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segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Tsántali Nemea Agiorgitiko 2014

 



Vinho: Tsántali Nemea

Safra: 2014

Casta: Agiorgitiko

Região: Nemea

País: Grécia

Produtor: Tsántali

Adquirido: Site Direto da Grécia

Valor: R$ 59,90

Teor Alcoólico: 12,5%

Estágio: 12 meses em pequenos barris de carvalho francês e mais 12 meses em garrafas

 

Análise:

Visual: revela um rubi com alguma intensidade, mas já acobreado, granada em virtude dos seus 10 anos de garrafa. Traz lágrimas finas, lentas e em abundância.

Nariz: rico em aromas, revela notas de frutas secas, ainda há a percepção de frutas vermelhas maduras, além de carvalho, baunilha, cacau, leve tosta, um toque terroso, tabaco e couro.

Boca: é macio e elegante, o tempo lhe conferiu tal condição, mas, ainda assim, apresenta personalidade e corpo de média estrutura e volumoso, com taninos ainda marcados e presentes, com uma acidez média, além de madeira, caramelo, terra molhada e um final de grande persistência.

 

Produtor:

http://www.tsantali.gr/


quarta-feira, 10 de julho de 2024

Valtier Gran Reserva Tempranillo e Bobal 2014

 



Vinho: Valtier Gran Reserva

Safra: 2014

Casta: Tempranillo (50%) e Bobal (50%)

Região: Utiel-Requena

País: Espanha

Produtor: Hacienda y Viñedos Marqués del Atrio

Adquirido: Evino

Valor: R$ 69,90

Teor Alcoólico: 13%

Estágio: 36 meses em barricas de carvalho americano

 

Análise:

Visual: revela um rubi de média intensidade, com reflexos granada e em evidência, denotando os seus dez anos de idade, com lágrimas finas, lentas e em profusão.

Nariz: é expressivo e complexo, com notas de frutas vermelhas e pretas maduras, com notas delicadas do carvalho, entregando notas terrosas, de terra molhada, de couro, charcutaria, tabaco, especiarias e um toque instigante de defumado.

Boca: é macio e elegante, mas ainda assim se mostra com personalidade, sendo muito equilibrado. As notas frutadas são perceptíveis, bem como as de carvalho, entregando baunilha, algo de chocolate, especiarias, como canela e pimenta. Taninos dóceis, acidez de baixa para média e um final persistente.

 

Produtor:

https://grupomarquesdelatrio.com/en/


segunda-feira, 10 de junho de 2024

Terras de Viriato Reserva 2014

 



Vinho: Terras de Viriato Reserva

Safra: 2014

Casta: Reserva Alfrocheiro, Jaén, Tinta Roriz e Touriga Nacional

Região: Dão

País: Portugal

Produtor: Caves Campelo

Teor Alcoólico: 13%

Adquirido: Evino

Valor: R$ 74,90

Estágio: 12 meses em barricas de carvalho francês e americano.

 

Análise:

Visual: apresenta um rubi com intensidade, com halos granada graças aos seus dez anos de garrafa, com lágrimas finas, lentas e em profusão.

Nariz: traz aromas de frutas pretas maduras, marcantes, fortes e marcados, típico do Dão, com notas amadeiradas evidentes, porém bem integrados ao vinho, que aporta baunilha, couro, tabaco, charcutaria, leve tosta e algo especiado.

Boca: entrega personalidade, vivacidade, mas tem a sedução e a maciez conferida pelo tempo de garrafa e ainda com potencial evolutivo. Replica-se as notas frutadas e amadeiradas em perfeita sinergia, com toques de baunilha, chocolate meio amargo e coco. Tem final cheio e prolongado.

 

Produtor:

https://campelo.pt/


quarta-feira, 3 de abril de 2024

Rayun Reserva Pinot Noir 2014

 



Vinho: Rayun Reserva

Casta: Pinot Noir

Safra: 2014

Região: Vale do Limari

País: Chile

Produtor: Rayun Wines

Teor Alcoólico: 13,5%

Estágio: 40% do vinho passou por barricas de carvalho francês e americano (Não identificado o tempo)

 

Análise:

Visual: apresenta vermelho vibrante, brilhante, sem muita concentração, com lágrimas finas, lentas e em média intensidade.

Nariz: revela caráter frutado, as notas evidentes de frutas vermelhas frescas, com destaque para morango, framboesas, cerejas e groselha, sobre um fundo discretamente amadeirado, sendo muito integrado.

Boca: se mostra fresco, leve para médio e uma ótima sinergia entre fruta e madeira, com taninos amáveis e ótima acidez.

 

Produtor:


Gomila Sauvignon Blanc e Pinot Grigio 2014

 



Vinho: Gomila

Casta: Sauvignon Blanc e Pinot Grigio

Safra: 2014

Região: Stajerska

País: Eslovênia

Produtor: Vinícola Puklavec & Friends

Teor Alcoólico: 12%

 

Análise:

Visual: apresenta amarelo palha brilhante, vivo, com reflexos esverdeados, com discreta proliferação de lágrimas finas e rápidas.

Nariz: aroma de maracujá, cítrico e maçã vermelha com notas picantes surpreendentes, além de notas florais e minerais.

Boca: é fresco, leve, saboroso, confirmando as notas frutadas, com uma acidez rica e instigante, típica das duas castas, com um final persistente, longo.

