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sábado, 16 de novembro de 2024

Golden Kaan Chenin Blanc 2023

 



Vinho: Golden Kaan

Safra: 2023

Casta: Chenin Blanc

Região: Western Cape

País: África do Sul

Produtor: KWV Wines

Adquirido: Trazido para a confraria pelo amigo Paulo

Valor: ------

Teor Alcoólico: 12,5%

 

Análise:

Visual: apresenta um amarelo palha, pálido, translúcido, com reflexos esverdeados. Discretas e rápidas lágrimas finas e coloridas.

Nariz: aromas francos de frutas brancas e cítricas, com destaque para maçã-verde, melão, limão e pera. Muito frescor e leveza são percebidos logo no aspecto olfativo.

Boca: é fresco, leve, mas traz alguma personalidade e, diria, estrutura. A fruta é replicada no paladar e traz, ainda mais, a sensação de leveza, com acidez salivante e um final de média persistência.

 

Produtor:

https://kwv.co.za/


segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Claude Val branco 2020

 




Vinho: Claude Val

Casta: 35% Grenache Blanc, 25% Vermentino, 15% Chazan, 10% Mauzac, 10% Sauvignon Blanc e 5% Chenin Blanc

Safra: 2020

Região: Languedoc-Roussillon

País: França

Produtor: Domaine Paul Mas

Teor Alcoólico: 12,5%

 

Análise:

Visual: Apresenta um amarelo palha, tendendo para o dourado, com reflexos esverdeados.

Nariz: traz notas de frutas tropicais e cítricas, com destaque para o pêssego, maçã-verde, abacaxi, tangerina, toranja e laranja, com um toque mineral e fresco.

Boca: explode notas frutadas, cítricas e tropicais, com um equilíbrio fascinante entre estrutura e frescor, com acidez média e um final de média persistência.

 

Produtor:

https://www.paulmas.com/


domingo, 26 de fevereiro de 2023

Rio Sol Chenin Blanc e Viognier 2022

 

Alguns produtores definitivamente fazem parte da nossa vida afetiva, de nossa história enófila e as vezes fazem parte de nossa vida e história sem se quer lembrarmos de sua existência. Costumamos valorizar ou lembrar deles quando degustamos seus vinhos em profusão. Lamentavelmente, pelo menos para mim, as pessoas não se atentam aos detalhes como esse, por exemplo.

Mas no caso do Rio Sol, vinícola gigante instalada na região do Vale São Francisco, no nordeste brasileiro, sempre esteve em minha vida e história enófila e detalhe essencial: sempre soube da vinícola, da região onde estava instalada e da sua importância para o nordeste brasileiro que, há mais de vinte anos, pelo menos em minha vida, vem desbravando e privilegiando um terroir tão particular quanto do Vale São Francisco.

E é particular mesmo, pois a cada ano há inúmeras safras, o sol, o sistema de irrigação, a cultura que se estabeleceu por lá, tudo influencia nas especificidades da vinícola e, claro, no processo de vinificação.

Vinhos de ótima relação preço x qualidade desde sempre, com uma região que conquistou a sua Indicação Geográfica (IG) e que, a cada dia, vem atingindo o status de relevância entre os mais importantes e significativos terroirs do Brasil.

E quando falamos em desbravar, é no sentido literal da palavra, haja vista que um clima árido quase desértico e que hoje tem inúmeras safras. É definitivamente um trabalho admirável da Vinícola Rio Sol e todas as outras que estão na região.

Apesar de estar em solo brasileiro, a Rio Sol é uma concepção da Global Wines, um conglomerado português que se instalou no Brasil com uma ideia arrojada e determinada a trazer, a edificar um novo terroir: os vinhos do Velho Chico, os vinhos do Rio São Francisco que irrigam os parreirais e que entregam, para nosso deleite, vinhos frescos, maravilhosos e, ao mesmo tempo, dotados de uma marcante personalidade em todas as suas propostas.

Mas mesmo que a Rio Sol, com seus rótulos, me traga nostalgias agradáveis, boas lembranças e experiências sensoriais, ainda há espaço para novidades, ainda há espaço para novas e impactantes experiências e essa eu já esperava por alguns anos, mas que, por alguns motivos, eu ainda não havia degustado: O Rio Sol Viognier e Chenin Blanc da safra 2022.

Então sem mais delongas o vinho que degustei e gostei veio do Vale São Francisco, no nordeste brasileiro, é o Rio Sol composto pelas castas Viognier e Chenin Blanc da safra 2022. Para não perder o costume vamos de história, vamos do Vale São Francisco.

Vale do São Francisco: os vinhos do Velho Chico

A vitivinicultura do semiárido brasileiro é uma excepcionalidade no mundo, uma vez que está localizada entre os paralelos 8º e 9o S e produz, com escalonamento produtivo, uvas o ano todo totalizando duas safras e meia em condições ambientais adversas como alta luminosidade, temperatura média anual de 26oC, pluviosidade aproximada de 500mm, a 330m de altitude, em solo pedregoso.

Cinturão dos vinhos

Seus vinhos possuem público crescente, porque são jovens “vinhos do sol”, peculiares nos aromas e sabores, considerados como fáceis de beber e apresentando boa relação comercial qualidade/preço. Aliado a essas particularidades, diretamente associadas à produção de vinhos finos, o Vale é ainda cenário de diversas belezas naturais, históricas e culturais. Estudos já publicados permitem identificar que a região conta com diversas características que comprovam o seu potencial turístico para o desenvolvimento da atividade, como é o caso da sua história, riquezas ambientais e diversificada cultura regional.

Esses fatores estão relacionados à diversidade observada na região. Isso é notado, principalmente, em decorrência da sua extensão. A Bacia do São Francisco é a terceira maior bacia hidrográfica do país e a única que está totalmente inserida no território nacional. Nela estão localizados 506 municípios contando com, aproximadamente, 13 milhões de habitantes, que representa 9,6% da população brasileira.

