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quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Max Mann Pinot Noir 2019

 



Vinho: Max Mann

Casta: Pinot Noir (Spätburgunder)

Safra: 2019

Região: Pfalz

País: Alemanha

Produtor: Vinícola Moselland

Teor Alcoólico: 13%

Adquirido: Evino

Valor: R$ 56,90

Estágio: 50% do lote passou 9 meses em barricas de carvalho.

 

Análise:

Visual: um rubi de média intensidade, com razoável concentração de lágrimas.

Nariz: revela aromas de frutas negras, harmoniosamente equilibrados com toques sutis de especiarias.

Boca: tem certa estrutura, mas é aveludado e macio, as notas de frutas vermelhas são perceptíveis, com taninos sedosos e acidez mediana e um discreto residual de açúcar. Final de média persistência.

 

Produtor:

https://www.moselland.de/


segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

J. Meyer Pinot Gris 2020

 




Vinho: J. Meyer

Safra: 2020

Casta: Pinot Gris / Pinot Grigio

Região: Pfalz

País: Alemanha

Produtor: Moselland

Teor Alcoólico: 12,5%


Análise:

Visual: amarelo palha com reflexos esverdeados, muito brilhantes.

Nariz: notas intensas de pera e de pêssego, baixa citricidade, frescor e intensas notas florais.

Boca: é fresco, leve, mas com alguma personalidade. É equilibrado, trazendo notas frutadas, com destaque para damascos maduros, acidez média para baixo e final longo.

 

Produtor:


sexta-feira, 7 de abril de 2023

J. Meyer Pinot Gris 2020

 

Sou um réu confesso! Adoro a Pinot Grigio! Nunca deixo de falar dela e dos seus predicados e, claro, da minha predileção por esta cepa tão especial. Não diria, neste momento, que é a minha preferida, há outras que aprecio e muito, mas colocaria a Pinot Grigio em um patamar de importância em minha enófila vida.

Ela sempre esteve, está e estará figurando em minha reles e humilde adega, dado o carinho e afeição que, ao longo de quase dez anos tenho por esta casta. E não me canso de falar dela, não me canso de enaltecer suas qualidades, mesmo que ainda eu veja, eu leia alguns comentários maldosos, rejeitando-a.

Evidente que temos de respeitar as opiniões, as percepções alheias, mas ler algumas opiniões pouco fundamentadas, sem consistência é perceber que, infelizmente, ainda existe alguns equívocos acerca da cepa. Ela é leve sim, mas não é inexpressiva. Ela é frutada sim, mas não é sem graça e enjoativa. Ela expressa as características de um povo, de um país como o nosso, harmonizando com o clima e o DNA cultural de nosso país.

Já degustei alguns rótulos da Pinot Grigio do Brasil, da Itália, as mais famosas talvez, do Chile, até da África do Sul e, dentro das possibilidades, vou tentando desbravar o mundo do vinho com novas opções de rótulos da velha e querida Pinot Grigio e hoje será especial, para variar, mais uma vez. Degustarei um rótulo alemão da Pinot Grigio que lá, como na França e Argentina (degustei um dos Hermanos também!) é chamada de Pinot Gris.

Eu a descobri, por acaso, de uma forma bem despretensiosa, quando estava a navegar em um site desses famosos de venda de vinhos no Brasil quando estava procurando o preço de outro vinho! Quando vi o Pinot Gris o coração balançou e é plenamente plausível, afinal é a Pinot Grigio!

Acho que esqueci da compra do vinho inicial! A compra do Pinot Grigio ou Pinot Gris foi imediata! E não demorou muito para degusta-lo e claro a animação é grande para tê-lo em taça! O produtor é o mesmo do J. Meyer Pinot Noir 2018 que um grande amigo de longa e data e hoje confrade Paulo Roberto trouxe à minha casa para degustarmos juntos e que tivemos uma grata surpresa.

Então sem mais delongas vamos às apresentações do vinho cuja “identidade” já foi praticamente revelada. O vinho que degustei e gostei veio da famosa região germânica de Pfalz e se chama J. Meyer Pinot Gris da safra 2020. Para variar, vamos às histórias, vamos de Pfalz, na Alemanha e falar um pouco das classificações dos vinhos alemães que ainda é um tanto quanto novo para a realidade brasileira.

Pfalz

Localizada no sudoeste da Alemanha e fazendo fronteira com a Alsácia, na França, Pfalz é famosa por seus vinhos. É a segunda maior das 13 regiões vinícolas do país, com mais de três mil famílias de vinicultores dedicadas à produção de vinho. 

Região estreita de 22.000ha, o Platinado se estende a oeste do Reno, por cerca de 80 km seguindo um eixo norte-sul. Divide-se em três setores: Mittelhaardt (Haardt média), Deutschen Weinstraße (Rota Alemã do Vinho) e Südliche Weinstrasse (Rota Sul do Vinho). Os melhores vinhedos ladeiam as encostas a leste da Floresta do Platinado.

A região é famosa pela qualidade de seus vinhos brancos, particularmente por seus Rieslings, vinhos de caráter, minerais, geralmente encorpados, mas também muito finos. A produção dos vinhos tintos é muito limitada, mas sua qualidade é geralmente excelente.

Pfalz

A região vinícola do Palatinado, denominada oficialmente de Pfalz, pode ser descoberta da melhor maneira pela Rota Alemã do Vinho (Deutschen Weinstraße). Essa rota turística de vinhos, a mais antiga do gênero no mundo, liga diversas cidades produtores de vinho, de Bockenheim, ao norte, a Schweigen, na fronteira com a França. A rota permite conhecer de maneira agradável a região vinícola entre a floresta Pfälzerwald e o Reno.

Pfalz possui uma grande variedade de solos: arenito (na maior parte da região), calcário erodido, ardósia, rocha basáltica e loess (sedimento fértil de cor amarela que só existe em algumas partes da Europa e da China), entre outros - o que permite o cultivo de amplo sortimento de castas de uvas tintas e brancas.

Comparado a outras regiões alemãs, o clima de Pfalz é mais quente, porém ameno. Não há invernos rigorosos e verões de altíssimas temperaturas. A chuva acontece na medida certa e tudo isto beneficia o cultivo das uvas, influenciando diretamente na qualidade destas.

