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quarta-feira, 28 de agosto de 2024

Dinastia Manzanos Gran Reserva 2012

 



Vinho: Dinastia Manzanos Gran Reserva

Safra: 2012

Casta: Tempranillo, Garnacha e Graciano

Região: Navarra

País: Espanha

Produtor: Bodegas Manzanos

Adquirido: Evino

Valor: 64,90

Teor Alcoólico: 13,5%

Estágio: 36 meses em barricas de carvalho francês e americano, além de 3 anos em garrafa antes de sair da vinícola.

 

Análise:

Visual: revela um rubi, ainda intenso, apesar dos seus doze anos de vida, mas já com evidentes atijolados, com profusão de lágrimas finas e lentas.

Nariz: é complexo e traz aromas de frutas vermelhas e pretas maduras, quase em compota, arrisco também frutas secas. As notas amadeiradas são evidentes, mas muito bem integrado ao conjunto do vinho. E a madeira traz o aporte de chocolate, coco queimado, cacau, carvalho. As especiarias entregam algo picante, talvez pimenta preta. As notas terrosas, de terra molhada são perceptíveis, o couro, caixa de charuto e tabaco.

Boca: traz boa estrutura e complexidade, porém o tempo lhe conferiu maciez e elegância. A madeira, igualmente percebida, como no aspecto olfativo, entrega o carvalho, chocolate, baunilha. Tem bom volume de boca, mostrando personalidade, taninos ainda presentes, mas polidos pelo tempo de garrafa, acidez com alguma proeminência e um final longo, cheio e persistente.

 

Produtor:

https://bodegasmanzanos.com/


quarta-feira, 10 de julho de 2024

Mirador de la Reina Crianza 2018

 



Vinho: Mirador de la Reina Crianza

Safra: 2018

Casta: Cabernet Sauvignon, Merlot e Tempranillo

Região: Navarra

País: Espanha

Produtor: Bodegas Marco Real

Teor Alcoólico: 14,5%

Adquirido: Evino

Valor: R$ 69,90

Estágio: 12 meses em barricas de carvalho.

 

Análise:

Visual: rubi intenso, vívido, com halos granada, com viscosidade, lágrimas finas, grossas e coloridas.

Nariz: revela aromas intensos de frutas pretas maduras, em espécie de compota, quase uma geleia, com notas evidentes, mas bem integradas, da madeira, entregando ainda baunilha, tosta média.

Boca: encorpado, guloso, quase que mastigável. As notas frutadas são perceptíveis, bem como as amadeiradas, com a presença do chocolate, do caramelo, mentolado, do cacau, com taninos presentes, boa acidez e final prolongado.

 

Produtor:

https://www.bodegasmarcoreal.com/


quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Las Campañas Crianza 2018

 



Vinho: Las Campañas Crianza

Casta: Garnacha (50%), Cabernet Sauvignon (30%), Tempranillo (10%) e Merlot (10%)

Safra: 2018

Região: Navarra

País: Espanha

Produtor: Bodegas Manzanos

Teor Alcoólico: 13,5%

Adquirido: Sonoma Vinhos

Valor: R$ 77,20

Estágio: 18 meses em barricas de carvalho francês e americano.

 

Análise:

Visual: reluz um rubi intenso, escuro, com halos granada, além de lágrimas finas e lentas em profusão.

Nariz: oferece aromas notórios de frutas maduras, como ameixa, além da madeira bem destacada, que aporta baunilha, chocolate e um toque de torrefação.

Boca: tem estrutura média, com um bom volume de boca, álcool um pouco proeminente, mas que não incomoda, frutas maduras ganham destaque, tem as notas amadeiradas evidentes, taninos medianos e acidez média, com final longo.

 

Produtor:

https://bodegasmanzanos.com/en/

https://campanasvino.com/


segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Las Campañas Reserva 2013

 



Vinho: Las Campañas Reserva

Safra: 2013

Casta: Cabernet Sauvignon (40%), Merlot (40%) e Tempranillo (20%)

Região: Navarra (Sobre Navarra acesse aqui)

País: Espanha

Produtor: Las Campañas (Manzanos Wines)

Teor Alcoólico: 13,5%

Estágio: 24 meses em barricas de carvalho francês e americano e mais 24 meses em garrafa

 

Análise:

Visual: rubi intenso, mas transparece, em virtude do tempo de garrafa, as nuances bem definidas de granada, com lágrimas finas, lentas e abundantes.

Nariz: traz aromas opulentos de fruta madura, em compota, com notas evidentes de carvalho, mas bem integrados, com notas de coco queimado, defumado, baunilha, balas toffee.

Boca: traz intensas notas de frutas maduras, média estrutura, algo de chocolate meio amargo, torrefação e madeira. Tem taninos marcados, mas dóceis, com acidez ainda vibrante, com final alongado, persistente e um retrogosto frutado.

 

Produtor:

https://bodegasmanzanos.com/en/


sexta-feira, 7 de julho de 2023

Panamera Tempranillo e Merlot 2020

 

Quando se descobre uma região produtora de vinhos e por ela se enamora, passa a gostar, em uma espécie de doce obsessão buscamos informações e novos rótulos avidamente.

Depois que passei a valorizar tais quesitos, como a região, o terroir, as castas, os produtores e tudo o mais, as degustações se tornaram melhores e mais agradáveis, reforçando também a identificação por alguns vinhos e propostas.

E assim tem sido com algumas regiões da Espanha, por exemplo. Saindo um pouco das emblemáticas regiões como Rioja e Ribera del Duero, constata-se que este país é um dos grandes produtores de vinho do planeta. São infindáveis as regiões produtoras.

E uma vem ganhando o meu coração a cada experiência enosensorial: falo de Navarra. As poucas degustações foram preponderantes e decisivas para nascer uma predileção.

