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sábado, 8 de julho de 2023

Casa Fontanari Cabernet Sauvignon 2019

 

Sempre observei que alguns caminhos no universo do vinho seriam um tanto quanto tortuosos para mim. Aqueles vinhos, de determinadas regiões e propostas inalcançáveis, inviáveis, impossíveis, sobretudo pelos altos valores.

E além das regiões emblemáticas, com seus rótulos tradicionais, há também aqueles pequenos produtores, alguns até “produtores de garagem”, artesanais, com suas baixíssimas e limitadas produções, que tem seus rótulos caros, até pelo processo de vinificação que impacta no valor final, além, claro, das altas e abusivas taxas impostas pelos governos.

Mas com o meu ávido interesse pelos vinhos brasileiros, em especial, ao longo desses últimos anos, venho descobrindo alguns rótulos, de pequenos e desconhecidos produtores, que ofertam seus vinhos a preços excepcionais, que cabem perfeitamente no bolso dos assalariados, como esse que vos fala.

Algo que desmistifica que vinhos de pequenos produtores e de produção limitada, numerada, tem de ser necessariamente caro. Não! Não precisa ser caro, algo inalcançável. Essa minha viagem mais profunda nos vinhos brasileiros não tem me propiciado apenas um quantitativo satisfatório de rótulos na adega, mas achados simplesmente sensacionais.

E além dessas gratas novidades, pelo menos para mim, há também no rótulo brasileiro escolhido hoje, a novidade da região, de microrregiões que pelo menos eu desconhecia até então, incrustada na gigante Serra Gaúcha! Acredite se quiser, ainda há muito a desbravar no Brasil no que tange aos seus terroirs.

E a de hoje se chama “Caminhos de Pedra” que fica no distrito de São Pedro, na já famosa Bento Gonçalves. Eu não conhecia “Caminhos de Pedra”, e tomei conhecimento dessa região por intermédio de alguns vídeos disponíveis na “web” falando sobre a Casa Fontanari que existe há quase 30 anos.

Fiquei extremamente curioso com os rótulos, a filosofia da vinícola nos processos de vinificação e decidi ir à busca de seus rótulos e até que foi fácil localizar alguns rótulos e a preços bem convidativos. Optei por um Cabernet Sauvignon que estava na faixa dos R$ 65,00.

Decidi compra-lo e logo degusta-lo! Então sem mais delongas e seguindo a sequência, vamos às apresentações do rótulo. O vinho que degustei e gostei veio da Serra Gaúcha, da região de Caminhos de Pedra, distrito de São Pedro, Bento Gonçalves e se chama Casa Fontanari, um 100% Cabernet Sauvignon, da safra 2019. Para não perder o costume vamos de história, vamos de Serra Gaúcha e de Caminhos de Pedra.

Serra Gaúcha

A região vinícola da Serra Gaúcha do Brasil está localizada no nordeste do Rio Grande do Sul. É amplamente reconhecida como a estrela da indústria vitivinícola brasileira pelo volume e qualidade do vinho produzido.

É considerada a região da uva e do vinho, cheia de belezas naturais, com direito a vales, cavernas, túneis, cachoeiras, rios, lagos e florestas nativas. Sem contar com as áreas cobertas de parreiras, como o Vale dos Vinhedos, onde estão as melhores vinícolas do país.

Mas até o final do século XIX, a Serra Gaúcha era apenas passagem de tropeiros e habitada por alguns índios nativos, até que, um belo dia, a Coroa Imperial Brasileira resolveu que a região seria colonizada por europeus.


Mas até o final do século XIX, a Serra Gaúcha era apenas passagem de tropeiros e habitada por alguns índios nativos, até que, um belo dia, a Coroa Imperial Brasileira resolveu que a região seria colonizada por europeus.

Essas diferenças ficam evidenciadas através das chamadas Indicações Geográficas (IGs), certificações que denotam a origem de fabricação de um determinado produto. No âmbito vitivinícola, o Rio Grande do Sul possui cinco das seis indicações brasileiras. E são todas serranas.

As IGs são reconhecidas pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e se dividem em dois tipos: Denominação de Origem (DO) E Indicação de Procedência (IP). A busca por essas certificações é recente no país.