Em Pfalz são cultivadas 45 castas de uva branca e 22 de uva tinta. Aproximadamente 25% dos vinhedos do local são cultivados com a variedade Riesling, por isso, Pfalz é considerada a maior produtora destas uvas em todo o mundo. Entretanto, 40% dos vinhedos são de frutas tintas, e a região é a maior produtora de vinhos tintos do país.

Além da Riesling, as uvas brancas Gewürztraminer e Scheurebe são destaque na região. Entre as tintas cultivadas em Pfalz temos Dornfelder, Portugieser, Spätburgunder (Pinot Noir) e Regent, além das mundialmente conhecidas Cabernet Sauvignon, Merlot, Tempranillo e Syrah. Em Pfalz a Pinot Noir dá os melhores resultados dentre as regiões alemãs.

Nomenclatura e definições dos vinhos alemães

O medo do desconhecido é o principal empecilho do vinho alemão. Devido aos conceitos, às expressões e ao idioma, o país possui um dos rótulos mais difíceis do mundo para compreender. Esse conteúdo vai além da safra, região de origem, teor alcoólico, uva e o nome do produtor, pois trazem dados como categoria de qualidade, número do teste de controle de qualidade, tipo e estilo do vinho.

Aliás, existem alguns dados que são obrigatórios e outros que são apenas opcionais. O vinho alemão passa por um rigoroso teste de controle de qualidade (A.P.NR.), desenvolvido pela Sociedade Alemã de Agricultura (DLG). Além disso, seus exemplares são divididos em categorias de qualidade.

Essa categorização depende de dois fatores: maturidade e qualidade das uvas, e a especificidade e tipicidade da região. As categorias de qualidade podem ser consideradas um sinônimo das Denominações de Origem, por também conter regras e normas específicas como área delimitada, uvas autorizadas, entre outros.

Deutscher Wein: São os vinhos mais simples de todas as categorias. Os vinhos podem ser produzidos com uvas colhidas em vinhedos de todo o território alemão.

Landwein: Assim como a Deutscher Wein, também possui vinhos simples, quando relacionado aos de outras categorias. Pode ser comparado aos IGP’s de outros países europeus. 85% das uvas devem ser provenientes de vinhedos de regiões reconhecidas pela categoria.

Qualitätswein bestimmter Anbaugebiet (QbA): É considerada a categoria dominante no país. As uvas precisam ser autorizadas e atingir um grau mínimo exigido de maturação. As uvas devem ser permitidas pela categoria e provenientes de uma das treze regiões vitícolas específicas. Além disso, o nome da região precisa estar estampado no rótulo. Os rótulos podem conter termos que indicam o nível de doçura do vinho como:

Trocken: vinho seco.

Halbtrocken: vinho meio-seco ou ligeiramente doce.

Feinherb: um termo não oficial para descrever vinhos semelhantes ao Halbtrocken.

Liebliche: vinho doce.

Em setembro de 1994, foi permitida a criação de uma subcategoria QbA, a Qualitätswein garantierten Ursprungs (QGU). Comparada a uma Denominação de Origem Controlada e Garantida, a QGU abrange uma região, vinha ou aldeia específica, que expressa além de alta qualidade, tipicidade. Nessa categoria, os vinhos passam por rigorosas análises sensoriais e analíticas.

Qualitätswein mit Prädikat (QmP) ou Prädikatswein

As uvas devem ser permitidas pela categoria e provenientes de uma das treze regiões vitícolas específicas. Além disso, o nome da região precisa estar estampado no rótulo. As uvas devem atingir um grau específico de maturação, açúcar e teor alcoólico natural. Os rótulos precisam estampar alguns atributos específicos referentes ao nível de maturação das uvas e ao método de colheita:

Kabinett: colheita realizada com uvas completamente maduras. Gera vinhos mais leves e com baixo teor alcoólico.

Spätlese: colheita tardia, ou seja, as uvas são colhidas em um período posterior ao considerado ideal. Gera vinhos concentrados e com intenso aroma, mas não especificamente com o paladar adocicado.

Auslese: uvas colhidas muito maduras, mas apenas os cachos selecionados. Gera vinhos nobres, com intensidade tanto no aroma quanto no paladar. A doçura no paladar não é uma regra.

Eiswein: uvas sobreamadurecidas como a Beerenauslese, porém colhidas e prensadas congeladas. Gera vinhos nobres e singulares, com alta concentração.

Trockenbeerenauslese (TBA): uvas sobreamadurecidas, infectadas por Botrytis cinerea, que secam por um determinado tempo adquirindo características próximas a de uvas passas. Gera vinhos doces, ricos e nobres.

Beerenauslese (BA): uvas sobreamadurecidas, infectadas por Botrytis cinerea, com seleção criteriosa dos bagos. Essas uvas são colhidas apenas em safras excepcionais. Gera vinhos longevos, ricos e doces.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta um amarelo palha, brilhante e reluzente, já tendendo ao dourado.

No nariz entrega aromas de frutas de polpa branca maduras, com destaque para o pêssego, melão, maçã-verde, limão e damasco, com delicados e agradáveis notas de flores brancas, o típico floral da cepa.

Na boca é leve, com frescor, porém aliado a uma personalidade marcante, diria uma boa intensidade e volume, com as notas frutadas, as frutas maduras em evidência, como no aspecto olfativo, além de uma acidez equilibrada e um final de boa persistência, um final longo.

O fato é que na Alemanha se elabora grandes e emblemáticos vinhos brancos, a Riesling está aí para confirmar esse fato, com vinhos expressivos, de personalidade, frescos e também longevos, de potencial de guarda invejáveis. E Pfalz com a sua diversidade de solos e climas propicia não apenas a produção de Riesling, mas também de Pinot Gris, mostrando, além de ter sido adaptado ao clima ameno do local, mas entregando um rótulo refrescante, frutado e equilibrado, com nuances de damasco, pêssego, pera e toques florais bem delicados. Uma grata experiência com o meu primeiro Pinot Gris alemão. E que venham vários outros! Tem 12,5% de teor alcoólico.

Sobre a Moselland:

A princípio, no século XIX, muitos produtores individuais da Alemanha se uniram por necessidade econômica para formar pequenas cooperativas vitícolas: eles pretendiam trabalhar com mais eficiência, unindo forças.

Em seguida, em 1969, as principais cooperativas se fundiram com a Hauptkellerei Koblenz para formar a maior cooperativa vitícola do estado de Rheinland-Pfalz. Desse modo, o resultado foi a criação da Moselland, localizada em Bernkastel Kues, que por mais de um quarto de século, foi um nome garantiu alta qualidade.

