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sábado, 22 de maio de 2021

Torcello Cabernet Sauvignon 2015

 

Eu sempre defendi e defendo que a degustação de um vinho não se restringe ao consumo meramente, a degustação propriamente dita, embora seja o ápice, o momento épico, único, singular. Porém degustamos também a informação que absorvemos o conhecimento decantado, o banho de cultura, um escambo cultural é necessário sem nenhuma sombra de dúvida e não é mero preciosismo, mas também a certeza de que podemos ter acesso aos mais diversos rótulos, castas, regiões, países e o principal: novas experiências sensoriais que nos propicie a melhor, adivinhe, degustação, o célebre momento da degustação.

O caso desse rótulo retrata fielmente o que registrei acima. Em meados dos anos 2000, não sei dizer ao certo o ano, talvez 2013, eu participei de um evento de degustação no Rio de Janeiro, no Centro da cidade. Esse evento de degustação, tornou-se, por cerca de duas horas, o centro de minha atenções, o deleite das minhas experiências sensoriais. Eram muitos rótulos, estava difícil escolher por onde começar: vinhos brasileiros, italianos, portugueses...que dúvida ótima essa, não é?

Mas comecei as degustações e de estande por estande, produtor por produtor, observei, ainda ao longe, distante até, mas aproximei, interessado e, como que atraído, como um imã, cheguei em um estande que não tinha tantos rótulos disponíveis, mas que me interessou e confesso que não sabia o motivo pelo qual tinha sido atraído para aquele estande, para aquele produtor, talvez pelo fato de ser um rótulo novo, pouco conhecido à época.

Era um vinho brasileiro, de uma vinícola nova, mas que pertencia a gigante, tradicional e importante Família Valduga da região de Bento Gonçalves, no Vale dos Vinhedos. E isso eu fui descobrindo pelo fundador, Rogério Carlos Valduga, isso mesmo, o criador da vinícola em pessoa estava diante de mim, muito atencioso e simpático, que passava, sem hesitar, todas as informações dos rótulos disponíveis e da sua vinícola. Fiquei tão entusiasmo quando degustei cada um deles, Merlot, Tannat etc, que diante da opção sensorial, os meus sentidos apontou para o Torcello, esse também é o nome da vinícola e que dá nome aos vinhos também, da casta Tannat da safra 2014.


Eu estava experimentando os Tannats nacionais e estava gostando e muito dos rótulos escolhidos, então esse veio a calhar e como veio! Então aqui seguem as minhas impressões, mais do que entusiasmadas, desse ótimo vinho: Torcello Tannat 2014. Mas o tempo foi passando, descobertas foram sendo feitas, novas experiências sendo empreendidas e no ano de 2017, em mais um evento de degustação conhecido como “Vinho na Vila”, direcionado apenas aos vinhos nacionais, lá estava eu passeando pelos estandes e conhecendo um pouco mais os rótulos brasileiros. Esse evento foi emblemático, um verdadeiro divisor de águas para mim, no que tange ao contato mais intenso com os vinhos tupiniquins.

E por uma grata surpresa lá estava o estande da Torcello! Agora com uma bela diversidade de rótulos, novos rótulos para mim e os que eu já conhecia daquela época de 3 ou 4 anos atrás. E neste evento o Rogério Carlos Valduga de novo, juntamente com a sua simpática, empatia e atenção tão característica que tive a oportunidade de ver há algum tempo atrás. Claro que fui até o estande, não hesitei desta vez e degustei um a um e cheguei ao Cabernet Sauvignon (não me recordo se tinha degustado este na primeira vez, no primeiro contato com os vinhos da Torcello), fui servido, a minha taça cheia de novidades! O degustei e gostei! Que vinhaço! Então não hesitei em levá-lo.

Ficou em minha adega por longos 4 anos! E com 6 anos de safra, um vinho mais austero, poderoso, mas afinado pelo tempo. A ansiedade palpitava! É chegada a hora de degusta-lo. Então o vinho que degustei e gostei veio do Brasil, da região do Vale dos Vinhedos e se chama claro, Torcello da casta Cabernet Sauvignon (100%) da safra 2015. Mas antes de falar do vinho não podemos deixar de enaltecer a região de onde é oriunda: Vale dos Vinhedos!

O Vale dos Vinhedos

O Vale dos Vinhedos localiza-se no centro do triângulo formado pelas cidades de Bento Gonçalves (nordeste), Monte Belo do Sul (noroeste) e Garibaldi (sul). O Vale dos Vinhedos compreende a parte da bacia hidrográfica do Rio Pedrinho, situada a montante da foz de um córrego afluente deste e situado a sudeste da comunidade de Vale Aurora, no município de Bento Gonçalves. A parte do vale a jusante é denominada de Vale Aurora. A maior parte da área do Vale dos Vinhedos fica localizada em território do município de Bento Gonçalves, com 55 por cento do total, e a menor parte fica localizada em território de Monte Belo do Sul, com 8 por cento na porção noroeste. A parte sul do Vale pertence ao município de Garibaldi, com 37 por cento da área total. Parte da zona urbana de Bento Gonçalves situa-se dentro do perímetro do Vale, haja vista que a linha divisória de águas entre as bacias do Rio Pedrinho e do Rio Buratti passa pela parte oeste da cidade. Localizam-se ao longo desta linha, ou próximo desta, a pista do Aeroclube de Bento Gonçalves, a Estação Rodoviária de Bento Gonçalves, o Estádio da Montanha e a Estação Ferroviária de Bento Gonçalves.

