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segunda-feira, 18 de março de 2024

Adega de Monção Alvarinho e Trajadura 2021

 


Vinho: Adega de Monção

Casta: Alvarinho (50%) e Trajadura (50%)

Safra: 2021

Região: Monção e Melgaço (Vinhos Verdes)

País: Portugal

Produtor: Adega de Monção

Teor Alcoólico: 12%

Adquirido: Supermercado Mundial (Niterói/RJ)

Valor: R$ 52,50

 

Análise:

Visual: apresenta um amarelo palha, pálido, com nuances esverdeadas e brilhantes.

Nariz: fresco, jovem e notas de frutas cítricas e tropicais, com destaque para lichia, pera, e pêssego, com algo mineral e floral.

Boca: repete-se o frescor e a leveza, bem como as notas frutadas e um discreto residual de açúcar, além de uma acidez média e salivante com um final persistente.

 

Produtor:

https://adegademoncao.pt/



domingo, 18 de junho de 2023

Varanda dos Reis Escolha 2021

 

Eu costumo dizer, usando um famoso jargão popular, que dou meu reino por um vinho verde! Acredito que tudo que eu dizer por aqui serei redundante, tamanho é meu apreço pela região do Minho, pela famosa região portuguesa dos Vinhos Verdes.

Mas que seja, melhor “pecar” pelo excesso do que qualquer outra coisa. Não deixo de exaltar a região e seus rótulos e não é por conta apenas de seu terroir especial, mas porque são vinhos que harmonizam muito bem com as características climáticas do Brasil, bem como as culturais também. Trata-se de vinhos solares!

É uma região que definitivamente entrou na rota de nosso mercado consumidor e se tornou um dos mais queridos de nosso país. Que sorte temos, pelo menos nesse quesito, de ser um grande exportador de vinhos do Velho Mundo.

De Velho Mundo os verdes nada têm. Eles têm a “cara”, o “DNA” do Brasil e de muitos outros países tropicais. São frescos, solares, frutados, cítricos, leves, agradáveis. São tradicionalmente saborosos. Claro que os produtores e a instituição que rege e regulamentam seus vinhos estão apostando em rótulos mais complexos e longevos, a Alvarinho tem essa vocação, mas o vinho verde que conhecemos é aquele que conheço desde sempre: leve, frutado e fresco!

Atualmente temos visto, bem timidamente é verdade, alguns produtores, pelo menos os mais famosos, trazer vinhos verdes mais complexos, com passagem por barricas de carvalho, com potencial de guarda, com os Alvarinhos, por exemplo.

Há quem diga que esses rótulos, essas propostas, são uma espécie de desserviço aos populares vinhos mais leves e despretensiosos, mas para outros os vinhos verdes mais estruturados e complexos traria mais credibilidade a região, sobretudo no quesito exportação, pois os mais leves são mais baratos e podem ser associados a vinhos ruins, ordinários, o que, convenhamos, é uma bobagem desmedida!

E o vinho de hoje está na “ala” dos mais simples, dos mais despretensiosos, de uma das belas vinícolas da região do Minho que eu descobri e que tem um acesso grande e variado de rótulos no Brasil. Falo da Vercoope! Tenho degustado bons e interessantes vinho desse belo produtor, ótimo custo X benefício.

O vinho de hoje é de uma linha de rótulos da Vercoope que recentemente entrou em nosso mercado chamada “Varanda dos Reis” e que, inclusive já degustei um 100% Loureiro, a minha casta preferida da região do Minho, e que vale a degustação, marquem o nome: Varanda dos Reis Loureiro 2021!

Sem mais delongas o vinho que degustei veio da Região dos Vinhos Verdes e se chama Varanda dos Reis Escolha, composto pelas castas Arinto (30%), Azal (30%), Loureiro (30%) e Trajadura (10%) da safra 2021. Já anima pelo fato de o blend trazer as castas típicas da região e também pela nomenclatura que traz: “Escolha”! 

Mas o que é, o que significa “Escolha” nos rótulos dos vinhos? Trata-se de uma denominação de qualidade, mas que não é uma denominação de origem, mas se assemelha a um reserva ou grande reserva, por exemplo. Significa que obteve uma qualificação, uns pontos acima do “normal”, dos vinhos regionais, por exemplo, pelo organismo ou instituição que certifica o vinho.

Mais um quesito que poderá tornar esse vinho interessante, um predicado, quem sabe. Mas antes de tecer os comentários, com requinte de detalhes, do vinho, vamos as histórias da famosa Região do Minho, dos Vinhos Verdes.

Vinhos Verdes: Entre-Douro-e-Minho

Desde o tempo da ocupação romana, antes da era cristã, a vinha era cultivada na margem sul do Rio Minho da forma característica e invulgar que se mantém até hoje. Não se trata de suposição. As referências à viticultura na região encontram-se nos escritos do naturalista Plínio, o Velho, em sua História Natural, e do filósofo Sêneca, em seu compêndio Questões Naturais. Está também documentada na legislação do Imperador Domiciano, entre 96 e 51 a.C.

Na Idade Média multiplicam-se as referências escritas ao cultivo das uvas e a elaboração de vinhos no noroeste lusitano, a partir das atividades nos mosteiros e do decisivo suporte da coroa portuguesa. O vinho entra definitivamente, entre os séculos XIII e XIV, nos hábitos das populações entre o Minho e o Douro ao mesmo tempo em que se dá a expansão econômica da região e a crescente circulação da moeda. Ainda que a exportação fosse pequena, os vinhos verdes foram, entre os vinhos portugueses, os primeiros conhecidos fora das fronteiras, particularmente na Inglaterra.

No início do século XX, ultrapassados os problemas das quebras de produção devido às pragas, foram tomadas medidas especiais para a colocação dos vinhos locais e escoamento dos excedentes. Tornava-se obrigatório, para isso, conservar a genuinidade e a qualidade dos produtos, assegurando-se seu valor do ponto de vista cultural e econômico.

O ano de 1908 é crítico na história portuguesa: o rei Carlos I e seu filho são assassinados, abrindo caminho para a República. Nesse mesmo ano, a região dos vinhos verdes é demarcada oficialmente e dividida em seis sub-regiões: Monção, Lima, Basto, Braga, Amarante e Penafiel. O limite a oeste é o Atlântico e, ao norte, a Espanha.

Região dos Vinhos Verdes

A Região Demarcada dos Vinhos Verdes está dividia em nove sub-regiões, cada uma com sua característica específica e suas castas de uva recomendadas:

Sub-região de Monção e Melgaço: utilizam-se apenas as castas Pedral (tinta) e Alvarinho (branca). É de lá o mais icônico Alvarinho, com notas cítricas misturadas com nuances de aromas florais e de frutos tropicais e paladar mineral.

Sub-região de Amarante: as castas brancas são Azal e Avesso e originam vinhos com aromas frutados e com o maior teor alcoólico da Região. Mas é dos tintos que vem a fama da sub-região. Elaborados com Amaral, Vinhão e Espadeiro, são vinhos com cor carregada e muito viva.

Sub-região de Baião: também tem muita notoriedade na produção dos brancos, a partir da casta Avesso.

Sub-região de Basto: a casta Azal atinge o seu máximo potencial e resultam vinhos com aroma de limão e maçã verde muito frescos, de alta acidez.

Sub-região do Cávado: têm vinhos brancos das castas Arinto, Loureiro e Trajadura com acidez moderada e notas de frutos cítricos e de pomar. Os vinhos tintos são na maioria cortes de Vinhão e Borraçal, cor intensa vermelho granada e aromas de frutos frescos.

Sub-região do Lima: Os vinhos brancos mais famosos são produzidos a partir da casta Loureiro. Os aromas são finos e elegantes e vão desde limão até rosas.

Sub-região de Paiva: produz alguns dos tintos mais prestigiados de toda a região a partir de Amaral e Vinhão.

Sub-região do Sousa: utiliza a casta Espadeiro, principalmente para a produção de rosés, sendo alguns dos mais destacados da Região.

Sub-região do Ave: Arinto e Loureiro Trajadura juntas compõem um blend perfeito com frescura viva e notas florais e de frutas cítricas.

Em 1926 foi criada a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), responsável por controlar e certificar os produtos elaborados na região. Quando a amostra apresentada à CVRVV não cumpre com os requisitos legais para ser certificada como DOC, o exemplar recebe o selo IG Minho.

Isso não quer dizer que o vinho é de pior qualidade, apenas que não se enquadra legalmente aos parâmetros pré-definidos. A IG Minho permite a utilização de maior variedade de castas, incluindo uvas internacionais, e regras distintas de vinificação.

Na maioria dos casos, os produtores não estão buscando necessariamente a tipicidade do vinho, mas a produção de vinhos inovadores. É comum encontrar vinhos IG Minho mais caros que os DOC Vinhos Verdes. Alguns produtores optam de forma intencional por rotular seus vinhos como Regional do Minho, até mesmo por questões de marketing e posicionamento de mercado.

A região dos Vinhos Verdes tem influência atlântica, reforçada pela orientação dos vales dos principais rios, que correndo de nascente para poente facilitam a penetração dos ventos marítimos. É observada elevada pluviosidade, temperatura amena, pequena amplitude térmica e solo majoritariamente granítico e localmente xistoso. Mas algumas regiões, por conta do microclima, apresentam características de terroir distintas. O que influencia diretamente no vinho.

Por que vinho verde?

Evidentemente, a cor do Vinho Verde não é verde. Então, por que esse nome? Duas são as versões mais conhecidas. O Vinho Verde leva esse nome porque as uvas da região, mesmo quando maduras, têm elevado teor de acidez, produzindo líquido cujas características lhes dão a aparência de vir de uvas colhidas antes da correta maturação.

A outra explicação diz que "Vinho Verde" significa "vinho de uma região verde", ou seja, a denominação deriva da belíssima paisagem local, onde o verde das terras cultivadas se perde no horizonte.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta linda cor citrina, aquele amarelo palha brilhante, com proeminentes reflexos esverdeados, com boa gaseificação denotando frescor.

No nariz traz aromas pronunciados de frutas de caroço, de polpa branca, de frutas cítricas, com destaque para tangerina, limão, maçã-verde, pera, abacaxi, algo de pêssego também, com um gostoso toque de mineralidade, entregando um incrível frescor e leveza.

Na boca é fresco, leve, saboroso, porém traz alguma untuosidade que o torna marcante, com alguma personalidade. As notas frutadas ganha protagonismo no paladar, como no aspecto olfativo, com uma acidez intensa, que faz salivar, com um final cheio e de discreto dulçor.

Perguntei ao produtor, por email, qual o motivo do nome “Varanda dos Reis”. E o Sr. José Castro, muito gentilmente, me respondeu que a Vercoope é a união de sete cooperativas da Região dos Vinhos Verdes, das vilas Amarante, Braga, Famalicão, Felgueiras, Guimarães, Paredes e Vale de Cambra. E essa linha de rótulos é uma homenagem à uma das “Varandas dos Reis”, que há também na Vila de Amarante, uma das adegas da Vercoope. Vinhos de excelente custo X benefício que dignificam a região dos Vinhos Verdes, da Região do Minho! Tem 11% de teor alcoólico.

Sobre a Vercoope:

A Vercoope é uma união de sete Cooperativas Vitivinícolas da Região dos Vinhos Verdes: Amarante, Braga, Guimarães, Famalicão, Felgueiras, Paredes e Vale de Cambra. Foi criada em 1964 com o objetivo de engarrafar, comercializar e distribuir o vinho produzido pelos viticultores destas cooperativas.

A união permitiu juntar a produção de 4.000 viticultores e lança-la no mercado, nacional e internacional, conseguindo mais qualidade, dimensão e competitividade. A qualidade dos vinhos é reconhecida e comprovada pelos consumidores, pelas vendas e pelas centenas de prémios conquistados em competições de vinhos e imprensa especializada.

A Vercoope produz anualmente 8 milhões de garrafas de Vinho Verde, sendo 30% para exportação. A Vercoope – União das Adegas Cooperativas da Região dos Vinhos Verdes, U.C.R.L, está inserida na Região Demarcada dos Vinhos Verdes, considerada a maior região demarcada de Portugal e uma das maiores do mundo, essencialmente devido à sua extensão e da área dos solos dedicados à cultura da vinha, a que acresce uma significativa percentagem de população diretamente dependente do setor vitivinícola e nomeadamente do Vinho Verde.

A Vercoope é uma entidade vocacionada para o engarrafamento, comercialização e distribuição de Vinho Verde e integra na sua estrutura as adegas cooperativas de Amarante, Braga, Guimarães, Famalicão, Felgueiras, Paredes e Vale de Cambra que representam no seu conjunto explorações vitícolas de cerca de 5.000 viticultores.

Situada em Agrela, Santo-Tirso, numa estrutura moderna e tecnologicamente avançada, quer com meios técnicos quer com meios humanos, tem potenciado, desde a sua fundação, em 1964, o desenvolvimento da cultura do Vinho Verde, promovendo a sua divulgação, o seu consumo e a valorização do produtor. 

Com mais de meio século de atividade a defender uma política de qualidade e prestígio para os seus vinhos, espumantes e aguardentes, ocupa por direito próprio, um lugar de destaque no setor, sendo muito naturalmente considerada uma instituição de referência no panorama regional e nacional.

Mais informações acesse:

https://vercoope.pt/

Referências:

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/vinho-verde-bebida-portuguesa-do-verao_8317.html

https://revistaadega.uol.com.br/artigo/a-paisagem-que-deu-nome-ao-vinho_2744.html

“Reserva 85”: https://reserva85.com.br/vinho/indicacao-geografica-ig-denominacao-de-origem-do/regioes-demarcadas-de-portugal/regiao-dos-vinhos-verdes/

 

 

 

 

 

 

 




domingo, 28 de novembro de 2021

Adega de Monção Alvarinho e Trajadura 2019

 

Com a tradicional Adega de Monção as portas do vinho verde foram abertas para mim. Os grandes vinhos da região, de mesmo nome, tem a cara do Brasil, são frescos, leves, vivazes, plenos, há também os complexos, longevos, inclusive, para, talvez, momentos mais solenes e propícios para análises mais pormenorizadas. Não é somente a cara do Brasil, são especiais pelas suas castas, pelo seu terroir, pelo seu apelo regionalista.

Não me canso de degusta-los! Já disse de forma demasiada, inclusive, que o vinho verde faz parte da minha vida, das minhas degustações, das minhas preferências e os d Adega de Monção nem se fala! Foi o Muralha de Monção branco, foi o Adega de Monção tinto. Para mim os vinhos da Adega de Monção são inspiração, é a personificação do conceito de vinho verde e da região de Vinhos Verdes, do velho Minho.

O vinho que degustei e gostei de hoje eu não havia degustado, mas sempre vi exposto nas gôndolas dos supermercados, mas a um valor injustamente alto, o que inviabilizava a aquisição. Porém quando estive no festival Vinho Verde Wine Experience da edição de 2020, em pleno auge da pandemia, eu estive no estante do produtor, Adega de Monção, e parei claro, para conferir, degustar alguns rótulos.

E lá encontrei o rótulo que hoje estou a degustar. O degustei, pela primeira vez, e foi um arrebatamento, um momento único simbolizado em apenas uma taça. As castas emblemáticas da região traziam o sabor e o aroma daquelas terras, o tal apelo regionalista de que tanto falamos. Quando saí daquele evento, fui taxativo: Preciso comprar, independente do valor, esse vinho!

Voltei ao supermercado onde o valor estava na estratosfera, mas fui agraciado por um desconto em um formato específico de compra e o mesmo saiu por menos de R$ 30! Para a nossa triste realidade brasileira, um preço convidativo. Não hesitei em leva-lo.

Então sem mais delongas apresento o vinho quer degustei e gostei que veio da região lusitana de Vinhos Verdes, das sub-regiões de Monção e Melgaço, tradicionalíssimas, e se chama Adega de Monção das excepcionais castas Alvarinho (50%) e Trajadura (50%) e a safra é 2019. Então como eu nunca me canso de falar da região de Vinhos Verdes, falemos desta região linda, bem como dos seus distritos de Monção e Melgaço.

Vinhos Verdes: Entre-Douro-e-Minho

Desde o tempo da ocupação romana, antes da era cristã, a vinha era cultivada na margem sul do Rio Minho da forma característica e invulgar que se mantém até hoje. Não se trata de suposição. As referências à viticultura na região encontram-se nos escritos do naturalista Plínio, o Velho, em sua História Natural, e do filósofo Sêneca, em seu compêndio Questões Naturais. Está também documentada na legislação do Imperador Domiciano, entre 96 e 51 a.C.

Na Idade Média multiplicam-se as referências escritas ao cultivo das uvas e a elaboração de vinhos no noroeste lusitano, a partir das atividades nos mosteiros e do decisivo suporte da coroa portuguesa. O vinho entra definitivamente, entre os séculos XIII e XIV, nos hábitos das populações entre o Minho e o Douro ao mesmo tempo em que se dá a expansão econômica da região e a crescente circulação da moeda. Ainda que a exportação fosse pequena, os vinhos verdes foram, entre os vinhos portugueses, os primeiros conhecidos fora das fronteiras, particularmente na Inglaterra.

No início do século XX, ultrapassados os problemas das quebras de produção devido às pragas, foram tomadas medidas especiais para a colocação dos vinhos locais e escoamento dos excedentes. Tornava-se obrigatório, para isso, conservar a genuinidade e a qualidade dos produtos, assegurando-se seu valor do ponto de vista cultural e econômico.

O ano de 1908 é crítico na história portuguesa: o rei Carlos I e seu filho são assassinados, abrindo caminho para a República. Nesse mesmo ano, a região dos vinhos verdes é demarcada oficialmente e dividida em seis sub-regiões: Monção, Lima, Basto, Braga, Amarante e Penafiel. O limite a oeste é o Atlântico e, ao norte, a Espanha.

Região de Vinhos Verdes

A Região Demarcada dos Vinhos Verdes está dividia em nove sub-regiões, cada uma com sua característica específica e suas castas de uva recomendadas:

Sub-região de Monção e Melgaço: utilizam-se apenas as castas Pedral (tinta) e Alvarinho (branca). É de lá o mais icônico Alvarinho, com notas cítricas misturadas com nuances de aromas florais e de frutos tropicais e paladar mineral.

Sub-região de Amarante: as castas brancas são Azal e Avesso e originam vinhos com aromas frutados e com o maior teor alcoólico da Região. Mas é dos tintos que vem a fama da sub-região. Elaborados com Amaral, Vinhão e Espadeiro, são vinhos com cor carregada e muito viva.

Sub-região de Baião: também tem muita notoriedade na produção dos brancos, a partir da casta Avesso.

Sub-região de Basto: a casta Azal atinge o seu máximo potencial e resulta vinhos com aroma de limão e maçã verde muito frescos, de alta acidez.

Sub-região do Cávado: têm vinhos brancos das castas Arinto, Loureiro e Trajadura com acidez moderada e notas de frutos cítricos e de pomar. Os vinhos tintos são na maioria cortes de Vinhão e Borraçal, cor intensa vermelho granada e aromas de frutos frescos.

Sub-região do Lima: Os vinhos brancos mais famosos são produzidos a partir da casta Loureiro. Os aromas são finos e elegantes e vão desde limão até rosas.

Sub-região de Paiva: produz alguns dos tintos mais prestigiados de toda a Regiãoa a partir de Amaral e Vinhão.

Sub-região do Sousa: utiliza a casta Espadeiro, principalmente para a produção de rosés, sendo alguns dos mais destacados da Região.

Sub-região do Ave: Arinto e Loureiro Trajadura juntas compõem um blend perfeito com frescura viva e notas florais e de frutas cítricas.

O uso indiscriminado dos termos “Vinhos Verdes” ou “Vinho Verde” gera muita confusão. Pode parecer uma questão simplesmente ligada ao plural, mas não é. Os termos se referem à Região dos Vinhos Verdes (plural), uma das 14 regiões demarcadas de Portugal e à Denominação de Origem Controlada (DOC) Vinho Verde (singular). Para receber o selo de Denominação de Origem Vinho Verde, os vinhos devem respeitar as normas estabelecidas pela lei. Não há restrição de área de cultivo, toda a produção realizada dentro da Região dos Vinhos Verdes pode receber o selo se respeitarem as diretrizes da DOC.

A legislação permite a elaboração de vinhos brancos, rosés e tintos dos tipos tranquilo e espumante. Os tranquilos devem ter um volume alcoólico entre 8,5% e 14% e os espumantes entre 10% a 15% de álcool. Todos são elaborados exclusivamente com castas autóctones da região, são elas: as brancas Alvarinho, Arinto, Avesso, Loureiro, Azal, Batoca, Trajadura, e as tintas Vinhão, Alvarelhão, Amaral, Borraçal, Espadeiro, Padeiro, Pedral e Rabo de Anho. É permitida a criação de varietais e blends. Contanto, varietais de Alvarinho só recebem a certificação DOC Vinhos Verdes quando elaborados na sub-região de Monção e Melgaço. Exemplares de qualquer outra sub-região recebe a certificação de Vinho Regional do Minho.

Em 1926 foi criada a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), responsável por controlar e certificar os produtos elaborados na região. Quando a amostra apresentada à CVRVV não cumpre com os requisitos legais para ser certificada como DOC, o exemplar recebe o selo IG Minho. Isso não quer dizer que o vinho é de pior qualidade, apenas que não se enquadra legalmente aos parâmetros pré-definidos. A IG Minho permite a utilização de maior variedade de castas, incluindo uvas internacionais, e regras distintas de vinificação.

Na maioria dos casos, os produtores não estão buscando necessariamente a tipicidade do vinho, mas a produção de vinhos inovadores. É comum encontrar vinhos IG Minho mais caros que os DOC Vinhos Verdes. Alguns produtores optam de forma intencional por rotular seus vinhos como Regional do Minho, até mesmo por questões de marketing e posicionamento de mercado.

A região dos Vinhos Verdes tem influência atlântica, reforçada pela orientação dos vales dos principais rios, que correndo de nascente para poente facilitam a penetração dos ventos marítimos. É observada elevada pluviosidade, temperatura amena, pequena amplitude térmica e solo majoritariamente granítico e localmente xistoso. Mas algumas regiões, por conta do microclima, apresentam características de terroir distintas. O que influencia diretamente no vinho.

Por que vinho verde?

Evidentemente, a cor do Vinho Verde não é verde. Então, por que esse nome? Duas são as versões mais conhecidas. O Vinho Verde leva esse nome porque as uvas da região, mesmo quando maduras, têm elevado teor de acidez, produzindo líquido cujas características lhes dão a aparência de vir de uvas colhidas antes da correta maturação. A outra explicação diz que "Vinho Verde" significa "vinho de uma região verde", ou seja, a denominação deriva da belíssima paisagem local, onde o verde das terras cultivadas se perde no horizonte.

Monção e Melgaço

Localizada no Noroeste da Península Ibérica, no ponto mais a norte de Portugal, a região de Monção e Melgaço é uma das nove sub-regiões que fazem parte da denominação de Vinhos Verdes, uma das mais conhecidas de Portugal.

Monção e Melgaço

Possui um microclima muito particular, no qual a viticultura se desenvolveu desde o vale do Rio Minho e dos seus afluentes, subindo na meia encosta da montanha, ultrapassando os obstáculos do terreno e da altitude.

Especificamente lá, no ponto mais ao norte do país, os vinhos mais cultuados são os Alvarinhos. Diz-se, aliás, que a origem da casta seria nesse local às margens do Minho, fronteira natural entre Portugal e Espanha.  A cepa é a estrela de uma região marcada por vinhos que, em sua maioria, são produzidos para serem consumidos muito jovens.

A presença do Alvarinho de Monção e Melgaço estende-se desde o vale do Rio Minho e dos seus afluentes, subindo na meia encosta da montanha, adaptando-se a diferentes tipos de terreno e alcançando razoáveis níveis de altitude. O Alvarinho desta sub-região está pouco exposto à influência do mar e tem como uma das condições favoráveis ao seu desenvolvimento, à amplitude térmica na maturação, caracterizada por dias quentes e noites frias. Este fator contribui para a proteção dos aromas e para a persistência do sabor, retendo a sua frescura.

Mas a Alvarinho, apesar de também gerar bebidas para consumo imediato, é capaz de dar mais corpo e estrutura e gerar brancos respeitados e com poder de guarda, destoando um pouco do conceito de vinhos ligeiros.

A fama da região de Monção e Melgaço com seus Alvarinhos é relativamente nova, pois somente a partir dos anos 1930 é que surgiram alguns dos principais produtores locais, como Palácio da Brejoeira, Aveleda e Soalheiro, por exemplo, e mais recentemente nomes como Anselmo Mendes se destacaram produzindo brancos excepcionais com a casta.

A estrela das castas locais é claramente o Alvarinho, que aqui teve a sua origem. No microclima desta sub-região, a casta Alvarinho produz um vinho encorpado, complexo, com um carácter mineral e grande potencial de guarda.

Mas este território produz muito mais:

  1- Vinhos Verdes Brancos

  2- Vinhos Verdes Tintos

  3- Vinhos Verdes Rosados

  4- Espumantes de Vinho Verde

  5- Aguardentes de Vinho Verde

Esta elevada qualidade é o produto de castas indígenas da Região, cultivadas em variações de solos maioritariamente graníticos, e de um microclima atlântico temperado com influência continental, combinados com experiência enológica de topo.

Os vinhos verdes de Monção & Melgaço têm aromas e sabores intensos e concentrados, mineralidade pronunciada, notas distintas, grande potencial de guarda e de evolução em garrafa.

E agora finalmente o vinho!

Na taça tem um lindo amarelo palha com reflexos esverdeados e um reluzente brilho. No início apresentou pequenas bolhas denunciando o que viria pela frente: frescor e boa acidez.

No nariz uma exuberância de frutas de polpa branca e cítricas como maçã-verde, pera, abacaxi e limão, além do pêssego também.

Na boca é seco, frutado, expressivo, com bom volume de boca, mostrando-se com marcante personalidade, uma “agulha” típica dos verdes que espeta a ponta da língua, tem uma ótima acidez que traz frescor e um alto grau gastronômico, com um final persistente.

Mais uma grata experiência! Um grato momento degustar um vinho verde com castas com apelo tão regionalista. Um vinho vívido, pleno, fresco, jovem, saboroso, com a sua acidez que nos estimula a degustar, a degustar e a degustar de forma ávida e descontrolada. Aqui não há espaço para o famoso “beba com moderação”. A parcimônia passa longe. Mesmo que diante de seu frescor, leveza de delicadeza, é um vinho de personalidade, pois entrega muito além do que esperei. Excelente! Tem 12% de teor alcoólico.

Sobre o Adega de Monção:

Situada em plena Região Demarcada dos Vinhos Verdes, na sub-região de Monção e Melgaço, onde a casta Alvarinho é mais bem representada.

A matéria-prima, aliada à cuidada seleção das uvas à entrega da Adega, conjugada com a tecnologia moderna de vinificação e um contato de proximidade com os clientes, são o garante da qualidade dos seus produtos, produtos estes reconhecidos em Portugal, mas também em grande parte dos países da Europa, África, América do Norte e do Sul.

Entre 1986 e 2004 a Adega de Monção melhorou as condições tecnológicas de resseção de uvas e o processo de vinificação, a capacidade de armazenamento, estabilização e engarrafamento dos vinhos.

Em 1999 aumentou as suas instalações com a criação de um novo centro de receção de uvas e vinificação – o polo de Melgaço, cobrindo assim de melhor forma toda a área geográfica da sub-região em que se encontra.

Entre 2004 e 2006, teve início às obras de criação de modernas estruturas físicas que permitiram alargar a comercialização a nível nacional e internacional, perfazendo um investimento total de 6,5 milhões de euros, infraestrutura que acolheu os novos serviços administrativos, zona de receção de uvas e nova linha de engarrafamento, obra inaugurada em 2008 aquando da comemoração dos 50 anos.

Na antiga casa do Adegueiro e silos do bagaço, em 2005, foi criado o Espaço Histórico e Cultural da Adega de Monção e levou à sua integração na Rota dos Vinhos Verdes, Itinerário do Minho.

Tanto em 1997, como em 2007, a Revista “Vinhos” galardoou-a como a “Cooperativa do Ano”, e, em 2008, o Ministério da Agricultura do Desenvolvimento Rural e Pescas distinguiu-a com o Prémio Empreendedorismo e Inovação. Em 2009 foi galardoada, pelo IAPMEI, com o estatuto de PME Excelência, estatuto que desde então tem sido renovado todos os anos.

Atualmente a Adega de Monção apresenta uma faturação anual superior a 15 milhões de euros, sendo reconhecida de forma unânime como uma das melhores Adegas Cooperativas do País, assumindo assim um papel de grande importância na economia local. Possui 1720 produtores associados, que somam uma área de vinha de 1237 Ha e produções na ordem dos 8.000.000 Kg anuais, dos quais 60% dizem respeito à casta Alvarinho.

Para ser possível o desenvolvimento desta atividade a Adega de Monção, como previamente mencionado, possui dois polos de produção, que no conjunto tem uma capacidade de receção de uvas de 700.000 kg por dia. Possui ainda uma capacidade de armazenamento de vinhos de 10.328.648 litros. A Adega de Monção possui capacidade de vinificação e engarrafamento da totalidade dos vinhos produzidos, tendo sido para o efeito adquirida em 2005 uma nova linha de engarrafamento com uma capacidade de produção de 6000 garrafas/hora.

Mais informações acesse:

http://adegademoncao.pt/

Referências:

“Centro de Promoção e Interpretação do Vinho Verde”: https://www.cipvv.pt/pt/castas/alvarelhao-brancelho/

“Blog Tribuna do Norte”: http://blog.tribunadonorte.com.br/vinodivinovino/77338

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/conheca-moncao-e-melgaco-e-seus-vinhos-brancos_12910.html

“Vinho Verde”: https://www.vinhoverde.pt/pt/moncao-melgaco

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/vinho-verde-bebida-portuguesa-do-verao_8317.html

https://revistaadega.uol.com.br/artigo/a-paisagem-que-deu-nome-ao-vinho_2744.html

“Reserva 85”: https://reserva85.com.br/vinho/indicacao-geografica-ig-denominacao-de-origem-do/regioes-demarcadas-de-portugal/regiao-dos-vinhos-verdes/

 




quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Muralhas de Monção 2015

 

Sabe aquele vinho que “harmoniza” com o clima do Brasil? Um clima quente, tropical, aquele vinho que se assemelha a descontração do povo brasileiro, a sua receptividade? Pois é, com essas linhas iniciais muitos pensariam que estou a falar do nosso espumante que, de fato, se adequa a esses quesitos, sendo ainda uma referência de qualidade e tipicidade para a nossa vitivinicultura. Mas dessa vez eu não falo dos espumantes, mas sim dos vinhos verdes! Os vinhos verdes, oriundo da região de mesmo nome, lá do Minho em Portugal, predominantemente com os seus rótulos, traz todo o frescor, a jovialidade e a leveza de que nós, brasileiros, apreciamos e que tem tudo a ver com o nosso clima e estado de espírito. Claro que, a região dos Vinhos Verdes, representados pelos seus dignos e perseverantes produtores está investindo em rótulos mais complexos, encorpados e com passagens por barricas de carvalho, mas que se configura em uma espécie de confronto, de substituição aos clássicos vinhos verdes mais leves e frescos que, muitas vezes são erroneamente confundidos com vinhos de má qualidade, mas apenas como uma proposta a mais, cabendo ao enófilo escolher o que lhe convém.

Lembro-me que, o meu primeiro contato com o vinho verde, foi, admito, tardiamente, por volta do ano de 2015, quando degustei, segundo meus registros fotográficos, o meu primeiro rótulo, muito por conta da informação que recebi sobre as suas características e que se confundia com os espumantes que eu já degustava há mais tempo. Sempre me falavam: “Você, que gosta de espumante, compre vinho verde!” Mas ainda demorei um tempo para comprar um rótulo. Quando, em uma das minhas incursões ao supermercado, perguntei a um responsável pelo setor do vinho que trafegava pelos corredores se tinha vinho verde, pois me lembrei das dicas e recomendações de tempos atrás, o funcionário do supermercado me indicou um da vinícola Adega de Monção, um rótulo simples que poucos dariam o devido crédito, mas o valor era muito atrativo e eu estava, naquele momento, muito interessado em degustar um vinho verde. O comprei!

Meu primeiro vinho verde da Adega de Monção

O retorno foi maravilhoso! De fato era o que as pessoas diziam. Então, entusiasmado com o resultado, retornei ao supermercado com a intenção de adquirir outro rótulo. Estava determinado! E quando o escolhi, inclusive do mesmo produtor, porém um pouco mais caro, não tinha noção do quão esse vinho iria impactar, de forma tão positiva e avassaladora, a minha vida como enófilo. Então o vinho que degustei e gostei veio da região portuguesa dos Vinhos Verdes, e se chama Muralhas de Monção, um corte das típicas e emblemáticas castas Alvarinho (85%) e Trajadura (15%), da safra 2015. Esse vinho abriu a minha mente, definitivamente, para o mundo dos vinhos verdes, transbordando de conhecimento no que tange a sua região, castas e tipicidade. Então, na mais prudente falar um pouco da região e da sua brilhante participação na edificação da história vitivinícola de Portugal.

Vinhos Verdes, a região.

Desde o tempo da ocupação romana, antes da era cristã, a vinha era cultivada na margem sul do Rio Minho da forma característica e invulgar que se mantém até hoje. Não se trata de suposição. As referências à viticultura na região encontram-se nos escritos do naturalista Plínio, o Velho, em sua História Natural, e do filósofo Sêneca, em seu compêndio Questões Naturais. Está também documentada na legislação do Imperador Domiciano, entre 96 e 51 a.C. Na Idade Média multiplicam-se as referências escritas ao cultivo das uvas e a elaboração de vinhos no noroeste lusitano, a partir das atividades nos mosteiros e do decisivo suporte da coroa portuguesa. O vinho entra definitivamente, entre os séculos XIII e XIV, nos hábitos das populações entre o Minho e o Douro ao mesmo tempo em que se dá a expansão econômica da região e a crescente circulação da moeda. Ainda que a exportação fosse pequena, os vinhos verdes foram, entre os vinhos portugueses, os primeiros conhecidos fora das fronteiras, particularmente na Inglaterra. No início do século XX, ultrapassados os problemas das quebras de produção devido às pragas, foram tomadas medidas especiais para a colocação dos vinhos locais e escoamento dos excedentes. Tornava-se obrigatório, para isso, conservar a genuinidade e a qualidade dos produtos, assegurando-se seu valor do ponto de vista cultural e econômico. O ano de 1908 é crítico na história portuguesa: o rei Carlos I e seu filho são assassinados, abrindo caminho para a República. Nesse mesmo ano, a região dos vinhos verdes é demarcada oficialmente e dividida em seis sub-regiões: Monção, Lima, Basto, Braga, Amarante e Penafiel. O limite a oeste é o Atlântico e, ao norte, a Espanha.

Região dos Vinhos Verdes

A Região Demarcada dos Vinhos Verdes está dividia em nove sub-regiões, cada uma com sua característica específica e suas castas de uva recomendadas:

Sub-região de Monção e Melgaço: utiliza-se apenas as castas Pedral (tinta) e Alvarinho (branca). É de lá o mais icônico Alvarinho, com notas cítricas misturadas com nuances de aromas florais e de frutos tropicais e paladar mineral.

Sub-região de Amarante: as castas brancas são Azal e Avesso e originam vinhos com aromas frutados e com o maior teor alcoólico da Região. Mas é dos tintos que vem a fama da sub-região. Elaborados com Amaral, Vinhão e Espadeiro, são vinhos com cor carregada e muito viva.

Sub-região de Baião: também tem muita notoriedade na produção dos brancos, a partir da casta Avesso.

Sub-região de Basto: a casta Azal atinge o seu máximo potencial e resulta vinhos com aroma de limão e maçã verde muito frescos, de alta acidez.

Sub-região do Cávado: tem vinhos brancos das castas Arinto, Loureiro e Trajadura com acidez moderada e notas de frutos cítricos e de pomar. Os vinhos tintos são na maioria cortes de Vinhão e Borraçal, cor intensa vermelho granada e aromas de frutos frescos.

Sub-região do Lima: Os vinhos brancos mais famosos são produzidos a partir da casta Loureiro. Os aromas são finos e elegantes e vão desde de limão até rosas.

Sub-região de Paiva: produz alguns dos tintos mais prestigiados de toda a Regiãoa a partir de Amaral e Vinhão.

Sub-região do Sousa: utiliza a casta Espadeiro, principalmente para a produção de rosés, sendo alguns dos mais destacados da Região.

Sub-região do Ave: Arinto e Loureiro Trajadura juntas compõem um blend perfeito com frescura viva e notas florais e de frutas cítricas.

O uso indiscriminado dos termos “Vinhos Verdes” ou “Vinho Verde” gera muita confusão. Pode parecer uma questão simplesmente ligada ao plural, mas não é. Os termos se referem à Região dos Vinhos Verdes (plural), uma das 14 regiões demarcadas de Portugal e à Denominação de Origem Controlada (DOC) Vinho Verde (singular). Para receber o selo de Denominação de Origem Vinho Verde, os vinhos devem respeitar as normas estabelecidas pela lei. Não há restrição de área de cultivo, toda a produção realizada dentro da Região dos Vinhos Verdes pode receber o selo se respeitarem as diretrizes da DOC. A legislação permite a elaboração de vinhos brancos, rosés e tintos dos tipos tranquilo e espumante. Os tranquilos devem ter um volume alcoólico entre 8,5% e 14% e os espumantes entre 10% a 15% de álcool. Todos são elaborados exclusivamente com castas autóctones da região, são elas: as brancas Alvarinho, Arinto, Avesso, Loureiro, Azal, Batoca, Trajadura, e as tintas Vinhão, Alvarelhão, Amaral, Borraçal, Espadeiro, Padeiro, Pedral e Rabo de Anho. É permitida a criação de varietais e blends. Contanto, varietais de Alvarinho só recebem a certificação DOC Vinhos Verdes quando elaborados na sub-região de Monção e Melgaço. Exemplares de qualquer outra sub-região recebe a certificação de Vinho Regional do Minho.

Em 1926 foi criada a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), responsável por controlar e certificar os produtos elaborados na região. Quando a amostra apresentada à CVRVV não cumpre com os requisitos legais para ser certificada como DOC, o exemplar recebe o selo IG Minho. Isso não quer dizer que o vinho é de pior qualidade, apenas que não se enquadra legalmente aos parâmetros pré-definidos. A IG Minho permite a utilização de maior variedade de castas, incluindo uvas internacionais, e regras distintas de vinificação. Na maioria dos casos, os produtores não estão buscando necessariamente a tipicidade do vinho, mas a produção de vinhos inovadores. É comum encontrar vinhos IG Minho mais caros que os DOC Vinhos Verdes. Alguns produtores optam de forma intencional por rotular seus vinhos como Regional do Minho, até mesmo por questões de marketing e posicionamento de mercado.

A região dos Vinhos Verdes tem influência atlântica, reforçada pela orientação dos vales dos principais rios, que correndo de nascente para poente facilitam a penetração dos ventos marítimos. É observada elevada pluviosidade, temperatura amena, pequena amplitude térmica e solo majoritariamente granítico e localmente xistoso. Mas algumas regiões, por conta do microclima, apresentam características de terroir distintas. O que influencia diretamente no vinho.

Por que vinho verde?

Evidentemente, a cor do Vinho Verde não é verde. Então, por que esse nome? Duas são as versões mais conhecidas. O Vinho Verde leva esse nome porque as uvas da região, mesmo quando maduras, têm elevado teor de acidez, produzindo líquido cujas características lhes dão a aparência de vir de uvas colhidas antes da correta maturação. A outra explicação diz que "Vinho Verde" significa "vinho de uma região verde", ou seja, a denominação deriva da belíssima paisagem local, onde o verde das terras cultivadas se perde no horizonte.

E agora o vinho!

Na taça apresenta um amarelo palha com tons brilhantes muito intensos, além de um gaseificado que indica frescor.

No nariz traz um toque exuberante de frutas brancas, frutas frescas e cítricas, como pêssego, graças a Alvarinho e sua predominância, pera, maracujá, abacaxi e um intenso floral, flores brancas, além daquelas inconfundíveis notas minerais que diria ser por conta da influência atlânticas das terras do Minho.

Na boca é leve, fresco, uma belíssima jovialidade, mas com uma personalidade forte e marcante, sendo expressivo que preenche a boca, graças também a sua boa acidez, o toque cítrico, frutado, mineral, com um final persistente e fresco.

Um vinho espetacular que adentrou a minha vida de enófilo de uma forma avassaladora, como um furacão vinífero e deixou, até hoje deixas consistentes em minha vida de enófila, quase 5 anos depois de degustado. Um vinho versátil e que entrega, além do tradicional frescor e leveza de um típico vinho verde, uma personalidade marcante e poderosa aos sentidos. Sempre me lembrarei desse vinho como o de fato inaugural nas minhas degustações de vinho verde. De todos os vinhos verdes que entraram e saíram da minha adega, de todos aqueles que degustei e degustarei, ele sempre será a minha referência, o meu fator de gratas e inesquecíveis lembranças. Tem 12,5% de teor alcoólico.

Sobre a Adega de Monção:

A Adega Cooperativa Regional de Monção, CRL, foi fundada a 11 de Outubro de 1958, por iniciativa de 25 viticultores. Situada em plena Região Demarcada dos Vinhos Verdes, na sub-região de Monção e Melgaço, onde a casta Alvarinho é melhor representada. A matéria-prima, aliada à cuidada seleção das uvas à entrega da Adega, conjugada com a tecnologia moderna de vinificação e um contacto de proximidade com os clientes, são o garante da qualidade dos seus produtos, produtos estes reconhecidos em Portugal, mas também em grande parte dos países da Europa, África, América do Norte e do Sul.

Entre 1986 e 2004 a Adega de Monção melhorou as condições tecnológicas de receção de uvas e o processo de vinificação, a capacidade de armazenamento, estabilização e engarrafamento dos vinhos. Em 1999 aumentou as suas instalações com a criação de um novo centro de receção de uvas e vinificação – o pólo de Melgaço, cobrindo assim de melhor forma toda a área geográfica da sub-região em que se encontra. Entre 2004 e 2006, tiveram início às obras de criação de modernas estruturas físicas que permitiram alargar a comercialização a nível nacional e internacional, perfazendo um investimento total de 6,5 milhões de euros, infraestrutura que acolheu os novos serviços administrativos, zona de receção de uvas e nova linha de engarrafamento, obra inaugurada em 2008 aquando da comemoração dos 50 anos.

Atualmente a Adega de Monção apresenta uma faturação anual superior a 15 milhões de euros, sendo reconhecida de forma unânime como uma das melhores Adegas Cooperativas do País, assumindo assim um papel de grande importância na economia local. Possui 1720 produtores associados, que somam uma área de vinha de 1237 Ha e produções na ordem dos 8.000.000 Kg anuais, dos quais 60% dizem respeito à casta Alvarinho.

Para ser possível o desenvolvimento desta atividade a Adega de Monção, possui dois polos de produção, que no conjunto tem uma capacidade de receção de uvas de 700.000 kg por dia. Possui ainda uma capacidade de armazenamento de vinhos de 10.328.648 litros. A Adega de Monção possui capacidade de vinificação e engarrafamento da totalidade dos vinhos produzidos, tendo sido para o efeito adquirida em 2005 uma nova linha de engarrafamento com uma capacidade de produção de 6000 garrafas/hora.

Mais informações acesse:

http://adegademoncao.pt/

Referências de pesquisa:

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/vinho-verde-bebida-portuguesa-do-verao_8317.html

https://revistaadega.uol.com.br/artigo/a-paisagem-que-deu-nome-ao-vinho_2744.html

“Reserva 85”: https://reserva85.com.br/vinho/indicacao-geografica-ig-denominacao-de-origem-do/regioes-demarcadas-de-portugal/regiao-dos-vinhos-verdes/


Degustado em: 2016

 

 




 


quinta-feira, 11 de junho de 2020

O Tal Vinho da Lixa 2018


Ter bons e verdadeiros amigos é maravilhoso, mas é muito melhor ter amigos que gosta de degustar bons vinhos e que ainda presenteia. Felizmente fui agraciado com um bom amigo, português, que, em visita ao Brasil, em outubro de 2019, mês do meu aniversário, me presenteou com alguns vinhos que trouxe na mala. Como outubro está na porta do verão ele escolhera alguns vinhos mais frescos, brancos para trazer e degustar com toda a família e no dia de sua chegada foi promovida uma reunião familiar para degustar alguns rótulos e um, em especial, ele separou, dizendo que este rótulo é um dos mais tradicionais e degustados de Portugal, um vinho que sempre está presente na mesa do português que, claro, é facilitado, pela forte cultura ao consumo da bebida naquele país.

E o vinho que ele escolheu foi da emblemática região dos Vinhos Verdes, da Quinta da Lixa, chamado O Tal Vinho da Lixa, um DOC, da safra 2018, das castas típicas da região como Trajadura, Loureiro, Azal e Pedernã. Um vinho que degustei e gostei, fantástico, fresco, jovem, como tem de ser um vinho verde. E, antes de degustar, o vinho já chamava a atenção no aspecto estético. Uma garrafa com as dimensões de um espumante, inclusive tinha uma rolha protegida com a típica gaiolinha. Mas talvez essa estrutura física da garrafa vai se explicar nas características organolépticas.

Na taça apresenta um amarelo palha com reflexos esverdeados muito brilhantes e com uma boa concentração de gás, as bolhas estavam em boa evidência, sobretudo nas primeiras taças servidas.

No nariz traz aromas de frutas brancas e amarelas, como pêra, maça-verde, abacaxi, limão, lima da persa, proporcionando toques citrino.

Na boca é muito fresco, refrescante, com um bom e surpreendente volume de boca, frutado e uma ótima acidez.

Ele não poderia ter escolhido melhoro início da nossa degustação naquele dia, um vinho fresco, saboroso, simples, mas honesto e que retrata com fidelidade o bom e despretensioso vinho verde que, embora tenha arestas lusitanas, traz o DNA brasileiro e de nosso clima e povo. Depois de algum tempo descobri, por intermédio do evento dos Vinhos Verdes que participei um mês após a nossa reunião familiar, com os representantes da Quinta da Lixa que lá estavam que o vinho não é exportado para o Brasil. Quanta honra e sorte da minha parte em degustar um vinho tão especial. Tem 11% de teor alcoólico.

Sobre a Quinta da Lixa:

A Quinta da Lixa é o testemunho vivo da paixão que a Família Meireles sempre teve pelos Vinhos Verdes. Presente em diversas áreas do mundo empresarial, esta família que já era proprietária de vinhedos localizados em redor da pequena Vila da Lixa, decide em 1986 criar uma pequena empresa que se viria a tornar naquela que é hoje a Quinta da Lixa - Sociedade Agrícola, Ltda. O vinho produzido era inicialmente vendido a granel, mas rapidamente se percebeu que a sua qualidade e aceitação eram tais que o engarrafamento na propriedade era imperativo. Devido ao aumento de produção, torna-se necessário a construção de novas instalações que viessem substituir a primitiva adega onde já não era possível a manutenção do padrão de qualidade que caracterizava os vinhos da Empresa. O desenvolvimento contínuo da empresa só é possível graças à satisfação dos Clientes em todos os serviços prestados. Faz parte da política de qualidade da Quinta da Lixa promover a satisfação de todas as partes interessadas, tais como Clientes, Fornecedores, Colaboradores e Sociedade em geral; cumprir os requisitos dos Clientes, bem como Normativos e Legais aplicáveis; estabelecer permanentemente práticas de melhoria continua, atingindo níveis de rentabilidade que garantam o crescimento sustentado da empresa e a eficácia do SGQ, fazendo desta forma que a Quinta da Lixa mereça a certificação ISO 9001:2015.

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