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quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Bandada Pinot Grigio 2022

 



Vinho: Bandada

Casta: Pinot Grigio

Safra: 2022

Região: Vale Central

País: Chile

Produtor: Viña Cremaschi Furlotti

Teor Alcoólico: 12,5%

 

Análise:

Visual: tem amarelo palha, brilhante e com reflexos esverdeados.

Nariz: Frutas cítricas, frutas de caroço como pêssego, frutas verdes como maçã, flor de laranjeira e notas minerais.

Boca: é leve, frutado, saboroso, jovem e com agradável frescor, graças a sua vibrante acidez.

 

Produtor:

https://cf.cl/?lang=pt-br


terça-feira, 22 de novembro de 2022

Autoritas Pinot Grigio 2020

 

Falei, por muitas vezes, até de forma, confesso, demasiada que sou um incondicional fã da casta Pinot Grigio. Além de ter predicados que muito me atrai ela, por esses mesmos predicados, ou diria, características, tem tudo a ver com o clima tropical brasileiro.

É aquela famosa frase que costumamos dizer: “É um vinho para piscina”! Mas não precisa ser necessariamente para piscina, mas para uma praia. Uma praia? Sim para a praia! Se podem levar, no isopor, cerveja, por que não levar a sua garrafa de Pinot Grigio?

E eu lembro como se fora ontem, o meu primeiro contato com a cepa. Em um dia de calor, um verão daqueles! Tinha uma confraternização com amigos do trabalho em um restaurante famoso em minha cidade, queria pedir algo que não fosse cerveja, mas o meu bom e velho vinho.

Tomei em minhas mãos o cardápio e de imediato eu não consegui achar nenhum rótulo interessante. Decidi olhar novamente, agora com a atenção redobrada, quem sabe apareça algum que chame a atenção.

E vi um branco, brasileiro, de uma casta estranha para mim, trazia o “Pinot” no nome e lembrei da tinta Pinot Noir, que já conhecia e muito gostava, mas trazia outro nome: “Grigio” e era uma casta branca.

Pensei: Calor intenso, o desejo único de degustar um vinho, então vamos de branco dessa, até então nova casta Pinot Grigio. A única coisa que eu conhecia era o produtor que sempre esteve comigo em minhas degustações: Miolo. Então deve ser bom.

Degustei e gostei verdadeiramente e o dia quente ajudou, complementou o meu momento tão particularmente singular naquele dia. Estava delicioso. Era frutado, leve, fresco, acidez gostosa.

Saí daquele restaurante com o desejo quase que incontrolável de degustar novamente um vinho da casta Pinot Grigio e ao longo do tempo fui tendo algumas experiências, diria únicas, com rótulos dessa casta.

Degustei rótulos do Vêneto, da Sicília, ambas regiões emblemáticas italianas, da África do Sul também, alguns poucos do Brasil e também do Chile e a valores bem competitivos! Claro que os vinhos estão inflacionando e está cada vez mais difícil encontrar vinhos com valores justos, além dos tributos também, mas, tentando consegue encontrar alguns vinhos dessa casta a preços atraentes.

E hoje eu retornarei ao Chile, mais precisamente ao Vale Central, para degustar mais um Pinot Grigio. Tenho degustado alguns deste país e tem me surpreendido por demais da conta e vale lembrar um, da gigante Luis Felipe Edwards, que degustei e gostei que se chama Alto Los Romeros 2018 que, pasmem, custou, à época, R$18,90!

E o de hoje também é da Luis Felipe Edwards, de uma linha que eu verdadeiramente adoro: Autoritas! Então sem mais delongas vamos às apresentações! O vinho que degustei e gostei veio do Vale Central, Chile, e se chama Autoritas da casta Pinot Grigio da safra 2020. Antes de falar do vinho, falemos um pouco da região chilena e da cepa tão querida.

Valle Central: o centro vitivinícola do Chile        

Valle Central, ou Central Valley como é conhecida, é uma região vinícola do Chile, estando entre uma das mais importantes áreas produtoras de vinho de toda a América do Sul, em termos de volume.

Além disso, o Central Valley é uma das regiões que mais se destaca com relação a extensão, indo desde o Vale do Maipo até o final do Vale do Maule. Uma ampla variedade de vinhos é produzida na região, elaborados a partir de uvas cultivadas em diferentes terrenos. Tal exemplar vão desde vinhos finos e elegantes, como os produzidos em Bordeaux, até os vinhedos mais velhos e estabelecidos em Maule. A região do Valle Central é também lar de diversas variedades de uvas, porém, as plantações são ocupadas pelas castas Cabernet Sauvignon, Sauvignon Blanc, Merlot, Chardonnay e Syrah.

A uva ícone do Chile, a Carmenère, também é importante na região, assim como a Malbec é referência em Mendoza, do outro lado dos Andes. As áreas mais frias do Central Valley estão ganhando cada vez mais destaque perante o mundo dos vinhos, onde são cultivadas as uvas Riesling, Viognier e até mesmo a casta Gewürztraminer. O Central Valley é dividido em quatro sub-regiões vinícolas, de norte a sul, cada qual com características e diferenças marcantes.

O Maipo é a sub-região mais histórica do país, onde as vinhas são cultivadas desde o século XVI, abrigando as videiras mais antigas existentes na região. O Rapel Valley é lar das tradicionais sub-regiões Cachapoal e Colchagua, enquanto Maule Valley é uma das sub-regiões vinícolas mais prolíferas de toda a América do Sul. Por fim, a última sub-região Curico Valley foi a pioneira no cultivo vinícola na década de 1970, onde Miguel Torres deu início a vinicultura moderna.

Vale Central

A Cabernet Sauvignon pode ser cultivada com sucesso tanto no Vale do Maipo quanto no Vale de Rapel, cada um por um motivo diferente. No Vale de Rapel, a presença de um solo rochoso e com baixa atividade freática (pouca disponibilidade hídrica) aliado à alta taxa de amplitude térmica (diferença entre a maior e a menor temperatura nessa área em um dia) vai favorecer o grau de maturação da Cabernet Sauvignon, aprofundando seu sabor.

Essa parte do vale, portanto, produz uvas com um sabor mais profundo e maduro. Já a Cabernet Sauvignon que é cultivada no vale do Maipo (de onde provém mais da metade da produção dessa cepa) conta com a influência direta do Rio Maipo. Onde as águas do rio servem para regular a temperatura e fornecer a irrigação dos vinhedos. E para não deixar de destacar a área a sotavento da Cordilheira da Costa, o Vale do Curicó possui um clima quente e úmido, já que todo o ar frio é impedido de passar pela barreira natural da montanha.

Quem se beneficia com isso é a produção de Carménère, que por tamanha perfeição em seu desabrochamento são conhecidos por todo o mundo, não sendo surpresa o fato de que somente desse Vale derivem vinhos para mais de 70 países ao redor do mundo. Em outras palavras, o Vale Central se constitui como uma mina de ouro de cepas premiadas e irrigadas com tradição centenária.

