmente, de turistas. Pioneira em abrir as portas aos visitantes, a cada ano, a Aurora recebe 150 mil pessoas em suas instalações. É uma multidão de curiosos querendo saber como são produzidos os 232 rótulos da empresa. Ao percorrer os corredores da vinícola, o visitante conhece em detalhes todas as etapas para a elaboração de um vinho. Desde as esteiras que recebem as uvas na época de colheita, até as pipas gigantes com mais de 50 anos de uso. Não só os produtos alcoólicos que movimentam a cooperativa. A linha de produção ainda tem coolers e suco de uvas. O suco da marca Casa de Bento, produzido pela vinícola, é um dos mais vendidos da empresa. Do total de uvas processadas, 60% viram suco. Hoje, bem no coração de Bento Gonçalves, a Vinícola Aurora é a maior do Brasil. Mais de 1.100 famílias se associaram à cooperativa, sendo a produção orientada por técnicos que, diariamente, estão em contato com o produtor – fornecendo toda a assistência necessária. A equipe técnica se responsabiliza pelo acompanhamento permanente do processo industrial e pela qualidade final dos produtos, sempre com a atenção voltada para o desenvolvimento de uma tecnologia de ponta. A conquista da posição que ocupa há mais de duas décadas foi possível graças à constante modernização de seu parque industrial, à alta tecnologia de suas unidades e aos rigorosos padrões exigidos nos processos de produção. O cuidado extremo com a rotina produtiva, observado a partir da plantação das mudas ao engarrafamento do produto, faz parte da receita de crescimento constante do empreendimento durante todos esses anos.

Mais informações acesse:

http://www.vinicolaaurora.com.br/br

Degustado em: 2016

 

 





sexta-feira, 3 de abril de 2020

Aurora Varietal Pinot Noir 2016


Já ouviu falar naquela frase: Menos é mais? Pois é, essa pode ter forte aplicabilidade no mundo dos vinhos, sim. Não quero pecar na redundância, mas sempre compartilhei da ideia de que há sim grandes e surpreendentes rótulos baratos. Sei também que é muito relativo o conceito de “barato”, afinal, isso envolve a condição social e econômica de cada um. Porém quando falamos em vinho barato, não podemos negligenciar a proposta que o vinho nos oferece. Em tempos bicudos, de incerteza econômica, um bom vinho e barato pode ser a solução para continuarmos a degustar nossos vinhos de cada dia, mas temos que entender que existe uma proposta por trás desse vinho. Geralmente são vinhos mais simples, de entrada de um produtor, mas não se engane de que sejam sinônimos de vinhos ruins, mas de uma proposta descompromissada, de vinhos jovens e frutados, para consumo rápido.

Por que estou falando tudo isso? É porque tive uma grande surpresa com um rótulo brasileiro, me vi, quando o degustei, que fui arrebatado de forma avassaladora corroborando cada palavra textualizada acima. É da famosa região de Bento Gonçalves, da histórica Vinícola Aurora e o vinho que degustei e gostei é o Aurora Varietal da casta Pinot Noir, da safra 2016. Antes de expor a análise deste rótulo eu gostaria de fazer uma breve explanação sobre a região de Bento Gonçalves. Segundo o site do Município, Bento Gonçalves é a Capital Brasileira da Uva e do Vinho e também a primeira região do Brasil a obter a Indicação de Procedência e Denominação de Origem, pelo Vale dos Vinhedos, certificado que qualifica a origem do produto em nível mundial. Caso queira conhecer um pouco mais sobre o potencial vitivinícola da região, acesse:


Vamos ao vinho?

Na taça apresenta um vermelho rubi vivo, com tons granada muito brilhantes, típicos da Pinot Noir, com lágrimas finas e rápidas.

No olfato traz aromas frutados, lembrando amora e cereja, com muito frescor, é o destaque positivo do vinho, é uma explosão aromática de frutas em compota.

No paladar é seco, delicado, como todo bom Pinot Noir, nuances evidentes da fruta, taninos sedosos, boa acidez, abrindo as portas da sua refrescância, com um final de média intensidade.

Um vinho jovem, sedoso na boca, elegante, simples, mas correto, bem feito, mostrando, provando que vinho barato pode ser sem dúvida alguma, muito boa, uma alternativa calcada no custo X benefício inteligente. Por ser um vinho versátil acompanha pratos leves, carnes e massas. Degustei esse com um macarrão ao alho e óleo! Tem 12% de teor alcoólico. Ah o vinho ostenta, acredite grandes reconhecimentos, com premiações internacionais, inclusive, tais como: Menção Honrosa no Decanter Wine Asia Awards em 2012 e Mundus Vini, na Alemanha, em 2005, medalha de bronze na Internacional Wine and Spirits Competition, na Inglaterra, no ano de 2001, medalha de prata no Concurso Mundial de Bruxelas, em 2013 e La Mujer Elige, na Argentina, em 2008.

Sobre a Vinícola Aurora:

A história da AURORA inicia em 1875, com a chegada de imigrantes oriundos do norte da Itália. Estabelecidos no Sul do Brasil, na Serra Gaúcha, onde encontraram paisagens e clima similares aos de seu país de origem. Assim, os hábitos e a cultura europeia não foram abandonados, e a antiga arte da vitivinicultura logo foi retomada. E no dia 14 de fevereiro de 1931, dezesseis famílias de produtores de uvas do município de Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, reuniram-se para lançar a pedra fundamental do que viria a se transformar no maior empreendimento do gênero no Brasil: A COOPERATIVA VINÍCOLA AURORA. Um ano mais tarde, já contabilizava a produção coletiva de 317 mil quilos de uvas e fixava a base de um empreendimento destinado a ser não apenas o maior, mas também um dos mais qualificados tecnologicamente. Hoje, bem no coração de Bento Gonçalves, a Vinícola Aurora é a maior do Brasil. Mais de 1.100 famílias se associaram à cooperativa, sendo a produção orientada por técnicos que, diariamente, estão em contato com o produtor – fornecendo toda a assistência necessária. A equipe técnica se responsabiliza pelo acompanhamento permanente do processo industrial e pela qualidade final dos produtos, sempre com a atenção voltada para o desenvolvimento de uma tecnologia de ponta. A conquista da posição que ocupa há mais de duas décadas foi possível graças à constante modernização de seu parque industrial, à alta tecnologia de suas unidades e aos rigorosos padrões exigidos nos processos de produção. O cuidado extremo com a rotina produtiva, observado a partir da plantação das mudas ao engarrafamento do produto, faz parte da receita de crescimento constante do empreendimento durante todos esses anos.

Mais informações acesse:


Degustado em: 2017