 

Produtor:

https://puklavecfamilywines.com/en


Don Nicanor Bonarda 2010

 



Vinho: Don Nicanor

Casta: Bonarda

Safra: 2010

Região: Mendoza

País: Argentina

Produtor: Bodegas Nieto Senetiner

Teor Alcoólico: 14%

Estágio: 12 meses em barricas de carvalho francês

 

Análise:

Visual: apresenta um rubi intenso, fechado, com alguma viscosidade e lágrimas finas, lentas e coloridas.

Nariz: revela um aroma pronunciado de frutas negras maduras, com um fundo de especiarias, notas terrosas, de charcutaria, de couro, em virtude da passagem por barricas de carvalho.

Boca: é de médio a estruturado, com bom volume de boca, alcoólico, confirmando as notas frutadas, amadeirado, mas bem integrado, sendo tostado, com toques de chocolate meio amargo, taninos marcados e boa acidez. Final cheio e persistente.

 

Produtor:

https://www.nietosenetiner.com.ar/pt-br/


Newen Pinot Noir 2014

 



Vinho: Newen

Casta: Pinot Noir

Safra: 2014

Região: Patagônia

País: Argentina

Produtor: Bodega del Fin del Mundo

Teor Alcoólico: 13,5%

Estágio: 6 meses em barricas de carvalho francês e americano

 

Análise:

Visual: apresenta um rubi claro e brilhante, com lágrimas finas e rápidas.

Nariz: notas de frutas frescas, de frutas vermelhas como cereja, amora, framboesa e morango, com toques de coco, baunilha, em virtude da passagem por barricas de carvalho.

Boca: é fresco, equilibrado, saboroso, mas de marcante personalidade, confirmando as notas frutadas, com taninos macios e acidez justa. Final longo e persistente.

 

Produtor:

https://bodegadelfindelmundo.com/


quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Assobio 2014

 



Vinho: Assobio

Casta: Touriga Nacional, Tinta Roriz e Touriga Franca

Safra: 2014

Região: Douro

País: Portugal

Produtor: Herdade do Esporão

Teor Alcoólico: 13,5%

Estágio: 20% do lote estagiou durante 6 meses em barricas de carvalho francês

Adquirido: Evento de degustação de vinhos

Valor: R$ 66,00

 

Análise:

Visual: entrega um rubi escuro, com halos granada, além de lágrimas lentas e finas.

Nariz: traz aromas intensos de frutas vermelhas, como cereja, por exemplo, notas de especiarias e um discreto toque floral, de couro e carpete.

Boca: tem um sabor concentrado, austero, elegante e macio pelo tempo, com as notas frutadas em evidência, além de taninos domados e acidez correta. Tem um final persistente.

 

Produtor:


segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Finca El Rejoneo Tempranillo Gran Reserva 2014

 



Vinho: Finca El Rejoneo Gran Reserva

Safra: 2014

Casta: Tempranillo

Região: Valdepeñas, Castilla La Mancha

País: Espanha

Produtor: Bodegas Parra Dorada

Teor Alcoólico: 13%

Estágio: 18 meses em barricas de carvalho francês e 36 meses em garrafa.

 

Análise:

Visual: rui profundo, quase escuro, com halos granada, denotando os seus anos de garrafa.

Nariz: aroma sedutor de frutas maduras, algo de frutas secas também, além de especiarias, carvalho marcado, baunilha, defumado, couro e terra molhada.

Boca: traz um paladar rico, complexo, com média estrutura, replica-se as notas frutadas, como no aspecto olfativo, com taninos generosos, elegantes e acidez discreta. Tem um final de média persistência.

 

Produtor:



segunda-feira, 4 de setembro de 2023

Gran Oristan Gran Reserva 2014

 

As vezes alguns discursos engessados no universo do vinho me aborrecem! Sabe aquela coisa que falam com demasiada reverência: “Ah os vinhos da região ‘x’ são excelentes”! “Os vinhos da região ‘x’ são especiais”! Sempre são os vinhos de uma determinada região em detrimento de várias outras que fazem questão de jogar no ostracismo.

Por isso sempre faço questão de dizer UNIVERSO DO VINHO! Ele é vasto, gigante, diversificado, logo traz inúmeras regiões com suas peculiaridades, especificidades e tudo o mais. Será que realmente não merecemos desbravar todas elas? Ou pelo menos boa parte delas, até porque precisaríamos viver mil anos para degustar todos os vinhos do mundo.

E apenas para citar um exemplo: Espanha! Espanha é um dos “centros” produtivos de vinhos com o maior número de regiões, hectares e tudo o que tem direito do planeta. Por que ficar restrito a Rioja e Ribera del Duero?

Evidente que são regiões emblemáticas, importantes, tradicionais e que merecem a relevância, o pedestal que as colocam, mas, pergunto mais uma vez: Será que só existem essas regiões, as demais não podem apresentar particularidades, algo especial?

Eu respondo! Sim! E de imediato apresento uma que descobri, confesso e com certa vergonha, recentemente: Castilla La Mancha. A terra do errante Dom Quixote tem revelado para mim alguns vinhos excepcionais, diria surpreendentes. A escolha foi boa? Sorte de principiante? Não sei dizer ao certo, mas o fato é que as escolhas foram certeiras, tem sido certeira!

O discurso mais forte que segmenta essa região por parte dos “formadores de opinião” é: “Ah são vinhos de volume!” Vinhos de volume tem de ser sempre ruins? Talvez tenham alguns pontos técnicos, na vindima, na vinificação etc, mas isso não desmerece em nada a qualidade de alguns rótulos disponíveis no mercado.

Então com o meu espírito subversivo e fora da caixinha, tenho me aventurado nessas regiões “alternativas” da Espanha, como Utiel-Requena, Navarra, Castilla La Mancha entre tantas outras que vem se descortinando diante dos meus olhos. A Espanha é gigantesca e oferece um mundo de terroirs, de características de vinhos, dos mais básicos aos mais complexos.

E a minha escolha de hoje é especial, vem da DO La Mancha, uma das nove denominações de origem da região de Castilla La Mancha, no auge dos seus nove anos de garrafa. O vinho que degustei e gostei se chama Gran Oristan Gran Reserva no blend Tempranillo (65%) e Cabernet Sauvignon (35%) da safra 2014.

Então já que enaltecemos La Mancha e a velha Castilla La Mancha, vamos de história. Falemos um pouco da representatividade dessa região para a Espanha.

A Região de Castilla La Mancha: A Terra de Dom Quixote

Castilla de La Mancha ou Castela La Mancha é uma das principais regiões produtoras de vinhos da Espanha, que possui a maior quantidade, em área, de vinícola em todo o mundo. E esta terra, de onde vem o maior personagem da língua espanhola, Dom Quixote, escrito por Miguel de Cervantes, também produz vinhos de qualidade soberba.

A região de Castilla-La Mancha é a que possui, não apenas na Espanha, mas no mundo inteiro, a maior superfície plantada de vinhedos e no ano de 2021 (um ano de baixa produtividade), fez 22,8 milhões de hectolitros de vinho e mosto.

Castilla-La Mancha

Para o Conselheiro de Agricultura, Água e Desenvolvimento Rural da Espanha, Francisco Martínez Arroyo, Castilla La Mancha não é apenas uma potência, mas uma potência ainda em crescimento forte nos últimos anos. Ele relatou em uma coletiva de imprensa onde anunciou também a aprovação do anteprojeto da “Lei da Uva e do Vinho” da região de Castilla La Mancha.

A região já tinha leis que protegiam a auxiliavam o setor vitivinícola, mas em 2013 elas foram derrubadas pelo governo federal e não foram substituídas, até agora. A expectativa é de que a aprovação do anteprojeto da “Lei da Uva e do Vinho” aconteça o mais breve possível e que permitirá facilitar e flexibilizar processos e autorizações como por exemplo a aprovação de cultivo de novas variedades de uvas, permitindo que o setor se adapte ao que demandam os consumidores do mundo.

História e Características

Os primeiros escritos da cultura de uvas para vinho na região de Castilla de La Mancha datam do século XII e é bastante evidente que as vinhas foram introduzidas pelos romanos, assim como diversas outras regiões em toda a península Ibérica, que compreende Espanha e Portugal.

Lá houve diversas guerras entre muçulmanos e cristãos, e esta terra presenciou o casamento entre Isabella (de Castela) e Ferdinando (ou Fernando, de Aragão) conhecidos como reis católicos.

Esta união deu origem ao atual estado espanhol, com vastas planícies e vinhedos, que compõe o visual clássico deste belo país.

O nome “La Mancha” tem origem na expressão “Mantxa” que em árabe significa “terra seca”, o que de fato caracteriza a região. Neste território, o clima continental ao extremo provoca grandes diferenças de temperaturas entre verão e inverno.

Nos dias quentes de verão os termômetros podem alcançar os 45°C, enquanto nas noites rigorosas de frio intenso do inverno, as temperaturas negativas podem chegar a até -15°C. Aliás, existe um ditado local que descreve o clima em Castilla de La Mancha como “9 meses de frio inverno e 3 do mais puro inferno”.

A irrigação torna-se muitas vezes essencial: além do baixo índice pluviométrico devido ao caráter continental e mediterrâneo do clima, o local se torna ainda mais seco graças ao seu microclima, que impede a entrada de correntes marítimas úmidas.

O solo, repleto de argila e calcário, facilita o crescimento de vinhedos, que se estendem por cerca de 200.000 hectares, abrangendo 182 municípios diferentes. Inclusive, cultivo e produção de vinho são fundamentais para a economia de grande parte dessas cidades.

A ocorrência de sol por ano é de aproximadamente 3.000 horas. Esta macrorregião é composta por várias regiões menores, incluindo sete “Denominações de Origem”, das quais se pode destacar La Mancha e Valdepeñas.

Curiosidades e Uvas Cultivadas em Castilla La Mancha

Como chove pouco, as vinhas são plantadas distantes umas das outras, chegando até a 8 metros, para que elas garantam a umidade do solo para si.

Outra curiosidade é que, antigamente, era hábito deixar o vinho descansando em ânforas feitas de barros. Elas eram enterradas no chão, apenas com a boca para fora, para que ficassem refrigeradas.

As uvas que são cultivadas em Castilla de La Mancha são: Airén, Viura, Sauvignon Blanc, Chardonnay, Tempranillo, que na região é conhecida como Cencibel, Syrah, Cabernet Sauvignon, Merlot e Grenache.

La Mancha

Geograficamente La Mancha corresponde a uma região localizada no Sul de Espanha, na chamada Submeseta Meridional. Possui uma extensão de 180 km de norte para sul e de 300 km de leste para oeste, repartindo-se por quatro províncias diferentes (Cuenca, Toledo, Cidade Real e Albacete).

É uma região essencialmente plana, apenas interrompida pelos montes de Toledo e percorrida pelos rios Guadiana e Júcar. Aqui predominam rochas calcárias, quartezíticas e argilosas e ainda se adivinham na paisagem vestígios de crateras vulcânicas. Os moinhos constituem elementos recorrentes da paisagem.

Economicamente trata-se de uma região fundamentalmente agrícola e pecuária, onde se destaca a criação de gado bovino e caprino. A viticultura é também muito importante, já que é a região mais produtiva de todo o país, os vinhos de Valdepeñas e Manzanares são muito famosos. A produção de cereais, girassol, alhos, açafrão e de queijo também é significativa.

A força na tradição de suas áreas vitivinícolas reflete suas condições naturais que favorecem o cultivo de uva e a qualidade de vinhos bem definidos. La Mancha é ideal para a plantação de uvas, embora o rendimento não seja muito alto, a qualidade da fruta e dos vinhedos é extraordinária.

Muito tempo atrás, La Mancha tinha uma imagem de um lugar imenso e árido que produzia grandes quantidades de vinho embora sem muita qualidade. Hoje em dia, seus vinhos conquistaram grande prestígio no mundo inteiro.

La Mancha é também a maior área produtora de vinhos do mundo, um lugar notável que permite a produção de uma larga proporção de todos os vinhos produzidos na Espanha.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta uma coloração rubi bem intensa, com halos discretamente acastanhados, denotando seus nove anos de vida, mas ainda apresentando vivacidade e até algum brilho, com lágrimas finas e lentas.

No nariz revela notas de frutas vermelhas maduras, com a predominância da cereja, com um amadeirado instigante, que traz complexidade e elegância ao vinho, entregando ainda baunilha, defumado, fumaça, tabaco, couro, terra molhada.

Na boca é macio, elegante, mas traz uma personalidade marcante, com alguma estrutura. As notas frutadas se revelam em um belo protagonismo, como no aspecto olfativo, com notas de cereja e amora. A madeira, graças aos vinte e quatro meses de barrica e três na garrafa, corrobora a sua complexidade entregando taninos maduros, acidez média, além de notas terrosas, chocolate, leve tosta, baunilha e um final de média persistência.

Nove anos de vida! E ainda um longo caminho pela frente! Um vinho pleno, complexo em um misto de frutas negras e aromas terciários revelando a sua versatilidade, a sua complexidade. Alguma estrutura, densidade, mas que o tempo conferiu elegância e equilíbrio. Por isso que esses especiais espanhóis vêm me ganhando a cada experiência sensorial. Que venham mais e mais momentos como esse! Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Bodegas Lozano:

Em 1853 começa a história da vinícola, quando a família Lozano planta as primeiras vinhas em Villarrobledo (município da Espanha na província de Albacete, comunidade autônoma de Castilla-La-Mancha) formada principalmente pela variedade Airén, nativa da região. Desde então, foram quatro gerações na gestão da adega, sempre apostando no bom trabalho e no uso de técnicas tradicionais na elaboração.

Em 1985, as instalações existentes foram adquiridas. Desde então, houve muitas melhorias que foram desenvolvidas, proporcionando um aumento considerável na capacidade de vinificação.

Em 2005, a Lozano diversificou o negócio e começou a concentrar-se em sucos e concentrados de uva, formando a empresa CONUVA, usando o mesmo roteiro: para alcançar a mais alta qualidade em todos os seus produtos e para agregar valor diferenciado a todos os clientes, a confiança.

A adega passou por diferentes estágios que forjaram o que é hoje: uma empresa familiar e profissional que é referência no setor vitivinícola que aposta adaptação aos novos tempos através de novos produtos e formatos.

Mais informações acesse:

https://bodegas-lozano.com/es/

Referência:

“Enologuia”: https://enologuia.com.br/regioes/245-a-regiao-de-castilla-la-mancha-a-terra-de-dom-quixote

“Blog “Enologuia”: https://enologuia.com.br/regioes/245-a-regiao-de-castilla-la-mancha-a-terra-de-dom-quixote#:~:text=Este%20livro%2C%20universalmente%20famoso%2C%20trata,no%20centro%2Fsudeste%20da%20Espanha.&text=Os%20primeiros%20escritos%20da%20cultura,vinhas%20foram%20introduzidas%20pelos%20romanos.

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/vinhos-dos-moinhos_4580.html

“Blog VinhoSite”: http://blog.vinhosite.com.br/la-mancha-maior-regiao-produtora-vinhos-espanha/

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/castilla-la-mancha-maior-do-produtora-do-mundo-tem-novas-regras-para-seus-vinhos.html

“Vinho Virtual”: http://www.vinhovirtual.com.br/regioes-89-La-Mancha

“Infopedia”: https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$la-mancha





sábado, 13 de maio de 2023

Carlos Montes Tannat 2014

 

Não há como negar da representatividade e importância da Tannat uruguaia para o mundo! A casta francesa saiu de sua terra natal e encontrei no terroir do Uruguai o solo ideal para brilhar!

Aos que apreciam um bom Tannat robusto, encorpado, intenso e complexo, busque em regiões emblemáticas como Canelones, por exemplo, o seu rótulo e seja feliz! Não há como negligenciar essa região uruguaia para a produção de vinhos dessa cepa.

É fato também que as características da Tannat entregam essa condição de personalidade e complexidade, afinal o seu nome é em referência a “taninos” e quando um vinho carrega muitos taninos o máximo que encontrarás é estrutura e marcante intensidade.

Até aí tudo bem, nenhuma grande novidade! Essa pequena introdução traz algumas expectativas que fomentei acerca de um rótulo que está em minha humilde e reles adega já não se sabe por quanto tempo! Já é um sintoma do quanto tempo um Tannat uruguaio que comprei está dormindo, descansando, espero eu evoluindo na adega.

Foi intencional! Tudo premeditado com requintes de detalhes. Desejei guarda-lo, deixa-lo no mais profundo esquecimento, ostracismo e pacientemente esperei, esperei tanto tempo que, por alguns momentos, pensei que não existisse!

E hoje, aos nove anos de idade, quase uma década, decidi desarrolhá-lo! A intenção inicial era degusta-lo aos dez anos, mas não aguentei mais esperar, afinal o esquecimento deu lugar a uma inusitada ansiedade! Talvez seja o momento, porque quando se tem uma miscelânea de sentimentos, pode dar lugar a medos e receios de como poderia estar o vinho! E não vou negar também que tais preocupações existem.

Eis que o momento chegou! O “esquecido” ganhará brilho, sairá de um longo sono, de uma longa hibernação evolutiva! Não consigo conter a minha ansiedade para ver como estará esse Tannat.

Então sem mais delongas vamos às apresentações! O vinho que degustei e gostei veio da tradicional e emblemática região uruguaia de Canelones e se chama Carlos Montes da Bodega Toscanini da safra 2014.

A Toscanini é uma vinícola tradicional do Uruguai, mas não goza de popularidade em terras brasileiras. Lembro-me bem que, quando comprei este rótulo, era pouquíssimo conhecido este produtor, salvo em sites exclusivos. Hoje o panorama é melhor, encontra-se com relativa facilidade, mas ainda precisa de um pouco de marketing e área de venda para disseminar o nome desse importante produtor.

Antes de falar do vinho, de tecer os comentários mais do que elogiosos acerca de suas mais fiéis características vamos de história, para não perder o costume, vamos de Canelones, que merece um capítulo à parte.

Canelones

Localizada bem ao sul, Canelones é a principal região produtora de uva e vinho no Uruguai e, por isso, concentra a maior parte dos vinhedos do país. A cidade de Canelones faz parte da região metropolitana de Montevidéu.

Ela é cercada por um enorme complexo de pequenas fazendas e vinhedos, que são responsáveis por impressionantes 84% da produção de vinho do Uruguai. Nos seus arredores, encontram-se ótimos bares que oferecem os melhores e mais procurados vinhos do país, já que naquela região concentram-se desde as mais tradicionais até as mais luxuosas, modernas e rústicas vinícolas da América Latina.

Além disso, Canelones possui uma extensão de mais de 65 km de praia, repleta de entretenimentos e lugares para descansar, sem falar do Camping Marindia, que é um reduto de arte, cultura e atividades familiares, cercado por trilhas bem arborizadas e que proporciona uma linda visão de pôr do sol.

Canelones

Os primeiros moradores de Canelones se instalaram na cidade por volta de 1726; já a partir de 1774, chegaram imigrantes espanhóis e no final do século XIX, vieram os imigrantes italianos para cultivar uvas e fabricar vinhos. Dali em diante, a história da cidade com o vinho começou a se intensificar, uma vez que passo a passo ela conquistava popularidade em todo o país.

Mas foi nos anos de 1970, que videiras de clones importados chegaram à cidade e os vinhedos começaram a se concentrar na qualidade. E hoje a produção de vinho da região representa 14% no mercado internacional e é responsável por oferecer uma abundância de opções ao enoturismo uruguaio.

Essa região não poderia ter localização melhor. Por sua visão pioneira, o Uruguai foi eleito o país do ano, em 2013, pela revista inglesa The Economist. Entre as principais razões estão o fato de realizar reformas que não se limitam a melhorar apenas a própria nação, mas atitudes que podem beneficiar o mundo.

E Canelones está sendo conduzida sob essa visão. Em meio a um processo de desenvolvimento enoturístico, a região já possui até projeto de promoção do turismo e do vinho desenhado pelo Ministério do Turismo com a colaboração da Comarca de l’Alt Penedès, Espanha.

Há produtores que se juntaram para ajudar nesse incentivo e criaram a Associação “Los Caminos del Vino”, que reúne diversas vinícolas familiares abertas para visitantes, onde podem ver as vinhas de perto, acompanhar as diferentes etapas da vinificação e, finalmente, provar o vinho e a comida típica do lugar.

Na taça revela um rubi intenso, quase escuro, com halos granada, denunciados pelos seus nove anos de garrafa e/ou passagem por barricas, com lágrimas finas, lentes e em profusão, com alguma viscosidade.

No nariz traz um ataque aromático da madeira, graças aos doze meses de passagem em barricas de carvalho, entregando notas de couro, tabaco, chocolate meio amargo, café, torrefação, toffee, caramelo, defumado, com as frutas pretas bem maduras em total equilíbrio, diria ainda com algo de frutas secas também. As especiarias doces são sentidas, com pimenta preta sobressaindo.

Na boca a personalidade marcante, untuoso e austero, típico da Tannat, protagoniza, mas, ao mesmo tempo se mostra elegante e macio, afinal o tempo lhe foi gentil, nove longos anos de garrafa só fez o vinho ser tornar complexo e atraente e extremamente saboroso. As notas amadeiradas e frutadas, como no aspecto olfativo, se mostram evidentes, frutas compotadas, quase em geleia, com toques de chocolate, torrefação, café, chocolate são percebidos. Tem taninos maduros e macios, um pouco marcado, com baixa acidez e um final persistente e volumoso.

Que experiência incrível! Nove anos de vida bem desenvolvidos, bem evoluídos e que ainda tinha alguns anos pela frente! Fez jus a sua condição, as suas características, a sua proposta! Mais uma vez a Tannat uruguaia veio a que disse e, mesmo diante de seu ápice, gozava de uma elegância, de uma maciez inacreditável! Mesmo com a habitual robustez, a elegância de um senhor maduro com quase 10 anos de garrafa, entrega equilíbrio e prazer ao pobre mortal que agora, sucumbindo à sua superioridade, diz, feliz, alegre e regozijado! Um belo vinho! Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Bodega Toscanini:

Tudo começa em 1894 quando Don Juan Toscanini e sua esposa, dona Maria Bianchi, deixam a sua cidade natal, Gênova, e se estabelecem na região do Rio da Prata, mais precisamente na zona de Canelón Chico, localizada a 30Km ao norte de Montevidéu, Uruguai.

Nesse lugar desempenharam atividades como trabalhadores rurais, arrendando uma pequena parcela de campo que posteriormente conseguiram adquirir. Visionário e empreendedor, e, após vários anos trabalhando como peão, Don Juan Toscanini funda sua própria vinícola no ano de 1908, elaborando 4.200 litros de vinho que se comercializaram sob a marca “La Fuente”.

Don Juan Toscanini

A partir desse momento, a fértil semente da vitivinicultura lança raízes muito firmes na família com a arte do cultivo da uva e a produção de vinhos sendo seguida, até hoje, por seus filhos, netos e bisnetos.

Em 1982, ocorre a reestruturação dos vinhedos substituindo-se as variedades comuns por Tannat, Cabernet Sauvignon e Merlot. Com tal mudança, começaram a elaborar, consequentemente, vinhos finos. Em 1995, obtiveram o primeiro reconhecimento internacional e, dois anos mais tarde, a primeira exportação ao Reino Unido.

No ano de 2000, nasce o vinho premium “Adagio”, uma fusão de Tannat, Cabernet Sauvignon e Merlot. É um vinho elaborado apenas com vindimas excepcionais, maximizando o melhor das uvas.

Em 2001, graças a essa projeção internacional, surge uma joint venture com Chateau Los Boldos, do grupo Massenez. Nasce “Casa Vialona”, um vinho 100% Tannat com maturação de um ano e meio em barril.

Em 2008 a Montes Toscanini completou 100 anos de história. E, para honrar nossa trajetória, criamos o vinho “Antologia”. Trata-se de uma edição limitada de 1908 garrafas que contêm a maior experiência na vinificação da uva Tannat. É um vinho elaborado com arte e as melhores uvas da vindima desse ano.

Mais informações acesse:

https://www.toscaniniwines.com/pt/

Referências:

“Winepedia”: https://www.wine.com.br/winepedia/enoturismo/roteiros-do-vinho-canelones/

“Dicas do Uruguai”: https://dicasdouruguai.com.br/dicas/canelones-no-uruguai/









sábado, 18 de fevereiro de 2023

Domaine du Charron Malbec e Merlot 2014

 

Quando tive o meu primeiro contato, a minha primeira experiência com os vinhos de Cahors fui tomado por uma espécie de arrebatamento e me fiz uma promessa: degustaria novamente novos rótulos dessa região, o que, convenhamos, não é habitual e os poucos vinhos disponíveis, lamentavelmente, estão, a meu ver, em um valor astronômico de caro.

Mas consegui, em um e-commerce conhecido, encontrar uns poucos rótulos da região que aliou uma boa relação qualidade X preço e eu precisava, ansiava, clamava por novos rótulos para desbravar uma região que, de forma persistente de seus produtores, vem crescendo e resgatando o seu terroir, privilegiando também a modernidade de seus vinhos.

E encontrei um disponível e dessa vez não foi a Malbec reinando absoluta, embora percentualmente falando ela se revela predominante. Assim é Cahors, é sinônimo de Malbec, é a “Côt”, como é chamada naquelas terras do sudoeste francês.

Sim, Malbec não é de Mendoza, na Argentina! Embora goze de fama na terra dos hermanos é em Cahors que é o seu berço, a sua origem. E esse rótulo ela brilha juntamente com a Merlot, que tem a incumbência de trazer maciez ao vinho, contrabalancear a rusticidade da Malbec.

Outro detalhe extremamente relevante são as diferenças dos terroirs: Mendoza e Cahors. Enquanto Cahors traz a rusticidade, as especiarias, a Malbec de Mendoza nos entrega as notas frutadas. Cahors investe em menos intervenção humana, menos madeira e a mendocina traz aquele famoso termo do “malbecão”, com madeira e estrutura.

Mas o rótulo de hoje traz um blend bem atípico, mas que me parece ser em Cahors, até porque o meu primeiro da região trouxe este blend, o Carte de Noire 2013, então vamos seguindo com mais uma experiência com esse blend e com o mesmo produtor, a gigante Vinovalie.

Então sem mais delongas vamos às apresentações! O vinho que degustei e gostei veio de Cahors, sudoeste francês, e se chama Domaine du Charron composto pelas castas Malbec (70%) e Merlot (30%) da safra 2014. E para não perder o costume vamos de história, vamos de Cahors e a sua importância para a Malbec e a sua importância para vitivinicultura mundial.

Cahors, o berço da Malbec

De Cahors na França vem a famosa uva Malbec muito plantada na Argentina e hoje uva símbolo de lá.  Mas ela não é argentina. A uva Malbec é alóctone da Argentina e autóctone de Cahors. Sim Cahors é o seu verdadeiro berço, onde ela nasceu e recebeu o nome de Côt. Pelo que contam os registros de época, as primeiras plantações de Malbec, uva conhecida na região como “Côt” datam de 92 d.C.

O vinho é frequentemente citado como o mais antigo da Europa e foi conhecido devido a sua cor intensa como o vinho “negro” de Cahors. Os vinhos de Cahors desde a idade média são longevos e escuros com forte personalidade. As plantações ocupam atualmente cerca de 4.300 hectares, sendo a produção máxima permitida de 50 hectolitros por hectare.

Na região, a uvas permitidas para vinhos tintos são a Côt (Malbec), a Tannat, a Cabernet Franc e a Gamay em Coteaux du Quercy. Cahors permanece com a marca da antiga Côt que se revela em personalidade forte insistente, arrojada e com expressão mais rústica, compensando em longevidade.

Oferece assim, robustez, estrutura e boa guarda. A uva é liberada para os cortes de Bordeaux, mas pouco utilizada por lá, hoje em dia. A região de Cahors fica a cerca de 230 KM de Bordeaux no departamento de Lot, na região Sud-Est da França fazendo fronteira com o departamento da Dordogne. Há 22 mil hectares classificados como potenciais para a AOP Cahors em um território de 45 quilômetros de leste a oeste e 25 quilômetros de norte a sul, abrangendo 45 vilas.


De Cahors na França vem a famosa uva Malbec muito plantada na Argentina e hoje uva símbolo de lá.  Mas ela não é argentina. A uva Malbec é alóctone da Argentina e autóctone de Cahors. Sim Cahors é o seu verdadeiro berço, onde ela nasceu e recebeu o nome de “Côt”. Pelo que contam os registros de época, as primeiras plantações de Malbec datam de 92 d.C.

A região de Cahors produzia vinhos de tanta densidade que eram conhecidos como vins noirs, ou vinhos negros. Os vinhos de Cahors desde a Idade Média são longevos e escuros com forte personalidade. As plantações ocupam atualmente cerca de 4.300 hectares, sendo a produção máxima permitida de 50 hectolitros por hectare.

Há bem poucas denominações ao redor de toda a França que tenham sofrido uma perda de vinhedos tão extensiva e também de reconhecimento durante os últimos 100 anos quanto a histórica região de Cahors.

Em 2002, havia apenas 4.500 hectares de vinhas e hoje apenas 3.300 da AOP (Appellation d’Origine Protégée) Cahors, devido em parte à contínua erradicação dos vinhedos, em parte aos produtores (encorajados pela dominante Cooperativa Cotes d’Olt Cave) que diversificaram nos rótulos da menos estrita IGP (Indicação Geográfica Protegida).

Mas, ao menos, a partir desse ponto mais baixo, nas mãos de alguns produtores determinados, está em andamento uma mudança que, com ajuda do INAO (Institut national de l'origine et de la qualité) do governo francês, pode em breve fazer com que a região de Cahors seja sussurrada nos mesmos tons que a Borgonha.

A cidade de Cahors – cuja ponte medieval Valentre, que se estende sobre o rio Lot, é um monumento nacional – foi uma poderosa cidade mercadora, com vinhedos ao redor produzindo vinhos de tanta densidade que eram conhecidos como vins noirs, ou vinhos negros.

Ponte Medieval Valentre

Dessa forma, muitas barricas fizeram o caminho descendo o rio até Bordeaux, onde elas eram misturadas com os vinhos mais leves de Graves e Médoc para serem embarcadas para paladares que os apreciavam na Grã-Bretanha e no norte da Europa. No século XIX, os terraços íngremes que cercavam a cidade estavam todos produzindo os melhores vinhos.

Mas eles foram abandonados por décadas. Enquanto permanecem dentro da AOP, sua única esperança de serem replantados é se a região tiver sucesso em persuadir o INAO a classificar os vinhedos em Grands e Premier Crus, como na Borgonha, baseado em análises de solos aprofundadas. Em 1999, diante das quedas em vendas, foi criada uma Carta de Qualidade que projetava tal classificação. Ela recebeu atenção do INAO, mas estagnou e foi cancelada em 2002, causando um colapso de preços.

Cahors também teve outra forte influência de seu poderoso vizinho, Bordeaux, em sua dramática história. O vinhedo foi criado pelos romanos e, durante a Idade Média, seu prestígio teve expressivo crescimento. O casamento de Eleanor de Aquitânia com Henrique II, rei da Inglaterra, abriu as portas do grande mercado consumidor inglês, antes dominado pelos vinhos de bordaleses.

No entanto, os poderosos produtores e comerciantes de Bordeaux, sentindo-se ameaçados, mobilizaram-se para pressionar Londres e conseguiu arrancar do rei da Inglaterra alguns privilégios exorbitantes, o que resultou num duro golpe para os produtores gascões. Além de sofrerem pesada taxação, os vinhos do Sudoeste só podiam chegar à capital inglesa depois que toda a produção bordalesa estivesse vendida.

Tal regra durou cinco séculos (foi interrompida apenas em três curtos períodos) e o vinho da região sentiu o golpe. Esta conduta só foi abolida em 1776, pelo liberal ministro de finanças de Luís XVI, Jacques Turgot, quando se iniciou um novo ciclo dourado dos fermentados de Cahors.

Jacques Turgot

Apesar da Revolução Francesa e das guerras do Império já no século XIX, 75% do vinho da região era exportado e um terço das terras agriculturáveis eram dedicadas à vinha, que cobria a impressionante área de 40 mil hectares. A região enfrentou bem a praga do oídio (de 1852 a 1860) e a superfície plantada subiu ainda mais, chegando a 58 mil ha. Para se ter uma ideia da queda que viria mais tarde, a área do vinhedo de Cahors hoje é de apenas 4.200 ha.

Mas o território teve pior sorte ao enfrentar a filoxera no final do século XIX. Como se sabe, todos os vinhedos atacados no mundo tiveram de ser replantados, desta vez, de forma enxertada. Então, as vinhas de Malbec reagiram muito mal a esta nova situação, dando origem a fermentados medíocres, com qualidade muito abaixo da que tinha anteriormente. Apenas no final dos anos 1940, depois de muita pesquisa, chegou-se ao clone 587 da Malbec, que teve muito boa adaptação.

Os vinhos de Cahors conheceram uma fama repentina na década de 1970, pois o presidente francês Georges Pompidou, que sucedeu o general Charles de Gaulle em 1968, havia nascido na região. Depois que os vinhos foram classificados como VDQS (vins délimités de qualité supérieur) em 1951, Cahors foi elevada ao status de AOC em 1971 e as garrafas eram vistas em todos os restaurantes da cidade. Por volta dos anos 1980, elas foram substituídas por vinhos de seus grandes rivais do Madiran, do departamento vizinho de Gers, cujos potentes vinhos de Tannat provocaram uma forte impressão.Então, a Malbec, a principal variedade da região (conhecida localmente por Auxerrois) foi descoberta como a estrela dos vinhedos argentinos e Cahors saiu cada vez mais da vista.

Georges Pompidou

As normas dessa denominação determinam que o vinho deve ser composto de, pelo menos, 70% de Malbec, sendo o restante feito com a tânica Tannat e a macia Merlot. A Cabernet Sauvignon e a Cabernet Franc não são permitidas. O vinho é bastante escuro e encorpado, com boa fruta e mais austero e seco do que o Malbec argentino. Dependendo da sub-região, pode ser mais leve e para consumo mais precoce, ou mais estruturado e passível de longa guarda.

Do ponto de vista do clima e do solo (que juntos criam o terroir), a região é extraordinariamente diversa. O clima tem fortes influências Atlântica (Bordeaux), Continental (Borgonha) e Mediterrânea. Os solos aluviais das margens do Lot – que produzem Malbecs leves – dão lugar a vinhas que se elevam acima de 150 metros com pequenos seixos, quartzo, calcário (conhecido como causse), giz e até ferro vermelho, todos os cinco tipos sendo encontrados nos 65 hectares do Château Chambert, por exemplo, e em outros lugares, com vinhedos plantados sob todos os tipos de exposição solar.

Seguindo a sua rejeição em 2002, a região está preparando outra investida no sistema hierárquico dos Crus e a ajuda está agora nas mãos de pessoas como Claude e Lydia Bourguignon, renomados especialistas franceses em análise de solo. Considerados a principal influência na revitalização dos vinhedos da Borgonha para a viticultura industrial dos anos 1970 – Bourguignon teria dito na ocasião que “há mais vida no deserto do Saara do que em alguns vinhedos da Côte d’Or” –, eles abriram um escritório na região e até mesmo plantaram seu próprio pequeno vinhedo em um terraço calcário abandonado. Tal experiência e influência, aliadas à energia de produtores visionários, não deve demorar para produzir o esperado renascimento de Cahors.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um vermelho rubi intenso, quase profundo e escuro, com halos em tonalidade granada, provavelmente denotando algo evoluído em virtude dos seus nove anos de garrafa, com lágrimas grossas e espaçadas.

No nariz não traz quase nenhuma nota frutada, por característica do terroir de Cahors, destacando-se a rusticidade, como tabaco, fumo, couro, especiarias, como pimenta e terra molhada.

Na boca é macio, redondo e equilibrado, graças, sobretudo, ao tempo de garrafa, afinal o tempo lhe fez bem. Mas apresenta ainda alguma personalidade, os taninos estão domados, mas se faz presente com discreta adstringência e uma acidez baixa para média. Tem ainda algum amargor e um curioso e discreto toque de chocolate e a fruta, como no aspecto olfativo, não existe, apenas as especiarias replicam. Tem final médio.

Mais um capítulo escrito com êxito em minha história de enófilo e graças a Cahors e seus vinhos especiais e pouco ortodoxos. Não é todo dia, não é habitual, é diferente, tudo isso traz uma indescritível sensação. As reações sensoriais agradecem, as experiências se revelam únicas, singulares. É claro que as percepções são pessoais, cada um se identifica com aquilo que te faz bem, que te traga prazer, óbvio, mas é preciso entender as nuances, as propostas que cada vinho entrega, com o seu terroir, as características marcantes de sua terra e de sua cultura. E são essas nuances que faz do mundo do vinho algo apaixonantes e especial. Um belo vinho, um vinho especial, um vinho de personalidade, mais um vinho de Cahors que ficará marcado. Que venham mais! Tem 12,5% de teor alcoólico.

Sobre a Vinovalie:

A Vinovalie Les Vignerons foi criada em 2006 e é formada por quatro cooperativas de vinhos dentro da França: Vignerons Rabastens, Cave de Técou (Tarn), Cave de Fronton (Haute-Garonne) e Côtes D’Olt (Lot) e alguns Châteaux como o Les Bouysses.

Cada etapa do processo de criação dos vinhos é baseada na paixão e no know-how complementares dos homens: viticultores, adegas e enólogos.

O consumidor está no centro das áreas de inovação. Cientes do papel a desempenhar, a vinícola está empenhada numa abordagem típica de I&D, desde o trabalho na vinha à distribuição dos vinhos.

Mais informações acesse:

https://www.vinovalie.com/

Referências:

Portal “Enoestilo”: https://www.enoestilo.com.br/cahors-o-berco-malbec-2000-anos-de-historia/ e https://www.enoestilo.com.br/mapas-vinho-dicas-regiao-de-cahors/

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/cahors-outra-terra-da-malbec_439.html