Claro que também existe sempre uma
vasta confusão taxonômica com nomes que a todo instante mudam conforme os
tempos e localidades, como:
·
Sumarello;
·
Uva di Canosa;
·
Uva di Barletta;
·
Tranese;
·
Uva della Marina.
A primeira vez que o termo Uva di
Troia aparece em documentos oficiais está nos estudos ampelográficos do
Professor Giuseppe Frojo em 1875. Ele era Diretor da Cantina Sperimentale di
Barletta e era admirador da cultura neoclássica. Então Frojo rebatizou o então
chamado Vitigno di Canosa como Uva di Troia. Depois o “Nero” foi incorporado ao
nome.
Embora hoje existem muitos clones
disponíveis da Nero di Troia, dois biótipos muito diferentes entre si são
geralmente identificados hoje, a versão Barletta ou Ruvo e a versão Canosa. A
Barletta tem cachos e bagos de grande porte, enquanto a Canosa traz bagos
cilíndricos e menores.
A segunda possui cultivo mais
complexo, principalmente graças ao longo período e maturação, que a deixa com o
risco de ficar exposta a situações climáticas adversas. Por causa disso, a
dificuldade do plantio tem propiciado uma, cada vez maior, escassez desta uva. É
necessária muita paciência, paixão e recursos para conseguir produzir uma
bebida de qualidade.
Mas a Nero di Troia é bastante
resistente a uma ampla variedade de pragas comuns nos vinhedos. Ela é muito
adaptada ao clima quente e seco da Puglia, mas está sendo cada vez menos
cultivada. Muitos produtores, nos últimos anos, têm substituído seus vinhedos,
plantando Negroamaro e Primitivo, consideradas mais rentáveis comercialmente.
Além disso, entre as três, a Nero
di Troia é a que demora mais para amadurecer. Para dar um exemplo, por volta do
ano 2000, a área cultivada era um quinto do que era dos anos 70, com cerca de
1700 hectares plantados.
Os aromas mais encontrados nos
vinhos produzidos com esse tipo de uva são os de cereja preta madura, amora,
tabaco, cacau, cassis, anis e notas florais de violetas.
Vinhos que utilizam a Uva di Troia
em sua elaboração são vinhos profundos, complexos, de cor viva e rico em
polifenóis, especialmente, os taninos.
Já os vinhos de corte produzidos
com ela apresentam certa adstringência, típica, atenuada, que se evidencia, por
exemplo, nos rótulos com a participação da uva Montepulciano. Outros tipos de
uva utilizados com bastante frequência junto à Uva di Troia são as variedades
Bombino Nero e Sangiovese.
Atualmente existe uma tendência de
vinificar a Nero di Troia em vinhos varietais, em geral notáveis. E como que os
enólogos lidam com tantos taninos, em vinhos varietais? Com temperaturas
moderadas, com macerações mais curtas.
E agora finalmente o vinho!
Na taça revela um intenso e
profundo rubi com halos granada, com alguma viscosidade e lágrimas grossas,
lentas e em profusão que mancham as bordas do copo.
No nariz um ataque de frutas
vermelhas e pretas bem maduras, em compota. Trouxe também no início algo doce,
meio caramelizado, com alguma intensidade, depois se equilibrando no
transcorrer da degustação, tendo ainda toques de terra molhada, tabaco doce,
especiarias, muita rusticidade.
Na boca é cheio, volumoso,
estruturado, alcoólico, mas macio e elegante, fácil de degustar dado o seu
equilíbrio, com um residual de açúcar que não compromete. As notas frutadas,
como no aspecto olfativo, também protagoniza, com discretos toques amadeirados,
graças aos 15% do lote que passou cerca de 4 meses em barricas de carvalho,
trazendo ainda algo de chocolate e especiarias. Tem taninos marcados,
presentes, mas domados, com acidez pouco elevada, baixa e um final longo.
Notas do produtor: “Cerca de 15% do nosso Nero di Troia
estagiou em barricas de carvalho por alguns meses, o restante em tanques de aço
inox. O objetivo enológico da empresa é dar uma leve nota de baunilha picante,
delicada e não muito invasiva”.
Um vinho volumoso, carnudo,
intenso e complexo, mas que privilegiou cada característica da Nero di Troia e
que valeu cada centavo! E que singular degustar uma casta, no formato varietal,
que sequer na Itália, em Puglia, é popular, muito mal em blends. Apelo
regional, cultural de uma casta nativa que entrega o que há de melhor em
Puglia. Nada melhor que se aventurar em novas castas, novas percepções, novas
experiências sensoriais. Tem 14% de teor alcoólico.
Sobre a Vinícola Rocca:
Antes de tudo na história da
vinícola, ela começa no final do século XIX, iniciada por Francesco Rocca. Em
seguida seu filho, Angelo, aprimora a produção em 1936 e finalmente a
transforma em adega em Nardò, Apúlia.
Posteriormente, na década de 1960,
Ernesto Rocca, filho de Angelo, comprou a primeira linha de engarrafamento e
iniciou a distribuição de produtos sob a marca Rocca.
Depois que houve a compra de uma
fazenda em Leverano em 1999, uma década mais tarde a Rocca Family se torna o
principal acionista da vinícola histórica Dezzani, no Piemonte, realizando
novas sinergias comerciais e produtivas.
Por conseguinte, Paolo, Marco,
Luca e Matteo (filhos de Ernesto), compartilhando deveres e responsabilidades,
administram os negócios da família, que inclui também uma empresa de construção
e uma importante fazenda de cavalos de trote.
Por fim Emanuele e Ernesto Jr.,
filhos de Luca e Marco, respectivamente, representam hoje orgulhosamente a quinta
geração do mundo do vinho.
Em outras palavras, em cinco
gerações a família transmite a paixão pelo envelhecimento de vinhos em barris
de carvalho, que hoje toca uma vinícola que exporta a produção para mais de 40
países.
Mais informações acesse:
https://roccavini.com/en/
Referências:
“Vinhos e Castelos”: https://vinhosecastelos.com/vinhos-de-puglia-italia/
“Brasil na Puglia”: https://www.brasilnapuglia.com/os-vinhos-da-puglia/
“Enologuia”: https://enologuia.com.br/regioes/277-puglia-terra-de-muitos-vinhos
“Tintos & Tantos”: http://www.tintosetantos.com/index.php/escolhendo/cepas/761-nero-di-troia
“Enologuia”: https://enologuia.com.br/uvas/259-uva-nero-di-troia-a-sulista-da-terra-da-bota
“Blog dos Vinhos”: https://blogdosvinhos.com.br/conheca-a-uva-nero-di-troia/
“Center Gourmet”: https://centergourmet.com.br/rocca-nero-di-troia-puglia-2019/