Mostrando postagens com marcador Establecimiento Juanicó. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Establecimiento Juanicó. Mostrar todas as postagens

sábado, 5 de agosto de 2023

Mar de Piedras Sellección de Maderas 2020

 

Como um país tão pequeno, territorialmente falando, ter uma tamanha representatividade no cultivo das vinhas e também, consequentemente, na produção de vinhos? Definitivamente o Uruguai, apesar de aparentemente estar esquecido em seu universo, vem, discretamente, sem alarde, produzindo grandes rótulos!

E não se enganem que está apenas restrito na emblemática casta Tannat que naquelas terras ganhou notoriedade e respeito. Atualmente outras castas emblemáticas vem conquistando seu espaço e importância, revelando suas tipicidades em terroirs tão especiais.

E não se enganem também que, no que se refere às suas regiões, se resume a apenas a mais famosa, Canelones. Outras regiões têm conquistado sua relevância e importância como Montevidéu, a capital do país, que poderia parecer improvável, mas sim, há um bom punhado de vinícolas, das pequenas até as gigantes que tem vinhas por lá.

E o vinho que degustei e gostei de hoje vem de uma improvável região. Digo improvável não pela sua vocação na produção de vinhos, mas por ser ainda pouco badalada entre nós brasileiros, afinal Canelones reina absoluta quando se fala de vinhos uruguaios no mercado consumidor brasileiro.

O vinho se chama Mar de Piedras Selección de Maderas, um corte interessantíssimo de Cabernet Sauvignon (50%) e Tannat (50%) da safra 2020. E quando falamos de terroir, de regiões e suas características esse vinho, da tradicional Família Deicas, denuncia em seu nome uma das grandes facetas da sua região, San Jose, “Mar de Piedras” (Mar de Pedras), uma das características daquelas terras, com solos rochosos formados por pedras ígneas planas, que conferem uma mineralidade marcante aos vinhos.

Mas apesar do destaque que o Uruguai vem edificando, discretamente, goza de uma longa história vitivinícola. Então, para não perder o costume, vamos de história, afinal o Uruguai merece ser explorado, tendo sua trajetória vinícola sendo difundida.

Os vinhos do Uruguai

A região vinícola do Uruguai é o quarto maior produtor de vinho da América do Sul. É um país pequeno com cerca de 3,3 milhões de habitantes e apenas 177.000 km2. A população é formada por uma diversidade baseada em origens europeias (espanhóis, italianos e franceses), com comportamento pouco sul-americano e raízes mais ligadas ao espírito gaúcho.

O Uruguai adotou como sua uva emblemática a Tannat, trazida pelo espanhol Pascoal Harriague do sudoeste da França. Graças aos bons resultados na produção de vinhos dessa uva, hoje se intitula O país do Tannat. Curiosamente, muitos produtores ainda se referem à Tannat como... Harriague!

A história da vinificação no Uruguai remonta a 1870, quando imigrantes italianos e bascos trouxeram Tannat para cá. Mais tarde, em 1954, a Albarino foi introduzido por imigrantes espanhóis. O território do Uruguai era originalmente povoado pelos índios Charruas, o que começou a mudar com as invasões portuguesas a partir de 1680.

Em sequência chegaram os espanhóis, desencadeando uma guerra em 1825 que culminou com a Declaração de Independência e criação da República del Uruguay em 1828.

Só no final do século XX se identificou geneticamente como a Tannat. O uruguaio sempre foi um grande consumidor de vinho - e de carne, que harmoniza bem com a Tannat - com cerca de 30 l/habitante/ano (a média brasileira é em torno de 2,5 l).

Mas a qualidade não era o ponto alto. Até algumas décadas atrás, as vinícolas uruguaias produziam vinho rústico em grande quantidade, muitas vezes à base de uvas híbridas, não viníferas. Na época o setor era administrado pelo governo central, sem muita inspiração.