Sendo assim, na Moselland, a qualidade começa bem na vinha. Os viticultores são especialistas em gerenciamento de vinhedos, desde o plantio até a colheita, assim produzem uvas da mais alta qualidade que são entregues em nas estações de prensagem e coleta, ao lado das vinhas. Além disso, a equipe altamente qualificada assume o processo de vinificação usando os mais modernos maquinários.

Mais informações acesse:

https://www.moselland.de/

Referências:

“Vinho sem Segredo”: https://vinhosemsegredo.com/2011/05/02/nomenclatura-do-vinho-alemao-i/

“Winepedia”: https://www.wine.com.br/winepedia/dicas/como-ler-rotulos-alemanha/

“Art des Caves”: https://blog.artdescaves.com.br/conheca-pfalz-regiao-que-mais-produz-vinhos-alemanha

“Carpevinum”: https://www.carpevinum.com.br/loja/noticia.php?loja=677095&id=255

 






segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Max Mann Riesling 2018

 

Há pouco tempo atrás eu dizia, ou melhor, textualizava em minhas resenhas neste humilde blog, que castas como a Riesling estaria muito distante das minhas pretensões de degustação. Sempre ouvi e li que ela ganhou popularidade e credibilidade em terras germânicas, o que reforçava o meu pessimista comentário acerca da degustação da Riesling. Afinal se fortalecia com os poucos rótulos ofertados aqui no Brasil de Riesling alemães com os valores estratosféricos! Demais para um pobre assalariado da classe operariada.

Mas eis que o dia chegou e da forma mais despretensiosa possível. Simplesmente não estava no roteiro degustar um Riesling alemão. E essa degustação fora na casa de um grande amigo, de longa data, mas cuja confraria é nova, embrionária. Ele comentara comigo, dias antes do encontro, que ganhara de um amigo, um rótulo de um Riesling alemão, mas que não estaria no rol de degustação daquele encontro.

Mas não me pergunte o motivo pelo qual o vinho entrou nas pretensões das nossas degustações, o fato é que o vinho já estava sendo aberto e inundando as nossas taças. Talvez a conversa, o momento, de pura celebração, estava no ápice, tão bom, que merecia aquela degustação, afinal vinho, como sempre costumo dizer, é celebração.

O vinho estava maravilhoso! Sempre me lembrarei dele, deste rótulo, o meu primeiro Riesling, o meu primeiro Riesling alemão! O Rebgarten Riesling 2018 definitivamente entrará para a minha história!

E um vinho de ótimo custo X benefício! E falando de um Riesling alemão de ótimo custo x benefício, pensaram que eu fosse ficar por aqui, apenas por um? Não poderia! A minha humilde e simplória adega estava abrilhantada com outro Riesling alemão! Sim! Atrevo a me dizer que eu tinha adquirido um Riesling alemão antes do meu grande amigo ter sido presenteado com o dele ou talvez a minha compra tenha sido quase ao mesmo tempo em que ele ganhara o seu rótulo.

O fato é que foi chegado o momento, quase um ano após a minha primeira degustação do Riesling germânico, de abrir o meu, de espantar a poeira que o envolvia e inundar o copo de alegria vínica! O vinho que degustei e gostei veio da famosa região alemã de Rheinhessen e se chama Max Mann da casta, claro, Riesling, da safra 2018. Antes de falar do vinho, vamos de história, vamos falar da região de maior produção de vinhos da Alemanha e que produz mais de 70% de vinhos brancos. Falemos de Rheinhessen e também da classificação dos vinhos alemães que é essencial para entender cada proposta de rótulo degustado.

Rheinhessen

A região vinícola de Rheinhessen, com 26.578 hectares de vinhedos, é considerada a maior região vinícola da Alemanha. Encontra-se totalmente na margem esquerda do Reno e, portanto, no estado federal da Renânia-Palatinado. Um quinto da região da Renânia-Palatinado de Rheinhessen, que também é a região menos arborizada da Alemanha, é plantado com videiras. Mais de 6.000 produtores de vinho produzem mais de 2,5 milhões de hectolitros de vinho por ano, com uma produção de cerca de 120 milhões de vinhas. Dos 136 municípios de Rheinhessen, apenas Budenheim, Hochborn, Eich, Hamm e Nieder-Wiesen não cultivam vinho em sua própria área.

Rheinhessen

Embora as vinhas sejam virtualmente uma monocultura no Rheingau ou ao longo do Mosel, elas são apenas uma das muitas culturas que compartilham os solos férteis das vastas fazendas desta região. O vinho é cultivado na margem esquerda do Reno, desde os romanos, e o documento mais antigo sobre a localização de um vinhedo alemão - o Niersteiner Glöck - diz respeito a uma vinícola em Rheinhessen.

E ainda falando em história, antes da Primeira Guerra Mundial, os vinhos de Rheinhessen vinham de Rheinhessen e alcançavam os melhores preços em leilões internacionais. Em um dos primeiros leilões após a Segunda Guerra Mundial em julho de 1949 em Londres (Beaver Hall), os primeiros sucessos com os melhores vinhos alemães foram alcançados, incluindo o Liebfrauenmilch Auslese de 1929 e o Liebfrauenmilch Superior de 1934. O Niersteiner Riesling z. B. gozava de uma reputação lendária. Em meados do século XX, porém, houve uma fase em que se deu demasiada atenção à quantidade, o que prejudicou para sempre a reputação do vinho de Rheinhessen. Neste contexto, o Liebfrauenmilch da grande área com o mesmo nome foi mencionado várias vezes.

No final do século 20, no entanto, um repensar começou. É graças a uma nova geração de enólogos que o vinho de Rheinhessen está novamente gozando de boa reputação. As vinícolas de Rheinhessen estão entre as mais bem decoradas, e renomados críticos de vinho e guias de vinhos também enfatizam a qualidade dos vinhos. Normalmente é Riesling ou Silvaner, mas alguns vinhos tintos também são elogiados.

E esse “boom” do vinho tinto, tem sido apoiado principalmente pela variedade de uva Dornfelder. A área de superfície para variedades vermelhas mais do que dobrou em uma década e agora um terço dos vinhedos de Rhinehessen são plantados com uvas tintas.