Não consigo esquecer rótulos como Gran Villa Gran Reserva 2011 ou ainda San Antolin Reserva 2012 e só tem fomentado o interesse por buscar novos rótulos de Navarra.

E falando nessas novas buscas eu encontrei uma que parecia improvável quando se fala de custo X benefício. Bem pelo menos que a proposta que o vinho entrega e o valor que me parecia desproporcional e isso me chamou muito a atenção.

E quando constatei que era de Navarra, me tomou de assalto, me deixando, ainda mais, curioso. Sim, pasme, o vinho custou R$ 34,90 e isso não deixa de ser um atrativo, embora não seja o único quesito. E pelo baixo preço não hesitei muito e o comprei, mas com o intuito de degustar o quanto antes, até porque estava curioso, confesso.

E tomado por uma empolgação iniciei os trabalhos fazendo uma viagem enológica por Navarra, na Espanha. E não é que o vinho surpreendeu?? Incrível o quanto um vinho de custo tão baixo possa oferecer tamanha tipicidade!

Então sem mais delongas vamos às apresentações do vinho! O vinho que degustei e gostei veio, como disse, da região espanhola de Navarra e se chama Panamera, com um inusitado corte de Tempranillo e Merlot da safra 2020. Embora seja um corte pouco “usual”, parece ser normal na região, fundir em blends, castas autóctones e francesas mais famosas, como Cabernet Sauvignon e Merlot, por exemplo.

Então antes de tecer comentários sobre o vinho, falemos um pouco da história da região espanhola de Navarra.

DO (Denominação de Origem) Navarra

A região de Navarra (DO Navarra) fica ao norte da região de Rioja, entre a parte baixa dos Pirenéus, até o rio Ebro, apresentando cerca de 11.500 hectares ocupados por vinhedos, graças ao seu solo extremamente fértil e propício para o cultivo de inúmeras castas.

A viticultura começou já no século II a. C quando os romanos criaram as primeiras adegas. Por muitos anos, o vinho foi produzido pelos monges dos inúmeros monastérios desta antiga área vitivinícola.

Na idade Média, Navarra era um reino poderoso, aliado à França, o que ajudou o desenvolvimento da viticultura. O fato que fica no Caminho de Santiago aumentou a demanda, os vinhos de Navarra sendo recomendados aos romeiros.

Navarra

As videiras foram devastadas pela praga filoxera em 1892, eliminando quase 98% das vinhas na época. No início do século XX, foram replantadas vinhas com raízes do Novo Mundo. Produtores formaram cooperativas e produziram vinho em grande quantidade, exportado a granel.

Somente nos anos 1980, vinícolas privadas começaram a fazer vinhos de qualidade. A Denominación de Origen, originalmente aprovada em 1933, foi modificada para refletir a transição de vinhos de massa para vinhos de qualidade.

A região produz cerca de 89 milhões de litros de vinho por ano, dos quais 30% são exportados. Apesar dos vinhos brancos da região fazerem bastante sucesso e agradarem aos exigentes paladares da crítica especializada, é a produção de vinhos tintos que se destaca em Navarra. Em decorrência disso, 70% da produção da área espanhola é constituída de vinhos tintos, sendo os outros 25%, destinados a produção de vinhos brancos e rosés.

Diversas variedades de uva são cultivadas na região, como as da casta Moscatel, Chardonnay, Mazuelo, Graciano, Merlot, Cabernet Sauvignon e Viura. Entretanto, as uvas de maior sucesso da região de Navarra são a Garnacha e a Tempranillo.

Por muitos anos, a Garnacha foi de longe a variedade de uva mais plantada nas vinhas, intercaladas com as fazendas de frutas e vegetais pelas quais Navarra é tão famosa. Até pouco tempo atrás, as vinhas velhas de Garnacha, dominavam o território.

A Tempranillo ultrapassou Garnacha como a variedade mais plantada, com Cabernet Sauvignon chegando em terceiro lugar. Os resultados são muito respeitáveis, se muito raramente são excepcionais. As bodegas de Navarra foram capazes de investir em carvalho francês para suas uvas francesas.

Consideravelmente auxiliados por um programa de pesquisa do governo local, eles fizeram uma avaliação cuidadosa de variedades de uvas: Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay e, especialmente, Tempranillo - que agora produz alguns vinhos finos e concentrados, tipicamente envelhecidos em carvalho americano.

Navarra tem clima continental, com verão seco e quente, e invernos bem frios. Tem uma influência marítima vendo do mar Atlântico, moderando as temperaturas durante a maduração das uvas, e a noite, as temperaturas caiem no fim de agosto.

A grande diversidade dos vinhos de Navarra reflita a influência da confluência dos climas das 2 principais zonas de produção da região, situação excepcional na península ibérica: atlântico na Tierra Estella e na Baja Montaña; mediterrâneo na Ribera Alta e na Ribeja Baja.

Na década de 1980 a região começou a passar por grandes mudanças, com a renovação de mentalidade trazida por produtores jovens e inquietos, que culminou com a redescoberta e valorização das castas mais tradicionais e de seus vinhedos de vinhas velhas. Como os preços médios ainda permanecem mais baixos que os da Rioja, os vinhos de Navarra tornaram-se opções muito interessantes.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um vermelho intenso, quase escuro, com entornos granada, além de lágrimas finas, de alguma profusão e lentas que desenham as bordas do copo.

No nariz mostrou-se tímido nos aromas no início, mas em taça se abriu e entregou notas de frutas vermelhas, com destaque para groselha, cereja e até framboesa, com um toque delicado de baunilha e madeira, graças aos quatro meses de passagem por barricas de carvalho.

