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quarta-feira, 26 de junho de 2024

Ca' Montebello Barbera 2020

 




Vinho: Ca’ Montebello

Safra: 2020

Casta: Barbera

Região: Oltrepo Pavese, Lombardia

País: Portugal

Produtor:

Teor Alcoólico: 13,5%

Adquirido: Casa Duarte Vinhos

Valor: R$ 74,50

Estágio: 12 meses em barricas de carvalho francesa.

 

Análise:

Visual: apresenta um rubi de cor intensa, mas não é fechado, com entornos granada, lágrimas finas, lentas e em média intensidade.

Nariz: apresenta um mix de frutas vermelhas e negras, com destaque para ameixa e cereja. Aromas amadeirados, aportando baunilha, chocolate, cacau, caramelo, além de notas terrosas.

Boca: é fresco, frutado e saboroso, mas com alguma estrutura, mostrando-se cheio, com taninos marcados, porém dóceis, com acidez salivante e as notas amadeiradas entrega algo como chocolate e leve tosta. Final longo.

 

Produtor:


quinta-feira, 21 de março de 2024

Trifula Barbera 2021

 



Vinho: Trifula

Casta: Barbera

Safra: 2021

Região: Piemonte

País: Itália

Produtor: MGM Mondo del Vino

Teor Alcoólico: 13%

Adquirido: Wine

Valor: R$ 45,90

 

Análise:

Visual: apresenta um rubi com intensidade, brilhantes com halos violáceos.

Nariz: traz aromas intensas de frutas vermelhas frescas, com destaque para amora, framboesa e morango, com toques florais.

Boca: é delicado, macio, mas com alguma estrutura que lhe confere equilíbrio. É frutado, tem ótima acidez e um final de média persistência.

 

Produtor:

https://www.mondodelvino.com/en/


segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

La Barbera Tenuta San Francesco Barbera 2018

 



Vinho: La Barbera Tenuta San Francesco

Casta: Barbera

Safra: 2018

Região: Lombardia, Província de Pavia

País: Itália

Produtor: Tenuta San Francesco

Teor Alcoólico: 13%

 

Análise:

Visual: vermelho intenso, com brilhantes reflexos violáceos, além de lágrimas grossas e densas.

Nariz: aporte de aromas complexos de frutas mais maduras, diferente de terroirs mais famosos da casta, com destaque para groselha negra e cassis, amora passada, terroso e mineralidade.

Boca: tem média estrutura, notas frutadas, com personalidade, cheio em boca, com taninos inicialmente presentes e ásperos, mas que, ao longo da degustação, minimizou, com acidez vibrante e final longo, de retrogosto frutado.

 

Produtor:

https://www.vinitenutasanfrancesco.com/


segunda-feira, 29 de maio de 2023

Trifula Barbera 2021

 

Quando nos lembramos da Itália imediatamente associamos aos clássicos! Aqueles rótulos com sisudez, austeridade, aqueles vinhos carnudos, opulentos, encorpados, de longevidade, de potência mesmo.

Rótulos aristocráticos, com brasões, mostrando tradição, história e até mesmo luxo e poder. Mas não se enganem que a Itália tem produzido alguns rótulos mais descontraídos, com uma abordagem estética descontraída, bem como também na concepção do seu vinho.

Se para alguns e diria muitos sejam vinhos simplórios e ordinários, uma versão “bonitinha” e solar para vinhos ruins, enganam-se retumbantemente. São vinhos simples, mas sem depreciar, porque essa é a proposta: de vinhos jovens, frutados, frescos e descomplicados.

É também uma proposta os vinhos austeros, encorpados, complexos. O que não se pode pensar e disseminar uma cultura intolerante contra as propostas dos vinhos, fazendo incutir na mente das pessoas a sua torta percepção.

E hoje a Itália que se descortina em minhas retinas será descontraída, solar, com frescor, vivacidade e muito leve, na sua versão estética e do vinho propriamente dito. É com alegria e satisfação que anuncio o vinho que degustei e gostei que veio do Piemonte e se chama Trifula, um 100% Barbera da safra 2021.

Mas o que significa “Trifula”?

 Trifula é um cão sagaz que vive neste terroir inspirador. Trifula raramente experimenta algo especial, até que um belo dia descobre uma legítima trufa branca enterrada na sua árvore favorita, em Alba.

A trufa é vendida por um milhão de dólares na famosa Feira Internacional de Trufas da região, tornando Trifula mundialmente conhecido e digno de receber uma homenagem em rótulos que inspiram sua história e trazem a leveza e descontração encontrada nos vinhos.

E na sequência de histórias vamos agora com a tradição do Piemonte e a casta mais popular do Piemonte, a “uva do povo”, Barbera.

Piemonte: a filha pródiga dos vinhos italianos

A região do Piemonte disputa com Toscana a primazia de produzir os melhores vinhos de seu país. Situado na porção mais ocidental da Itália, fazendo fronteira com a França, também foram os gregos que deram início à produção de vinhos.

Absorvido mais tarde pelo Império Romano, a zona teve um grande desenvolvimento nas atividades vitivinícolas, que só foram prejudicadas mais tarde, já na Era Cristã, durante a invasão de povos bárbaros oriundos do norte da Europa.

A nobreza medieval se encarregou de retomar o plantio das uvas e a elaboração do vinho, já nessa época surgem menções a uva emblemática da região, a Nebbiolo. Devido a forte influência francesa (a região foi, por séculos, dominada pela Casa de Savóia), por muito tempo seu vinho se assemelhou ao clarete, que era a moda na Europa de então.

Foi somente a partir do século XVIII, quando ocorreu um grande processo de renovação vinícola, que surgiu o Barolo, vinho de grande caráter e símbolo da região, para fazer sua fama. O Piemonte produz atualmente cerca de 300 milhões de litros de vinho por ano em sua área de 58 000 ha. plantada de vinhedos.


Piemonte

Como o próprio nome indica, a região está situada ao pé da montanha - no caso, os Alpes - sendo, portanto, uma região muito acidentada. A maior parte de Piemonte está constituída por colinas e montanhas, mas sobram cerca de 26% de terras planas.

Além dos Alpes, outra cordilheira, o Apenino Ligúrio, invade também seu território. Os rios Pó e Tanaro cruzam suas terras, onde se encontram as cidades de Torino (capital), Alba, Alessandria, Asti e Novara, dentre outras. Seu solo é muito variado, com faixas de calcário e areia, outras de giz e manchas de granito e argila. Ao longo dos rios há presença de solos aluviais.

