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domingo, 20 de junho de 2021

Domaine Cambos Cuvée Jean D'Augergne 2017

 

Como sempre costumo dizer e o farei até o fim dos meus dias: Vinho é celebração, é estar com os melhores amigos para uma boa conversa informal e descontraída, é conhecimento, é a degustação na sua mais fiel e genuína concepção. Um grande amigo, de longa data, de uns tempos para cá, aderiu ao universo da vinho de uma forma intensa e incondicional e quando tomei conhecimento de sua decisão, fui tomado por uma incontida alegria. Além de nossas edificantes conversas sobre vários assuntos do cotidiano, iremos incluir o universo do vinho em nossas realidades.

E não contente apenas com a sua inserção no mundo do vinho e seus rótulos, decidimos consolidar com encontros regados a bebida de Baco e Dionísio e muitas conversas. A solidificação da nossa amizade e as viagens mais do que prazerosas nas histórias que permeiam os vinhos que degustamos e certamente gostamos. Nasce a “Confraria Marginal”. Somos apenas nós dois, um pequeno e discreto número, mas significativo na sua relevância e mais contundente, forte e que será eterno enquanto durar, já dizia o trecho daquela música tupiniquim. E agora vem aquela pergunta que o nobre leitor deve se perguntar neste momento: Mas por que “Confraria Marginal”?

Não somos convencionais, não usamos vinho para escorar status econômico, não usamos o vinho como fator de subjugação, amamos o vinho pelo que ele é, pelo fator cultural, pela busca do conhecimento e, sobretudo pelo fator sensorial e as suas gratas experiências, então somos marginais, estamos à margem desses conceitos tortos e posturas lamentáveis, mas sonhamos com uma quebra de paradigmas nessa triste cultura.

Então o primeiro vinho veio de uma região nova para mim. Que especial! Além de nossa humilde, mas querida confraria que se estabelece, vem as gratas e incríveis novidades que o universo do vinho, inexplorado e surpreendente, insiste em nos revelar e, a tira colo, vem a novidade das castas também. A celebração enfim estava completa de tudo que precisávamos! O vinho que degustei e gostei veio da região da Gasconha, de Côtes de Gascogne, e se chama Domaine Cambos Cuvée Jean D’Auvergne, um blend composto pelas castas Colombard (70%) e Gros Manseng (30%) da safra 2017.

Côtes de Gasconha: A bela Gasconha

Côtes de Gascogne é o distrito vinícola da Gasconha que produz principalmente vinho branco. Ele está localizado principalmente no departamento de Gers, na antiga região de Midi-Pyrénées (agora parte da região Occitanie), e pertence à região vinícola do sudoeste da França. A designação Côtes de Gascogne é usada para um Vin de Pays ("vinho do campo") produzido na área de Armagnac. O decreto de 13 de setembro de 1968 criou a diferença entre um Vin de Pays e um vinho de mesa mais simples, o chamado Vin de Table, hoje conhecidos como “Vin de France”. A designação Côtes de Gascogne obriga os produtores a respeitarem as regras e padrões de produção mais rígidos, que foram adotados com o decreto de 25 de janeiro de 1982.

Gasconha (Côtes de Gascogne)

A Associação de Produtores das Vins de Pays Côtes de Gascogne foi fundada em 15 de março de 1979. Defende os interesses dos associados, determina os padrões de produção e zela pelo respeito dessas regras. A associação conta neste momento com cerca de 1.400 produtores de vinho. Destes, 1.300 são sócios de adegas de cooperativas, as chamadas cooperativas de cavernas.

Com uma produção permitida de 830.000 hectolitros por ano, a Gers é a maior produtora francesa de Vin de Pays branco , com um potencial de produção de mais de 100 milhões de garrafas por ano, das quais 75% são para exportação. Em Gers, os volumes de produção são mais ou menos os seguintes: 91% vinho branco, 8% tinto e 1% vinho rosé. Isso é muito atípico para o sudoeste da França, porque nos departamentos vizinhos é produzido principalmente vinho tinto. Os tipos de uvas para vinho tinto e rosé são Abouriou , Merlot , Cabernet sauvignon , Cabernet franc , Duras , Fer , Négrette , Portugias bleu , Malbec e Tannat. Os tipos de uvas para vinho branco são Colombard, Petit Manseng, Gros Manseng, Len de l'El, Sauvignon blanc, Sémillon, Muscadelle e Ugni blanc.

A casta Colombard

A uva Colombard é famosa por estar na composição de excelentes vinhos de corte, entre eles os tradicionais Cognac e Armagnac, ao lado das uvas Ugni Blanc e Folle Blanche. A Colombard é conhecida por sua excelente neutralidade, tornando-a uma das principais variedades utilizadas na composição de blends. Com o decorrer nos anos, contudo, a uva Colombard está sendo utilizada também para adicionar luz e frescor aos vinhos brancos, tanto em regiões do sudoeste da França, quanto em áreas vinícolas do Novo Mundo, como na Califórnia e na África do Sul.

Apesar de não ser uma variedade dona de uma grande popularidade, a uva Colombard é uma das cepas brancas mais cultivadas em diversas regiões vinícolas da França. No entanto, tal notoriedade diminuiu consideravelmente ao longo dos anos, para que outras variedades mais tradicionais fossem cultivadas e a Colombard passasse a ser mais utilizada, principalmente, na produção de aguardentes viníferas.

O sucesso dos vinhos brancos Colombard franceses aumentou consideravelmente com o decorrer dos últimos anos, sendo elaborados, principalmente, ao lado, da tradicional uva Sauvignon Blanc, rotulados sob a denominação IGP Cotes de Gascogne. Além disso, em regiões vinícolas australianas a Colombard também é amplamente utilizada, assim como na Tailândia e em Israel.

A casta Gros Manseng

A Gros Manseng é uma das principais uvas brancas cultivada em Juraçon, região localizada no sudoeste da França. Essa variedade de uva é tradicionalmente associada a elaboração de vinhos doces, no entanto, atualmente a Gros Manseng é utilizada também na produção de vinhos secos, extremamente aromáticos e com nítidos sabores.

Possuindo pele grossa, elevado nível de açúcar e de acidez, essa variedade é excelente para a produção de vinhos doces – conforme o tempo de permanência da uva na videira aumenta, ocorre o desenvolvimento elevado da doçura, responsável por manter a acidez da fruta, além da casca grossa contribuir para a proteção da uva. Apesar de ainda existir alguns vinhos elaborados com a uva Gros Manseng colhida tardiamente, tais exemplares estão sendo substituídos por versões secas, produzidos a partir de uvas colhidas antes que o período de maturação completa seja alcançado. Estes vinhos são caracterizados pela marcante acidez e aromas florais que possuem.

Dando origem, principalmente, a vinhos varietais, a uva Gros Manseng participa também de blends com a casta internacional Sauvignon Blanc e a uva local Petit Manseng, outra variedade de elevada importância para o cenário vinícola de Juraçon.

A uva Petit Manseng e a Gros Manseng compartilham da mesma nomenclatura que a distinguem apenas pelo tamanho dos bagos. Isto é, “gros” e “petit” significam “grandes” e “pequenos”, respectivamente. A variedade Gros Manseng é cultivada em maior volume do que a uva Petit Manseng e normalmente, a Gros é utilizada na produção de vinhos secos, enquanto e Petit dá origem a bons vinhos doces.

A uva Gros Manseng não é cultivada em muitas regiões vinícolas além do sudoeste da França, no entanto, fora de Jurançon a variedade é permitida a participar dos vinhos brancos de Pacherenc du Vic-Bilh e Bearn, além de ser utilizada com alta frequência nos vinhos IGP Cotes de Gasgogne.

E agora o vinho!

Na taça apresenta um lindo e envolvente amarelo ouro com reflexos esverdeados com uma discreta concentração de lágrimas finas e dispersas.

No nariz é extremamente aromático, explode em notas de frutas cítricas e brancas como melão, abacaxi, maçã verde, pera e um agradável toque floral, de flores brancas, que traz a nítida sensação de leveza, delicadeza e frescor.

Na boca é seco, saboroso, intenso, vívido e expressivo que preenche bem a boca, mas por outro lado é fácil de degustar, harmonioso e delicado, logo versátil e gastronômico. Acidez excelente que o torna ainda pleno e vivo, apesar dos 4 anos de safra. Final persistente e frutado.

Um vinho diferente e especial para literalmente brindar nossa querida confraria. Uma região nova para mim se descortinou diante dos meus olhos, novas e diferentes castas, regionais, que ajudou a construir a cultura da Gasconha, de seu povo. E que essa seja a tônica: confrarias e amizades, rótulos e novas experiências sensoriais. Um vinho intenso e expressivo como a intensidade de nossa enofilia, mas delicado e especial como a amizade. Tem 11,5% de teor alcoólico.

Sobre a Les Vignobles Fonacalieu:

Les Vignobles Foncalieu são uma união de cooperativas ancoradas no coração do Languedoc: se estende do maciço dos Corbières às margens do Mediterrâneo, das encostas varridas pelo Mistral às planícies acariciadas pelo sol, entre Carcassonne e Béziers. É no coração destas paisagens, entre o mar e a montanha, que todos os viticultores trabalham diariamente os nossos 4000 hectares de vinha, para oferecer a Foncalieu uvas de elevada qualidade que produzem vinhos excepcionais.

Cooperativa com fortes valores desde 1967, nossos 650 viticultores cultivam o espírito de equipe, autenticidade, inovação e uma paixão comum: todos os elementos que permitiram à Foncalieu ser considerada uma das 50 marcas de vinho mais reconhecidas do mundo pela revista profissional Drinks International em 2017.

Os vinhedos de Foncalieu se estendem por 4000 hectares entre a cidade de Carcassonne e o Canal du Midi, dois destinos listados como Patrimônio Mundial pela Unesco. Este vasto território caracterizado por um mosaico de terroirs e denominações, tem permitido o desenvolvimento de uma ampla gama de vinhos na maioria dos DOP do Languedoc, bem como IGP.

A maior e mais antiga região vinícola do mundo é também uma terra de cultura, arte e gastronomia, caracterizada por invernos amenos e verões quentes. A sua multiplicidade de terroirs varridos pelo Tramontana e pelo vento marinho, estende-se dos Pirenéus ao Mediterrâneo, oferecendo uma grande variedade de castas, da Carignan à Malbec, de Roussanne a Sauvignon.

De geração em geração, a paixão pela vinha não se enfraquece, a transmissão às novas gerações está no centro das preocupações para perpetuar os magníficos territórios. A força da Vignobles Foncalieu reside na combinação das competências de todos os viticultores e dos vários polos de especialistas franceses e internacionais.

Mais informações acesse:

http://www.foncalieu.com/

Referências:

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/colombard

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/gros-manseng

“Wikipedia” https://en.wikipedia.org/wiki/C%C3%B4tes_de_Gascogne




sábado, 13 de junho de 2020

Garibaldi Vero Brut


Seria um mundo perfeito aliar preços baixos, aqueles valores que cabem no bolso de todos os brasileiros, aos nossos espumantes, esses mesmos espumantes que fazem um sucesso tremendo na Europa, Estados Unidos e vários outros cantos do mundo, sendo contemplados por premiações de excelência, mas tão distante da realidade dos brasileiros que não gozam de uma renda alta e que querem adentrar o mundo do vinho, tendo como porta de entrada a menina dos olhos da nossa produção vitivinícola, os nossos vinhos borbulhantes. É claro que os valores variam de acordo com a proposta e complexidade dos vinhos, mas o custo Brasil, os tributos destroem toda e qualquer expectativa de se democratizar a bebida, o vinho, como um todo, a todos os brasileiros, sem distinção social. Mas há esperanças, há espumantes bem feitos, premiados nacional e internacionalmente e que entregam ao mercado valores compatíveis, justos a todas as camadas da população. Falo da Vinícola Garibaldi. Já degustei alguns rótulos de seus espumantes e que muito me surpreendeu positivamente e este de hoje não fugiu à regra.

O vinho que degustei e gostei é da emblemática Serra Gaúcha, da tradicional Vinícola Garibaldi: Garibaldi Vero brut, produzido pelo método charmat (Leia aqui o significado desse método: Diferenças entre os métodos Champenoise e Charmat) composto pelas castas Trebbiano, Prosecco e Colombard (casta branca típica do sul da França), não safrado. Um espumante que realça a cara, a identidade do Brasil: informal, fresco, leve e com a cara dos dias quentes de um país tropical como o nosso.

Na taça tem um amarelo palha com reflexos esverdeados, límpidos e brilhantes com perlages finos e em abundância.

No nariz apresenta um agradável aroma de frutas brancas e cítricas como abacaxi e limão e um toque floral.

Na boca é seco, frutado, fazendo jus a sua proposta (brut), é leve, jovem, fresco, saboroso, que preenche bem a boca, diria discreta cremosidade, com uma boa acidez e um final saboroso e persistente.

Um espumante excelente, com atrativo custo X benefício e que pode sim rivalizar com qualquer bebida famosa que tenha os perlages do mundo, sem exageros ufanistas. Um espumante leve, fresco, despretensioso, diria com certa untuosidade e muito refrescante. Harmoniza muito bem com frituras, carnes brancas, saladas, sopas e queijos leves. Tem 11,5% de teor alcoólico.

Alguns prêmios:

Dupla Medalha de Ouro: Concurso VINUS 2019
Medalha de Prata: 4º Brinda Brasil - Júri Técnico

Sobre a Vinícola Garibaldi:

Situada em Garibaldi (120Km de Porto Alegre) no coração da Serra Gaúcha, a maior região vitivinícola do Brasil, a  empresa nasceu como Cooperativa Agrícola Garibaldi na quinta-feira, 22 de janeiro de 1931, na sede do Club Borges de Medeiros. Naquele dia, Monteiro de Barros reuniu representantes de 73 famílias para criar uma das mais importantes cooperativas da região. O sucesso da empreitada foi tanto que, em 1935, o grupo já contava com 416 associados.


A prosperidade, contudo, estancou no começo dos anos 1970. Em 1973, a empresa sofreu uma intervenção que durou cinco anos. O processo, porém, deu resultado e, no começo dos anos 1980, a Garibaldi passou a se modernizar. No entanto, o grande passo só seria dado no início dos anos 2000. No passado, a cooperativa trabalhava muito com vinho de mesa e até a granel, e isso não rentabilizava o produto. Era uma commodity. Então, teve a necessidade de agregar valor. Desde 2004, investiu-se fortemente na elaboração de espumantes para dar essa guinada, rentabilizar os produtos e remunerar a uva dos associados. Foi feito um intenso trabalho no campo de reconversão, tecnologia em produto, para chegar a esse reconhecimento de mercado que a vinícola tem hoje, como referência na produção de espumante. A cooperativa tem hoje 400 famílias associadas, que juntas formam um total de 900 hectares em 12 municípios diferentes do Rio Grande do Sul. Gerenciar tudo isso é um trabalho complexo. O departamento técnico visita todas as propriedades pelo menos três vezes ao ano. Tem um contato direto como produtor tanto na orientação técnica quanto reconversões, conforme os interesses da cooperativa. As 380 famílias são responsáveis pela produção da uva. Elas elegem um conselho para cuidar do negócio e cada área tem um responsável, um profissional contratado para gerir. É cooperativa, mas tem que ser profissional no que faz. Em 2010, a Garibaldi adquiriu os direitos de produção e comercialização da marca Granja União, que estava sob domínio da Vinícola Cordelier. Mais recentemente, lançou a linha Acordes. A vinícola hoje apresenta índices de crescimento superiores aos da média nacional. Resultado de uma história de investimentos, de profissionalização, de união e de uma trajetória que carrega em sua bagagem o trabalho e a vida de milhares de pessoas. O investimento é permanente em manutenção e melhoria dos processos produtivos e na qualidade dos produtos. Com uma área de 32 mil metros quadrados de construção e capacidade de processamento que ultrapassa os 20 milhões de quilos, utilizando tecnologia e equipamentos europeus para a elaboração de nossos vinhos e espumantes. Uma identidade marcante, personalidade e características próprias, aliadas ao terroir da Serra Gaúcha, fez com que os seus espumantes acumulassem uma série de premiações em concursos no Brasil e no exterior.

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