O Vale Central é uma área plana, localizada na Cordilheira Litoral e Los Andes, caracterizada por seus interessantes solos de argila, marga, silte e areia, que oferece ao produtor uma extraordinária variedade de terroirs. Excepcionalmente adequada para a viticultura, o clima da região é mediterrâneo e se traduz em dias de sol, sem nuvens, em um ambiente seco.

A coluna de 1400 km de vinhas é resfriada devido à influência gelada da corrente de Humboldt, que se origina na Antártida e penetra no interior de muito mais frio do que em águas da Califórnia. Outra importante influência refrescante é a descida noturna do ar frio dos Andes.

Pinot Grigio

Se você nunca ouviu falar na uva Pinot Grigio, talvez já tenha degustado um vinho produzido com a Pinot Gris. É possível encontrar a casta sendo chamada pelos dois nomes diferentes, a depender da origem do vinho, podendo ser italiano ou francês, respectivamente. A diferença na forma como chamamos a uva passa pelo próprio significado das duas palavras: o nome Grigio significa cinza em italiano e Gris, cinza em francês – sendo referência à cor da casca da fruta. A coloração da uva é um resultado natural do cruzamento entre a Pinot Noir e a Pinot Blanc.

A Pinot Grigio surgiu na região da Borgonha, contudo foi em outra região francesa que ela ganhou um lar e ganhou notoriedade também, a Alsácia. Onde era conhecida por outro nome famoso, Tokay, mas que causava muita confusão. Tokay é um termo utilizado para os vinhos mais famosos (e caros) da Hungria, os longevos Tokaji, que nada tem a ver com a Pinot Grigio.

A origem da Pinot Grigio foi descoberta a poucas décadas, onde constatou-se ser um cruzamento genético natural entre a Pinot Noir e a Pinot Blanc. Embora seja de origem francesa, foram os italianos que tornaram esse varietal mundialmente conhecido e passaram a dominar a sua produção global. Isso faz com que muitos acreditem que a uva seja originária do fantástico "país da bota".

Os vinhos produzidos com a Pinot Grigio são muito influenciados pelos fatores ambientais e humanos envolvidos no processo, o que chamamos de terroir. Nas regiões frias são encontrados vinhos com maior intensidade aromática e acidez vibrante, além de serem tipicamente mais leves e delicados, normalmente denotando aromas frutados, florais e com a sutil presença de especiarias.

Bons exemplos disso são os aromas de pêssego, limão, tangerina, pera, maçã verde, complementados por flores silvestres, mel, tomilho, orégano e erva-cidreira. Já as regiões mais quentes produzem exemplares mais viscosos, aumentando a percepção de corpo da bebida, que, dependendo do solo, pode apresentar um caráter mineral, lembrando pedras e a areia molhada.

Agora, se compararmos o perfil dos vinhos franceses e italianos, as características sensoriais serão gritantes. Na França, esses vinhos costumam ser mais encorpados, amarelados e com uma presença picante. Já na Itália, os exemplares são mais refrescantes, versáteis e fáceis de beber. Dependendo do estilo do produto, vinícola e vindima, são vinhos brancos com aptidão ao envelhecimento.

E agora finalmente o vinho!

Na taça tem um lindo e brilhante amarelo palha com reflexos esverdeados com algumas lágrimas finas e rápidas.

No nariz as notas de frutas brancas, cítricas e tropicais, tais como lima, pera, abacaxi, maçã-verde, protagonizam nos aromas, de forma intensa e agradável, com toques florais e um quê de mineralidade e muito, muito frescor.

Na boca traz um paladar leve, com muita frescura e leveza, mas com muito sabor, trazendo um ótimo volume de boca, capitaneados pela fruta branca, cítrica, conferindo-lhe alguma personalidade. Traz um pouco de álcool, atípico para um Pinot Grigio, mas que entrega a tal da personalidade identificada. Tem uma ótima acidez e um final longo e persistente.

Um vinho surpreendente! Um vinho especial! Mais uma vez a Pinot Grigio me deixa de joelhos e gosto dessa doce “subserviência”. Um vinho surpreendente pelo que valeu, em torno de R$ 29,90, entregando muito além do que foi pago, fazendo dele uma relação excepcional de custo X benefício. Quando degusto um Pinot Grigio sempre me faço uma pergunta: Será que estou sugestionado? Será que o que sobressai é a definição de um fã da cepa? Confesso que sinto essa existencial dúvida, mas o fato é de que temos de deixar o coração falar por nós. A Pinot Grigio é definitivamente uma das castas brancas mais queridas para mim e se bobear atingirá o posto de mais querida de todas as brancas. Até a próxima experiência! Tem 13% de teor alcoólico.

Curiosidade:                              

A palavra “Autoritas” vem do latim auctoritas, que significa prestígio, honra, respeito, autoridade. Esses valores foram o que inspirou a criação desta marca, desenvolvida por Luis Felipe Edwards Family Wines. A crista (brasão) da família, presente em cada garrafa, é o selo que reúne esses valores, passados ​​de geração em geração e expressos em cada copo da Autoritas. Esse prestígio é a assinatura desse produtor que, graças aos seus rótulos, independente de valores e propostas, foi conquistado ao longo desses anos.

Sobre a Viña Luis Felipe Edwards:

A Viña Luis Felipe Edwards foi fundada em 1976 pelo empresário Luis Felipe Edwards e sua esposa. Após alguns anos morando na Europa, o casal decidiu retornar ao Chile e, ao conhecer terras do Colchágua, um dos vales chilenos mais conhecidos, se encantou. Ali, aos pés das montanhas andinas, existia uma propriedade com 60 hectares de vinhedos plantados, uma pequena adega e uma fazenda histórica que, pouco tempo depois, foi o marco do início da LFE.

De nome Fundo San Jose de Puquillay até então, o produtor, que viria a se tornar uma das maiores vinícolas do Chile anos mais tarde, começou a expandir sua atuação. Após comprar mais 215 hectares de terras no Vale do Colchágua nos anos de 1980, começou a vender vinho a granel, estudar a fundo seus vinhedos e os resultados dos vinhos, e cultivar diferentes frutas para exportação.

O ponto de virada na história da Viña Luis Felipe Edwards veio na década de 1990, quando Luis Felipe Edwards viu a expectativa do mercado sobre os vinhos chilenos. Sabendo da alta qualidade dos rótulos que criava, o fundador resolveu renomear a vinícola e passou a usar o seu próprio nome como atestado de qualidade. Após um período de crescimento e modernização, especialmente com o início das vendas do primeiro vinho em 1995, a LFE se tornou um importante exportador de vinho chileno no começo do século XX. A partir de então, o já famoso produtor começou a adquirir terras em outras regiões do país.

Na busca incessante por novos terroirs de qualidade, ele encontrou no Vale do Leyda um dos seus maiores tesouros: 134 hectares de videiras plantadas em altitude extrema, a mais de 900 metros acima do nível do mar.