Vale dos Vinhedos

O Vale dos Vinhedos foi a primeira região com classificação de Denominação de Origem (DO) de vinhos no país. Sua norma estabelece que toda a produção de uvas e o processamento da bebida seja realizada na região delimitada do Vale dos Vinhedos. A DO também apresenta regras de cultivo e de processamento mais restritas que as estabelecidas para a Indicação de Procedência (IP), em vigor até a obtenção do registro da DO, outorgado pelo INPI.

Vale dos Vinhedos DO

Detalhes da Denominação de Origem do Vale dos Vinhedos

1 - A produção de uvas e a elaboração dos vinhos ocorrem exclusivamente na região delimitada do Vale dos Vinhedos, uma área de 72,45 km2 localizada nos municípios de Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul.

2 - Existem requisitos específicos para de cultivo dos vinhedos, produtividade e qualidade das uvas para vinificação;

3 - Os espumantes finos são elaborados exclusivamente pelo “Método Tradicional” (segunda fermentação na garrafa), nas classificações Nature, Extra-brut ou Brut; para este produto as uvas Chardonnay e/ou Pinot Noir são de uso obrigatório; 

4 - Nos vinhos finos brancos, a uva Chardonnay é de uso obrigatório, podendo ter corte com a Riesling Itálico;

5 - O uso da uva Merlot é obrigatória para os vinhos finos tintos da DO, os quais podem ter cortes com vinhos elaborados com as uvas Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Tannat;

6 - Os produtos que passam por madeira envelhecem exclusivamente em barris de carvalho;

7 - Para chegar ao mercado, os vinhos brancos passam por um período mínimo de envelhecimento de 6 meses; no caso dos vinhos tintos são 12 meses; os espumantes finos passam por um período mínimo de 9 meses em contato com as leveduras, na fase de tomada de espuma;

8 - Os vinhos apresentam características analíticas e sensoriais específicas da região e somente são autorizados para comercialização os produtos que obtenham do Conselho Regulador da DO o atestado de conformidade em relação aos requisitos estabelecidos no Regulamento de Uso.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta um vermelho rubi intenso, escuro, com reflexos acastanhados em seu entorno demonstrando a maturidade do vinho, com lágrimas grossas e abundantes que desenham, mancham as paredes do copo.

No nariz as notas de frutas vermelhas maduras se revelam de forma intensa, mas em perfeito equilíbrio com a madeira, com toques discretos de baunilha e tostado, além de um pimentão.

Na boca é estruturado, encorpado, mas muito redondo e harmonioso, o tempo lhe foi gentil, os taninos se mostram vivazes, mas aveludados, com a madeira e o tostado aparecendo de novo, devido a passagem de 6 a 8 meses por barricas de carvalho, com uma boa acidez que entrega um vinho pleno aos 6 anos de idade. Final persistente e frutado.

Um belíssimo Cabernet Sauvignon, equilibrado e austero, o tempo foi muito gentil com esse vinho, mas revelou-se ainda complexo, estruturado, poderoso. Uma curiosidade que recebi do produtor: “Trabalhamos com apenas 3 Kg de uva por planta, dessa forma a uva ganhou muito em estrutura e nutrientes.” Um exemplo de que temos sim grandes vinhos da casta Cabernet Sauvignon que, para muitos, existe o receio de vinhos brasileiros inexpressivos dessa cepa. O Torcello é o exemplo de que essa informação é totalmente improcedente. Um vinho oriundo das informações, da decantação do conhecimento. Vinho e conhecimento andam juntos, devem andar juntos, de mãos dadas a serviço do enófilo, para deleite e prazer do enófilo, sempre. Novas experiências, novas percepções, todas são formas de celebração ao vinho e Torcello Cabernet Sauvignon é uma ode às gratas novidades! Que venham mais e mais vinhos com esse emblema de qualidade e tipicidade. Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Torcello:

A História da Torcello inicia com a chegada do primeiro imigrante italiano da Família Valduga ao Brasil (Marco Valduga), em 1875. Com muita fé, trabalho e perseverança, desbravaram matas virgens e construíram o que hoje conhecemos como Vale dos Vinhedos. A Vinícola Torcello foi fundada no ano de 2000 por Rogério Carlos Valduga, quarta geração da Família Valduga, e filho de Remy Valduga (viticultor, escritor e bisneto de Marco). A Torcello surgiu do fascínio de Rogério pela vitivinicultura e pelo seu desejo de resgatar a tradição da família, a qual elaborava vinho de maneira totalmente artesanal no próprio porão de casa para consumo próprio.