O clima é Continental, com estações bem marcadas, invernos rigorosos e verões quentes. O índice de chuvas é de cerca de 1.000 mm/ano. As uvas tintas representam dois terços da produção da zona. Além da Nebbiolo, vamos também encontrar as Barbera (a variedade mais plantada em toda a Itália), Brachetto, Dolcetto, Grignolino, Freisa e, em menor escala, algumas cepas francesas, como a Cabernet Sauvignon.

As principais castas brancas são a Arneis, Cortese, Moscato Bianco, Malvasia, Erbaluce a Chardonnay. O Piemonte produz cinco vinhos DOCG (Vinhos de Denominazione di Origine Controllata e Garantita), a elite dos vinhos italianos, são eles: Barolo, Barbaresco, Gattinara, Asti, Brachetto D' Acqui. Além desses, também saem da região 42 vinhos DOC (Denominazione di Origine Controllata) e vários Vini da Tavola de boa qualidade.

As sub-regiões do Piemonte

As sub-regiões do Piemonte diferem bastante entre si e possuem muitas DOC. São elas:

Monferrato

É uma vasta região de colinas, que pode ser dividida em duas partes bem diferentes:

Basso Monferrato - (Raciocinar ao inverso) é a parte mais setentrional e de maiores altitudes, com a base pelos 350m e os picos em 700m, um território muito apropriado para os vinhedos. Aqui predominam a Barbera e a Grignolino, em vinhos macios e fáceis de beber se comparados aos demais tintos piemonteses. Em Chieri se produz um Freisa DOC.

DOC: Albugnano, Cisterna d´Asti, Colline Torinesi, Dolcetto d`Asti , Freisa di Chieri, Gabiano, Grignolino d`Asti, Grignolino del Monferrato, Malvasia di Casorzo d`Asti, Malvasia di Castelnuovo Don Bosco, Monferrato, Rubino di Cantavenna , Ruché di Castagnole Monferrato

DOCG: Barbera d`Asti, Barbera del Monferrato,

Alto Monferrato - Ainda raciocinando invertido, aqui estão altitudes menores, e curiosamente o terreno é mais acidentado, com encostas mais íngremes e vales mais profundos. Esta conformação estranha tem seu efeito na viticultura, inicialmente pelo plantio de Barbera e Moscato, seguido das uvas autóctones como a Cortese, que aqui tem sua melhor expressão, na DOCG Gavi. Em seguida vem a Dolcetto, com ótimos resultados no entorno de Acqui e Ovada ambas DOCs. A terceira menção é a Brachetto, muito difundida no passado, mas hoje restrita a 50 hectares em Strevi. O Alto Monferrato costuma ser dividido em Monferrato Casalese e Monferrato Astigiano, por suas diferenças de território.

DOC: Dolcetto d`Acqui, Cortese Dell`Alto Monferrato, Dolcetto d`Alba, Loazzolo,

DOCG: Asti, Bracchetto d`Acqui (Acqui), Moscato d’Asti, Gavi (Cortese di Gavi).

Langhe

Tem seu principal centro vitícola em Alba, mas a fama mundial desta província veio de dois centros menores, Barolo e Barbaresco. É neste local que a Nebbiolo, já qualificada em outras sub-regiões, se exprime ao nível mais alto, nestes ícones italianos. Aqui também se produzem os qualificados Moscato d’Asti, os ótimos Nebbiolo, o Barbera d’Alba e quatro Dolcettos, sendo o melhor o Dogliani. Para acolher os vinhos menos portentosos, mas muito bons, existe a DOC Langhe.

DOC: Barbera d`Alba, Dolcetto delle Langhe Monregalesi, Dolcetto di Dogliani, Dolcetto di Ovada, Dolcetto delle Langhe Monregalesi, Langhe, Nebbiolo d`Alba, Verduno Pelaverga (Verduno),

DOCG: Barbaresco, Barolo, Dolcetto delle Langhe Superiore, Dolcetto di Diano d`Alba (Diano d’Alba), Dolcetto di Ovada Superiore (Ovada)

Roero

É um distrito situado na margem oposta a Alba, tendo como centros Bra e Canale. Aqui também se planta Nebbiolo, mas as brancas Arneis e Favorita, que no passado eram usadas em cortes, hoje produzem ótimos varietais.

DOC: Roero e Roero Arneis

Colline Astigniame

Compreendem uma área de vinicultura de grande interesse, situadas entre Canelli e Nizza, onde se produzem Moscato d`Asti e Barbera d`Asti. Aqui se diz ter sido inventado o espumante, há mais de um século e que tem aqui seu maior centro produtivo.

Colli Tortonesi

Estão entre o Alto Monferrato e o Pavese e possuem características ambientais e culturais típicas do Piemonte. As variedades principais são a Barbera eCortese, mas têm-se trabalhado outras uvas. Recentemente foi descoberta a variedade branca Timorasso.

DOC: Colli Tortonese

Colli Saluzzesi

Engloba 9 comunidades em Cuneo nas colinas suaves vale do rio Po. Aqui se cultivam Barbera e Nebbiolo, e também as variedades Pelaverga e Quagliano, das quais se produzem varietais.

DOC: Colline Saluzzesi, Pinerolese

Cavanese

Está na região a nordeste de Torino, com duas regiões vinícolas de importância:

A primeira está centrada no município de Caluso, se estendendo até as colinas de Ivrea. Aqui predomina a variedade autóctone branca Erbaluce, que produz um vinho passito tradicional e um branco delicado.

A segunda é a zona de Carema, com vinhedos em terraços com muros de pedra e pérgolas, cultivando a Nebbiolo.

DOC: Erbaluce di Caluso, Caluso Passito, Cavanese, Carema

Colli Novaresi e Colli Vercellosi

Estão situadas a noroeste, perto do lago Maggiore, nas províncias de Biella, Novara e Vercelli, abrigando diversas DOCs, algumas de alto nível. A mais prestigiada é o Gattinara, tinto famoso desde a corte de Carlos V, que hoje foi elevada a DOCG, e também a DOC Ghemme.

DOC: Boca, Bramaterra , Colline Novaresi, Coste della Sesia, Fara, Lessona, Sizzano,

DOCG: Gattinara, Ghemme

DOs Piemonte


Barbera, o “vinho do povo”.

Uma das maiores uvas italianas, ficando atrás apenas da Sangiovese, a uva Barbera, conhecida anteriormente por produzir vinhos de menor qualidade, hoje é responsável por vinhos nobres e notáveis. Esta casta passou, pelos últimos anos, uma verdadeira história de superação. Trata-se da uva que é responsável pelo vinho que os piemonteses consomem no dia a dia, daí o nome que foi concedido pelas pessoas da região: “o vinho do povo”.

Acredita-se que a uva Barbera tem origem nas montanhas de Monferrato, na região central de Piemonte, na Itália. Alguns documentos, datados entre 1246 e 1277, encontrados na Catedral da Casale Monferrato, detalham acordos relacionados a vinhedos plantados com “de bonis vitibus barbexinis”, a uva Barbera.

Contudo, um ampelógrafo chamado Pierre Viala especula que ela se originou em Oltrepò Pavese, na região da Lombardia. Nos séculos 19 e 20, ondas de imigrantes italianos trouxeram esta cepa para a Califórnia, Argentina e outros lugares nas Américas. Em 1985, um evento trágico relacionado à uva Barbera envolveu produtores adicionando ilegalmente metanol aos vinhos.

Esta ação causou declínio no plantio e vendas da uva. Isto levou a Montepulciano tomar o posto da uva Barbera no meio da década de 90. Anteriormente considerada uva de vinhos inferiores, até o escândalo de Relações Públicas nas décadas de 80 e 90, a uva Barbera tomou um rumo de superação muito interessante.

Frutado, ele tem gosto de cerejas, morangos e framboesas. Quando jovem, o vinho Barbera pode ter aroma de mirtilos também. Com pouco tanino e alta acidez natural, a uva Barbera é uma boa pedida para harmonizar vinhos com alimentos ricos e reconfortantes, como queijos, carnes e cogumelos.

Além de Piemonte, a uva Barbera é cultivada em outras regiões da Itália, como Campania, Emilia-Romagna, Puglia, Sardenha e Sicília, somando 52.600 acres de plantação. O vinho Pomorosso 2008, do produtor Coppo, é famoso por transformar a Barbera em uma casta nobre - elegante, também é reconhecido como um dos melhores tintos italianos.

Fora do país, a Argentina, a Austrália, os Estados Unidos e até mesmo o Brasil são outros produtores conhecidos de vinhos de qualidade com a Barbera. Em regiões quentes, como a Califórnia, nos EUA, destacam-se toques de ameixa, além do sabor frutado de cereja.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta um rubi intenso, com brilho, reluzente, com halos violáceos e lágrimas finas, em profusão, mais rápidas.

No nariz traz aromas agradáveis de frutas vermelhas frescas, com destaque para framboesa, groselha e morangos, com nuances florais e um toque especiado, algo como ervas, um toque herbáceo.

Na boca é leve, fresco, saboroso, jovem, com as notas frutadas replicadas como no aspecto olfativo, com taninos amáveis, dóceis e domados, com uma acidez média que corrobora o seu frescor e leveza. Tem um final de média persistência e de retrogosto frutado.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta um rubi intenso, com brilho, reluzente, com halos violáceos e lágrimas finas, em profusão, mais rápidas.

No nariz traz aromas agradáveis de frutas vermelhas frescas, com destaque para framboesa, groselha e morangos, com nuances florais e um toque especiado, algo como ervas, um toque herbáceo.

Na boca é leve, fresco, saboroso, jovem, com as notas frutadas replicadas como no aspecto olfativo, com taninos amáveis, dóceis e domados, com uma acidez média que corrobora o seu frescor e leveza. Tem um final de média persistência e de retrogosto frutado.

Um Barbera super gastronômico, com notas de frutas vermelhas frescas, nuances florais e algum toque especiado, além da acidez vivaz que dá vida a vinhos frescos e saborosos. O estágio em tanques de aço inox contribui para preservar as características primárias de aromas e sabores, que encantam no primeiro gole! E viva a leveza! Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Mondo del Vino:

A Mondo del Vino possui vinícolas de última geração mostrando seu compromisso dinâmico com a inovação e a sustentabilidade. Seu objetivo é oferecer aos enófilos um ótimo produto, mas também seguro e justo. Uma forma de fazer isso é medir o impacto ambiental de seus processos e produtos, bem como a conscientização sobre o impacto de sua produção.

Desde 2016, a MDV começou a pesar e medir seu impacto ambiental com a Avaliação do Ciclo de Vida (ISO 14040-44:2006) adotando o que a Comissão da UE promove: a Pegada Ambiental da Organização (OEF) e a Pegada Ambiental do Produto (PEF). Ao fazer isso, estão na vanguarda da análise de desempenho ambiental, com base em uma ferramenta científica, sendo a primeira vinícola da Europa a adotar a política ecológica da UE.

Combina solidez produtiva, paixão pelas pessoas e responsabilidade pelos ecossistemas, buscando ser, no mundo, um ponto de referência da cultura e excelência do vinho italiano, dando sua contribuição tangível à sua história milenar, para que a Itália se torne o primeiro produtor no mundo por volumes e, sobretudo por valores.

Mais informações acesse:

https://www.mondodelvino.com/en/

Referências:

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=PIEMONTE

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/piemonte-grandiosa-regiao-italiana_8360.html

“Vem da Uva”: https://www.vemdauva.com.br/vinho-barbera-conheca-suas-caracteristicas/

“Enologuia”: https://enologuia.com.br/uvas/256-uva-barbera-conheca-o-vinho-do-povo

“Blog Art des Caves”: https://blog.artdescaves.com.br/uva-barbera-mais-plantadas-na-italia

 

 

 

 

 

 

 

 




sábado, 14 de janeiro de 2023

Vitis Barbera 2018

 

Estamos, creio, testemunhando uma volta ao passado na vitivinicultura do Brasil ou a recuperação de um passado, não sei dizer exatamente. Estamos presenciando um “boom” de castas autóctones italianas em nossos terroirs.

Cepas como Sangiovese, Teroldego, Barbera e por aí o vai são alguns dos exemplos de algumas clássicas uvas, tendo outras, não muito conhecidas, despontando em nossas terras, sobretudo no sul do Brasil, mais precisamente em Santa Catarina.

Alguns produtores por lá cultivam apenas castas oriundas da Itália! E o que estou tentando dizer com uma volta ao passado? Nos primórdios de nossa jovem vitivinicultura, foram os italianos, os imigrantes, que desbravaram as nossas selvagens, intocáveis terras e cultivaram algumas cepas americanas, haja vista que o clima não “harmonizou” com as castas vitis viníferas que os italianos trouxeram consigo.

Hoje com toda a tecnologia e a expertise dos seus descendentes, com uma retaguarda de capital de algumas verdadeiras indústrias do vinho, estão revistando o passado de seus desbravadores cultivando castas do país da bota.

A Itália e suas castas estão sendo revisitadas em terras brasilianas trazendo o passado para o presente, mas enaltecendo a tipicidade do local, das terras brasileiras. E não se enganem que seja apenas no sul do Brasil, no Rio Grande do Sul ou em Santa Catarina, mas há informações de que no Centro Oeste brasileiro algumas vinícolas estão produzindo a Barbera! Sensacional!

E por falar em Barbera a minha degustação de hoje trará uma vinícola de peso, de tradição que tem, em seu portfólio, um clássico feito de outro clássico piemontês, a Barbera.

Uma junção de clássicos que entrega uma casta tradicional, com um rótulo tipicamente da Serra Gaúcha, talvez a mais emblemática e icônica região produtora de vinhos, não só do Brasil, mas da América Latina.

Então sem mais delongas vamos às apresentações! O vinho que degustei e gostei veio do Vale Trentino, entre Caxias do Sul e Farroupilha, na Serra Gaúcha, um brasileiro chamado Vitis da clássica italiana Barbera da safra 2018.

Um pouco sobre a linha “vitis”: os varietais dessa linha de rótulos, a Barbera e também a Marselan, fazem parte de uma categoria de uvas raras no Brasil e representam os resultados surpreendentes que o terroir do Vale Trentino oferece para estas castas europeias sem passagem por barrica. A linha foi lançada após mais de 10 anos do plantio das videiras, momento no qual se percebeu que as mesmas haviam revelado sua tipicidade na região.

Serra Gaúcha

Situada a nordeste do Rio Grande do Sul, a região da Serra Gaúcha é a grande estrela da vitivinicultura brasileira, destacando-se pelo volume e pela qualidade dos vinhos que produz. Para qualquer enófilo indo ao Rio Grande do Sul, é obrigatório visitar a Serra Gaúcha, especialmente Bento Gonçalves.

Serra Gaúcha

A região da Serra Gaúcha está situada em latitude próxima das condições geoclimáticas ideais para o melhor desenvolvimento de vinhedos, mas as chuvas costumam ser excessivas exatamente na época que antecede a colheita, período crucial à maturação das uvas. Quando as chuvas são reduzidas, surgem ótimas safras, como nos anos 1999, 2002, 2004, 2005 e 2006.

A partir de 2007, com o aquecimento global, o clima da Serra Gaúcha se transformou, surgindo verões mais quentes e secos, com resultados ótimos para a vinicultura, mas terríveis para a agricultura.

Desde 2005 o nível de qualidade dos vinhos tintos vem subindo continuamente, graças a esta mudança e também do salto de tecnologia de vinhedos implantado a partir do ano 2000.

Vale Trentino, Distrito de Forqueta

Localizada a 15Km da área central da cidade de Caxias do Sul, a Região Administrativa de Forqueta tem como característica principal a produção de vinhos e uvas, que responde por cerca de 90% da sua economia rural. Conta a história de que o nome surgiu devido a abertura de uma casa de comércio no entroncamento da Estrada Geral com a estrada que levava aos Santos Anjos. O entroncamento tinha a forma de um garfo, uma “forchetta” em italiano, derivando aí o nome de Forqueta.

Distrito de Forqueta (Destaque)

Vale Trentino é o nome do roteiro que faz parte dessa região, um percurso que reúne atrativos em Caxias do Sul e Farroupilha. Tem duas características fortes: o cultivo da uva, com lindos vales e parreirais, o que garante um belo passeio para contemplar as lindas paisagens. No centro está o museu da Uva e do Vinho Plínio Slomp.

Outra característica é a religiosidade dentre as 15 capelas em diferentes localidades do interior, uma é em devoção a Nossa Senhora da Salete, a padroeira dos agricultores e de São Roque, em Farroupilha, que data de 1898 e é uma das mais antigas.

Forqueta ainda tem a Festa do Vinho Novo, realizada a cada dois anos nos três primeiros finais de semana de julho. O evento conta com exposições, shows, desfiles temáticos e culinária típica.

Barbera, o “vinho do povo”.

Uma das maiores uvas italianas, ficando atrás apenas da Sangiovese, a uva Barbera, conhecida anteriormente por produzir vinhos de menor qualidade, hoje é responsável por vinhos nobres e notáveis. Esta casta passou, pelos últimos anos, uma verdadeira história de superação. Trata-se da uva que é responsável pelo vinho que os piemonteses consomem no dia a dia, daí o nome que foi concedido pelas pessoas da região: “o vinho do povo”.

Acredita-se que a uva Barbera tem origem nas montanhas de Monferrato, na região central de Piemonte, na Itália. Alguns documentos, datados entre 1246 e 1277, encontrados na Catedral da Casale Monferrato, detalham acordos relacionados a vinhedos plantados com “de bonis vitibus barbexinis”, a uva Barbera.

Contudo, um ampelógrafo chamado Pierre Viala especula que ela se originou em Oltrepò Pavese, na região da Lombardia. Nos séculos 19 e 20, ondas de imigrantes italianos trouxeram esta cepa para a Califórnia, Argentina e outros lugares nas Américas. Em 1985, um evento trágico relacionado à uva Barbera envolveu produtores adicionando ilegalmente metanol aos vinhos.

Esta ação causou declínio no plantio e vendas da uva. Isto levou a Montepulciano tomar o posto da uva Barbera no meio da década de 90. Anteriormente considerada uva de vinhos inferiores, até o escândalo de Relações Públicas nas décadas de 80 e 90, a uva Barbera tomou um rumo de superação muito interessante.

Frutado, ele tem gosto de cerejas, morangos e framboesas. Quando jovem, o vinho Barbera pode ter aroma de mirtilos também. Com pouco tanino e alta acidez natural, a uva Barbera é uma boa pedida para harmonizar vinhos com alimentos ricos e reconfortantes, como queijos, carnes e cogumelos.