Bem antes do Vale do São Francisco se consolidar como polo de vitivinicultura, quem já exercia esse papel no Brasil era a região Sul. No século 19, o Rio Grande do Sul, mesmo com as condições climáticas desfavoráveis, passou a ser considerado um polo crescente nesse meio – e até hoje segue inserido no ramo. Mas, a chegada de imigrantes estrangeiros no país trouxe o conhecimento técnico e a noção de mercado, o que fez com que outras regiões brasileiras também mostrassem a sua capacidade produtiva.

É na década de 1960 que o Nordeste entra em cena e o Vale do São Francisco inicia a sua trajetória na produção de uvas e vinhos, com a implantação das primeiras videiras. Nos anos de 1963 e 1964, foram instaladas duas estações experimentais, nos municípios de Petrolina, no Sertão de Pernambuco e Juazeiro, na Bahia, onde seriam implantados, respectivamente, o Projeto Piloto de Bebedouro e o Perímetro Irrigado de Mandacaru.

Vale do São Francisco

Apesar da escassez de chuva, o clima quente e seco do semiárido mostrou-se terreno fértil para a vitivinicultura e, na mesma década, outras cidades do Sertão de Pernambuco passam a fazer parte da cadeia produtiva. O pioneirismo da vitivinicultura no Nordeste é representado pelo Sertão Pernambucano, que iniciou a sua trajetória na vitivinicultura na década de 1960, produzindo vinhos base para vermutes, na cidade de Floresta, uvas de mesa em Belém do São Francisco e em Santa Maria da Boa vista, localidade que na época se chamava Coripós.

Entre os anos 1980 e 1990, a região banhada pelo Rio São Francisco passa a ser conhecida também pela produção de vinhos finos, e em 1984 é produzido o primeiro vinho no Vale do Submédio São Francisco, com a marca Boticelli. O fortalecimento da vitivinicultura no Vale do Submédio São Francisco se deu com a instalação de vinícolas na Fazenda Milano, em Santa Maria da Boa Vista – PE e Fazenda Ouro Verde, em Casa Nova, na Bahia, que passaram a produzir vinhos finos.

Ao longo da década de 1990, ganha destaque a vitivinicultura tecnificada e a produção de uvas sem sementes. É também nessa época, que cresce o investimento de grupos empresariais na região. A instalação de uma infraestrutura física, como construção de packing houses, melhoria no sistema rodoviário e portuário, e, sobretudo, a organização dos produtores em associações e cooperativas, desempenharam um importante papel na consolidação das exportações de uvas de mesa do Vale do Submédio São Francisco.

A partir dos anos 2000, a produção se fortalece ainda mais com a implantação de outras vinícolas e vitivinícolas e também com as iniciativas públicas. Ações governamentais e de ensino, pesquisa e inovação, a partir do ano 2000, trouxeram novas tecnologias de produção e processamento de uvas e o reconhecimento de atores internacionais. É nessa época que surge a Escola do Vinho do Curso Superior de Tecnologia em Viticultura e Enologia, do Instituto Federal do Sertão Pernambucano.

IG do Vale do São Francisco

O Vale do São Francisco é a nova Indicação Geográfica (IG) do Brasil para vinhos finos, nobres, espumantes naturais e moscatel espumante. A região recebeu o selo na modalidade Indicação de Procedência (IP) e o registro foi publicado na Revista da Propriedade Industrial do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

A nova indicação geográfica valerá para as cidades de Lagoa Grande (PE), Petrolina (PE), Santa Maria da Boa Vista (PE), Casa Nova (BA) e Curaçá (BA) e a expectativa é que traga mais olhares e investidores para a região vitivinícola.

A busca pela Indicação Geográfica na região é antiga e nasceu em 2002 com o reconhecimento do Vale dos Vinhedos, já a vitivinicultura nasceu em 1960 com a organização da produção agrícola irrigada no Vale do Rio São Francisco. A irrigação permitiu que as terras com caatinga, até então consideradas improdutivas, se tornassem áreas verdes ao longo das margens do rio.

Selo IG (Indicação Geográfica)

A região do Vale do Rio São Francisco possui características únicas para a viticultura e produção de vinho. Seu clima permite duas podas e duas safras anuais e o resultado é um vinho geralmente frutado, de baixo teor alcóolico e acidez moderada. No Vale do São Francisco os espumantes predominam com três milhões de litros produzidos anualmente contra 1,5 milhão de litros dos vinhos tranquilos.

A Indicação Geográfica Vale do São Francisco autoriza a produção de vinhos tranquilos brancos, rosés ou tintos e espumantes brancos ou rosés que podem ser bruts, demi-secs ou moscatéis. A uva para a produção do vinho tem que ser 100% proveniente da região delimitada e são autorizadas 23 castas diferentes.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta um amarelo bem claro, límpido, cristalino, brilhante com um leve reflexo esverdeado.

No nariz traz aromas intensos de frutas de polpa branca, frutas cítricas, com destaques para lichia, pêssego, pera, abacaxi e maçã-verde, além de uma incrível mineralidade e toque floral, de flores brancas.

Na boca é leve, fresco e delicado com as notas frutadas e mineral protagonizando como no aspecto olfativo, além de gostosa e salivante acidez que corrobora a sua leveza, com um final de média persistência.

O reconhecimento da Indicação Geográfica certifica e corrobora a qualidade dos vinhos do Vale de São Francisco, chancelando, perpetuando a sua tipicidade, enaltecendo o seu terroir e garantindo o prazer e a perspectiva de catapultar a disseminação dos rótulos do Velho Chico para todo o Brasil e o mundo. Nós, especialmente os brasileiros, precisam conhecer os rótulos da Rio Sol e de todos os seus produtores que, arduamente, há anos constrói aquele terroir que, para muitos, no início era algo improvável. O Rio Sol Viognier e Chenin Blanc é um exemplo de que a região está, a cada dia, crescendo e entregando a sua cultura engarrafada. Tem 12% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Santa Maria:

Localizada no Vale do São Francisco com 120 hectares de área plantada, a Rio Sol produz 1,5 milhão de quilos de uva anualmente. Entre as espécies plantadas estão uvas tintas como Cabernet Sauvignon, Syrah, Aragonês, Touriga Nacional, Alicante Bouschet, Tempranillo e Merlot, além das brancas Chenin Blanc, Viognier e Moscatel. Este é o único lugar do mundo que produz, hoje, duas safras de uvas por ano, resultado das características naturais da região e do conhecimento de seus produtores.