E falando em variedades de uvas em Rheinhessen 72% dos vinhedos de Rheinhessen são plantados com variedades de uvas brancas. O vinho tinto é cultivado extensivamente na área ao redor de Ingelheim e em Wonnegau.  Riesling (27,6%) e Müller-Thurgau (aprox. 11,3%) dominam a gama de vinhos brancos. Além disso, Dornfelder (10,8%), Silvaner (4,4%), Portugieser (3,8%), Pinot Noir ( 6,6%), Pinot Gris (6,7%), Pinot Blanc (5,4%) e Kerner (2,7%) são cultivados. O Scheurebe, que costumava ser popular devido à sua gama de aromas, está cada vez mais sendo substituído pelo Sauvignon Blanc. 

O cultivo de Riesling está concentrado no Reno ao redor das cidades de Nackenheim, Nierstein e Oppenheim. O cultivo é favorecido por temperaturas amenas, muito sol e pouca chuva.

Os viticultores de Rheinhessen produzem vinhos modernos e simples, bem como produtos de alta qualidade. A Selection Rheinhessen existe desde a década de 1990 - uma classe ambiciosa de vinhos finos e secos. Esta iniciativa visa promover vinhos autênticos ao mais alto nível. Os vinicultores de Rheinhessen também são especialistas em vinhos espumantes. Eles lançaram o primeiro vinho espumante do mercado há 25 anos e nos últimos anos uma notável cultura do vinho espumante se desenvolveu na região nos últimos anos.

Nomenclatura e definições dos vinhos alemães

O medo do desconhecido é o principal empecilho do vinho alemão. Devido aos conceitos, às expressões e ao idioma, o país possui um dos rótulos mais difíceis do mundo para compreender. Esse conteúdo vai além da safra, região de origem, teor alcoólico, uva e o nome do produtor, pois trazem dados como categoria de qualidade, número do teste de controle de qualidade, tipo e estilo do vinho. Aliás, existem alguns dados que são obrigatórios e outros que são apenas opcionais.

O vinho alemão passa por um rigoroso teste de controle de qualidade (A.P.NR.), desenvolvido pela Sociedade Alemã de Agricultura (DLG). Além disso, seus exemplares são divididos em categorias de qualidade. Essa categorização depende de dois fatores: maturidade e qualidade das uvas, e a especificidade e tipicidade da região. As categorias de qualidade podem ser consideradas um sinônimo das Denominações de Origem, por também conter regras e normas específicas como área delimitada, uvas autorizadas, entre outros.

Deutscher Wein

São os vinhos mais simples de todas as categorias. Os vinhos podem ser produzidos com uvas colhidas em vinhedos de todo o território alemão.

Landwein

Assim como a Deutscher Wein, também possui vinhos simples, quando relacionado aos de outras categorias. Pode ser comparado aos IGP’s de outros países europeus. 85% das uvas devem ser provenientes de vinhedos de regiões reconhecidas pela categoria.

Qualitätswein bestimmter Anbaugebiet (QbA)

É considerada a categoria dominante no país. As uvas precisam ser autorizadas e atingir um grau mínimo exigido de maturação. As uvas devem ser permitidas pela categoria e provenientes de uma das treze regiões vitícolas específicas. Além disso, o nome da região precisa estar estampado no rótulo. Os rótulos podem conter termos que indicam o nível de doçura do vinho como:

Trocken: vinho seco.

Halbtrocken: vinho meio-seco ou ligeiramente doce.

Feinherb: um termo não oficial para descrever vinhos semelhantes ao Halbtrocken.

Liebliche: vinho doce.

Em setembro de 1994, foi permitida a criação de uma subcategoria QbA, a Qualitätswein garantierten Ursprungs (QGU). Comparada a uma Denominação de Origem Controlada e Garantida, a QGU abrange uma região, vinha ou aldeia específica, que expressa além de alta qualidade, tipicidade. Nessa categoria, os vinhos passam por rigorosas análises sensoriais e analíticas.

Qualitätswein mit Prädikat (QmP) ou Prädikatswein

As uvas devem ser permitidas pela categoria e provenientes de uma das treze regiões vitícolas específicas. Além disso, o nome da região precisa estar estampado no rótulo. As uvas devem atingir um grau específico de maturação, açúcar e teor alcoólico natural. Os rótulos precisam estampar alguns atributos específicos referentes ao nível de maturação das uvas e ao método de colheita:

Kabinett: colheita realizada com uvas completamente maduras. Gera vinhos mais leves e com baixo teor alcoólico.

Spätlese: colheita tardia, ou seja, as uvas são colhidas em um período posterior ao considerado ideal. Gera vinhos concentrados e com intenso aroma, mas não especificamente com o paladar adocicado.

Auslese: uvas colhidas muito maduras, mas apenas os cachos selecionados. Gera vinhos nobres, com intensidade tanto no aroma quanto no paladar. A doçura no paladar não é uma regra.

Eiswein: uvas sobreamadurecidas como a Beerenauslese, porém colhidas e prensadas congeladas. Gera vinhos nobres e singulares, com alta concentração.

Trockenbeerenauslese (TBA): uvas sobreamadurecidas, infectadas por Botrytis cinerea, que secam por um determinado tempo adquirindo características próximas a de uvas passas. Gera vinhos doces, ricos e nobres.

Beerenauslese (BA): uvas sobreamadurecidas, infectadas por Botrytis cinerea, com seleção criteriosa dos bagos. Essas uvas são colhidas apenas em safras excepcionais. Gera vinhos longevos, ricos e doces.

E agora finalmente o vinho!

Na taça entrega um lindo e brilhante amarelo palha com alguns reflexos esverdeados, com discreta manifestação de finas lágrimas.

No nariz traz aromas de frutas brancas, frutas silvestres e amarelas, onde se destacam pêssego, damasco, pera, melão, maçã-verde, com delicadas notas florais, de flores brancas, um tom de mineralidade que o torna fresco e jovial.

Na boca é razoavelmente seco, mas traz um delicado adocicado que me remete a mel, mas sem soar enjoativo. É equilibrado, saboroso, elegante, porém com um belo volume de boca, com certa cremosidade, acidez equilibrada, que estimula à gastronomia e um final longo, prolongado.

O terroir alemão, a cultura alemã vai se chegando aos poucos à minha realidade enófila. Rótulo por rótulo, vou me familiarizando, cada sabor, cada aroma, cada característica vai se construindo de forma interessante, as experiências sensoriais traz o prazer, a alegria, a celebração de degustar um vinho alemão, personificando em sua milenar história, de produtores que amam o vinho e os sintetizam em sua cultura. Max Mann entrega todas as características, as mais marcantes dessa nova queridinha casta, a Riesling. Leve, mas marcante, delicado, mas que impacta positivamente ao paladar, ao olfato. Hoje posso dizer que decisivamente a Riesling está no meu rol das preferidas castas brancas. Que venham mais e mais Rieslings e que possamos, mais e mais, viajar, por intermédio dos vinhos, aos solos férteis da velha Alemanha. Tem 11,5% de teor alcoólico.

Sobre a Moselland eG:

Dificuldades econômicas como uma história de sucesso

Às vezes, é a necessidade que torna as pessoas criativas e, portanto, se torna a base de uma história de sucesso específica. Foram as dificuldades econômicas que levaram os viticultores de Moselle há mais de cem anos, inicialmente em associações menores e depois em cooperativas de viticultores.

Associação de cooperativas regionais

Em 1968, as cooperativas de viticultores regionais de Ernst e Wehlen e a vinícola principal de Koblenz se fundiram para se comprometerem conjuntamente com vinhos e vinicultores regionais no futuro e para combinar suas próprias tradições com as inovações necessárias. Em 1969, o Saar Winzerverein de Wiltingen seguiu a fusão e o Moselland eG foi criado, com sede em Bernkastel-Kues - uma garantia de alta qualidade consistente por décadas. Motivo suficiente para muitos vinicultores do Nahe aderirem ao conceito de sucesso em 2000.

Colaborações voltadas para o futuro

Desde 2004, Moselland eG tem cooperado com a cooperativa vinícola de Nierstein (Rheinhessen) e a cooperativa vinícola regional de Rietburg. Este último resultou na fusão com a cooperativa Palatinate em 2011.

Mais informações acesse:

https://www.moselland.de/

Referências:

“Vinho sem Segredo”: https://vinhosemsegredo.com/2011/05/02/nomenclatura-do-vinho-alemao-i/

“Winepedia”: https://www.wine.com.br/winepedia/dicas/como-ler-rotulos-alemanha/

“Wikipedia”: https://newmascotcostumessupply.com/ru-dept/wiki/Rheinhessen_%28Weinanbaugebiet%29#%C3%9Cberblick

“German Wines”: https://www.germanwines.de/tourism/wine-growing-regions/rheinhessen/ 


 





segunda-feira, 17 de maio de 2021

J. Meyer Pinot Noir 2018

 

O meu atual estado de espírito enófilo está fazendo com que eu trafegue de forma inigualável e diria até inimaginável pelo universo do vinho e, com isso, eu chego a uma óbvia conclusão: por ser um universo ele ainda tem muito a oferecer, muitas galáxias a ser exploradas e muitas surpresas a nos proporcionar. Eu nunca esperei, como degustador de bebida de Baco, degustar vinhos germânicos. Para mim o que era acessível eram as proeminentes e viscerais bandas de rock n’ roll, bem como o seu vistoso futebol quatro vezes campeão mundial.

Sempre ouvi que naquelas terras produziam e produzem, de forma prolífica, grandes vinhos, tendo como carro-chefe a casta branca Riesling. Mas pouco conhecia, pouco sabia, pouco acesso a rótulos eu tinha, isso nos idos do início da década de 2000, quando eu comecei a flertar com os rótulos de castas vitis viníferas. A oferta, convenhamos, também era incipiente, poucos vinhos alemães adentravam o mercado brasileiro e quando acontecia os valores estavam além do que um reles trabalhador brasileiro, como eu, poderia ter.

Mas, aos poucos e em silêncio, fui acompanhando o florescer, que ainda acontece dos rótulos alemães ofertados em terras brasilis. Ainda está aquém, está um pouco lento, precisamos de mais opções de rótulos com valores mais amigáveis, com uma relação custo X benefício condizente para que, cada brasileiro tenha acesso, indistintamente aos rótulos da Alemanha.

Até que um belo dia, um grande e querido amigo de confraria, me disse que fez uma aquisição de um Pinot Noir alemão. Praticamente o intimei a leva-lo em nossa próxima degustação, afinal não podíamos deixar de celebrar a amizade degustando um néctar germânico! E ele, de posse da garrafa, veio até a minha casa e, ansiosos, mas felizes, nos preparamos para encher as nossas taças de prazer vínico.

Então o vinho que degustei e gostei veio da região alemã de Pfalz, um Pinot Noir, conhecida na Alemanha pelo nome de Spätburgunder, e se chama J. Meyer, da safra 2018. Se trata de um “Qualitätswein bestimmter Anbaugebiet (QbA)”. E como eu não me atenho apenas a degustação o que já é significativo, fui buscar algumas informações sobre a Pinot Noir na Alemanha e descobri que não é apenas a Riesling que faz sucesso por lá, mas a Spätburgunder também, sobretudo pelo clima frio da Alemanha, onde a Pinot Noir encontra o seu melhor habitat, sobretudo na emblemática região de Pfalz. Falemos dela e também das nomenclaturas dos vinhos alemães, que está intimamente ligada a questão da proposta do vinho.

Pfalz

Localizada no sudoeste da Alemanha e fazendo fronteira com a Alsácia, na França, Pfalz é famosa por seus vinhos. É a segunda maior das 13 regiões vinícolas do país, com mais de três mil famílias de vinicultores dedicadas à produção de vinho. Região estreita de 22.000ha, o Platinado se estende a oeste do Reno, por cerca de 80 km seguindo um eixo norte-sul. Divide-se em três setores: Mittelhaardt (Haardt média), Deutschen Weinstraße (Rota Alemã do Vinho) e Südliche Weinstrasse (Rota Sul do Vinho). Os melhores vinhedos ladeiam as encostas a leste da Floresta do Platinado. A região é famosa pela qualidade de seus vinhos brancos, particularmente por seus Rieslings, vinhos de caráter, minerais, geralmente encorpados, mas também muito finos. A produção dos vinhos tintos é muito limitada, mas sua qualidade é geralmente excelente.

Pfalz

A região vinícola do Palatinado, denominada oficialmente de Pfalz, pode ser descoberta da melhor maneira pela Rota Alemã do Vinho (Deutschen Weinstraße). Essa rota turística de vinhos, a mais antiga do gênero no mundo, liga diversas cidades produtores de vinho, de Bockenheim, ao norte, a Schweigen, na fronteira com a França. A rota permite conhecer de maneira agradável a região vinícola entre a floresta Pfälzerwald e o Reno.