Além de Piemonte, a uva Barbera é cultivada em outras regiões da Itália, como Campania, Emilia-Romagna, Puglia, Sardenha e Sicília, somando 52.600 acres de plantação. Fora do país, a Argentina, a Austrália, os Estados Unidos e até mesmo o Brasil são outros produtores conhecidos de vinhos de qualidade com a Barbera. Em regiões quentes, como a Califórnia, nos EUA, destacam-se toques de ameixa, além do sabor frutado de cereja.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela uma cor vermelho rubi intensa, brilhante e com reflexos violáceos, com lágrimas finas e em profusão, mas rápidas.

No nariz traz o protagonismo das frutas vermelhas, remetendo a cerejas, amoras, framboesa e morango, além de delicadas expressões de especiarias.

Na boca é seco de textura leve, mas de marcante personalidade por ser untuoso, com o destaque para a fruta replicando as impressões olfativas. Tem taninos sedosos, amáveis, macios, com acidez evidente, mas equilibrada e um final de média persistência e retrogosto frutado.

Terroir, história, experiências sensoriais... Tudo parece convergir para o prazer, para a celebração de se degustar um vinho, de se ter à mesa um vinho para, primordialmente, proporcionar a alegria, o momento único de se ter em nossa humilde taça um vinho desse naipe. O passado é o presente, que inspira o futuro. Ah sim o Brasil vem ganhando expertise para o cultivo de uvas autóctones italianas e se tornará, a médio e/ou longo prazo um dos grandes produtores nesse quesito no mundo, até porque, tendo como primeira referência, o Vitis Barbera, não há como negar, mesmo que com uma dose generosa de euforia, esse momento para a história da vitivinicultura do Brasil. Que venham muitos, que o passado, o presente e o futuro se entrelacem. Tem 14% de teor alcoólico.

Sobre a Casa Perini:

Em 1876 chegava da Itália a família Perini com Giuseppe e Antônio Perini, mas somente em 1929 começaram a elaborar seus primeiros vinhos de forma artesanal no porão de sua casa, quando os fornecia para cerimônias festivas da comunidade local, no Vale Trentino, em Farroupilha.

Quatro décadas após o patriarca iniciar sua modesta produção, seu filho viria a promover mudanças maiores. Em outubro de 1970 resolve ampliar os negócios da família, fundando a Casa Perini.

Motivado e apaixonado por transformar a uva em vinho, buscam a cada ano aperfeiçoar a vinícola com equipamentos, tecnologia e equipe qualificada, pois sem uma equipe profissional a arte de elaborar vinhos perde criatividade e talento. Em 2005 a Família Perini adquire a unidade Bacardi Martini em Garibaldi agregando tecnologia ao seu processo produtivo através dos tanques “Vinimatics”, utilizados na maceração e fermentação dos vinhos tintos.

Em 2010 a vinícola foi pioneira no setor ao implantar o sistema de rastreabilidade no qual é possível, através do número do lote, rastrear todo o caminho do vinho desde o vinhedo até a garrafa. O reconhecimento vem a cada prêmio alcançado e a cada consumidor satisfeito, o que se comprova com a conquista de mais de 200 medalhas nacionais e internacionais e, principalmente, com a recente premiação do Casa Perini Moscatel, eleito o 5° melhor vinho do mundo de 2017 pela WAWWJ (World Association of Writers & Journalists of Wines & Spirits).

Mais informações acesse:

https://www.casaperini.com.br/home

Referências:

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/piemonte-grandiosa-regiao-italiana_8360.html

“Vem da Uva”: https://www.vemdauva.com.br/vinho-barbera-conheca-suas-caracteristicas/

“Enologuia”: https://enologuia.com.br/uvas/256-uva-barbera-conheca-o-vinho-do-povo

“Blog Art des Caves”: https://blog.artdescaves.com.br/uva-barbera-mais-plantadas-na-italia

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=SERRAGAUCHA

“Guia de Caxias do Sul”: https://www.guiadecaxiasdosul.com/turismo/rural/categoria/regiao-de-forqueta-roteiro-vale-trentino

“Destinos do Sul”: https://destinosdosul.com/2021/02/24/uvas-e-muita-historia-no-vale-trentino-em-caxias-do-sul/






sábado, 24 de setembro de 2022

Dezzani Monferrato 2016

 

Direi, com toda certeza, que este vinho é especial! E não é especial pelo fato de ser caro, de um produtor renomado ou qualquer desses óbvios predicados. Não! Mas simplesmente por ser de uma pródiga região que aprecio muito, porém não tenho degustado muitos rótulos dessa região. Falo do Piemonte!

E como, confesso, tenho sido negligente com essa região tão especial da Itália. Talvez juntamente com a Toscana, rivalizam como uma das mais emblemáticas do “país da bota”. Como negligenciar o Piemonte terra dos “vinho dos reis”, o Barolo?

Lembro-me que o último piemontês que degustei e gostei por demais da conta fora de uma casta que, até então, era muito nova para mim e que é tida como uma das mais famosas da região, a Dolcetto, e o vinho era Sartirano Figli Dolcetto da safra 2018.

E lembro-me de outro também da famosíssima casta Barbera que eu degustei e gostei e que até hoje me traz doces lembranças pela qualidade e tipicidade: O Cantine Castelvecchio Barbera 2016.

As três castas principais do Piemonte são, além dessas acima mencionadas, é a Nebbiolo, conhecida por compor o tradicional Barolo. A Dolcetto traz a fruta e a jovialidade como carro chefe, vinhos mais básicos e leves, a Barbera, uma casta intermediária, trazendo alguma estrutura e complexidade e a Nebbiolo potente, gulosa, robusta e de grande potencial de guarda.

O meu caminho para o Piemonte, apesar de ainda pequeno, curto, com um número, confesso, reduzido de rótulos degustados, está completo com a experiência de suas principais variedades. A Nebbiolo está bem encaminhada com alguns poucos Barolos e rótulos hibernando na adega esperando o melhor momento para a sua degustação.

Mas voltando ao rótulo de hoje, além de ser especial pelo fato de retomar o meu caminho, a minha viagem ao Piemonte, revela ser também de uma sub-região piemontesa que, até algum tempo atrás desconhecia. Ah mais uma grata novidade no mundo do vinho! Trafegar neste vasto universo e conhecendo seus “mundos” tem sido simplesmente arrebatador. Falo da Monferrato!

