Mostrando postagens com marcador País. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador País. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 10 de julho de 2024

Tinto de Rulo Pipeño País 2020

 



Vinho: Tinto de Rulo Pipeño

Safra: 2020

Casta: País

Região: Yumbel, Vale do Bio-Bio

País: Chile

Produtor: Viña Tinto de Rulo

Teor Alcoólico: 12%

Adquirido: La Vinheria

Valor: R$ 99,70

 

Análise:

Visual: revela um rubi brilhante, com reflexos claros e violetas, algo meio turvo, talvez, pelo fato de não ser filtrado (natural), com discretas e finas lágrimas rápidas.

Nariz: notas evidentes de frutas vermelhas frescas, com destaque para a framboesa, morango, cerejas, um pouco de terra molhada, algo de especiarias, de pimenta, mineralidade, ferroso, uma bela rusticidade.

Boca: fresco, leve, saboroso, agradável, mas que traz, ainda assim personalidade, com as notas frutadas replicadas em convergência com uma salivante acidez, com taninos macios, dóceis e um final longo, de persistência, com um retrogosto frutado.

 

Produtor:

https://tintoderulo.cl/


sexta-feira, 9 de junho de 2023

Las Veletas País (85%) e Carignan (15%) 2018

 

Quando você lembra-se dos vinhos chilenos atualmente quais as castas que vem à mente? Não é difícil pensar e também não leva muito tempo: a primeira colocada é a mais famosa, que eleva marca vitivinícola do Chile, a Carménère.

Porém há outras emblemáticas, importantes e que faz do Chile e suas regiões conhecidas em todo o mundo, como a Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah, Pinot Noir, Chardonnay, Sauvignon Blanc etc.

Você seguindo uma lógica de mercado, afinal, vários e vários rótulos que estampam essas castas invadem as gôndolas dos nossos supermercados e sites especializados em vendas de vinhos, fazem destes vinhos e cepas as mais importantes hoje e a algum tempo do Chile.

Mas não podemos negligenciar as primeiras uvas que chegaram ao Chile e que desbravaram, junto com aqueles que as trouxeram, a história da vitivinicultura da região edificando-a, sendo responsáveis por esse momento de destaque do país no Cone Sul.

Falo da País, a “Misión”, a uva trazida pelos espanhóis que seria utilizada para as celebrações da missas católicas e que caiu no esquecimento e deixou de ser cultivada, sendo relegada ao ostracismo e a poucas e hoje vinhas velhas. Lamentavelmente são poucos os rótulos que chegam a nossas terras e esses poucos chegam a um valor elevado.

Tive, há algum tempo atrás, a oportunidade de degustar um rótulo 100% País chamado Lote 1936 da safra 2018 e tive ótima impressão da casta que, na versão deste rótulo se mostrou frutado, saboroso, elegante e fresco.

E depois de um bom tempo sem degustar vinhos com essa casta encontrei um rótulo a um ótimo valor que traz, pelo menos em maior proporção, a casta País, com outra muito famosa na França e que geralmente é cultivada no Chile em vinhas velhas, a Carignan. Não hesitei e comprei. Será que irei gostar? Assim espero!

Então sem mais delongas vamos às apresentações do vinho! O vinho que degustei e gostei veio da região famosa do Maule, no Chile, e se chama Las Veletas Estate composto predominantemente por País (85%) e Carignan (15%) da safra 2018. Para variar, vamos de histórias, vamos de Maule, onde a País ganha algum destaque, a Carignan e a própria País.

DO Maule

A maior e uma das mais antigas regiões vinícolas do Chile, o Maule é um lugar cheio de charme e com clima propício à vitivinicultura. A região se inicia a menos de 300 quilômetros de Santiago, capital do país. Seus microclimas e solos diversos possibilitam a cultura e produção de uma variedade muito grande de vinhos, já que praticamente todas as castas de uvas cultivadas no Chile são encontradas no Vale do Maule.

Maule DO

A região tradicionalmente sempre esteve associada à quantidade da produção muito mais do que à sua qualidade. Nos últimos anos, porém, isso tem mudado substancialmente.