Começou a ganhar corpo no final dos anos 1990 e agora está em crescimento. Entre as vinícolas gaúchas, o instrumento vem sendo utilizado para consolidar a marca das bebidas, tornando-as conhecidas dentro e fora do Brasil. Assim, os selos de procedência acabam alavancando os negócios do setor.

O Vale dos Vinhedos foi o pioneiro na busca de reconhecimento junto ao INPI. No início dos anos 2000, conseguiu a primeira Indicação de Procedência do país. O passo maior, porém, foi dado em 2012, quando a região que compreende os municípios de Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul ganhou uma Denominação de Origem. Até hoje, é a única DO outorgada para vinhos no país.

As Indicações Geográficas da Serra Gaúcha

DO Vale dos Vinhedos

O ano da obtenção foi 2012, tendo uma área total de 72,45 km², com uma área de 1.500 hectares que compreendem os municípios de Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul, com um total de 23 vinícolas. As principais variedades cultivadas são: Merlot, Chardonnay e Pinot Noir.

IP Pinto Bandeira

O ano da obtenção foi 2010, tendo uma área total de 81,38 km², com uma área de 1.200 hectares que compreendem os municípios de Pinto Bandeira (91% da área), Bento Gonçalves e Farroupilha, com um total de 4 vinícolas, com a produção de espumante no método tradicional, espumante moscatel e vinhos finos tintos e brancos. As principais variedades são: Chardonnay, Pinot Noir e Riesling.

IP Altos Montes

O ano da obtenção foi em 2013, com uma área total de 173,84 km², tendo uma área de vinhedos de 4.600 hectares e municípios que compreendem as regiões de Flores da Cunha e Nova Pádua. Produz vinhos finos tintos e brancos, espumante branco e rosado e espumante moscatel. As principais variedades são: Chardonnay, Merlot e Carber Sauvignon.

IP Monte Belo do Sul

O ano de obtenção foi em 2013, com uma área total de 56,09 km², com uma área de vinhedos com 2.000 hectares, que compreendem municípios como Monte Belo do Sul (80% da área), Bento Gonçalves e Santa Tereza, com 11 vinícolas atuantes no local. Produzem espumantes brancos ou rosados, vinho fino branco e tinto e espumante moscatel branco ou rosado. As principais variedades são: Riesling Itálico, Chardonnay e Pinot Noir.

IP Farroupilha

O ano da obtenção foi em 2015, tendo uma área total de 379,20 km² e 3.7000 hectares de vinhedos. Compreende os municípios de Farroupilha (99% da área), Bento Gonçalves, Caxias do Sul e Pinto Bandeira, tendo, no total, de 9 vinícolas atuantes. A sua produção traz espumante moscatel vinho fino branco moscatel, vinho frisante moscatel, vinho licoroso moscatel, mistela simples moscatel e brandy de vinho moscatel. As principais variedades são: Moscato Branco, Moscato Giallo e Moscato R2.

Regiões que almejam IP

Os Campos de Cima da Serra se configuram em uma das mais novas fronteiras vinícolas gaúchas. Aos poucos, o plantio de uva e o número de vinícolas tem se multiplicado em cidades como Vacaria, Muitos Capões e Campestre da Serra. Por conta disso, em julho, seis produtores locais formalizaram a criação da Associação de Vitivinicultores dos Campos de Cima da Serra (Aviccs). É o primeiro passo da região na busca por sua própria Indicação de Procedência (IP).

A maioria das vinícolas dos Campos de Cima da Serra é de pequeno porte, com áreas que vão, em média, de 10 a 12 hectares. Algumas empresas, inclusive, apenas mantêm os vinhedos na região e terceirizam a vinificação. Com predomínio de uvas como Sauvignon Blanc e Chardonnay, os Campos de Cima têm como peculiaridades o solo, a altitude superior a 900 metros do nível do mar e a oscilação frequente de temperatura.

Geografia e Clima

A região da Serra Gaúcha está situada em latitude próxima das condições geoclimáticas ideais para o melhor desenvolvimento de vinhedos, mas as chuvas costumam ser excessivas exatamente na época que antecede a colheita, período crucial à maturação das uvas. Quando as chuvas são reduzidas, surgem ótimas safras, como nos anos 1999, 2002, 2004, 2005 e 2006.

A partir de 2007, com o aquecimento global, o clima da Serra Gaúcha se transformou, surgindo verões mais quentes e secos, com resultados ótimos para a vinicultura, mas terríveis para a agricultura.

Desde 2005 o nível de qualidade dos vinhos tintos vem subindo continuamente, graças a esta mudança e também do salto de tecnologia de vinhedos implantado a partir do ano 2000.

Região da Serra Gaúcha

Latitude: 29º Sul

Altitude:400 a 700 m acima do nível do mar

Topografia: Serrana

Clima: Temperado úmido

Chuvas: Média anual de 1.800 mm / ano

Solos: Areno-argilosos ácidos

 

Caminhos de Pedra e o seu histórico roteiro

Idealizado pelo Engenheiro Tarcísio Vasco Michelon e pelo Arquiteto Júlio Posenato o roteiro Caminhos de Pedra visa resgatar, preservar e dinamizar a cultura que os imigrantes italianos trouxeram à Serra Gaúcha a partir de 1875.

O Roteiro passou a ser concebido por meio da realização de um levantamento do acervo arquitetônico de todo o interior do município de Bento Gonçalves, ocorrido no ano de 1987. O roteiro Caminhos de Pedra também possui restaurantes, museus, pequenas vinícolas e várias casas estilizadas abertas à visitação que vendem produtos da cultura e culinária italiana. O roteiro tem cerca de 12 km de extensão, em um lado da cidade de Bento Gonçalves, na estrada Barracão e vai até a junção com a RS-448, no sentido Farroupilha.

Roteiro Caminhos de Pedra

Constatou-se então que a Linha Palmeiro e parte da Linha Pedro Salgado, área abrangida basicamente pelo Distrito de São Pedro, composto por 7 comunidades, (São Pedro, São Miguel, Barracão, São José da Busa, Cruzeiro, Santo Antônio e Santo Antoninho) possuía o maior acervo de casas antigas que conservava sua cultura e história, tinha acesso fácil e, consequentemente, um grande potencial turístico, apesar da decadência e abandono pela qual vinha passando desde a década de 1970 com a mudança de traçado da rodovia que ligava Porto Alegre ao norte do estado.

A virada da região

Esse precioso acervo material, parcialmente abandonado e esquecido, exigia uma ação rápida para não ter a mesma sorte de tantas e tantas casas de pedra, madeira e alvenaria que acabaram ruindo ou sendo demolidas.

Com recursos do Hotel Dall’Onder as primeiras 4 casas foram restauradas e passaram a receber visitação e outras tiveram obras emergenciais. O primeiro grupo de turistas proveniente de São Paulo foi recebido em 30 de maio de 1992.

O sucesso do novo roteiro animou tanto os idealizadores quanto a comunidade. Em 10 de julho de 1997, com assessoria do SEBRAE foi fundada a Associação Caminhos de Pedra, congregando empreendedores e simpatizantes. Montou-se então um projeto abrangente que contemplava o resgate de todo o patrimônio cultural, não só o arquitetônico, envolvendo língua, folclore, arte, habilidades manuais, etc.

Este ambicioso projeto foi aprovado pelo Conselho Estadual de Cultura em 10 de agosto de 1998 passando a partir de então a captar recursos das empresas locais através da recém-criada LIC (Lei de Incentivo à Cultura do Estado do Rio Grande do Sul).

Hoje

Atualmente a Associação Caminhos de Pedra conta com cerca de 70 associados e o projeto, considerado pioneiro no Brasil em termos de turismo rural e cultural, está recebendo uma visitação média anual de 100.000 turistas. O roteiro está em expansão e possui mais de 28 pontos de Visitação.

De acordo com a Lei Estadual 13.177/09 que declarou o Caminhos de Pedra patrimônio histórico do Rio Grande do Sul, considera-se como área de abrangência dos Caminhos de Pedra a Linha Palmeiro e Pedro Salgado, localizadas nos municípios de Bento Gonçalves e Farroupilha, até o limite do município de Caxias do Sul, passando por Caravaggio. 