Quando vi este rótulo que exibe, com letras garrafais, o nome da região a qual fora concebido, logo me chamou a atenção, estimulando a minha curiosidade e no site de compras mostrava um valor também muito atrativo, à época por volta dos R$39,90 e quando li a sua descrição me chamou também a atenção, pois traz um blend muito especial com duas das principais cepas da região do Piemonte: Dolcetto e Barbera, com a rainha das uvas tintas, a francesa Cabernet Sauvignon.

Então sem mais delongas vamos às apresentações, pois tem muita história a desfilar neste texto. O vinho que degustei e gostei veio, claro, da região de Monferrato, no Piemonte, na Itália, e se chama Dezzani Monferrato composto pelas castas Dolcetto (85%), Barbera (8%) e Cabernet Sauvignon (7%) da safra 2016. Vamos, antes de tecer detalhes sobre o vinho, falar do Piemonte e Monferrato.

Piemonte: a filha pródiga dos vinhos italianos

Piemonte disputa com Toscana a primazia de produzir os melhores vinhos de seu país. Situado na porção mais ocidental da Itália, fazendo fronteira com a França, também foram os gregos que deram início à produção de vinhos. Absorvido mais tarde pelo Império Romano, a zona teve um grande desenvolvimento nas atividades vitivinícolas, que só foram prejudicadas mais tarde, já na Era Cristã, durante a invasão de povos bárbaros oriundos do norte da Europa.

A nobreza medieval se encarregou de retomar o plantio das uvas e a elaboração do vinho, já nessa época surgem menções a uva emblemática da região, a Nebbiolo. Devido a forte influência francesa (a região foi, por séculos, dominada pela Casa de Savóia), por muito tempo seu vinho se assemelhou ao clarete, que era a moda na Europa de então.

Foi somente a partir do século XVIII, quando ocorreu um grande processo de renovação vinícola, que surgiu o Barolo, vinho de grande caráter e símbolo da região, para fazer sua fama. O Piemonte produz atualmente cerca de 300 milhões de litros de vinho por ano em sua área de 58 000 ha. plantadas de vinhedos.


Piemonte

Como o próprio nome indica, a região está situada ao pé da montanha - no caso, os Alpes - sendo, portanto, uma região muito acidentada. A maior parte de Piemonte está constituída por colinas e montanhas, mas sobram cerca de 26% de terras planas.

Além dos Alpes, outra cordilheira, o Apenino Ligúrio, invade também seu território. Os rios Pó e Tanaro cruzam suas terras, onde se encontram as cidades de Torino (capital), Alba, Alessandria, Asti e Novara, dentre outras. Seu solo é muito variado, com faixas de calcário e areia, outras de giz e manchas de granito e argila. Ao longo dos rios há presença de solos aluviais.

O clima é Continental, com estações bem marcadas, invernos rigorosos e verões quentes. O índice de chuvas é de cerca de 1.000 mm/ano. As uvas tintas representam dois terços da produção da zona. Além da Nebbiolo, vamos também encontrar as Barbera (a variedade mais plantada em toda a Itália), Brachetto, Dolcetto, Grignolino, Freisa e, em menor escala, algumas cepas francesas, como a Cabernet Sauvignon.

As principais castas brancas são a Arneis, Cortese, Moscato Bianco, Malvasia, Erbaluce a Chardonnay. O Piemonte produz cinco vinhos DOCG (Vinhos de Denominazione di Origine Controllata e Garantita), a elite dos vinhos italianos, são eles: Barolo, Barbaresco, Gattinara, Asti, Brachetto D' Acqui. Além desses, também saem da região 42 vinhos DOC (Denominazione di Origine Controllata) e vários Vini da Tavola de boa qualidade.


Monferrato

A região vinícola de Monferrato está localizada abaixo do rio Po, no canto sudeste da região do Piemonte, no noroeste da Itália. Como Langhe, essa área foi reconhecida como DOC em 1994.

Monferrato

Ela segue regras bastante relaxadas, permitindo a mistura de castas indígenas com castas internacionais. Esses vinhos são vendidos sob os rótulos “Monferrato Rosso” e “Monferrato Bianco”.

Também são produzidos vinhos varietais, mas essa variedade de uva deve representar pelo menos 85%. A produção de vinho tinto é dominada por variedades de uvas indígenas, incluindo Barbera, Freisa, Grignolino e Dolcetto. As variedades internacionais são lideradas por Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon e Pinot Noir.

Grande parte do terroir é ideal para a viticultura, graças ao clima continental e à drenagem gratuita, às terras aráveis. Este solo é perfeito para a produção de vinhos de alta qualidade a partir de variedades como Grignolino e Barbera. Ambos têm a clássica combinação italiana com sabores de frutas frescas e um equilíbrio entre açúcar e ácido.

Monferrato também abriga muitas pequenas partições diferentes, sendo certificada por DOC e DOCG. Estes incluem Barbera d’Asti, Moscato d’Asti. Barbera del Monferrato, sua partição DOCG Superiore, Nizza DOCG, Ruchè, Albugnano e Dolcetto di Ovado também estão localizados naquela região.

E agora finalmente o vinho!

Na taça entrega um vermelho rubi intenso, com entornos violáceos com reluzente brilho, além de lágrimas finas, em intensidade e lentas que desenham as bordas do copo.

No nariz traz notas agradáveis e aromáticas de frutas vermelhas maduras, com delicadas notas amadeiradas que aportam, graças aos 12 meses de barricas de carvalho, um leve tostado, um abaunilhado e especiarias.

Na boca é elegante, média estrutura, que lhe confere marcante personalidade. A sinergia entre a fruta madura e a madeira é evidente que o torna complexo e versátil. Volumoso em boca, graças ao álcool evidente, mas sem agredir, mostra intensidade e sabor. Tem taninos domados, redondos, média acidez, tem toques de chocolate, um envolvente defumado e um final de média persistência.

A minha “volta” ao Piemonte foi gloriosa e recheada com algumas novidades surpreendentes. Monferrato me foi apresentada e revelaram as tradições piemontesas, com grande parte de suas principais e emblemáticas castas, a Dolcetto e a Barbera. A Itália ainda se mostra nova diante dos olhos dos enófilos, enchendo, inundando de prazer as nossas humildes taças. O Dezzani Monferrato é intenso, marcante, mas elegante pelos seus seis anos de garrafa e se destacam, em uma simbiose, a fruta e a madeira. Um vinho versátil, complexo, elegante e harmonioso. Que venham mais e mais piemonteses! Tem 14% de teor alcóolico.

Sobre a Vinícola Dezzani:

Foi em 1934 quando o avô Luigi Dezzani fundou sua histórica vinícola, no momento em que era dedicada à produção e distribuição local de uvas.

A chave do sucesso obtido nos anos 70-80 foi o entusiasmo que Luigi transmitiu a seu filho Romolo, que fez Dezzani conhecido não apenas no Piemonte, mas em toda a Itália, tornando-se um dos pontos de referência da tipicidade do Piemonte.

Seguindo de acordo com a filosofia do pai, Franca, Luigi e Giovanni, terceira geração, espalharam a marca Dezzani nos mercados internacionais.

Foi uma escolha de qualidade voltada para a produção de vinhos de prestígio, posteriormente reconhecidos pelos Clientes no mundo.

Hoje, enfim, essa realidade histórica é guiada pela Família Rocca (cinco gerações no ramo do vinho) e pela Villa Rivalta (10.000 hectares e centenas de famílias coletadas em cooperativas) que estão desenvolvendo importantes sinergias tangíveis através de um controle sensível da cadeia de suprimentos, tecnologias modernas e o amor de os que vivem do vinho há séculos.

Mais informações acesse:

https://www.dezzani.it/it/

Referências:

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/piemonte-grandiosa-regiao-italiana_8360.html

 

 

 

 


 


sábado, 13 de março de 2021

Cantine Castelvecchio Barbera D'Asti 2016

 

Ainda sigo o meu caminho, o meu garimpo pelas castas e regiões pouco conhecidas, pouco populares em terras brasileiras, afinal precisamos nos proporcionar novas experiências sensoriais e sair um pouco do óbvio, da temida e anestesiante zona de conforto daquelas castas muito famosas e conhecidas. E a minha degustação de hoje, apesar de nunca ter degustado essa casta na sua versão varietal, ela é extremamente popular e conhecida em seu país. Talvez seja uma confirmação de que ainda estou engatinhando em minha caminhada no universo do vinho ou porque esse universo é tão vasto e inexplorado ou talvez um seja consequência do outro.

O fato é que criar uma expectativa acerca de uma nova degustação, de uma cepa pouco corriqueira para mim é motivo de muita alegria e de uma uva extremamente popular e aceita em seu país de origem: Falo da emblemática Itália. Degusto vinhos da “Velha Bota” desde que me conheço por enófilo e sempre ouvi falar da casta Barbera, mas nunca a degustei em uma versão varietal. Infelizmente o mercado brasileiro ainda é incipiente em algumas ofertas de rótulos por aqui e é inconcebível, pelo menos para mim, não ter opções da Barbera em nossos pontos de venda e os poucos que tem, são oferecidos a altíssimos valores pelo fato, além do custo Brasil e impostos altos, da escassez de opções.

Mas o estímulo ao garimpo dessas castas pouco usuais em terras “brasilis” confesso ser grande e as nossas sensações, mais do que evidentes, sensoriais, claro, é que agradecem”. Lembro-me ter feito a aquisição de meu rótulo em uma despretensiosa ida ao supermercado. A avistei, com um olhar clínico e interessado, jogado em uma gôndola praticamente no chão sem nenhum destaque, mas achei, por se tratar de um rótulo cuja casta não é popular por aqui, o valor bem atrativo, em torno de R$ 40,00!

Então sem mais delongas apresento o vinho que degustei e gostei da tradicional e excepcional região italiana no Piemonte, da comuna de Asti, o Cantine Castelvecchio da casta Barbera da safra 2016, um DOCG (Denominação de Origem Controlada e Garantida). E, diante desse dia especial de degustação, celebremos também com um pouco de história da região do Piemonte, sua comuna conhecida, Asti, que carrega seu nome nos rótulos dos vinhos produzidos com a casta Barbera e um pouco da história da história desta casta tão importante para a cultura vinícola da Itália. 

Piemonte, a filha pródiga dos vinhos italianos

Piemonte disputa com Toscana a primazia de produzir os melhores vinhos de seu país. Situado na porção mais ocidental da Itália, fazendo fronteira com a França, também foram os gregos que deram início à produção de vinhos. Absorvido mais tarde pelo Império Romano, a zona teve um grande desenvolvimento nas atividades vitivinícolas, que só foram prejudicadas mais tarde, já na Era Cristã, durante a invasão de povos bárbaros oriundos do norte da Europa. A nobreza medieval se encarregou de retomar o plantio das uvas e a elaboração do vinho, já nessa época surgem menções a uva emblemática da região, a Nebbiolo. Devido a forte influência francesa (a região foi, por séculos, dominada pela Casa de Savóia), por muito tempo seu vinho se assemelhou ao clarete, que era a moda na Europa de então. Foi somente a partir do século XVIII, quando ocorreu um grande processo de renovação vinícola, que surgiu o Barolo, vinho de grande caráter e símbolo da região, para fazer sua fama. O Piemonte produz atualmente cerca de 300 milhões de litros de vinho por ano em sua área de 58 000 ha. plantada de vinhedos.


Piemonte

Como o próprio nome indica, a região está situada ao pé da montanha - no caso, os Alpes - sendo, portanto, uma região muito acidentada. A maior parte de Piemonte está constituída por colinas e montanhas, mas sobram cerca de 26% de terras planas. Além dos Alpes, outra cordilheira, o Apenino Ligúrio, invade também seu território. Os rios Pó e Tanaro cruzam suas terras, onde se encontram as cidades de Torino (capital), Alba, Alessandria, Asti e Novara, dentre outras. Seu solo é muito variado, com faixas de calcário e areia, outras de giz e manchas de granito e argila. Ao longo dos rios há presença de solos aluviais. O clima é Continental, com estações bem marcadas, invernos rigorosos e verões quentes. O índice de chuvas é de cerca de 1.000 mm/ano. As uvas tintas representam dois terços da produção da zona. Além da Nebbiolo, vamos também encontrar as Barbera (a variedade mais plantada em toda a Itália), Brachetto, Dolcetto, Grignolino, Freisa e, em menor escala, algumas cepas francesas, como a Cabernet Sauvignon. As principais castas brancas são a Arneis, Cortese, Moscato Bianco, Malvasia, Erbaluce a Chardonnay. O Piemonte produz cinco vinhos DOCG (Vinhos de Denominazione di Origine Controllata e Garantita), a elite dos vinhos italianos, são eles: Barolo, Barbaresco, Gattinara, Asti, Brachetto D' Acqui. Além desses, também saem da região 42 vinhos DOC (Denominazione di Origine Controllata) e vários Vini da Tavola de boa qualidade.