Na boca apresenta corpo leve para médio, é seco, com muita elegância, uma textura aveludada garantida pelas notas frutadas e também pela Merlot, com a Tempranillo trazendo um pouco da personalidade do vinho. As especiarias, a madeira, ganham a sua presença, como no aspecto olfativo, com destaque para o chocolate, para a baunilha, para um defumado. Os taninos, apesar de presentes, estão domados e a acidez é saliente. Tem um final persistente.

Uma miscelânea de bons sentimentos me tomou de assalto quando degustei o Panamera: o corte inusitado e que se “harmonizou” maravilhosamente, ter degustado novamente um rótulo da região da Navarra que, a cada dia, me ganha por completo. O Panamera vem de vinhas velhas e revela o quão complexo e elegante o vinho se apresenta, se revela. Um vinho de incrível custo X benefício como pouco tem se visto ultimamente. Que Navarra venha em profusão transbordando em minha humilde e reles taça. Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Bodegas Manzanos:

A história da Bodegas Manzanos é a história de uma família, do seu esforço, da sua perseverança e do seu know-how. A família Fernández de Manzanos cultiva vinhas e produz vinhos há mais de um século.

Foi exatamente em 1890 que a primeira geração desta família fundou em Azagra uma pequena adega com uma capacidade de produção de 50.000 litros de vinho.

Na década de 1940, inauguraram uma nova instalação que ampliou a sua capacidade para 350.000 litros, evidenciando a tradição vitivinícola desta zona. Entre os anos 50 e 60 consolidaram seu projeto vinícola, com a criação da vinícola Viña Marichalar, a primeira anexa à Denominação de Origem Qualificada Rioja com capacidade para mais de 1,5 milhão de litros.

Na década de 1990, Víctor Fernández de Manzanos Pastor, a quarta geração, ingressou na empresa familiar, depois de estudar Engenharia Química e obter o Mestrado em Viticultura e Enologia pela Escola Superior Técnica de Engenheiros Agrônomos da Universidade Politécnica de Madri. É o primeiro membro da família com formação em viticultura e enologia.

Víctor então construiu a vinícola Marqués de Butrago e decidiu realizar seu projeto de vida, a construção da Bodegas Manzanos.

Hoje, os rostos visíveis da Bodegas Manzanos são os dos irmãos Víctor e David Fernández de Manzanos, junto com Laura Mateo, esposa do primeiro. Em 2010, esses jovens empreendedores assumiram as rédeas da vinícola e transformaram Bodegas Manzanos em um negócio próspero e moderno, equipado com as últimas tecnologias do setor, que conseguiu preservar o antigo sabor da tradição; do legado recebido.

Mais informações acesse:

https://bodegasmanzanos.com/

Referências:

“Premium Wines”: https://www.premiumwines.com.br/_regiao_olha.php?reg=72

“Vindame”: https://www.vindame.com.br/navarra

“Bella Cave”: https://www.bellecave.com.br/vinhos-de-navarra-na-espanha

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/regiao/navarra

 

 

 

 





sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

San Antolin Reserva 2012

 

Já li e ouvi muitas discussões, questionamentos e problemáticas com relação a qualidade dos vinhos que ostentam, em seus rótulos, as nomenclaturas “Reserva” e “Gran Reserva”.

E os questionamentos e discussões pairam em torno de uma questão de suma importância para nós enófilos, mas que, para os “aristocratas do vinho” pode se tornar um fato de segregação, que são os valores dos vinhos, sobretudo aqueles valores baixos.

Gera-se uma discussão acerca dos valores baixos dos vinhos reservas e gran reservas, principalmente os espanhóis, e sumariamente os rejeita com um argumento que, penso, ser pouco contundente, de que não se pode degustar tais vinhos com valores abaixo de R$50.

Eu confesso que fomentar essa “polêmica” é totalmente desnecessário, haja vista que qualidade não se mensura, penso eu, pelo preço do vinho, até porque o que precisamos levar em consideração é a proposta do vinho, o que ele pode te entregar e principalmente o que você espera de um vinho para o momento em que você deseja degustar um rótulo.

Me parece se tratar de um argumento totalmente segregador, de que vinho bom é vinho caro, buscando nesse conceito ou pré-conceito, no vinho como artigo de etiqueta social, excluindo aqueles da base da pirâmide social desse nicho seletíssimo do vinho.

Mas não, não podemos pensar dessa maneira! Vinho é para todos e para todos também tem de ser as diversas propostas, é o que o vinho nos proporciona: propostas para as mais diversas situações e momentos. Não há um vinho pior que outro.

Então pensando nisso decidi desbravar algumas regiões da já mencionada por aqui, a Espanha. Sair um pouco ou simplesmente mudar o foco de regiões tradicionais, emblemáticas e famosas como Rioja e Ribera del Duero, por exemplo.

E há cerca de um ano atrás, aproximadamente, descobri um rótulo em um famoso e-commerce de vinhos aqui no Brasil por um valor espetacularmente baixo (R$39,90) de uma região chamada Navarra, um Gran Reserva. Sim! Um Gran Reserva! Como degustar e comprar um Gran Reserva a esse valor? Mesmo baixo decidi ousar e comprar.

Eu o comprei dois anos antes, 2019 e decidi degusta-lo em 2021, pois a safra era de 2011. Optei por desarrolhá-lo aos 10 anos de vida. Era o Gran Villa Gran Reserva 2011. E a experiência foi arrebatadora, especial! Decidi investir em novos rótulos dessa região. 

Mas revisitando os meus “arquivos de degustação” encontrei um que havia esquecido e que achei da forma mais despretensiosa do mundo em um supermercado, praticamente jogado, esquecido e empoeirado no rodapé das gôndolas: um branco da famosa casta Viúra ou Macabeo chamado El Lagar de la Aldea 2017, há um valor, pasmem, de R$19,90! E que vinho delicioso!

