Dizem que
comemos e bebemos com os olhos. Faz sentido e é até normal esse fenômeno, haja
vista que é com o olhar que temos o primeiro contato com o alimento, embora acredite
que não possamos julgar “o livro pela capa”. Acredito que, como tudo na vida,
temos que dosar, ponderar e, para o vinho, e falo que adquiri como essencial
para mim nas minhas escolhas de vinho, procurar saber e se informar sobre a sua
potencial compra de vinho, unindo também a proposta que você procura, é claro.
Mas confesso que com este vinho fui atraído pela estética, pela imagem. O
rótulo me chamou a atenção e, como um imã, me dirigi até ele e fiquei
mesmerizado. Claro que, levando em consideração o fenômeno de comer e olhar com
os olhos, as vinícolas se apropriam e fazem um trabalho de arrebatamento das
pessoas com os seus rótulos e comigo funcionou. Parece ter sido algo
pecaminoso, mas cedi. E logo direi por que usei o termo pecaminoso, embora, ao
olhar o rótulo, isso se denuncie.
Mas não vou
ater, principalmente agora, a estética, e vou detalhar as minhas impressões
sobre este belo e surpreendente vinho da África do Sul que degustei e gostei,
cuja região é a emblemática Western Cape, e que se chama Inception Deep Layered
Red que, em tradução livre significa “Mistura vermelha profunda em camadas” e
parece fazer sentido, pois se trata de um blend bem interessante das castas
Syrah (65%), Petit Verdot (33%) e Mourvėdre (2%), da safra 2016.
No aspecto
visual conta com um vermelho rubi intenso com entornos violáceos, lágrimas
finas, abundantes e que logo se dissipa.
No nariz tem
uma explosão aromática de frutas vermelhas, como amora, ameixa e cereja.
Na boca se
repete as impressões olfativas, de corpo leve para médio, tem taninos domados e
sedosos, com baixa acidez, com um toque apimentado característico da Syrah,
predominante neste blend, especiarias, com notas deliciosas de chocolate que se
prolonga até o seu final, fazendo-o persistente e agradável.
Um vinho de
personalidade marcante, elegante, redondinho e harmonioso em seu conjunto,
apesar de, no início o álcool estava um pouco em evidência, em desequilíbrio,
mas que na segunda taça dissipou. Tem 13,5% de teor alcoólico. Apesar das notas
de chocolate, o vinho, em minha opinião, não passou por barricas de carvalho,
sendo uma característica inerente ao vinho. Após uma árdua pesquisa, não
encontrei nenhuma referência, tanto na internet, como no site do produtor, de
que este rótulo passou por madeira. Ah, lembra-se do pecado? Ele não só mora ao
lado (perdão da minha “licença poética”), mas se degusta também: o rótulo nos
remete ao retrato da tentação, a mulher desnuda com a maçã, a árvore levando o
fato às sombras e o homem, na sua fraqueza sucumbindo ao pecado, faz do vinho
um instrumento de heresia, mas essencial a se entregar e se deixar levar ao
ritual da degustação, esse é o cerne do pecado por aqui.
Sobre a
Distell:
A Distell é
uma empresa global com raízes na África do Sul, produz e comercializa um
portfólio diversificado de marcas alcoólicas premiadas, criadas por pessoas
extraordinárias em todo o mundo. Algumas dessas marcas incluem Amarula,
Savanna, Hunter's Dry, Durbanville Hills e Nederburg.
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