Os primeiros ocupantes conhecidos da região do atual
município foram os índios charruas e minuanos. Em seguida, vieram jesuítas
espanhóis e ao longo do século XIX os imigrantes portugueses e italianos. Em
1810, a instabilidade política que levaria à independência das colônias espanholas
na Bacia Platina motivou a vinda de tropas portuguesas para a região, com a
finalidade de resguardar a fronteira luso-espanhola.
Essas tropas, comandadas por Diogo de Sousa, conde de Rio
Pardo, deram início à atual cidade de Sant'Ana do Livramento, com a construção
de uma capela dedicada à santa homônima. A povoação portuguesa permanente da
região iniciou-se com a doação de sesmarias feitas pelo Marquês de Alegrete, em
1814. Fundada a cidade em 30 de julho de 1823, foi elevada à categoria de município
em 1857, emancipando-se de Alegrete.
Arinarnoa
De acordo com algumas fontes pesquisadas a casta Arinarnoa
tem origem no País Basco, não sendo, portanto, francesa, não sendo também
espanhola. Como a casta Marselan, que vem fazendo sucesso no Brasil e a
Pinotage, a mais famosa cepa sul africana, a Arinarnoa também é um cruzamento
entre uvas e que está na lista das novas possíveis queridinhas de Bordeaux.
De acordo com o site “Plantgrape”, que cataloga videiras
produzidas na França (leia aqui) o crescimento do cultivo da Arinarnoa vem aumentando exponencialmente desde
1988 que tinha 5 hectares, passando para 155 hectares em 2000, 164 em 2008 e
178 hectares em 2018. Os números não mentem, a Arinarnoa vem ganhando espaço
entre os produtores franceses e vem também, consequentemente, tendo uma aceitação
do mercado daquele país.
O reforço de que a Arinarnoa vem de Bordeaux é de que a mesma
nasceu durante as alquimias de Pierre Marcel Durquéty, que também foi criador
da uva Egiodola, que se destaca no Brasil com um rótulo da Vinícola Pizzato, no
ano de 1956 no INRA (Institut National de la Recherche Agronomique), que fica
em Bordeaux, na França.
Durante muito tempo achava-se que o cruzamento que originou a
Arinarnoa era entre a Merlot e a Petit Verdot, porém testes de DNA rechaçaram
essa teoria e confirmaram que, na realidade, os pais verdadeiros são as uvas
Tannat e Cabernet Sauvignon, o que nos leva a concluir que ela é neta da Cabernet
Franc e da Sauvignon Blanc. Em 1980, a variedade foi oficialmente aprovada para
ser utilizada nas vinificações. A França é o principal produtor, no Sul do país
e norte de Cognac (não, não se produz apenas conhaques na região).
Em idioma basco, um reforço de que a casta pode ser oriunda
dessa região, a palavra “arin” significa “leveza”, algo agradável e versátil,
já a palavra “arnoa” significa “vinho”, ou seja, o seu autor, juntando as duas
palavras quis justamente indicar uma casta que originaria vinhos leves,
versáteis e agradáveis.
Inicialmente pensou-se ser cruzamento da Merlot com a Petit
Verdot, mas estudos de DNA recentes a veem como o cruzamento entre a Tannat e a
Cabernet Sauvignon. Há quem questione essa informação pelo fato da Arinarnoa
não ser uma casta leve, ser detentora de taninos firmes e presentes, mas de
Tannat e Cabernet Sauvignon.
Por brotar tardiamente, é uma ótima casta para evitar
estragos em anos que ocorrem geadas de primavera. Os cachos costumam ser
abertos, que é uma vantagem para evitar acúmulo de umidade e, consequentemente,
doenças fúngicas. As uvas têm cascas grossas que concentram compostos fenólicos
e de cor, então os vinhos costumeiramente são estruturados, possuem taninos
firmes, com cor profunda, e há possibilidades de encontrar nuances herbáceas, o
que também é de se esperar ao analisar os parentais.
Adaptou-se perfeitamente bem no Uruguai, Chile, Argentina, e,
principalmente Brasil. Na região da Campanha Gaúcha há a projeção de que será
uma das grandes uvas tintas. Gosta de invernos rigorosos e verões ensolarados,
típico do clima continental da região.
E agora finalmente o vinho!
Na taça revela um envolvente vermelho rubi intenso, escuro,
mas brilhante e quase fechado, com halos violáceos, além de lágrimas fina,
intensas e lentas que desenham as bordas do copo.
No nariz mostrou-se intenso, aromático e extremamente
complexo com notas de frutas negras maduras, como ameixa, amora, conferindo
protagonismo, além de toques de couro, de ervas, aquele agradável toque
herbáceo, tabaco, especiarias e café.
Na boca é estruturado, de marcante personalidade, bom volume
de boca, untuoso, mostrando-se cheio, quente, mas, por outro lado,
apresentou-se redondo, equilibrado e até elegante. Traz taninos envolventes e
presentes, acidez equilibrada, com toques de rusticidade, lembrando tabaco,
terra molhada. Final persistente.
Para se ter uma noção da importância disso até mesmo em
Bordeaux a Arinarnoa tem sido pouco usada, então ver os produtores brasileiros
investindo nessa casta é no mínimo digno de orgulho. Mas pelo que pude ler a
respeito da casta ela se dá bem em climas de invernos rigorosos e verões
ensolarados, típicos das tradicionais regiões gaúchas da Campanha e Serra
Gaúcha. E graças ao bom gosto e percepção aguçada de meu bom amigo tive a
oportunidade e o prazer de degustar, mais uma vez, um Arinarnoa com carimbo de
qualidade, de tipicidade de um terroir brasileiro que, a cada dia, vem ganhando
destaque chegando ao mesmo patamar que a sua vizinha Serra Gaúcha. Que venham
mais e mais rótulos da excelente Arinarnoa! Tem 14% de teor alcoólico.
Sobre a Vinícola Jolimont:
Idealizado por um Francês estabelecido na região em 1948, a
Vitivinícola Jolimont é uma das pioneiras no Estado na produção de vinhos finos
e artesanais.
Os 27 hectares cultivados estão a 830 metros de altitude, em
solos pedregosos e profundos, com uma exposição geográfica privilegiada, do
nascente do sol, com incidência de raios solares nas primeiras horas da manhã,
até o pôr-do-sol, o que favorece a maturação homogênea dos frutos.
As baixas temperaturas durante o inverno são fundamentais às
videiras no período de dormência. As condições meteorológicas do Vale do Morro
Calçado exercem influência sobre a produção e a qualidade da uva, em todos os
períodos fenológicos da videira, desde o repouso vegetativo, que ocorre durante
o inverno, na brotação, floração, frutificação e crescimento das bagas, em meio
ao clima ameno da primavera, em sua maturação provinda do calor do verão, até a
queda das folhas ocorrida na estação do outono.
Essas condições climáticas, aliadas à topografia montanhosa e
ao excelente estado do solo, permitem a maturação perfeita dos frutos, formando
o Terroir ideal: um conjunto de fatores que contribui para a elaboração de um
vinho raro, de personalidade única. Mais que isso, desse Terroir do Vale do
Morro Calçado nasce o segredo da identidade de um vinho nobre, de sensação
inexplicável, revelado somente no paladar.
Com a qualidade superior das uvas colhidas e a quantidade
limitada de garrafas por safra, a Jolimont se coloca em um grupo seleto, que
elabora vinhos artesanais genuínos, puros e de qualidade internacional.
Mais informações acesse:
https://www.vinhosjolimont.com.br/
Referências:
“6 Viajantes”: https://6viajantes.com.br/provando-delicias-na-rota-ferradura-dos-vinhedos-em-santana-do-livramento
“Wikipedia”: https://pt.wikipedia.org/wiki/Sant%27Ana_do_Livramento
“Plantgrape”:
https://plantgrape.plantnet-project.org/en/cepage/Arinarnoa
“Além do Vinho”: https://alemdovinho.wordpress.com/2015/09/17/arinarnoa-uma-grata-surpresa/
“Enocultura”: https://www.enocultura.com.br/cruzamento-entre-uvas-arinarnoa/
“Mondovinho”: http://mondovinho.blogspot.com/2018/02/um-varietal-de-arinarnoa.html
“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=CAMPANHA
“Vinhos da Campanha”: https://www.vinhosdacampanha.com.br/campanha-gaucha/
“Vinhos da Campanha”: https://www.vinhosdacampanha.com.br/ciclo-de-crescimento-da-uva/
“Embrapa”: https://www.embrapa.br/uva-e-vinho/indicacoes-geograficas-de-vinhos-do-brasil/ig-registrada/campanha-gaucha
“Tudo do Vinho”: https://tudodovinho.wordpress.com/2020/07/14/i-p-campanha-gaucha/