Um passo importante foi dado em 1987, com a criação do Instituto Nacional de Vitivinicultura (INAVI), controlado por empresários respeitados, que promeveram, em 1992, um estudo de avaliação do potencial vinícola das regiões do país. O setor deu um salto de qualidade, que colocou seus vinhedos no mapa vinícola mundial.

Nos últimos anos, a qualidade do vinho produzido na região vinícola do Uruguai vem aumentando, assim como a popularidade dos vinhos em todo o mundo. Além de Tannat e Albarino, existem outras variedades de uvas comuns, como Merlot, Chardonnay, Cabernet Sauvignon, Sauvignon Blanc e Cabernet Franc.

Principais Variedades de Uvas Tintas:

Tannat - 1707 ha

Merlot - 731 ha

Cabernet Sauvignon - 468 ha

Cabernet Franc - 264 ha

Marselán - 130 há

Principais Variedades de Uvas Brancas:

Ugni Blanc - 674 ha

Sauvignon Blanc - 141 ha

Chardonnay - 120 ha

Geografia, clima e regiões

O Uruguai está situado entre os paralelos 30º e 35º sul, ficando na zona temperada, com grande potencial vitivinícola, similar à Argentina, Chile, África do Sul e Nova Zelândia. Os vinhedos cobrem cerca de 8.000 hectares e se espalham de leste a oeste de norte a sul em diferentes regiões vinícolas uruguaias. As regiões vinícolas uruguaias são divididas em zonas ribeirinhas sul, leste, sudoeste, central e oeste.

Regiões vinícolas uruguaias

Zona Sul - Os maiores vinhedos da região vinícola do Uruguai

Canelones, localizado na zona sul, é uma das maiores regiões vinícolas uruguaias. A região possui paisagens espetaculares de colinas, praias e fazendas. Canelones está localizada ao norte de Montevidéu, onde o clima quente e os solos calcários ricos em argila favorecem a produção de vinhos com teor alcoólico e acidez equilibrados.

Outra importante região vinícola localizada na Zona Sul é Montevidéu, a capital do país. A região abriga um dos vinhedos mais antigos da região vinícola do Uruguai. A expansão da cidade empurrou os vinhedos dos limites da cidade para Canelones. É por isso que a maior parte da produção de vinho da região vinícola do Uruguai ocorre em Canelones.

A quarta maior região vinícola da região vinícola do Uruguai, San José, também está localizada na Zona Sul do país. As condições climáticas e os solos são muito semelhantes aos da região vinícola de Canelones. Os enólogos de San José produzem vinhos brancos de castas internacionais como Pinot Blanc, Sauvignon Blanc e Chardonnay. Tannat, sozinho ou em mistura com Tempranillo, Cabernet Franc, Syrah e Merlot, também é bem difundido em San José.

San José é uma região muito pequena e fica entre Colônia e Montevidéu. Suas colinas onduladas e suaves e seu clima e solo são muito semelhantes aos de Canelones, com a influência adicional do estuário de água presente no subsolo.

Zona Central - Canto Ensolarado com Solos de Terra Vermelha

Durazno é uma das famosas regiões vinícolas uruguaias localizadas na Zona Central. Esta zona é caracterizada por um clima mais quente. Assim, em Duranzo, eles normalmente colhem duas semanas antes em Canelones. Durango é famosa pela produção de vinhos Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc bem amadurecidos.

Zona Leste - Vinhas em Altitude Mais Alta e Terroirs Interessantes

A região vinícola do Mandolado representa a Zona Leste do país, que se caracteriza por interessantes solos de rochas cristalinas e incrustações de quartzo. Solos particulares da região conferem mineralidade específica aos vinhos aqui produzidos. Mandolado é o lar de um dos resorts costeiros mais populares do Uruguai, o que coloca esta região no hotspot de viajantes internacionais.