Castas internacionais e reconhecidas na vitivinicultura mundial vêm suplantando as de baixa qualidade plantadas na região, e, aliada às práticas cada vez mais desenvolvidas no cultivo das frutas e produção dos vinhos por parte dos seus vinicultores, o Maule tem dado vinhos de alta classe ao mercado, especialmente da variedade Carignan.

Banhado pelo famoso rio que lhe dá nome, o Maule tem clima temperado mediterrâneo, com intensidade alta de sol no verão, com temperaturas máximas entre 19º C e 30º C, e chuva anual concentrada no inverno, quando as temperaturas chegam à mínima de 7º C.

Os dias quentes seguidos de noite frias facilitam e prolongam a temporada de cultivo e colheita das uvas, dando-lhes um tempo de amadurecimento total, o que equilibra seus níveis de acidez e doçura. O Rio Maule, que flui do leste para o oeste do Chile, através de um caminho que se inicia nos Andes e termina no Pacífico, ainda propícia à região de solos aluvial diversificados, indo desde o granítico até o arenoso. Férteis, esses solos favorecem o cultivo produtivo nos vinhedos da região.

Região com longa e bem sucedida história na cultura e produção de vinhos, Maule tem na vitivinicultura sua atividade econômica principal; alguns dos mais extensos vinhedos do país estão localizados lá, e alguns deles datam de 1830. Cerca de 50% de todo o vinho exportado do Chile é oriundo do Vale de Maule, que sempre foi conhecida por sua produção em larga escala.

A uva mais cultivada no Vale do Maule é a Cabernet Sauvignon com 8.888 de hectares plantados. Nos anos 1990, essa produção recebeu grandes investimentos que ocasionaram o desenvolvimento técnico em equipamentos e infraestrutura, que em conjunto com mudanças significativas nas formas de manejo dos vinhedos, favoreceu o surgimento de uma produção mais especializada, resultando vinhos de alto padrão de qualidade e elevado valor comercial.

O vale ainda oferece muitos atrativos turísticos relacionados ao mundo dos vinhos. Uma rota composta por um conjunto de 15 vinhas em diferentes cidades da região possibilita ao visitante entrar em contato com o processo de produção, além de degustação de vinhos e pratos.

País

Em meados do século XVI uma uva chamada Listán Prieto vivia na Espanha e é levada ao México por missionários franciscanos que tinham como objetivo cultivá-la para produzir o vinho da missa. Lá, ficou conhecida como Misión.

Depois de um tempo, viajou aos Estados Unidos, depois à Argentina, onde ficou conhecida como Criolla Chica, até que os jesuítas a levaram para o Chile. A princípio, também produzia o vinho da missa, até que ultrapassou as barreiras religiosas e foi desbravar o terroir chileno. 

País

Somente no século XIX que a Criolla Chica ganhou o nome de País. Não se sabe ao certo o motivo, mas ela viveu tempos de rainha no Chile até que a Cabernet Sauvignon e a Carménère chegaram para pedir a coroa. E levaram. Ficou esquecida a um nível onde já nem se falava mais de sua existência. Algum boato, alguma memória aqui ou ali, nos terrenos mais remotos do Chile, mas nada que ainda a permitisse aparecer.

Mas eis que surgiu um francês, nascido na Borgonha, instigado pela América do Sul. Louis-Antoine Luyt planejou uma viagem de férias que virou estadia permanente, mas para isso, precisava de um trabalho. À época, Louis estava no Chile e virou lavador de pratos em um restaurante local, onde começou a aprender sobre vinhos e conheceu ninguém menos que Hector Vergara: o sommelier mais renomado do país e o único Master of Wine da América do Sul naquele tempo.

Louis Antoine Luyt

Hector estava abrindo a Escola de Sommelier do Chile e Louis já estava entre os seus primeiros alunos. Sabe aquela história de que o conhecimento abre portas? Pois é. Abriu. Ainda bem. Inconformado com a hegemonia da Cabernet Sauvignon e da Carménère nos vinhos chilenos, o francês decidiu que iria explorar as castas e áreas de cultivo do país. Foi então que descobriu que algumas parcelas de outras uvas ainda existiam, mas estavam sendo vendidas ou utilizadas por camponeses para produzir vinho para consumo próprio.