Pfalz possui uma grande variedade de solos: arenito (na maior parte da região), calcário erodido, ardósia, rocha basáltica e loess (sedimento fértil de cor amarela que só existe em algumas partes da Europa e da China), entre outros - o que permite o cultivo de amplo sortimento de castas de uvas tintas e brancas. Comparado a outras regiões alemãs, o clima de Pfalz é mais quente, porém ameno. Não há invernos rigorosos e verões de altíssimas temperaturas. A chuva acontece na medida certa e tudo isto beneficia o cultivo das uvas, influenciando diretamente na qualidade destas.

Em Pfalz são cultivadas 45 castas de uva branca e 22 de uva tinta. Aproximadamente 25% dos vinhedos do local são cultivados com a variedade Riesling, por isso, Pfalz é considerada a maior produtora destas uvas em todo o mundo. Entretanto, 40% dos vinhedos são de frutas tintas, e a região é a maior produtora de vinhos tintos do país. Além da Riesling, as uvas brancas Gewürztraminer e Scheurebe são destaque na região. Entre as tintas cultivadas em Pfalz temos Dornfelder, Portugieser, Spätburgunder (Pinot Noir) e Regent, além das mundialmente conhecidas Cabernet Sauvignon, Merlot, Tempranillo e Syrah. Em Pfalz a Pinot Noir dá os melhores resultados dentre as regiões alemãs.

Nomenclatura e definições dos vinhos alemães

O medo do desconhecido é o principal empecilho do vinho alemão. Devido aos conceitos, às expressões e ao idioma, o país possui um dos rótulos mais difíceis do mundo para compreender. Esse conteúdo vai além da safra, região de origem, teor alcoólico, uva e o nome do produtor, pois trazem dados como categoria de qualidade, número do teste de controle de qualidade, tipo e estilo do vinho. Aliás, existem alguns dados que são obrigatórios e outros que são apenas opcionais. O vinho alemão passa por um rigoroso teste de controle de qualidade (A.P.NR.), desenvolvido pela Sociedade Alemã de Agricultura (DLG). Além disso, seus exemplares são divididos em categorias de qualidade. Essa categorização depende de dois fatores: maturidade e qualidade das uvas, e a especificidade e tipicidade da região. As categorias de qualidade podem ser consideradas um sinônimo das Denominações de Origem, por também conter regras e normas específicas como área delimitada, uvas autorizadas, entre outros.

Deutscher Wein: São os vinhos mais simples de todas as categorias. Os vinhos podem ser produzidos com uvas colhidas em vinhedos de todo o território alemão.

Landwein: Assim como a Deutscher Wein, também possui vinhos simples, quando relacionado aos de outras categorias. Pode ser comparado aos IGP’s de outros países europeus. 85% das uvas devem ser provenientes de vinhedos de regiões reconhecidas pela categoria.

Qualitätswein bestimmter Anbaugebiet (QbA): É considerada a categoria dominante no país. As uvas precisam ser autorizadas e atingir um grau mínimo exigido de maturação. As uvas devem ser permitidas pela categoria e provenientes de uma das treze regiões vitícolas específicas. Além disso, o nome da região precisa estar estampado no rótulo. Os rótulos podem conter termos que indicam o nível de doçura do vinho como:

Trocken: vinho seco.

Halbtrocken: vinho meio-seco ou ligeiramente doce.

Feinherb: um termo não oficial para descrever vinhos semelhantes ao Halbtrocken.

Liebliche: vinho doce.

Em setembro de 1994, foi permitida a criação de uma subcategoria QbA, a Qualitätswein garantierten Ursprungs (QGU). Comparada a uma Denominação de Origem Controlada e Garantida, a QGU abrange uma região, vinha ou aldeia específica, que expressa além de alta qualidade, tipicidade. Nessa categoria, os vinhos passam por rigorosas análises sensoriais e analíticas.

Qualitätswein mit Prädikat (QmP) ou Prädikatswein

As uvas devem ser permitidas pela categoria e provenientes de uma das treze regiões vitícolas específicas. Além disso, o nome da região precisa estar estampado no rótulo. As uvas devem atingir um grau específico de maturação, açúcar e teor alcoólico natural. Os rótulos precisam estampar alguns atributos específicos referentes ao nível de maturação das uvas e ao método de colheita:

Kabinett: colheita realizada com uvas completamente maduras. Gera vinhos mais leves e com baixo teor alcoólico.

Spätlese: colheita tardia, ou seja, as uvas são colhidas em um período posterior ao considerado ideal. Gera vinhos concentrados e com intenso aroma, mas não especificamente com o paladar adocicado.

Auslese: uvas colhidas muito maduras, mas apenas os cachos selecionados. Gera vinhos nobres, com intensidade tanto no aroma quanto no paladar. A doçura no paladar não é uma regra.

Eiswein: uvas sobreamadurecidas como a Beerenauslese, porém colhidas e prensadas congeladas. Gera vinhos nobres e singulares, com alta concentração.

Trockenbeerenauslese (TBA): uvas sobreamadurecidas, infectadas por Botrytis cinerea, que secam por um determinado tempo adquirindo características próximas a de uvas passas. Gera vinhos doces, ricos e nobres.

Beerenauslese (BA): uvas sobreamadurecidas, infectadas por Botrytis cinerea, com seleção criteriosa dos bagos. Essas uvas são colhidas apenas em safras excepcionais. Gera vinhos longevos, ricos e doces.

E agora o vinho!

Na taça tem um lindo vermelho rubi, brilhante, bem intenso para um Pinot Noir, mas com aquele tom tipicamente grená com algumas formações de finas lágrimas em média intensidade.

No nariz tem aquela indefectível presença de frutas vermelhas, tais como framboesa e morango, com um discreto toque herbáceo, algo de especiarias.

Na boca é muito frutado, as frutas vermelhas aparecem divinamente, com alguma estrutura, mas macio, delicado e elegante, com taninos polidos e uma boa acidez evidenciando o seu frescor. Tem um final longo, persistente.