Os últimos investimentos e melhorias na vinificação trazem promessas de que Mandolado está se tornando um novo centro de vinificação uruguaia depois de Canelones.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta um intenso, quase escuro, vermelho rubi, com entornos violáceos bem brilhantes, com lágrimas finas e lentas e em média quantidade, que desenham as bordas do copo.

No nariz os aromas, inicialmente, se mostraram um pouco tímidos, mas que logo se revelou as notas frutadas, de frutas vermelhas e pretas maduras, com destaque para amoras, ameixas pretas, framboesas e morangos, um leve herbáceo. A madeira está discretamente revelada, muito bem integrada ao vinho, aportando baunilha, algo de tosta e até mesmo dulçor, bem inusitado, inclusive.

Na boca tem corpo presente, um bom volume, quente, mas, por outro lado é deveras macio e elegante, mostrando-se bem equilibrado. As notas frutadas protagonizam como no aspecto olfativo e em plena sinergia com a madeira, um pouco mais evidente no paladar. Parte do vinho estagiou doze meses em barricas de carvalho e a outra parte em tanques com aduelas de carvalho pelo mesmo período, dando complexidade, mas priorizando as características do vinho. O carvalho entrega café torrado, baunilha, couro e caramelo. Tem taninos presentes, mas dóceis, boa acidez e um final médio.

Mar de Piedras Selección de Maderas traz um blend mais estruturado e potente reunindo o melhor da Cabernet Sauvignon e da emblemática Tannat, que ganha complexidade e taninos macios com a passagem de 12 meses por carvalho e aduelas de carvalho também. Uma viagem para conhecer a máxima expressão do terroir uruguaio, uma viagem mais do que garantida ao terroir de San José. Tem 13% de teor alcoólico.

alcoólico.

Sobre a Establecimiento Juanicó e a Família Deicas:

No Paralelo 34, na exótica América do Sul, no Uruguai, na pequena cidade de Juanicó, a Família Deicas fundou sua vinícola. O estabelecimento Juanicó ocupa principalmente o registro 12.132, que integrou em uma área maior a Estancia Chacra San José anexa a Nuestra Señora de los Desamparados, mais conhecida como Estancia La Calera.

Os jesuítas incorporaram essa propriedade ao seu domínio antes de 1740, para as propriedades de consumo da população de religiosos, índios catequizados e suas famílias. Pouco se sabe de suas obras e para que fins foram dados. 

É muito visível a exploração leiteira com os seus acessos laterais, que também servia para tosquia, pois há notícias da existência de numerosas ovelhas e de um curso de água vizinho conhecido desde então por Arroyo de la Lana.

A principal obra de construção é a atual “Cava de Prelude” que nos tempos da Companhia de Jesus poderia ter sido usada como posto ou refúgio. Ao mesmo tempo em que expulsava a Companhia de Jesus em 1767, a Coroa espanhola aplicou a Junta de Temporalidades para administrar e transferir as propriedades dos Jesuítas. 

O Título de Propriedade do Estabelecimento Juanicó inclui os mesmos proprietários que sucederam à Junta de Temporalidades, confirmando assim a passagem dos Jesuítas por estas terras. Em 1830, a propriedade passou para as mãos de Don Francisco Juanicó, um imigrante Minorcan de Mahón, associado a Don André Cavaillon.

Nos tempos de Dom Francisco e seus descendentes, entre os quais se destaca o Cándido Juanicó, já se registram consideráveis​​safras de videira. Famílias pioneiras da República Oriental do Uruguai sucederam aos Juanicó no início do século XX. Destacam-se os sobrenomes Seré e principalmente Methol, protagonistas do desenvolvimento do laticínio no País.

Em 1945-1946, a Ancap adquiriu o registro de 12.132 para aí implantar as cepas de Cognac que o governo francês cedeu ao Estado uruguaio para a produção do famoso Conhaque Juanicó. A partir de 1979, a propriedade voltou a mãos privadas e a Família Deicas reorientou a viticultura do Estabelecimento para a produção de vinhos finos para exportação.

Mais informações acesse:

https://juanico.com/

https://familiadeicas.com/

Referências:

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=UY

“Smart Buy Wines”: https://www.smartbuywines.com.br/blogs/news/uruguai-uma-terra-de-vinhos

“Tudo sobre Vinho”: https://tudosobrevinho.com.br/uruguai-um-pequeno-gigante-na-producao-de-vinho/

“Folha Pe”: https://www.folhape.com.br/colunistas/baco-e-cia/geografia-enologica-o-mapa-do-vinho-no-uruguai/33612/

“Center Gourmet: https://centergourmet.com.br/vinedo-mar-de-piedras-gran-bodegon-cabernet-sauvignon-2020/

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/montevideu-canelones-e-san-jose_12655.html 



 


terça-feira, 10 de março de 2020

Bodegones del Sur Vineyard Select Cabernet Sauvignon 2015

Podemos atribuir ao vinho muitos adjetivos, muitas qualidades: poesia líquida, algo que traz celebração, saudável, agradável, entre outros tantos. Mas poucos, creio, atribuem ao vinho ou associe o mesmo a uma obra de arte, um produto, um alimento que tem o dedo, as mãos, a intervenção, por menos que tem de ser, é verdade, do enólogo que nos entrega um rótulo que personifica a região da qual foi concebido, além de ter o esforço, o esmero, o sofrimento, as lágrimas daqueles simples homens e mulheres que participam intensamente da concepção desta bela e nobre bebida.

Eu adoro quando os produtores usam os rótulos dos seus vinhos como uma verdadeira tela para expressar, de alguma forma, suas vivências, suas emoções, a realidade, mesmo que com pinceladas abstratas ou simplesmente expressar, de forma lúdica, a terra de onde os vinhos, as suas castas foram concebidas. Além da manifestação artística, você traz um caráter mais arrojado e contemporâneo no aspecto estético ao vinho, afinal, além dos quesitos mencionados, há também o fator do marketing para impulsionar as vendas do “produto vinho”. Ah, nada efetivamente contra aos velhos traços austeros de alguns rótulos, sobretudo do Velho Mundo, ainda há espaço para todas as abordagens.

O aspecto visual é comprovadamente, e até me parece óbvio, o primeiro contato do enófilo com o seu potencial vinho, apesar de que não podemos julgar o livro pela capa. Mas o vinho que degustei e gostei me trouxe essa, digamos confirmação. Em minhas incursões necessárias aos supermercados, eu estava decidido em comprar um vinho de um país produtor pouco usual, fugindo, mesmo que momentaneamente, dos chilenos, argentinos e brasileiros.  Avistei um do pequeno Uruguai, mas significativo, gigante produtor de vinhos na América Latina e me interessei, não apenas pelo fato de ser uruguaio, mas pelo atraente preço, por volta dos R$ 35,00, e pela interessante arte exposta no seu rótulo. Parecia que tudo conspirava a favor para a compra e o vinho foi de fato maravilhoso. O vinho é o Bodegones del Sur Vineyard Select, da casta Cabernet Sauvignon, da safra 2015 e a região: a fantástica Canelones. Não posso deixar de falar de icônica região de Canelones que aqui vale narrar, textualizar, melhor dizendo, a sua bela história.

Canelones

A região dita metropolitana do Uruguai, ao redor da capital Montevidéu, concentra o maior número de vinhas e produção de vinho do país, concentrando mais de 70% das vinícolas. Aqui compreendemos os departamentos de Canelones - coração da viticultura uruguaia -, Montevidéu - onde estão os vinhedos mais antigos do país - e San José - quarto departamento em produção. A região é fortemente influenciada pelo Río de la Plata, uma das maiores bacias hidrográficas do mundo. Os solos de Montevidéu e Canelones são gerados a partir de sedimentos e apresentam alta fertilidade. As variedades de uvas plantadas na região são, maioritariamente, Tannat, Merlot, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, um pouco de Syrah e Pinot Noir entre as tintas; Sauvignon Blanc, Chardonnay e Viognier entre as brancas.

Canelones, em especial, é a maior região vitivinícola do país, sendo responsável por 60% da produção. O departamento apresenta uma paisagem plana suavemente ondulada que inclui terrenos dedicados à agricultura intensiva (horticultura, fruticultura e viticultura) e pecuária. Apresenta uma grande variedade de solos, geralmente ricos e densos, entre os quais alguns que contêm granito rosa com mais de 600 milhões de anos. Possui temperaturas amenas, tanto no verão como no inverno. Localizada bem ao sul, essa  região não poderia ter localização melhor. Por sua visão pioneira, o Uruguai foi eleito o país do ano, em 2013, pela revista inglesa The Economist. Entre as principais razões estão o fato de realizar reformas que não se limitam a melhorar apenas a própria nação, mas atitudes que podem beneficiar o mundo.

Canelones

E Canelones está sendo conduzida sob essa visão. Em meio a um processo de desenvolvimento enoturístico, a região já possui até projeto de promoção do turismo e do vinho desenhado pelo Ministério do Turismo com a colaboração da Comarca de l’Alt Penedès, Espanha. Há produtores que se juntaram para ajudar nesse incentivo e criaram a Associação Los Caminos del Vino, que reúne diversas vinícolas familiares abertas para visitantes, onde podem ver as vinhas de perto, acompanhar as diferentes etapas da vinificação e, finalmente, provar o vinho e a comida típica do lugar.

Uma das opções de passeio para quem aprecia um bom vinho e sua história é o Museo de la Uva y el Vino Nacional. Banhada pelo Oceano Atlântico, a região também oferece praia e muitos atrativos para descanso, como spas, resorts e clubes de primeira linha. Não dá para deixar de experimentar as delícias locais, visitar as fazendas e restaurantes rurais. Além de muito saboroso, é enriquecedor para qualquer paladar. Ainda como opção de lazer com vinho, nos dias 7 e 8 de novembro, comemora-se no Uruguai o Dia do Enoturismo e cada região fez programações específicas.

E agora o vinho!

Na taça traz um exuberante vermelho rubi intenso, quase escuro, com alguns reflexos violáceos, com uma bela formação de lágrimas finas e abundantes.

No nariz é muito frutado, frutas vermelhas maduras, tais como cereja e groselha, com notas florais agradáveis que traz uma boa sensação de frescor, com um toque bem integrado da madeira, notas de chocolate meio amargo e especiarias.

Na boca é seco, intenso, estruturado, mas equilibrado e macio, que surpreende no palato, com taninos agradáveis, mas marcados, presentes, a presença da fruta insiste deliciosamente na composição do vinho, além de uma acidez equilibrada, trazendo, mais uma vez, a sensação de frescor, a madeira dá um toque mais complexo ao vinho, mas discretamente graças a passagem, de cerca de 30% a 40% do vinho, por barricas de carvalho por 6 meses. Final persistente e frutado.

A arte grita aos olhos, o rótulo traz a beleza das manifestações artísticas, mas é com o líquido que nos regozijamos com um vinho tão expressivo, de marcante personalidade, que expressa com fidelidade o terroir de Canelones. Definitivamente os vinhos uruguaios produzidos com a casta Cabernet Sauvignon tem classe, são arrojados e contemporâneos em todos os aspectos. E, para o meu deleite, fiquei sabendo, ao redigir esse texto, de que a safra de 2015 no Uruguai foi uma das melhores dos últimos 30 anos daquele país! Um prazer inominável! E já que falamos de arte, seguem alguns nomes dos principais artistas do Uruguai, mais precisamente de Montevidéu, que deixaram suas impressões artísticas nos rótulos da Bodegones del Sur. Merecem serem lembrados:

Ricardo Pickenhayn

Ele nasceu em 1960 nas ilhas do Rio da Prata. Suas obras compartilham a fusão da razão e da metafísica, retratando um clima surreal, mais próximo das formas puras do que de outras inspirações. Seu estilo único enfatiza a valorização da forma como forma e da cor como cor em cima de qualquer outra coisa.