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um vermelho rubi intenso, brilhante e com halos violáceos, com uma profusão de lágrimas finas e lentas que desenham as bordas do copo.

No nariz traz aromas proeminentes de frutas negras, com destaque para amoras e ameixas, que corrobora um inusitado frescor e até leveza, com sutis notas de especiarias, algo herbáceo e o típico pimentão é sentido. A madeira é discreta, mostrando-se bem integrada ao conjunto do vinho, e entrega baunilha, couro, terra molhada.

Na boca é seco, elegante, macio, equilibrado, fácil de degustar, mas que mostra personalidade e complexidade, pois mostra o protagonismo das frutas negras, como no aspecto olfativo, as notas amadeiradas mais evidentes, devido aos doze meses em barricas de carvalho, colaborando para a sua maciez. Tem taninos sedosos, embora um pouco presente e acidez baixa, com um final curto.

Novas regiões, novos terroirs, novas percepções, novos rótulos, novas experiências sensoriais. Tudo somado em um único propósito: o prazer da degustação! Que a história ande sempre de mãos dadas com o prazer da degustação, que as novas experiências nos estimule a buscar sempre algo novo e que possamos degustar grandes vinhos de extrema tipicidade como este Casa Fontanari Cabernet Sauvignon. O vinho típico da Serra Gaúcha, sem plagiar os Cabernets chilenos ou argentinos. Um novo eldorado dos vinhos brasileiros, mesmo que a duras penas, surge! Tem 12,8% de teor alcoólico.

Sobre a Casa Fontanari:

Com diversos rótulos premiados internacionalmente, a Casa Fontanari teve início em 1989, quando o Doutor Juliano Fontanari começou a elaborar pequenos volumes de vinhos para o seu próprio consumo em uma microrregião entre Bento Gonçalves e Pinto Bandeira. Isso fez com que o laço entre ele e seu pai fosse fortalecido, e os dois juntos passaram a manifestar esta cultura que há muito tempo já estava na família.

Apaixonado, em 2012, ele contagiou seu filho Victor com o seu sonho; aproximar pessoas, unir famílias, criar e gerar momentos de contemplação e prazer por intermédio do vinho. A produção cresceu, o velho porão de pedra se adequou as legislações, surgiu uma marca e tecnologia.

Mas apesar do nítido crescimento a Vinícola Casa Fontanari elabora os chamados “Vinhos de Autoria”, ou seja, a uva a ser vinificada é produzida no local em pequenos volumes. O processo com pequenos volumes permite e exige processo meticuloso, da produção ao envelhecimento. Esse esforço tem sido coroado por inúmeras premiações.

As variedades de videiras e os métodos de condução para a produção das uvas tem sido a tarefa dos últimos trinta anos da Casa Fontanari. São cultivadas dezoito variedades de viníferas, algumas ainda em experimentação, sempre limitando a produção a poucos cachos por pé, conduzidos por latada e espaldeira de montanha, em terreno íngreme, bem drenado, de solo basáltico, com clima que permite ampla variação de temperatura, fornecendo taninos de montanha.

Mais informações acesse:

https://www.casafontanari.com.br/

Referências:

“Rodhe Imobiliária Blog”: https://blog.imobiliariarohde.com.br/serra-gaucha-conheca-a-historia-e-as-caracteristicas-da-regiao/

“Tudo sobre Vinho”: https://tudosobrevinho.com.br/regiao-vinicola-da-serra-gaucha/

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=SERRAGAUCHA

“Blog Vineria”: https://blog.vineria9.com.br/vinhos-da-serra-gaucha/

“Pioneiro Serra”: http://especiais-pio.clicrbs.com.br/maisserra/10/central.html

“Caminhos de Pedra”: https://www.caminhosdepedra.org.br/historico/

“Mundo Wine”: https://www.mundowine.com.br/blog/caminhos-de-pedra-em-bento-goncalves/

“Viagens e Caminhos”: https://www.viagensecaminhos.com/2018/03/caminhos-de-pedra.html

“Melhores Destinos”: https://www.melhoresdestinos.com.br/caminhos-de-pedra-bento-goncalves.html