Mais um degrau para a nossa história enófila, mais um canto deste vasto universo explorado. O meu primeiro Pinot Noir alemão! Um Pinot Noir como deve ser: frutado, macio, elegante, agradável, sobretudo em uma tarde outonal de sábado e com uma grande companhia do meu fraternal amigo que diretamente foi responsável por degustar esse néctar de Baco e Dionísio. Toques sutis de frutas maduras, algo mais “ousado” para um Pinot Noir, tais como alguma estrutura, um pouco de especiarias, algo mais expressivo talvez, mas sem perder a majestade de um genuíno Pinot Noir. Um vinho especial para um momento especial e que possamos navegar para mares nunca dantes navegados e que possamos nos inebriar de momentos únicos: boas degustações e grandes amizades. Celebremos sempre! Tem 13,5% de teor alcoólico.

Sobre a Moselland:

A princípio, no século XIX, muitos produtores individuais da Alemanha se uniram por necessidade econômica para formar pequenas cooperativas vitícolas: eles pretendiam trabalhar com mais eficiência, unindo forças.

Em seguida, em 1969, as principais cooperativas se fundiram com a Hauptkellerei Koblenz para formar a maior cooperativa vitícola do estado de Rheinland-Pfalz. Desse modo, o resultado foi a criação da Moselland, localizada em Bernkastel Kues, que por mais de um quarto de século, foi um nome garantiu alta qualidade.

Sendo assim, na Moselland, a qualidade começa bem na vinha. Os viticultores são especialistas em gerenciamento de vinhedos, desde o plantio até a colheita, assim produzem uvas da mais alta qualidade que são entregues em nas estações de prensagem e coleta, ao lado das vinhas. Além disso, a equipe altamente qualificada assume o processo de vinificação usando os mais modernos maquinários.

Mais informações acesse:

https://www.moselland.de/

Referências:

Vinho sem Segredo: https://vinhosemsegredo.com/2011/05/02/nomenclatura-do-vinho-alemao-i/

Winepedia: https://www.wine.com.br/winepedia/dicas/como-ler-rotulos-alemanha/

“Art des Caves”: https://blog.artdescaves.com.br/conheca-pfalz-regiao-que-mais-produz-vinhos-alemanha

“Carpevinum”: https://www.carpevinum.com.br/loja/noticia.php?loja=677095&id=255

 

 

 

 


 









domingo, 6 de setembro de 2020

Rebgarten Riesling 2018


Sempre tive a impressão de que os vinhos alemães estavam distantes de mim, ou seja, nunca tive a expectativa de degustar os vinhos germânicos. Confesso não saber exatamente o motivo: talvez pela baixa oferta de rótulos disponíveis no mercado brasileiro ou ainda pelo fato dos poucos vinhos disponíveis por aqui serem de um custo demasiadamente alto. Sempre li ou ouvi dizer que os Rieslings alemães eram os melhores e de que todo bom enófilo deveria, ao menos uma vez na vida, degustar um Riesling alemão. Ao longo dos anos alimentei esse sonho para mim: degustar um Riesling alemão, eu precisava ter essa oportunidade em minha vida e, cada vez que eu lia e conhecia um pouco sobre a história da vitivinicultura alemã e as características marcantes do Riesling eu nutria essa necessidade de degustar, ao menos um rótulo dessa casta, desse país. Foi quando meu grande amigo Paulo me diz que ganhara um Riesling alemão e me convidou para degusta-lo junto com ele a referia garrafa, fiquei animado, primeiramente, é claro, com o nosso reencontro e também em degustar o tão esperado Riesling alemão.

O vinho que degustei e gostei veio da região de Mosel, Alemanha e se chama Rebgarten da casta Riesling (100%), da safra 2018. Pronto! O momento chegou, o vinho estava diante de mim! O tão desejado Riesling alemão iria povoar a minha taça! Tudo me parecia, é de fato era tão novo! País, castas, regiões vinícolas, tudo era novidade. E como tal, precisamos contar um pouco a história de tudo e todos. Comecemos então pela região de Mosel, depois falemos sobre as definições dos vinhos alemães que sempre me pareceu algo distante.

Mosel, a terra do Riesling

Os rios Mosela, Sarre e Ruwer deslizam por curvas estreitas e tortuosas através de um território no qual os celtas e os romanos já cultivavam vinho 2.000 anos atrás. A região do Mosela, que leva a denominação alemã Mosel, é a mais antiga região vinícola da Alemanha e a maior região de cultivo de vinho em encostas. As encostas e terraços voltados para o sul ou sudoeste proporcionam um microclima excelente para as uvas, como também para plantas e animais raros. Por isso, os vinhos minerais e elegantes do Riesling das encostas, produzidos na região do Mosela, Sarre e Ruwer, estão entre os melhores vinhos brancos do mundo. 

Mosel

Com 8.800 hectares de vinhedos, Mosel é a quinta maior região vinícola da Alemanha. A uva Riesling é a número 1 nas encostas de vinhedos: 5.273 hectares (60%) estão cultivados com a rainha das uvas brancas. Uma especialidade da região Mosel é a antiga casta Elbling, que só é cultivada em maiores quantidades na região do Alto Mosela (Obermosel). Outras variedades importantes de vinho branco são Müller-Thurgau, também chamada de Rivaner, além da Weißer e Grauer Burgunder. 90% de todos os vinhos são brancos, as castas de tintos, como Blauer Spätburgunder, Dornfelder, Regent e outras, ocupam apenas 10% do território cultivado. Os atuais vinhedos estão sobre terrenos que antes ficavam no fundo do mar, em praias ou áreas de maré: sedimentos de oceanos pré-históricos tornaram-se montanhas e sofreram erosão ao longo de milhões de anos. As encostas do Sarre do Ruwer e do Médio Mosela são compostas de ardósia devoniana com mais de 400 milhões de anos. No Baixo Mosela, entre Zell e Kobelnz, há arenito de quatzito e cal com ardósia. O Alto Mosela pertence à Bacia Parisiense. Ali as videiras estão sobre rochas de dolomita, com solos de coquina, Keuper e marga. Uma especialidade é a chamada "Rotliegend" em Ürzig/Médio Mosela, uma rocha vermelha de origem vulcânica. O Mosela e seus afluentes causaram uma profunda erosão nas montanhas conhecidas Rheinische Schiefergebirge, criando com isso as condições geológicas e climáticas necessárias para a vinicultura. Devido à localização protegida dos vales, a região é uma das zonas climáticas mais quentes da Alemanha, e o acúmulo de calor dos rios impede geadas. Invernos pouco rigorosos e verões amenos são comuns. A temperatura média anual fica entre 9,1 e 10,5 graus Celsius, a quantidade anual de chuvas tem uma média de 800 mm. A duração média de luz do sol por ano é de 1.370 Stunden.