E em minhas incursões pela grande rede, pela internet, encontrei outro de Navarra que, por uma grata coincidência, é do mesmo produtor do Gran Villa Gran Reserva, desta vez um Reserva, da Bodegas Bornos.

Então sem mais delongas vamos às apresentações! O vinho que degustei e gostei veio de Navarra, um espanhol chamado San Antolin Reserva composto pelas castas Cabernet Sauvignon (60%), Graciano (35%) e Garnacha (5%) da safra 2012.

Ah e mais um com mais de dez anos de garrafa, 11 anos para ser mais preciso! Essa aventura dos vinhos velhos, sobretudo os espanhóis, tem me levado a experiências sensoriais incríveis e esse, para não perder o costume, surpreendeu positivamente! E para não perder o costume também falemos dessa bela região que, a cada dia, venho me aventurando: Navarra!

DO (Denominação de Origem) Navarra

A região de Navarra (DO Navarra) fica ao norte da região de Rioja, entre a parte baixa dos Pirenéus, até o rio Ebro, apresentando cerca de 11.500 hectares ocupados por vinhedos, graças ao seu solo extremamente fértil e propício para o cultivo de inúmeras castas.

A viticultura começou já no século II a. C quando os romanos criaram as primeiras adegas. Por muitos anos, o vinho foi produzido pelos monges dos inúmeros monastérios desta antiga área vitivinícola.

Na idade Média, Navarra era um reino poderoso, aliado à França, o que ajudou o desenvolvimento da viticultura. O fato que fica no Caminho de Santiago aumentou a demanda, os vinhos de Navarra sendo recomendados aos romeiros.

Navarra

As videiras foram devastadas pela praga filoxera em 1892, eliminando quase 98% das vinhas na época. No início do século XX, foram replantadas vinhas com raízes do Novo Mundo. Produtores formaram cooperativas e produziram vinho em grande quantidade, exportado a granel. Somente nos anos 1980, vinícolas privadas começaram a fazer vinhos de qualidade. A Denominación de Origen, originalmente aprovada em 1933, foi modificada para refletir a transição de vinhos de massa para vinhos de qualidade.

A região produz cerca de 89 milhões de litros de vinho por ano, dos quais 30% são exportados. Apesar dos vinhos brancos da região fazerem bastante sucesso e agradarem aos exigentes paladares da crítica especializada, é a produção de vinhos tintos que se destaca em Navarra. Em decorrência disso, 70% da produção da área espanhola é constituída de vinhos tintos, sendo os outros 25%, destinados a produção de vinhos brancos e rosés.

Diversas variedades de uva são cultivadas na região, como as da casta Moscatel, Chardonnay, Mazuelo, Graciano, Merlot, Cabernet Sauvignon e Viura. Entretanto, as uvas de maior sucesso da região de Navarra são a Garnacha e a Tempranillo. Por muitos anos, a Garnacha foi de longe a variedade de uva mais plantada nas vinhas, intercaladas com as fazendas de frutas e vegetais pelas quais Navarra é tão famosa. Até pouco tempo atrás, as vinhas velhas de Garnacha, dominavam o território.

Tempranillo ultrapassou Garnacha como a variedade mais plantada, com Cabernet Sauvignon chegando em terceiro lugar. Os resultados são muito respeitáveis, se muito raramente são excepcionais. As bodegas de Navarra foram capazes de investir em carvalho francês para suas uvas francesas.

Consideravelmente auxiliados por um programa de pesquisa do governo local, eles fizeram uma avaliação cuidadosa de variedades de uvas: Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay e, especialmente, Tempranillo - que agora produz alguns vinhos finos e concentrados, tipicamente envelhecidos em carvalho americano.

Navarra tem clima continental, com verão seco e quente, e invernos bem frios. Tem uma influência marítima vendo do mar Atlântico, moderando as temperaturas durante a maduração das uvas, e a noite, as temperaturas caiem no fim de agosto. A grande diversidade dos vinhos de Navarra reflita a influência da confluência dos climas das 2 principais zonas de produção da região, situação excepcional na península ibérica: atlântico na Tierra Estella e na Baja Montaña; mediterrâneo na Ribera Alta e na Ribeja Baja.

Na década de 1980 a região começou a passar por grandes mudanças, com a renovação de mentalidade trazida por produtores jovens e inquietos, que culminou com a redescoberta e valorização das castas mais tradicionais e de seus vinhedos de vinhas velhas. Como os preços médios ainda permanecem mais baixos que os da Rioja, os vinhos de Navarra tornaram-se opções muito interessantes.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um lindo e instigante vermelho rubi intenso, escuro com halos evoluídos, de cor atijolada denotando seus 11 anos. Tem lágrimas em profusão, grossas, lentas e que mancham o bojo.

No nariz traz um bouquet exalando frutas pretas maduras, onde se destacam amoras e cereja preta, com notas amadeiradas, graças aos seus 24 meses em barricas de carvalho francês, bem integradas ao conjunto do vinho, além de baunilha, couro, tabaco, estrebaria, chocolate e baunilha, conferindo-lhe complexidade.

Na boca é seco, de estrutura mediana, cheio, untuoso e alcoólico, mas com muita elegância graças aos seus 11 anos de garrafa. Replicam-se as percepções amadeiradas, trazendo a torrefação, tosta e algo de caramelo e mentolado e frutadas como no aspecto olfativo, com taninos persistentes, porém redondos e marcantes, com baixa acidez e um final de média persistência e retrogosto frutado.

Um misto de sentimentos me tomou de assalto quando degustei o San Antolin Reserva: o prazer de degustar um vinho com 11 anos de vida, o que, convenhamos não é cotidiano, e pelo fato de carregar, de ostentar o título de “Reserva”, um reserva espanhol que traz todo o rigor da famosa “Lei 24/2003, de 10 de julho, sobre vinha e vinho”. 