É no mesmo local onde se situa a indústria da Rio Sol, onde toda a linha de produtos da empresa é produzida e engarrafada, seguindo os mais modernos conceitos de qualidade. A empresa conta com modernos tanques com controle de temperatura e pressão, sala de barricas para estágio dos vinhos em barris de carvalho francês e uma linha de engarrafamento e rotulagem que utiliza tecnologia importada, semelhante a utilizada nas outras vinícolas do grupo na Europa.

Anualmente são produzidas, aproximadamente, 2 milhões de garrafas, entre vinhos e espumantes, distribuídos para todo o Brasil. Toda essa produção é acompanhada de perto pela equipe de qualidade da Rio Sol, que atua tendo como foco a melhoria contínua da qualidade e a adequação dos produtos às tendências de mercado, sempre visando a sustentabilidade e a segurança do processo. A Rio Sol possui certificação internacional ISO 9001, que atesta os rigorosos controles de qualidade da produção de uvas e elaboração de vinhos.

Sobre a Global Wines:

O Grupo Global Wines nasceu em 1990 no Dão, com o nome Dão Sul. A sua missão era ser a maior empresa da mais antiga região de vinhos tranquilos de Portugal, o Dão. Quando o objetivo foi atingido, partiram para outros sonhos, outras aventuras, outras regiões e outros países. Ainda são a empresa de vinhos líder do Dão. Mas também são uma empresa de vinhos da Bairrada, do Alentejo, de Portugal e até o Brasil.

Tem atualmente 5 Espaços de Enoturismo, 3 dos quais com restaurante, onde procuram conjugar o vinho e a gastronomia, despertando como as melhores sensações, na experiência perfeita. Recebem, diariamente, pessoas de todas as partes do mundo, a quem procuram dar a melhor experiência de vinho e gastronomia. Atualmente estão presentes nos 5 continentes e as suas marcas chegam a mais de 40 países.

Mais informações acessem:

https://www.vinhosriosol.com.br/principal/

https://www.globalwines.pt/#globalwines

Referências:

“O Globo”: https://oglobo.globo.com/blogs/saideira/post/2022/11/vinhos-do-vale-do-sao-francisco-terao-indicacao-de-procedencia-entenda-a-conquista-e-conheca-rotulos-da-regiao.ghtml

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/vale-do-sao-francisco-recebe-selo-de-indicacao-geografica.html

Vídeo institucional da Rio Sol:

https://www.youtube.com/watch?v=u8ZCJX7SGfY










 


sábado, 16 de janeiro de 2021

Terranova Brut

A vida é construída por elos emocionais. Embora soe um tanto quanto passional, a realidade é essa e, convenhamos, mais do que necessária! São nossos “carimbos históricos”, que conta um pouco do nosso percurso, da nossa vida com algo ou alguém. Um dos momentos emblemáticos da minha vida, como enófilo, sobretudo naquela transição de que todo brasileiro apreciador de vinho passa, que é do vinho de mesa para as uvas vitis vinífera, foi ter degustado alguns rótulos da vinícola Miolo. A Miolo, com seus rótulos, foram os primeiros vinhos nacionais que eu degustei quando as minhas estruturas sensoriais estavam sendo construídas para o vinho, fizeram e fazem parte da minha história. Mas, há muito tempo eu não degustava um vinho desse produtor que hoje é líder de mercado neste segmento e que ganhou o mundo graças a sua expertise e sua grande capacidade de saber fazer, com qualidade, grandes rótulos, de muita tipicidade expressando grandemente o nosso terroir. Eu havia deixado, meio lado, os seus rótulos nesses últimos anos, a adega estava vazia da Miolo. Não sei dizer o motivo, exatamente, talvez os valores altos, uma oportunidade, não sei. Não quero especular o que de fato não importa muito, porque, depois de muito tempo eis que surge em minha adega, em minhas mãos, em minha taça um vinho da Miolo, para rememorar os bons tempos de outrora nos dias de hoje.

E o vinho que degustei e gostei não poderia ser melhor: um espumante brasileiro! Um grande espumante que veio de terras inusitadas para o cultivo do vinho que hoje, é uma grata realidade, de terras banhadas pelas águas de nosso patrimônio natural: o Vale São Francisco, o Velho Chico, no Vale são Francisco, na Bahia: É o Terranova brut, produzido pelo método charmat, não safrado, com um blend composto pelas castas: Chenin Blanc, Sauvignon Blanc e Verdejo, um “Blanc des Blancs”, um corte bem interessante que faz do vinho muito especial, a assinatura da Miolo para a produção dos melhores espumantes brasileiros. E com esse rótulo, vem também as histórias para contar, as informações que, agregados a nossa vida, se transforma em conhecimento adquirido. O que significa “Blanc des Blancs”? O Vale são Francisco e sua história...Muito para se contar!

Branco dos brancos

O termo “blanc de blancs” encontrado nas garrafas e publicidades de espumantes, é um termo bastante utilizado na região de Champagne na França e posteriormente estendeu-se a diversas outras regiões do mundo, incluindo o Brasil. Mas o que significa “blanc de blancs”? Blanc de blancs significa: espumante branco elaborado somente de uvas brancas.

Um espumante pode ser branco e ser elaborado de uvas tintas, como classicamente da uva Pinot Noir ou de uvas brancas, como por exemplo, da uva Chardonnay. Pode também ser elaborado de uma mistura (assemblage, corte ou blend) de uvas brancas e tintas, mesmo sendo um vinho espumante branco. A indicação “blanc de blancs” serve para que o consumidor saiba, que aquele espumante, ou aquele champagne, se for oriundo da região de Champagne na França, foi elaborado apenas com uvas brancas.

Vale São Francisco: Os vinhos do sol

A vitivinicultura do semiárido brasileiro é uma excepcionalidade no mundo, uma vez que está localizada entre os paralelos 8º e 9o S e produz, com escalonamento produtivo, uvas o ano todo totalizando duas safras e meia em condições ambientais adversas como alta luminosidade, temperatura média anual de 26oC, pluviosidade aproximada de 500mm, a 330m de altitude, em solo pedregoso.

Cinturão dos vinhos

Seus vinhos possuem público crescente, porque são jovens “vinhos do sol”, peculiares nos aromas e sabores, considerados como fáceis de beber e apresentando boa relação comercial qualidade/preço. Aliado a essas particularidades, diretamente associadas à produção de vinhos finos, o Vale é ainda cenário de diversas belezas naturais, históricas e culturais. Estudos já publicados permitem identificar que a região conta com diversas características que comprovam o seu potencial turístico para o desenvolvimento da atividade, como é o caso da sua história, riquezas ambientais e diversificada cultura regional. Esses fatores estão relacionados à diversidade observada na região. Isso é notado, principalmente, em decorrência da sua extensão. A Bacia do São Francisco é a terceira maior bacia hidrográfica do país e a única que está totalmente inserida no território nacional. Nela estão localizados 506 municípios contando com, aproximadamente, 13 milhões de habitantes, que representa 9,6% da população brasileira.

Bem antes do Vale do São Francisco se consolidar como polo de vitivinicultura, quem já exercia esse papel no Brasil era a região Sul. No século 19, o Rio Grande do Sul, mesmo com as condições climáticas desfavoráveis, passou a ser considerado um polo crescente nesse meio – e até hoje segue inserido no ramo. Mas, a chegada de imigrantes estrangeiros no país trouxe o conhecimento técnico e a noção de mercado, o que fez com que outras regiões brasileiras também mostrassem a sua capacidade produtiva. É na década de 1960 que o Nordeste entra em cena e o Vale do São Francisco inicia a sua trajetória na produção de uvas e vinhos, com a implantação das primeiras videiras. Nos anos de 1963 e 1964, foram instaladas duas estações experimentais, nos municípios de Petrolina, no Sertão de Pernambuco e Juazeiro, na Bahia, onde seriam implantados, respectivamente, o Projeto Piloto de Bebedouro e o Perímetro Irrigado de Mandacaru.

Vale do São Francisco

Apesar da escassez de chuva, o clima quente e seco do semiárido mostrou-se terreno fértil para a vitivinicultura e, na mesma década, outras cidades do Sertão de Pernambuco passam a fazer parte da cadeia produtiva. O pioneirismo da vitivinicultura no Nordeste é representado pelo Sertão Pernambucano, que iniciou a sua trajetória na vitivinicultura na década de 1960, produzindo vinhos base para vermutes, na cidade de Floresta, uvas de mesa em Belém do São Francisco e em Santa Maria da Boa vista, localidade que na época se chamava Coripós. Entre os anos 80 e 90, a região banhada pelo Rio São Francisco passa a ser conhecida também pela produção de vinhos finos, e em 1984 é produzido o primeiro vinho no Vale do Submédio São Francisco, com a marca Boticelli. O fortalecimento da vitivinicultura no Vale do Submédio São Francisco se deu com a instalação de vinícolas na Fazenda Milano, em Santa Maria da Boa Vista – PE e Fazenda Ouro Verde, em Casa Nova, na Bahia, que passaram a produzir vinhos finos. Ao longo da década de 1990, ganha destaque a vitivinicultura tecnificada e a produção de uvas sem sementes. É também nessa época, que cresce o investimento de grupos empresariais na região. A instalação de uma infraestrutura física, como construção de packing houses, melhoria no sistema rodoviário e portuário, e, sobretudo, a organização dos produtores em associações e cooperativas, desempenharam um importante papel na consolidação das exportações de uvas de mesa do Vale do Submédio São Francisco. A partir dos anos 2000, a produção se fortalece ainda mais com a implantação de outras vinícolas e vitivinícolas e também com as iniciativas públicas. Ações governamentais e de ensino, pesquisa e inovação, a partir do ano 2000, trouxeram novas tecnologias de produção e processamento de uvas e o reconhecimento de atores internacionais. É nessa época que surge a Escola do Vinho do Curso Superior de Tecnologia em Viticultura e Enologia, do Instituto Federal do Sertão Pernambucano.

Estruturação de IG (Indicação Geográfica)

A estruturação da Indicação de Procedência Vale do São Francisco para vinhos está vinculada a projeto financiado pelo MCT/Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tenológico - CNPq. A ação do projeto, voltada para a estruturação da IG, tem as seguintes instituições de CT&I como executoras: Embrapa Uva e Vinho (coordenação) em parceria com a Embrapa Semiárido, Embrapa Clima Temperado, UCS, UFLA, UFP e IF Sertão. O setor vitivinícola da região é representado pelo “Instituto do Vinho do Vale do São Francisco” (Vinhovasf). O projeto conta, ainda, com outras instituições que participam em diversas pesquisas para apoiar o desenvolvimento tecnológico da vitivinicultura da região do Vale do São Francisco. Os produtos IP Vale do São Francisco incluem os vinhos finos tranquilos brancos, rosados e tintos, o espumante fino e o moscatel espumante.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta um amarelo palha, bem claro, mas com reflexos esverdeados e reluzentes, brilhantes. Tem perlage em profusão e bem finas.

No nariz tem um caráter frutado, frutas brancas e cítricas, tais como abacaxi, limão siciliano, maracujá, pera e melão e agradável e delicado toque floral, graças à Chenin Blanc, ressaltados graças a opção da taça: um pouco mais bojuda que privilegia, que ressalta os aromas.

Na boca tem um ótimo frescor e jovialidade graças a sua boa acidez, que acredito seja cortesia da Sauvignon Blanc, com um ótimo equilíbrio e leveza, além de um final frutado e retrogosto persistente.

Um espumante excepcional, que expressa, com veemência, as características mais marcantes de um terroir improvável, mas que, com expertise e arrojo por parte de empreendedores do vinho, fizeram acontecer, entregando aos enófilos vinhos frescos, jovens, mas vibrantes. E, depois de tantas histórias, conceitos e conhecimentos agregados, a minha história com a Miolo foi restabelecida, com um caminho longo, mas prazeroso, a se percorrer! Há de se ter mais vinhos, porque sou merecedor deles, como um enófilo, como um apreciador de vinhos. E por falar em merecimento e qualidade, esse Terranova brut é digno de sua história, de seu DNA: um vinho fresco, jovem, direto, mas com a personalidade de uma região que, a cada dia cresce, em estrutura e qualidade. Castas típicas da Espanha, França encontraram em terras brasileiras um cultivo ideal entregando, para nosso deleite, vinhos sensacionais, e que esse Terranova entrega maravilhosamente! Teor alcoólico de 12%.

Terranova Brut harmonizado com um belo queijo Gruyere

Sobre a Vinícola Terranova:

O Grupo Miolo, além de sua presença forte no Rio Grande do Sul, é dona também da Vinícola Terranova, em Casa Nova, na Bahia. Eles adquiriram a Fazenda Ouro Verde, onde hoje está a Vinícola Terranova, no ano 2000. Na época, já existia uma pequena vinícola em funcionamento no local, que foi totalmente restaurada e ampliada. A construção da nova vinícola começou em 2002 e levou dez anos para ser totalmente concluída. Hoje 10% da produção é destinada ao mercado internacional. Desde sua abertura para o público, eles recebem cerca de 2.500 visitantes por mês. São 683 hectares, área que compreenderia uma cidade de 30 mil habitantes. Desses, 200 hectares são dedicados ao plantio das uvas. É horizonte de parreiras a perder de vista.

Vinícola Terranova

Diferentemente da maioria dos vinhedos, a Terranova conta com até duas safras e meia de uvas por ano devido ao controle que faz do ciclo das parreiras. Ou seja, o ciclo normal que leva um ano na maior parte do mundo, ali leva apenas 4 meses. De um lado elas estão verdejantes e carregadas de uvas, do outro lado elas estão nascendo ou ainda na fase de poda. Esta é a região mais seca do Brasil. Anualmente contam com 3.100 horas de sol e apenas 400mm de chuvas anuais. O inverno nunca chega diferentemente da maioria das vinícolas ao redor do mundo (incluindo as brasileiras). O que causa tal milagre é a irrigação contínua e localizada por sistema de gotejamento do Rio São Francisco. A plantação é dedicada à uva perfeita para espumantes, vinhos jovens e frutados, e também do melhor suco de uva integral que você encontrará no mercado.

Sobre a Vinícola Miolo:

A história da família Miolo no Brasil começa em 1897. Entre os milhares de imigrantes italianos que vieram ao país em busca de oportunidades, estava Giuseppe Miolo, um jovem que já tinha nas veias a paixão pela uva e pelo vinho, vindo da localidade de Piombino Dese, no Vêneto. Ao chegar ao Brasil, Giuseppe foi para Bento Gonçalves, município recém-formado por imigrantes italianos. Entregou suas economias em troca de um pedaço de terra no vale dos vinhedos, chamado Lote 43. Já em 1897, o imigrante começou a plantar uvas, dando início a tradição vitícola da família no Brasil.

Na década de 70, a família foi pioneira no plantio de uvas finas, fazendo com que os netos de Giuseppe Miolo, Darcy, Antônio e Paulo, ficassem muito conhecidos na região pela qualidade de suas uvas. No final da década de 80, uma crise atingiu as cantinas dificultando a comercialização de uvas finas e forçando a família Miolo, a partir de 1989, a produzir o seu próprio vinho para a venda a granel para outras vinícolas. Surge a Vinícola Miolo, com apenas 30 hectares de vinhedos. Em 1992 a primeira garrafa assinada pela família foi um Merlot safra 1990, que na partida inicial teve 8 mil garrafas produzidas. Em 1994 é lançado o Miolo Seleção, que logo se torna o vinho mais distribuído da Miolo.

A paixão pela vitivinicultura e o desejo de levar mundo afora o vinho fino brasileiro foi o que inspirou a família Miolo a tomar a decisão de expandir o negócio. Inicia-se em 1998 o Projeto Qualidade. Desde então o crescimento da empresa foi significativo: com investimentos constantes na terra, tecnologia, recursos humanos e no próprio consumidor, iniciou-se também o Projeto de Expressão do terroir brasileiro.

Instalado na Estância Fortaleza do Seival, localizada no Sul do Brasil, no município de Candiota, próximo à divisa com o Uruguai, o “Projeto Seival”, nos anos 2000. Em 2001 a Família Miolo juntamente com a família Benedetti (Lovara) iniciam o projeto Terranova no Vale do São Francisco, adquirindo a antiga propriedade do Sr. Mamoro Yamamoto chamada Fazenda Ouro Verde. Em 2009 a Família Miolo, juntamente com a família Benedetti e a família Randon, adquirem a Vinícola Almadén pertencente a Pernod Ricard. Sendo também uma das mais importantes do segmento de vinhos no mercado nacional, introduzindo a colheita mecânica, pioneira no Brasil.

Mais informações acesse:

https://www.miolo.com.br/

Referências de pesquisa:

“Enoestilo”: https://www.enoestilo.com.br/dica-de-vinho-do-dia-blanc-de-blancs/

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=BR04

“Revistas Unifacs”: https://revistas.unifacs.br/index.php/rde/article/viewFile/4017/2739

“Blog Vinho Tinto”: https://www.blogvinhotinto.com.br/destaquesdoblog/ja-conhece-os-vinhos-do-vale-do-sao-francisco/

“Enovírtua”: https://www.enovirtua.com/enoturismo/producao-de-uvas-e-vinhos-no-vale-do-sao-francisco-uma-historia-que-comeca-na-decada-de-1960/#:~:text=%C3%89%20na%20d%C3%A9cada%20de%201960,a%20implanta%C3%A7%C3%A3o%20das%20primeiras%20videiras.&text=Ao%20longo%20da%20d%C3%A9cada%20de,produ%C3%A7%C3%A3o%20de%20uvas%20sem%20sementes.

“Embrapa”: https://www.embrapa.br/uva-e-vinho/indicacoes-geograficas-de-vinhos-do-brasil/ig-em-estruturacao/vale-do-sao-francisco

“Site Terra”: https://chickenorpasta.com.br/2018/enoturismo-na-bahia-visitando-a-vinicola-terranova

 

 

 

 









 

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Obikwa Chenin Blanc 2011

 

Sabe aquela sensação de que determinados vinhos, de determinados países, castas e regiões estão distantes de suas pretensões de degustação? Aqueles vinhos que, quando você vê em supermercados e lojas especializadas, pensa: Será que ainda o degustarei? Será que o terei em minha adega? Há alguns anos atrás, talvez uns dez anos atrás, lembro-me que os vinhos sul africanos, além de escassos no mercado brasileiro, eram caros, difícil para os enófilos assalariados. Pois é, caros leitores, apesar da distância dos vinhos da terra de Mandela e da pouca oferta, mantinha a chama da expectativa de tê-los em minha taça para meu deleite, para o ritual da degustação. Mas, pelo menos eu tinha o ávido interesse pela história vitícola desse país, a África do Sul. Lia sobre as suas principais castas e regiões, parecia ser uma espécie de ensaio para adentrar o universo dos vinhos do sul da África. Até que em uma das minhas incursões aos supermercados, olhando, com muito cuidado cada canto das gôndolas, avistei, como que por instinto, um vinho com um rótulo colorido, chamativo, mas muito descontraído e moderno vinho branco que decidi olhar com mais esmero, com mais cuidado. O Examinei como se fora o meu primeiro vinho e observei que se tratava da África do Sul! Seria a minha oportunidade de degustar um vinho desse país e logo um branco? Sim! O valor estava atraente, em torno de R$ 39,90! Não hesitei e comprei!

Mas a ansiedade não parou por aí. De posse do meu novo rótulo decidi degusta-lo o quanto antes, sem delongas e foi o escolhido para uma noite agradável e fresca. Acho que a noite harmonizaria plenamente com o vinho sul africano que escolhi. E a escolha não poderia ter sido melhor! Maravilhoso vinho! O vinho que degustei e gostei veio de uma região chamada Stellenbosch e se chama Obikwa e a casta era a inédita Chenin Blanc da safra 2011. E, como eu não me atenho a degustação, o que é fantástico, preciso falar um pouco sobre essa emblemática região da África do Sul e uma casta que se deu bem nas terras deste país. Então falemos um pouco de cada um deles.

Stellenbosch

Stellenbosch é a segunda colónia europeia mais antiga na África do Sul, após a Cidade do Cabo, e fica na Província do Cabo Ocidental. Está situada a cerca de 50 km da Cidade do Cabo, e no ano 2000 contava com cerca de 90 mil residentes com habitação formal, portanto sem contar estudantes e outras pessoas com habitação informal. Seu nome e existência se devem ao antigo governador do Cabo, Simon van der Stel, que estabeleceu um povoado à beira do rio Eerste em 1679, fazendo dela a segunda cidade mais antiga da África do Sul. Hoje, é uma linda cidade caracterizada por ruas ladeadas de carvalhos e casas brancas, muitas das quais de origem Cape Dutch (cabo-holandesa), e fica entre a suntuosa montanha Simonsberg e a mais modesta Papegaaiberg (“Montanha do Papagaio”). Logo que chegaram os primeiros colonos, particularmente os Huguenotes franceses, teve início a cultura da vinha nos vales férteis em torno de Stellenbosch, que rapidamente se tornou o centro da indústria vinícola sul-africana. Até há pouco tempo, a concentração de riqueza trazida por esta indústria fez com que a área tivesse um elevado coeficiente de Gini, embora esta situação esteja a mudar.

Stellenbosch

Stellenbosch possui uma rica história vinícola e é lar de alguns dos vinhos mais famosos do país. Além disso, a uva Cabernet Sauvignon é a variedade mais cultivada na região, utilizada muitas vezes ao lado da casta Merlot. Situada a apenas 40 quilômetros ao leste da Cidade do Cabo, Stellenbosch é separada pelas montanhas de Simonsberg e Paarl. Seus vinhedos cobrem as colinas da região sul-africana que vão desde Helderber, no sul, até as inclinações mais baixas de Simonsberg, no norte. Este terreno proporciona uma grande variação nos estilos de vinho produzidos, bem como microclimas ideais para o cultivo de inúmeras variedades encontradas entre as colinas e os vales de Stellenbosch. Os solos da região são compostos predominantemente de arenito e granito, onde é possível encontrar também um alto teor de argila, responsável por garantir uma melhor retenção da água. O clima de Stellenbosch é quente e seco, embora receba uma influência marítima do sul, proveniente de False Bay. A refrescante brisa que as vinhas recebem à tarde e a incidência solar pela manhã possibilita que as uvas concentrem melhor seus aromas e sabores, dando origem a vinhos com características únicas e peculiares. Em decorrência dessa variação de terroir, Stellenbosch é dividida em inúmeras áreas produtoras de vinho diferentes, entre elas, Bonghoek, Papegaaiberg, Devon Valley e Polkadraai Hills. Além disso, a região sul-africana é o segundo assentamento mais antigo do país, ficando atrás apenas de Cape Town. As principais variedades cultivadas em Stellenbosch são as uvas Cabernet Sauvignon, Chenin Blanc, Sauvignon Blanc e Shiraz. Além disso, a fama da região se deve também por ser o berço da casta Pinotage, resultado de um cruzamento das uvas Cinsaut e Pinot Noir em 1924.

Chenin Blanc

A Chenin Blanc é uma das muitas variedades de origem francesa, e como tal, honra o título de prata da casa: na parte central do Vale do Loire, essa uva dá origem a diversos tipos de vinho, dos secos e ácidos até os doces, alguns entre os melhores do mundo. A África do Sul, por sua semelhança com o Velho Mundo, também produz rótulos de características suaves, mas ao mesmo tempo bem elaborados. Lá, a variedade é chamada de Steen, e a técnica nacional de fermentação fria dá ao vinho toques de pêra, que aumentam à medida que o açúcar do vinho diminui e a bebida se torna mais seca. A acidez dessa uva favorece o processo de envelhecimento, principalmente nos rótulos mais secos, mas seus vinhos de sobremesa, feitos de frutos com a “podridão nobre”, também têm grande potencial para serem guardados. Os principais aromas da Chenin Blanc são maçã, pêra (principalmente oriundos da fermentação fria), marmelo, nozes, mel e cevada. Os vinhos brancos elaborados com a casta Chenin Blanc possuem corpo leve. Com crescente popularidade na África do Sul, a casta possui variedade de sabores, sendo parte da razão disso o estilo de vinificação por qual passa e o terroir presente na região de cultivo. Os aromas encontrados nos vinhos elaborados com a casta Chenin Blanc possuem bastante presença de frutas, como damasco, limão, tangerina e até mesmo maracujá. Em caso de vinhos amadurecidos em carvalho, os sabores de noz moscada e amêndoa são bastante evidenciados.

E agora o vinho!

Na taça tem um amarelo palha com lindos reflexos esverdeados, muito brilhantes, reluzentes.

No nariz traz uma explosão de notas frutadas, frutas brancas e cítricas que me remete a maçã, pera, abacaxi, limão, com muito frescor e jovialidade, apesar do tempo de safra, com quatro anos. Não podemos negligenciar outro destaque do vinho no aspecto olfativo, o toque floral intenso, lembrando flores brancas.

Na boca é fresco, jovial, informal e descompromissado, mas, ao mesmo tempo se revela um vinho expressivo, com bom volume de boca, sobretudo por conta da fruta, percebido no quesito olfativo e na intensa acidez. Tem um final longo, persistente e refrescante.

Essa foi a minha primeira e satisfatória experiência com meu primeiro vinho branco sul africano com a casta Chenin Blanc. Um vinho equilibrando, redondo e, mesmo que seja leve e fresco, tem personalidade marcante, mostrando toda a sua versatilidade e vocação gastronômica, onde harmoniza com pratos de entrada como frios, a refeições mais simples e carnes brancas, frituras, é o famoso vinho para se degustar à beira da piscina e por que não leva-lo à praia? Gostei tanto da Chenin Blanc sul africana que, quando surgiu a oportunidade, degustei outro vinho da casta da tradicional vinícola daquele país, a Nederburg, o 56 Hundred Chenin Blanc 2017. Tem 13% de teor alcoólico muito bem integrados ao conjunto do vinho.

Sobre a Obikwa Winery:

A história dos vinhos Obikwa começou em 2002, em Stellenbosch, mas todos os vinhos produzidos eram exportados. Com o aumento da popularidade, os produtos passaram a ser vendidos também na África do Sul a partir de 2009. Obikwa é o nome de uma das mais antigas tribos do país, para a qual o avestruz simboliza força vital e fidelidade. Como forma de homenagear essa tribo e toda sua história, a vinícola leva a sério seu compromisso com a sustentabilidade ambiental e a qualidade do seu trabalho. Com a proposta de fazer ‘vinhos de real valor a ótimo preço’, esse produtor honra suas origens com rótulos surpreendentes. Obikwa é o primeiro vinho sul-africano a mudar para novas garrafas verdes ultraleves de 350g, ecologicamente corretas, que são 25% mais leves . Toda a gama OBiKWA apresenta um Selo de Sustentabilidade , emitido pelo South African Wine & Spirit Board.

Mais informações acesse:

https://www.distell.co.za/home/

Referências de pesquisa:

Sobre Stellenbosch:

Portal Vinci, em: https://www.vinci.com.br/c/regiao/stellenbosch#:~:text=Situada%20na%20%C3%A1rea%20costeira%20do,ao%20lado%20da%20casta%20Merlot.

Portal South Africa, em: https://www.southafrica.net/br/pt/travel/article/stellenbosch-uma-das-joias-da-regi%C3%A3o-vin%C3%ADcola

Wikipedia, em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Stellenbosch

Sobre a Chenin Blanc:

Blog Sonoma, em: https://blog.sonoma.com.br/uvas/chenin-blanc-a-prata-da-casa-francesa-de-vinhos/

Portal Mistral, em: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/chenin-blanc

Degustado em: 2015




sábado, 25 de abril de 2020

Novecento Rosado 2017


Uma vez eu disse: só comprarei espumantes brasileiros. Faz sentido e é justo, levando-se em conta que os nossos espumantes, a meu ver, são os melhores, ainda tendo uma diversidade de propostas e preços. Portanto não fui, com essa opinião, ufanista. É uma ideia acertada, mas hoje, penso que não deve ser definitiva, apenas prioritária, para não cair na contradição. Digo isso, pois, em meus passeios pelos supermercados da vida, me deparei com um espumante argentino, da região emblemática de Mendoza que, admito, foi pelo preço: R$ 19,90! Infelizmente, por melhor que os nossos espumantes sejam, encontrar um por 19,90, de qualidade, é uma árdua missão. Fiquei curioso e comecei com meu “primeiro contato” de identificação do vinho, acessando o site do produtor, lendo e interpretando as informações contidas no rótulo etc. E a primeira coisa que me chamou a atenção foi o blend. Embora as castas sejam típicas na Argentina, o corte, pelo menos para mim é atípico, com Chardonnay, Chenin Blanc e Bonarda. Foi definitivo para a minha decisão de compra.

E o vinho que degustei e gostei, que me surpreendeu de forma positiva, é o Noveento Rosado, composto pelas castas Chardonnay (50%), Chenin Blanc (40%) e Bonarda (10%) da safra 2017 e feito pelo méodo charmat Se quiser saber sobre o método de vinificação acesse: Diferenças entre os métodos Champenoise e Charmat. O curioso e que vale mencionar é que as uvas vieram de regiões ou sub-regiões diferentes de Mendoza: o Chardonnay veio da zona alta de Lujan de Cuyo, o Chenin Blanc das vinhas velhas na Zona Central e a Bonarda da região de Santa Rosa. E, segundo a informação que consta no site do produtor é de que são solos diferentes, de barro pedregoso de profundidade, solos arenosos profundos, boa amplitude térmica, excelente iluminação etc. Enfim, sendo determinante, claro, para o vinho final. Mas isso falarei agora.

Na taça apresenta um rosa casca de cebola, meio acobreado, bem bonito, com perlages finos e abundantes, muito elegantes explodindo no copo.

No nariz traz aromas de frutas vermelhas, como morango e cereja, aromas esses agradáveis prenunciando a jovialidade e frescura do vinho.

Na boca reproduz as impressões olfativas, com certa untuosidade, bom volume de boca, descortinado pelo toque adocicado que, embora seja evidente, não se torna enjoativo. Baixa acidez, afinal as castas que compõe o corte, não tem tal característica, com um final persistente e agradável.

Um vinho, apesar da safra (2017), e talvez seja exclusivamente por ela, tenha barateado o vinho, se revelou fresco, jovem, delicado, equilibrado, ideal para ser degustado em dias quentes e ensolarados ou simplesmente para dias ou noites agradáveis, sendo extremamente informal. O posto nobre dos espumantes brasileiros em minha adega estará sempre guardado, mas a flexibilidade de garimpar novos borbulhantes espalhados pelo mundo não estará fora de minhas pretensões. Um belo espumante dos hermanos. Com 11,5% de teor alcoólico.

Sobre a Bodega Dante Robino:

A Dante Robino é conhecida por ser uma vinícola argentina com espírito italiano. Com quase 200 anos de tradição, foi uma das primeiras a cultivar a uva Malbec no país e, portanto, a história desta casta na Argentina tem episódios importantes que passam pela adega. Conhecida tanto por seus vinhos tranquilos quanto pelos com borbulhas, a Bodega Dante Robino é o principal  produtor de espumantes argentinos. Nascido em uma comunidade de vinicultores do Piemonte, no noroeste da Itália, Dante Robino mudou a história da sua família ao se mudar para a Argentina, em 1920. Chegando em Mendoza, o italiano logo começou a estruturar uma vinícola que levaria seu nome, e onde ele escolheu cultivar as mudas de Malbec e Bonarda que trouxe consigo na bagagem. Foi a partir de 1982, no entanto, que a tradicional vinícola deu um passo rumo à modernidade com a chegada da família Squassini ao comando do empreendimento. Somando às técnicas tradicionais piemontesas de Dante com equipamentos de tecnologia de ponta, a nova gerência iniciou então a produção de seus vinhos espumantes, que rapidamente teriam sua qualidade reconhecida pelos cinco continentes do mundo. A vinícola trabalha com vinhas plantadas na década de 1990, ou seja, com aproximadamente 20 anos. A idade da vinha é muito importante, uma vez que determina o quanto as raízes estão profundamente embrenhadas na terra. Uma vinha nova (de até quatro anos) ainda está desenvolvendo as suas raízes, o que significa que sua maior fonte de água ainda é a chuva. Já uma vinha velha possui raízes bastante arraigadas e, dessa forma, consegue alcançar água em níveis mais profundos do solo. A vinícola possui dois vinhedos, um em Lujan de Cuyo e outro em Tupungato. Ambas as áreas tem uma temperatura média bastante favorável para a viticultura. O vinhedo de Tupungato encontra-se a 1.100 metros de altitude, enquanto o de Lujan de Cuyo está a 980 metros, ambos com excelente exposição. Atualmente a vinícola tem uma produção estimada em 9 milhões dos quais metade é de espumantes ou vinho base para espumantes – que além de ser usado na própria vinícola é também vendido a terceiros -, sendo o Novecento, um espumante produzido por método tanque e de preço bastante acessível – principalmente no mercado interno, ocupa a maior fatia.

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segunda-feira, 9 de março de 2020

56 Hundred Chenin Blanc 2017



Costumo dizer que não pode faltar na minha adega os vinhos sul africanos. Considerado como o Novo Mundo na produção vitivinícola, traz uma história monumental e longeva de um terroir abrangente entregando ao enófilo vinhos de grande tipicidade.

E o vinho que degustei e gostei desse país, a África do Sul, é de uma das mais importantes vinícolas daquele país, a Nederburg, com a sua linha básica, mas especial no que se propõe a entregar: A Nederburg 56 Hundred. A casta degustada dessa linha foi a Chenin Blanc, da safra 2017, da famosa região de Western Cape.

No aspecto visual apresenta um amarelo palha com tons esverdeados, límpido e brilhante.

No quesito olfativo se mostra frutado, frutas brancas tropicais como melão, pêra, um discreto toque cítrico, indicando um frescor agradável e um belo toque floral.

Na boca é jovem, direto, informal, fresco, muito frutado e um final refrescante e levemente cítrico.

Um vinho que entrega o que propõe a referida linha “56 Hundred”, que, embora seja simples, é muito agradável, despretensioso e ideal para os dias quentes do Brasil, harmonizando com a nossa cultura climática, sendo gastronômico, ideal com frituras, carnes brancas ou degustando sozinho. Tem 12,5% de teor alcoólico.

Sobre a Nederburg:

A história de Nederburg começou em 1791, quando o imigrante alemão Philippus Wolvaart adquiriu 49 hectares de terra no vale de Paarl. Ele nomeou sua propriedade Nederburgh, em homenagem ao comissário Sebastiaan Cornelis Nederburgh. Mais tarde, o 'h' foi retirado da grafia do nome da fazenda e tornou-se Nederburg como é conhecido hoje. A bela mansão holandesa do Cabo, coberta de palha e empena, que Wolvaart completou em 1800 é hoje um monumento nacional. E sobre a linha “56 Hundred” há uma curiosidade: Essa variedade de vinhos refrescantes, frutados e suave leva o nome ao preço de mil e seiscentos florins que Philippus Wolvaart pagou em 1791 pela fazenda em que deveria nomear Nederburg. Um visionário que reconheceu o potencial vitícola da terra, ele teve a tenacidade de domesticar a propriedade e estabelecer uma fazenda que continua a florescer hoje.

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Degustado em: 2019