Nomenclatura e definições dos vinhos alemães

O medo do desconhecido é o principal empecilho do vinho alemão. Devido aos conceitos, às expressões e ao idioma, o país possui um dos rótulos mais difíceis do mundo para compreender. Esse conteúdo vai além da safra, região de origem, teor alcoólico, uva e o nome do produtor, pois trazem dados como categoria de qualidade, número do teste de controle de qualidade, tipo e estilo do vinho. Aliás, existem alguns dados que são obrigatórios e outros que são apenas opcionais. O vinho alemão passa por um rigoroso teste de controle de qualidade (A.P.NR.), desenvolvido pela Sociedade Alemã de Agricultura (DLG). Além disso, seus exemplares são divididos em categorias de qualidade. Essa categorização depende de dois fatores: maturidade e qualidade das uvas, e a especificidade e tipicidade da região. As categorias de qualidade podem ser consideradas um sinônimo das Denominações de Origem, por também conter regras e normas específicas como área delimitada, uvas autorizadas, entre outros.


Deutscher Wein

São os vinhos mais simples de todas as categorias. Os vinhos podem ser produzidos com uvas colhidas em vinhedos de todo o território alemão.

Landwein

Assim como a Deutscher Wein, também possui vinhos simples, quando relacionado aos de outras categorias. Pode ser comparado aos IGP’s de outros países europeus. 85% das uvas devem ser provenientes de vinhedos de regiões reconhecidas pela categoria.

Qualitätswein bestimmter Anbaugebiet (QbA)

É considerada a categoria dominante no país. As uvas precisam ser autorizadas e atingir um grau mínimo exigido de maturação. As uvas devem ser permitidas pela categoria e provenientes de uma das treze regiões vitícolas específicas. Além disso, o nome da região precisa estar estampado no rótulo. Os rótulos podem conter termos que indicam o nível de doçura do vinho como:

Trocken: vinho seco.

Halbtrocken: vinho meio-seco ou ligeiramente doce.

Feinherb: um termo não oficial para descrever vinhos semelhantes ao Halbtrocken.

Liebliche: vinho doce.

Em setembro de 1994, foi permitida a criação de uma subcategoria QbA, a Qualitätswein garantierten Ursprungs (QGU). Comparada a uma Denominação de Origem Controlada e Garantida, a QGU abrange uma região, vinha ou aldeia específica, que expressa além de alta qualidade, tipicidade. Nessa categoria, os vinhos passam por rigorosas análises sensoriais e analíticas.

Qualitätswein mit Prädikat (QmP) ou Prädikatswein

As uvas devem ser permitidas pela categoria e provenientes de uma das treze regiões vitícolas específicas. Além disso, o nome da região precisa estar estampado no rótulo. As uvas devem atingir um grau específico de maturação, açúcar e teor alcoólico natural. Os rótulos precisam estampar alguns atributos específicos referentes ao nível de maturação das uvas e ao método de colheita:

Kabinett: colheita realizada com uvas completamente maduras. Gera vinhos mais leves e com baixo teor alcoólico.

Spätlese: colheita tardia, ou seja, as uvas são colhidas em um período posterior ao considerado ideal. Gera vinhos concentrados e com intenso aroma, mas não especificamente com o paladar adocicado.

Auslese: uvas colhidas muito maduras, mas apenas os cachos selecionados. Gera vinhos nobres, com intensidade tanto no aroma quanto no paladar. A doçura no paladar não é uma regra.

Eiswein: uvas sobreamadurecidas como a Beerenauslese, porém colhidas e prensadas congeladas. Gera vinhos nobres e singulares, com alta concentração.

Trockenbeerenauslese (TBA): uvas sobreamadurecidas, infectadas por Botrytis cinerea, que secam por um determinado tempo adquirindo características próximas a de uvas passas. Gera vinhos doces, ricos e nobres.
Beerenauslese (BA): uvas sobreamadurecidas, infectadas por Botrytis cinerea, com seleção criteriosa dos bagos. Essas uvas são colhidas apenas em safras excepcionais. Gera vinhos longevos, ricos e doces.

E agora o vinho!

Na taça o vinho apresenta um amarelo palha com reflexos esverdeados, muito brilhantes e de aspecto límpido.

No nariz é muito delicado, com aromas de frutas brancas e tropicais como pera, maça verde, abacaxi, com notas florais.

Na boca traz um discreto e agradável toque adocicado, sem soar enjoativo, lembra mel, sendo frutado, com uma bela acidez, alguma cremosidade e um final mineral bem persistente.

Um belo Riesling alemão, um Qualitätswein bestimmter Anbaugebiet (QbA), da região de Mosel que é digno de reverências. Pronto! Graças a esse belo Riesling aprendi um pouco sobre o vinho alemão e suas definições de qualidade. Mas melhor do que isso, foi degustar esse vinho fresco, leve, graças a sua bela acidez. Um vinho maiúsculo, saboroso e que vai ficar na minha história. Ah ela vai continuar a ser escrita pois em minha adega já tem outro rótulo alemão da casta Riesling, o que já é outra história que em breve será escrita. Tem 10,5% de teor alcoólico.

Sobre a Moselland eG:

Dificuldades econômicas como uma história de sucesso

Às vezes, é a necessidade que torna as pessoas criativas e, portanto, se torna a base de uma história de sucesso específica. Foram as dificuldades econômicas que levaram os viticultores de Moselle há mais de cem anos, inicialmente em associações menores e depois em cooperativas de viticultores.

Associação de cooperativas regionais

Em 1968, as cooperativas de viticultores regionais de Ernst e Wehlen e a vinícola principal de Koblenz se fundiram para se comprometerem conjuntamente com vinhos e vinicultores regionais no futuro e para combinar suas próprias tradições com as inovações necessárias. Em 1969, o Saar Winzerverein de Wiltingen seguiu a fusão e o Moselland eG foi criado, com sede em Bernkastel-Kues - uma garantia de alta qualidade consistente por décadas. Motivo suficiente para muitos vinicultores do Nahe aderirem ao conceito de sucesso em 2000.

Colaborações voltadas para o futuro

Desde 2004, Moselland eG tem cooperado com a cooperativa vinícola de Nierstein (Rheinhessen) e a cooperativa vinícola regional de Rietburg. Este último resultou na fusão com a cooperativa Palatinate em 2011.

Mais informações acesse:


Fontes de pesquisa: