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terça-feira, 5 de novembro de 2024

Cabo da Roca Reserva Especial Baga 2016

 



Vinho: Cabo da Roca Reserva Especial

Safra: 2016

Casta: Baga

Região: Bairrada

País: Portugal

Produtor: Casca Wines

Adquirido: Site Sonoma Market

Valor: R$ 97,90

Teor Alcoólico: 14%

Estágio: 12 meses em barricas de carvalho francês

 

Análise:

Visual: revela um rubi intenso, com reflexos granada, atijolados principalmente em seu entorno, denotando os seus oito anos de idade, com lágrimas grossas, lentas e em profusão.

Nariz: traz aromas complexos, com frutas vermelhas maduras, destaque para cereja, framboesa, notas evidentes de carvalho, porém muito bem integrados, que aporta baunilha, couro, tabaco. Especiarias são sentidas, algo como chá também.

Boca: é estruturado, intenso, característica típica desta cepa, mas macio, elegante. O tempo fez bem ao vinho, o tornou equilibrado. Ele é seco, frutado, amadeirado, trazendo notas de chocolate meio amargo, balas toffee, caramelo, carvalho, café tostado. Os taninos são marcantes, presentes, a acidez é pungente, o final é longo, cheio, persistente.

 

Produtor:

https://cascawines.com/


quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Messias brut tinto

 



Vinho: Messias brut tinto (Método Clássico)

Safra: Não safrado

Casta: Baga e Touriga Nacional

Região: Bairrada

País: Portugal

Produtor: Cave Messias

Adquirido: Site Grande Adega

Valor: R$ 79,00

Teor Alcoólico: 12,5%

Estágio: Vinificação clássica do vinho base com controle de temperatura. Segunda fermentação em garrafa de acordo com o método tradicional.

 

Análise:

Visual: traz uma cor rubi intensa, fechada, com perlages finas e de consistência.

Nariz: entrega aromas complexos de frutas vermelhas, secas e compotadas, com notas de especiarias, de ervas finas, e florais.

Boca: é fresco, leve, saboroso, mas é volumoso, lhe conferindo estrutura e complexidade, também em virtude da sua untuosidade e cremosidade, onde as notas de fermentação estão em evidência. A fruta também ganha destaque, a acidez é viva e salivante e o final longo, persistente.

 

Produtor:

quarta-feira, 26 de junho de 2024

Casa de Sarmento Baga 2018

 



Vinho: Casa de Sarmento

Safra: 2018

Casta: Baga

Região: Bairrada

País: Portugal

Produtor: Casa de Sarmento

Teor Alcoólico: 14%

Adquirido: Vinoteca Portuguesa

Valor: R$ 81,90

Estágio: 6 meses em barricas de carvalho.

 

Análise:

Visual: goza de um rubi intenso, vívido ainda, de halos granada, mas com algum brilho que denota ainda vivacidade, apesar dos seis anos de garrafa, com viscosidade e lágrimas finas e lentas em profusão.

Nariz: aroma já denuncia estrutura, revelando notas intensas de frutas negras maduras, com madeira presente, porém integrada, com notas de especiarias, de tabaco, de terra molhada, de pimenta preta, algo de baunilha e leve tosta.

Boca: se mostrou, inicialmente, com taninos presentes e com evidente adstringência, mas ao longo da degustação, equilibrou-se entregando apenas taninos presentes e marcados, porém palatáveis. Replica-se as notas frutadas, o carvalho mais equilibrado e contido. Um vinho cheio, volumoso, de personalidade, com acidez ainda vívida. Final longo e persistente.

 

Produtor:

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Villa Rosa Colheita Selecionada Rosé Baga 2021

 



Vinho: Villa Rosa Colheita Selecionada Rosé

Casta: Baga

Safra: 2021

Região: Bairrada

País: Portugal

Produtor: Adega de Cantanhede

Teor Alcoólico: 12%

 

Análise:

Visual: apresenta um rosado cristalino, brilhante, em tonalidade salmão, com algumas finas e rápidas lágrimas.

Nariz: notas intensas de frutas vermelhas frescas, com destaque para morango, cereja e groselha, com um agradável toque floral, que lhe confere um sedutor frescor.

Boca: é fresco, leve, mas que entrega alguma personalidade por ter algum volume de boca, sendo frutado, elegante e harmonioso, com um final de média persistência.

 

Produtor:


terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Colinas de Ançã Brut Rosé Baga

 



Vinho: Colinas de Ançã Brut Rosé

Casta: Baga

Safra: Não safrado

Região: Beira Atlântico, Bairrada

País: Portugal

Produtor: Adega de Cantanhede

Teor Alcoólico: 12,5%

 

Análise:

Visual: tem um rosado de cor salmão, vivo, brilhante, com perlages (bolhas) finos e de média persistência.

Nariz: harmonioso e equilibrado, traz nuances de frutas vermelhas como morango e framboesa, além de mirtilo e cassis, entregando ainda um sedutor floral.

Boca: tem corpo médio, prolongado, bom volume de boca, mas fresco, alguma untuosidade, com uma acidez viva e salivante com final persistente.

 

Produtor:

https://www.cantanhede.com/

 

 

 


segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Casa de Sarmento Reserva 2018

 



Vinho: Casa de Sarmento Reserva

Safra: 2018

Casta: Baga, Jaen, Touriga Nacional e Merlot

Região: Bairrada

País: Portugal

Produtor: Casa de Sarmento

Teor Alcoólico: 14%

Estágio: 12 meses em barricas de carvalho

 

Análise:

Visual: rubi intenso, fechado, com entornos granada e lágrimas finas, lentas e em abundância.

Nariz: aromas ricos a frutas preta madura, com toques rústicos de couro, tabaco e terra molhada, além de um amadeirado discreto que entrega um defumado, caramelo e baunilha.

Boca: de média estrutura, com um álcool em razoável evidência, que traz bom volume de boca, notas frutadas, de fruta madura, com taninos presentes, mas generosos, acidez correta e final persistente.


sábado, 15 de julho de 2023

Colinas de Ançã Reserva Baga 2015

 

Parece que foi ontem que eu conhecia, pela primeira vez, a região da Bairrada, em um programa, dos raros, na televisão chamado “Um brinde ao vinho” que era apresentado pela Cecília Aldaz, no Canal Globosat.

Isso foi em 2018, creio e quando descobri assistindo ao programa me perguntei imediatamente: como não conhecia a Barrada antes? Pois é sempre vem à tona aquela marca de que não conhecemos quase nada no vasto universo do vinho, ainda tem muito a explorar.

E essa pergunta ecoou em minha mente, quando, não satisfeito apenas com o conteúdo apresentado no programa de televisão, comecei a pesquisar na “grande rede” um pouco mais sobre a história da região e que com isso foi aguçando o meu interesse pela região.

Pensei, na realidade fui taxativo: Precisava garimpar rótulos da Bairrada, da tão falada Baga, casta tinta emblemática da região. E o fiz. Os que eu achei de início estava um tanto quanto inacessível, distante de mim sob o aspecto financeiro. Os valores estavam demasiados altos.

Mas não esmoreci. Precisava continuar tentando, quem sabe eu conseguiria um vinho de atrativo custo X benefício. E quando estava em um supermercado na minha cidade, fazendo as compras convencionais, decidi, sem maiores pretensões, passar na adega do mercado.

Já conhecia basicamente os vinhos de lá, pela assídua frequência, então esperava não encontrar nada de novo. Enganei-me redondamente!  Avistei um rótulo, um tanto quanto interessante, esteticamente falando e o valor estava atraente e quando olhei com mais atenção vi o nome “Bairrada” estampado!

Era o vinho que eu precisava para inaugurar as degustações de rótulos dessa região. O produtor era o Adega de Cantanhede. Não conhecia também à época e como o valor estava muito bom, decidi leva-lo e logo degusta-lo. O nome do vinho era Marquês de Marialva Colheita Selecionada tinto da safra 2015. Não era um varietal da Baga, mas trazia a sua predominância no blend igualmente típico da região. Adorei o vinho!

E no mesmo local, no mesmo supermercado, passei a encontrar outros rótulos desse produtor que passei a gostar, não somente pelos belos rótulos, mas também pelos valores justos e possíveis, acessível ao meu humilde orçamento. E foi expandindo, descobrindo seu vasto portfólio em outros supermercados, sites etc.

Até que cheguei ao Moinho de Sula Reserva da safra 2014, um 100% Baga! Finalmente em sua versão varietal! E a experiência foi magnífica e a constatação da tão famosa longevidade da variedade se constatou com 8 anos de garrafa quando o degustei. Depois foi o Conde de Cantanhede Reserva 2015 que foi degustado também com 8 anos de vida. Plenitude e personalidade resumem a sua condição.

É claro que o carinho pela Baga se edificava a cada experiência, a cada rótulo. Então continuei a buscar novos vinhos com a casta. E me surgiu o vinho que degustei e gostei de hoje. E que belíssima experiência! Mais uma! Falo do Colinas de Ançã Reserva, um 100% Baga, da safra 2015. Para ilustrar a minha relação afetuosa com a Bairrada, vamos de história.

Bairrada

Localizada na região central de Portugal e se estendendo até o Oceano Atlântico, especificamente entre as cidades de Coimbra e Águeda, a região vinícola da Bairrada – cujo nome é uma referência ao solo argiloso que a compõe – tem clima temperado bastante favorável às vinhas.

A Bairrada é uma daquelas regiões portuguesas com grande personalidade. Apesar de sua longa história vínica, a certificação da região é recente. A Denominação de Origem Controlada (DOC Bairrada) para vinhos tintos e brancos é de 1979 e para espumantes de 1991. A Região Demarcada da Bairrada possui também uma Indicação Geográfica: IG Beira Atlântico.



Bairrada

António Augusto de Aguiar estudou os sistemas de produção de vinhos e definiu as fronteiras da região. Em 1867, vinte anos mais tarde, fundou a Escola Prática de Viticultura da Bairrada. Destinada a promover os vinhos da região e melhorar as técnicas de cultivo e produção de vinho.

O primeiro resultado prático da escola foi a criação de vinho espumante em 1890. E foi com os espumantes que a região conquistou o mundo. Frutados, com um toque mineral e boa estrutura esses vinhos tornaram-se referencias e, até hoje, fazem da Bairrada uma das maiores regiões produtoras de espumantes de Portugal. Com o passar do tempo, as criações tintas ganharam espaço.

Muito por conta do que os produtores têm feito com a Baga, casta autóctone da região. O grande responsável pelo fortalecimento internacional da região é o engenheiro Luís Pato. Conhecido como o "Mr. Baga", Pato tem um trabalho minucioso sobre as uvas, tudo para conseguir um vinho autêntico com o mínimo de interferência externa. A uva Baga, uma das principais uvas nativas de Portugal, é capaz de oferecer enorme complexidade aos rótulos que compõe.

Demonstrando muita classe e estrutura, a variedade da casta de tintos é única no seu valor e possui um fantástico potencial de envelhecimento, que atua com o vinho na garrafa durante anos após sua fabricação. Além de refinados e inimitáveis, os vinhos produzidos com esta variedade de uva apresentam muita personalidade e distinção.

No passado, a Baga era conhecida por ser empregada na produção de vinhos rústicos, excessivamente ácidos e tânicos e de pouca concentração. Porém, após a chegada do genial Luís Pato, conhecido como o “revolucionário da Bairrada” e maior expoente desta variedade, a casta da uva Baga foi “domesticada”.

Decreto-Lei n.º 70/91 estabeleceu as castas autorizadas e recomendadas para produção de vinhos na DOC Bairrada. A lei descreve as diretrizes para elaboração dos vinhos tintos, rosés, brancos e espumantes. Para a produção de tintos e rosés com o selo DOC Bairrada, as castas recomendadas são Baga (ou Tinta Poeirinha), Castelão, Moreto e Tinta-Pinheira. No conjunto ou separadamente, deverão representar 80% do vinhedo, não podendo a casta Baga representar menos de 50%. As castas autorizadas são Água-Santa, Alfrocheiro, Bastardo, Jaen, Preto-Mortágua e Trincadeira.

Para os vinhos brancos as castas recomendadas são Maria-Gomes (também conhecida como Fernão Pires), Arinto, Bical, Cercial e Rabo-de-Ovelha, no conjunto ou separadamente com um mínimo de 80% do encepamento: e as autorizadas são Cercialinho e Chardonnay.

O vinho base para espumantes naturais devem ser elaborados através das castas recomendadas Arinto, Baga, Bical, Cercial, Maria-Gomes e Rabo-de-Ovelha; ou das autorizadas Água-Santa, Alfrocheiro-Preto, Bastardo, Castelão, Cercialinho, Chardonnay, Jean, Moreto, Preto-Mortágua, Tinta-Pinheira e Trincadeira.

Em 2012 foi publicada a Portaria n.º 380/2012, que atualiza a lista de castas permitidas para elaboração dos vinhos DOC Bairrada.  Foi incluída recentemente uma autorização para o cultivo das castas internacionais Cabernet Sauvignon, Syrah, Merlot, Petit Verdot e Pinot Noir e das portuguesas Touriga Nacional, Castelão, Rufete, Camarate, Tinta Barroca, Tinto Cão e Touriga Franca. Vinhos elaborados com castas que não estejam relacionadas no Decreto-Lei, não podem receber o selo de DOC Bairrada e são rotulados com o selo Vinho Regional Beira Atlântico.

A localização da DOC Bairrada e suas características de clima e solo fazem dela uma região única. Paralelamente, o plantio das vinhas é feito em lotes descontínuos de pequenas proporções e faz divisa com outras culturas e outros usos de solo. Com isso, seus vinhos são de terroir, ou seja, o local onde a uva é plantada influencia diretamente em suas particularidades. Delimitada a Sul, pelo rio Mondego, a Norte pelo rio Vouga, a Leste pelo oceano Atlântico e a Oeste pelas serras do Buçaco e Caramulo, a região é composta por planalto de baixa altitude.

O solo é predominantemente argilo-calcário, mas há algumas poucas regiões com solos arenosos e de aluvião. O clima é mediterrânico moderado pelo Atlântico. A região recebe forte influência marítima do oceano Atlântico. Os invernos são frescos, longos e chuvosos e os verões são quentes, suavizados pela presença de ventos frequentes nas regiões junto ao mar. A área se beneficia de grande amplitude térmica na época do amadurecimento das uvas. A variação que pode chegar aos 20ºC de diferença entre o dia e à noite.

Baga

A uva Baga, uma das principais uvas nativas de Portugal, é capaz de oferecer enorme complexidade aos rótulos que compõe. Demonstrando muita classe e estrutura, a variedade da casta de tintos é única no seu valor e possui um fantástico potencial de envelhecimento, que atua com o vinho na garrafa durante anos após sua fabricação.

A uva Baga é uma variedade amplamente utilizada na costa central de Portugal, na elaboração de ótimos vinhos tintos. Particularmente na região da Bairrada, a Baga é, sem dúvida, uma das uvas tintas mais cultivadas, além de ser plantada também no Dão e em Ribatejo. Há quem diga que a casta nasceu nas terras do Dão, inclusive alguns produtores locais mais tradicionais defendem essa tese, mas foi nas terras da Bairrada que ganhou reputação, onde ocupa mais de 90% dos vinhedos.

A Baga é conhecida tradicionalmente pela espessura de sua pele, em proporção com o tamanho das pequenas bagas que o cacho apresenta. Além disso, essa variedade é extremamente tânica, podendo ser notado o caráter adstringente em alguns vinhos.

Baga

A Baga é uma uva pequena, com casca grossa, capaz de oferecer classe e estrutura aos rótulos que compõem que vão desde os tintos até os rosés e espumantes. É exatamente o fato de o fruto ser pequeno que faz com que os vinhos da uva Baga tenham taninos em alta concentração e acidez acentuada.

No passado, a Baga era conhecida por ser empregada na produção de vinhos rústicos, excessivamente ácidos e tânicos e de pouca concentração. Porém, após a chegada do genial Luís Pato, conhecido como o “revolucionário da Bairrada” e maior expoente desta variedade, a casta da uva Baga foi “domesticada”.

Luís Pato

O cultivo da Baga é árduo e trabalhoso, demorando para que o amadurecimento ocorra. A fruta desenvolve-se melhor quando plantada em solos argilosos e necessita de uma excelente exposição ao sol durante o processo de cultivo.

Entretanto, após os devidos cuidados e maturação, a Baga produz preciosos rótulos, podendo envelhecer na garrafa durante anos, garantindo complexidade e elegância para seus exemplares, além de tornar os vinhos concentrados, aromáticos e possuidores de uma coloração escura.

Conhecida também como Tinta da Bairrada, Tinta Poeirinha ou Tinta Fina, a uva Baga atualmente é considerada uma das maiores uvas portuguesas, com enorme complexidade, estrutura e classe, sendo muito apreciada no mundo do vinho. A casta Baga dá origem a vinhos portugueses com muita personalidade, altamente interessantes e únicos.

E agora finalmente o vinho!

Na taça goza de um intenso rubi, fechado, escuro, com halos granada, denotando os seus oito anos de vida, com lágrimas finas, lentas e em profusão.

No nariz predominante em frutas negras maduras, com destaque para amoras, ameixas pretas, quase em compota, em geleia, se revelando extremamente aromático e complexo, pois traz a madeira marcante, graças aos nove meses em barricas de carvalho, com toques de especiarias, algo de tabaco, couro, defumado, terra, tosta, caramelo e leve baunilha.

Na boca tem médio corpo, tem complexidade, bom volume de boca, mas o tempo encarregou de entregar também um vinho de textura sedosa, redondo e macio, mostrando-se equilibrado. As notas frutadas e amadeiradas ganham protagonismo no paladar, como no aspecto olfativo, bem como as notas amadeiradas. Tem taninos presentes, porém amáveis e domados e uma incrível acidez que corrobora os seus oito anos de garrafa, com bela persistência.

A experiência, mais uma vez, foi incrível! A Baga de fato traz personalidade! Essa é a palavra! E o vinho está no auge, no ápice com os seus sete anos de vida. A plenitude de uma casta retratada com as suas mais fiéis características e mesmo com a sua domesticação, se mostrou rústica, corpo médio, estrutura marcante, mas macio, elegante como bom vinho de oito anos de vida. Que a Baga se revele para todos dignos dela! Que a Baga se revele para mim sempre que eu merecer! O seu apelo regional merece o mundo! Tem 13,5% de teor alcoólico.

Curiosidades sobre o nome do rótulo: “Colinas de Ançã

Ançã é uma Vila Histórica da Bairrada, região Demarcada de Viticultura no centro de Portugal, perto do Oceano Atlântico. A sua história tem uma forte relação a alguns dos mais antigos e icónicos monumentos em Portugal, uma vez que a maioria foi construída com um tipo especial de calcário proveniente das terras de Ançã. Este calcário faz parte do solo que, misturado com barros, é um dos elementos mais distintivos do terroir da Bairrada, terra de vinhos de vincado caráter.

Sobre a Adega de Cantanhede:

Fundada em 1954 por um conjunto de 100 viticultores, a Adega de Cantanhede conta hoje com 500 viticultores associados ativos e uma produção anual de 6 a 7 milhões de quilos de uva, constituindo-se como o principal produtor da Região Demarcada da Bairrada, representando cerca de 40% da produção global da região. Hoje certifica cerca de 80% da sua produção, sendo líder destacado nas vendas de vinhos DOC Bairrada DOC e Beira Atlântico IGP.

Reconhecendo a enorme competitividade existente no mercado nacional e internacional, a evolução qualitativa dos seus vinhos é o resultado da mais moderna tecnologia, com foco na qualidade e segurança alimentar (Adega Certificada pela norma ISO 9001:2015, e mais recentemente pela IFS Food 6.1.), mas também da promoção das castas Portuguesas, que sempre guiou a sua estratégia, particularmente das variedades tradicionais da Bairrada – Baga, Bical e Maria Gomes – mas também de outras castas

Portuguesas que encontram na Bairrada um Terroir de eleição, como sejam a Touriga Nacional, Aragonez e Arinto, pois acredita que no inequívoco potencial de diferenciação e singularidade que este património confere aos seus vinhos.

O seu portfólio inclui uma ampla gama de produtos. Em tinto, branco e rose os seus vinhos vão desde os vinhos de mesa até vinhos Premium a que acresce uma vasta gama de espumantes produzidos exclusivamente pelo Método Clássico, bem como Aguardentes e Vinhos Fortificados.

É um portfólio que, graças à sua diversidade e versatilidade, é capaz de atender a diferentes segmentos de mercado, com diferentes graus de exigência em qualidade, que resulta na presença dos seus produtos em mais de 20 mercados.

A sua notoriedade enquanto produtor, bem como dos seus vinhos e das suas marcas, vem sendo confirmada e sustentadamente reforçada pelos prémios que vem acumulando no seu palmarés, o que resulta em mais de 750 distinções atribuídas nos mais prestigiados concursos nacionais e internacionais, com destaque para Mundus Vini – Alemanha, Concours Mondial de Bruxelles, Selections Mondiales du Vins - Canada, Effervescents Monde – França, Berliner Wein Trophy – Alemanha e Japan Wine Challenge, sendo por diversas ocasiões o único produtor da Bairrada com vinhos premiados nesses concursos e, por isso, hoje um dos mais galardoados produtores da região. Em 2015 integrou o TOP 100 dos Melhores Produtores Mundiais, pela WAWWJ – Associação Mundial dos Jornalistas e Críticos de Vinho e Bebidas Espirituosas. Nos últimos 8 anos foi eleita “Melhor Adega Cooperativa” em Portugal por 3 vezes pela imprensa especializada.

Mais informações acesse:

https://www.cantanhede.com/

Referências:

“Divinho”: https://www.divinho.com.br/uva/baga/

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/baga

“Vinci”: https://www.vinci.com.br/c/tipo-de-uva/baga

“Soulwines”: https://www.soulwines.com.br/uvas-de-vinhos/baga

“IVV”: https://www.ivv.gov.pt/np4/503/

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/regiao/bairrada

“Reserva85”: https://reserva85.com.br/vinho/indicacao-geografica-ig-denominacao-de-origem-do/regioes-demarcadas-de-portugal/bairrada/

“Adega de Cantanhede”: https://www.cantanhede.com/pt/produtos/colinas-de-anca/

  









sexta-feira, 5 de maio de 2023

Chão do Conde Reserva Baga 2018

 

Desde que descobri a Bairrada e suas castas tintas e brancas, venho em uma escalada de degustação e me enamorando cada vez mais por suas particularidades, por seu terroir, por sua história.

Não há como negar que, apesar de ainda não ser muito famosa em nossas terras, como Alentejo, como a Região dos Vinhos Verdes, a Bairrada e o Beira Atlântico tem a sua importância em Portugal, principalmente pela excelência de seus espumantes e da casta emblemática tinta, a Baga.

Depois que Luis Pato, experiente e importante homem do vinho da região bairradina, domou a casta que era rústica ao extremo, a Baga vem atingindo algum status de importância, de reverência, principalmente, claro, por conta dos seus rótulos.

Os poucos vinhos dessa região, hoje nem tanto, que chegam ao mercado brasileiro de vinhos, a Baga reina entre as tintas, sejam em blends, que predomina, ou na versão monovarietal.

E para alguns especialistas do vinho um rótulo de Baga, dada as devidas características ou propostas para se equiparar, em termos de longevidade, a um Barolo! Sim! A um Barolo, desses que são tidos como de “entrada”, que tem potencial de guarda de cerca de 20 anos, aproximadamente.

O fato é que realmente rótulos que ostentam a casta Baga definitivamente têm guarda, tem longevidade e não duvidaria que pudesse se equiparar a um Barolo. De fato é incrível que vinhos como esse possam durar tantos anos!

Quando comecei a degustar vinhos da Bairrada e do Beira Atlântico a Baga veio até a mim em cortes, em blends, mas quando tive a oportunidade que ela me viesse por inteiro veio o rótulo do Beira Atlântico, não da Bairrada. Mas nem por isso a minha alegria e privilégio foram baixos, pelo contrário, estava radiante pelo momento.

E quando degustei o Moinho de Sula Reserva Baga 2014 em 2022, ou seja, com oito anos de garrafa, confesso que senti algum receio em como iria encontrar o vinho. Será que estaria morto? Não! O vinho estava vivo, pleno e sem nenhum destaque de aromas terciários, de evolução mais evidente! Certamente teria muitos anos ainda pela frente.

E graças a Adega de Cantanhede eu pude ter acesso aos vinhos da Bairrada e do Beira Atlântico, pois são vinhos de excelente custo X benefício, haja vista que os que aqui chegam, que nos ofertam, ainda estão, confesso, pouco acessíveis pelo alto valor praticado.

E com isso claro continuei desbravando os rótulos monovarietais de Baga e, mais uma vez, a Adega de Cantanhede me proporcionou esse momento, agora com o Conde de Cantanhede Reserva 2015, agora um DOC Bairrada, degustado também com oito anos de garrafa! As impressões foram às mesmas que o Moinho de Sula Reserva! Que vinho estupendo e cheio de personalidade. A Baga realmente me fisgou por inteiro, não deixou rastros de dúvidas em minha predileção.

Decidi continuar a minha caminhada e em um belo dia quando fazia as minhas já costumeiras incursões em mercados, avistei ao longe, meio discreto, sem nenhum destaque um vinho, que tinha um belo rótulo.

Averiguei, já com ele em minhas mãos, cada detalhe, para saber um pouco mais sobre ele, e as informações salpicaram em minhas mãos. Era um Baga 100%! Só por isso já estava animado, era da Adega de Cantanhede, não o conhecia. Era do Beira Atlântico. E estava em um valor extremamente atraente, cerca de R$ 55!

Não hesitei muito e pelo que tinha de informações em mãos, me bastava para tê-lo em minha adega, o comprei. E não demorou tanto para degusta-lo, ficou cerca de um ano nela e hoje, com cinco anos de garrafa, é chegado o momento de viver novas emoções com a Baga.

O vinho está maravilhoso, mais uma vez a Baga revela ser uma das mais representativas castas tintas de Portugal e, sem mais delongas, irei apresenta-lo. O vinho que degustei veio da região portuguesa do Beira Atlântico e se chama Chão do Conde Reserva, um 100% Baga, da safra 2018. Antes de tecer comentários detalhados do vinho, vamos de história, vamos de Beira Atlântico e vamos de Baga.

Beira Atlântico

A produção de vinho na região remonta ao tempo dos romanos, fazendo disso prova os diversos lagares talhados nas rochas graníticas (lagares antropomórficos), onde na época o vinho era produzido. Já nos reinados de D. João I e de D. João III, respectivamente, foram tomadas medidas de proteção para os vinhos desta área do país, dadas a sua qualidade e importância social e econômica.

A tradição destes vinhos remonta ao reinado de D. Afonso Henriques, que autorizou a plantação das vinhas na região, com a condição de ser dada uma quarta parte do vinho produzido.

Estendendo-se desde o Minho ate a Alta Estremadura, e uma região de agricultura predominantemente intensiva e multicultural, de pequena propriedade, aonde a vinha ocupa um lugar de destaque e a qualidade dos seus vinhos justifica o reconhecimento da DOC "Bairrada".

IG Beira Atlântico

Os solos são de diferentes épocas geológicas, predominando os terrenos pobres que variam de arenosos a argilosos, encontrando-se também, com frequência, franco-arenosos. A vinha e cultivada predominantemente em solos de natureza argilosa e argilo-calcaria. Os Invernos são longos e frescos e os Verões quentes, amenizados por ventos de Oeste e de Noroeste, que com maior frequenta e intensidade se faz sentir nas regiões mais próximas do mar.

A região da Bairrada situa-se entre Agueda e Coimbra, delimitada a Norte pelo rio Vouga, a Sul pelo rio Mondego, a Leste pelas serras do Caramulo e Bucaco e a Oeste pelo oceano Atlântico. E uma região de orografia maioritariamente plana, com vinhas que raramente ultrapassam os 120 metros de altitude, que, devido a sua planura e a proximidade do oceano, goza de um clima temperado por uma fortíssima influencia atlântica, com chuvas abundantes e temperaturas médias comedidas.

Os solos dividem-se preponderantemente entre os terrenos argilo-calcários e as longas faixas arenosas, consagrando estilos bem diversos consoantes à predominância de cada elemento.

Integrada numa faixa litoral submetida a uma fortíssima densidade populacional, a propriedade rural encontra-se dividida em milhares de pequenas parcelas, com dimensões medias de exploração que raramente ultrapassam um hectare de vinha, favorecendo a presença de grandes adegas cooperativas e de grandes empresas vinificadoras, a par de um conjunto de produtores engarrafadores que muito dignificam a região.

As fronteiras oficiais da Bairrada foram estabelecidas em 1867, por Antônio Augusto de Aguiar, tendo sido das primeiras regiões nacionais a adoptar e a explorar os vinhos espumantes, uma vez que na região, o clima fresco, úmido e de forte ascendência marítima favorece a sua elaboração, oferecendo uvas de baixa graduação alcoólica e acidez elevada, condição indispensável para a elaboração dos vinhos espumantes.

Integrada numa faixa litoral submetida a uma fortíssima densidade populacional, a propriedade rural encontra-se dividida em milhares de pequenas parcelas, com dimensões medias de exploração que raramente ultrapassam um hectare de vinha, favorecendo a presença de grandes adegas cooperativas e de grandes empresas vinificadoras, a par de um conjunto de produtores engarrafadores que muito dignificam a região.

As fronteiras oficiais da Bairrada foram estabelecidas em 1867, por Antônio Augusto de Aguiar, tendo sido das primeiras regiões nacionais a adoptar e a explorar os vinhos espumantes, uma vez que na região, o clima fresco, úmido e de forte ascendência marítima favorece a sua elaboração, oferecendo uvas de baixa graduação alcoólica e acidez elevada, condição indispensável para a elaboração dos vinhos espumantes.

Baga

A uva Baga, uma das principais uvas nativas de Portugal, é capaz de oferecer enorme complexidade aos rótulos que compõe. Demonstrando muita classe e estrutura, a variedade da casta de tintos é única no seu valor e possui um fantástico potencial de envelhecimento, que atua com o vinho na garrafa durante anos após sua fabricação.

A uva Baga é uma variedade amplamente utilizada na costa central de Portugal, na elaboração de ótimos vinhos tintos. Particularmente na região da Bairrada, a Baga é, sem dúvida, uma das uvas tintas mais cultivadas, além de ser plantada também no Dão e em Ribatejo.

Há quem diga que a casta nasceu nas terras do Dão, inclusive alguns produtores locais mais tradicionais defendem essa tese, mas foi nas terras da Bairrada que ganhou reputação, onde ocupa mais de 90% dos vinhedos.

A Baga é conhecida tradicionalmente pela espessura de sua pele, em proporção com o tamanho das pequenas bagas que o cacho apresenta. Além disso, essa variedade é extremamente tânica, podendo ser notado o caráter adstringente em alguns vinhos.

Baga

A Baga é uma uva pequena, com casca grossa, capaz de oferecer classe e estrutura aos rótulos que compõem que vão desde os tintos até os rosés e espumantes. É exatamente o fato de o fruto ser pequeno que faz com que os vinhos da uva Baga tenham taninos em alta concentração e acidez acentuada.

No passado, a Baga era conhecida por ser empregada na produção de vinhos rústicos, excessivamente ácidos e tânicos e de pouca concentração. Porém, após a chegada do genial Luís Pato, conhecido como o “revolucionário da Bairrada” e maior expoente desta variedade, a casta da uva Baga foi “domesticada”.

Luis Pato

O cultivo da Baga é árduo e trabalhoso, demorando em que o amadurecimento ocorra. A fruta desenvolve-se melhor quando plantada em solos argilosos e necessita de uma excelente exposição ao sol durante o processo de cultivo.

Entretanto, após os devidos cuidados e maturação, a Baga produz preciosos rótulos, podendo envelhecer na garrafa durante anos, garantindo complexidade e elegância para seus exemplares, além de tornar os vinhos concentrados, aromáticos e possuidores de uma coloração escura.

Conhecida também como Tinta da Bairrada, Tinta Poeirinha ou Tinta Fina, a uva Baga atualmente é considerada uma das maiores uvas portuguesas, com enorme complexidade, estrutura e classe, sendo muito apreciada no mundo do vinho. A casta Baga dá origem a vinhos portugueses com muita personalidade, altamente interessantes e únicos.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um rubi intenso, porém não escuro, com halos granada, límpido, até cristalino, com lágrimas finas, lentas e em abundância.

No nariz predominam os aromas de frutas vermelhas maduras, com destaque para morangos, cerejas, ameixas e framboesas, com notas amadeiradas em total consonância com a fruta, muito bem integrada, com nuances de tosta, de baunilha. Tem algo de couro, terra molhada e tabaco.

Na boca é macio, elegante, equilibrado, fresco, mas tem marcante personalidade, com notório volume de boca, com álcool em evidência, mas sem agredir. As notas frutadas também ganham protagonismo, como no aspecto olfativo, com toques amadeirados, graças aos 6 meses em barricas de carvalho, com taninos domados e salivante acidez. Tem final persistente e amadeirado.

Claro que o nome me trouxe curiosidades! Por que “Chão do Conde”! O produtor, como sempre muito gentil e atencioso, me informou que “Chão do Conde” é o nome de uma área de terrenos onde existe muita vinha dos seus associados. O nome vem de tempos remotos, quando boa parte das terras do Concelho de Cantanhede estava na posse da família Meneses, que detinha o título nobiliárquico de Conde de Cantanhede, daí aquelas terras ficarem conhecidas como “Chão do Conde”. A história é linda, carrega cultura e delineia as características marcantes desse belo Baga, deste belo vinho! Cultura harmoniza com vinho, vinho harmoniza com cultura e prazer! Que venham outras histórias, que venham outros Bagas, que venham outras grandes experiências. Tem 13,5% de teor alcoólico.

Sobre a Adega de Cantanhede:                   

Fundada em 1954 por um conjunto de 100 viticultores, a Adega de Cantanhede conta hoje com 500 viticultores associados ativos e uma produção anual de 6 a 7 milhões de quilos de uva, constituindo-se como o principal produtor da Região Demarcada da Bairrada, representando cerca de 40% da produção global da região. Hoje certifica cerca de 80% da sua produção, sendo líder destacado nas vendas de vinhos DOC Bairrada DOC e Beira Atlântico IGP.

Reconhecendo a enorme competitividade existente no mercado nacional e internacional, a evolução qualitativa dos seus vinhos é o resultado da mais moderna tecnologia, com foco na qualidade e segurança alimentar (Adega Certificada pela norma ISO 9001:2015, e mais recentemente pela IFS Food 6.1.), mas também da promoção das castas Portuguesas, que sempre guiou a sua estratégia, particularmente das variedades tradicionais da Bairrada – Baga, Bical e Maria Gomes – mas também de outras castas portuguesas que encontram na Bairrada um Terroir de eleição, como sejam a Touriga Nacional, Aragonez e Arinto, pois acredita que no inequívoco potencial de diferenciação e singularidade que este património confere aos seus vinhos.

O seu portfólio inclui uma ampla gama de produtos. Em tinto, branco e rose os seus vinhos vão desde os vinhos de mesa até vinhos Premium a que acresce uma vasta gama de espumantes produzidos exclusivamente pelo Método Clássico, bem como Aguardentes e Vinhos Fortificados. É um portfólio que, graças à sua diversidade e versatilidade, é capaz de atender a diferentes segmentos de mercado, com diferentes graus de exigência em qualidade, que resulta na presença dos seus produtos em mais de 20 mercados.

A sua notoriedade enquanto produtor, bem como dos seus vinhos e das suas marcas, vem sendo confirmada e sustentadamente reforçada pelos prémios que vem acumulando no seu palmarés, o que resulta em mais de 750 distinções atribuídas nos mais prestigiados concursos nacionais e internacionais, com destaque para Mundus Vini – Alemanha, Concours Mondial de Bruxelles, Selections Mondiales du Vins - Canada, Effervescents du Monde – França, Berliner Wein Trophy – Alemanha e Japan Wine Challenge, sendo por diversas ocasiões o único produtor da Bairrada com vinhos premiados nesses concursos e, por isso, hoje um dos mais galardoados produtores da região.

Em 2015 integrou o TOP 100 dos Melhores Produtores Mundiais, pela WAWWJ – Associação Mundial dos Jornalistas e Críticos de Vinho e Bebidas Espirituosas. Nos últimos 8 anos foi eleita “Melhor Adega Cooperativa” em Portugal por 3 vezes pela imprensa especializada.

Mais informações acesse:

https://www.cantanhede.com/

Referências:

“Divinho”: https://www.divinho.com.br/uva/baga/

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/baga

“Vinci”: https://www.vinci.com.br/c/tipo-de-uva/baga

“Soulwines”: https://www.soulwines.com.br/uvas-de-vinhos/baga

“IVV”: https://www.ivv.gov.pt/np4/503/

 








segunda-feira, 20 de março de 2023

Conde de Cantanhede Reserva Baga 2015

 

Lembro-me que, quando degustei a casta símbolo da Bairrada, região emblemática portuguesa, Baga, em uma “versão” varietal, na sua forma predominante e plena, eu disse, ou melhor, textualizei; E eis que ela me surge por inteiro!

Quando se desbrava a Bairrada, não se pode negligenciar a Baga, até porque ela, por uma questão da sua Denominação de Origem (DOC), ela predomina sempre, mesmo que em blends. Mas eu precisava de um momento só com ela, aquele momento de introspecção, só nós dois.

E a minha experiência foi arrebatadora! E por ter sido arrebatadora, como disse, me veio a intenção, aquela doce e salutar loucura de desbravar a casta na sua versão varietal.

E diante disso, claro, vem a necessidade de buscar novos rótulos. Depois da minha primeira experiência com um 100% Baga com o Moinho de Sula Reserva da safra 2014, outros vinhos precisavam ser por mim descobertos.

E já que mencionei o Moinho de Sula da valorosa Adega de Cantanhede não podemos deixar de falar desse produtor, de suma importância que tem de forma exemplar, disseminando a cultura da Bairrada com seus vinhos e castas e o principal, sim, temos de levar em consideração o excepcional custo X benefício, o que, com todo o respeito, a família Pato, do grande Luis Pato e sua filha, Filipa, não proporciona.

Sei que, com esse comentário, posso gerar alguns borburinhos, a tal famigerada polêmica, mas convenhamos que o valor é alto, a “grife de rótulos” é grande no Brasil, mas, por outro lado, não podemos negar a importância e qualidade de seus vinhos e a história que tal família tem para com a Bairrada, com o Luis Pato desbravando a Baga, domando-a.

Foi a Adega de Cantanhede que abriu os meus olhos para a Baga, a Bairrada! Vale uma história aqui de como tive o meu primeiro contato com a Cantanhede! A Cantanhede me foi revelada, de uma forma quase despretensiosa, por um de seus rótulos mais falados e premiados, o Marquês de Marialva Colheita Selecionada. Eu degustei a safra 2014 no ano de 2019! Achei que estaria “avinagrado”, ruim! Enganei-me! Um senhor vinho! Vivo, pleno aos 5 anos! A Bairrada se revelara para mim com esse rótulo! A Baga se mostrava com a sua incrível capacidade longeva!

E dessa vez a Baga me surgirá por inteiro novamente! E dessa vez o rótulo, diferente do Moinho de Sula reserva, oriunda do Beira Atlântico, virá da Bairrada! Um reserva da Bairrada! E como está o coração nesse momento? Repleto de alegria e mesclado com uma salutar ansiedade.

A taça finalmente é inundada pela poesia líquida e finalmente o vinho que degustei e gostei veio da Bairrada e se chama Conde de Cantanhede Reserva da casta Baga (100%) da safra 2015. E como gostei! Todas as características da Baga, que conheci, há pouco tempo, estão neste rótulo e agora figurando solitariamente, mas ricamente.

Então sem mais delongas, antes de tecer maiores e melhores, sem dúvida, comentários do vinho, contemos um pouco a história da Baga e da região onde domina: a velha e tradicional Bairrada, no coração de Portugal que, por curiosidade, é tida também como a terra dos espumantes na terrinha!

Baga

A uva Baga, uma das principais uvas nativas de Portugal, é capaz de oferecer enorme complexidade aos rótulos que compõe. Demonstrando muita classe e estrutura, a variedade da casta de tintos é única no seu valor e possui um fantástico potencial de envelhecimento, que atua com o vinho na garrafa durante anos após sua fabricação.

A uva Baga é uma variedade amplamente utilizada na costa central de Portugal, na elaboração de ótimos vinhos tintos. Particularmente na região da Bairrada, a Baga é, sem dúvida, uma das uvas tintas mais cultivadas, além de ser plantada também no Dão e em Ribatejo. Há quem diga que a casta nasceu nas terras do Dão, inclusive alguns produtores locais mais tradicionais defendem essa tese, mas foi nas terras da Bairrada que ganhou reputação, onde ocupa mais de 90% dos vinhedos.

A Baga é conhecida tradicionalmente pela espessura de sua pele, em proporção com o tamanho das pequenas bagas que o cacho apresenta. Além disso, essa variedade é extremamente tânica, podendo ser notado o caráter adstringente em alguns vinhos.

Baga

A Baga é uma uva pequena, com casca grossa, capaz de oferecer classe e estrutura aos rótulos que compõem que vão desde os tintos até os rosés e espumantes. É exatamente o fato de o fruto ser pequeno que faz com que os vinhos da uva Baga tenham taninos em alta concentração e acidez acentuada.

No passado, a Baga era conhecida por ser empregada na produção de vinhos rústicos, excessivamente ácidos e tânicos e de pouca concentração. Porém, após a chegada do genial Luís Pato, conhecido como o “revolucionário da Bairrada” e maior expoente desta variedade, a casta da uva Baga foi “domesticada”.

Luis Pato

O cultivo da Baga é árduo e trabalhoso, demorando para que o amadurecimento ocorra. A fruta desenvolve-se melhor quando plantada em solos argilosos e necessita de uma excelente exposição ao sol durante o processo de cultivo. Entretanto, após os devidos cuidados e maturação, a Baga produz preciosos rótulos, podendo envelhecer na garrafa durante anos, garantindo complexidade e elegância para seus exemplares, além de tornar os vinhos concentrados, aromáticos e possuidores de uma coloração escura.

Conhecida também como Tinta da Bairrada, Tinta Poeirinha ou Tinta Fina, a uva Baga atualmente é considerada uma das maiores uvas portuguesas, com enorme complexidade, estrutura e classe, sendo muito apreciada no mundo do vinho. A casta Baga dá origem a vinhos portugueses com muita personalidade, altamente interessantes e únicos.

Bairrada

Localizada na região central de Portugal e se estendendo até o Oceano Atlântico, especificamente entre as cidades de Coimbra e Águeda, a região vinícola da Bairrada – cujo nome é uma referência ao solo argiloso que a compõe – tem clima temperado bastante favorável às vinhas.

A Bairrada é uma daquelas regiões portuguesas com grande personalidade. Apesar de sua longa história vínica, a certificação da região é recente. A Denominação de Origem Controlada (DOC Bairrada) para vinhos tintos e brancos é de 1979 e para espumantes de 1991. A Região Demarcada da Bairrada possui também uma Indicação Geográfica: IG Beira Atlântico.

Bairrada

António Augusto de Aguiar estudou os sistemas de produção de vinhos e definiu as fronteiras da região. Em 1867, vinte anos mais tarde, fundou a Escola Prática de Viticultura da Bairrada. Destinada a promover os vinhos da região e melhorar as técnicas de cultivo e produção de vinho.

O primeiro resultado prático da escola foi a criação de vinho espumante em 1890. E foi com os espumantes que a região conquistou o mundo. Frutados, com um toque mineral e boa estrutura esses vinhos tornaram-se referencias e, até hoje, fazem da Bairrada uma das maiores regiões produtoras de espumantes de Portugal. Com o passar do tempo, as criações tintas ganharam espaço.

Muito por conta do que os produtores têm feito com a Baga, casta autóctone da região. O grande responsável pelo fortalecimento internacional da região é o engenheiro Luís Pato. Conhecido como o Mr. Baga, Pato tem um trabalho minucioso sobre as uvas, tudo para conseguir um vinho autêntico com o mínimo de interferência externa. A uva Baga, uma das principais uvas nativas de Portugal, é capaz de oferecer enorme complexidade aos rótulos que compõe.

Demonstrando muita classe e estrutura, a variedade da casta de tintos é única no seu valor e possui um fantástico potencial de envelhecimento, que atua com o vinho na garrafa durante anos após sua fabricação. Além de refinados e inimitáveis, os vinhos produzidos com esta variedade de uva apresentam muita personalidade e distinção. No passado, a Baga era conhecida por ser empregada na produção de vinhos rústicos, excessivamente ácidos e tânicos e de pouca concentração. Porém, após a chegada do genial Luís Pato, conhecido como o “revolucionário da Bairrada” e maior expoente desta variedade, a casta da uva Baga foi “domesticada”.

A localização da DOC Bairrada e suas características de clima e solo fazem dela uma região única. Paralelamente, o plantio das vinhas é feito em lotes descontínuos de pequenas proporções e faz divisa com outras culturas e outros usos de solo. Com isso, seus vinhos são de terroir, ou seja, o local onde a uva é plantada influencia diretamente em suas particularidades. Delimitada a Sul, pelo rio Mondego, a Norte pelo rio Vouga, a Leste pelo oceano Atlântico e a Oeste pelas serras do Buçaco e Caramulo, a região é composta por planalto de baixa altitude.

O solo é predominantemente argilo-calcário, mas há algumas poucas regiões com solos arenosos e de aluvião. O clima é mediterrânico moderado pelo Atlântico. A região recebe forte influência marítima do oceano Atlântico. Os invernos são frescos, longos e chuvosos e os verões são quentes, suavizados pela presença de ventos frequentes nas regiões junto ao mar. A área se beneficia de grande amplitude térmica na época do amadurecimento das uvas. A variação que pode chegar aos 20ºC de diferença entre o dia e a noite.

Mapa geológico da Bairrada

Decreto-Lei n.º 70/91 estabeleceu as castas autorizadas e recomendadas para produção de vinhos na DOC Bairrada. A lei descreve as diretrizes para elaboração dos vinhos tintos, rosés, brancos e espumantes. Para a produção de tintos e rosés com o selo DOC Bairrada, as castas recomendadas são Baga (ou Tinta Poeirinha), Castelão, Moreto e Tinta-Pinheira. No conjunto ou separadamente, deverão representar 80% do vinhedo, não podendo a casta Baga representar menos de 50%. As castas autorizadas são Água-Santa, Alfrocheiro, Bastardo, Jaen, Preto-Mortágua e Trincadeira.

Para os vinhos brancos as castas recomendadas são Maria-Gomes (também conhecida como Fernão Pires), Arinto, Bical, Cercial e Rabo-de-Ovelha, no conjunto ou separadamente com um mínimo de 80% do encepamento: e as autorizadas são Cercialinho e Chardonnay. O vinho base para espumantes naturais devem ser elaborados através das castas recomendadas Arinto, Baga, Bical, Cercial, Maria-Gomes e Rabo-de-Ovelha; ou das autorizadas Água-Santa, Alfrocheiro-Preto, Bastardo, Castelão, Cercialinho, Chardonnay, Jean, Moreto, Preto-Mortágua, Tinta-Pinheira e Trincadeira.

Em 2012 foi publicada a Portaria n.º 380/2012, que atualiza a lista de castas permitidas para elaboração dos vinhos DOC Bairrada.  Foi incluída recentemente uma autorização para o cultivo das castas internacionais Cabernet Sauvignon, Syrah, Merlot, Petit Verdot e Pinot Noir e das portuguesas Touriga Nacional, Castelão, Rufete, Camarate, Tinta Barroca, Tinto Cão e Touriga Franca. Vinhos elaborados com castas que não estejam relacionadas no Decreto-Lei, não podem receber o selo de DOC Bairrada e são rotulados com o selo Vinho Regional Beira Atlântico.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um rubi com alguma intensidade, mas mostram halos bem definidos de cor granada, talvez denotando os seus oito anos de garrafa. Tem lágrimas finas, lentas e em profusão que desenham as bordas do copo.

No nariz embora traga aromas discretos, predominam as notas de frutas vermelhas maduras, como ameixa, amoras, frutas em compota, diria uma geleia de frutas, com nuances da madeira, graças aos nove meses em barricas de carvalho, que entrega baunilha, leve tostado, toque herbáceo, de terra molhada, couro, tabaco, traços rústicos, e um pouco alcoólico.

Na boca tem médio corpo, complexo, de notório volume de boca, cheio, volumoso, mas macio e elegante e apresenta, como no nariz, alguma rusticidade. As notas frutadas protagonizam, como no aspecto olfativo, bem como as notas amadeiradas e o seu aporte, como as especiarias doces, que traz uma sensação de dulçor, a baunilha, o chocolate, tem álcool presente, mas bem integrado, com taninos presentes, porém domados, redondos, além de uma surpreendente acidez apesar dos oito anos de vida. Tem um final cheio, frutado e persistente.

A experiência, mais uma vez, foi incrível! A Baga de fato traz personalidade! Essa é a palavra! E o vinho está no auge, no ápice com os seus sete anos de vida. A plenitude de uma casta retratada com as suas mais fiéis características e mesmo com a sua domesticação, se mostrou rústica, corpo médio, estrutura marcante, mas macio, elegante como bom vinho de oito anos de vida. Que a Baga se revele para todos dignos dela! Que a Baga se revele para mim sempre que eu merecer! O seu apelo regional merece o mundo! Tem 13,5% de teor alcoólico.

Curiosidades sobre o nome do rótulo do vinho: Conde de Cantanhede

A D. Pedro Meneses, 5º Senhor de Cantanhede, foi atribuído o título de 1º Conde de Cantanhede, como recompensa pela sua participação na Batalha do Toro em 1476, ao lado de D. Afonso V e o futuro D. João II.

A cidade de Cantanhede recebeu o foral de D. Manuel I, Rei de Portugal, em 1514. Naquela altura o Rei deu à família Meneses o total controle da região. Foi notório o contributo dos Meneses para o desenvolvimento da região, promovendo a agricultura, incluindo a viticultura, para o que, desde sempre foi reconhecido grande potencial nestas terras.

O porquê da Adega de Cantanhede usar esse nome no rótulo?

Empenhada em prestar homenagem à digna linhagem dos Condes de Cantanhede e ao seu importante papel na região e na história de Portugal, a Adega de Cantanhede obteve a necessária autorização dos seus descendentes para lançar esta marca, que comporta um vasto portfólio com vinhos e espumantes de qualidade.

Sobre a Adega de Cantanhede:                   

Fundada em 1954 por um conjunto de 100 viticultores, a Adega de Cantanhede conta hoje com 500 viticultores associados ativos e uma produção anual de 6 a 7 milhões de quilos de uva, constituindo-se como o principal produtor da Região Demarcada da Bairrada, representando cerca de 40% da produção global da região. Hoje certifica cerca de 80% da sua produção, sendo líder destacado nas vendas de vinhos DOC Bairrada DOC e Beira Atlântico IGP.

Reconhecendo a enorme competitividade existente no mercado nacional e internacional, a evolução qualitativa dos seus vinhos é o resultado da mais moderna tecnologia, com foco na qualidade e segurança alimentar (Adega Certificada pela norma ISO 9001:2015, e mais recentemente pela IFS Food 6.1.), mas também da promoção das castas Portuguesas, que sempre guiou a sua estratégia, particularmente das variedades tradicionais da Bairrada – Baga, Bical e Maria Gomes – mas também de outras castas portuguesas que encontram na Bairrada um Terroir de eleição, como sejam a Touriga Nacional, Aragonez e Arinto, pois acredita que no inequívoco potencial de diferenciação e singularidade que este património confere aos seus vinhos.

O seu portfólio inclui uma ampla gama de produtos. Em tinto, branco e rose os seus vinhos vão desde os vinhos de mesa até vinhos Premium a que acresce uma vasta gama de espumantes produzidos exclusivamente pelo Método Clássico, bem como Aguardentes e Vinhos Fortificados. É um portfólio que, graças à sua diversidade e versatilidade, é capaz de atender a diferentes segmentos de mercado, com diferentes graus de exigência em qualidade, que resulta na presença dos seus produtos em mais de 20 mercados.

A sua notoriedade enquanto produtor, bem como dos seus vinhos e das suas marcas, vem sendo confirmada e sustentadamente reforçada pelos prémios que vem acumulando no seu palmarés, o que resulta em mais de 750 distinções atribuídas nos mais prestigiados concursos nacionais e internacionais, com destaque para Mundus Vini – Alemanha, Concours Mondial de Bruxelles, Selections Mondiales du Vins - Canada, Effervescents du Monde – França, Berliner Wein Trophy – Alemanha e Japan Wine Challenge, sendo por diversas ocasiões o único produtor da Bairrada com vinhos premiados nesses concursos e, por isso, hoje um dos mais galardoados produtores da região. Em 2015 integrou o TOP 100 dos Melhores Produtores Mundiais, pela WAWWJ – Associação Mundial dos Jornalistas e Críticos de Vinho e Bebidas Espirituosas. Nos últimos 8 anos foi eleita “Melhor Adega Cooperativa” em Portugal por 3 vezes pela imprensa especializada.

Mais informações acesse:

https://www.cantanhede.com/

Referências:

“Divinho”: https://www.divinho.com.br/uva/baga/

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/baga

“Vinci”: https://www.vinci.com.br/c/tipo-de-uva/baga

“Soulwines”: https://www.soulwines.com.br/uvas-de-vinhos/baga

“IVV”: https://www.ivv.gov.pt/np4/503/

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/regiao/bairrada

“Reserva85”: https://reserva85.com.br/vinho/indicacao-geografica-ig-denominacao-de-origem-do/regioes-demarcadas-de-portugal/bairrada/