Sobre a Bodega Señorio de Sarría:

Embora a adega tenha sido fundada em 1953, muitos séculos de história contemplam estas terras como zona de cultivo de vinha. Diz a história que o Senhor de Sarría desde a Idade Média, por intermédio de crônicas da época, acompanhou o rei Sancho El Fuerte na batalha de Las Navas de Tolosa em 1212.

Séculos depois, no século XVI, a história do Señorío e Navarra se confunde ainda mais, já que o então senhor de Sarría (Juan de Azpilicueta), irmão de San Francisco Javier (atual patrono de Navarra), pagou seus estudos em Paris, com os rendimentos obtidos na pecuária e exploração agrícola desta fazenda. O manuscrito no qual San Francisco Javier agradece a seu irmão por esta ajuda ainda é preservado hoje.

E foi muitos anos depois, em 1953, quando o renomado empresário navarro Don Félix Huarte comprou o Señorío, realizou as novas plantações de vinhedos e construiu a vinícola, passando a produzir e comercializar vinhos com a marca Señorío de Sarría.

Posteriormente, em 1981, a adega separou-se da família Huarte e iniciou uma nova etapa, que teve um importante renascimento em 2001, dando início a um novo e ambicioso projeto de renovação de instalações e vinhas, de forma a estar na vanguarda do panorama nacional e internacional mercado.

Situado em Puente La Reina, no coração do Caminho de Santiago, o Señorío de Sarría está localizado em uma área que oferece condições de clima e solo imbatíveis, o que permite a produção de uma gama de vinhos da mais alta qualidade.

100 hectares de vinhas de múltiplas variedades estão espalhados pelas encostas e espreguiçadeiras de Puente La Reina, Olite e Corella. Cada planta, cada vinha, cada parcela, recebe um cuidado primoroso e um acompanhamento particular para produzir vinhos magníficos desde a sua origem. Cada casta foi cuidadosamente selecionada e cultivada no local mais adequado, tendo em conta as condições de luz, humidade e temperatura exigidas em cada caso.

Mais informações acesse:

https://www.bodegadesarria.com/

http://www.bornosbodegas.com/

Referências:

“Premium Wines”: https://www.premiumwines.com.br/_regiao_olha.php?reg=72

“Vindame”: https://www.vindame.com.br/navarra

“Bella Cave”: https://www.bellecave.com.br/vinhos-de-navarra-na-espanha

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/regiao/navarra




sábado, 7 de agosto de 2021

Gran Villa Gran Reserva 2011

 

Já vi e ouvi algumas discussões ditas polêmicas com relação ao questionamento de qualidade de alguns vinhos “Gran Reserva”. O questionamento a qual me refiro paira sobre os valores de alguns rótulos. Eu confesso que fomentar essa “polêmica” é totalmente desnecessário, haja vista que qualidade não se mensura, penso eu, pelo preço do vinho, até porque o que precisamos levar em consideração é a proposta do vinho, o que ele pode te entregar e principalmente o que você espera de um vinho para o momento em que você deseja degustar um rótulo.

Para muitos, os famosos “aristocratas do mundo do vinho”, um grande rótulo é aquele de grife, de vinícola famosa, caro, por isso que aquele que ostenta um “Gran Reserva” tem de ser caro, três dígitos, no mínimo. E quando se depara com um de dois dígitos e abaixo de R$ 40,00 dinheiros, surge àquela interrogação na cabeça: Será que ele é bom? Sei não...

Mas quando degustamos um Gran Reserva espanhol precisamos fazer algumas considerações: os Reservas, os Crianzas, os Gran Reservas na Espanha seguem uma rígida legislação que busca valorizar, enaltecer os terroirs de cada região, bem como algumas regras e determinações com relação às passagens pelas barricas de carvalho, bem como os seus “descansos” na garrafa, nas caves das vinícolas antes de chegar às mesas dos enófilos. Para saber mais do assunto leia: “Classificação dos vinhos espanhóis” “Lei 24/2003, de 10 de julho, sobre Vinha e Vinho”.

Eu acessei um famoso aplicativo de vendas de vinhos e, de forma despretensiosa, confesso, comecei a navegar, olhar os rótulos sem intenção de buscar nada em especial e vislumbrei um rótulo espanhol, um Gran Reserva, de uma região não muito conhecida, como Rioja, por exemplo, de um produtor não muito badalado, mas que chamou a minha atenção confesso, pelo preço. Mas me senti na obrigação de buscar referências para não fazer uma compra no escuro. Porém, pelo simples fato de ser de uma região e vinícola pouco badaladas, pouco achei sobre o vinho, inclusive no próprio site do produtor nada havia sobre o vinho.

Comprei no escuro, contudo me identifiquei com alguns pontos e que o vinho entregava: um vinho com uma safra razoavelmente antiga, com potencial de guarda, com grande complexidade, pelo menos eu esperava ter isso em minha taça e um Gran Reserva na faixa dos R$ 39,90 acredite se quiser!

Como sempre costumo fazer quando pouco se tem de informação sobre o vinho, antes de degusta-lo, contatei o produtor para confirmar as castas que compunha o blend, o percentual de cada uma, entre outros detalhes de sua descrição técnica. E de posse da informação (ótimo feedback do produtor) eu decidi esperar, não sei dizer o motivo, o vinho completar 10 anos de safra para degusta-lo. E como segurar a ansiedade? O vinho na adega, por dois anos, o comprei em 2019, aguardando o meu momento, o ápice da celebração da degustação.

E eis que o momento chegou, 5 de agosto de 2021, 10 anos de safra, um vinho evoluído, uma noite de inverno, um vinho para acalentar, esquentar a alma sedenta por degustar um vinho que eu nutri tanta expectativa. A rolha anuncia o início do ritual da degustação se desprendendo da garrafa, a liberdade da poesia líquida pronto para ser recitada. A taça é inundada de um momento que esperava ser sublime, a análise visual, o aroma, a degustação! Incrível! Tanta complexidade, elegância, maciez e personalidade em um só rótulo, essas improbabilidades se fez verdadeira. O vinho que degustei e gostei veio da região espanhola de Navarra e se chama Gran Villa, um Gran Reserva cujo blend é composto pelas castas Cabernet Sauvignon (60%), Graciano (20%), Tempranillo (10%) e Garnacha (10%) da safra 2011. Essa combinação, que me parece ser comum da região de Navarra, de castas francesas e das uvas populares da Espanha, traz a tônica ao vinho também e antes de falar do vinho, falemos um pouco da região de Navarra.

DO Navarra

A região de Navarra (DO Navarra) fica ao norte da região de Rioja, entre a parte baixa dos Pirenéus, até o rio Ebro, apresentando cerca de 11.500 hectares ocupados por vinhedos, graças ao seu solo extremamente fértil e propício para o cultivo de inúmeras castas. A viticultura começou já no século 2 antes de Cristo quando os Romanos criaram as primeiras adegas. Por muitos anos, o vinho foi produzido pelos monges dos inúmeros monastérios desta antiga área vitivinícola. Na idade Media, Navarra era um reino poderoso, aliado à França, o que ajudou o desenvolvimento da viticultura. O fato que fica no Caminho de Santiago aumentou a demanda, os vinhos de Navarra sendo recomendados aos romeiros.

DO Navarra

As videiras foram devastadas pela praga filoxera em 1892, eliminando quase 98% das vinhas na época. No início do século XX, foram replantadas vinhas com raízes do Novo Mundo. Produtores formaram cooperativas e produziram vinho em grande quantidade, exportado a granel. Somente nos anos 1980, vinícolas privadas começaram a fazer vinhos de qualidade. A Denominación de Origen, originalmente aprovada em 1933, foi modificada para refletir a transição de vinhos de massa para vinhos de qualidade.

A região produz cerca de 89 milhões de litros de vinho por ano, dos quais 30% são exportados. Apesar dos vinhos brancos da região fazerem bastante sucesso e agradarem aos exigentes paladares da crítica especializada, é a produção de vinhos tintos que se destaca em Navarra. Em decorrência disso, 70% da produção da área espanhola é constituída de vinhos tintos, sendo os outros 25%, destinados a produção de vinhos brancos e rosés.

Diversas variedades de uva são cultivadas na região, como as da casta Moscatel, Chardonnay, Mazuelo, Graciano, Merlot, Cabernet Sauvignon e Viura. Entretanto, as uvas de maior sucesso da região de Navarra são a Garnacha e a Tempranillo. Por muitos anos, a Garnacha foi de longe a variedade de uva mais plantada nas vinhas, intercaladas com as fazendas de frutas e vegetais pelas quais Navarra é tão famosa. Até pouco tempo atrás, as vinhas velhas de Garnacha, dominavam o território.

Tempranillo ultrapassou Garnacha como a variedade mais plantada, com Cabernet Sauvignon chegando em terceiro lugar. Os resultados são muito respeitáveis, se muito raramente são excepcionais. As bodegas de Navarra foram capazes de investir em carvalho francês para suas uvas francesas.

Consideravelmente auxiliados por um programa de pesquisa do governo local, eles fizeram uma avaliação cuidadosa de variedades de uvas: Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay e, especialmente, Tempranillo - que agora produz alguns vinhos finos e concentrados, tipicamente envelhecidos em carvalho americano.

Navarra tem clima continental, com verão seco e quente, e invernos bem frios. Tem uma influencia marítima vendo do mar Atlântico, moderando as temperaturas durante a maduração das uvas, e a noite, as temperaturas caiem no fim de agosto. A grande diversidade dos vinhos de Navarra reflita a influência da confluência dos climas das 2 principais zonas de produção da região, situação excepcional na península ibérica: atlântico na Tierra Estella e na Baja Montaña; mediterrâneo na Ribera Alta e na Ribeja Baja.

Na década de 1980 a região começou a passar por grandes mudanças, com a renovação de mentalidade trazida por produtores jovens e inquietos, que culminou com a redescoberta e valorização das castas mais tradicionais e de seus vinhedos de vinhas velhas. Como os preços médios ainda permanecem mais baixos que os da Rioja, os vinhos de Navarra tornaram-se opções muito interessantes.

E agora finalmente o vinho!

Na taça tem um lindo vermelho rubi intenso, mas com traços violáceos que lhe confere algum brilho, com lágrimas finas e em profusão, lentas e que mancham de vermelho as bordas do copo.

No nariz o buquê aromático é o destaque, com notas de frutas negras, como a ameixa e a amora, em especial, com a madeira também protagonizando, bem como a baunilha, o couro, tabaco e toques de especiarias como a baunilha, por exemplo.

Na boca é estruturado, quente, corpulento, porém macio e aveludado graças aos 36 meses de passagem por barricas de carvalho e 5 anos evoluindo na garrafa antes de sair da vinícola, que lhe confere também complexidade. Os taninos são firmes e presentes, mas domados, com uma acidez presente e na medida, apesar dos seus 10 anos de safra. A madeira também presente entrega toques generosos de torrefação e chocolate. Um vinho que envelheceu muito bem e tem um final longo e prolongado.

Um misto de sentimentos me tomou de assalto quando degustei o Gran Villa Gran Reserva: o prazer de degustar um vinho com 10 anos de vida, o que, convenhamos não é cotidiano, e pelo fato de carregar, de ostentar o título de “Gran Reserva”. Quando ostenta um vinho espanhol o “Gran Reserva” em seu rótulo, merece todas as referências possíveis. E independente dos valores, baixos ou não para esta proposta, temos de olhar com carinho, mas que não significa que o vinho não traga frustrações, mas nesse quesito temos de ressaltar a particularidade das experiências sensoriais de cada um. Um vinho de uma complexidade aromática única, com estrutura e personalidade marcante, mas equilibrado e elegante conferidos pelo tempo, um vinho que se deve degustar vagarosamente, apreciando, respeitando cada nuance, cada detalhe que faz dele único, vívido, pleno e intenso. Um vinho que envelheceu bem, com grande capacidade de evolução, pleno e vivo e que teria, sem dúvidas anos e anos pela frente! Tem evidentes 14% de teor alcoólico, mas muito bem integrados ao conjunto do vinho.

Sobre a Bodega Señorio de Sarría:

Embora a adega tenha sido fundada em 1953, muitos séculos de história contemplam estas terras como zona de cultivo de vinha.

Diz a história que o Senhor de Sarría desde a Idade Média, por intermédio de crônicas da época, acompanhou o rei Sancho El Fuerte na batalha de Las Navas de Tolosa em 1212. Séculos depois, no século XVI, a história do Señorío e Navarra se confunde ainda mais, já que o então senhor de Sarría (Juan de Azpilicueta), irmão de San Francisco Javier (atual patrono de Navarra), pagou seus estudos em Paris, com os rendimentos obtidos na pecuária e exploração agrícola desta fazenda. O manuscrito no qual San Francisco Javier agradece a seu irmão por esta ajuda ainda é preservado hoje.

E foi muitos anos depois, em 1953, quando o renomado empresário navarro Don Félix Huarte comprou o Señorío, realizou as novas plantações de vinhedos e construiu a vinícola, passando a produzir e comercializar vinhos com a marca Señorío de Sarría.

Posteriormente, em 1981, a adega separou-se da família Huarte e iniciou uma nova etapa, que teve um importante renascimento em 2001, dando início a um novo e ambicioso projeto de renovação de instalações e vinhas, de forma a estar na vanguarda do panorama nacional e internacional mercado.

Situado em Puente La Reina, no coração do Caminho de Santiago, o Señorío de Sarría está localizado em uma área que oferece condições de clima e solo imbatíveis, o que permite a produção de uma gama de vinhos da mais alta qualidade.

100 hectares de vinhas de múltiplas variedades estão espalhados pelas encostas e espreguiçadeiras de Puente la Reina, Olite e Corella. Cada planta, cada vinha, cada parcela, recebe um cuidado primoroso e um acompanhamento particular para produzir vinhos magníficos desde a sua origem. Cada casta foi cuidadosamente selecionada e cultivada no local mais adequado, tendo em conta as condições de luz, humidade e temperatura exigidas em cada caso.

Mais informações acesse:

https://www.bodegadesarria.com/

http://www.bornosbodegas.com/

Referências:

“Premium Wines”: https://www.premiumwines.com.br/_regiao_olha.php?reg=72

“Vindame”: https://www.vindame.com.br/navarra

“Bella Cave”: https://www.bellecave.com.br/vinhos-de-navarra-na-espanha

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/regiao/navarra




quinta-feira, 23 de abril de 2020

El Lagar de la Aldea Viúra 2017


Estive em um supermercado fazendo compras cotidianas e, não me lembro (acho que sim!) na adega deste correndo os meus olhos nas suas gôndolas. E com um olhar de detetive olhei cada espaço, cada metro quadrado dessas gôndolas quando fixei os olhos em um lugar improvável: na parte de baixo e a mais empoeirada e avistei um vinho que me parecia um tanto quanto esquecido, rejeitado por tudo e todos (confesso-lhes que ultimamente tenho dado atenção aos vinhos “vilipendiados”) e o peguei. Como de costume examinei-o detalhadamente e vi série de grandes novidades, já dizia Cazuza, pelo menos para mim, um simples enófilo. Percebi que, além de ser um vinho espanhol, que não é uma novidade, observei que era um vinho da casta Viúra, que eu nunca havia degustado e de uma região chamada Navarra, local que nunca bebi um vinho sequer e, para fechar, o preço. Estava muito barato! Estava na faixa dos R$ 22,00! Animei-me, mas também fiquei com receio quanto a sua qualidade, mas arrisquei e comprei, afinal, se for ruim, pensei o gasto não seria tão alto.

O vinho que degustei e gostei, pasmem, se chama El Lagar de la Aldea (Vinícola da Vila, em tradução literal), da já mencionada região de Navarra, 100% Viúra, da safra 2017. Como muito das características e apresentações desse vinho foram novidades para mim, não posso deixar de falar, mesmo que brevemente, da história da casta Viúra e da região de Navarra.

Viúra

É a uva vinífera branca mais popular do norte da Espanha, também conhecida como Macabeu. Os nomes Macabeu e Maccabéo são mais comuns em Languedoc-Roussillon, no sul da França. Macabeo aparece em grande parte de sua terra natal, na Espanha. Viúra é comum em Rioja, onde é, de longe, a uva de vinho branco mais plantada. Uma informação relevante: essa é uma das principais variedades utilizadas na produção dos espumantes Cava. Na maioria das vezes engarrafado jovem, o vinho produzido com essa uva é seco, e tem uma boa capacidade de envelhecimento, como comprovam os melhores exemplares da cepa. E essa é uma uva, naturalmente, de alto rendimento. Sem o devido cuidado, os frutos ficam muito grandes, com baixa proporção entre casca e polpa, e os cachos, de tão apertados, podem facilmente apodrecer. Mas, com a planejada redução por parte do viticultor, essa uva concentra aromas e sabores de maneira muito interessante. Fonte: Tintos & Tantos (http://www.tintosetantos.com/index.php/escolhendo/cepas/448-macabeo).

Região de Navarra

Navarra fica no norte da Espanha e a tradição da uva, aqui, vem de muito longe. Recentemente, pesquisadores identificaram, em Navarra, plantas da primitiva Vitis silvestris, encontrada em pouquíssimos lugares do mundo, e cuja origem pode chegar a, quem sabe, 5 milhões de anos!


A produção do vinho, por sua vez, acredita-se ter sido iniciada com os romanos. Vestígios arqueológicos de adegas, túmulos e ânforas comprovam essa tese. Essa tradição sobreviveu ao domínio árabe, e expandiu-se significativamente com a ajuda do clero durante a Idade Média. Mas, depois de ver seu apogeu no século 19, a vinicultura em Navarra quase morreu, à época da Filoxera. Dos 50.000 hectares de vinhas existentes, 48.500 foram destruídos pela praga. Para saber mais sobre esse assunto, clique aqui. Atualmente, existem cerca de 11.500 hectares ocupados por vinhedos, em Navarra, distribuídos em 5 áreas de produção, de acordo com a diversidade de clima e solo: Baja Montaña, Ribera Alta, Valdizarbe, Tierra Estella, Ribera Baja. Cerca de 70% dos vinhos produzidos em Navarra são tintos, 25% são rosés, e apenas 5% são brancos (incluindo uma pequena parcela de vinhos de sobremesa). As uvas mais cultivadas na região, dentre as autorizadas pelo conselho regulador da denominação de origem, são Tempranillo, Garnacha, Cabernet Sauvignon, Merlot, Graciano e Mazuelo. Entre as brancas, destacam-se Chardonnay, Viura e Moscatel. Fonte: Tintos & Tantos (http://www.tintosetantos.com/index.php/denominando/855-navarra)

Agora o vinho!

Na taça apresentou um amarelo bem intenso, vivo, pleno, brilhante, com discretos tons esverdeados.

No nariz apresentou um discreto, mas agradável toque cítrico, frutas tropicais e notas florais, de flores brancas
.
Na boca é um vinho majoritariamente seco, típica da casta, que me agrada muito, embora tenha sido um dos vinhos mais secos que degustei nos últimos anos. Acidez muito boa, diria um pouco elevada, denunciando a sua leveza e certo frescor com final frutado e persistente.

Diria que é um vinho “atípico” e por que digo isso? É um vinho, como disse muito seco o que não agradaria, embora seja um branco, a paladares de um iniciante (a mim agradou!) e também não percebi um grande frescor no vinho, como de outros brancos que degustei que tem a mesma proposta deste em especial. Mas estava lá, graças a sua boa acidez, mas em menor intensidade, em relação aos demais brancos que já degustei. São características, sejam da casta ou do rótulo propriamente dito, que, com mais experiências de degustação da Viúra poderá formar a minha opinião com mais certeza e diria até com mais consistência. E o farei, espero que muito em breve. Fiquei muito feliz com essa degustação cheia de estreias! Um achado que, mesmo rejeitada no fundo das gôndolas dos supermercados, à sombra dos badalados, me trouxe grande satisfação, principalmente pelo fato de que, conforme já mencionado no histórico da região de Navarra, de onde o vinho veio apenas 5% dos vinhos nesta região produzidos são brancos! Tem 12,5% de teor alcoólico.

Sobre a Bodegas El Lagar de la Aldea e o Grupo Manzanos Wines:

Manzanos Wines é a divisão de vinhos da Manzanos Enterprises, dedicada à produção de DOCa Rioja , DO Navarra e vinho espanhol desde 1890. Sua história está ligada à história de uma família, ao seu esforço, à sua constância e aos seus vinhos, o saber fazer. Como resultado, a empresa possui onze vinícolas que cresceram as cinco gerações da família Fernández de Manzanos. Depois de mais de 128 anos dedicados de corpo e alma à cultura do vinho, a Manzanos Wines possui 950 hectares protegidos pelo DOCa Rioja. Juntamente com os 575 hectares cobertos pela Denominação de Origem Navarra, a empresa possui um total de 1.525 hectares. A principal atividade da empresa é a elaboração e comercialização do vinho DOCa Rioja e suas principais vinícolas pertencem a essa denominação. Bodegas Manzanos Haro, Bodegas Manzanos Azagra , Viña Marichalar e  Bodegas Luis Gurpegui Muga  são as vinícolas nas quais Manzanos produziu os vinhos desta Denominação de Origem Qualificada a partir de seus 950 hectares de vinhedo. As vinícolas onde os vinhos DO Navarra são feitos são as recém-adquiridas Bodegas Manzanos Campanas (antiga Vinícola Navarra, a mais antiga da DO Navarra), Castillo de Enériz e Monte Ory . Manzanos possui 575 hectares de vinhedos nessa denominação. Por seu lado, Bodegas Mosen Pierre, El Lagar de la Aldea e Bodegas Gurpegui são as vinícolas onde são feitos os vinhos espanhóis. As Bodegas El Lagar de la Aldea estão localizadas na cidade de Azagra , no sul de Navarra e quase na fronteira com La Rioja. São as vinícolas com as quais a família Fernández de Manzanos iniciou há mais de 125 anos, em 1890 , a produção e a comercialização de seus vinhos quando as denominações de origem ainda não existiam. Eles renovaram as instalações e continuam a produzir o vinho clássico de todos os tempos, mas aplicando as novas técnicas e tecnologias adquiridas nesses 125 anos. Eles não apenas produzem a marca El Lagar de la Aldea, mas também têm outros vinhos como Portil de Lobos, La Heredada, Marqués de Araiz e Davne.

Mais informações acesse:



Vinho degustado em 2019.