Curiosidades sobre a Torcello:

Uma das menores ilhas de Veneza chama-se Torcello, e dessa forma, por sermos uma das menores vinícolas instaladas no Vale dos Vinhedos, fizemos alusão a ilha. Já a escolha do símbolo da Vinícola, Leão Alado de São Marcos, deu-se pelo fato de o Leão representar proteção. Sendo assim, o símbolo remete a proteção do Leão Alado sobre os vinhos por nós elaborados. Os primeiros vinhos foram elaborados em 2005, e a abertura do varejo aconteceu em 2007. Hoje a Vinícola elabora vinhos, espumantes e sucos em pequena escala, buscando sempre a qualidade.

Mais informações acesse:

https://www.torcello.com.br/

Referências:

“Wikipedia”: https://pt.wikipedia.org/wiki/Vale_dos_Vinhedos#Denomina%C3%A7%C3%A3o_de_Origem_Vale_dos_Vinhedos

“Viajali”: https://www.viajali.com.br/vale-dos-vinhedos/

“Embrapa”: https://www.embrapa.br/indicacoes-geograficas-de-vinhos-do-brasil/ig-registrada/do-vale-dos-vinhedos









segunda-feira, 13 de abril de 2020

Torcello Tannat 2014


É inegável que a Tannat tem a sua credibilidade e a sua grande produção no Uruguai, embora a cepa seja oriunda de terras francesas. Para quem aprecia vinhos corpulentos, encorpados e de complexidade a Tannat é uma grande escolha. A propósito a palavra “Tannat” vem de taninos, uma das características marcante dessa casta: bem taninosa. Mas não só o Uruguai que vem se destacando, na América Latina, nesses últimos anos. O Brasil vem produzindo interessantes Tannats, mostrando tipicidade, sim, tipicidade! Não é uma cópia dos uruguaios, mas vinhos com a cara do Brasil, fáceis de degustar, harmoniosos, mas com a típica estrutura que confere reputação a Tannat. Vou contar uma história: Estive em um evento de degustação e li um ranking dos melhores rótulos degustados às cegas por especialistas e que estiveram presentes no evento. E o primeiro colocado foi um Tannat brasileiro do Vale dos Vinhedos. Claro que precisava conferir esse vinho!

E este vinho que degustei e gostei é o Torcello Tannat, da vinícola Torcello, que pertence a Casa Valduga, da safra 2014, da, como já disse emblemática região gaúcha do Vale dos Vinhedos.
Na taça já mostra as suas credenciais um vermelho rubi intenso, límpido e brilhante, com lágrimas finas e intensas que teimavam em sumir, tingindo de um vermelho profundo as paredes do copo.

No nariz uma explosão de frutas negras, como amora, com notas de especiarias, tabaco, couro e madeira graças aos 6 meses de passagem por barricas de carvalho, cerca de 50% do vinho.

Na boca repetem-se as impressões olfativas, revelando-se estruturado, com certa complexidade, com taninos presentes, mas sedosos, acidez correta e um final prolongado e persistente.

Um vinhaço! Um vinho que me estimulou a viajar e conhecer ainda mais os Tannats brasileiros que, acreditem, são especiais. O Torcello entregou um vinho harmonioso, poderoso, opulento, mas fácil de degustar. Esse, da safra 2014, estava muito boa, pronta para degustar, mas que poderia, sem sombra de dúvida, ser guardado, pacientemente, pois apresenta um razoável potencial de guarda. Com 13% de teor alcoólico bem integrado.

Sobre a Vinícola Torcello:

A História da Torcello inicia com a chegada do primeiro imigrante italiano da Família Valduga ao Brasil (Marco Valduga), em 1875. Com muita fé, trabalho e perseverança, desbravaram matas virgens e construíram o que hoje conhecemos como Vale dos Vinhedos. A Vinícola Torcello foi fundada no ano de 2000 por Rogério Carlos Valduga, quarta geração da Família Valduga, e filho de Remy Valduga (viticultor, escritor e bisneto de Marco). A Torcello surgiu do fascínio de Rogério pela vitivinicultura e pelo seu desejo de resgatar a tradição da família, a qual elaborava vinho de maneira totalmente artesanal no próprio porão de casa para consumo próprio.

Curiosidade sobre a Torcello:

Uma das menores ilhas de Veneza chama-se Torcello, e dessa forma, por sermos uma das menores vinícolas instaladas no Vale dos Vinhedos, fizemos alusão a ilha. Já a escolha do símbolo da Vinícola, Leão Alado de São Marcos, deu-se pelo fato de o Leão representar proteção. Sendo assim, o símbolo remete a proteção do Leão Alado sobre os vinhos por nós elaborados. Os primeiros vinhos foram elaborados em 2005, e a abertura do varejo aconteceu em 2007. Hoje a Vinícola elabora vinhos, espumantes e sucos em pequena escala, buscando sempre a qualidade.

Mais informações acesse:

https://www.torcello.com.br/

Vinho degustado em 2017.