Barbera, o “vinho do povo”.

Uma das maiores uvas italianas, ficando atrás apenas da Sangiovese, a uva Barbera, conhecida anteriormente por produzir vinhos de menor qualidade, hoje é responsável por vinhos nobres e notáveis. Esta casta passou, pelos últimos anos, uma verdadeira história de superação. Trata-se da uva que é responsável pelo vinho que os piemonteses consomem no dia a dia, daí o nome que foi concedido pelas pessoas da região: “o vinho do povo”.

Acredita-se que a uva Barbera tem origem nas montanhas de Monferrato, na região central de Piemonte, na Itália. Alguns documentos, datados entre 1246 e 1277, encontrados na Catedral da Casale Monferrato, detalham acordos relacionados a vinhedos plantados com “de bonis vitibus barbexinis”, a uva Barbera. Contudo, um ampelógrafo chamado Pierre Viala especula que ela se originou em Oltrepò Pavese, na região da Lombardia. Nos séculos 19 e 20, ondas de imigrantes italianos trouxeram esta cepa para a Califórnia, Argentina e outros lugares nas Américas. Em 1985, um evento trágico relacionado à uva Barbera envolveu produtores adicionando ilegalmente metanol aos vinhos. Esta ação causou declínio no plantio e vendas da uva. Isto levou a Montepulciano tomar o posto da uva Barbera no meio da década de 90. Anteriormente considerada uva de vinhos inferiores, até o escândalo de Relações Públicas nas décadas de 80 e 90, a uva Barbera tomou um rumo de superação muito interessante.

Frutado, ele tem gosto de cerejas, morangos e framboesas. Quando jovem, o vinho Barbera pode ter aroma de mirtilos também. Com pouco tanino e alta acidez natural, a uva Barbera é uma boa pedida para harmonizar vinhos com alimentos ricos e reconfortantes, como queijos, carnes e cogumelos. Além de Piemonte, a uva Barbera é cultivada em outras regiões da Itália, como Campania, Emilia-Romagna, Puglia, Sardenha e Sicília, somando 52.600 acres de plantação. O vinho Pomorosso 2008, do produtor Coppo, é famoso por transformar a Barbera em uma casta nobre - elegante, também é reconhecido como um dos melhores tintos italianos. Fora do país, a Argentina, a Austrália, os Estados Unidos e até mesmo o Brasil são outros produtores conhecidos de vinhos de qualidade com a Barbera. Em regiões quentes, como a Califórnia, nos EUA, destacam-se toques de ameixa, além do sabor frutado de cereja.

Barbera e o Cantine Castelvecchio 

E agora finalmente falemos do vinho!

Na taça entrega um vermelho rubi intenso, porém com brilhosos e reluzentes entornos violáceos, diria em tons granadas. Lágrimas finas, abundantes e que desenham lindamente as paredes do copo.

No nariz explode em complexidade aromática, as frutas em evidência, frutas vermelhas maduras, trazendo cereja e groselha na lembrança, com sutis notas de baunilha.

Na boca é seco, estruturado, forte, mas harmônico e equilibrado, certamente pelo tempo de safra, com taninos pronunciados, mas domados com uma vibrante acidez que remete algum frescor, com discreto amadeirado, graças aos 6 meses de passagem por barricas de carvalho. Final persistente e de retrogosto frutado.

Um vinho que expressa definitivamente e com dignidade as essências do Piemonte, enaltecendo o que há de melhor naquelas terras, da cultura do seu povo e do saber fazer no que tange aos seus rótulos, dos mais simples aos mais complexos. O Cantine Caltelvecchio traz à tona todas essas características, com muita tipicidade revelando, em todas as suas nuances, o que há de melhor do Piemonte, da Itália. Um vinho encorpado, de personalidade marcante e complexidade aromática é mesclado às características do aporte pela passagem pela barrica de carvalho, deixando-o também mais macio, mais equilibrado, portanto também um vinho versátil e fácil de degustar, tendo uma vocação gastronômica muito grande, como todo vinho italiano. Um prazer grande degustar, pela primeira vez, um varietal da casta mais popular da Itália, a Barbera. Teor alcoólico de 13%.

Sobre a Cantine Manfredi:

O vinho é uma paixão para a família Manfredi há mais de cem anos. Tudo começou Nicolao Manfredi no início do século XX. Porém, foi como filho Giuseppe, conhecido como Pin, que, no final da década de 30 do século passado, a tradição familiar dos enólogos se transforma em atividade, quando o amor pela terra do Langhe o convence de que esta no caminho certo. Nos anos 60, ainda muito jovem, o filho de Giuseppe, Aldo, começou a trabalhar com o pai, lado a lado, ajudando-o no trabalho da adega e a cuidar dos partos, criando relações de trabalho e de amizade que perduram até hoje. Na década de oitenta novas colaborações se estabeleceram e os vinhos também conquistaram o mercado externo, dos Estados Unidos ao Japão, do Canadá à China e muitos países da Europa. Hoje Aldo, a esposa Gianfranca e as suas filhas Luisa e Paola, apoiadas por uma equipe muito unida, continuam nesta atividade com paixão, com vista a uma atenção comum à qualidade do produto e à proteção do território para continuar a história de uma família que começou há muitos anos.

Mais informações acesse:

https://www.manfredicantine.it/it/homepage

Referências de pesquisa:

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/piemonte-grandiosa-regiao-italiana_8360.html

“Vem da Uva”: https://www.vemdauva.com.br/vinho-barbera-conheca-suas-caracteristicas/

“Enologuia”: https://enologuia.com.br/uvas/256-uva-barbera-conheca-o-vinho-do-povo

“Blog Art des Caves”: https://blog.artdescaves.com.br/uva-barbera-mais-plantadas-na-italia