Mais informações acesse:

https://www.lfewines.com/

Referências:

“Wine”: https://www.wine.com.br/winepedia/sommelier-wine/serie-uvas-pinot-grigio/

“Blog Famiglia Valduga”: https://blog.famigliavalduga.com.br/pinot-grigio-conheca-suas-principais-caracteristicas/

“Portal Vinci”: https://www.vinci.com.br/c/regiao/valle-central

“Portal Winepedia”: https://www.wine.com.br/winepedia/enoturismo/valle-central-chile/

“Portal Enologuia”: https://enologuia.com.br/regioes/186-o-vale-central-no-chile-ponto-de-encontro-de-vinhos-reconhecidos-mundialmente

 

 

 




domingo, 9 de outubro de 2022

AS3 Premium Cabernet Sauvignon 2015

Quando falamos em vinhos estruturados, encorpados do Chile, qual casta vem a mente? Não tem erro: Cabernet Sauvignon! Se quiser degustar um vinho com complexidade, com certa estrutura e potência, aposte firmemente no Cabernet Sauvignon do Chile, isso se optar pelos vinhos do Novo Mundo!

Já tive alguns das melhores experiências quando se fala dos Cabernets Sauvignon do Chile! Há quem diga que os mesmos são demasiadamente carregados no famoso “pimentão” quando estagiam em barricas de carvalho, que não traz um bom paladar.

De fato o excesso não pode trazer prazer na degustação, mas que mal há quando se tem aquele pimentão no Cabernet Sauvignon dos chilenos? Enfim há gosto e percepção para tudo, é tudo muito particular e deve ser respeitada a opinião alheia.

Mas os vinhos chilenos desta cepa que degustei até hoje, sobretudo os amadeirados, me trouxe grandes momentos na degustação! Foram ótimos! Alguns entregaram potência, estrutura e complexidade, principalmente quando tiveram poucos anos de garrafa, já outros rótulos que degustei e gostei da rainha das uvas tintas com algum bom tempo de guarda entregaram vinhos elegantes, aveludados, mas de marcante personalidade, característica essencial da uva, bem como a proposta dos vinhos naquele país produzido.

A compra do rótulo de hoje, com toda essa entrada de vinhos potentes e amadeirados, teve a compra estimulada pelo vinho mais básico da sua linha. Sim! Um rótulo de proposta distinta estimulou a compra da sua linha mais complexa. Algum tempo atrás comprei um vinho de nome “AS3 Reserva Cabernet Sauvignon da safra 2014” e que me surpreendeu grandemente pela personalidade e estrutura, aliada a maciez e elegância.

AS3 Reserva Cabernet Sauvignon 2014

Isso me excitou a degustar outros vinhos da sua linha. Neste mesmo supermercado havia um chamado “AS3 Premium” que, à época estava, a meu ver, muito caro. Sabemos que vinhos com tais propostas não são baratos quando entram no mercado brasileiro, mas sentia que, pelo simples fato do valor alto, eu poderia, um dia, ter a oportunidade de compra-lo a um preço mais acessível ao bolso.

E esse dia não demorou muito a chegar! O vinho entrou na promoção custando na faixa dos R$55,00 e não hesitei em comprar dessa vez.

Então já “denunciei” o rótulo de hoje: o vinho que degustei e gostei veio da Região do Vale do Curicó, no Vale Central, Chile e se chama AS3 Premium da safra 2015. Mas as histórias que giram em torno do rótulo não param por aqui.

Por que o nome “AS3” e de onde esse vinho veio?

Em 2012 a gigante OLISUR, empresa chilena do ramo de alimentos, entrou no mercado brasileiro disposta a não brincar em serviço. Seus azeites invadiram as gôndolas dos nossos supermercados em uma política comercial bem agressiva. A garrafa de 500ml do famoso “O-Live” vendeu muito e a preços muito atraentes, na faixa dos R$13,00 em média, desbancando a concorrência.

Em 2013 decidiram, entretanto, investir no ramo dos vinhos. No caso da nossa poesia líquida é fácil fazer guerra de preços, basta trazer rótulos de baixa qualidade e inundar o nosso mercado, mas não foi o que a Olisur quis fazer.

A Olisur fez uma pesquisa de mercado para aprender o gosto dos enófilos brasileiros e contrato a vinícola chilena Terramater para vinificar os vinhos. Buscou ainda o prestigiado enólogp Stefano Gandolini para prestar consultoria no ambicioso projeto que era o enólogo-chefe da Von Siebentahl, onde assina alguns dos mais premiados e conceituados vinhos do Chile.

E assim nasceu o projeto “AS3”, que consiste em uma linha de três rótulos de vinhos com propostas mais básica, intermediária e a chamada Premium, ou seja, vinhos de entrada, sem passagens por barricas de carvalho, um reserva com um tempo razoável em madeira e o “Premium” ou a “versão” Gran Reserva com uma passagem maior por barricas. Tais rótulos foram concebidos para atingir apenas o mercado brasileiro.

O termo “AS3” refere-se, primordialmente nas três sub-regiões distintas de onde vêm esses vinhos, oriundas do Vale Central, são elas: Vale do Curicó, do Maipo e Maule. O rótulo que degustarei em questão é produzido na região do Vale do Curicó e do Vale centras, regiões estas que valem contar as suas histórias.

Vale Central

Valle Central, ou Central Valley como é conhecida, é uma região vinícola do Chile, estando entre uma das mais importantes áreas produtoras de vinho de toda a América do Sul, em termos de volume. Além disso, o Central Valley é uma das regiões que mais se destaca com relação a extensão, indo desde o Vale do Maipo até o final do Vale do Maule.

Vale Central, Chile

Uma ampla variedade de vinhos é produzida na região, elaborados a partir de uvas cultivadas em diferentes terrenos. Tal exemplar vão desde vinhos finos e elegantes, como os produzidos em Bordeaux, até os vinhedos mais velhos e estabelecidos em Maule. A região do Valle Central é também lar de diversas variedades de uvas, porém, as plantações são ocupadas pelas castas Cabernet Sauvignon, Sauvignon Blanc, Merlot, Chardonnay e Syrah. A uva ícone do Chile, a Carmenère, também é importante na região, assim como a Malbec é referência em Mendoza, do outro lado dos Andes.

As áreas mais frias do Central Valley estão ganhando cada vez mais destaque perante o mundo dos vinhos, onde são cultivadas as uvas Riesling, Viognier e até mesmo a casta Gewürztraminer.

O Central Valley é dividido em quatro sub-regiões vinícolas, de norte a sul, cada qual com características e diferenças marcantes. O Maipo é a sub-região mais histórica do país, onde as vinhas são cultivadas desde o século XVI, abrigando as videiras mais antigas existentes na região. O Rapel Valley é lar das tradicionais sub-regiões Cachapoal e Colchagua, enquanto Maule Valley é uma das sub-regiões vinícolas mais prolíferas de toda a América do Sul. Por fim, a última sub-região Curico Valley foi a pioneira no cultivo vinícola na década de 1970, onde Miguel Torres deu início a vinicultura moderna.

A Cabernet Sauvignon pode ser cultivada com sucesso tanto no Vale do Maipo quanto no Vale de Rapel, cada um por um motivo diferente. No Vale de Rapel, a presença de um solo rochoso e com baixa atividade freática (pouca disponibilidade hídrica) aliada à alta taxa de amplitude térmica (diferença entre a maior e a menor temperatura nessa área em um dia) vai favorecer o grau de maturação da Cabernet Sauvignon, aprofundando seu sabor. Essa parte do vale, portanto, produz uvas com um sabor mais profundo e maduro.

Já a Cabernet Sauvignon que é cultivada no vale do Maipo (de onde provém mais da metade da produção dessa cepa) conta com a influência direta do Rio Maipo. Onde as águas do rio servem para regular a temperatura e fornecer a irrigação dos vinhedos. E para não deixar de destacar a área a sotavento da Cordilheira da Costa, o Vale do Curicó possui um clima quente e úmido, já que todo o ar frio é impedido de passar pela barreira natural da montanha. Quem se beneficia com isso é a produção de Carménère, que por tamanha perfeição em seu desabrochamento são conhecidos por todo o mundo, não sendo surpresa o fato de que somente desse Vale derivem vinhos para mais de 70 países ao redor do mundo.

Em outras palavras, o Vale Central se constitui como uma mina de ouro de cepas premiadas e irrigadas com tradição centenária. O Valle Central é uma área plana, localizada na Cordilheira Litoral e Los Andes, caracterizada por seus interessantes solos de argila, marga, silte e areia, que oferece ao produtor uma extraordinária variedade de terroirs.

Excepcionalmente adequada para a viticultura, o clima da região é mediterrâneo e se traduz em dias de sol, sem nuvens, em um ambiente seco. A coluna de 1400 km de vinhas é resfriada devido à influência gelada da corrente de Humboldt, que se origina na Antártida e penetra no interior de muito mais frio do que em águas da Califórnia. Outra importante influência refrescante é a descida noturna do ar frio dos Andes.

Vale do Curicó

O nome “Curicó” significa “águas negras”, no idioma indígena mapuche. O motivo é a bacia do Mataquito, com suas águas escuras que serpenteiam pelo vale. Por conta dessa irrigação, o Curicó tem sido um centro agrícola importante do Chile.

O Vale de Curicó, a 85 quilômetros do oceano e 45 da Cordilheira dos Andes, é uma importante Denominação de Origem chilena que tem vastas extensões de terras plantadas com videiras de alto rendimento.

Localizado no Maule, região da parte central do Chile, 45 quilômetros a oeste da imponente Cordilheira dos Andes e 85 a leste do Oceano Pacífico, o Vale de Curicó é um dos principais e mais antigos centros vinícolas do país. Por conta disso, sua famosa rota do vinho é também um importante roteiro turístico do Novo Mundo. 

Vale do Curicó, Chile

Mais de 30 variedades de uvas são cultivadas no vale, desde a metade do século 19. A característica climática é a neblina que cobre tudo pela manhã. A variação de temperatura gera vinhos de boa acidez, sendo perfeitos para as castas brancas. Os vinhos de Sauvignon Blanc, Vert e Gris do Vale do Curicó são de qualidade notável, com todo o frescor que eles prometem.

Já as partes mais quentes do vale, como Lontué, trazem ótimos vinhos de Cabernet Sauvignon, principalmente dos vinhedos mais antigos. Foi no Vale do Curicó que o produtor espanhol Miguel Torres começou um investimento, nos anos 70, iniciando a onda de valorização de vinhos do Novo Mundo.

E agora finalmente o vinho!

Na taça manifesta um intenso vermelho rubi, mas com entornos granada, acastanhado, devido talvez à passagem por barricas de carvalho e/ou tempo de garrafa, sete anos, com a presença de algumas borras e lágrimas grossas, lentas e em vultosa quantidade.

No nariz a presença das notas amadeiradas ganha protagonismo, entregando tabaco, couro, terra molhada, menta, café e tostado médio, mas logo se percebe, se sente as frutas pretas maduras, como ameixa, amora e cereja negra, que se fundem e revelam um inigualável equilíbrio além de especiarias com destaque para pimenta preta e aquele pimentão, mas discreto.

Na boca é seco, estruturado, médio corpo, mas elegante graças às facetas do tempo em garrafa, que lhe confere, graças também aos 12 meses em madeira, muita complexidade, promovendo também um equilíbrio fantástico entre as frutas maduras e a madeira, com taninos maduros, mas macios e domados, com acidez correta, com toques de chocolate, baunilha, álcool evidente e integrado e um agradável e persistente final com retrogosto frutado.

Quer degustar um Cabernet Sauvignon poderoso, de personalidade marcante, com complexidade? Vai de Chile! Não há como errar! São vinhos de caráter, de voluptuosidade, são rótulos dessa região que expressão os melhores e mais prestigiados terroirs da América Latina e não é à toa e com muitos preços compatíveis, acessíveis a todas as camadas sociais, o que é o mais importante! O AS3 Premium é versátil, o afinamento em barricas o possibilitou ser mais elegante, saboroso, complexo, mas com a estrutura típica da cepa. E se junta a essas combinações, 50 anos de vinhas às quais esse vinho foi concebido. Fantástico! Tem 14% de teor alcoólico.



Sobre a Vinícola Terramater:

Em 1996, numa idade em que muitas pessoas pensam em se aposentar, 3 irmãs Canepa, - Gilda, Edda e Antonieta -, respondendo à paixão pela produção de vinhos finos que está em sua família desde os anos trinta, decidem juntar-se vinhas de longa tradição para uma nova adega de última geração, fundando assim a TerraMater.

O nome TerraMater diz-nos muito sobre esta empresa, que nasce de terras excecionais com vinhas nobres até aos 70 anos e maravilhosos olivais, com troncos grossos e bonita folhagem verde com mais de 50 anos, que atualmente produzem o melhor azeite e azeitona do mundo. Também é possível encontrar árvores de fruto, principalmente macieiras, que nos meses de verão enfeitam com os seus frutos abundantes e fazem destas quintas um verdadeiro espetáculo.

TerraMater representa a combinação perfeita entre a tradicional viticultura chilena de vinhos de alta qualidade, a busca constante pela inovação entregando novos aromas e sabores, e a preocupação em conseguir os melhores vinhos que a terra pode nos dar, criando assim vinhos que possam verdadeiramente honrar a generosidade da Mãe Terra.

Mais informações acesse:

https://www.terramater.cl/

Referências:

Portal Vinci, em: https://www.vinci.com.br/c/regiao/valle-central

Portal Winepedia, em: https://www.wine.com.br/winepedia/enoturismo/valle-central-chile/

Portal Enologuia, em: https://enologuia.com.br/regioes/186-o-vale-central-no-chile-ponto-de-encontro-de-vinhos-reconhecidos-mundialmente

“Wine”: https://www.wine.com.br/winepedia/enoturismo/vale-do-curico-para-alem-dos-vinhedos/

“Blog Sonoma”: https://blog.sonoma.com.br/vales-do-chile/

“Enoeventos”: http://www.enoeventos.com.br/201401/as3/as3.htm

“Escrivinhos”: https://escrivinhos.com.br/2015/04/tres-cabernets-do-chile-com-uma-otima.html/

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 




 




 

sexta-feira, 11 de março de 2022

El Toqui Reserva Especial Merlot 2020

 

Há quem diga que os vinhos da região chilena do Vale Central são ruins pelo fato de ser uma das maiores em termos de volume produzido de vinho, logo entregam rótulos de baixa qualidade. Não sou um enciclopédico em terroir ou coisa que o valha, mas não consigo falar, ou melhor, degustar vinhos chilenos sem pensar em regiões como o Vale Central.

Quem nunca degustou um chileno do Central Valley que atira a primeira taça, ou melhor, a primeira pedra. Gosto dessa região pela sua diversidade, de vinhos simples, de proposta simples, de vinhos frutados, jovens a vinhos mais estruturados e complexos. Sinto um pouco de preconceito, de uma intolerância com a região. Não nos esqueçamos de que temos, como distritos, ou microrregiões, ou ainda sub-regiões do Vale Central os emblemáticos Vale do Maipo e outra pequena região que muito aprecio, o Maule.

E o rótulo que escolhi é um Merlot, casta que construiu a minha predileção pelos vinhos, os meus primeiros tintos foram constituídos por essa casta que, por muito tempo foi a preferida, até a descoberta de outras cepas, claro. Além da Merlot ter construído a minha preferência pelos vinhos, foram os exemplares chilenos que me cativaram com a sua presença, pegada e até alguns com alguma complexidade e estrutura.

Mas esse, como qualquer rótulo do Vale Central traz uma simplicidade mesclado a uma estrutura, um vinho de proposta mais direta, porém entregou o que se espera de um autêntico Merlot chileno. O vinho que degustei e gostei veio, claro, do Vale Central chileno, e se chama El Toqui Reserva Especial da casta Merlot (100%) da safra 2020. Esse é o meu segundo rótulo da linha, pois já degustei e também gostei do El Toqui Reserva Especial Cabernet Sauvignon da safra 2020. E, para não perder o costume, vamos às histórias que também alimenta e fomenta a celebração às degustações: Um pouco de Central Valley.

Valle Central: o centro vitivinícola do Chile

Valle Central, ou Central Valley como é conhecida, é uma região vinícola do Chile, estando entre uma das mais importantes áreas produtoras de vinho de toda a América do Sul, em termos de volume.

Além disso, o Central Valley é uma das regiões que mais se destaca com relação a extensão, indo desde o Vale do Maipo até o final do Vale do Maule. Uma ampla variedade de vinhos é produzida na região, elaborados a partir de uvas cultivadas em diferentes terrenos. Tal exemplar vão desde vinhos finos e elegantes, como os produzidos em Bordeaux, até os vinhedos mais velhos e estabelecidos em Maule. A região do Valle Central é também lar de diversas variedades de uvas, porém, as plantações são ocupadas pelas castas Cabernet Sauvignon, Sauvignon Blanc, Merlot, Chardonnay e Syrah.

A uva ícone do Chile, a Carmenère, também é importante na região, assim como a Malbec é referência em Mendoza, do outro lado dos Andes. As áreas mais frias do Central Valley estão ganhando cada vez mais destaque perante o mundo dos vinhos, onde são cultivadas as uvas Riesling, Viognier e até mesmo a casta Gewürztraminer. O Central Valley é dividido em quatro sub-regiões vinícolas, de norte a sul, cada qual com características e diferenças marcantes.

O Maipo é a sub-região mais histórica do país, onde as vinhas são cultivadas desde o século XVI, abrigando as videiras mais antigas existentes na região. O Rapel Valley é lar das tradicionais sub-regiões Cachapoal e Colchagua, enquanto Maule Valley é uma das sub-regiões vinícolas mais prolíferas de toda a América do Sul. Por fim, a última sub-região Curico Valley foi a pioneira no cultivo vinícola na década de 1970, onde Miguel Torres deu início a vinicultura moderna.

Vale Central

A Cabernet Sauvignon pode ser cultivada com sucesso tanto no Vale do Maipo quanto no Vale de Rapel, cada um por um motivo diferente. No Vale de Rapel, a presença de um solo rochoso e com baixa atividade freática (pouca disponibilidade hídrica) aliado à alta taxa de amplitude térmica (diferença entre a maior e a menor temperatura nessa área em um dia) vai favorecer o grau de maturação da Cabernet Sauvignon, aprofundando seu sabor.

Essa parte do vale, portanto, produz uvas com um sabor mais profundo e maduro. Já a Cabernet Sauvignon que é cultivada no vale do Maipo (de onde provém mais da metade da produção dessa cepa) conta com a influência direta do Rio Maipo. Onde as águas do rio servem para regular a temperatura e fornecer a irrigação dos vinhedos. E para não deixar de destacar a área a sotavento da Cordilheira da Costa, o Vale do Curicó possui um clima quente e úmido, já que todo o ar frio é impedido de passar pela barreira natural da montanha.

Quem se beneficia com isso é a produção de Carménère, que por tamanha perfeição em seu desabrochamento são conhecidos por todo o mundo, não sendo surpresa o fato de que somente desse Vale derivem vinhos para mais de 70 países ao redor do mundo. Em outras palavras, o Vale Central se constitui como uma mina de ouro de cepas premiadas e irrigadas com tradição centenária.

O Vale Central é uma área plana, localizada na Cordilheira Litoral e Los Andes, caracterizada por seus interessantes solos de argila, marga, silte e areia, que oferece ao produtor uma extraordinária variedade de terroirs. Excepcionalmente adequada para a viticultura, o clima da região é mediterrâneo e se traduz em dias de sol, sem nuvens, em um ambiente seco.

A coluna de 1400 km de vinhas é resfriada devido à influência gelada da corrente de Humboldt, que se origina na Antártida e penetra no interior de muito mais frio do que em águas da Califórnia. Outra importante influência refrescante é a descida noturna do ar frio dos Andes. 

E agora finalmente o vinho!

Na taça entrega um intenso e brilhante vermelho rubi com entornos violáceos, com finas e abundantes lágrimas finas e que desenham as bordas do copo.

No nariz traz aromas evidentes de frutas negras maduras, tais como ameixas, groselha e amora, com toques de especiarias, como baunilha e pimenta.

Na boca é seco, de leve a médio corpo, com as frutas negras protagonizando como no aspecto olfativo, álcool em evidência, mas que não agride e não desequilibra, com notas discretas de madeira, tosta e chocolate graças aos 8 meses de barricas de carvalho, com acidez proeminente, que traz frescor ao vinho, com taninos aveludados. Final prolongado.

Independentemente de sua safra, do tempo de vida do vinho, ele entregou o que eu verdadeiramente esperava de um Merlot chileno, aquele Merlot que aprendi a gostar nos tempos de outrora das minhas experiências de degustação: um vinho com alguma personalidade, mas fácil de degustar, harmonioso, equilibrado, com notas de pimenta, especiarias, macio. Um vinho redondinho, bem feito, entregando, inclusive, mais do que valia. Digam o que quiserem do Vale Central, mas eu nunca rejeitarei seus vinhos. Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Casas del Toqui:

Com o objetivo de criar vinhos finos e de alta qualidade que expressem o verdadeiro terroir chileno, a Casas del Toqui nasceu da união de uma tradicional família de produtores do Chile e o Château Larose Trintauton, uma grande propriedade vinícola de Bordeaux, na França, em 1994.

A soma de distintas experiências com vinhedos de alta qualidade e uma adega dotada da mais alta tecnologia tornaram a empresa um destaque constante na imprensa mundial, posicionando-a como uma das bodegas mais respeitadas do Chile.

Em 2010, a Família comprou a “Estate and Winery”, logo após o terremoto que a danificou severamente, e a modernizou. Hoje, sua principal adega está localizada próxima de Totihue, Alto Cachapoal, cerca de 100 km ao sul da capital Santiago.

Mais informações acesse:

https://www.casasdeltoqui.cl/index.html

Referências:

“Portal Vinci”: https://www.vinci.com.br/c/regiao/valle-central

“Portal Winepedia”: https://www.wine.com.br/winepedia/enoturismo/valle-central-chile/

“Portal Enologuia”: https://enologuia.com.br/regioes/186-o-vale-central-no-chile-ponto-de-encontro-de-vinhos-reconhecidos-mundialmente

 



sábado, 11 de dezembro de 2021

El Toqui Reserva Especial Cabernet Sauvignon 2020

 

Há quem diga que os vinhos da região chilena do Vale Central são ruins pelo fato de ser uma das maiores em termos de volume produzido de vinho, logo entregam rótulos de baixa qualidade. Não sou um enciclopédico em terroir ou coisa que o valha, mas não consigo falar, ou melhor, degustar vinhos chilenos sem pensar em regiões como o Vale Central.

Quem nunca degustou um chileno do Central Valley que atira a primeira taça, ou melhor, a primeira pedra. Gosto dessa região pela sua diversidade, de vinhos simples, de proposta simples, de vinhos frutados, jovens a vinhos mais estruturados e complexos. Sinto um pouco de preconceito, de uma intolerância com a região. Não nos esqueçamos de que temos, como distritos, ou micro regiões, ou ainda sub-regiões do Vale Central os emblemáticos Vale do Maipo e outra pequena região que muito aprecio, o Maule.

E o rótulo que escolhi para degustar traz uma novidade: é a primeira vez que degusto um Cabernet Sauvignon de uma jovem safra, com apenas um ano de vida. Bem isso pode parecer uma coisa banal, sem importância, sobretudo se o vinho for de proposta mais simples, de vinhos de entrada. Porém esse me parece um vinho que pode entregar alguma estrutura, um pouco mais de personalidade, fazendo jus aos Cabernets produzidos nesse pequeno, mais significativo país vitivinícola. Ah e já que falei do Maipo, a mesma é uma das grandes produtoras de Cabernet Sauvignon de todo o Chile. Pois é, acho que já é meio caminho andado.

Também terei algumas “estreias”, pois será minha primeira degustação dos vinhos das Casas del Toqui e, convenhamos, é sempre excitante degustar novos rótulos, de novos produtores e dos pequenos e “undergrounds” vinícolas, fugindo um pouco do “mainstream”, da grife dos vinhos famosos de produtores renomados.

Então sem mais delongas façamos as apresentações: o vinho que degustei e gostei, como já havia dito, vem do Vale Central, no Chile, e se chama El Toqui Reserva Especial, da casta Cabernet Sauvignon da safra 2020. E, para não perder o costume, vamos às histórias que também alimenta e fomenta a celebração às degustações: Um pouco de Central Valley.

Valle Central: o centro vitivinícola do Chile

Valle Central, ou Central Valley como é conhecida, é uma região vinícola do Chile, estando entre uma das mais importantes áreas produtoras de vinho de toda a América do Sul, em termos de volume.

Além disso, o Central Valley é uma das regiões que mais se destaca com relação a extensão, indo desde o Vale do Maipo até o final do Vale do Maule. Uma ampla variedade de vinhos é produzida na região, elaborados a partir de uvas cultivadas em diferentes terrenos. Tal exemplar vão desde vinhos finos e elegantes, como os produzidos em Bordeaux, até os vinhedos mais velhos e estabelecidos em Maule. A região do Valle Central é também lar de diversas variedades de uvas, porém, as plantações são ocupadas pelas castas Cabernet Sauvignon, Sauvignon Blanc, Merlot, Chardonnay e Syrah.

A uva ícone do Chile, a Carmenère, também é importante na região, assim como a Malbec é referência em Mendoza, do outro lado dos Andes. As áreas mais frias do Central Valley estão ganhando cada vez mais destaque perante o mundo dos vinhos, onde são cultivadas as uvas Riesling, Viognier e até mesmo a casta Gewürztraminer. O Central Valley é dividido em quatro sub-regiões vinícolas, de norte a sul, cada qual com características e diferenças marcantes.

O Maipo é a sub-região mais histórica do país, onde as vinhas são cultivadas desde o século XVI, abrigando as videiras mais antigas existentes na região. O Rapel Valley é lar das tradicionais sub-regiões Cachapoal e Colchagua, enquanto Maule Valley é uma das sub-regiões vinícolas mais prolíferas de toda a América do Sul. Por fim, a última sub-região Curico Valley foi a pioneira no cultivo vinícola na década de 1970, onde Miguel Torres deu início a vinicultura moderna.

Vale Central

A Cabernet Sauvignon pode ser cultivada com sucesso tanto no Vale do Maipo quanto no Vale de Rapel, cada um por um motivo diferente. No Vale de Rapel, a presença de um solo rochoso e com baixa atividade freática (pouca disponibilidade hídrica) aliado à alta taxa de amplitude térmica (diferença entre a maior e a menor temperatura nessa área em um dia) vai favorecer o grau de maturação da Cabernet Sauvignon, aprofundando seu sabor.

Essa parte do vale, portanto, produz uvas com um sabor mais profundo e maduro. Já a Cabernet Sauvignon que é cultivada no vale do Maipo (de onde provém mais da metade da produção dessa cepa) conta com a influência direta do Rio Maipo. Onde as águas do rio servem para regular a temperatura e fornecer a irrigação dos vinhedos. E para não deixar de destacar a área a sotavento da Cordilheira da Costa, o Vale do Curicó possui um clima quente e úmido, já que todo o ar frio é impedido de passar pela barreira natural da montanha.

Quem se beneficia com isso é a produção de Carménère, que por tamanha perfeição em seu desabrochamento são conhecidos por todo o mundo, não sendo surpresa o fato de que somente desse Vale derivem vinhos para mais de 70 países ao redor do mundo. Em outras palavras, o Vale Central se constitui como uma mina de ouro de cepas premiadas e irrigadas com tradição centenária.

O Vale Central é uma área plana, localizada na Cordilheira Litoral e Los Andes, caracterizada por seus interessantes solos de argila, marga, silte e areia, que oferece ao produtor uma extraordinária variedade de terroirs. Excepcionalmente adequada para a viticultura, o clima da região é mediterrâneo e se traduz em dias de sol, sem nuvens, em um ambiente seco.

A coluna de 1400 km de vinhas é resfriada devido à influência gelada da corrente de Humboldt, que se origina na Antártida e penetra no interior de muito mais frio do que em águas da Califórnia. Outra importante influência refrescante é a descida noturna do ar frio dos Andes.

E agora o vinho!

Na taça apresenta um vermelho rubi intenso e brilhante com reflexos arroxeados, com lágrimas finas e abundantes.

No nariz é pouco aromático, mas percebem-se as notas de frutas vermelhas e negras, como amora, ameixa e cereja, com toques de baunilha, especiarias, como um discreto pimentão.

Na boca estrutura leve para média, com a fruta em evidência, as notas amadeiradas, graças aos 8 meses em barricas de carvalho, são sentidas e em equilíbrio com a acidez, bem elevada, talvez pelo curto tempo de vida do vinho e os taninos firmes, presentes, porém sedosos. Um final de média persistência.

Independente de sua safra, do tempo de vida do vinho, ele entregou o que eu verdadeiramente esperava de um Cabernet Sauvignon chileno, aquele Cabernet Sauvignon que aprendi a gostar nos tempos de outrora das minhas experiências de degustação: um vinho com alguma imponência, de marcante personalidade, vivaz, jovem e pleno, mostrando-se frutado, as especiarias protagonizando, aquele toque que gosto do pimentão, as notas amadeiradas em sinergia com a fruta. Um vinho redondinho, bem feito e muito bom pelo que valeu, entregando, inclusive, mais do que valia. Digam o que quiserem do Vale Central, mas eu nunca rejeitarei seus vinhos. Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Casas del Toqui:

Com o objetivo de criar vinhos finos e de alta qualidade que expressem o verdadeiro terroir chileno, a Casas del Toqui nasceu da união de uma tradicional família de produtores do Chile e o Château Larose Trintauton, uma grande propriedade vinícola de Bordeaux, na França, em 1994.

A soma de distintas experiências com vinhedos de alta qualidade e uma adega dotada da mais alta tecnologia tornaram a empresa um destaque constante na imprensa mundial, posicionando-a como uma das bodegas mais respeitadas do Chile.

Em 2010, a Família comprou a “Estate and Winery”, logo após o terremoto que a danificou severamente, e a modernizou. Hoje, sua principal adega está localizada próxima de Totihue, Alto Cachapoal, cerca de 100 km ao sul da capital Santiago.

Mais informações acesse:

https://www.casasdeltoqui.cl/index.html

Referências:

“Portal Vinci”: https://www.vinci.com.br/c/regiao/valle-central

“Portal Winepedia”: https://www.wine.com.br/winepedia/enoturismo/valle-central-chile/

“Portal Enologuia”: https://enologuia.com.br/regioes/186-o-vale-central-no-chile-ponto-de-encontro-de-vinhos-reconhecidos-mundialmente 




sábado, 5 de junho de 2021

La Moneda Reserva Malbec 2018

 

Com a degustação de hoje alguns tabus que insistem em circular no universo do vinho cairão! Falo com eloquência e convicção porque é preciso e urgente. Visões pré-concebidas, equívocos históricos e até comportamentos intolerantes e depreciativos precisam cair por terra, afinal, vinho é sinônimo de prazer, alegria e celebração e não pode e nem deve estar atrelado a questões e sentimentos tão mesquinhos e pequenos. Temos um, “menos brando” e que está no campo dos equívocos é que Malbec bom tem de ser argentino e pesadão, encorpado e amadeirado. É, de fato, indiscutível que o melhor Malbec do planeta está localizado na emblemática região de Mendoza, na Argentina, é sabido também que um Malbec encorpado, com passagem por barrica de carvalho também é maravilhoso.

Mas por que não degustarmos um Malbec de outro país e que não seja tão barricado e que plenamente valorize as características mais genuínas da cepa, um vinho franco, frutado, sem muita complexidade. Já experimentou? Já tentou? Pode parecer difícil encontrar vinhos Malbec com essa proposta e é mesmo, afinal é mais prático e “seguro” encontrar aquele Malbecão potente e amadeirado, mas quando se tem dedicação em garimpar e conhecer as características de um Malbec mais direto e frutado, jovem e se essas se identificam com você, com o que você está procurando no momento, eu vos digo: Por que não?

Infelizmente o vinho no Brasil está ligado a status e poder e um Malbec, sempre famoso, amadeirado é mais caro e aquele mais em conta sempre são taxados de simplórios e inexpressivos, mas é uma pena que ainda o dito apreciador de vinho não tenha a capacidade de discernir que são propostas, simplesmente propostas. Mas o Malbec que degustei vem do Chile, sim, do Chile! Confesso que, quando o comprei, eu não sabia que havia produção de rótulos dessa casta em profusão no Chile e logo me interessou e é um vinho que, apesar de ostentar em seu rótulo o “reserva”, este não passou por barrica de carvalho. Arrisquei, sem medo algum, até porque também o valor estava muito convidativo, em torno de R$ 32,00! Porém confesso também que o que mais me chamou a atenção também foi um prêmio que esse vinho conquistou em Londres, na sua safra de 2015, como um dos melhores vinhos mais baratos do mundo! Não ligo para medalhas e prêmios, afinal degusto o vinho e não pontuações, mas não há como negligenciar esse reconhecimento.

Então é chegada a hora de apresenta-lo! O vinho que degustei e gostei veio da essencial região chilena do Valle Central e se chama La Moneda Reserva da casta Malbec e a safra é 2018. E para coroar os seus predicados (e que qualidades, trata-se de um excelente vinho barato) pertence a um dos meus produtores preferidos a Viña Luis Felipe Edwards que, a cada ano, cresce vertiginosamente se tornando uma das mais importantes vinícolas do Chile e do mundo e o La Moneda Malbec sintetiza isso com extrema fidelidade.

E antes de falar propriamente do vinho falemos do importante prêmio que este ganhou, a safra de 2015 que, quando descobri e fui a busca para tentar adquirir a referida safra, infelizmente cheguei um pouco tarde tendo a safra 2018 disponível para venda, mas que não me arrependi nem um pouco de compra-lo. O La Moneda Reserva Malbec conquistou o título de título de Platinum Best in Show no ano de 2015 no Decanter World Wine Awards, promovida pela respeitada revista britânica Decanter, onde mais de 200 especialistas experimentaram milhares de vinhos (sempre às cegas), despindo os preconceitos de que valores de vinho nem sempre está ligado à qualidade.

Um vinho com a assinatura da Luis Felipe Edwards, com a tipicidade de uma das regiões chilenas mais emblemáticas, uma das minhas favoritas e que não me canso de falar; Valle Central! E já que não me canso de falar, que as linhas da história do Valle Central apareçam!

Valle Central: o centro vitivinícola do Chile

Valle Central, ou Central Valley como é conhecida, é uma região vinícola do Chile, estando entre uma das mais importantes áreas produtoras de vinho de toda a América do Sul, em termos de volume. Além disso, o Central Valley é uma das regiões que mais se destaca com relação a extensão, indo desde o Vale do Maipo até o final do Vale do Maule. Uma ampla variedade de vinhos é produzida na região, elaborados a partir de uvas cultivadas em diferentes terrenos. Tal exemplar vão desde vinhos finos e elegantes, como os produzidos em Bordeaux, até os vinhedos mais velhos e estabelecidos em Maule. A região do Valle Central é também lar de diversas variedades de uvas, porém, as plantações são ocupadas pelas castas Cabernet Sauvignon, Sauvignon Blanc, Merlot, Chardonnay e Syrah. A uva ícone do Chile, a Carmenère, também é importante na região, assim como a Malbec é referência em Mendoza, do outro lado dos Andes. As áreas mais frias do Central Valley estão ganhando cada vez mais destaque perante o mundo dos vinhos, onde são cultivadas as uvas Riesling, Viognier e até mesmo a casta Gewürztraminer. O Central Valley é dividido em quatro sub-regiões vinícolas, de norte a sul, cada qual com características e diferenças marcantes. O Maipo é a sub-região mais histórica do país, onde as vinhas são cultivadas desde o século XVI, abrigando as videiras mais antigas existentes na região. O Rapel Valley é lar das tradicionais sub-regiões Cachapoal e Colchagua, enquanto Maule Valley é uma das sub-regiões vinícolas mais prolíferas de toda a América do Sul. Por fim, a última sub-região Curico Valley foi a pioneira no cultivo vinícola na década de 1970, onde Miguel Torres deu início a vinicultura moderna.

Valle Central

A Cabernet Sauvignon pode ser cultivada com sucesso tanto no Vale do Maipo quanto no Vale de Rapel, cada um por um motivo diferente. No Vale de Rapel, a presença de um solo rochoso e com baixa atividade freática (pouca disponibilidade hídrica) aliado à alta taxa de amplitude térmica (diferença entre a maior e a menor temperatura nessa área em um dia) vai favorecer o grau de maturação da Cabernet Sauvignon, aprofundando seu sabor. Essa parte do vale, portanto, produz uvas com um sabor mais profundo e maduro. Já a Cabernet Sauvignon que é cultivada no vale do Maipo (de onde provém mais da metade da produção dessa cepa) conta com a influência direta do Rio Maipo. Onde as águas do rio servem para regular a temperatura e fornecer a irrigação dos vinhedos. E para não deixar de destacar a área a sotavento da Cordilheira da Costa, o Vale do Curicó possui um clima quente e úmido, já que todo o ar frio é impedido de passar pela barreira natural da montanha. Quem se beneficia com isso é a produção de Carménère, que por tamanha perfeição em seu desabrochamento são conhecidos por todo o mundo, não sendo surpresa o fato de que somente desse Vale derivem vinhos para mais de 70 países ao redor do mundo. Em outras palavras, o Vale Central se constitui como uma mina de ouro de cepas premiadas e irrigadas com tradição centenária. O Valle Central é uma área plana, localizada na Cordilheira Litoral e Los Andes, caracterizada por seus interessantes solos de argila, marga, silte e areia, que oferece ao produtor uma extraordinária variedade de terroirs. Excepcionalmente adequada para a viticultura, o clima da região é mediterrâneo e se traduz em dias de sol, sem nuvens, em um ambiente seco. A coluna de 1400 km de vinhas é resfriada devido à influência gelada da corrente de Humboldt, que se origina na Antártida e penetra no interior de muito mais frio do que em águas da Califórnia. Outra importante influência refrescante é a descida noturna do ar frio dos Andes.

E agora o artista do espetáculo: o vinho!

Na taça entrega um rubi intenso, profundo, mas tem entornos violáceos que brilha reluzente, com lágrimas grossas e abundantes que logo se dissipam das paredes do copo.

No nariz traz a exuberância de frutas negras como ameixa, amora e cereja negra e especiarias, diria com um toque herbáceo, talvez pimentão, que é o destaque nesse aspecto do vinho.

Na boca é seco, saboroso, um bom volume em boca, que traz a sensação de alguma estrutura, mas muito fácil de degustar, sendo equilibrado, harmonioso, com taninos polidos, macios e uma acidez equilibrada que garante ao vinho um frescor e vivacidade. Tem um final curto.

Vamos nos despir de preconceitos, de visões pré-concebidas que nos impede de descobrir novos rótulos, novas experiências sensoriais. Não mensure a qualidade de vinho por preço, não o utilize como status econômico e social, se permita degustar novas propostas, novas regiões, novas castas, leia, se informe, busque as informações que, além do ganho cognitivo, trará novas opções de rótulos, de vinhos, de prazer! É isso: prazer! Vinho é saúde, prazer e celebração! O La Moneda Reserva proporciona tudo isso: prazer, estímulo a celebração e derruba alguns dos grandes tabus que ainda insistem em assombrar o universo do vinho: um vinho barato, frutado no aroma, saboroso no paladar, com alguma estrutura, créditos da Malbec, mas fácil de degustar, fazendo do mesmo um vinho versátil e ideal para degustar de forma despretensiosa, rodeada de amigos, mas imponente como todo o Malbec é e tem de ser. Imponente por ser expressivo, pelo fato de fidelizar as características essenciais da cepa. Teor alcoólico de 12,5%.

Sobre a Viña Luis Felipe Edwards:

A Viña Luis Felipe Edwards foi fundada em 1976 pelo empresário Luis Felipe Edwards e sua esposa. Após alguns anos morando na Europa, o casal decidiu retornar ao Chile e, ao conhecer terras do Colchágua, um dos vales chilenos mais conhecidos, se encantou. Ali, aos pés das montanhas andinas, existia uma propriedade com 60 hectares de vinhedos plantados, uma pequena adega e uma fazenda histórica que, pouco tempo depois, foi o marco do início da LFE. De nome Fundo San Jose de Puquillay até então, o produtor, que viria a se tornar uma das maiores vinícolas do Chile anos mais tarde, começou a expandir sua atuação. Após comprar mais 215 hectares de terras no Vale do Colchágua nos anos de 1980, começou a vender vinho a granel, estudar a fundo seus vinhedos e os resultados dos vinhos, e cultivar diferentes frutas para exportação. O ponto de virada na história da Viña Luis Felipe Edwards veio na década de 1990, quando Luis Felipe Edwards viu a expectativa do mercado sobre os vinhos chilenos. Sabendo da alta qualidade dos rótulos que criava, o fundador resolveu renomear a vinícola e passou a usar o seu próprio nome como atestado de qualidade. Após um período de crescimento e modernização, especialmente com o início das vendas do primeiro vinho em 1995, a LFE se tornou um importante exportador de vinho chileno no começo do século XX. A partir de então, o já famoso produtor começou a adquirir terras em outras regiões do país. Na busca incessante por novos terroirs de qualidade, ele encontrou no Vale do Leyda um dos seus maiores tesouros: 134 hectares de videiras plantadas em altitude extrema, a mais de 900 metros acima do nível do mar.

Mais informações acesse:

https://www.lfewines.com/

Referências:

“Portal Vinci”: https://www.vinci.com.br/c/regiao/valle-central

“Portal Winepedia”: https://www.wine.com.br/winepedia/enoturismo/valle-central-chile/

“Portal Enologuia”: https://enologuia.com.br/regioes/186-o-vale-central-no-chile-ponto-de-encontro-de-vinhos-reconhecidos-mundialmente