Diego Donner

Ele nasceu em Montevidéu, Uruguai, em 1959. Sua obra não ocupa um único nível, a menos que seja paradoxalmente. Registros de tempo, prazos, palimpsesto ou graffiti, como inscrição, desenho e pintura, se sobrepõem em Donner como camadas que o tempo deixa em seu trabalho à medida que passa.

Walter Deliotti

Nasceu em Montevidéu, Uruguai, em 1925. Sua obra tem um fluxo natural, instantâneo, imperceptível e inevitável. As cores muitas vezes vagam e giram involuntariamente em sua paleta para fornecer a inspiração necessária e quando ele é capaz de expressá-las, ele cria uma felicidade inesperada na qual ele enfrenta o novo desafio. Suas obras são genuínas, espontâneas, cheias de criatividade e caráter.

Sobre a Establecimiento Juanicó:

No Paralelo 34, na exótica América do Sul, no Uruguai, na pequena cidade de Juanicó, a Família Deicas fundou sua vinícola. O estabelecimento Juanicó ocupa principalmente o registro 12.132, que integrou em uma área maior a Estancia Chacra San José anexa a Nuestra Señora de los Desamparados, mais conhecida como Estancia La Calera . Os jesuítas incorporaram essa propriedade ao seu domínio antes de 1740, para as propriedades de consumo da população de religiosos, índios catequizados e suas famílias. Pouco se sabe de suas obras e para que fins foram dados. É muito visível a exploração leiteira com os seus acessos laterais, que também servia para tosquia, pois há notícias da existência de numerosas ovelhas e de um curso de água vizinho conhecido desde então por Arroyo de la Lana.

A principal obra de construção é a atual “Cava de Prelude” que nos tempos da Companhia de Jesus poderia ter sido usada como posto ou refúgio. Ao mesmo tempo em que expulsava a Companhia de Jesus em 1767, a Coroa espanhola aplicou a Junta de Temporalidades para administrar e transferir as propriedades dos Jesuítas. O Título de Propriedade do Estabelecimento Juanicó inclui os mesmos proprietários que sucederam à Junta de Temporalidades, confirmando assim a passagem dos Jesuítas por estas terras. Em 1830, a propriedade passou para as mãos de Don Francisco Juanicó, um imigrante Minorcan de Mahón, associado a Don André Cavaillon. Nos tempos de Dom Francisco e seus descendentes, entre os quais se destaca o Cándido Juanicó, já se registram consideráveis​​safras de videira. Famílias pioneiras da República Oriental do Uruguai sucederam aos Juanicó no início do século XX. Destacam-se os sobrenomes Seré e principalmente Methol, protagonistas do desenvolvimento do laticínio no País.

Em 1945-1946, a Ancap adquiriu o registro de 12.132 para aí implantar as cepas de Cognac que o governo francês cedeu ao Estado uruguaio para a produção do famoso Conhaque Juanicó. A partir de 1979, a propriedade voltou a mãos privadas e a Família Deicas reorientou a viticultura do Estabelecimento para a produção de vinhos finos para exportação.

Mais informações acesse:

https://juanico.com/

Referências:

“Winepedia”: https://www.wine.com.br/winepedia/enoturismo/roteiros-do-vinho-canelones/

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/montevideu-canelones-e-san-jose_12655.html

“Bodegones del Sur”: http://bodegonesdelsur.com/vinos/?page_id=683&lang=en

Degustado em: 2017