Decisão tomada. Louis-Antoine Luyt ia aprender a fazer vinho. Voltou para a França estudou viticultura e enologia em Beaune e, durante os estudos, fez amizade com Mathieu Lapierre, proprietário da renomada vinícola Villié-Morgon, onde teve a oportunidade de participar de cinco colheitas e ser introduzido ao vinho natural. Munido de conhecimento, sonho e coragem, Louis abriu uma vinícola no Chile e começou a explorar diferentes terroirs e cepas locais para produzir vinhos que seriam exportados, principalmente, à França.

Mas em 2010, o desastroso terremoto resultou na perda de 90% do seu cultivo. Ele não desistiu. Comprou mais oito hectares de vinhas, entre elas, a País. Desde então, a cepa foi voltando aos palcos, retomando os holofotes e mostrando (novamente) toda a sua capacidade para produzir grandes vinhos. De muita textura e ótima acidez, a País origina vinhos rústicos, bastante gastronômicos e corpo médio.

Com o tempo, os taninos ficam tão elegantes e macios que parecem veludo. Em geral, a uva País não recebe muito envelhecimento em madeira, pois os aromas dessa variedade são muito delicados e muita madeira pode interferir demais na tipicidade do vinho. Continuou sendo cultivada, principalmente por pequenas famílias agrícolas, até que, nas últimas décadas, alguns produtores começaram a apostar na sua volta ao mundo dos vinhos.

A Região do Maule é considerada a maior produtora, por hectare, da País atualmente e muitas de suas vinhas, como em todo o Chile, que traz essa cepa, são antigas, com média de 70 a 100 anos de idade! Afinal, foram esquecidas por tanto tempo!

Carignan

Também conhecida por Cariñena no nordeste da Espanha e Carignano na Sardenha, a Carignan é uma casta de uva de origem espanhola, especificamente da região de Aragón, onde seu nome mais comum é Mazuelo. Trata-se de uma casta bastante antiga, que foi se espalhando pela Europa ao longo de muitos anos. A uva possui mais de 60 derivações, sendo conhecida por diferentes nomes em todo o mundo e apresentando características diferenciadas de acordo com a região em que é cultivada.

Na França, onde a uva parece ter chegado em meados do século XII, atravessando os montes Pirineus, ela é chamada também de Monestel, Catalan e Roussillonen. Esse último nome faz referência à região que mais a acolheu, o Languedoc-Roussillon, de onde se tornou a uva tinta mais plantada da França, ocupando (em dados de 2006 da Vitis International Variety Catalogue) mais de 73 mil hectares de vinhedos.

Da França, a Carignan se espalhou por todo o Mediterrâneo, sendo bastante popular no sul da Itália (com o nome de Carignano ou Uva di Spagna). Durante muitas décadas, ela foi muito utilizada para vinhos de baixa qualidade, tanto na França quanto na Itália, o que a fez perder território para outras castas. Felizmente, há poucos anos isso começou a mudar na Europa. Na França ela se tornou grandiosa.

A uva possui resistência a solos com falta de água, amadurecendo e produzindo em larga escala mesmo em condições rigorosas.  A casta Carignan possui casca grossa e profunda cor escura, sendo uma uva com amadurecimento tardio e de produção elevada.

Uva Carignan

A casta da uva é bastante produtiva, demandando que os rendimentos sejam controlados para dar vinhos tintos de qualidade. É uma casta que pede bastante sol para ficar madura.

A uva da casta Carignan (Mazuelo) vem ganhando muitos adeptos e espaço no Novo Mundo do vinho, sendo muito utilizada também no Chile, onde cada vez mais é empregada na produção de vinhos tintos de qualidade e com grande reconhecimento mundial.

Os vinhos tintos elaborados com a casta Carignan mostram boa acidez e taninos potentes, que podem conferir um leve e característico amargor, além de um toque de rusticidade, típico de alguns vinhos do Languedoc-Roussillon. Os melhores exemplos de vinhos tintos, geralmente elaborados com uvas de vinhas antigas, plantadas em arbustos (goglet), podem ser complexos e longevos.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um rubi quase translúcido, com um lindo e brilhante violáceo, com discretas lágrimas, finas e rápidas, que desenham a borda do copo.

No nariz é incrivelmente complexo, mas que traz frescor e leveza, ao mesmo tempo, graças as suas notas frutadas, com destaque para morango, framboesas, cerejas, talvez algo de amora. Têm notas herbáceas, um toque vegetal, de ervas, que harmoniza com a fruta, com um toque floral e de terra molhada, mas não tão evidente.

Na boca é seco, elegante, leve, fresco, que surpreende, pelo fato de já ter cinco anos de garrafa, mas com presença. Os tons frutados ganham protagonismo no paladar, como no aspecto olfativo, a madeira figura com mais destaque na boca, graças aos doze meses que a Carignan, apenas, estagiou em barricas de carvalho, entregando uma leve tosta, um café moído, torrado, com taninos finos e boa acidez. Final de média persistência.

“A País é uma uva que pode ser terrosa demais, mas Las Veletas conseguiu criar um exemplo de vinho mais frutado e fresco com os aromas herbáceos em harmonia com a fruta. Um belo vinho para começar um jantar ou ainda melhor, almoço.”

Paul Tudgay

Um vinho especial, delicioso, complexo, mas muito elegante, macio e fácil de degustar. O Las Veletas Estate País e Carignan é oriundo de vinhas velhas, que variam de 8 a 103 anos de idade! São elaborados com fermentação espontânea (sem adição de leveduras). O Las Veletas, a sua linha de rótulos, vieram de uma tradicional e antiga propriedade na zona seca de San Javier onde há muitos vinhedos apresentam exatamente as castas País e Carignan, dentre outras cepas mais famosas. Todo o trabalho conta com a parceria do enólogo conceituado chamado Rafael Tirado, juntamente com o proprietário da vinícola Las Veletas, Raúl Dell’Oro. O projeto começou como algo para família e amigos, movidos apenas pelo prazer de fazer um bom vinho. A total liberdade para errar e experimentar foi o berço perfeito para dar asas à imaginação e obter um resultado totalmente diferente, pois estes vinhos nasceram com o único objetivo de serem degustados em casa, fazendo um brinde e partilhando, com lotes de produção de baixas quantidades, mas qualidade superior. Tem 12,5% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Las Veletas:

Las Veletas corresponde a uma propriedade tradicional e antiga, localizada na zona seca de San Javier, onde, durante muitos anos, as vinhas foram País, Carignan e misturas de outras castas tintas. Com esta premissa, tem-se trabalhado na recuperação das vinhas velhas e no desenvolvimento de novas vinhas com vinhas mais tradicionais. Todo este trabalho, promovido pelo seu proprietário Raúl Dell'Oro, que depois de vários anos a trabalhar na área junta-se ao conceituado enólogo Rafael Tirado para desenvolver o projeto do vinho Las Veletas.

O projeto começou como algo muito familiar, de amizade, e motivado unicamente pelo prazer de fazer um bom vinho. A máxima liberdade para errar e experimentar foi o berço perfeito para dar largas à imaginação e obter um resultado verdadeiramente diferente, pois estes vinhos nasceram com o único objetivo de desfrutar em casa para brindar e partilhar, com lotes de produção reduzidos em quantidade e elevados em qualidade.

Mais informações acesse:

https://www.lasveletas.cl/

Referências:

Clube dos Vinhos: https://www.clubedosvinhos.com.br/uva-pais-chile-curiosidade-harmonizacao-caracteristicas/

Tintos & Tantos: http://www.tintosetantos.com/index.php/escolhendo/cepas/604-pais

“Clube dos Vinhos”: https://www.clubedosvinhos.com.br/vale-do-maule-fertilidade-e-diversidade-de-uvas-e-vinhos/

“Vinci”: https://www.vinci.com.br/c/regiao/valle-de-maule

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/carignan

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/uva-carignan-e-seus-mundos_3212.html

 

 

  


 






 


sábado, 6 de junho de 2020

Lote 1936 País 2018


É unânime que o Chile produz os melhores vinhos entre os países que compõe o Novo Mundo. Cepas oriundas de outros países tradicionais, como a França, por exemplo, encontraram no solo chileno a sua nova concepção, a sua nova identidade, ganhando relevância e fama, tais como a Cabernet Sauvignon, a rainha das uvas tintas, o Merlot, a Sauvignon Blanc, Chardonnay e a mais emblemática que abraçou o Chile como a sua nova pátria: a Carmènére. 

Vinhos reconhecidos, premiados e consumidos mundo afora. Se uma vinícola chilena não produzir vinhos com as referidas castas, não é uma vinícola do Chile! Mas há também aquelas castas esquecidas, quase que obscuras para muitos enófilos e que, ao longo do tempo, relegadas a uma condição de pouca reputação, caiu no ostracismo após anos e anos de sucesso e representatividade cultural. 

Uma dessas castas é a País, a casta emblemática do Chile dos primórdios, antes das famosas de hoje. Eu confesso que nunca degustei um chileno com essa casta. Ouvi falar, muito remotamente, de forma muito tímida, por alguns enólogos, produtores e críticos do vinho, talvez por se tratar de um tabu ou, como disse, falta de reputação, mas sempre tive aquela típica curiosidade e o ávido interesse em buscar novas experiências e prometi um dia que, caso surgisse a oportunidade de adquirir um rótulo dessa casta, eu compraria. E eis que surgiu o momento!

Mas como pouco conhecia não me deixei levar pela euforia e preferi, antes de sacramentar a minha aquisição, pesquisar um pouco sobre a casta e a história que a envolve no Chile o que foi um trampolim para a compra. Ao desarrolhar o vinho, fui arrebatado de uma forma tão surpreendente, um vinho de excelente custo x benefício. 

O vinho que degustei e gostei se chama Lote 1936, da já mencionada casta País (100%), da famosa e emblemática Região do Maule, da safra 2018. Contudo, como eu havia dito que, antes de comprar fizera uma pesquisa sobre a história da casta, preciso reproduzi-la textualmente, afinal, não é sempre que nós, brasileiros, podemos degustar rótulo com essa antiga cepa.

País

Em meados do século XVI uma uva chamada Listán Prieto vivia na Espanha e é levada ao México por missionários franciscanos que tinham como objetivo cultivá-la para produzir o vinho da missa. Lá, ficou conhecida como Misión. 

Depois de um tempo, viajou aos Estados Unidos, depois à Argentina, onde ficou conhecida como Criolla Chica, até que os jesuítas a levaram para o Chile. A princípio, também produzia o vinho da missa, até que ultrapassou as barreiras religiosas e foi desbravar o terroir chileno. 

Uva País

Somente no século XIX que a Criolla Chica ganhou o nome de País. Não se sabe ao certo o motivo, mas ela viveu tempos de rainha no Chile até que a Cabernet Sauvignon e a Carménère chegaram para pedir a coroa. E levaram. Ficou esquecida a um nível onde já nem se falava mais de sua existência. Algum boato, alguma memória aqui ou ali, nos terrenos mais remotos do Chile, mas nada que ainda a permitisse aparecer. 

Mas eis que surgiu um francês, nascido na Borgonha, instigado pela América do Sul. Louis-Antoine Luyt planejou uma viagem de férias que virou estadia permanente, mas para isso, precisava de um trabalho. À época, Louis estava no Chile e virou lavador de pratos em um restaurante local, onde começou a aprender sobre vinhos e conheceu ninguém menos que Hector Vergara: o sommelier mais renomado do país e o único Master of Wine da América do Sul naquele tempo. 

Louis-Antoine Luyt

Hector estava abrindo a Escola de Sommelier do Chile e Louis já estava entre os seus primeiros alunos. Sabe aquela história de que o conhecimento abre portas? Pois é. Abriu. Ainda bem. Inconformado com a hegemonia da Cabernet Sauvignon e da Carménère nos vinhos chilenos, o francês decidiu que iria explorar as castas e áreas de cultivo do país. Foi então que descobriu que algumas parcelas de outras uvas ainda existiam, mas estavam sendo vendidas ou utilizadas por camponeses para produzir vinho para consumo próprio. 

Decisão tomada. Louis-Antoine Luyt ia aprender a fazer vinho. Voltou para a França estudou viticultura e enologia em Beaune e, durante os estudos, fez amizade com Mathieu Lapierre, proprietário da renomada vinícola Villié-Morgon, onde teve a oportunidade de participar de cinco colheitas e ser introduzido ao vinho natural. Munido de conhecimento, sonho e coragem, Louis abriu uma vinícola no Chile e começou a explorar diferentes terroirs e cepas locais para produzir vinhos que seriam exportados, principalmente, à França. 

Mas em 2010, o desastroso terremoto resultou na perda de 90% do seu cultivo. Ele não desistiu. Comprou mais oito hectares de vinhas, entre elas, a País. Desde então, a cepa foi voltando aos palcos, retomando os holofotes e mostrando (novamente) toda a sua capacidade para produzir grandes vinhos. De muita textura e ótima acidez, a País origina vinhos rústicos, bastante gastronômicos e corpo médio.

Com o tempo, os taninos ficam tão elegantes e macios que parecem veludo. Em geral, a uva do país não recebe muito envelhecimento em madeira, pois os aromas dessa variedade são muito delicados e muita madeira pode interferir demais na tipicidade do vinho. Continuou sendo cultivada, principalmente por pequenas famílias agrícolas, até que, nas últimas décadas, alguns produtores começaram a apostar na sua volta ao mundo dos vinhos. 

A Região do Maule é considerada a maior produtora, por hectare, da País atualmente e muitas de suas vinhas, como em todo o Chile, que traz essa cepa, são antigas, com média de 70 a 100 anos de idade! Afinal, foram esquecidas por tanto tempo!

E finalmente o vinho!

Na taça apresenta um vermelho rubi com reflexos violáceos brilhantes com lágrimas finas e em pouca intensidade, se dissipando, sumindo brevemente das paredes do copo.

No nariz traz um exuberante aroma de frutas vermelhas como morango, por exemplo, remetendo a um vinho fresco e jovem.

Na boca se reproduz as impressões olfativas, sendo leve e delicado com taninos finos, sedosos e uma boa acidez com final frutado e de longa persistência.

Um vinho honesto e muito bem feito, redondo, que preenche muito bem a boca, de leve, lembrando, inclusive, um Pinot Noir. Tem uma vocação gastronômica, podendo harmonizar com queijos curados e massas mais leves, sem tanto condimentos ou ser degustado sozinho de forma informal e despretensiosa. Tem 12,5% de teor alcoólico.

Uma curiosidade do nome do rótulo, Lote 1936: corresponde ao ano em que os primeiros membros da família Guerra chegara as Terras do Maule, no Chile e as suas vinhas são bem antigas: com 70 anos, colhidas a mão e uma carga máxima de 4.000 quilos por hectare, o que é muito pouco, levando em consideração a quantidade de produção de nível industrial, sobretudo das grandes potências vinícolas instaladas no Chile.

Sobre a Chilean Wines Company (CWC):

A Chilean Wines Company é uma empresa de propriedade e operação familiar, localizada no coração do vale de Maule, no centro do Chile. A família Guerra plantou e desenvolveu 750 hectares de vinhedos em todo o vale do Maule. Nosso foco tem sido explorar e experimentar diferentes variedades baseadas nos vários microclimas do Vale, alcançando uma expressão autêntica de cada terroir. As origens do vinho do Chile começaram na região vinícola original de Maule Valley e hoje a região produz mais vinhos em todo o país. A herança vinícola do Chile começou aqui quando os primeiros colonos europeus chegaram ao país. Esses colonos escolheram a Maule por suas condições climáticas superiores e solo ideal para o cultivo de uvas para vinho, as mesmas condições que fornecem a base para a produção de uvas excepcionais e vinhos de classe mundial atualmente. Quando a família Guerra migrou para o Chile do norte da Itália em 1920, os seus ancestrais escolheram o Vale Maule com o objetivo de continuar nossas próprias tradições familiares de vinhos. Usando raízes de vinho cuidadosamente transportadas ao longo da longa jornada oceânica, a família plantou novas vinhas para continuar a herança de vinhos da família nesta nova terra. A longa experiência da família Guerra em trabalhar com os vários microclimas e terrenos em Maule Valley forneceu uma capacidade única de fornecer a expressão máxima das variedades com as quais a CWC trabalha. Atualmente, as marcas da Chilean Wines Company são exportadas para mais de 30 países ao redor do mundo.

Mais informações acesse:


Fonte sobre a casta País: